1 Filosofia da Lógica Frege e a Ontologia do termo ‘sentido’ 1 Mariluze Ferreira de Andrade e Silva Universidade Federal de São João del-Rei/MG Laboratório de Lógica e Epistemologia –DFIME/UFSJ A discussão sobre a distinção feita por Frege2 entre sentido e referência é bem conhecida pelos lógicos. Ela se encontra no artigo intitulado “Sobre o Sentido e a Referência”3 escrita com o objetivo de clarificar conceitos da Ideografia e Fundamentos da Aritmética4. Nesse artigo nos interessa, particularmente, a noção fregueana de sentido cuja discussão, por um bom tempo, foi conduzida, por um lado, pela abordagem lógico-semântica com ênfase na linguagem ordinária 5, e, por outro, pelas questões de natureza metafísica colocadas pela tradição filosófica. Entender a noção fregueana de sentido pela interpretação tradicional restringe o alcance do conhecimento do seu sistema metafísico de significado, por essa razão, esse artigo pretende retomar essa discussão e colocá-la no âmbito da filosofia da lógica sinalizando para a ontologia fregueana do sentido. Do ponto de vista ontológico, a natureza dessa discussão se lança para o entendimento de uma linguagem ideal à medida que Frege admite que a linguagem ordinária é inadequada à ciência porque, nela, há encrustrações psicológicas e outros elementos que não cabem à linguagem que se propõe falar sobre as ciências. Dummett6 informa que a noção de sentido foi introduzida por Frege como alguma coisa objetiva e comum a todo falante de uma linguagem, ao contrário da associação subjetiva que pode diferir de falante para falante. Quando o sentido foi dito ser alguma coisa que ocorre a todo falante de uma linguagem, a palavra `linguagem` foi entendida como linguagem natural como: Português, Francês, Inglês etc. Parece que não era à “objetividade da linguagem natural” a que Frege se referia e entendia como sendo comum a todo falante de uma linguagem. A noção de sentido de Frege, não é o caso de - se duas pessoas falam Português é porque elas têm em comum as mesmas regras e o mesmo vocabulário. Desse ponto de vista, elas falam a mesma linguagem e, esse fato, pode ser entendido como “objetividade da linguagem natural”. Ou - duas pessoas falam diferentes linguagens se seus vocabulários são diferentes ou se elas dão explicações diferentes às palavras dos seus vocabulários. Nesse caso, não há objetividade da linguagem porque os sentidos das palavras não são comuns aos dois falantes. Artigo Publicado na Revista Filosofia, Ciência & Vida. Friedrich Ludwig Gottlob Frege nasceu em Wismar, Alemanha, em 8 de novembro de 1848. Faleceu em 26 de julho de 1925, em Badkleinen. 3 Esse artigo foi publicado pela primeira vez sob o título “über Sinn und Bedeutung” em Zeitschrift für Philosophie und philosophishe Kritik, NF, 100 (1892) p. 25-50. E republicado em funktion, Begriff, Bedeutung: Fünf logische Studien, organizado por G. Patzig (Göttingen: Vandenhoek & Ruprechet, 1962) p. 40-65. 1 2 4 5 6 Ambas obras de Frege. Linguagem usada no cotidiano. DUMMETT, Michael. Original Sinn. In: Frege philosophy of language. Second edition. London: Duckworth. 1981.p.584. 2 Esse entendimento da objetividade do sentido como objetividade da linguagem natural comprometia a noção de sentido que Frege lhe queria atribuir porque seria pouco provável acontecer a objetividade do sentido caracterizada como alguma coisa em comum a todos, na mesma linguagem. A noção de sentido fregueano pode ser sustentada, somente se for possível assegurar que diferentes sentidos podem ser atribuídos objetivamente ao mesmo objeto na mesma linguagem. Um exemplo: o objeto físico nomeado “Guimarães Rosa” pode também ser nomeado como “O autor de ‘Grande Sertão Veredas’” ou como “O autor de ‘Sagarana’”. “O autor de ‘Grande Sertão Veredas’” e “O autor de ‘Sagarana’” são nomes próprios com sentidos diferentes atribuídos a outro nome próprio do mesmo objeto – Guimarães Rosa. Apesar da distinção dos sentidos, essas atribuições podem ser feitas por diferentes indivíduos e o objeto de referência continuará o mesmo – Guimarães Rosa. Nesse