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Sumário
Prefácio................................................................................................................................................ 5
Apresentação de A Gênese .............................................................................................................. 7
CAPITULO I - CARÁTER DA REVELAÇÃO ESPÍRITA ..................................................................... 9
CAPITULO II - DEUS ....................................................................................................................... 14
Existência de Deus - Da natureza divina - A Providência - A visão de Deus. . 14
CAPITULO III - O BEM E O MAL ................................................................................................ 17
Origem do bem e do mal - O instinto e a inteligência - Destruição dos seres
vivos uns pelos outros. .......................................................................................................... 17
CAPITULO IV - PAPEL DA CIÊNCIA NA GÊNESE ......................................................................... 19
CAPITULO V - ANTIGOS E MODERNOS SISTEMAS DO MUNDO .............................................. 21
CAPITULO VI - URANOGRAFIA GERAL ......................................................................................... 23
O espaço e o tempo ................................................................................................................ 23
A matéria .................................................................................................................................... 23
As leis e as forças .................................................................................................................... 24
A criação primária ................................................................................................................... 24
A criação universal .................................................................................................................. 25
Os sóis e os planetas .............................................................................................................. 25
Os satélites ................................................................................................................................ 25
Os cometas ................................................................................................................................ 26
A Via-Láctea .............................................................................................................................. 26
As estrelas fixas ....................................................................................................................... 27
Os desertos do espaço ........................................................................................................... 28
Eterna sucessão dos mundos .............................................................................................. 28
A vida universal ........................................................................................................................ 29
Diversidade dos mundos....................................................................................................... 29
CAPITULO VII - ESBOÇO GEOLÓGICO DA TERRA ..................................................................... 30
Períodos Geológicos ............................................................................................................... 30
Estado primitivo do globo .................................................................................................... 30
Período primário ...................................................................................................................... 30
Período de transição .............................................................................................................. 31
Período secundário ................................................................................................................. 31
Período terciário ...................................................................................................................... 31
Período diluviano ..................................................................................................................... 32
Período pós-diluviano ou atual - Nascimento do homem. ....................................... 32
CAPITULO VIII - TEORIAS SOBRE A FORMAÇÃO DA TERRA ................................................... 33
Teoria da projeção .................................................................................................................. 33
Teoria da condensação .......................................................................................................... 33
Teoria da incrustação ............................................................................................................ 33
Alma da Terra............................................................................................................................ 33
CAPITULO IX - REVOLUÇÕES DO GLOBO ................................................................................... 34
Revoluções gerais ou parciais ............................................................................................ 34
Idade das montanhas ............................................................................................................ 34
Dilúvio bíblico ........................................................................................................................... 34
Revoluções periódicas ........................................................................................................... 34
Cataclismos futuros ................................................................................................................ 35
Aumento ou diminuição do volume da Terra ................................................................ 35
CAPITULO X - GÊNESE ORGÂNICA ............................................................................................... 36
Princípio vital ............................................................................................................................ 37
Geração espontânea ............................................................................................................... 37
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Escala dos seres orgânicos .................................................................................................. 38
O homem corpóreo ................................................................................................................. 38
CAPITULO XI - GÊNESE ESPIRITUAL ........................................................................................... 40
Princípio espiritual: ................................................................................................................ 40
União do princípio espiritual à matéria ........................................................................... 41
Hipótese sobre a origem do corpo humano................................................................... 41
Encarnação dos Espíritos ...................................................................................................... 41
Reencarnações ......................................................................................................................... 43
Emigrações e imigrações dos Espíritos ........................................................................... 43
Raça adâmica ............................................................................................................................ 43
Doutrina dos anjos decaídos e da perda do paraíso .................................................. 47
Considerações a Respeito do Princípio Material e Princípio Inteligente ............ 48
CAPITULO XII - GÊNESE MOISAICA ............................................................................................. 54
Os seis dias ................................................................................................................................ 55
Perda do paraíso ...................................................................................................................... 56
CAPITULO XIII - CARACTERES DO MILAGRE ............................................................................. 58
Os milagres no sentido teológico ...................................................................................... 58
O Espiritismo não faz milagres ........................................................................................... 58
Faz Deus milagres? ................................................................................................................. 59
O sobrenatural e as religiões .............................................................................................. 59
CAPITULO XIV - OS FLUIDOS ........................................................................................................ 60
I - Natureza e propriedades dos fluídos: elementos fluídicos ................................ 60
Formação e propriedades do perispírito ......................................................................... 60
Ação dos Espíritos sobre os fluídos - Criações fluídicas - Fotografia do
pensamento............................................................................................................................... 61
Qualidades dos fluídos .......................................................................................................... 62
II - Explicação de alguns fenômenos considerados sobrenaturais: Vista
espiritual ou psíquica. Dupla vista. Sonambulismo. Sonhos. ................................. 63
Curas ............................................................................................................................................ 64
Aparições - Transfigurações ................................................................................................ 65
Manifestações físicas - Mediunidade ............................................................................... 65
Obsessões e possessões ....................................................................................................... 65
CAPITULO XV - OS MILAGRES DO EVANGELHO ........................................................................ 67
Superioridade da natureza de Jesus ................................................................................ 67
Sonhos ......................................................................................................................................... 67
Estrela dos magos ................................................................................................................... 67
Dupla vista ................................................................................................................................. 67
Curas ............................................................................................................................................ 67
Possessos ................................................................................................................................... 69
Ressurreições............................................................................................................................ 69
Jesus caminha sobre a água ............................................................................................... 70
Transfiguração.......................................................................................................................... 70
Tempestade aplacada ............................................................................................................ 70
Bodas de Caná .......................................................................................................................... 70
Multiplicação dos pães .......................................................................................................... 70
Tentação de Jesus ................................................................................................................... 70
Prodígios por ocasião da morte de Jesus ....................................................................... 71
Aparição de Jesus, após a sua morte ............................................................................... 71
Desaparecimento do corpo de Jesus ................................................................................ 71
CAPITULO XVI - TEORIA DA PRESCIÊNCIA ................................................................................ 73
3
CAPITULO XVII - PREDIÇÕES DO EVANGELHO ......................................................................... 75
Ninguém é profeta em sua terra........................................................................................ 75
Morte e paixão de Jesus - Perseguição aos apóstolos - Cidades impenitentes Ruína do Templo e de Jerusalém. ..................................................................................... 75
Maldição contra os fariseus - Minhas palavras não passarão. ............................... 75
A pedra angular ........................................................................................................................ 75
Parábola dos vinhateiros homicidas ................................................................................ 75
Um só rebanho e um só pastor........................................................................................... 75
Advento de Elias ...................................................................................................................... 76
Anunciação do Consolador ................................................................................................... 76
Segundo advento de Cristo .................................................................................................. 76
Sinais precursores ................................................................................................................... 76
Vossos filhos e vossas filhas profetizarão ...................................................................... 77
Juízo final ................................................................................................................................... 77
CAPITULO XVIII - SÃO CHEGADOS OS TEMPOS........................................................................ 78
Sinais dos tempos ................................................................................................................... 78
A geração nova ......................................................................................................................... 79
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Prefácio
O ninho cósmico chamado Terra caminha nos braços da Via Láctea envolvido pela família solar.
Dirige-se à Constelação de Hércules sob o patrocínio da Vontade Soberana do Altíssimo. A
eternidade é a meta e ao mesmo tempo é o fator que define o prazo dado aos habitantes do
mundo para atingir a consciência plena, a lucidez espiritual. Na superfície do planeta nascem,
crescem e estertoram as civilizações com seus surtos evolutivos, obedecendo ao ritmo cósmico
traçado pela mente crística de Jesus.
De tempos em tempos as pegadas humanas são forjadas na superfície planetária através de sua
história. Os séculos passam rumo à eternidade perene. Durante sua trajetória no mundo, o
homem terrestre julga-se o rei da criação, com direito a revoltar-se contra a fonte infinita da qual
se originou. Rebelde aos chamados que lhe promovem a lucidez espiritual, o ser humano forjou
sua história em meio às lutas e às lágrimas, regando o chão do planeta com o tributo de sua
insensatez. Eis o seu atestado de barbárie espiritual.
Entretanto, o homem não se encontra desamparado. Junto a ele caminham os filhos das estrelas;
ao seu lado o mundo invisível e imponderável tece, nas páginas do tempo, o destino para o qual
foi programado — a felicidade.
Presenciamos na atualidade a colheita das semeaduras realizadas ao longo dos séculos e milênios.
Reencarnados no solo do planeta, os espíritos de todas as épocas encontram a oportunidade de
dilatar suas consciências antes que se ofusquem com as expressões da verdade e do amor que
refulgem em toda parte.
Não há mais como adiar a renovação do mundo. O homem terrestre encontra-se às portas de um
mundo novo. Sua história permeada de insucessos, lutas, conquistas, fracassos ou momentos
felizes prova que, além do véu dos acontecimentos, há a ação de forças invisíveis. As inteligências
extrafísicas atuam e agem segundo a sintonia que encontram com as consciências humanas.
Acima de tudo, uma vontade soberana alivia a tensão do momento evolutivo, conduzindo a nave
terrestre em sua jornada para além de todos os limites estreitos do conhecimento humano.
Dirigindo pessoalmente a embarcação cósmica, o Administrador Sideral, Jesus, traça os caminhos
das civilizações, despojando reis e governantes, modificando o panorama político, social e cultural
do mundo.
Os homens pensam que, em suas ridículas pretensões, podem traçar o roteiro de seus povos e
civilizações. Contudo, o mundo caminha e viaja nos braços de Cristo. Atrás dos bastidores da
história, o Divino Amigo conduz tudo e todos de maneira segura. Sua orientação se faz sentir
serenamente na modificação firme, segura e lenta que se opera em todos os povos, em seus
sistemas de leis ou nos processos socioeconômicos que abalam as convicções daqueles que se
julgam donos de seus próprios destinos.
Aquelas nações que se orgulham de seu poder econômico e bélico apagam-se e passam, pois a
divina orientação de Jesus modifica em pouco tempo todos os planos, e a morte, como parceira da
evolução no mundo, é instrumento para limitar a ação dos homens orgulhosos ou das nações
prepotentes. De um dia para outro todo o panorama do mundo se encontra renovado diante da
inexorabilidade das leis divinas.
Um vento assolador passa sobre as cidades dos homens. As obras da civilização, seus feitos e sua
glória são abalados e sepultados; porém, ele, o Divino Timoneiro, permanece inatingível. O Mestre
paira acima da história, fazendo com que a própria história seja reescrita com a força do seu
amor.
O mundo renasce das cinzas de um modo de pensar materialista que tenta desesperadamente
manter-se, sem bases sólidas. O planeta renova-se. Essa nova era virá primeiramente pelas idéias,
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que surgirão de acordo com a nova realidade cósmica. Depois, a sociedade e suas leis refletirão
aos poucos o novo código de conduta, o Evangelho Cósmico, que deverá ser escrito na intimidade
de cada um.
Um pouco de sensibilidade apenas será suficiente para detectar a delicadeza do momento em que
presenciamos o renascer do novo homem.
A Terra, madre de todos os homens, geme e chora, estertora e grita. São as dores de parto, um
parto cósmico, que revela o novo ser, o nascimento da civilização do terceiro milênio. É a gestação
da Terra, de um mundo novo, sempre conduzido pelas mãos abnegadas e a sábia orientação de
Jesus.
Alex Zarthú (Espírito)
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A GÊNESE (APOSTILA RESUMO)
O objetivo destes apontamentos é fornecer conteúdo básico para a formulação do pensamento
crítico e reflexivo à luz dos princípios codificados por Allan Kardec, objetivando facilitar a
apreensão dos conceitos básicos expostos no livro original. Desta forma, não tem a pretensão de
substituir a obra de Kardec, mas apenas prestar um auxílio, reproduzindo os conceitos de forma
resumida, destacando termos e expressões básicas. Após a leitura resumo desta apostila, não
dispensamos a leitura do capítulo original da obra “A Gênese”, de Allan Kardec.
Apresentação de A Gênese
Um ano antes de sua morte, Allan Kardec publicou seu último grande livro (1868). Nas primeiras
linhas da introdução, escreveu: “A nova obra constitui mais um passo à frente, nas consequências
e nas aplicações do Espiritismo; tem por fim o estudo de três pontos que foram até hoje,
diversamente interpretados e comentados”. Esses pontos são: A gênese do Universo, do nosso
orbe e do ser humano, a natureza dos Milagres e, por último, o processo das Predições, todos
analisados segundo o Espiritismo e agrupados em um volume, que, com o passar dos anos, ficou
mais conhecido como “A gênese”. Em sua folha de rosto está escrito que […] a Doutrina Espírita é
resultado do ensino coletivo e concordante dos Espíritos. A Ciência é chamada a constituir a
Gênese de acordo com as leis da Natureza. Deus prova a sua grandeza e seu poder pela
imutabilidade das suas leis e não pela ab-rogação delas. Para Deus, o passado e o futuro são o
presente.” As demais obras da Codificação foram organizadas e comentadas por Allan Kardec, mas
podemos afirmar que A gênese, à exceção do Capítulo VI – Astronomia Geral, é da sua autoria.
1. INTRODUÇÃO
A inquietação do homem leva-o a perquirir sobre a origem da vida e do universo. Pergunta: o que
estou fazendo aqui? De onde vim? Para onde vou? Qual a finalidade da minha vida? A Bíblia e a
Ciência fornecem-lhe algumas explicações. Nosso propósito é analisá-las sob a ótica da Doutrina
dos Espíritos
2. CONCEITO
Gênese - do grego genesis. Sistema cosmogônico; a geração; sucessão dos seres; conjunto dos
fatos que concorrem para a produção de qualquer coisa. Biol. Formação, produção ou
desenvolvimento de uma célula, um órgão, um indivíduo ou uma espécie. Fisiol. Modo de
formação dos elementos anatômicos, de acordo com o qual se formam, mais ou menos
rapidamente, corpos sólidos ou semissólidos, a partir das substâncias líquidas (Enciclopédia
Brasileira Mérito).
3. ASPECTOS GERAIS
A gênese apresenta a história da formação do mundo material e da Humanidade considerada em
seu duplo princípio, corporal e espiritual. A Ciência se tem limitado à pesquisa das leis que regem
a matéria. Mas a história do homem, considerado como ser espiritual, prende-se a uma ordem
especial de ideias, que não são do domínio da Ciência propriamente dita e das quais, por esse
motivo, não tem ela feito objeto de suas investigações. A filosofia, a cujas atribuições pertence, de
modo mais particular, esse gênero de estudos, apenas há formulado, sobre o ponto em questão,
sistemas contraditórios, que vão desde a mais pura espiritualidade, até a negação do princípio
espiritual e mesmo de Deus, sem outras bases, afora as ideias pessoais de seus autores (Kardec,
1975, cap. 4, it. 11, p. 90).
4. Sinopse da Obra:
Desenvolve o aspecto científico do Espiritismo, objetivando ressaltar que a "Ciência é chamada a
constituir a Gênese de acordo com as leis da Natureza". Divide-se em três partes:
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a primeira trata da origem espiritual e orgânica, apresentando um esboço geológico da Terra e as
teorias sobre a formação da mesma; a segunda aborda a temática dos milagres, explicando a
natureza e propriedades dos fluidos e as ocorrências registradas no Evangelho; a terceira enfoca
as predições do Evangelho, analisando a teoria da presciência, os sinais dos tempos e a geração
nova. Afirma que "Deus prova a sua grandeza e seu poder pela imutabilidade das suas leis e não
pela ab-rogação delas".
Esta obra é mais um passo dado no terreno das consequências e aplicações do Espiritismo,
fornecendo a chave para a explicação de uma imensidade de fenômenos incompreendidos e
considerados inadmissíveis por parte de uma certa classe de pensadores. O Espiritismo,
conciliando ambos os aspectos da ciência humana com os das leis que regem o mundo espiritual,
encontrou a explicação racional para esses fenômenos, tirando-lhes o caráter sobrenatural. Tal a
razão por que o Espiritismo conduz tantas pessoas à crença em verdades que elas antes
consideravam meras utopias.
A Ciência sem a Religião é manca,
a Religião sem a Ciência é cega.
Albert Einstein
Coordenador de Estudos
José Luiz Maio
2015
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CAPITULO I - CARÁTER DA REVELAÇÃO ESPÍRITA
O livro aborda inicialmente a questão, à época delicada, do caráter e da validade da revelação
espírita, face à reação dos setores refratários à doutrina nascente. Ao invés de tratar o assunto em
um prefácio, Allan Kardec optou por promovê-lo merecidamente a tema do primeiro capítulo,
“Caráter da Revelação Espírita”, conferindo ao assunto status de leitura obrigatória, face à sua
importância para o esclarecimento dos fundamentos da doutrina. Por meio de doze perguntas que
são propostas e, após, respondidas com clareza, lisura e lógica irretorquíveis, coloca-se um ponto
final nesta questão, até então controversa, da natureza e validade da Doutrina dos Espíritos.
O vocábulo “Caráter” assume aqui o significado de “características que fundamentam”, que pode
ser resumido, sem perda do significado original, como FUNDAMENTOS, por emprestar, nos dias de
hoje, maior clareza em relação ao assunto que será tratado. Nele encontramos abordagem
detalhada do método de Kardec, essencial para o estudioso da Doutrina, entender realmente "O
que é o Espiritismo". A palavra "Espiritismo" foi utilizada por Kardec para identificar a Doutrina que
estava sendo codificada na França e que resultou nas obras básicas da Codificação. Importante
destacar que além das obras básicas, dispomos de obras complementares, as quais se destinam
justamente a contribuir com elementos que facilitem o entendimento do Espiritismo. As obras
complementares não devem introduzir conceitos que sejam contrários às leis e aos princípios
estabelecidos nas obras básicas. Como obras complementares, temos aquelas produzidas por
contemporâneos de Kardec (ainda muito atuais) e as posteriores, tanto de encarnados como de
desencarnados.
REVELAR = vem do latim “revelare” = "sair de sob o véu"; descobrir, dar a conhecer uma coisa
secreta ou desconhecida. Assim pode-se considerar que:
-
A
A
A
A
Astronomia revelou o mundo astral;
Geologia revelou a formação da Terra;
Química, a lei das afinidades;
Fisiologia, as funções do organismo, etc.
A REVELAÇÃO tem por característica a VERDADE. Se for desmentida por fatos, deixa de ter origem
Divina, pois Deus não se engana nem mente.
Todas as religiões tiveram seus reveladores; semearam germens do progresso, que acabariam por
se desenvolver à luz brilhante do Cristianismo, apesar da existência dos pretensos messias, que
exploram a credulidade em proveito de sua ganância, de seu orgulho.
Os espíritos adiantados, quando encarnados, podem ministrar conhecimentos próprios ou recebêlos mesmo dos mensageiros de Deus que falam em Seu nome, através da inspiração, audição das
palavras, tornam-se visíveis durante as visões e aparições, durante a vigília ou sonho do revelador
que é sempre um médium inspirado, audiente ou vidente. A revelação pode ser SÉRIA,
VERDADEIRA ou apócrifa, mentirosa. "O caráter essencial da revelação divina é o da eterna
verdade".
O DECÁLOGO revelado por Moises tem característica de revelação DIVINA: permaneceu inalterado
ao longo dos séculos, tendo servido de base para os ensinamentos de CRISTO que aboliu outras
leis mosaicas por não serem mais apropriadas ao desenvolvimento do povo.
Moisés: a mais importante figura do Antigo Testamento, guerreiro, estadista, libertador, moralista
e
legislador dos hebreus. Moisés deu a este povo o Decálogo, ou os dez mandamentos da lei de
Deus, que
recebera do Senhor, no alto do Monte Sinai, onde se encontrava jejuando. O Decálogo constituiria
o código civil e religioso da monoteísta Canaã.
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O ESPIRITISMO é uma verdadeira revelação, pois dá a conhecer: o mundo invisível que nos cerca;
as Leis que regem suas relações com o mundo visível; o destino do homem depois da morte. Tem
caráter de revelação divina por ter origem nos ensinamentos dos ESPÍRITOS SUPERIORES.
Participa do caráter de revelação científica por ser seu ensino acessível a todos os homens, não de
maneira passiva, mas sendo-lhes recomendado o exame, pesquisa, raciocínio, respeitando-lhes o
livre-arbítrio. Não pretende ser completa nem imposta à fé cega. A revelação espírita é, portanto:
de origem divina, de iniciativa dos espíritos, sendo a sua elaboração fruto do trabalho do homem.
Utiliza o método experimental, observando fatos novos inexplicados pelas leis conhecidas,
comparando, analisando-os; dirigindo-se dos efeitos para as CAUSAS, chega à LEI que os rege.
Através do processo DEDUTIVO chega às suas consequências buscando as aplicações úteis.
Observando os fatos concluiu pela existência dos espíritos, deduzindo da mesma forma todos os
demais princípios, não partindo, portanto de nenhuma teoria preconcebida. Um exemplo:
Observou-se várias manifestações de espíritos que não tinham conhecimento de seu estado de
desencarnados, o que permitiu deduzir tratar-se de uma fase da vida do espírito pouco adiantado
moralmente, peculiar a certos gêneros de morte, podendo durar de horas a anos. Pois bem, os
espíritos superiores não revelaram tais fatos; permitiram tais manifestações submetendo-as à
observação a fim de deduzir-se a regra.
