07/09/2010 – Nº 164 – Ano 04 66 3423-2121 – [email protected] CRESCIMENTO NÃO É DESENVOLVIMENTO Na semana passada uma revista semanal Particularmente em relação a Rondonópolis, a de circulação nacional publicou uma série de sua classificação como apoiado na agricultura é reportagens sobre as principais cidades um equívoco, dado que o município em si possui brasileiras cujo destaque, segundo a matéria e a uma interferência relativa pequena do setor carta ao leitor, seriam as que continuamente primário se comparada a outras, inclusive têm apresentado crescimento superior ao do algumas que aparecem na reportagem, como Brasil como um todo. Sinop, por exemplo. Na matéria em questão são destacadas as A distribuição da matriz de riqueza de 20 principais cidades no país, somadas a outras Rondonópolis está apoiada e caminhando para diversas que são realçadas diante da um sistema misto onde a agricultura possui apresentação de dez vocações regionais, importância evidente, mas como elemento original utilizando-se como principais referências de e não como propulsor principal, algo que o setor desempenho e classificação os de serviços e a própria indústria ...estamos na 6ª. indicadores-base: renda per está assumindo. posição dentre as 20 capita, PIB (Produto Interno Essa prática já foi percebida Bruto) e número de habitantes. na crise da agricultura em 2004, apresentadas, mas Mesmo que Rondonópolis quando nossa cidade foi muito como por milagre, seja citada, não figura dentre as menos atingida do que as demais. não figuramos na cidades de destaque e apenas Fato que o setor primário possui aparece no universo de cidades importância menor quando lista. que tem alguma vocação tomado isoladamente. Nesse específica. Neste caso, surge de sentido a reportagem aponta para modo superficial na introdução da matéria e em o caminho inverso. seguida é equivocadamente destacada como Outro aspecto interessante é que o principal uma cidade apoiada na agricultura, cuja ênfase indicador utilizado é o crescimento do PIB entre é dada nas culturas de soja, carne, frutas, 2002 e 2007 dessas cidades e nesse quesito, hortaliças, arroz e milho. apresentamos uma média de 8,7%, muito superior Sem a nítida pretensão de criticar as a 15 cidades que mereceram destaque específico, escolhas das cidades destacadas, tenho dentre as 20 apresentadas. Dito de outro modo, algumas considerações que merecem ser estamos na 6ª. posição dentre as 20 observadas em se tratando de revelar a nossa apresentadas, mas como por milagre, não vocação ou mesmo definir as nossas figuramos na lista. perspectivas econômicas numa publicação que É verdade que o tão sonhado nível de possuía o propósito de divulgar o avanço do industrialização e robustez no comércio ainda não desenvolvimento no interior, nas cidades entre se consolidou. Carecemos de avanços 100000 e 500000 habitantes. significativos em diferentes aspectos que dão Primeiro, o elevado nível de confusão entre sustentação a eles, contudo já temos hoje os termos desenvolvimento e crescimento progressos maiores nestas áreas que outras econômico. Pelo teor da reportagem nos faz cidades, cujo destaque foi revelado. crer que ambos sejam sinônimos e estejam Ficam algumas perguntas. Quando os apoiados nos indicadores-base já informados repórteres estiveram na nossa cidade, como anteriormente. Vale destacar, no entanto que foram recebidos? Quem os atendeu e qual a estes servem, de forma isolada, apenas para origem dos dados que levaram em consideração? delimitar o crescimento e poucas vezes como Alguém os orientou e os fez saber sobre os novos indicadores de desenvolvimento econômico. projetos em andamento e sobre as perspectivas Para medirmos o desenvolvimento de um da nova matriz produtiva que está se local precisa-se lançar mão de diferentes desenhando? referências, francamente apoiados nas contribuições gerais que a riqueza pode fornecer, tais como distribuição da renda, Boa semana de Gestão & Negócios. acesso à saúde, educação, dentre outros, associados a seus respectivos indicadores específicos. Eleri Hamer escreve esta coluna às terças-feiras. É Diretor de Relações com o Mercado do IBG, professor e palestrante – 66 3423-2121 – [email protected]