caso, foram detectados, objetivamente, sentidos diferentes para o mesmo objeto, na mesma linguagem. Isso porque, Frege coloca a igualdade como uma relação entre sinais de objetos.7 Frege8 admite que “o sentido de um nome próprio 9 é entendido por todos que estejam familiarizados com a linguagem ou com a totalidade de designações a que ele pertence”10. Segue daí que o mesmo sentido tem expressões diferentes em diferentes linguagens ou até na mesma linguagem, admitidas as exceções. Um sentido determinado deveria corresponder a cada expressão que pertença a uma totalidade de sinais11, mas isso não é o caso porque as linguagens naturais não satisfazem a essa exigência e, segundo Frege, deve-se ficar satisfeito se a mesma palavra tiver o mesmo sentido em um mesmo contexto. Por exemplo: “O suco de manga derramou e sujou a manga da minha camisa”. No mesmo contexto, a palavra manga tem mais de um sentido ou significado. Ou, “A manga estava muito verde e não pude fazer um suco (de manga)”. Nesse caso, devemos ficar satisfeitos porque, no mesmo contexto e na mesma linguagem a palavra ‘manga’ tem o mesmo sentido. Porém, não é ao sentido das palavras sinônimas e homônimas que Frege está se referindo. As expressões “O suco de manga” e “a manga da minha camisa” são nomes próprios de simples apreensão de objetos ou descrições definidas do objeto, enquanto a palavra ‘manga’ é um termo conceitual ou nome comum. Exemplos como esses nos inclinam imediatamente a entender equivocadamente a noção de sentido em Frege por isso eles carecem de análise. 7 Ëquality gives rise to challenging questions which ara not altogether easy to answer. Is it a relation? A relation between objects, or between names or signs of objects? In my Begriffsschrift I assumed the latter”. FREGE, G. On Sinn and Bedeutung. In: BEANEY, Michael. (Ed.) The Frege Reader. Oxford. Blackwell publishing,1997. P. 151. 8 FREGE, Gottlob. Sobre o sentido e a referência. In: Lógica e Filosofia da linguagem. São Paulo: Cultrix. 1978, 9 Frege define nome próprio como aquele que designa um objeto determinado. Nesse sentido são nomes próprios, substantivos próprios, descrições definidas e sentenças quando usadas no lugar de um nome próprio. 10 Frege, op.cit. p.63 11 O nome próprio também entendido como descrição definida - “Casa de Pedro” - tem um sentido determinado que corresponde à expressão que pertence a uma totalidade de sinais ou palavras (casa+de+Pedro) 3 O sentido está associado à representação e, nem sempre, no mesmo homem, a mesma representação está associada ao mesmo sentido. A representação, para Frege, é subjetiva. Ela não ocorre de modo idêntico em duas pessoas. O resultado disso é a variedade nas representações associadas ao mesmo sentido. Frege não faz objeção em falar do sentido sem maiores esclarecimentos, mas, quanto à representação, deve-se vinculá-la a quem e a que época pertence. A uma mesma palavra, alguém pode associar-lhe esta ou aquela representação da mesma maneira como alguém pode associar-lhe este ou aquele sentido. A diferença está no modo de associação e isso não impede que vários indivíduos apreendam o mesmo sentido, mas eles não podem ter a mesma representação. Quando eu disse: “O suco de manga derramou e sujou a manga da minha camisa”, há duas ocorrências da palavra ‘manga’ com referência a dois objetos distintos. Os sentidos das palavras são distintos correspondendo cada um a um objeto distinto. Não há, nesse caso, problemas de entendimento quanto à associação do sentido da palavra ‘manga’ à representação do objeto, no mesmo falante, porque a palavra está sendo usada objetivamente para falar de um acontecimento ou evento. Quando disse “A manga estava muito verde e não pude fazer um suco de manga” há duas ocorrências da palavra ‘manga’ com referência a um único objeto. Nesse caso, a representação do objeto pode ser subjetiva porque está associada ao sentido particularizado que o falante está atribuindo ao nome ‘manga muito verde’. ‘Manga muito verde’ pode implicar em ‘não suco de manga’ para este indivíduo que fala e pode não ocorrer