O objeto da CIÊNCIA é o estudo das leis do princípio material, assim como o objeto do
ESPIRITISMO é o conhecimento do princípio espiritual. Como os dois princípios reagem um sobre
o outro, o ESPIRITISMO e a CIÊNCIA completam-se reciprocamente.
A Ciência evoluiu ao longo dos séculos, tendo abandonado os quatro princípios constitutivos da
matéria (terra, água, fogo, ar), concebendo um único elemento gerador. O Espiritismo
demonstrou-lhe a existência acrescentando a ele o elemento espiritual. Assim como a Alquimia
gerou a Química, a Astrologia gerou a Astronomia, o ESPIRITISMO, através da experimentação,
observação, demonstrando as leis que regem o mundo espiritual, seguiu-se à magia e feitiçaria, as
quais, embora aceitassem a manifestação dos espíritos, misturavam crenças ridículas, por
desconhecerem as verdadeiras leis das manifestações.
A primeira grande revelação veio com MOISÉS:
- Um DEUS ÚNICO, Soberano Senhor e Orientador de tudo que existe.
- Promulgou a Lei do Sinai;
- Lançou as bases da verdadeira FÉ.
Entretanto o DEUS revelado era cruel, implacável, vingativo, injusto, pois, era tido por ferir o filho
pela culpa dos pais, ordenava guerras, escravizando os povos, matando mulheres e crianças. Com
JESÚS CRISTO veio a segunda revelação, exemplificando um DEUS clemente, soberanamente
justo, bom e misericordioso. Revelou que a verdadeira pátria não é deste mundo, mas no REINO
CELESTIAL, onde os humildes serão elevados e os orgulhosos serão humilhados. Ensinou a
necessidade do PERDÃO e da CARIDADE para que sejamos perdoados, retribuir o mal com o BEM.
Com Moisés os homens aprenderam a TEMER A DEUS, enquanto que através de Cristo foram
levados a AMAR A DEUS.
Cristo ensinava por meio de parábolas, pois, o povo da época não tinha condições de entendêLo completamente. Prometeu a vinda do Espírito de Verdade - "que restabelecerá todas as coisas
e vo-las explicará todas".
O ESPIRITISMO é a terceira revelação, o Consolador prometido por Jesus, acrescentando à ideia
da vida futura, a existência do mundo invisível, definiu os laços que unem a alma ao corpo,
desvendou os mistérios do nascimento e da morte. Demonstra a Lei do Progresso manifestada
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através da Reencarnação dos espíritos até atingir a Perfeição. O sofrimento passa a ser visto como
mola do progresso, quando do mau uso do livre-arbítrio. Todos têm as mesmas oportunidades de
progredir através do trabalho. Os "demônios" são espíritos imperfeitos que no futuro se
transformarão em "anjos": espíritos puros. "TODOS OS SERES SÃO CRIADOS SIMPLES E
IGNORANTES E GRAVITAM PARA UM FIM COMUM QUE É A PERFEIÇÃO". É a grande Lei de
Unidade que rege o Universo.
Pela lei de Causa e Efeito constata-se que a desdita é resultado da prática do mal. Entretanto, o
sofrimento cessa com o arrependimento e a reparação, inexistindo, portanto o "sofrimento eterno
- o inferno" conceitos estes contrários à suprema Bondade e Justiça divinas.
A pluralidade das existências foi ensinada por Cristo e demonstrada pelo Espiritismo, explicando
as aparentes anomalias da vida, mortes prematuras, diferenças sociais, mentais e intelectuais;
justifica os laços de família, mostrando a inutilidade dos preconceitos de raças castas, posição
social, etc., incentivando o exercício da fraternidade universal.
O princípio da sobrevivência da alma dá ao homem a certeza de que, mais que uma máquina
organizada sem responsabilidade, tem um destino maior - a perfeição. A preexistência da alma
concilia a doutrina do pecado original com a Justiça Divina, na medida em que cada espírito é
responsabilizado pelas suas faltas e não as de outrem, podendo em cada existência redimir-se e
progredir, despojando-se de suas imperfeições.
O Espiritismo Experimental demonstrou a existência do perispírito, citado por São Paulo como
corpo espiritual, invólucro fluídico inseparável da alma e um dos elementos constitutivos do ser
humano. O estudo das propriedades do perispírito, dos fluídos espirituais e atributos fisiológicos da
alma explica fenômenos como: - vista dupla, visão à distância, sonambulismo, catalepsia e
letargia, presciência, pressentimentos, aparições, transfigurações, transmissão do pensamento,
obsessões, curas instantâneas, etc. Demonstra que ocorrem segundo leis naturais, podendo ser
reproduzidos, fazendo desmoronar o império do maravilhoso e sobrenatural.
O Espiritismo veio confirmar, explicar e desenvolver os ensinamentos de Cristo, elucidando os
pontos obscuros existentes no Evangelho; pregando a moral cristã e demonstrando que até aos
últimos minutos de vida o homem pode crescer em inteligência e moral, confirma a promessa de
Cristo: é o Consolador dos aflitos, o Espírito de Verdade. Foram, a primeira e segunda revelação,
personificadas por Moisés e Cristo, enquanto que a terceira surgiu simultaneamente por todos os
pontos da Terra, sendo portanto, coletiva. Kardec, na humildade própria aos espíritos elevados,
atribui a si o papel de coordenador dos ensinos dos espíritos. É o CODIFICADOR da doutrina
espírita.
Tendo surgido em uma época de maior madureza intelectual, em que a aceitação ocorre após
estudo e exame dos fatos, a terceira revelação fez-se parcialmente, por partes, em pontos
diversos do planeta, de modo que a coordenação e seleção de todos os assuntos parciais
constituiu a doutrina espírita. Não decorreu, assim, de um sistema preconcebido, tendo os
princípios sido apresentados somente após passarem pelo crivo da razão e de todas as
comprovações.
As publicações espíritas desempenham a função de elo de ligação de ideias e experiências entre
os pontos mais distantes, condensando metodicamente o ensino universal nas várias línguas do
globo. Enquanto a ciência em geral necessitou de vários anos, mesmo séculos, para atingir maior
grau de desenvolvimento, bastou ao Espiritismo poucos anos para se constituir em doutrina, isto
em virtude da multidão de espíritos que, pela Vontade Divina, manifestaram-se simultaneamente
trazendo as várias partes da doutrina que, reunidas, compuseram o todo.
Assim cada espírito, com maior ou menor grau de conhecimentos, contribuiu com uma pedra
para a construção do edifício, solidariamente, de modo que o Espiritismo emergiu da coletividade
11
dos trabalhos, comprovados uns pelos outros. A revelação espírita progride juntamente com a
ciência, assimilando novas descobertas, de modo que jamais ficará obsoleta. Muito embora exista
no homem a voz da consciência, que nem sempre é observada, permite Deus que de tempos em
tempos os missionários insistam na prática dos preceitos morais. Sócrates e Platão já ensinavam a
moral pregada posteriormente por Cristo. Assim também os espíritos voltam a reprisar os
conceitos da moral cristã fazendo-se ouvir em todos os recantos, pobres e ricos, do globo. Tornam
conhecidos, ainda, os princípios que relacionam os encarnados e desencarnados, a natureza
origem e futuro da alma, demonstrando que a solidariedade, caridade e fraternidade representam
uma necessidade social muito mais do que um dever.
A autoridade da revelação espírita vem do fato de que os espíritos se limitam a pôr o homem
no caminho das deduções que ele mesmo pode tirar observando os fatos. Assim tanto espíritos
elevados como também os menos adiantados colaboram no trabalho de deduzir as leis que regem
os fatos. Usando a lógica e o bom-senso pode o estudioso beneficiar-se de todos os gêneros de
manifestações, tendo em conta que os espíritos superiores se abstêm de revelar tudo o que o
homem, com trabalho próprio, possa descobrir.
Permitiu Deus que assim fosse a fim de que uma multidão de espíritos desencarnados se
manifestassem em vários pontos do planeta e viessem convencer os vivos das realidades
espirituais, pois, difícil e demorada seria a aceitação global se a revelação se fizesse por apenas
um espírito, encarnado ou não, mesmo que fosse um Moisés ou um Sócrates. Deve-se levar em
conta que, pelo fato de desencarnar, o espírito não passa a categoria de sábio. Entretanto, livre
das limitações da matéria, pode ver as coisas de modo mais elevado, compreendendo seus erros,
reformando conceitos falsos ou inexatos. De acordo com o desenvolvimento atingido, pode,
portanto, melhor aconselhar o encarnado. Com relação ao futuro da alma após a morte, tanto os
espíritos elevados como os de menos luzes podem auxiliar na elucidação, tendo em vista relatarem
suas próprias experiências.
Pode-se comparar a revelação espírita a um navio que, partindo para um país distante, tenha
naufragado, tendo-se notícia de se terem afogado todos os passageiros, levando o luto a seus
familiares. Entretanto, tendo conseguido os tripulantes aportar em uma ilha ensolarada, lá
permaneceram em vida ditosa. Posteriormente outro navio os encontrou e levou notícia aos
familiares de que estavam bem. Embora não pudessem ver-se, permutavam demonstrações de
afeto à distância, podendo inclusive corresponder-se. Assim, como o segundo navio, o Espiritismo
é a boa-nova que revela a sobrevivência dos entes queridos aos quais nos reuniremos um dia.
Resumindo, os espíritos vieram nos esclarecer que:
- o nada não existe; clareiam o caminho dos homens quanto ao futuro, demonstrando que a vida
terrena é passageira; mostrando a natureza do sofrimento, fazem-nos ver a justiça de Deus; o
bem é uma necessidade, a fraternidade longe de ser uma teoria, funda-se numa lei da Natureza.
- se tudo acabasse com a vida o egoísmo reinaria; com a certeza no porvir os espaços infinitos se
povoam não havendo vazio nem solidão, todos os seres unidos pela solidariedade.
- É o reino da caridade; "UM POR TODOS E TODOS POR UM".
- Quando do desencarne de um ente querido em vez de doloroso adeus, passa-se a dizer "até
breve".
Para concluir o estudo, podemos destacar três caracteres que são fundamentais para distinguirmos
a revelação espírita das que a precederam:
1º - a sua impessoalidade - Diferentemente das duas primeiras revelações, que foram
personificadas em Moisés e em Jesus, o Espiritismo não reflete o ensinamento de uma única
personalidade. É fruto do pensamento e das conclusões de uma coletividade de Espíritos
Superiores, sob a égide do Espírito de Verdade, que é o próprio Cristo. Todos colaboraram na
medida de seus conhecimentos específicos, daí abranger toda essa gama de assuntos diferentes
12
que a Doutrina aborda. Tal não seria possível se resultasse de um único ser, por mais
intelectualizado e poderoso que fosse.
2º - a revelação da realidade da vida futura - O homem apenas vagamente tinha noção da vida
futura. O Espiritismo, além de ratificá-la, revelou a existência de um mundo invisível, que existe
paralelamente ao mundo material que conhecemos, conosco coabita e povoa o espaço.
Descerrando o véu que encobria essa realidade, fez o homem entender a finalidade da sua
existência, mostrando-lhe a necessidade de nortear sua relação com o próximo pelo sentimento de
fraternidade, que passou a se constituir uma necessidade.
3º - o caráter científico - O Espiritismo não estabelece como princípio absoluto nada que não se
ache devidamente demonstrado pelos fatos e pela razão. Para codificar o ensinamento que os
Espíritos traziam através de vários médiuns e em localidades diversas, Kardec utilizou-se dos
métodos adotados por todas as ciências para estabelecerem suas bases. Nada foi aceito que não
houvesse passado pelo crivo do da pesquisa do Codificador. Por esse motivo, não encontraremos
ensinos contraditórios na Doutrina, consequência do método experimental que norteou os seus
estudos.
13
CAPITULO II - DEUS
No capítulo II, intitulado Deus, encontramos um estudo, não abordado em O Livro dos Espíritos,
sobre a natureza divina. O primeiro elemento geral do universo, Deus, é abordado segundo os
dados da Ciência Espírita. A Gênese estuda Deus, potência soberana do Universo e causa primária
de tudo e de todos, no que tange à sua existência e aos seus atributos, colocando em evidência
uma qualidade Sua que é muito cara a todos nós, a de que “Deus é soberanamente Justo e Bom”.
Nos itens que se seguem, abordam-se os possíveis mecanismos da Sua providência, culminando
com a análise da questão sempre fascinante da possibilidade ou não de podermos “vê-Lo”.
Existência de Deus - Da natureza divina - A Providência - A visão de Deus.
Existência de Deus




Deus é a causa primária de todas as coisas, a origem de tudo o que existe.
"Pelo efeito se julga uma causa" "Todo efeito inteligente decorre necessariamente de uma
causa inteligente".
Ao contemplar uma obra de arte conclui-se somente poderia tê-la produzido um homem de
gênio, nunca um idiota ou um animal, menos ainda que tivesse sido obra do acaso.
Ao contemplar a Natureza, notando-lhe a sabedoria, a providência, a harmonia, ou seja,
efeitos inteligentes que superam a capacidade humana, somente se pode concluir ser obra
de uma inteligência superior à Humanidade.
No item 28 deste capitulo de A Gênese, escreve Kardec: Compreendemos o efeito: isto já é
muito. Do efeito remontamos à causa, e avaliamos a sua grandeza pela grandeza do efeito, mas a
sua essência íntima nos escapa, como a da causa de uma imensidade de fenômenos. Conhecemos
os efeitos da eletricidade, do calor, da luz e da gravitação; conseguimos medi-los, entretanto ainda
desconhecemos alguns aspectos dos princípios que os produzem. Será então mais racional
negar o princípio divino, porque não o compreendemos?
O texto original afirma, em relação à causa de todos os fenômenos citados no mesmo parágrafo,
que:“...entretanto ignoramos a natureza íntima do princípio que os produz”, uma vez que
à época, os conhecimentos da Física, principalmente em relação à estrutura do átomo, ainda não
permitiam trazer à luz os princípios aludidos pelo Codificador. Hoje, no início do século XXI, os
conhecimentos acumulados, se ainda não permitem uma explicação definitiva desses princípios, já
possibilitam uma abordagem bastante exata da natureza do seu funcionamento.
Muito embora as forças materiais atuem mecanicamente, pelas leis de atração e repulsão, como as
plantas nascem, brotam, crescem e se reproduzem sempre da mesma maneira, por ação do calor,
eletricidade, luz, umidade, não se pretende afirmar que tais forças sejam inteligentes. São postas
em ação, distribuídas apropriadamente de modo a produzir um efeito útil por uma causa
inteligente. "Deus não se mostra, mas se revela pelas suas obras".
Da natureza divina
Falta-nos o sentido próprio para compreender a natureza divina, o qual só adquiriremos com a
completa depuração do espírito. Podemos, no entanto, conhecer seus ATRIBUTOS:
1)2)3)4)5)6)-
Deus
Deus
Deus
Deus
Deus
Deus
é
é
é
é
é
é
a suprema e soberana inteligência;
eterno; (Não teve começo nem fim).
imutável;
imaterial; (Se não o fosse estaria sujeito a mudanças).
onipotente;
soberanamente justo e bom; (Se tivesse qualquer resquício de maldade, não poderia
14
ser infinitamente justo, bom e perfeito).
7)- Deus é infinitamente perfeito;
8)- Deus é único;
Assim, qualquer religião, filosofia, dogma, que estiver em contradição com quaisquer destes
atributos divinos, não poderá estar com a verdade. "A religião perfeita será aquela cujos artigos de
fé jamais contrariem tais atributos, suportando a prova de verificação sem nada sofrerem".
A Providência.
A ação providencial divina se faz sentir nas menores coisas, demonstrando que tudo vê, a tudo
preside, está em toda a parte agindo através das LEIS GERAIS DO UNIVERSO de modo que toda
a criatura está submetida à sua ação, sem que haja necessidade da intervenção incessante da
Providência.
Imaginemos um fluido inteligente que preencha todo o universo, de modo que a Natureza
inteira esteja mergulhada neste fluído divino. Assim, todos os seres estão saturados dele, de modo
que qualquer pensamento, por menor que seja, estará diretamente em contato com o Criador.
"Estamos NELE como ELE está em nós".
Assim como uma sensação em qualquer parte do corpo é percebida pelo espírito, através do
fluído perispirítico, também o pensamento de qualquer criatura será instantaneamente sentido por
Deus.
Admitindo-se que deva haver um centro de onde a Soberana Inteligência irradie
incessantemente por todo o Universo, pode-se supor também que percorra constantemente todas
as regiões do espaço, ou ainda que não necessite movimentar-se por sua CONSCIÊNCIA abranger
todo o Universo, podendo assim estar em qualquer local ao mesmo tempo.
A visão de Deus
Item 31 de A Gênese: Já que Deus está em toda parte, por que não o vemos? Nós o veremos
quando deixarmos a Terra? Estas são as perguntas que se fazem diariamente. É fácil responder à
primeira: nossos órgãos materiais têm percepções limitadas que os tornam impróprios à visão de
certas coisas, mesmo materiais. É assim que certos fluidos escapam totalmente à nossa visão, até
mesmo aos instrumentos, entretanto, não duvidamos da sua existência. Vemos o efeito da peste,
mas não vemos o fluido que a transporta. Vemos os corpos se moverem sob a influência da força
de gravitação, mas nós não vemos essa força.
Este é o caso das emissões solares de neutrinos, de dificílima detecção. Elas não estão
sujeitas a campos gravitacionais ou eletromagnéticos, nem são detidas ou influenciadas,
até onde se sabe, por qualquer barreira material, atravessando, por exemplo, o planeta
Terra, como se nada existisse aqui. Allan Kardec, no texto original, atribui a causa da peste
a um fluido, de acordo com os conhecimentos da sua época. Os vírus, que são os agentes
causadores de muitas dessas doenças, só viriam a ser descobertos algumas décadas após,
em 1894.
Enquanto encarnados podemos ter a compreensão de Deus através de seus atributos. Somente
nossa alma pode ter a percepção de Deus, percepção esta que será maior à medida que o espírito
progrida moralmente através de suas várias encarnações, despojando-se das imperfeições que lhe
toldam a visão espiritual, até alcançar a plenitude de suas faculdades. Somente as almas puras,
portanto, possuem a faculdade de ver o Criador.
O homem não pode ver Deus devido à limitada capacidade de percepção de seus órgãos visuais.
Unicamente com a visão espiritual é que se pode ver os espíritos e as coisas do mundo espiritual.
A aparência de Deus ainda não nos é dado conhecer, pois, no estágio evolutivo em que nos
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situamos, não temos qualquer ponto de referência que nos permita uma comparação. Os nossos
órgãos materiais não podem perceber as coisas de essência espiritual. Unicamente com a visão
espiritual é que podemos ver os Espíritos e as coisas do mundo imaterial. Somente a nossa alma,
portanto, pode ter a percepção de Deus.
Não existe efeito sem causa, este é um axioma da ciência. Nem sempre, porém, essa causa nos é
visível, o que não implica dizer que ela não existe. Sendo esse efeito inteligente, a causa que o
origina somente pode ser igualmente inteligente. Em toda parte se reconhece a presença do
homem pelas suas obras. Pela grandiosidade das obras da Natureza, porém, há que se concluir
que a sua causa não pode ser a inteligência humana. Somente uma inteligência muito superior à
do homem poderia dar causa a um efeito de tamanha magnitude.
A Gênese, item 37. Sob qual aparência Deus se apresenta aos que se tornaram dignos dessa
graça? É sob uma forma qualquer? Sob uma figura humana, ou como um foco resplandecente de
luz? Isso a linguagem humana é impotente para descrever, porque não existe para nós nenhum
ponto de comparação que possa nos dar uma ideia a respeito. Somos como cegos a quem
procurassem inutilmente fazer compreender o brilho do Sol. O nosso vocabulário é limitado às
nossas necessidades e ao âmbito das nossas ideias; o dos selvagens não poderia descrever as
maravilhas da civilização; o dos povos mais civilizados é extremamente pobre para descrever os
esplendores dos céus, a nossa inteligência é muito restrita para compreendê-los, e a nossa visão,
muito fraca, por eles seria ofuscada.
16
CAPITULO III - O BEM E O MAL
A Gênese prossegue, no Capítulo III, com a questão do bem e do mal, onde encontramos os
princípios e as hipóteses hauridas nas bases experimentais da doutrina nos remetendo aos
domínios filosóficos da ética, às questões sobre a Psicologia da origem do Bem e do Mal, bem
como sobre as questões correlatas na Biologia dos Instintos ou Etologia, na análise da sua causa e
manifestação, face à inteligência e ao instinto, e encerra o capítulo abordando o fato sempre
intrigante: reconhecida a justiça e bondade infinitas do Criador, ressaltadas no Capítulo II, da
destruição dos seres vivos uns pelos outros. Engloba as teorias vistas tanto como Ciências
Materiais como Ciências Espíritas.
Origem do bem e do mal - O instinto e a inteligência - Destruição dos seres vivos uns
pelos outros.
Origem do bem e do mal.
Sendo Deus infinitamente sábio, justo e bom, é evidente que o mal existente não pode NELE
ter-se originado. Por outro lado, se existisse um Satanás (personificação eterna do mal), não
podendo ser igual, seria inferior a Deus, logo, teria sido criado por ELE, o que implicaria na
negação da bondade infinita do Criador.
