Transportes Durante a década de 50, o Rio de Janeiro teve nada menos do que oito prefeitos. Os estudos para um metropolitano se multiplicaram, mobilizando os técnicos da área de transporte. Em 1952, na administração de Dulcídio do Espírito Santo Cardoso, foi proposta a criação da Superintendência do Metropolitano do Rio de Janeiro, mas esta foi bloqueada na Câmara dos Vereadores do Distrito Federal. Vários outros projetos, no entanto, seriam discutidos tanto no âmbito do legislativo municipal quanto na sede do Clube de Engenharia. Em 1951, a Leopoldina Railway foi encampada pelo Estado, ao final de um processo iniciado em 1949, quando, devido a dificuldades financeiras, a União começou a assumir a administração da empresa. Em 1957, junto com a Central do Brasil (transformada em autarquia desde 1941), passou a ser parte da Rede Ferroviária Federal S.A. (RFFSA). Um relatório produzido em 1951 pela Comissão Executiva do Projeto do Metropolitano (CEPM), criada pelas leis nº 314 e nº 322 em 1948 e 1949 com a finalidade de escolher o melhor traçado para o projeto definitivo do metropolitano do Rio de Janeiro, indicava que os bondes transportavam por ano cerca de 616,7 milhões de passageiros, ou 57% da demanda. Os trens suburbanos da Central do Brasil e da Leopoldina respondiam por 207,7 milhões de passageiros, ou 19% da demanda, e os ônibus urbanos por 216,4 milhões de passageiros, ou 20% da demanda. Considerando os lotações, cuja demanda era estimada em 40 milhões de passageiros anuais, os ônibus chegavam a 24% do total. A demanda pelos ônibus ultrapassou a dos trens urbanos, e o número de passageiros dos bondes cresceu em relação a 1937, mas diminuiu relativamente. O número de veículos registrados em 1951 no Distrito Federal, segundo o Serviço de Trânsito, chegava a 73.174, sendo 51.890 automóveis particulares, 14.477 caminhões, 4.064 táxis, 1.570 lotações (incluindo microônibus) e 1.173 ônibus. Distrito Federal Os transportes coletivos na metade do século XX A CEPM recomendava um plano geral de viação urbana para o Distrito Federal, que deveria ser instituído com base em redes de transporte rápido e de transporte de superfície. A primeira compreenderia a rede do metropolitano, artérias e rodovias expressas. A segunda, redes de bondes es e ônibus elétricos e vias para veículos motorizados. O traçado para o metrô ainda seria objeto de várias discussões, mas, de acordo com o relatório da CEPM, ele deveria circunscrever o centro da cidade, ligando os bairros de Copacabana, Botafogo, Flame Flamengo, Catete, Glória, na zona sul, e Tijuca, Vila Isabel, Andaraí, Estácio de Sá, Rio Comprido, Catumbi, São Lotações e ônibus do tipo “Camões” e Cristóvão, na zona norte. As linhas “Gostosões” na Praça Tiradentes. Fonte: eletrificadas dos subúrbios da Central Instituto Light do Brasil eram consideradas parte da rede do metropolitano de superfície. Os bondes para a zona sul e para a zona norte deveriam ser retirados à medida que a construção do metropolitano prosseguisse na direção de seus bairros. Os bondes, contudo, não seriam totalmente eliminados, permanecendo em algumas zonas periféricas como alimentadores do metropolitano. Em outras regiões da cidade, a CEPM recomendava a retirada dos trilhos dos bondes e a sua substituição por ônibus elétricos. Bonde em circulação na cidade. cidade.Fonte: Instituto Light O relatório da CEPM de 1951 também previa artérias expressas para a cidade. Elas deveriam ser inteiramente bloqueadas, sem cruzamentos de nível, com a proibição de giros à esquerda e o acesso somente em pontos determinados. Na zona sul as artérias expressas seriam constituídas pelas pistas de trânsito rápido 2 que estavam sendo construídas nos aterros das praias do Flamengo, Botafogo e Glória. Para a zona norte, nos subúrbios da Central do Brasil, o tráfego de superfície se efetuaria por três artérias principais: as ruas 24 de maio, Arquias Cordeiro rdeiro e Suburbana, além de outras secundárias. 3 Cruzamento das avenidas Presidente Vargas e Rio Branco. Fonte: Instituto Light Rodovias expressas poderiam ser criadas ao longo dos vales do rio Timbó, servindo Cascadura, e do rio Jacaré, ligando o Engenho Novo à Herédia de Sá. Outras também eram projetadas para as encostas das serras da Tijuca e do Engenho Novo, paralelas à rua 24 de Maio, e entre Madureira e Jacarepaguá, podendo chegar ao Leblon. Na prática, no entanto, no início da década de 50, estavam em tráfego ou em execução a Grajaú-Jacarepaguá, Jacarepaguá, inaugurada em 1950, com p pista simples e uma faixa de circulação por sentido, a rodovia Presidente Dutra, que teve seu primeiro trecho inaugurado em 1950 e serviria a São João de Meriti, Nova Iguaçu e à área de influência da Estrada de Ferro Rio D’Ouro, e a Rodovia dos Bandeirantes,, depois incorporada à Avenida Brasil, que atenderia a Realengo, Bangu, Santa Cruz e o município de Nilópolis. A Avenida Brasil, com instalações de sinalização adequada, seria uma rodovia expressa para atender aos subúrbios da Penha e Bonsucesso e ao munic município de Caxias. Inaugurada em 1946, estava sendo duplicada em 1950.