para outro. Edmund Husserl (1859-1938) escreveu a Frege em 1891, anexando uma copia de sua Filosofia da Aritmética. No entendimento de Husserl, Frege havia dado poucos esclarecimentos sobre o sentido e a referência. Frege 12 respondeu a Husserl, em carta datada de 24 de maio de 1891 (Jena) que parecia haver diferença de opinião entre eles sobre como o termo conceitual (nome comum) está relacionado ao objeto. Na carta a Husserl, Frege apresenta um esquema tornando claro seu ponto de vista sobre o sentido e a referência, como segue: BOX 1 Proposição nome próprio termo conceitual (nome comum) Sentido da proposição (pensamento) sentido do nome próprio Referência da proposição (valor-verdade) Referência do nome próprio (objeto) sentido do termo conceitual (sentido do nome comum) Referência do termo conceitual (conceito) Objeto cai sob 12 FREGE, G.Letter to Husserl. In: The Frege Reader. Edited by Michael Beaney. Oxford: Blackwell. 1977. p 150-51. 4 o conceito. O esquema de Frege considera duas situações para o objeto como referência. O sentido da proposição é o pensamento que a proposição carrega, enquanto a sua referência é o valor-verdade. Ao sentido do nome próprio, Frege não atribuiu especificidade, mas deixou claro que a sua referência é o objeto. O sentido do termo conceitual é o sentido do nome comum cuja referência é o conceito, vale dizer, o objeto cai sob o conceito. Há outro elemento a ser observado no esquema de Frege. Tanto a referência do nome próprio como a referência do termo conceitual são objetos. Porém, se subirmos um passo na proposição começando pela sentença e descermos um passo na referência da proposição, também chegaremos ao objeto e obteremos o seguinte resultado: BOX 2 Sentença Proposição Sentido da proposição (pensamento) Referência da proposição (valor-verdade) Objeto abstrato Desse modo, em Frege, podemos apreender o conceito de objeto como objeto concreto quando ele se refere ao objeto empírico da sentença, designado por um nome próprio - e como objeto abstrato quando ele se refere ao valor-verdade da sentença. Isto é, podemos apreender a referência dos objetos da sentença a partir de dois eixos, como no exemplo dado abaixo. BOX 3 O Oceano Atlântico banha o Brasil (A referência é o valor-verdade da proposição) Objeto abstrato Objeto empírico (o próprio Oceano Atlântico) ( A referência é o objeto concreto) 5 No eixo da horizontalidade, a referência da sentença é o valor-verdade da proposição que, no entender de Frege, é um objeto abstrato. No caso dessa sentença, o valorverdade da proposição é o ‘Verdadeiro’. No eixo vertical, a referência é o objeto concreto. No artigo Comments on Sinn and Bedeutung13 Frege declara ter feito uma distinção entre sentido e referência, em um primeiro momento, somente para o caso dos nomes próprios. Entretanto, a mesma distinção pôde também ser feita para termos conceituais. Para todo termo conceitual corresponde um sentido e uma referência. As palavras do domínio da ficção, sereia, por exemplo, só têm sentido, não têm referência, porém em ciência o interesse se volta para a verdade. Nesse artigo, Frege reforça que a referência de um nome próprio é o objeto que ele designa. Da investigação do sentido do nome próprio e do termo conceitual (nome comum), Frege passa para a investigação do sentido de uma sentença assertiva completa. Uma sentença carreia um pensamento e o pensamento de uma sentença muda quando substituímos uma palavra da sentença por outra que tenha a mesma referência e o sentido diferente, como nas sentenças apresentadas por Frege: “A Estrela da Manhã é um corpo iluminado pelo sol” e “A Estrela da Tarde é um corpo iluminado pelo sol”. Elas têm pensamentos diferentes, apesar de as duas sentenças terem como referente o mesmo objeto que é “Venus”. Disso Frege conclui que o pensamento deve ser considerado como o sentido da sentença. Frege advertiu que o sentido ou pensamento não é tudo quanto importa na sentença. Uma sentença tem referência e a referência de uma sentença pode ser outra sentença, um valor-verdade ou um pensamento. O