Os males tanto físicos como morais pertencem a duas categorias:
1)- Os que independem da vontade do homem - os flagelos naturais. Os flagelos se afiguram
maus e injustos aos homens, por não poderem compreender a Sabedoria Divina que em cada
acontecimento manifesta oportunidade para o progresso da humanidade. Os flagelos permitem ao
homem desenvolver sua inteligência ao ponto de preveni-los, amenizar seus efeitos, através das
ciências aplicadas a melhoria de condições de vida e bem-estar no planeta. "A dor é o aguilhão
que o impele para a frente, na senda do progresso".
2)- Os criados pelos vícios, orgulho, egoísmo, ambição, cupidez e por todos os excessos. Apesar
da consciência que lhe foi outorgada pelo Criador, das advertências dos mensageiros quanto ao
cumprimento das Leis Divinas que têm por objetivo o bem e o progresso, insiste o homem em
causar guerras, injustiças, opressão do fraco pelo forte, usando assim seu livre-arbítrio para a
satisfação de seus vícios e sua vaidade.
Graças à bondade divina, porém, chega um momento em que o mal moral se torna intolerável,
reconhece o homem a necessidade de mudar de vida. Usa então de seu livre-arbítrio para
moralizar-se a fim de ser mais feliz.
"O mal é a ausência do bem" . "Onde não existe o bem forçosamente existe o mal". O mal
decorre portanto do estado de imperfeição do homem. Existe um limite natural à satisfação das
necessidades. Se, por seu livre-arbítrio comete excesso, tem como resultado as enfermidades, a
morte, que lhe advirão por sua imprevidência e não por castigo de Deus.
A alma foi criada simples e ignorante sujeita à Lei do Progresso. Quiz Deus que o progresso
resulte do próprio trabalho a fim de que lhe pertença o fruto deste como também é de sua
responsabilidade o mal que pratique.
As raízes das paixões e dos vícios se acham no instinto de conservação, intenso nos animais e
seres animalizados onde inexiste o senso moral e a vida intelectual. Com o desenvolvimento da
inteligência o instinto se enfraquece, fazendo com que paulatinamente haja o domínio do espírito
sobre a matéria. Quanto mais se deixe dominar pela matéria, atrasa seu desenvolvimento
identificando-se com o bruto. Assim, as paixões que lhe eram um bem, por que eram necessidade
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de sua natureza, passam a ser um mal por que se tornam prejudiciais à espiritualização do ser. "O
mal é, portanto, relativo e a responsabilidade é proporcional ao grau de desenvolvimento".
O instinto e a inteligência.
O instinto é a força oculta que solicita atos espontâneos e involuntários visando a conservação
da espécie.
É pelo instinto que a planta se volta para a luz e dirige as raízes para a água ou terra, que os
animais migram conforme a mudança de clima constroem seus abrigos, armadilhas para caçar seu
alimento, que os sexos se aproximam, que a mãe protege seu filho. No início da vida os atos
humanos são puramente instintivos. Mesmo no adulto muitos atos são movidos pelos instintos
como o de conservação, equilíbrio do corpo, adaptação das pálpebras à luz, etc.
A inteligência é um atributo da alma e se revela por atos voluntários, refletidos, premeditados e
combinados de acordo com as circunstâncias.
O instinto é previdente e nunca se engana. A Inteligência, por ser livre, está sujeita a errar. O
adulto anda naturalmente, instintivamente, mesmo quando está desatento ao ato de andar. Ao
aumentar a velocidade, passa a usar sua inteligência, podendo, por exemplo, vir a cair.
Certa teoria considera os atos instintivos provenientes dos protetores espirituais, que
diminuiriam sua ação à medida que seu protegido desenvolvesse sua inteligência. Contraria,
entretanto, a unidade de causa que se observa universalmente nos instintos, o que não seria
possível se proviessem de cada protetor.
Se considerar-se todos os seres mergulhados no fluído divino, soberanamente inteligente e
previdente, entender-se-á a unidade dos movimentos instintivos que visam ao bem de cada
indivíduo, tanto mais ativamente quanto menor for o desenvolvimento da inteligência.
O instinto é, portanto, guia seguro que se enfraquece à medida do desenvolvimento da
inteligência.
As paixões são também forças inconscientes, nascem das necessidades do corpo e dependem
do organismo. São individuais, produzem efeitos variados em intensidade e natureza. São úteis até
o surgimento do senso moral, quando passam a ser prejudiciais ao progresso do espírito. "O
instinto se aniquila por si mesmo; as paixões somente pelo esforço da vontade podem domar-se".
Destruição dos seres vivos uns pelos outros.
A verdadeira vida, tanto do animal como do homem, não está no invólucro corporal mas sim no
princípio inteligente que preexiste e sobrevive ao corpo.
Em sua infinita sabedoria o Criador faz com que os seres orgânicos se nutram uns dos outros.
No homem materializado domina o instinto animal e mata para se alimentar. Posteriormente ao
contrabalançar-se o sentimento moral, luta e destrói para satisfazer sua ambição, orgulho, poder.
Ao preponderar o senso moral diminui a necessidade de destruir, tendendo a desaparecer, por se
tornar odiosa. Passa então a lutar intelectualmente, contra as dificuldades, não mais contra seus
semelhantes.
A destruição dos seres vivos é lei da Natureza que somente pode ser compreendida se examinada
sob o ponto de vista espiritual. Somente a matéria é destruída, pois o espírito é imortal e não se
desgasta. Seguindo a lei universal de evolução, dia chegará em que o homem não mais
necessitará destruir seus semelhantes.
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CAPITULO IV - PAPEL DA CIÊNCIA NA GÊNESE
No Capítulo IV, Kardec confere justa relevância à contribuição da Ciência para o progresso da
Humanidade, e segue no capítulo seguinte, “Antigos e Modernos Sistemas do Mundo”, analisando
a evolução da nossa visão de mundo, desde a crença antiga de uma Terra plana até o multiverso
dos dias de hoje. No capítulo, apresenta-se a função da Ciência Material e delimita-se o sistema
religioso que será objeto das investigações científicas: neste caso, a Gênese Mosaica, porque esta
é por Kardec considerada a mais consistente com a Ciência Material Oficial. No item 3, define-se o
papel da Ciência, e esta engloba as Ciências Espírita e Material, e sua relação com a Religião, no
que concerne às questões sobre as origens.
A religião era preponderante na história dos povos antigos, de tal modo que os primeiros livros
sagrados continham toda a ciência e as leis civis da época. Sendo imperfeitos seus meios de
observação, também incompletas eram as teorias sobre a criação. O desenvolvimento das ciências
proporcionou ao homem os dados necessários ao surgimento de uma Gênese positiva e, de certo
modo, experimental. Acompanhou-se a formação gradual dos astros através de leis eternas e
imutáveis, que demonstravam a grandeza e sabedoria do Criador.
A gênese de Moisés, dentre as teorias antigas, é a que mais se aproxima dos dados científicos
atuais, levando-se em conta que seu conteúdo original deturpou-se nas traduções de língua para
língua, além do fato de os escritos antigos serem feitos de modo alegórico. O receio de
comprometer o conteúdo das crenças contidas na Bíblia, de ferir o princípio da imutabilidade da fé,
além da falta de conhecimentos científicos, fez com que o homem permanecesse estacionário em
progresso, até que a Ciência viesse a demonstrar os erros da Gênese mosaica tomada ao pé da
letra.
Mesmo respeitando-se a Bíblia como sendo revelação divina, deve ser considerado que
nenhuma revelação pode sobrepor-se à autoridade dos fatos, de modo que, diante das flagrantes
contradições entre as descobertas científicas e os Textos Sagrados, conclui-se que foram as
revelações mal interpretadas. A Ciência segue seu caminho em busca da verdade e as religiões
não podem permanecer estacionarias. "Uma religião que não estivesse, por nenhum ponto, em
contradição com as leis da Natureza, nada teria que temer do progresso e seria invulnerável".
A Gênese se divide em duas partes:
1)- A história da formação do mundo material;
2)- A história da Humanidade e seu princípio corporal e espiritual.
A Ciência tem estudado a primeira parte, completando a Gênese de Moisés, deixando à Filosofia
o estudo da segunda, a qual chegou a conclusões contraditórias, o que levou muitas pessoas a
seguir a religião convencional. Todas as religiões pregam a existência da alma. Quanto à sua
origem, passado e futuro, impõem os dogmas que pressupõem a fé cega levando a muitos a
dúvida e a incredulidade; A incerteza quanto ao futuro leva o homem à predominância do
interesse às coisas da vida material.
A Gênese, item 5 deste capítulo, diz Kardec: A Ciência, no ponto a que chegou neste século, já
venceu todas as dificuldades no tocante ao problema da Gênese?
Seguramente, não, mas é incontestável que ela corrigiu definitivamente todos os erros capitais,
lançando os fundamentos essenciais da Gênese baseada em dados irrefutáveis.
No texto original, o Codificador formulou a questão referindo-se ao século XIX. Podemos
reformular a questão referindo-nos ao século corrente, uma vez que a pergunta ainda se
aplica e, possivelmente, se aplicará perfeitamente a todas as épocas.
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O mecanismo do Universo e a formação da Terra só foram entendidos quando se conheceu as
leis que regem a matéria. Por desconhecer as leis que regem o princípio espiritual, permanece a
Metafísica no campo das teorias e especulação. A Mediunidade foi para o mundo espiritual o que o
telescópio representou para a Astronomia, permitindo ao Espiritismo experimental o estudo das
relações entre o ser material e o ser inteligente, o que permitiu seguir-se a alma em sua marcha
ascendente, suas migrações e transformações. Era o instrumento que faltava aos comentadores
da Gênese para a compreenderem e lhe retificarem os erros. Sendo solidários os dois mundos,
somente o conhecimento de suas leis permitiu a constituição de uma Gênese completa, embora
aproximativa.
Todas as correntes religiosas que a humanidade conhece são espiritualistas, ou seja, aceitam a
existência de um princípio espiritual. Todavia, com relação à origem desse princípio, seu passado e
seu futuro, cada uma possui uma concepção diferente. As religiões tradicionais, calcadas em
dogmas de fé, tiveram suas doutrinas elaboradas numa época em que se desconhecia quase por
completo as leis que regem o mecanismo do Universo.
Sendo assim, a Gênese por elas aceita encontra-se eivada de fatos cuja impossibilidade de terem
acontecido da forma narrada a Ciência veio demonstrar. Coube ao Espiritismo, como ciência
calcada no conhecimento revelado por outros ramos igualmente científicos e na revelação de
Espíritos Superiores a cerca do mundo espiritual, embora sem a pretensão de ditar a última
palavra, trazer à humanidade uma nova compreensão da Gênese, retificando os equívocos que se
arrastam ao longo do tempo.
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CAPITULO V - ANTIGOS E MODERNOS SISTEMAS DO MUNDO
Nos capítulos V e VI, Kardec introduz propriamente a Cosmologia Geral, isto é, o estudo sobre a
origem e estrutura do Universo Material. No capítulo V, trata-se, em linhas gerais, da História da
Ciência Astronômica, de suas hipóteses e princípios. Já no capítulo VI, trata-se da Uranografia
Geral, ou Cosmologia Geral, que sumaria investigações psicográficas de Camille Flammarion, um
conjunto de dados teóricos fundamentais sobre a Cosmologia Física, que foram por Kardec
atribuídos ao Espírito do insigne astrônomo Galileu Galilei. Os temas gerais da Uranografia são
investigados, a um tempo, sob dois ângulos: o da Ciência Material e Espiritual.
Na antiguidade, desconhecendo as leis da física e sem dispor de qualquer instrumento de
observação além de seus sentidos, os homens acreditavam que o Sol girava em torno da Terra,
que se constituía em uma superfície circular plana. O céu era uma abóbada cheia de ar apoiada
nos bordos da Terra, sendo as estrelas pontos luminosos engastados nela. Entendiam ser as
chuvas provenientes das águas superiores que escapavam pelas frestas da abóbada. Ao perceber
movimento dos astros explicavam como sendo o resultado da rotação da abóbada arrastando
consigo as estrelas nela fixadas. Mais tarde percebeu-se que a abóbada teria que ser uma esfera
inteira, oca, contendo no centro a Terra, chata ou convexa, habitada em sua parte superior, sem
poder-se explicar qual o seu suporte.
As Teogonias pagãs situavam o inferno nos lugares baixos, sob a Terra, estando o Céu nos
lugares altos, além das estrelas. Observadores da Caldéia, Índia e Egito notaram que certas
estrelas tinham movimento próprio - as estrelas errantes ou planetas. Notou-se a imobilidade da
Estrela Polar em cuja volta outras descreviam círculos oblíquos, chegando-se ao conhecimento da
obliquidade do eixo da Terra. Verificações da estrela polar em diferentes latitudes levou à
descoberta da esfericidade da Terra, por Tales, de Mileto, em 600 A.C.. Pitágoras em 500 A.C.
descobriu o giro da Terra sobre seu eixo e seu movimento junto com os outros planetas em torno
do Sol. Hiparco em 160 A.C. Inventou o astrolábio relativo aos eclipses, manchas do sol,
revoluções da Lua.
Tais conhecimentos, entretanto, ficaram restritos aos filósofos e seus discípulos por mais de
2.000 anos. Em 140 D.C. Ptolomeu compôs um sistema misto em que a Terra seria o centro do
Universo, com uma região elementar (terra, agua, ar e fogo) e uma etérea composta de onze céus
superpostos, além dos quais estaria o Empíreo (habitação dos bem-aventurados). No início de
1.500 D.C. COPÉRNICO, à partir das ideias de Pitágoras, apresentou o Sol como o centro do
sistema planetário, sendo a Lua o satélite da Terra. Com Galileu, inventor do telescópio (1.610), o
sistema de Copérnico veio a ser confirmado, reconhecendo-se que as estrelas são sóis - centros de
outros sistemas planetários- as constelações são agregados aparentes que desapareceriam se
delas pudéssemos aproximar-nos.
Tais conhecimentos, divulgados graças à tipografia tornaram-se públicos tornando minoria os
sustentadores das velhas ideias. Descerrou-se a venda e os homens puderam melhor fazer ideia
da sublimidade da obra Divina. Em seguida vieram: Kepler que descobriu serem elípticas as
órbitas dos planetas, sendo o Sol um dos focos. Newton descobriu a lei da gravitação universal,
Laplace criou a mecânica celeste.
A Astronomia tornou-se uma Ciência com base no cálculo e na geometria, uma das pedras
fundamentais da GÊNESE após 3.300 anos de Moisés. Diversos sistemas foram concebidos com o
objetivo de explicar o mundo. Ptolomeu, Copérnico e Galileu podem ser considerados pioneiros
que abriram caminho para as descobertas mais tarde reveladas pela Astronomia.
Apesar de os espíritos já terem nos revelado que os mundos são habitados, a Ciência ainda não
conseguiu descobrir vestígios de vida nos planetas do sistema solar, embora os cientistas
reconheçam, que, estatisticamente, devam existir muitos mundos habitados no Universo.
21
GÊNESE PLANETÁRIA
De acordo com a Ciência, a origem do Universo pode ser descrita da seguinte forma: no princípio
não havia absolutamente nada. Mas antes do Big Bang da criação, não havia sequer nenhum
espaço vazio. O espaço e o tempo bem como a matéria e a energia, criaram-se nessa explosão, e
não havia um "fora" para onde o Universo explodisse, pois no momento mesmo em que acabava
de nascer iniciava a sua grande expansão, o Universo continha tudo, inclusive todo o espaço vazio
(Gribbin, 1983, p. 5; Gênese: As Origens do homem e do Universo. Rio de Janeiro, Francisco
Alves, 1983.).
No que tange à origem da Terra, a coisa mais importante que sabemos é que o nosso planeta
nativo se formou ao mesmo tempo que o Sol e o resto do Sistema Solar pela condensação de uma
nuvem de gás no espaço interestelar (Gribbin, 1983, p. 107).
O Espiritismo, na Gênese planetária, compatibiliza-se com a Ciência, entendendo que o
procedimento científico é a forma pela qual ele pode construir o conhecimento, com o acréscimo
apenas de certos dados de ordem espiritual, uma vez que todos os acontecimentos são
planejados, iniciados e guiados no plano extraterreno (Curti, 1980, p. 17; Espiritismo e Evolução.
São Paulo, FEESP, 1980).
Assim, segundo o Espírito Emmanuel, Jesus recebeu o orbe terrestre, desde o momento em que
se desprendia da massa solar e, junto a uma legião de trabalhadores, presidiu à formação da lua,
à solidificação do orbe, à formação dos oceanos, da atmosfera e à estruturação do globo nos seus
aspectos básicos, estatuindo os regulamentos dos fenômenos físicos da Terra, organizando-lhe o
equilíbrio futuro na base dos corpos simples da matéria.
O amor de Jesus foi o verbo da criação do princípio. "Atingido o momento, Jesus reuniu nas
alturas os intérpretes divinos do seu pensamento. Viu-se, então, descer sobre a Terra, das
amplidões dos espaços ilimitados, uma nuvem de forças cósmicas, que envolveu o imenso
laboratório planetário em repouso. Daí a algum tempo, na crosta solidificada do planeta, como no
fundo dos oceanos, podia-se observar a existência de um elemento viscoso que cobria toda a
Terra.
Estavam dados os primeiros passos no caminho da vida organizada. Com essa massa gelatinosa,
nascia no orbe o protoplasma e, com ele, lançara Jesus à superfície do mundo o germe sagrado
dos primeiros homens".
(A Caminho da Luz - História da Civilização à Luz do Espiritismo, pelo Espírito Emmanuel).
22
CAPITULO VI - URANOGRAFIA GERAL
(CAPITULO extraído das comunicações do espírito de Galileu através do médium Camile Flamarion1.862/3.)
No portentoso Capítulo VI, no qual o médium Camille Flammarion é citado como sendo o receptor
das comunicações do Espírito denominado Galileu, nos entretém com considerações belíssimas
sobre o espaço e o tempo; a unidade do princípio aliada à diversidade infinita das manifestações;
o Universo; conceitos que permanecem todos mais do que atuais nos nossos dias. Uranografia
Geral, ou Cosmologia Geral traz um conjunto de dados teóricos fundamentais sobre a Cosmologia
Física investigados, a um tempo, sob dois ângulos: o da Ciência Material e Espiritual.
O espaço e o tempo
'O espaço é infinito'. Nossa razão se recusaria a aceitar um limite no espaço além do qual nada
existisse. Mais lógico se nos afigura avançar em pensamento eternamente pelo espaço.
Entretanto, mesmo que o fizéssemos por séculos a fio, em qualquer direção, na realidade nem um
passo estaríamos avançando.
Atualmente, o espaço é definido como a distância entre dois pontos ou a área ou o volume entre
limites determinados, ou ainda, em uma definição mais abrangente, como a extensão indefinida,
tal como o Espírito Galileu o definiu na sua comunicação.
'O tempo é apenas uma medida relativa da sucessão das coisas transitórias; a ETERNIDADE não é
suscetível de medida alguma, do ponto de vista da duração; para ela, não há começo nem fim:
tudo lhe é presente. ' Imaginemos, no início da Gênese da Terra, a primeira hora, a primeira
tarde e manhã; Depois, o último dia do mundo. Neste período ocorreu a sucessão dos eventos;
Com a última hora cessam os movimentos terrestres que mediam o tempo e este acaba com eles.
Cada mundo na vasta amplidão conta seu tempo próprio, incompatível com os outros mundos.
Fora deles, somente a Eternidade enche tranquilamente com sua luz imóvel a imensidade sem
limite dos céus.
O tempo é um rio tranquilo, que tudo sofre ou consente; mas devolve tudo aquilo que se lhe atira
à corrente. Tempo é o que se faz, do tempo que Deus nos deu.
A matéria
A matéria se nos apresenta em diversas formas e propriedades. A Química demonstrou que os
elementos terrestres são compostos de variadas substâncias, combinadas ao infinito, que podem
ser decompostos atingindo os princípios denominados corpos simples como o oxigênio, hidrogênio,
azoto, cloro, carbono, fósforo, enxofre, iodo (não metálicos), e ouro, prata, platina, mercúrio,
chumbo, estanho, zinco, ferro, cobre, sódio, potássio, etc. entre os metálicos.
Sendo ilimitado o número de forças que agem sobre a transformação da matéria, também
variadas e ilimitadas são suas combinações. Entretanto, todos os corpos ponderáveis assim como
os fluídos (imponderáveis) originam-se de uma única substância primitiva: o COSMO (fluído
cósmico universal).
Neste capítulo Allan Kardec faz menção aos principais corpos simples conhecidos ao tempo do
Codificador. Atualmente, os elementos químicos (denominação atual dos corpos simples) são
classificados de acordo com a Classificação Periódica dos Elementos, que teve a sua origem no
trabalho meticuloso realizado pelo cientista russo Mendeleyev, em 1869. A Química cataloga
atualmente 105 elementos, dos quais 92 são encontrados na natureza e os demais, chamados de
transurânicos (porque são mais pesados do que o elemento urânio), foram sintetizados em
laboratório. A Classificação distribui os elementos de acordo com as suas propriedades,
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agrupando os metais, os não-metais, os semimetais e os gases nobres. O elemento químico
hidrogênio, por suas características especiais, é classificado à parte.
