MEN - Mercados de Energia Mestrado em Engenharia Electrotécnica A liberalização do sector eléctrico e o Mercado Ibérico de Electricidade (MIBEL) Jorge Alberto Mendes de Sousa Professor Coordenador Webpage: pwp.net.ipl.pt/deea.isel/jsousa ISEL – Instituto Superior de Engenharia de Lisboa -1- Agenda 1. Enquadramento 2. Reformas do sector eléctrico 3. MIBEL – Mercado Ibérico de Electricidade 4. Exercício de aplicação ISEL – Instituto Superior de Engenharia de Lisboa -2- Enquadramento A liberalização do sector eléctrico e o MIBEL O sector eléctrico conheceu uma profunda alteração estrutural à escala mundial, com especial importância a partir 1990, que se pode designar genericamente por reforma. Esta reforma, embora com diferenças entre os diversos mercados, consiste na liberalização dos segmentos potencialmente competitivos e pela regulação dos segmentos considerados como monopólios naturais. Neste contexto o sistema eléctrico português conheceu uma primeira reforma em 1995, com legislação específica que pretendeu separar o sistema regulado (SEP) do sistema liberalizado (SENV). A 1 de Julho de 2007 teve lugar a integração do mercado português e o mercado espanhol (liberalizado desde 1998) dando lugar ao Mercado Ibérico de Electricidade (MIBEL). ISEL – Instituto Superior de Engenharia de Lisboa -3- Reformas do sector eléctrico Motivações económicas • Sobre-investimento em capacidade de produção Empresa monopolista privada: Efeito de Averch-Johnson Empresa monopolista pública: Gestão pública • Extinção das condições de monopólio natural na produção Redução da escala mínima eficiente: Centrais de ciclo combinado Crescimento do consumo: Por sistema e por integração • Diferenças de preços consideráveis entre regiões (nos EUA) ISEL – Instituto Superior de Engenharia de Lisboa -4- Reformas do sector eléctrico Motivações políticas • Efeito político da queda do bloco Soviético com implicações na visão económica predominante • Programas de privatização No Reino Unido, Chile e Argentina Em Portugal, com a retirada da Constituição da irreversibilidade das nacionalizações e da reforma agrária (1989) • Aprofundamento do Mercado Interno Europeu da Electricidade Directivas 96/92/CE, 2003/54/EC e 2009/72/EC (Third Energy Package) ISEL – Instituto Superior de Engenharia de Lisboa -5- Reformas do sector eléctrico Exemplos de liberalização de mercados eléctricos 1978 – EUA (PURPA) 1982 – Chile 1990 – Inglaterra e Gales (1ª Bolsa a nível mundial) 1991 – Noruega 1996 – Suécia (+ Finlândia e Dinamarca -> NordPool) 1997 – Austrália (Victoria 1994 + Nova Gales do Sul) 1998 – Espanha e alguns estados dos EUA (Califórnia) 1999 – Holanda … ISEL – Instituto Superior de Engenharia de Lisboa -6- Reformas do sector eléctrico Exemplos de integração de mercados eléctricos Integrações Regionais - Grã-Bretanha (Inglaterra, Gales, Escócia) - NEM (ACT, QLD, NSW, VIC, SA | TAS) - PJM (Delaware, Illinois, Indiana, Kentucky, Maryland, Michigan, New Jersey, North Carolina, Ohio, Pennsylvania, Tennessee, Virginia, West Virginia, District of Columbia, …) Integrações Nacionais - NordPool (Noruega, Suécia, Finlândia, Dinamarca) - MIBEL (Portugal, Espanha) ISEL – Instituto Superior de Engenharia de Lisboa -7- Reformas do sector eléctrico Transição para o regime liberalizado ISEL – Instituto Superior de Engenharia de Lisboa -8- MIBEL – Mercado Ibérico de Electricidade Formas de negociação Mercados organizados Mercado a prazo (OMIP) Mercado diário (OMEL) Mercado intra-diário (OMEL) Mercado de serviços de sistema (Operador Sistema: REN/REE) Contratos bilaterais físicos Leilões de energia Leilões de capacidade virtual (VPP) ISEL – Instituto Superior de Engenharia de Lisboa -9- MIBEL – Mercado Ibérico de Electricidade Mercados organizados Os mercados organizados do MIBEL funcionam com base numa bolsa ibérica de energia eléctrica assente em dois pólos, o português (OMIP) e o espanhol (OMEL), que serão futuramente integrados e darão então origem ao OMI, um operador de mercado único. 