que a lógica mira em uma sentença é o seu valor-verdade e o pensamento não é suficiente para isso. É a busca da verdade da sentença assertiva completa que dirige Frege do sentido para a referência e o faz reconhecer o valor-verdade como a referência da sentença. Uma sentença em discurso direto se refere à outra sentença e uma sentença em discurso indireto se refere a um pensamento. A sentença “João disse: Maria vai ao cinema” está em discurso direto. Nesse caso. “João disse” tem como referência a sentença “Maria vai ao cinema” que, por sua vez tem como referência um valor-verdade `Verdadeiro` ou `Falso`. A sentença “João disse que Maria vai ao cinema” está em discurso indireto. Nesse caso, a sentença subordinada “....que Maria vai ao cinema” tem como referência um pensamento e não um valor-verdade. Se a sentença tem um pensamento como referência, tem sentido porque o sentido da sentença é o seu pensamento. Isso porque Frege faz diferença entre sentença e proposição14. 13 FREGE, G. Comments on Sinn and bedeutung. In: The Frege Reader. Edited by Michael Beaney. Oxford: Blackwell. 1977. p 172-73. 14 Sentença, para Frege, é a expressão do pensamento, enquanto proposição é o pensamento que a sentença carreia. A sentença “A porta está aberta” carreia a proposição que é o pensamento de a porta estar aberta. A diferença é que a sentença é concreta à medida que escrevemos ou falamos para expressar o nosso pensamento e o pensamento é abstrato. Podemos apenas pensar e não expressar o que estamos pensando. Nesse caso, não temos sentença e consequentemente não temos proposição nem pensamento. 6 Leila Haaparanta15 colabora, em sua obra, com um capítulo sobre o “conceito de sentido”. Ela apresenta argumento segundo o qual sentidos de um objeto são conjuntos de propriedades dos conceitos sob os quais esses objetos caem. Ali, ela admite que a mais importante explanação de identidade que Frege evidencia está baseada na distinção entre sentido e referência. Conforme Haaparanta, para Frege, os nomes significam suas referências e expressam seus sentidos. Porém, os estudos de Frege asseguram posições conflitantes sobre nome-função16 possuindo sentido e referência. Depois dos escritos póstumos de Frege, continua Haaparanta, publicados em 1969, pôde ser documentado que Frege relacionou sentido e referência a nomesfunção. Haaparanta concorda que os sentidos de nomes-função são partes simples incompletas do pensamento. Ela encontra na carta de Frege, em resposta à de Husserl17, ilustração da idéia de similaridade estrutural entre linguagem, pensamento e palavra de referência. Reforça que Frege explicitou que o sentido de uma sentença é um pensamento, no sentido cognitivo, não no sentido psicológico da palavra ‘pensamento’. Contudo, conforme Haaparanta, é difícil ver o que Frege quer dizer por sentido de um nome próprio quando o nome próprio não é uma sentença. Para ela, é mais admissível falar sobre sentidos expressos por nomes do que sentidos de nomes. Haaparanta ilustra o texto com alguns exemplos de sentidos, bastante conhecidos, dados por Frege: ‘a Estrela da Manhã’ e ‘A Estrela da Tarde’ como sentidos de Vênus. ´Professor de Alexandre o Grande’ e ‘o discípulo de Platão’ como sentidos de Aristóteles. Os dois nomes têm a mesma referência, porém os sentidos são diferentes. Na linguagem natural, é natural um nome próprio expressar muitos sentidos que pertencem ao mesmo objeto. Já vimos acima que o nome próprio Vênus expressa os sentidos: “A Estrela da Manhã é um corpo iluminado pelo sol” e “A Estrela da Tarde é um corpo iluminado pelo sol”. Para cada modo que o objeto é apresentado corresponde um sentido especial da sentença que contém o nome do objeto e um pensamento diferente. Os pensamentos diferentes que nós temos da mesma sentença apresentam o mesmo valor-verdade. Tanto é verdadeiro dizer que “A Estrela da Manhã é um corpo iluminado pelo sol” como é verdadeiro dizer que “A Estrela da Tarde é um corpo iluminado pelo sol”, fazendo referência à Vênus. Para Frege, nosso conhecimento de um objeto determina que sentidos o nome do objeto expressa. O conceito de sentido de Frege é inteiramente cognitivo. Haaparanta propõe interpretá-lo como conjuntos de propriedades individuais de objetos, conseqüentemente, como alguma coisa cognoscível. BOX 4 15 HAAPARANTA, Leila. Frege’s doctrine of being. Helsinki: Acta Philosophica Fennica. 