Hoje em dia, também sabemos que os elementos químicos são decomponíveis em dezenas de
subpartículas, sendo que, as mais importantes são o próton, o nêutron e o elétron.
As leis e as forças
O fluído etéreo primitivo enche o espaço, penetra todos os corpos, sendo-lhe inerentes as
múltiplas forças, eternas e universais, que agem sobre a matéria por ele gerada, como a
gravidade, coesão, afinidade, atração, magnetismo, eletricidade ativa. Seus movimentos
vibratórios manifestam-se como som, calor, luz, etc. que variam seus efeitos de conformidade com
o meio em que agem.
A Física atualmente reconhece quatro forças atuando no Universo conhecido, a saber: força
gravitacional, força forte, força fraca e força eletromagnética. As forças de coesão, de afi
nidade e de atração, citadas pelo Codificador, são abrangidas pelas forças forte e fraca; o
magnetismo e a eletricidade, pela força eletromagnética.
Todas estas forças, modificando suas ações com a finalidade de gerenciar os ciclos do mundo e
da Natureza, dependem de uma lei universal - também diversificada em seus efeitos - destinada a
imprimir harmonia e estabilidade à criação. O universo se caracteriza pela unidade-variedade. Em
todos os mundos encontra-se a unidade de harmonia e de criação, junto a uma variedade infinita.
Observa-se a Lei de continuidade em toda a escala da criação. A lei universal é a resultante e a
geratriz de todas as forças que agem sobre o universo. A gravitação e a eletricidade são exemplos
de aplicação da lei primordial, que impera por todo o cosmo.
Esta lei universal, citada pelo Espírito Galileu, é um dos maiores objetivos das pesquisas
atuais no campo da Física teórica. Consiste na formulação de uma teoria única, a Teoria do
Campo Unificado, que explique o macrocosmo (o Universo) e o microcosmo (os átomos e
as partículas subatômicas), que hoje são explicados, separadamente, pela Mecânica
Relativística e pela Física Quântica, respectivamente. Após anos de intensas pesquisas
científicas, essa teoria se encontra, nos dias de hoje, em uma fase bastante avançada e é
conhecida nos meios acadêmicos como a Teoria dos Superstrings ou Teoria das Cordas.
A criação primária
DEUS existe desde toda a eternidade. Como não se pode imaginá-lo inativo ou infecundo em
qualquer momento, deduz-se que criou desde toda a eternidade. O começo absoluto de todas as
coisas remonta ao Criador. O Universo nasceu criança. Inicialmente o fluído cósmico fez nascer
aglomerações, turbilhões de matéria nebulosa, que modificadas ao infinito, deram origem, em
todas as regiões do cosmo, aos diversos centros de criações simultâneas ou sucessivas. Destes
centros, alguns em menor número e mais ricos em princípios e forças atuantes, logo iniciaram sua
vida astral própria. Outros cresceram lentamente ou se subdividiram.
Devemos nos conscientizar de que atrás de nós como à nossa frente está a Eternidade. O
espaço 'é teatro de inimaginável sucessão e simultaneidade de criações'. As nebulosas podem ser
aglomerados de astros em via de formação, vias-lácteas de mundos habitados ou sedes de
catástrofes e destruição.
Camille Flammarion, astrônomo francês (1842-1925). Escreveu inúmeras obras tentando
popularizar a Astronomia. Dedicou-se ao estudo do Espiritismo; experimentador hábil e
médium muito produtivo, foi um grande colaborador de Allan Kardec e muitas das
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mensagens por ele recebidas estão na Codificação. (segundo L. Palhano Jr. in Dicionário de
Filosofia Espírita)
A criação universal
A matéria cósmica primitiva continha os elementos materiais, fluídicos e vitais de todos os
universos que estendem suas magnificências diante da eternidade. Ela é a mãe fecunda de todas
as coisas. Esse fluido cósmico que enche o mundo, mais ou menos rarefeito nas regiões imensas,
ricas em aglomerações de estrelas; mais ou menos condensado lá onde o céu astral ainda não
brilha; mais ou menos modificado por diversas combinações, de acordo com as localidades do
espaço, nada mais é que a substância primitiva em que residem as forças universais e de onde a
natureza tem tirado todas as coisas. Esse fluido penetra todos os corpos como um imenso oceano.
É nele que reside o princípio vital que dá origem à vida dos seres, perpetuando-a em cada mundo
conforme a sua condição, princípio em estado latente que dorme lá onde a voz de um ser não o
chama. Cada criatura mineral, vegetal, animal ou qualquer outra — uma vez que existem
muitos outros reinos naturais, de cuja existência sequer suspeitamos — sabe, em virtude
desse princípio vital universal, adequar as condições de sua existência e de sua duração.
Atualmente, a Biologia classifica os seres vivos em cinco reinos, a saber: monera
(compreende as bactérias e algas azuis), protista (protozoários), fungi (todos os fungos),
plantae ou methaphyta ou ainda vegetalia (todos os vegetais) e animalia ou metazoa
(todos os animais). Os vírus não se enquadram em nenhuma das classificações, por não
atenderem a todas as características inerentes aos seres vivos, ora é cristal, ora apresenta
vida orgânica.
Faz parte da criação o mundo espiritual. Quanto à criação dos espíritos revela-nos Galileu: 'O
espírito não chega a receber a iluminação divina, que lhe dá, simultaneamente com o livre-arbítrio
e a consciência, a noção de seus altos destinos, sem haver passado pela série divinamente fatal
dos seres inferiores, entre os quais se elabora lentamente a obra da sua individualização'.
Os sóis e os planetas
Condensando-se a matéria cósmica em forma de nebulosa, animada das leis universais que
regem a matéria, adquiriu a forma de esferoide. A gravitação de todas as zonas moleculares em
direção ao centro produziu o movimento circular, modificando a esfera até atingir a forma
lenticular. Surgiram as forças centrípeta e centrífuga. Predominando a força centrífuga, ocorreu
desligamento de parte da massa da nebulosa, formando um anel do qual resultou nova massa
esferóide que passou a executar movimento de translação em torno da massa central, além de
rotação em torno do próprio centro.
Condensando-se paulatinamente a massa geratriz, retomou a forma esférica. Devido ao
extremo calor desenvolvido por seus movimentos, muitas massas tornaram a se destacar,
formando centenas de sóis, que pelo mesmo processo geraram os planetas que gravitam ao seu
redor. Cada planeta recebeu uma vida particular, embora dependente do astro que o gerou.
Atualmente, a força de atração molecular a que se refere o Espírito Galileu, é denominada
pelos astrofísicos de colapso gravitacional.
Os satélites
Da região equatorial (onde maior é a força centrífuga) de algumas das massas planetárias,
antes destas solidificarem-se por efeito do resfriamento, ocorreu o desprendimento de massas
menores, passando a girar em torno de seu planeta de origem. No caso específico da Lua, as leis e
a força que presidiram seu nascimento lhe imprimiu a forma ovoide, fazendo com que as partes
mais densas se concentrassem no lado voltado para a Terra; o centro de gravidade, deslocado
25
para a parte inferior, faz com que a Lua apresente sempre a mesma face à Terra. Quanto a
Saturno, desprenderam-se lhe moléculas homogêneas, com igual densidade, o que resultou em
seu anel.
Esta teoria da Lua explica, pela lei da gravitação universal, a razão pela qual esse astro
apresenta sempre a mesma face para a Terra. Como o seu centro de gravidade, em vez de
estar no centro da esfera, se acha localizado sobre um dos pontos da sua superfície e, por
conseguinte, atraído para a Terra por uma força maior do que a que atrai as partes mais
leves, a Lua produziria um efeito que pode ser comparado ao de um boneco do tipo “João
Bobo”, que se endireita sempre sobre sua base, ao passo que os planetas, cujo centro de
gravidade é equidistante da superfície, giram regularmente sobre o próprio eixo.
Embora Allan Kardec expressasse a sua simpatia pela teoria da Lua apresentada pelo
comunicante, preveniu, em nota, quanto à necessidade da sua confirmação pela
observação direta, fato que só aconteceu em 1959 quando uma sonda soviética orbitou o
nosso satélite natural, revelando a sua face oculta para a humanidade. Assim sendo, só a
partir dessa data foi possível coletar os dados necessários acerca da Lua, que permitiriam
refinar as observações feitas pelo Espírito Galileu no item 25 da sua comunicação.
A seguir, divulgamos as informações mais atuais sobre o nosso satélite. Ainda não se sabe
exatamente como e onde a Lua se formou. Uma das hipóteses conhecidas como a
“teoria da fissão”, afirma que a Lua teria se desprendido da Terra. Essa hipótese coincide,
no que respeita à origem da Lua, com a teoria apresentada pelo comunicante.
Outra hipótese é a de que a Terra e a Lua foram formadas juntas no espaço. Outros
cientistas afirmam ainda que as rochas da Lua são diferentes das da Terra. Argumentam
que a Lua deve ter se formado em outra parte do sistema solar e foi “capturada” pelo
campo gravitacional do nosso planeta. Assim sendo, teremos de aguardar até que a Ciência
determine, em relação à origem do nosso satélite, qual dessas hipóteses é a correta, ou se
ainda aparecerão outras teorias, mais de acordo com os conhecimentos do futuro.
Os cometas
São astros errantes resultantes da aplicação pela Natureza da Lei de Variedade, destinados a
explorar os impérios solares. Durante seu caminho enriquecem-se, às vezes, de fragmentos
planetários reduzidos ao estado de vapor, absorvendo assim 'os princípios vivificantes e
renovadores que derramam sobre os mundos terrestres'. Possuem movimentos combinados,
percorrendo órbita elíptica de muitos milhares de km. em seu perigeu, passando a parabólica em
seu apogeu, quando em tempo igual, percorrem apenas alguns metros.
Segundo as pesquisas científicas mais recentes, asteróides, meteoróides e cometas seriam
fragmentos oriundos da nebulosa da qual o sistema solar se formou há 4.600 milhões de
anos. Os asteróides são corpos rochosos com cerca de 1.000 quilômetros de diâmetro,
ainda que a maioria seja muito menor. A maior parte deles orbita o Sol na faixa de
asteróides, que se situa entre as órbitas de Marte e Júpiter. Os meteoroides são pequenos
pedaços de rocha ou rocha e ferro, alguns dos quais não passam de fragmentos de
asteroides ou cometas.
Apogeu: posição orbital apresentada por um satélite terrestre (a Lua ou satélite artifi cial)
quando, em sua revolução, se encontra mais afastado da Terra. Perigeu: ponto da órbita de um
astro ou satélite em torno da Terra, no qual ele se encontra mais próximo de nosso planeta.
(segundo o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa.)
A Via-Láctea
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De aparência leitosa, esbranquiçada a olho nu, que atravessa o céu de uma extremidade a
outra, quando observada através do telescópio demonstra tratar-se, em lugar de fraca
luminosidade, de milhões de sóis, mais luminosos do que o sol de nosso sistema planetário. São
também mais importantes, pois servem como habitação de seres em maior grau de inteligência e
elevação moral relativamente ao nosso sistema.
A via-láctea se nos parece mais vasta e rica que as outras, é porque, fazendo parte dela, nos
cerca e se desenvolve sob nossos olhares. Representa, porém, nada mais do que 'um ponto
insensível e inapreciável, vista de longe, porquanto ela não é mais do que uma nebulosa estelar,
entre os milhões das que existem no espaço'. Neste contexto pode-se compreender a
insignificância de nosso globo terrestre.
O Espírito Galileu em A Gênese, utilizou-se de um parâmetro que nos dias de hoje é
conhecido como Unidade Astronômica (UA), que é a distância média da Terra ao Sol,
equivalendo a 149,6 milhões de quilômetros. Assim sendo, teríamos exatamente 100.000
UA para o afastamento entre as estrelas. Estudos atuais indicam que a estrela mais
próxima do Sol é Proxima Centauri, a 4,2 anos-luz. A nossa vizinhança inclui estrelas a até
46 anos-luz de distância da Terra, como por exemplo, o sistema triestelar Alpha Centauri
(4,3 anos-luz); Sirius (8,6 anos-luz), a estrela mais brilhante do céu; Arcturus (36 anosluz), de cor vermelho-alaranjada; a incrivelmente branca Vega (26 anos-luz); e a amarela
Capella, a 42 anos-luz do nosso sistema solar.
De acordo com os conhecimentos atuais, a nossa galáxia, conhecida como Via Láctea, ou
simplesmente “a Galáxia”, é do tipo espiral, com um denso bojo central cercado por quatro
braços espiralando para fora, contidos num halo maior e menos denso. Não podemos
observar a forma espiral porque o sistema solar está em um dos braços espirais, o braço de
Órion (também denominado braço Local). Da nossa posição, o centro da Galáxia está
completamente encoberto por nuvens de poeira. O bojo central da Galáxia é relativamente
pequeno, denso e esférico, contendo principalmente estrelas mais velhas, vermelhas e
amarelas. O halo é a região de menor densidade, na qual estão situadas as estrelas mais
velhas; algumas destas estrelas podem ser tão velhas como a própria Galáxia
(possivelmente 15 bilhões de anos). Os braços espirais contêm principalmente estrelas
azuis, quentes e jovens, assim como nebulosas (nuvens de poeira e gás no interior das
quais estão nascendo estrelas). A Galáxia é enorme: tem cerca de 100.000 anos-luz de
diâmetro, abrigando um número que varia, de acordo com as diversas correntes, entre 200
e 400 bilhões de estrelas. Em comparação, o sistema solar parece pequeno: tem cerca de
12 horas-luz de diâmetro. Toda a Galáxia gira no espaço, sendo que as estrelas interiores
se deslocam mais rápido do que as exteriores. O Sol, que está a cerca de dois terços do
centro, completa uma volta ao redor da Galáxia a cada 220 milhões de anos.
As estrelas fixas
Assim como nosso sol avança pelo espaço em companhia de outros sóis da mesma ordem,
arrastando consigo seu vasto sistema de planetas, satélites e cometas, todos gravitando em torno
de um sol central, também as estrelas chamadas fixas estão sujeitas às leis universais de
gravitação; movem-se segundo órbitas fechadas cujo centro um astro superior ocupa. A distância
em que se situam da Terra e a perspectiva sob a qual são observadas, causam a ilusão de que
estão fixas no firmamento.
Todos os sóis que compõem a via-láctea são solidários e obedecem a uma hierarquia,
subordinados uns aos outros, 'como rodas gigantescas de uma engrenagem imensa'.
Cada sol está em sua maioria cercado de muitos planetas, iluminados e fecundados segundo as
mesmas leis que comandam nosso sistema. Alguns tem dimensões e importância milhares de
vezes superiores ao nosso. Outros formam sistemas binários ou ternários, iluminando os seus
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mundos com fachos duplos ou triplos, criando condições de existência acima de nossa imaginação.
Outros ainda são privados de planetas, porém com condições privilegiadas de habitabilidade. 'Na
sua imensidade, as leis da Natureza se diversificam e, se a unidade é a grande expressão do
Universo, a variedade infinita é igualmente seu eterno atributo'.
Até recentemente, não possuíamos os instrumentos necessários para estudar o Cosmo na
sua plenitude. Hoje, com os sofisticados telescópios, satélites artificiais e receptores,
podemos estudar a história e a geografia do Universo. O Universo é formado por galáxias,
bilhões delas. As menores contêm cerca de 100.000 estrelas e as maiores podem conter
mais de 3 trilhões. Hoje em dia, os astrônomos estimam que haja 100 bilhões de galáxias,
cada uma com 100 bilhões de estrelas, números assombrosos. As galáxias não estão
espalhadas desordenadamente, mas organizadas em aglomerados de aglomerados de
galáxias: os superaglomerados ou “nuvens”. E esses superaglomerados não preenchem o
Universo: há imensos espaços vazios entre eles. Quando olhamos para as galáxias
distantes, vemos que estão se afastando umas das outras: o Universo está se expandindo.
Se pudéssemos retroceder no tempo, veríamos as galáxias se aproximando e, segundo
acreditam os astrônomos, descobriríamos que o nosso Universo teve um início definido.
Essa teoria, a mais aceita pela Ciência nos dias de hoje, é conhecida pelo nome de teoria
do Big Bang, a teoria da Grande Explosão.
Os desertos do espaço
A nebulosa de que fazemos parte é como uma ilha no arquipélago do infinito. Cada nebulosa
encontra-se afastada das outras, todas envolvidas por um deserto sideral de extensão
inimaginável. Tal é a distância que as separa que receberam o nome de nebulosas irresolúveis, por
parecerem nuvens de poeira cósmica. 'Lá se revelam e desdobram novos mundos, cujas condições
variadas e diversas das que são peculiares ao vosso globo lhes dão uma vida que as vossas
concepções não podem imaginar nem vossos estudos comprovar'.
Estudos atuais confirmam a comunicação do Espírito Galileu em relação aos desertos do
espaço. A hipótese mais recente, baseada na análise das observações efetuadas pelos
telescópios e radiotelescópios modernos, indicam que as galáxias se agrupam em
superaglomerados, que podem atingir dimensões da ordem de um bilhão de anos-luz,
separados entre si por imensos espaços vazios da ordem de 150-200 milhões de
anos-luz. O Superaglomerado Local, centrado no aglomerado de galáxias de Virgo, do qual
faz parte o Grupo Local que contém a nossa galáxia, a Via Láctea, estende-se por uma
distância de 100 milhões de anos-luz.
Eterna sucessão dos mundos
Uma única lei, primordial e geral foi outorgada ao Universo e lhe assegura a harmonia,
estabilidade e eternidade. Manifesta-se pelas diversas forças que impulsionam a escala da criação,
primeiramente como centro fluídico dos movimentos, como geradora dos mundos e depois como
'núcleo central de atração das esferas que lhe nasceram do seio'. As mesmas leis geradoras dos
mundos presidem sua destruição quando neles se extingue a vida. Desagregados, os elementos
constitutivos serão assimilados por outros corpos, renovando ainda outras criações de diferente
natureza, garantindo assim a 'eternidade real e efetiva do Universo'. Muitas das estrelas que
contemplamos poderão não mais existir atualmente, pois, em virtude da imensa distância relativa
à Terra, poderemos estar recebendo raios de luz emitidos há milhares de anos após sua
destruição.
Não temos condições, mesmo em pensamento, de avaliar a imensidade e eternidade do
universo. Após havermos percorrido os diversos degraus da hierarquia cosmológica, por
incontáveis séculos, 'teremos diante de nós a sucessão ilimitada dos mundos e por perspectiva a
eternidade imóvel'.
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A vida universal
A universalidade de astros que circulam no cosmos serve de base a uma mesma família
humana e solidária, sujeita à lei da Fraternidade Universal. 'Se os astros que se harmonizam em
seus vastos sistemas são habitados por inteligências, não o são por seres desconhecidos uns dos
outros, mas, ao contrário, por seres que trazem marcado na fronte o mesmo destino, que se hão
de encontrar temporariamente, segundo suas funções de vida, e encontrar de novo, segundo suas
mútuas simpatias'.
Diversidade dos mundos
Observando a Natureza terrestre podemos constatar a infinita variedade de produções, muito
embora a unicidade em sua harmonia geral. Assim como nenhum rosto humano é igual a outro,
também uma infinita diversidade ocorre pela imensidão de mundos que vogam pelo espaço, de
acordo com as variadas condições e finalidades específicas que a cada um coube no cenário
cósmico.
Não nos iludamos, pensando que os sistemas planetários sejam todos iguais ao nosso.
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CAPITULO VII - ESBOÇO GEOLÓGICO DA TERRA
No Capítulo VII, Kardec faz um estudo detalhado da formação do nosso planeta e da evolução das
espécies, prosseguindo nos dois capítulos seguintes com as “Teorias Sobre a Formação do Mundo”
e as “Revoluções do Globo”.
O estudo das “Teorias sobre a Terra” se insere perfeitamente no contexto científico do século em
que viveu Allan Kardec. Nos dias de hoje, em função do proeminente avanço experimentado pela
Ciência, podemos afirmar que já não haveria espaço para esta discussão, principalmente de
“teorias” como a da incrustação. De todo modo, a leitura deste capítulo permitirá ao leitor tomar
contato com o pensamento científico, ainda difuso, que vogava a época do Codificador.
Períodos Geológicos
A perfuração de poços, minas e pedreiras, facultou a observação dos terrenos estratificados, o
que permitiu à Geologia estudar a origem do globo terrestre como também dos seres que o
habitam.
As camadas, variando de cms. até mais de cem metros, são geralmente homogêneas e
horizontais, distinguindo-se claramente umas das outras; formaram-se por depósitos sucessivos
até chegar à última camada de terra vegetal, derivada de detritos orgânicos. As camadas inferiores
denominam-se rochas, formadas de areia, argila, marna, seixos rolados, ou grés, mármores, crés,
calcários, carvões de pedra, asfaltos, etc. A forma e consistência das camadas revelam sua
formação pela ação do fogo ou da água. As camadas formadas por depósitos aquosos e que se
encontram inclinadas ou verticais foram deslocadas, após a solidificação, por convulsões do solo.
A ocorrência de despojos fósseis de animais e vegetais dentro das camadas inferiores situam
sua existência naquela época. Tais fósseis resultaram petrificados, sem alteração da forma
(penetrados por matérias silicosas ou calcáreas); outros foram envolvidos por matérias em estado
flácido, mantendo-se intactos, dentro das mais duras pedras; outros finalmente deixaram somente
marcas como a forma de um pé com dedos e unhas, permitindo identificar o animal que as deixou.