1. O OMIP (www.omip.pt) é responsável pela negociação a prazo de energia eléctrica. 2. O OMEL (www.omel.es) é responsável pela negociação diária de energia eléctrica. Com a concretização do MIBEL, passou a ser possível, a qualquer consumidor no espaço ibérico, adquirir energia eléctrica em regime de livre concorrência, a qualquer produtor ou comercializador que actue em Portugal ou em Espanha. ISEL – Instituto Superior de Engenharia de Lisboa - 10 - MIBEL – Mercado Ibérico de Electricidade OMIP - Mercado a prazo ISEL – Instituto Superior de Engenharia de Lisboa - 11 - MIBEL – Mercado Ibérico de Electricidade OMEL - Mercado diário ISEL – Instituto Superior de Engenharia de Lisboa - 12 - MIBEL – Mercado Ibérico de Electricidade OMEL – Ofertas de compra Curva da procura Ofertas de compra As ofertas de compra são ordenadas de forma decrescente para que as ofertas de preço superior tenham prioridade sobre as ofertas de preço inferior ISEL – Instituto Superior de Engenharia de Lisboa - 13 - MIBEL – Mercado Ibérico de Electricidade OMEL – Ofertas de venda Curva da oferta Ofertas de venda As ofertas de venda são ordenadas de forma crescente para que as ofertas de preço inferior tenham prioridade sobre as ofertas de preço superior ISEL – Instituto Superior de Engenharia de Lisboa - 14 - MIBEL – Mercado Ibérico de Electricidade OMEL – Preço de fecho e ofertas casadas Devido a outras restrições podem existir ofertas com mérito económico que não casam e o preço de fecho é então dado pela intersecção da curva da oferta casada com a curva da procura casada O preço de fecho é estabelecido pela intersecção da curva da oferta com a curva da procura ISEL – Instituto Superior de Engenharia de Lisboa - 15 - MIBEL – Mercado Ibérico de Electricidade OMEL - Mercado diário: hora 6 com Market Splitting PORTUGAL ESPANHA ISEL – Instituto Superior de Engenharia de Lisboa - 16 - MIBEL – Mercado Ibérico de Electricidade Racional de variação horária do preço da bolsa ISEL – Instituto Superior de Engenharia de Lisboa - 17 - Exercício de aplicação Considere um mercado de energia eléctrica em que se efectuaram as seguintes licitações de compra e de venda para uma dada hora, sendo que as de venda correspondem a duas empresas indicadas: c1 c2 c3 c4 c5 c6 c7 c8 C O M P R A Potência Preço (MW) (€/MWh) 300 180 200 50 400 100 200 80 100 30 150 65 100 70 350 20 ISEL – Instituto Superior de Engenharia de Lisboa V E N D A Potência Preço (MW) (€/MWh) v1 200 30 v2 100 50 v3 100 20 v4 200 80 v5 150 0 v6 250 35 v7 300 70 v8 400 60 Empresa A A A A B B B B - 18 - Exercício de aplicação a. Determine o preço de fecho do mercado e o valor da energia transaccionada. b. Indique quais as licitações casadas de cada uma das empresas. c. Calcule as receitas de cada uma das empresas. d. Suponha que as centrais das empresas A e B estão geograficamente localizadas em países diferentes (Pais1 e Pais2, respectivamente), cujas capacidade de transporte está limitada a um determinado valor. Suponha ainda que as licitações de compra c1, c4, c5 e c7 são provenientes do País1 e as c2, c3, c6 e c8 do País2. Qual deverá ser a capacidade mínima de interligação, para que todas as transacções com mérito económico possam ser concretizadas em termos físicos? e. Supondo que a capacidade de interligação é de 150 MW determine novamente o preço de fecho e a energia transaccionada do mercado do País1 e País2, considerando o mecanismo de market splitting para a resolução de congestionamentos e que o preço máximo das ofertas de compra e venda é 180 €/MWh. ISEL – Instituto Superior de Engenharia de Lisboa - 19 - MEN - Mercados de Energia Mestrado em Engenharia Electrotécnica A liberalização do sector eléctrico e o Mercado Ibérico de Electricidade (MIBEL) Jorge Alberto Mendes de Sousa Professor Coordenador Webpage: pwp.net.ipl.pt/deea.isel/jsousa ISEL – Instituto Superior de Engenharia de Lisboa - 20 -