1985. Cabe aqui uma explicação. A tradição dividia a estrutura de uma sentença em “sujeito é predicado” ou S é P. Conservamos essa tradição e continuamos a dividir a sentença em S-P ou com outras nomenclaturas que indicam mantermos a tradição, do tipo - nome-sujeito e nome-predicado. Sintagma nominal – sintagma verbal, Frege divide a sentença em função e argumento. 17 Carta de Frege dirigida a Husserl, datada de 24 de maio de 1891 (Jena), já comentada nesse trabalho. 16 7 1. se os sentidos são construídos como conjuntos de propriedades de objetos segue que, para Frege, as propriedades de objetos são partes de pensamentos que são sentidos de sentenças. Isso não é um problema porque para o ponto de vista de Frege os pensamentos são independentes de nossas mentes privadas e podemos descobrir alguma coisa, mas não podemos criar, como os objetos e suas propriedades. 2. não podemos falar sobre a referência de nomes-função. Se tentarmos falar sobre funções, elas convertem em objetos. Não somos capazes de falar sobre os sentidos de nomes próprios ou sentidos de nomes-função como sentidos, pois se assim fizermos eles convertem em objetos que têm seus próprios sentidos. Esses objetos são aqueles objetos idênticos que recebem nomeações diferentes assumindo sentidos diferentes. Tais são os exemplos oferecidos por Frege: “O professor de Alexandre o Grande” e “O discípulo de Platão” têm como único referente o objeto Aristóteles. 3. se sentidos são conjuntos de propriedades que pertencem a objetos, seus nomes devem ser como ‘ser o professor de Alexandre o Grande’ ou ‘ser o discípulo de Platão’. Os exemplos de Frege sugerem que quando nomeamos um sentido de um objeto, não nomeamos um novo objeto que deve ser um conjunto de propriedades individuais desse objeto. Nós nomeamos o objeto original em um novo modo. Seguem desses exemplos que, quando fazemos uma nova nomeação do mesmo objeto, não ocorre nomearmos algum objeto novo com um novo sentido. Apenas nomeamos o mesmo objeto considerado sob a descrição com o qual o sentido nos proporciona. No caso dos exemplos dados, o objeto (Aristóteles) cai sob duas descrições de propriedades de nomes diferentes ou conjuntos de propriedades de nomes-função. (Comentários de Haaparanta sobre a interpretação segundo a qual “sentidos de um objeto são conjuntos de propriedades de conceitos sob os quais esses objetos caem”) Considerando cada descrição – “O professor de Alexandre o Grande” e “O discípulo de Platão” como sendo descrições diferentes para o mesmo objeto, estamos considerando, também, sentidos diferentes para o mesmo objeto. Isto é, o sentido do nome próprio nos proporciona considerar o mesmo objeto a partir de conjuntos de suas propriedades individuais. ‘Ser o professor de Alexandre o Grande’ ou ‘Ser o discípulo de Platão’ são considerações das propriedades individuais de Aristóteles Vale dizer, Aristóteles está sendo considerado a partir de um conjunto de suas propriedades individuais. A investigação ontológica sobre a noção de sentido fregueano não está esgotada. A Filosofia da lógica abre espaço para esses assuntos e muitas questões ainda estão carentes de investigação nos trabalhos de Frege. Referências bibliográficas 8 DUMMETT, Michael. Original Sinn. In: Frege philosophy of language. Second edition. London: Duckworth. 1981.p.584 FREGE, Gottlob. Sobre o sentido e a referência. In: Lógica e Filosofia da linguagem. São Paulo: Cultrix. 1978. FREGE, G. Comments on Sinn and bedeutung. In: The Frege Reader. Edited by Michael Beaney. Oxford: Blackwell. 1977. p 172-73. FREGE, G.Letter to Husserl. In: The Frege Reader. Edited by Michael Beaney. Oxford: Blackwell. 1977. p 150-51. HAAPARANTA, Leila. Frege’s doctrine of being. Helsinki: Acta Philosophica Fennica. 1985.