O estudo das camadas e dos fósseis permitiu estabelecer-se os períodos geológicos principais:
primário, de transição, secundário, terciário, diluviano, pós-diluviano ou atual.
Estado primitivo do globo
O achatamento dos polos indica que o estado primitivo da Terra era de fluidez ou flacidez por
ação do calor. A cada 30 metros de profundidade a temperatura aumenta de um grau, alcançando
temperaturas em que toda a matéria conhecida se funde. A espessura da crosta terrestre é
comparável à da casca de uma laranja, levando a concluir-se que no princípio a Terra era uma
massa fluida incandescente, que esfriou pouco a pouco da superfície para dentro, conservando-se
a matéria interior em estado de fusão. Durante o resfriamento a matéria sofreu transformações,
combinações várias, resultando a formação de uma atmosfera densa, opaca, formada pela
volatilização de metais como enxofre e carbono o que não permitia a passagem dos raios solares.
Período primário
Com o progressivo resfriamento, houve solidificação da parte exterior da massa em fusão,
formando uma crosta uniforme e compacta constituída de granito, pedra extremamente dura
formada por feldspato, quartzo e mica. Ocorreram numerosas fendas pelas quais a matéria
efervescente extravasava.
Continuando o resfriamento, ocorreu liquefação de vapor de metais em suspensão, causando
chuvas e lagos de enxofre e betume (ferro, cobre, chumbo e outros metais fundidos), que,
infiltrando-se pelas fissuras, deram origem aos veios e filões metálicos. Várias misturas produziram
30
os terrenos primitivos sobre a rocha granítica, porém sem estratificação regular. Em seguida as
águas, em ciclos de vaporização e chuvas, acabaram por depositar-se no solo. Permaneciam os
elementos confundidos, desestabilizados, impossibilitando o surgimento de qualquer forma de vida
vegetal ou animal. Tal período poderia ter levado cerca de um milhão de anos.
Período de transição
Dada a pequena espessura da crosta granítica, ocorriam intumescências, por onde extravasava
a lava interior. A superfície do globo era quase que totalmente coberta por águas pouco
profundas. A atmosfera, embora mantendo temperaturas ardentes, foi sendo progressivamente
liberta dos gases pesados, sendo o último deles o ácido carbônico, por ação das chuvas copiosas e
quentes, permitindo a passagem dos primeiros raios de Sol.
Após formarem-se os terrenos de sedimento, surgiram os primeiros seres vivos do reino vegetal
e animal. Primeiro surgiram os vegetais criptógamos, acotiledôneos, monocotiledôneos (liquens,
cogumelos, musgos, fetos e plantas herbáceas). Quanto a árvores, somente as do gênero
palmeira, cuja haste é semelhante às das ervas. Surgiram então os primeiros animais marinhos
(polipeiros, raiados, zoófitos) de organização rudimentar, seguindo-se-lhes os crustáceos e peixes
de espécies atualmente extintas.
Predominando ainda na atmosfera o ácido carbônico, favoreceu a formação de vasta vegetação
de plantas gigantescas, que em razão do deslocamento das águas, vieram a ser cobertas por
sedimentos terrosos, num ciclo de aniquilamento e renascimento, formando, através dos séculos,
camadas de grande espessura. Pela ação dos gases, ácidos, sais, houve a fermentação daqueles
vegetais soterrados, convertendo-se em hulha ou carvão de pedra, que é encontrado em quase
todas as regiões do globo. Nesse período, em que a temperatura da Terra era uniforme, pois o
fogo central produzia calor muito superior ao dos raios solares os quais eram enfraquecidos pela
pesada atmosfera, ainda não havia gelo na Terra.
Período secundário
Ao final do período de transição, desapareceram os vegetais e animais, devido a ocorrências de
grandes subversões e erupções do solo, ou ainda por modificações na atmosfera. O período
secundário é caracterizado por numerosas camadas minerais formadas no seio das águas,
marcando diferentes épocas bem diferenciadas. Modificações na atmosfera produziram vegetais
menores que no período anterior, surgindo as plantas de caule lenhoso e as árvores.
Quanto aos animais, continuavam aquáticos passando a anfíbios, desenvolvendo-se no seio dos
mares animais de conchas, peixes com organização mais aperfeiçoada, os cetáceos. Surgiram os
répteis marinhos monstruosos como: ictiossauros, plessiossauros, teleossauros(anfíbios),
megalossauros, iguanodontes (terrestres), pterodáctilos.
O grande número de camadas atesta a longevidade desse período, onde se desenvolveu
consideravelmente a vida animal, pelas melhores condições da atmosfera, permitindo que alguns
vivessem na terra. Encerrado esse período, desapareceram os grandes répteis aquáticos.
Período terciário
Iniciou-se esse período com uma destruição quase total dos seres vivos. Durante esta fase,
devido à maior espessura da crosta terrestre, a pressão interior ocasionou erupções sucessivas em
todos os pontos do globo, formando os picos e cadeias de montanhas, planaltos e planícies,
acomodando-se as águas nos locais mais baixos, donde surgiram os continentes e cumes de
montanhas formando ilhas. As camadas de calcário encontradas no topo de montanhas
comprovam a teoria acima, pois em nenhuma época seria possível ao mar atingir tais altitudes.
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Por ocasião desses levantamentos e erupções ocorreram também rasgaduras do solo expondo o
granito que se encontra na sua periferia em certas regiões. Surgiram também os vulcões que
representam válvulas de segurança equilibrando a pressão interior.
Tais levantamentos e abaixamentos do solo resultaram em constantes deslocamentos das
águas formando camadas irregulares através da superfície do globo, ao contrário do que se
observa nos períodos anteriores, onde as camadas são regulares.
Desde que se acalmaram as revoluções iniciais, melhorando as condições ambientais,
reapareceram os vegetais e animais com organização mais apropriada a uma atmosfera mais
purificada. Os vegetais atingiram desenvolvimento estrutural quase ao nível dos atuais.
Enquanto que nos dois períodos anteriores as águas cobriam quase que a totalidade do globo,
favorecendo a existência de animais aquáticos e anfíbios, no terciário vários continentes se
formaram, aparecendo os animais terrestres. No período de transição havia vegetação colossal, no
secundário répteis monstruosos, no terciário surgiram os gigantescos mamíferos, tais como,
elefantes, rinocerontes, hipopótamos, paleotérios, dinotérios, mastodontes, mamutes, etc. São
desse período os pássaros e a maioria dos animais atuais.
Algumas dessas espécies sobreviveram aos cataclismos posteriores. Outras, compostas de
animais antediluvianos, desapareceram ou foram substituídas por espécies menos pesadas e
menos maciças.
Período diluviano
Caracterizou-se pela ocorrência de dilúvio universal, onde uma imensidade de espécies foram
destruídas, as águas invadindo continentes e arrastando terras e rochedos, derrubando florestas
seculares, formando depósitos denominados terrenos diluvianos. Deslocaram rochedos de granito
das montanhas por centenas de Kms., fazendo surgir nas planícies os blocos erráticos, surgindo
também os aerólitos. Ocorreu nessa época o súbito congelamento dos polos, atestado pela
descoberta de elefantes e mamutes congelados; caso o fenômeno tivesse sido gradual, tais
animais teriam tido tempo de se retirarem para regiões mais quentes.
Supõe-se que tal cataclismo foi causado por uma brusca mudança de inclinação do eixo da
Terra, fazendo com que as águas se projetassem sobre as terras; alguns animais, tentando
escapar da fúria das águas, ocuparam cavernas e fendas em lugares altos, onde sucumbiram
entredevorando-se ou afogados, ocasionando grandes quantidades de ossadas chamadas brechas
ou cavernas ossosas.
Período pós-diluviano ou atual - Nascimento do homem.
Após restabelecido o equilíbrio - com a superfície mais estável, o ar mais puro, o Sol espargindo
um calor mais vivificador - ressurgiu a vida vegetal proporcionando alimentação mais suculenta
aos animais, menos ferozes e mais sociáveis, de órgãos mais delicados. "Apareceu então o
homem, último ser da criação, aquele cuja inteligência concorreria, dali em diante, para o
progresso geral, progredindo ele próprio".
Não foram encontrados vestígios humanos nas camadas dos períodos primário e secundário,
tanto que naqueles períodos não havia para o homem condições de vitalidade. Também não se
encontrou seus vestígios no período antediluviano, pelo que se considera como característico da
presença do homem o período pós-diluviano.
32
CAPITULO VIII - TEORIAS SOBRE A FORMAÇÃO DA TERRA
Teoria da projeção
Teoria de Buffon: Um cometa teria se chocado com o Sol, causando a projeção de fragmentos
incandescentes no espaço, originando assim os planetas, que mantiveram o movimento no sentido
do choque primitivo, no plano da eclíptica. Com o resfriamento contínuo a Terra acabaria por
congelar-se totalmente dentro de 93.000 anos.
Com a descoberta de que os cometas são formados de matéria gasosa, sendo inviável que seu
choque pudesse causar deslocamento de matéria solar, foi abandonada a teoria de Buffon, tanto
mais que seu cálculo de tempo para congelamento da Terra não levou em consideração a ação
dos raios solares, somente o calor central. "Para que a Terra se tornasse inabitável pelo
resfriamento, fora necessária a extinção do Sol". Por outro lado, aceita-se atualmente que o Sol,
em vez de massa incandescente, seja formado por matéria sólida cercada por uma fotosfera.
Teoria da condensação
É a que prevalece na Ciência: a Terra seria originária da condensação da matéria cósmica,
inicialmente incandescente, formando após uma crosta sólida pelo resfriamento. Tal teoria coincide
com a exposta no CAPITULO VI: Uranografia geral.
Teoria da incrustação
Segundo essa teoria, de Miguel de Figagnères, com poucos adeptos, a Terra teria uma alma
que provocara a junção de quatro astros que com isto concordaram, visto terem livre-arbítrio,
mediante soldadura, mantendo-se, durante a operação, todos os seres que os habitavam em
estado cataléptico. Tal Teoria contradiz os dados da ciência experimental, não havendo quaisquer
vestígios das soldaduras, como também de geologias particulares aos astros componentes da nova
Terra. Além do mais não explica a origem dos planetas incrustados.
Alma da Terra
A ideia de que a Terra teria uma alma inteligente não pode prosperar, pois, não tendo nosso
globo sequer a vitalidade de uma planta, não poderia abrigar um espírito superior. A ideia da alma
da Terra, conforme concebida pela teoria de incrustação, está totalmente descartada pelos atuais
conhecimentos científicos, inclusive os revelados pelo Espiritismo. Teria sido o espírito encarregado
de reunir os satélites de um planeta desconhecido para formar o novo globo. Seria um espírito
dotado de razão e livre-arbítrio, que, entretanto não conseguiu cumprir integralmente os desígnios
de Deus, pois a Lua teria se recusado a se fundir com os demais satélites, mantendo sua
individualidade. Essa ideia, por si só, deve ser refutada, afirma Allan Kardec.
Por alma da terra pode-se racionalmente designar o "Espírito a quem está confiada a alta
direção dos destinos morais e do progresso de seus habitantes, missão que somente pode ser
atribuída a um ser eminentemente superior em saber e em sabedoria".
33
CAPITULO IX - REVOLUÇÕES DO GLOBO
Revoluções gerais ou parciais
As revoluções gerais ocorreram durante as fases de consolidação da crosta terrestre; são os
períodos geológicos que se sucederam de forma lenta e gradual, exceto o período diluviano que
transcorreu de forma repentina.
Desde que atingida a solidificação da crosta, passaram a ocorrer somente modificações parciais
da superfície, pela ação do fogo e das águas. O fogo produziu erupções vulcânicas ou terremotos,
com todas as suas consequências, levantamentos ou afundamentos de regiões da crosta, dando
origem a ilhas oceânicas e desaparecimento de outras tantas. Quanto às águas, inundaram ou
ampliaram costas, formaram lagos, "aterros nas embocaduras dos rios que rechaçando o mar,
criaram novos territórios", como o delta do Nilo e delta do Ródano.
Idade das montanhas
A idade das montanhas não representa o nº de anos de sua existência mas sim o período
geológico em que se formaram. Assim, constatou-se que são do período de transição as
montanhas dos: Vosges da Bretanha, Côte-d' Or na França. São do período secundário: Jura,
contemporâneo dos répteis gigantes. Terciário: Pirineus, Monte Branco, Alpes ocidentais, Alpes
orientais (Tirol). Período Diluviano: algumas montanhas da Ásia.
Dilúvio bíblico
É conhecido como "grande dilúvio asiático". Mares interiores como o de Azof e o mar Cáspio, e
águas salgadas e sem comunicação com outros mares, além de outros fatores, comprovam a tese
de que foi causado por levantamento de parte de montanhas da Ásia, provocando inundações na
Mesopotâmia e demais regiões em que vivia o povo hebreu. Foi, portanto de efeitos locais e não
universais como sugere o livro de Moisés, tanto que a chuva não teria condições de provocar a
inundação de toda a Terra.
O dilúvio asiático conservou-se na memória dos povos, sendo, portanto, posterior ao
surgimento do homem na Terra. "É igualmente posterior ao grande dilúvio universal que assinalou
o início do atual período geológico".
Revoluções periódicas
Além dos movimentos de translação e rotação, a Terra executa um terceiro movimento sobre
seu eixo como o de um "pião a morrer", movimento que se completa a cada 25.868 anos,
produzindo o fenômeno chamado "precessão dos equinócios". O equinócio é o momento em que
o sol, em seu movimento de um hemisfério a outro, se encontra perpendicular ao equador, o que
ocorre em 21 de março e a 22 de setembro de cada ano. Como a cada ano o momento do
equinócio avança alguns minutos, resulta que o equinócio da primavera (mês de março), ocorrerá
futuramente em fev., depois, jan., dez., fazendo com que a temperatura do mês se altere,
voltando gradativamente ao estágio original ao completar o período de 25.868 anos. A esse
avanço do momento dos equinócios denominou-se "precessão dos equinócios".
As consequências desse movimento são:
1)- O aquecimento com fusão dos gelos polares até à metade do período e posterior resfriamento
gradativo até novamente
congelarem-se, permitindo aos polos gozarem de fertilidade no
período após o degelo.
2)- O deslocamento do mar, inundando lenta e gradativamente algumas terras, fazendo com que
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as populações de geração para geração se desloquem para regiões mais altas, voltando as águas
posteriormente ao leito anterior. Enquanto estão imersas, as terras recuperam os princípios vitais
esgotados, através dos depósitos de matérias orgânicas, ressurgindo novamente férteis após o
afastamento das águas.
Cataclismos futuros
Alcançada já a solidificação da crosta e extintos a maioria dos vulcões, não é de se esperar a
ocorrência das grandes comoções telúricas. Erupções vulcânicas e terremotos ainda ocorrem,
causando perturbações locais, como inundações das áreas próximas.
A Terra terá logicamente um fim; estando em um período de progresso com fenômenos
regulares e com o concurso do homem. "Está, porém, ainda, em pleno trabalho de gestação do
progresso moral. Aí residirá a causa das suas maiores comoções. Até que a Humanidade se haja
avantajado suficientemente em perfeição, pela inteligência e pela observância das leis divinas, as
maiores perturbações ainda serão causadas pelos homens, mais do que pela Natureza, isto é,
serão antes morais e sociais do que físicas".
Aumento ou diminuição do volume da Terra
O espírito de Galileu manifestou em 1.868, opinião a respeito, esclarecendo que "os mundos se
esgotam pelo envelhecimento e tendem a dissolver-se para servir de elementos de formação a
outros universos". No período de formação, ocorre a condensação da matéria com redução do
volume, porém conservando a mesma massa; no segundo período há a contração e solidificação
da crosta, desenvolvimento da vida até a forma mais aperfeiçoada. À medida que os habitantes
progridem espiritualmente, o mundo passa a um decrescimento material, sofrendo perdas e
gradual desagregação de moléculas até chegar a uma completa dissolução. Ao diminuir a massa
do globo, passa a ser dominado gravitalmente por planetas mais poderosos, alterando seus
movimentos e consequentemente as condições de vida. É a terceira fase: decrepitude, após passar
pela infância e virilidade. "Indestrutível, só o Espírito, que não é matéria".
35
CAPITULO X - GÊNESE ORGÂNICA
No belíssimo Capítulo X aborda a questão máxime do surgimento e evolução da vida, introduzindo
o conceito, hoje consagrado, do princípio vital, abordando ainda ao longo do texto a questão, à
época para lá de controversa, da biogênese (a teoria que propugna que todo ser vivo procede de
outro ser vivo) em contraposição à geração espontânea (a teoria hoje absolutamente superada –
que propõe que os seres vivos poderiam “surgir” da matéria inorgânica), imbróglio que só foi
encerrado após o seu decesso, e que o levou, muito sabiamente, a solicitar à posteridade que
desse a última palavra sobre o assunto.
Allan Kardec encerra este Capítulo estabelecendo um importantíssimo elo entre as ciências físicas
e a Doutrina Espírita, afirmando: Galgado o ponto em que nos achamos com relação à Gênese, o
materialismo se detém, enquanto o Espiritismo prossegue em suas pesquisas no domínio da
Gênese espiritual (Cap. X,“O Homem Corpóreo”).
A Ciência ainda não sabe como a vida se originou. A hipótese mais aceita é a de que a vida evoluiu
a partir da existência de matéria orgânica inerte dissolvida na água. No início, há 5 bilhões de
anos, as temperaturas eram quentes demais para permitir a existência de protoplasma, a matéria
prima das células vivas. A água, um dos principais componentes do protoplasma, só estava
presente como vapor, um entre muitos gazes na quente e escura atmosfera. Depois de arrefecida,
formou-se a água e com ela a vida. O primeiro passo na evolução foi a formação de células vivas,
o segundo foi a expansão da vida, a partir do lodo e pântano. Assim, o protoplasma evolui para as
bactérias, as bactérias para os vírus, os vírus para as amebas, as amebas para as algas, as algas
para as plantas, as plantas para os animais até chegar à formação do homem.
Formação primária dos seres vivos
O estudo das camadas geológicas revela que cada espécie animal e vegetal surgiu
simultaneamente em vários pontos do globo, bastante afastados uns dos outros, o que atesta a
previdência divina, garantindo condições de sobrevivência apesar das vicissitudes a que estavam
sujeitas.
A grande Lei de unidade que rege a formação dos corpos inorgânicos preside também a criação
material dos seres vivos. A combinação de substâncias elementares como o oxigênio, hidrogênio,
carbono, azoto, cloro, iodo, flúor, enxofre, fósforo e todos os metais, formam as substâncias
compostas tais como os óxidos, ácidos, álcalis, sais que por sua vez combinados resultam em
inúmeras variedades, estudadas em laboratórios pela Química e operadas "em larga escala no
grande laboratório da Natureza."
A composição dos corpos ocorre quando existem condições favoráveis como grau de calor,
umidade, movimento ou repouso, corrente elétrica, etc, e em função da afinidade molecular de
seus princípios elementares que se combinam guardando proporções definidas.
Naquela época não se sabia e nem se imaginava que os raios cósmicos, atuando sobre as
moléculas de água em vapor na atmosfera, seriam capazes de transformá-las em
nitrogênio e, da mesma forma, sobre as moléculas de nitrogênio, liberaria o oxigênio sob
forma de ozona e separaria o hidrogênio, motivo pelo qual se tem uma cama hidrogenada
sobre nossa atmosfera. Essas transformações só foram observadas no século vinte, após
conhecida a decomposição atômica do urânio.
Na origem da Terra os princípios elementares apresentavam-se volatilizados no ar. Com o
gradativo resfriamento e sob condições favoráveis, precipitaram-se formando combinações donde
resultaram as variedades de carbonatos, sulfatos, etc.
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A cristalização é o notável fenômeno resultante da passagem do estado líquido ou gasoso para
o sólido assumindo formas regulares de sólidos geométricos tais como, de prisma, cubo, pirâmide.
A forma geométrica do corpo corresponde à das moléculas componentes e somente ocorre o
fenômeno diante de condições específicas de grau de temperatura e repouso absoluto.
No reino animal e vegetal a composição básica é a mesma dos corpos inorgânicos,
principalmente o carbono, oxigênio, hidrogênio, azoto, de cujas combinações e variadas
proporções resultam as inúmeras substâncias orgânicas, desde que encontrem circunstâncias
propícias no meio em que se desenvolvem. Alterando-se as condições do meio, diminui ou cessa o
desenvolvimento da vida orgânica até que novamente haja as condições ideais para o
ressurgimento da vida. Cada espécie de cristal assim como cada espécie orgânica se reproduzem
segundo forma e cores semelhantes, por estarem sujeitas à mesma Lei.
Princípio vital
A matéria etérea, mais ou menos rarefeita que se hospedam entre os espaços interplanetários o
fluido cósmico enche o mundo, mais ou menos rarefeito nas regiões imensas, ricas em
aglomeração de estrelas, mais ou menos condensadas alhures onde o céu astral ainda não brilha,
mais ou menos modificado por diversas combinações de acordo com as localizações de extensão,
não é outra coisa senão a substância primitiva nas quais residem as forças universais, de onde a
natureza tem tirado todas as coisas.
Este fluido penetra nos corpos como um imenso oceano. É nele que reside o princípio
vital que dá nascimento à vida dos seres e a perpetua sobre cada globo segundo sua condição,
inicialmente no estado latente que dormita lá onde a voz de um ser não o chama. Cada criatura
mineral, vegetal, animal, ou outra – porque é bem de outros reinos naturais dos quais vós
não suponhais sequer a existência – sabe, em virtude deste princípio vital universal,
apropriar-se das condições de sua existência e de sua duração.
Uma molécula composta por ex. de carbono, hidrogênio, oxigênio e azoto, poderá resultar
em um mineral ou, se estiver modificada pelo princípio vital, resultará em uma molécula orgânica.
Ao se formarem, portanto, os seres orgânicos assimilam o princípio vital que dá às moléculas
propriedades especiais. Sua atividade é alimentada pela ação do funcionamento dos órgãos
durante toda a vida até sua extinção.
Pode-se comparar o princípio vital à ação da eletricidade, de modo que os corpos orgânicos
seriam como pilhas elétricas que "funcionam enquanto os elementos dessas pilhas se acham em
condições de produzir eletricidade: é a vida; que deixam de funcionar, quando tais condições
desaparecem: é a morte."
Geração espontânea
Observa-se que no mundo atual o princípio da geração espontânea aplica-se aos seres de
organismo extremamente simples, rudimentar, do reino vegetal e animal, como o musgo, o líquen,
o zoófito, os vermes intestinais. Muito embora os seres de organização complexa não se
reproduzam espontaneamente, não se sabe como começaram, pois ninguém conhece o segredo
de todas as transformações, entendendo-se assim a teoria da geração espontânea
permanente apenas como hipótese.
Sobre geração espontânea, há uma corrente atual, baseada no estudo dos agentes
estruturadores (frameworks) que admite que este princípio vital haja atuado nas primitivas
cadeias carbônica dissolvidas nas águas do globo terrestre para dar-lhe a forma e a vida
primitiva dos plânctons, única explicação plausível, até agora, encontrada para definir o
surgimento deste tipo de vida biológica primitiva. Os demais seres foram surgindo segundo
uma escala evolutiva, a partir deste ser zoófito primitivo.
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Kardec só não pôde falar dos “agentes estruturadores” provavelmente responsáveis pela
elaboração desse processo evolutivo de transição porque só a partir de 1975, com os
estudos nucleares de Murray Gell Mann surgiu a hipótese de suas existências. Dessa
maneira, o que se pode admitir, dentro da nova concepção, é que os referidos “agentes”
não seriam senão formas do domínio espiritual – ou Espiritualidade – atuando não apenas
em nosso planeta como em todo o Universo, dando-lhe vida e constituição das formas. Daí,
a causa das modificações sofridas pelo processo de transformação das espécies.
Escala dos seres orgânicos
No início da escala situam-se os zoófitos (animais-plantas), que têm a aparência exterior da
planta, mantém-se preso ao solo, "mas como o animal, a vida nele se acha mais acentuada: tira
do meio ambiente a sua alimentação".
As plantas e os animais têm em comum: nascem, vivem, crescem, nutrem-se, respiram,
reproduzem-se e morrem. Necessitam de luz, calor, água, ar puro. Enquanto as plantas se
mantém presas ao solo, os animais, um degrau acima, se movimentam, como os pólipos; após o
início do desenvolvimento dos órgãos, atividade vital e instintos estão os helmintos,
moluscos(lesma, polvo, caracol, ostra), crustáceos(caranguejo, lagosta), insetos (em alguns dos
quais se desenvolve o instinto engenhoso, como nas formigas, abelhas, aranhas). Segue-se a
ordem dos vertebrados (peixes, répteis, pássaros) e os mamíferos (organização mais complexa).
Se percorrermos a escala degrau por degrau, sem solução de continuidade, chegaremos da
planta aos animais vertebrados, podendo compreender a possibilidade de que os animais de
organização complexa sejam o desenvolvimento gradual da espécie imediatamente inferior, até
chegar ao primitivo ser elementar. Assim o princípio da geração espontânea aplicar-se-ia somente
aos seres de organização elementar, sendo as espécies superiores resultantes das transformações
sucessivas daqueles. Após adquirirem a faculdade da reprodução, os cruzamentos originaram
novas variedades. À partir daí não mais havia necessidade dos germens primitivos, pelo que
desapareceram. Esta teoria, que tende a predominar na Ciência, evidencia a causa de não haver
geração espontânea entre animais de organização complexa.
O homem corpóreo
Anatomicamente o homem pertence á classe dos mamíferos, ordem dos bímanos, com
pequenas modificações de forma exterior, porém com a mesma composição de todos os animais,
com órgãos e funções, modos de nutrição, respiração, secreção e reprodução idênticos. Nasce,
vive e morre decompondo-se seu corpo como toda a espécie animal, quando os elementos irão
compor novos minerais, vegetais e animais.
Os quadrúmanos (animais com 4 mãos, como o orangotango, chipanzé, jocó) também
caminham eretos, usam cajados, constroem choças e se alimentam usando as mãos. Isso leva a
observação de que "acompanhando-se passo a passo a série dos seres, dir-se-ia que cada espécie
é um aperfeiçoamento, uma transformação da espécie imediatamente inferior".
Sintetizando: o átomo evolui para a molécula simples, a molécula simples para a molécula
complexa, a molécula complexa para a molécula protéica, a molécula protéica para molécula de
ADN, a molécula de ADN para o organismo unicelular e o organismo unicelular para o organismo
pluricelular (Enciclopédia Combi).
Há um problema não solucionado: como da evolução química se passa à evolução biológica?
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Segundo o Espiritismo, a vida, também, é o resultado desta complexa evolução comprovada pela
Ciência. Allan Kardec em A Gênese, André Luiz em Evolução em Dois Mundos e Emmanuel em A
Caminho da Luz atestam para a formação da camada gelatinosa, depois das altas temperaturas e
resfriamento pelo qual passou o nosso planeta, na época de sua constituição, há cinco bilhões de
anos. Há o aparecimento do protoplasma e toda a cadeia evolutiva. A diferença entre Ciência e
Espiritismo é que o segundo faz intervir a ação dos Espíritos no processo de evolução.
O raciocínio apresentado pelo Codificador ao longo dos itens 28 e 29, constitui-se em um dos
aspectos mais relevantes da Teoria da Evolução das Espécies pela Seleção Natural, de Charles
Darwin.
As pesquisas mais recentes no campo da genética estreitam mais ainda esses laços ao constatar
que todos os seres vivos estão mais ou menos relacionados através do código genético, ou seja,
desde o vírus até o homem, todos temos genes em comum, que foram desenvolvidos por
ancestrais comuns a todos, em um passado muito remoto
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CAPITULO XI - GÊNESE ESPIRITUAL
Princípio espiritual:
E assim, somos introduzidos ao Capítulo XI, descortinando-se aos nossos olhos embevecidos a
gênese do Espírito, só possível através das revelações da Doutrina Espírita, expandindo o
conhecimento humano para além dos domínios da matéria densa, através da contribuição da
Humanidade na erraticidade, versando sobre assuntos de magna importância para todos nós,
como a natureza do princípio espiritual e o processo da reencarnação, entre outros. Decorre do
princípio: "Todo efeito tendo uma causa, todo efeito inteligente há de ter uma causa inteligente".
As ações humanas denotam um princípio inteligente, que é corolário da existência de Deus, pois
não é concebível a Soberana Inteligência a reinar eternamente sobre a matéria bruta. Sendo Deus
soberanamente justo e bom, criou seres inteligentes não para lançá-los ao sofrimento e em
seguida ao nada, mas para serem eternos, sobrevivendo à matéria e mantendo sua
individualidade.
O princípio espiritual é independente do princípio vital, pois há seres que vivem e não pensam,
como as plantas; "a vida orgânica reside num princípio inerente à matéria, independente da vida
espiritual, que é inerente ao espírito". Independe também do fluído cósmico universal, tendo
existência própria e sendo, juntamente com o princípio material, os dois princípios constitutivos do
universo. O elemento espiritual individualizado constitui o espírito, enquanto que o elemento
material forma os "diferentes corpos da natureza, orgânicos e inorgânicos". Todos os espíritos "são
criados simples e ignorantes, com igual aptidão para progredir" por esforço próprio, através do
trabalho imposto a todos até atingir a perfeição. Todos são igualmente objeto da solicitude divina,
não havendo quaisquer favorecimentos.
ELEMENTOS GERAIS DO UNIVERSO
Deus, Espírito e Matéria
Os mundos materiais fornecem aos espíritos "elementos de atividade para o desenvolvimento
de suas inteligências". Os seres espirituais progridem normalmente até atingir a perfeição relativa;
como Deus criou desde toda a eternidade, quando do surgimento da Terra, já havia seres
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espirituais que tinham atingido "o ponto culminante da escala", assim como outros "surgiam para
a vida".
União do princípio espiritual à matéria
O corpo é "simultaneamente o envoltório e o instrumento do espírito", sendo apropriado ao
nível de trabalho que cabe ao espírito executar em cada fase do desenvolvimento de suas
faculdades. Na realidade em cada encarnação o próprio espírito molda o corpo ajustando-o à
"medida que experimenta a necessidade de manifestar novas faculdades", que são rudimentares
na fase de "infância intelectual". Sendo material, o corpo depois de algum tempo se desorganiza e
decompõe; extingue-se o princípio vital e o corpo morre, quando então o espírito o abandona
como a uma roupa que se tornou imprestável. O que distingue, portanto, o homem colocando-o
acima dos animais, "é o seu ser espiritual, seu Espírito".
Hipótese sobre a origem do corpo humano
Espíritos humanos em estado primitivo teriam encarnado em corpos de macacos, modificandoos gradativamente pela procriação, dando origem assim a uma espécie nova que foi se
aperfeiçoando até chegar à forma atual do corpo humano, enquanto que os macacos (com o
princípio espiritual de macaco) continuaram a procriar como macacos. A Natureza não dá saltos e
é provável que os primitivos humanos pouco diferissem dos macacos, havendo até hoje selvagens
semelhantes a esses, só lhes faltando os pelos.
Complementando as palavras do Codificador, hoje sabemos, pelas pesquisas que estão em
curso, que a evolução da história humana é uma longa sucessão de fatos que se estendem
pelos últimos oito milhões de anos, que é a época em que se reconhece que ocorreu a
divergência evolutiva que levou a espécie humana para um lado e os macacos para outro.
Presume-se que há aproximadamente quatro milhões de anos os mais antigos
antepassados do homem encontravam-se definitivamente estabelecidos na superfície
terrestre. Segundo os pesquisadores, o fator determinante da evolução da espécie humana
primitiva foi a reestruturação da anatomia, que permitiu a posição erguida (bipedação).
Uma das confirmações dessa teoria é a existência de pegadas fossilizadas, de quatro
milhões de anos, que conservaram traços inconfundíveis do pé de dois adultos e de uma
criança humanos.
Com a liberação das mãos para a realização de novas tarefas, como carregar materiais,
manipular objetos e, eventualmente, construir outros novos, o ser humano primitivo foi
desenvolvendo progressivamente a sua inteligência, através de diversos estágios, desde o
australopithecus aferensis, até o Homo sapiens, o homem moderno de hoje.
Os fósseis conhecidos de maior antiguidade e que recebem o nome de Homo, o Homo
habilis, remontam a dois milhões e meio de anos. Ele já possuía um cérebro maior, um
crânio mais arredondado e um rosto perfeitamente humano.
Encarnação dos Espíritos
Não podendo o espírito, por sua natureza etérea, agir diretamente sobre a matéria, faz-se
necessário um intermediário, seu envoltório fluídico, semi-material, extraído do fluído cósmico
universal modificado; é o perispírito. Torna-se assim o espírito apto a atuar sobre a matéria
tangível e todos os fluídos imponderáveis. O fluído perispirítico serve de veículo ao pensamento,
transmitindo ordem de movimento ao corpo, como também levando ao "Espírito as sensações que
os agentes exteriores produzam".
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No momento da concepção do corpo humano, expande-se o perispírito em forma de um laço
fluídico, ligando-o molécula a molécula ao corpo em formação, em virtude da influência do
princípio vital material do embrião. "Quando o gérmen chega ao seu pleno desenvolvimento,
completa é a união; nasce então o ser para a vida exterior." Por ocasião da desorganização do
corpo deixa de atuar o princípio vital, causando a morte, passando então o perispírito a se
desprender molécula a molécula, voltando à liberdade. "Assim, não é a partida do Espírito que
causa a morte do corpo; esta é que determina a partida do Espírito". O desencarne pode ser
rápido, fácil suave e insensível ou lento, laborioso, horrivelmente penoso podendo durar meses,
dependendo do estado moral do Espírito.
À partir do momento em que o Espírito é unido ao gérmen pelo laço fluídico, entra em estado
de perturbação progressiva até que ao nascer acha-se totalmente inconsciente. Com a respiração
da criança, inicia-se a recuperação das faculdades, qualidades e aptidões anteriormente
adquiridas, muito embora perca o Espírito reencarnado a lembrança de seu passado, o que lhe
permite recomeçar a tarefa na escalada do progresso em melhores condições, livre de
humilhações decorrentes de erros passados. Seu passado se lhe desdobra aos olhos quando vem a
desencarnar, quando então avalia o emprego de seu tempo. Durante o sono também se lembra de
seu passado, pois está, por momentos, liberto dos liames carnais.
Segundo a opinião de alguns filósofos espiritualistas o princípio espiritual se individualiza
através dos diversos graus da animalidade. Desenvolvidas as primeiras faculdades, recebe as
faculdades especiais que caracterizam a alma humana. Esse sistema está de acordo com a grande
Lei de Unidade, explica a finalidade da existência dos animais, porém as questões que suscita
fogem à finalidade deste estudo, pelo que considera-se o Espírito à partir do momento em que
entra na humanidade, dotado de senso moral e livre-arbítrio, sendo portanto responsável pelos
seus atos.
As necessidades e vicissitudes da vida carnal força o Espírito a exercitar suas faculdades,
desenvolvendo-as, resultando em seu progresso, enquanto que sua ação sobre a matéria auxilia
no progresso do globo, colaborando assim com a obra do Criador. O Espírito passa maior tempo
no mundo espiritual, sendo insignificante o período em que se encontra reencarnado. O progresso
na vida espiritual vem da aplicação que faz dos conhecimentos e experiências adquiridos quando
encarnado. A encarnação é necessidade inerente à inferioridade do Espírito. Torna-se punição
somente quando estaciona na escala do progresso, por negligência ou má vontade, obrigado a
recomeçar a tarefa de depuração. Por outro lado, pode o Espírito abreviar a extensão do período
das encarnações, espiritualizando-se ampliando assim suas faculdades e percepções.
"O progresso material de um planeta acompanha o progresso moral de seus habitantes", de
modo que há mundos mais e menos avançados que a Terra. Os espíritos passam pelas classes de
mundos, adquirindo sempre mais experiências e conhecimentos até não mais necessitarem
encarnar, continuando a progredir por outros meios, até atingir o ponto culminante do progresso,
quando passam a ser Mensageiros, Ministros diretos do Criador, no governo dos mundos. Dentro
da Hierarquia espiritual todos os espíritos têm sua atribuição no mecanismo do Universo, desde o
mais atrasado até o mais adiantado, de modo que no Universo existe sempre atividade e nunca
ociosidade.
Muito embora fossem bastante imperfeitos (como seus corpos) os primeiros espíritos que
encarnaram na Terra, seus caracteres e aptidões eram bastante diversificados; agrupavam-se
segundo suas semelhanças e simpatia, povoando-se o planeta com "espíritos mais ou menos aptos
ou rebeldes ao progresso"; espíritos afins reencarnaram em corpos de mesmo tipo, formando
diferentes raças, perpetuando-lhes o caráter distintivo físico e moral. Não sendo uniforme o
progresso, naturalmente as raças mais inteligentes se adiantaram às demais. Assim o espírito, na
medida em que atinge maior grau de progresso, reencarna em corpo de uma raça física
apropriada, que lhe permita a manifestação de suas faculdades intelectuais e morais mais
desenvolvidas.
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Reencarnações
A reencarnação, consequência da Lei do Progresso, explica racionalmente o porquê das
diferenças sociais entre o mundo atual e o dos tempos dos bárbaros, pois se as almas vivessem
somente uma vida, então Deus teria criado as atuais privilegiadas em relação às outras. Assim, as
almas que viveram em tempos antigos são as mesmas de agora, acumulando o progresso
adquirido nas encarnações sucessivas.
Várias etapas de aperfeiçoamento ocorrem num mesmo mundo, quando o espírito tem
oportunidade de avaliar seu estágio, observando o exemplo de seus irmãos mais adiantados,
possibilitando-lhe ainda a reparação de seus erros para com os outros; isto seria materialmente
dificultado se cada etapa tivesse que ser cumprida em um mundo diferente. Somente após
adquirirem todo o conhecimento possível num mesmo mundo, é que o espírito migra para outro,
mais adiantado. Se a Terra servisse a uma única etapa no progresso do espírito, nenhuma
utilidade teria p. ex., para uma criança que desencarna em tenra idade, após poucas horas ou
meses de vida.
Emigrações e imigrações dos Espíritos
Podem ser consideradas relativamente:
1) - à população espiritual composta de espíritos desencarnados e que se encontram em
estado de erraticidade na Terra (emigrações: passagem do mundo corpóreo para o espiritual;
imigrações: passagem do mundo espiritual para o corporal);
2)- ao transporte coletivo de espíritos de um mundo para o outro.
Os flagelos e os cataclismos representam partidas em massa de espíritos que cedem lugar a
outros mais depurados, que reencarnam a fim de promover maior impulso no progresso das
populações. Assim após "grandes calamidades que dizimam as populações" segue-se "uma era de
progresso de ordem física, intelectual ou moral".
Entre os mundos ocorrem emigrações e imigrações individuais ou, em circunstâncias especiais,
em massas, constituindo novas raças de espíritos que, reencarnando assim que haja a espécie
corporal apropriada, "constituem novas raças de homens".
Raça adâmica
Segundo o ensino dos espíritos, foi uma dessas grandes imigrações, ou, se quiserem, uma
dessas colônias de espíritos vindas de uma outra esfera, que deu origem à raça simbolizada na
figura de Adão, e, por essa razão, chamada de raça adâmica. Quando ela chegou aqui, a Terra já
estava povoada desde tempos imemoriais, assim como a América, quando os europeus chegaram
lá.
Após encontrarem-se as raças primitivas espalhadas pelo planeta desde tempos
imemoriais, surgiu uma raça mais inteligente, apta às artes e à ciência, que impeliu todas as
outras ao progresso; seu aparecimento ocorreu há apenas alguns milhares de anos, ao contrário
das primitivas, sendo comprovado pelos fatos geológicos e observações antropológicas. Foi
denominada raça adâmica.
A criação do gênero humano à partir de um único indivíduo não pode prevalecer, senão
vejamos:
1)- Fisiologicamente, existem diferenças entre as raças inexplicáveis simplesmente pela ação do
clima, p. ex., a cor negra "provém de um tecido especial subcutâneo, peculiar à espécie". Assim,
43
têm origem própria as raças negras, mongólicas e caucásicas, tendo nascido em diversas partes
do globo, resultando de seu cruzamento as raças mistas secundárias.
2)- Segundo a Gênese, Adão teria sido um homem inteligente, tendo seus descendentes logo
construído cidades, lavrado a terra e trabalhado metais. Não é concebível que posteriormente
tenham gerado povos atrasados, de rudimentar inteligência, existentes até nossos dias.
3)- Documentos antigos provam que o Egito, a Índia e outros países como a América "já eram
povoados e floresciam, pelo menos, três mil anos antes da era cristã, mil anos, portanto, depois da
criação" de Adão. Seria impossível, em tão pouco tempo, à posteridade um só homem povoar a
maior parte da Terra.
4)- Admitindo-se a destruição de todo o gênero humano com o dilúvio, menos Noé e sua
família, então o repovoamento da Terra teria ocorrido à partir dele; teriam então seus
descendentes hebreus povoado em seis séculos todo o Egito e outros países, o que não seria
possível.
De acordo com as pesquisas mais recentes, a cultura chinesa mais antiga, denominada
Yang-Shao, remontaria a cerca de 4000 a.C., no Período Neolítico. Foi uma civilização de
fazendeiros, situada na China ocidental. Viviam em vilas semipermanentes, cultivavam o
milho e o trigo, criavam porcos e cachorros e desenvolveram uma forma rudimentar de
criação do bicho-da-seda. Desenvolveram também uma técnica apurada para a confecção
artesanal de vasos de cerâmica pintados.
NOTA EXPLICATIVA
Hoje crêem e sua fé é inabalável, porque assentada na evidência e na demonstração, e porque
satisfaz à razão. (...). Tal é a fé dos espíritas, e a prova de sua força é que se esforçam por se
tornarem melhores, domarem suas inclinações más e porem em prática as máximas do Cristo,
olhando todos os homens como irmãos, sem acepção de raças, de castas, nem de seitas,
perdoando aos seus inimigos, retribuindo o mal com o bem, a exemplo do divino modelo.”
(KARDEC, Allan. Revista Espírita de janeiro de 1868, p. 28)
A investigação rigorosamente racional e científica de fatos que revelam a comunicação dos
homens com os espíritos, realizada por Allan Kardec, resultou na estruturação da Doutrina Espírita,
sistematizada sob os aspectos científico, filosófico e religioso.
O estudo meticuloso e isento dessas obras permite-nos extrair conclusões básicas: a) todos os
seres humanos são espíritos imortais criados por Deus em igualdade de condições, sujeitos às
mesmas leis naturais de progresso que levam todos, gradativamente, à perfeição; b) o progresso
ocorre através de sucessivas experiências, em inúmeras reencarnações, vivenciando
necessariamente todos os segmentos sociais, única forma de o espírito acumular o aprendizado
necessário ao seu desenvolvimento; c) no período entre as reencarnações o espírito permanece no
mundo espiritual, podendo comunicar-se com os homens; d) o progresso obedece às leis morais
ensinadas e vivenciadas por Jesus, nosso guia e modelo, referência para todos os homens que
desejam desenvolver-se de forma consciente e voluntária.
Em diversos pontos de sua obra, o Codificador se refere aos espíritos encarnados em tribos
incultas e selvagens, então existentes em algumas regiões do Planeta, e que, em contato com
outros pólos de civilização, vinham sofrendo inúmeras transformações, muitas com evidente
benefício para os seus membros, decorrentes do progresso geral ao qual estão sujeitas todas as
etnias, independentemente da coloração da sua pele.
Na época de Allan Kardec, as ideias frenológicas e as da fisiognomia, eram aceitas por eminentes
homens de Ciência, assim como provocou enorme agitação nos meios de comunicação e junto à
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intelectualidade e à população em geral, a publicação, em 1859 — dois anos depois do lançamento
de O Livro dos Espíritos — do livro sobre a Evolução das Espécies, de Charles Darwin, com as
naturais incorreções e incompreensões que toda ciência nova apresenta.
Frenologia: teoria que estuda o caráter e as funções intelectuais humanas, baseando-se
na conformação do crânio. (segundo o Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa.)
Fisiognomonia: arte de conhecer o caráter das pessoas pelos traços fisionômicos.
(segundo o Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa.)
Ademais, a crença de que os traços da fisionomia revelam o caráter da pessoa é muito antiga,
pretendendo-se haver aparentes relações entre o físico e o aspecto moral. O Codificador não
concordava com diversos aspectos apresentados por essas assim chamadas ciências. Desse modo,
procurou avaliar as conclusões desses eminentes pesquisadores à luz da revelação dos espíritos,
trazendo ao debate o elemento espiritual como fator decisivo ao equacionamento das questões da
diversidade e desigualdade humanas.
Allan Kardec encontrou, nos princípios da Doutrina Espírita, explicações que apontam para leis
sábias e supremas, razão pela qual afirmou que o Espiritismo permite “resolver os milhares de
problemas históricos, arqueológicos, antropológicos, teológicos, psicológicos, morais, sociais, etc.”
(Revista Espírita, 1862, p. 401).
De fato, as leis universais do amor, da caridade, da imortalidade da alma, da reencarnação, da
evolução constituem novos parâmetros para a compreensão do desenvolvimento dos grupos
humanos, nas diversas regiões do Orbe. Essa compreensão das Leis Divinas permite a Allan
Kardec afirmar que:
(...) O corpo procede do corpo, o Espírito, porém, não procede do Espírito.
Entre os descendentes das raças, apenas há consanguinidade. (O Livro dos Espíritos, item 207).
(...) O Espiritismo, restituindo ao Espírito o seu verdadeiro papel na Criação, constatando a
superioridade da inteligência sobre a matéria, faz com que desapareçam, naturalmente, todas as
distinções estabelecidas entre os homens, conforme as vantagens corporais e mundanas, sobre as
quais só o orgulho fundou as castas e os estúpidos preconceitos de cor. (Revista Espírita, 1861, p.
432.)
Os privilégios de raças têm sua origem na abstração que os homens geralmente fazem do princípio
espiritual, para considerar apenas o ser material exterior.
Da força ou da fraqueza constitucional de uns, de uma diferença de cor em outros, do nascimento
na opulência ou na miséria, da filiação consanguínea nobre ou plebeia, concluíram por uma
superioridade ou uma inferioridade natural. Foi sobre esse dado que estabeleceram suas leis
sociais e os privilégios de raças.
Deste ponto de vista circunscrito, são consequentes consigo mesmos, porquanto, não
considerando senão a vida material, certas classes parecem pertencer, e realmente pertencem, a
raças diferentes. Mas se se tomar seu ponto de vista do ser espiritual, do ser essencial e
progressivo, numa palavra, do Espírito, preexistente e sobrevivente a tudo, cujo corpo não passa
de um invólucro temporário, variando, como a roupa, de forma e de cor; se, além disso, do estudo
dos seres espirituais ressalta a prova de que esses seres são de natureza e de origem idênticas,
que seu destino é o mesmo, que todos partem do mesmo ponto e tendem para o mesmo objetivo;
que a vida corporal não passa de um incidente, uma das fases da vida do Espírito, necessária ao
seu adiantamento intelectual e moral; que em vista desse avanço o Espírito pode sucessivamente
revestir envoltórios diversos, nascer em posições diferentes, chega-se à consequência capital da
igualdade de natureza e, a partir daí, à igualdade dos direitos sociais de todas as criaturas
humanas e à abolição dos privilégios de raças.
Eis o que ensina o Espiritismo. Vós que negais a existência do Espírito para considerar apenas o
homem corporal, a perpetuidade do ser inteligente para só encarar a vida presente, repudiais o
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único princípio sobre o qual é fundada, com razão, a igualdade de direitos que reclamais para vós
mesmos e para os vossos semelhantes. (Revista Espírita, 1867,p. 231.)
Com a reencarnação desaparecem os preconceitos de raças e de classes, pois que o mesmo
espírito pode renascer rico ou pobre, grande senhor ou proletário, chefe ou subordinado, livre ou
escravo, homem ou mulher. De todos os argumentos invocados contra a injustiça da servidão e da
escravidão, contra a sujeição da mulher à lei do mais forte, nenhum há que supere em lógica o
fato material da reencarnação.
Se, pois, a reencarnação fundamenta sobre uma lei da natureza, o princípio da fraternidade
universal, ela fundamenta sobre a mesma lei o princípio da igualdade dos direitos sociais e, por
consequência, o da liberdade. (A Gênese, cap. I, item 36. Vide também Revista Espírita, 1867, p.
373).
Na época, Allan Kardec sabia apenas o que vários autores contavam a respeito dos selvagens
africanos, sempre reduzidos ao embrutecimento quase total, quando não escravizados
impiedosamente.
É baseado nesses informes “científicos” da época que o Codificador repete, com outras palavras, o
que os pesquisadores europeus descreviam quando de volta das viagens que faziam à África
negra. Todavia, é peremptório ao abordar a questão do preconceito racial:
Nós trabalhamos para dar a fé aos que em nada crêem; para espalhar uma crença que os torna
melhores uns para os outros, que lhes ensina a perdoar aos inimigos, a se olharem como irmãos,
sem distinção de raça, casta, seita, cor, opinião política ou religiosa; numa palavra, uma crença
que faz nascer o verdadeiro sentimento de caridade, de fraternidade e deveres sociais. (Kardec,
Allan. Revista Espírita de janeiro de 1863.)
O homem de bem é humano, é bom e benevolente para todo mundo, sem distinção de raças nem
de crenças, porque vê irmãos em todos os homens. (O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap.
XVII, item 3, p. 348)
É importante compreender, também, que os textos publicados por Allan Kardec na Revista Espírita
tinham por finalidade submeter à avaliação geral as comunicações recebidas dos espíritos, bem
como aferir a correspondência desses ensinos com teorias e sistemas de pensamento vigentes à
época. Em nota ao capítulo XI, item 43, do livro A Gênese, o Codificador explica essa metodologia:
Quando publicamos um artigo sobre ‘a interpretação da doutrina dos anjos decaídos’ na Revista
Espírita de janeiro de 1862, apresentamos essa teoria como uma hipótese, sem outra autoridade
que não a de uma opinião pessoal discutível, porque então nos faltavam elementos bastante
completos para uma afirmação absoluta. Expusemo-la a título de ensaio, tendo em vista suscitar o
debate da questão, decididos, porém, a abandoná-la ou modificá-la, se fosse preciso.
Presentemente, essa teoria já passou pela prova do controle universal; não somente ela foi aceita
pela maioria dos espíritas como a mais racional e a mais de acordo com a soberana justiça de
Deus, mas também foi confirmada pela generalidade das instruções dadas pelos espíritos sobre
esse assunto. O mesmo ocorrendo com a que diz respeito à origem da raça adâmica. (A Gênese,
Cap. XI, item 43, Nota.)
Por fim, urge reconhecer que o escopo principal da Doutrina Espírita reside no aperfeiçoamento
moral do ser humano, motivo pelo qual as indagações e perquirições científicas e/ou filosóficas
ocupam posição secundária, conquanto importantes, haja vista o seu caráter provisório decorrente
do progresso e do aperfeiçoamento geral. Nesse sentido, é justa a advertência do Codificador:
É verdade que esta e outras questões se afastam do ponto de vista moral, que é a meta essencial
do Espiritismo. Eis por que seria um equívoco fazê-las objeto de preocupações constantes.
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Sabemos, aliás, no que respeita ao princípio das coisas, que os Espíritos, por não saberem tudo,
só dizem o que sabem ou o que pensam saber. Mas como há pessoas que poderiam tirar da
divergência desses sistemas uma indução contra a unidade do Espiritismo, precisamente porque
são formulados pelos Espíritos, é útil poder comparar as razões pró e contra, no interesse da
própria doutrina, e apoiar no assentimento da maioria o julgamento que se pode fazer do valor de
certas comunicações. (Revista Espírita, 1862, p. 38)
Feitas essas considerações, é lícito concluir que na Doutrina Espírita vigora o mais absoluto
respeito à diversidade humana, cabendo ao Espírita o dever de cooperar para o progresso da
Humanidade, exercendo a caridade no seu sentido mais abrangente (“benevolência para com
todos, indulgência para as imperfeições dos outros e perdão das ofensas”), tal como a entendia
Jesus, nosso Guia e Modelo, sem preconceitos de nenhuma espécie: de cor, etnia, sexo, crença ou
condição econômica, social ou moral.
Doutrina dos anjos decaídos e da perda do paraíso
Os mundos progridem na proporção do progresso moral de seus habitantes. Por ocasião da
ascensão hierárquica de um mundo, sofre mutação sua população encarnada e desencarnada,
quando então os espíritos que perseveram no mal "apesar de sua inteligência e do seu saber" são
exilados para mundos menos adiantados, alguns ainda "na infância da barbárie". Lá, passarão a
aplicar sua "inteligência e a intuição dos conhecimentos que adquiriram ao progresso daqueles
entre os quais passam a viver". A intuitiva lembrança que guardam de seu mundo de origem é
para eles como um paraíso que perderam por sua própria culpa. Para os habitantes de seu novo
"hábitat" são tidos como anjos decaídos.
A Terra recebeu espíritos exilados de um mundo mais adiantado, embora não despojados de
seu orgulho e maus instintos - a raça adâmica - cuja missão foi a de fazer progredir os homens,
que se encontravam em estado primitivo de desenvolvimento.
Cristo foi o Salvador prometido por Deus, que lhes ensinou a Lei do Amor e da Caridade,
mostrando o caminho para merecerem a "felicidade dos eleitos".
A teoria do "pecado original" implica numa relação entre as almas nascidas no tempo de Adão e
no tempo de Cristo, ou seja, espíritos reencarnados - quando então se justifica o envio de um
Salvador aos espíritos exilados ao tempo de Adão, ainda manchados de vícios. O pecado original é,
assim, "peculiar a cada indivíduo e não resultado da responsabilidade da falta de outrem a quem
jamais conheceu". A missão do Cristo só é concebível admitindo-se a reencarnação das mesmas
almas, esclarecendo-lhes quanto às vidas passadas e quanto ao futuro que as aguarda após
despojarem-se de suas imperfeições.
Os espíritos podem estacionar em seu desenvolvimento, mas nunca regredir. Assim, os espíritos
exilados para um mundo inferior, conservam seu desenvolvimento moral e intelectual, apesar do
meio onde se encontram.
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Considerações a Respeito do Princípio Material e Princípio Inteligente
Temos observado a existência de alguma dificuldade no entendimento da cadeia evolutiva em
que o ser humano está inserido, na qualidade de Espírito encarnado e inter-relacionado com os
demais reinos da Natureza. Assim, também na condição de estudante da Doutrina que
abraçamos, queremos tecer algumas considerações a respeito deste tema de tão grande
relevância, buscando respaldo nos livros da codificação de Kardec, obras complementares e
autores contemporâneos, tentando chegar a algumas conclusões pessoais, de vez que, com
respeito à nossa gênese espiritual, esclarecem-nos os Espíritos que é segredo que só a Deus
pertence.
De início lembremos que no Livro dos Espíritos, questões 27 e 79, é-nos revelado que há dois
elementos gerais no Universo: matéria (elemento material) e Espírito (elemento
inteligente) e, acima de tudo Deus, que opera através de suas imutáveis e soberanas Leis
Naturais. Acresce ao elemento material o fluido universal, o qual embora possa ser classificado
como elemento material, dele se distingue por propriedades especiais. Está colocado entre o
Espírito e a matéria, e, sob a ação do Espírito, produz a infinita variedade das coisas das quais
conhecemos apenas uma mínima parte. Esclarecem os Espíritos que o fluido universal, sob a
ação do elemento inteligente, é responsável pela coesão e as qualidades gravitacionais da
matéria. Pode-se deduzir que a matéria, tal como a conhecemos, representa o estado mais
condensado do fluido universal. Estes conceitos constituem a base, para que possamos seguir
adiante.
Com relação à gênese espiritual, apreende-se (LE, questões 606/607) que emanam do mesmo
princípio inteligente a alma dos animais e do homem, com a diferença que a do homem, passou
por uma elaboração que a coloca acima da que existe no animal, elaboração esta feita numa série
de existências que precedem o período de Humanidade.
Assim a alma do homem representa o resultado da elaboração do princípio inteligente dos
seres inferiores da criação, pois que tudo em a Natureza se encadeia e tende para a unidade. Nos
seres inferiores o princípio inteligente se elabora e pouco a pouco se individualiza, semelhante à
germinação, até sofrer uma transformação, tornando-se Espírito. Entra então no período da
humanização, começando a ter consciência do seu futuro, capacidade de distinguir o bem do mal
e a responsabilidade dos seus atos. Assim, à fase da infância se segue a da adolescência, vindo
depois a da juventude e da madureza.
Para que se tenha em conta a profundidade deste tema, é preciso considerar que mesmo entre
os Espíritos há divergência quanto às origens da alma do homem e dos animais, acreditando
alguns que o Espírito do homem teria pertencido sempre à raça humana, sem passar pela fieira
animal. Segundo esta linha de pensamento, cada espécie constituiria, física e moralmente, um
tipo absoluto, cada um haurindo da fonte universal a quantidade do princípio inteligente que lhe
seja necessário. (Ver Questão 613 - LE - Comentários).
Mas voltando às nossas pesquisas, encontramos na Questão 728:
a)- As criaturas são instrumentos de que Deus se serve para chegar aos fins que objetiva. Para se
alimentarem, os seres vivos reciprocamente se destroem, destruição esta que obedece a um duplo
fim: manutenção do equilíbrio na reprodução, que poderia tornar-se excessiva, e utilização dos
despojos do invólucro exterior que sofre a destruição. Esse invólucro é simples acessório e não a
parte essencial do ser pensante. A parte essencial é o princípio inteligente, que não se pode
destruir e se elabora nas metamorfoses diversas por que passa.
Na Questão 729 asseveram os Espíritos:
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Toda destruição antecipada obsta ao desenvolvimento do princípio inteligente. Por isso foi que
Deus fez que cada ser experimentasse a necessidade de viver e de se reproduzir. Fica novamente
evidenciada a elaboração progressiva do Princípio Inteligente.
Comentando a Questão 585, a respeito dos reinos da Natureza, Kardec observa: ...
Esses quatro graus apresentam, com efeito, caracteres determinados, muito embora pareçam
confundir-se nos seus limites extremos. A matéria inerte, que constitui o reino mineral, só tem em
si uma força mecânica. As plantas, ainda que compostas de matéria inerte, são dotadas de
vitalidade. Os animais, também compostos de matéria inerte e igualmente dotados de vitalidade,
possuem, além disso, uma espécie de inteligência instintiva, limitada, e a consciência de sua
existência e de suas individualidades. O homem, tendo tudo o que há nas plantas e nos animais,
domina todas as outras classes por uma inteligência especial, indefinida, que lhe dá a consciência
do seu futuro, a percepção das coisas extra materiais e o conhecimento de Deus.
Pouco adiante, (Q.589) questiona se algumas plantas como as carnívoras, teriam a faculdade de
pensar, em face do modo como apanham os insetos para sugá-los. Sugere inclusive se não
formariam uma classe intermediária entre a Natureza vegetal e a animal, a que os Espíritos
respondem: Tudo em a Natureza é transição, por isso mesmo que uma coisa não se assemelha a
outra e, no entanto, todas se prendem umas às outras. As plantas não pensam; por conseguinte
carecem de vontade. Nem a ostra que se abre, nem os zoófitos pensam: têm apenas um instinto
cego e natural.
Insiste Kardec (Q.590) se não haveria uma espécie de instinto de conservação nas plantas e nos
animais obtendo a resposta: - Há, se quiserdes, uma espécie de instinto, dependendo isso da
extensão que se dê ao significado desta palavra. É, porém, um instinto puramente mecânico.
Quando, nas operações químicas, observais que dois corpos se reúnem, é que um ao outro
convém; quer dizer: é que há entre eles afinidade. Ora, a isto não dais o nome de instinto.
Entrevê-se, nos tópicos acima, a ação do princípio inteligente atuando - já à partir do reino mineral
- como:
a)- afinidade no reino mineral;
b)- como vitalidade e um instinto cego e natural nos vegetais;
c)- e uma inteligência instintiva nos animais, além da reafirmação de que "Tudo em a
Natureza é transição, por isso mesmo que uma coisa não se assemelha a outra e, no entanto,
todas se prendem umas às outras".
No livro a Gênese - CAPITULO X é tratada a questão da geração espontânea e escala dos seres
orgânicos, que resumimos abaixo:
Geração espontânea:Observa-se que no mundo atual o princípio da geração espontânea aplica-se aos seres de
organismo extremamente simples, rudimentar, do reino vegetal e animal, como o musgo, o líquen,
o zoófito, os vermes intestinais. Muito embora os seres de organização complexa não se
reproduzam espontaneamente, não se sabe como começaram, pois ninguém conhece o segredo
de todas as transformações, entendendo-se assim a teoria da geração espontânea permanente
apenas como hipótese.
Escala dos seres orgânicos
- No início da escala situam-se os zoófitos (animais-plantas), que têm a aparência exterior da
planta, mantém-se preso ao solo, mas como o animal, a vida nele se acha mais acentuada: tira do
meio ambiente a sua alimentação.
- As plantas e os animais têm em comum: nascem, vivem, crescem, nutrem-se, respiram,
reproduzem-se e morrem. Necessitam de luz, calor, água, ar puro. Enquanto as plantas se
mantém presas ao solo, os animais, um degrau acima, se movimentam, como os pólipos; após o
início do desenvolvimento dos órgãos, atividade vital e instintos estão os helmintos, moluscos
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(lesma, polvo, caracol, ostra), crustáceos (caranguejo, lagosta), insetos (em alguns dos quais se
desenvolve o instinto engenhoso, como nas formigas, abelhas, aranhas). Segue-se a ordem dos
vertebrados (peixes, répteis, pássaros) e os mamíferos (organização mais complexa).
- Se percorrermos a escala degrau por degrau, sem solução de continuidade, chegaremos da
planta aos animais vertebrados, podendo compreender a possibilidade de que os animais de
organização complexa sejam o desenvolvimento gradual da espécie imediatamente inferior, até
chegar ao primitivo ser elementar. Assim o princípio da geração espontânea aplicar-se-ia somente
aos seres de organização elementar, sendo as espécies superiores resultantes das transformações
sucessivas daqueles. Após adquirirem a faculdade da reprodução, os cruzamentos originaram
novas variedades. À partir daí não mais havia necessidade dos germens primitivos, pelo que
desapareceram. Esta teoria, que tende a predominar na Ciência, evidencia a causa de não haver
geração espontânea entre animais de organização complexa.
No CAPITULO XI da Gênese, Kardec trata sobre o Princípio Espiritual, do qual destacamos e
resumimos o seguinte:
Princípio Espiritual:- Decorre do princípio: "Todo efeito tendo uma causa, todo efeito
inteligente há de ter uma causa inteligente". As ações humanas denotam um princípio inteligente,
que é corolário da existência de Deus, pois não é concebível a Soberana Inteligência a reinar
eternamente sobre a matéria bruta. Sendo Deus soberanamente justo e bom, criou seres
inteligentes não para lançá-los ao sofrimento e em seguida ao nada, mas para serem eternos,
sobrevivendo à matéria e mantendo sua individualidade.
O Princípio Espiritual é independente do Princípio Vital, pois há seres que vivem e não pensam,
como as plantas; a vida orgânica reside num princípio inerente à matéria, independente da vida
espiritual, que é inerente ao espírito. Independe também do fluído cósmico universal, tendo
existência própria e sendo, juntamente com o princípio material, os dois princípios constitutivos do
universo. O elemento espiritual individualizado constitui o Espírito, enquanto que o elemento
material forma os diferentes corpos da natureza, orgânicos e inorgânicos. Todos os Espíritos são
criados simples e ignorantes, com igual aptidão para progredir por esforço próprio, através do
trabalho imposto a todos até atingir a perfeição. Todos são igualmente objeto da solicitude divina,
não havendo quaisquer favorecimentos.
Os mundos materiais fornecem aos Espíritos elementos de atividade para o desenvolvimento de
suas inteligências. Os seres espirituais progridem normalmente até atingir a perfeição relativa;
como Deus criou desde toda a eternidade, quando do surgimento da Terra, já havia seres
espirituais que tinham atingido o ponto culminante da escala, assim como outros surgiam para a
vida.
Encontramos na Gênese Cap.VI - Item 19 - A criação universal, a afirmação do Espírito Galileu:
Aos que desejem religiosamente conhecer e se mostrem humildes perante Deus, direi, rogandolhes, todavia, que nenhum sistema prematuro baseiem nas minhas palavras, o seguinte: O Espírito
não chega a receber a iluminação divina, que lhe dá, simultaneamente com o livre-arbítrio e a
consciência, a noção de seus altos destinos, sem haver passado pela série divinamente fatal dos
seres inferiores, entre os quais se elabora lentamente a obra da sua individualização. Unicamente
a datar do dia em que o Senhor lhe imprime na fronte o seu tipo augusto, o Espírito toma lugar no
seio das humanidades.
Observa-se então que em vários pontos da codificação delineia-se a ideia básica da elaboração
progressiva do Princípio Inteligente à partir do reino mineral, passando pelo reino vegetal, animal,
até finalmente individualizar-se como Espírito, quando passa a encarnar somente no reino
hominal, continuando sua ascensão na escala do progresso intelectual e moral, através de
50
encarnações sucessivas, com a finalidade de atingir o máximo grau de perfeição relativa, de vez
que somente Deus detém a perfeição absoluta.
Leon Denis, no livro "O PROBLEMA DO SER, DO DESTINO E DA DOR" às pág. 122/123
declara:
"A lei do progresso não se aplica somente ao homem; é universal. Há, em todos os reinos da
Natureza, uma evolução que foi reconhecida pelos pensadores de todos os tempos. Desde a célula
verde, desde o embrião errante, boiando à flor das águas, a cadeia das espécies tem-se
desenrolado através de séries variadas até nós. Cada elo dessa cadeia representa uma forma da
existência que conduz a uma forma superior, a um organismo mais rico, mais bem adaptado às
necessidades, às manifestações crescentes da vida; mas, na escala da evolução, o pensamento, a
consciência e a liberdade só aparecem passados muitos graus. Na planta, a inteligência dormita;
no animal, sonha; só no homem acorda, conhece-se, possui-se e torna-se consciente; à partir daí,
o progresso, de alguma sorte fatal nas formas inferiores da Natureza, só se pode realizar pelo
acordo da vontade humana com as leis Eternas".
Jorge Andréa, autor contemporâneo dedicado a estudos científicos no campo da paranormalidade,
evolução, psiquiatria, esposa esta tese amplamente desenvolvida em seu livro "IMPULSOS
CRIATIVOS DA EVOLUÇÃO", de onde destacamos inicialmente às pág.42: "De modo que, quando
os minerais, por intermédio dos corpos simples, se foram juntando em suas imensas variedades e
combinações, as organizações atômicas e moleculares obedeceram a uma energia que os convidou
a uma união - uma forma inicial de consciência - um psiquismo em sua mais simples
apresentação que, com as idades, se enriquecerá de todas as potencialidades do reino mineral
inorgânico, para depois grangear o mundo orgânico, o mundo vegetal e o mundo animal. No seu
trajeto, os milhões de milhões de anos se vão desfilando e as energias puras, sem experiências,
que partiram do foco central de Energia Universal - Deus, percorreram a escala decrescente até a
matéria, como substância transformativa e de possibilidades íntimas totais, fazendo a sua volta ao
seio energético de origem como unidades perfeitamente categorizadas (Individualidades) e
variáveis pelas nuanças evolutivas, carregadas de experiências que as idades sem conta depositam
- é o Princípio Inteligente marchando em constante e ordenada busca..."
Adiante, às fls.114 a 120 aduz:
"O princípio inteligente, essa energia espiritual em constantes experiências e labutas milenares,
teria, naturalmente de passar pelos diversos caminhos das organizações da vida terrestre, com
finalidade de aprimoramento e cumprimento das suas exigências evolutivas. Para isso o princípio
inteligente comandaria o cenário das organizações físicas do planeta nos seus diversos reinos:
mineral, vegetal e animal (pág.114) ... Terá de existir um princípio inteligente (embora sem
consciência de sua mecânica) a comandar e dirigir, em corretas posições, a organização mineral,
onde os conhecidos sistemas cristalográficos obedecessem a uma ordem imperiosa e
harmoniosa...O princípio inteligente, além das aquisições da fase anterior (mineral), ganharia, na
fase vegetal, os novos potenciais da ?sensibilidade?. Este novo vórtice irradiador e mantenedor
das necessidades das células vegetais comandaria e sustentaria todo o manancial fisiológico de
que se acham investidas (pág.116)... Seria da Lei quando uma energética possui um princípio
inteligente, em sua própria posição de trabalho, tentará buscar novas telas de manifestação para
afirmação de sua íntima mecânica evolutiva. O Principio inteligente vegetal, mais vivido e
experiente de sua fase, despontará nas formas animais, buscando novas afirmações nos instintos.
Como os minerais e os vegetais estariam na dependência de um condutor e orientador nas suas
expressões planetárias, os animais possuiriam o princípio inteligente, mais avançado e evoluído,
como uma alma-grupo de seu reino.(Pág.118)... À medida que as espécies vão perdendo o
contato de colônia, próprio das formas mais simples, vão adquirindo relativa Individualidade e,
com isso, o vórtice dinâmico, que dirige seus destinos, já consegue lapidar, na massa energética
da alma-grupo-da-espécie, um verdadeiro núcleo (pequeno EU) . Desse modo a alma-grupo
dinamismo conjunto que dirige colônias minerais, vegetais e primeiros animais, iria apresentando
em seu seio, por maturação evolutiva, pequenos fulcros vorticosos, início de afirmações
51
individuais, porém, que ainda não ousam nem podem viver fora da colônia dinâmica que lhe deu
origem e donde se nutrem. Dessa forma, podemos explicar porque a sociedade dos insetos (caso
específico das abelhas e das formigas) instintivamente desenvolvem atividades perfeitas e
complexas diante de nossa análise e o homem, com sua maior evolução espiritual, muitas vezes se
encontra perdido pelo caminho... É que, na sociedade dos insetos, a direção da alma-grupo é
inflexível dentro das leis limitadas que convidam o animal à execução dos instintos da espécie,
sem possibilidades de análise. No homem, pela maior libertação, pela conquista de grau evolutivo
onde existe o livre arbítrio, a sua atividade de horizontes espirituais muito mais largos deixa à
zona consciente, sem interferência da zona inconsciente ou espiritual, a escolha do caminho,
buscando a segurança consciente e suplantando os determinismos instintivos." (Pág.120).
Selecionamos finalmente à pág. 124, onde Jorge Andréa cita André Luiz:
"À medida que o princípio espiritual avança na evolução é como se fosse afastando dos
determinismos cósmicos e adquirindo diretrizes próprias que o livre-arbítrio pode conceder.
Quanto mais evoluído mais livre e mais responsável; quanto menos evoluído mais limitado pela
Lei e menos responsável. Ainda André Luiz: Se, no círculo humano, a inteligência é seguida pela
razão e a razão pela responsabilidade, nas linhas da Civilização, sob os signos da cultura,
observamos que, na retaguarda do transformismo, o reflexo precede, tanto quanto o instinto
precede a atividade refletida, que é a base da inteligência nos depósitos do conhecimento
adquirido por recapitulação e transmissão incessantes, nos milhares de milênios em que o princípio
espiritual atravessa lentamente os círculos elementares da Natureza qual ser vivo, de forma em
forma, até configurar-se no indivíduo humano, em trânsito para a manutenção sublimada no
campo angélico"
Dentro do mesmo pensamento, o Espírito Áureo, no livro "UNIVERSO E VIDA", à pág.42 coloca:
"O Princípio Espiritual é o gérmen do Espírito, a protoconsciência. Uma vez nascido, jamais se
desfará, jamais morrerá. Filho de Deus Altíssimo inicia então a sua lenta evolução, no espaço e no
tempo, rumo ao principado celeste, à infinita grandeza crística. Durante milênios vai residir nos
cristais, em longuíssimo processo de auto fixação, ensaiando aos poucos os primeiros movimentos
internos de organização e crescimento volumétrico, até que surja, no grande relógio da existência,
o instante sublime em que será liberado para a glória orgânica da Vida."
Em seguida, à pág. 47 (Universo e Vida), cita de uma forma poética, a origem e trajetória do
Princípio Espiritual através dos três reinos da Natureza: "Ao serem formados os mundos primitivos,
na sua composição entram todos os princípios, de ordem espiritual, material e fluídica,
constitutivos dos diversos reinos que os séculos terão de elaborar. O princípio inteligente se
desenvolve ao mesmo tempo que a matéria e com ela progride, passando da inércia à vida. (...)
Essa multidão de princípios latentes aguarda, no estado catalético, em o meio e sob a influência
dos ambientes destinados a fazê-los desabrochar, que o Soberano Mestre lhes dê destino e os
aproprie ao fim a que devam servir, segundo as leis naturais, imutáveis e eternas por ele mesmo
estabelecidas. Tais princípios sofrem passivamente, através das eternidades e sob a vigilância dos
Espíritos prepostos, as transformações que os hão de desenvolver, passando sucessivamente pelos
reinos mineral, vegetal e animal e pelas formas e espécies intermediárias que se sucedem entre
cada dois destes reinos. Chegam, dessa maneira, numa progressão contínua, ao período
preparatório do estado de Espírito formado, isto é, ao estado intermédio da encarnação animal e
do estado espiritual consciente. Depois, vencido esse período preparatório, chegam ao estado de
criaturas possuidoras de livre-arbítrio, com inteligência capaz de raciocínio, independentes e
responsáveis pelos seus atos. Galgam assim, o fastígio da inteligência, da ciência e da grandeza."
Constata-se assim a aceitação geral - tanto por autores encarnados como também pelos Espíritos
de escol que nos transmitem seus ensinamentos por via mediúnica - da teoria da dualidade:
Elemento Espiritual/Elemento material criados simultaneamente por Deus, sendo que o
Elemento Espiritual, desde suas primeiras manifestações, acumula sempre as experiências
adquiridas em seu trajeto até o estado de Espírito, sem jamais retrogradar, enquanto que a
matéria - criada para a manifestação do Elemento Espiritual que a dirige - pela sua própria
52
natureza está sujeita às transformações, que incluem, nos três reinos, o nascimento, crescimento,
decrepitude e morte com a consequente destruição (assim entendida como retorno aos elementos
constitutivos), para formar novas formas manifestadas pelo Espírito em sua trajetória rumo à
Perfeição.
Poder-se-ia, no entanto, questionar como fazer uso, na prática, de todo esse conhecimento.
Quando levamos em conta que o Espírito é sempre o agente responsável pelos fenômenos que
envolvem essa dualidade, torna-se menos árido entender, por exemplo:
a)- o modo pelo qual é naturalmente formado o perispírito, como resultado da atração magnética
dos fluidos condizentes com o estágio evolutivo do Espírito, fluidos esses provindos dos mundos
em que sucessivamente ele habita;
b)- a memória das experiências, ou seja, a agregação pelo perispírito de todas as experiências
adquiridas na condição de Princípio Inteligente durante toda a escala evolutiva até ao estágio
atual, o que proporciona o controle e execução das funções automáticas do corpo humano, como
por exemplo a função digestiva, a função autorregenerativa, o controle da circulação sanguínea,
etc.), independentemente do grau de conhecimento que o Espírito encarnado tenha à respeito de
tais sábias funções;
c)- a transmissão do pensamento e sua ação perante o fluido cósmico universal, podendo-se
figurar os nossos pensamentos como os sons de um sino, que fazem vibrar todas as moléculas do
ar ambiente, tornando-se então audíveis. Assim, o pensamento impulsionado pela vontade do
Espírito, produz a vibração mental que por sua vez repercute no fluido cósmico, desta forma
transmitindo-se e podendo ser captado por outros Espíritos, sem verbalização;
d)- torna-se então mais fácil entender-se a formação das formas-pensamento, plasmadas pelo
Espírito, como resultado das vibrações no fluido universal;
e)- a formação e manutenção fluídica da aura, assim entendida como emanação do Espírito,
identificando seu estado de equilíbrio ou desequilíbrio energético.
Vemos então que a compreensão dos fenômenos naturais se faz mais facilmente quando
consideramos sempre a ação da dualidade - Espírito/matéria e levando em conta que o Espírito
comanda, consciente ou inconscientemente, as ações da matéria.
Deixamos assim estas reflexões à disposição dos estudantes da Doutrina Espírita, esperando
que o estudo a que nos propusemos possa servir como auxiliar no entendimento de questões tão
emocionantes como as perquirições a respeito de nossas origens e nossa manifestação no mundo
das formas.
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CAPITULO XII - GÊNESE MOISAICA
Capítulo XII, “Gênese mosaica”, comparando o texto bíblico com as teorias científicas, e
analisando os episódios narrados no mito de Adão e Eva, com conclusões que se constituem em
verdadeiras joias do intelecto humano. Ao final, rende justo culto ao Espiritismo: Graças a essa luz
[o Espiritismo], o homem sabe doravante donde vem, para onde vai, por que está na Terra e por
que sofre (Cap. XII, subtítulo “Perda do Paraíso”)..
Segundo a Bíblia, no princípio dos tempos Deus criou, simultaneamente, todas as plantas e
animais superiores, a partir da matéria inerte. Deus, do pó da terra, forma o primeiro homem Adão -, sopra-lhe as narinas e lhe dá vida. Retira-lhe uma de suas costelas e cria a Eva. Esta é
tentada pela serpente e come, juntamente, com Adão o fruto proibido - a maçã. Literalmente
considerada esta noção é mitológica e antropomórfica. Dá-se a impressão que Deus é um
ceramista que manuseia os seres criados por Ele. Allan Kardec esclarece-nos com precisão a
linguagem figurada da Bíblia. Adão e Eva não seria o primeiro e único casal, mas a personificação
de uma raça, denominada adâmica; a serpente é o desejo da mulher de conhecer as coisas
ocultas, suscitado pelo espírito de adivinhação; a maçã consubstancia os desejos materiais da
humanidade.
54
Os seis dias
Comparando a teoria da constituição do Universo baseada em dados da Ciência e do Espiritismo
com o texto da Gênese de Moisés, pode-se observar que:
1)- Existe em alguns pontos notável concordância com a doutrina científica, sendo entretanto
arbitrário o número de seis períodos geológicos, pois, conhece-se pelo menos 25 formações
caracterizadas pela Geologia e referentes às grandes fases gerais, além do fato de que muitos
geólogos consideram o período diluviano um fato transitório e passageiro, encontrando-se as
espécies vegetais antes como depois do dilúvio;
2)- Quanto à criação do Sol e os astros em geral, objeto da Astronomia, ter-se-ia que
considerar um primeiro período, o período astronômico;
3)- Considerando-se o período astronômico como sendo o primeiro dia da criação, período
primário = 2o dia, período de transição = 3o dia, período secundário = 4o dia, período terciário =
5o dia, período quaternário ou pós-diluviano = 6o dia, verifica-se que:
a)- não há concordância rigorosa entre a Gênese mosaica e a Ciência;
b)- notável concordância na sucessão dos seres orgânicos, quase a mesma, com o aparecimento
do homem, por último;
c)- concordância no surgimento dos animais terrestres no período terciário quando "as águas que
estão debaixo do céu se reuniram num só lugar e apareceu o elemento árido", ou seja, quando
por elevações da crosta surgiram os continentes e os mares;
d)- Moisés queria significar dias de 24 horas quando descreveu a criação. Tal crença vigorou até
que a Geologia lhe demonstrou a impossibilidade;
e)- Há um anacronismo na criação das plantas e do Sol, pois, é evidente que as plantas não teriam
podido viver sem o calor solar;
f)- Houve acerto na afirmação de que o "a luz precedeu o Sol", pois, o Sol é uma concentração em
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um ponto do "fluído que, em dadas circunstâncias, adquire as propriedades luminosas". Esse fluído
é causa e precede o Sol que é efeito. O Sol é causa "relativamente à luz que dele se irradia; é
efeito com relação à que recebeu". O erro estava na ideia de que a Terra houvera sido criada
antes do Sol.
Atualmente, a luz é definida como sendo uma forma de energia visível pelo olho humano
que é irradiada por partículas carregadas em movimento. Através de experimentos, os
cientistas concluíram que, por vezes, a luz se comporta como uma partícula e, por outras,
como uma onda.
A luz que o Sol irradia é proveniente das reações de fusão nuclear que ocorrem no seu
interior, e que geram a emissão de gigantescas quantidades de luz e calor. O Sol, conforme
definido pela Física Quântica, é um corpo em estado radiante, ou seja, um corpo que emite
luz. Outros exemplos de corpos radiantes são o carvão em brasa e o filamento de uma
lâmpada elétrica.
g)- Moisés esposava a antiga crença de que a abóbada celeste era sólida e fora criada para
separar as "águas de cima das que estavam sobre a Terra". A Física e a Astronomia provaram ser
insustentável tal doutrina. Uma antiga crença fazia considerar a água como o princípio, o elemento
gerador primitivo; Moisés também não fala da criação das águas, que parecem já existir. “As
trevas cobriam o abismo”, isto é, as profundezas do espaço que a imaginação representava
vagamente ocupado pelas águas e em trevas, antes da criação da luz. Eis aí por que Moisés diz:
“O Espírito de Deus pairava sobre as águas.” Sendo a Terra considerada como formada no meio
das águas, era preciso isolá-la. Imaginou-se então que Deus fizera o firmamento, uma abóbada
sólida que separava as águas de cima das que estavam sobre a Terra.
h)- A criação do homem através "do limo da terra" tem seu acerto no sentido de que o corpo do
homem deriva dos elementos inorgânicos, enquanto que a formação da mulher através de uma
costela deve ser entendida como alegoria, mostrando a identidade de natureza perante o homem
e perante Deus;
A Gênese bíblica não deve ser simplesmente rejeitada e sim estudada como sendo "a história
da infância dos povos". Em suas alegorias há muitos ensinamentos velados cujo sentido oculto
deve ser pesquisado; por outro lado devem ser submetidos à razão e à Ciência, apontando-se-lhes
os erros.
Perda do paraíso
Assim como a fábula de Saturno, "que devorava pedras, tomando-as por seus filhos", significa:
Saturno a personificação do tempo; seus filhos: todas as coisas mesmo as mais duras, que
acabam destruídas pelo tempo, com exceção de Júpiter, "símbolo da inteligência superior, do
princípio espiritual, que é indestrutível", também na Gênese grandes verdades morais se
encontram por traz de suas alegorias. Desta forma deve ser entendido que:
1)-Adão personifica a Humanidade; sua falta: a fraqueza do homem (dominado pelos instintos
materiais); a árvore da vida: emblema da vida espiritual; árvore da Ciência: emblema da
consciência (do bem e do mal); o fruto da árvore: o objeto dos desejos materiais do homem
(comer o fruto é sucumbir à tentação); jardim das delícias: a sedução (no seio dos prazeres
materiais); a morte: aviso das consequências (físicas e morais); a serpente: a perfídia dos maus
conselhos, significando também encantador, adivinho (o Espírito de adivinhação teria seduzido a
mulher para conhecer, compreender as coisas ocultas); o passeio de Deus pelo jardim: a
Divindade a vigiar o objeto de sua criação; a falta de Adão: infração da lei de Deus; a vergonha de
Adão e Eva ante o olhar divino: confusão do culpado na presença do ofendido; o suor no rosto
para conseguir sua alimentação: o trabalho neste mundo.(Admitindo-se que a raça adâmica tenha
sido exilada, por punição, de um planeta mais adiantado onde o "trabalho do espírito substituía o
do corpo", pode-se compreender que a vida em nosso planeta, onde para a mulher o parto ocorre
com dor e o trabalho é corporal, lhes representava a perda do paraíso); o anjo com a espada
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flamejante: impossibilidade de penetrar nos mundos superiores (até merecimento pela depuração
do espírito).
Com relação ao episódio do assassinato de Abel por Caim, em que este foi estabelecer-se a
leste do Éden e passou a construir uma cidade, teve mulher e filho, conclui-se de sua
impossibilidade se realmente só existissem somente seus pais e ele próprio. Assim "Adão não é
nem o primeiro, nem o único pai do gênero humano".
Através dos conhecimentos trazidos pelo Espiritismo quanto às relações do princípio material e
espiritual, natureza da alma criada simples e ignorante, sua união com o corpo, sua marcha na
escala do progresso através de reencarnações e através dos mundos, libertação gradual da
influência da matéria pelo uso do livre-arbítrio, da causa de seus bons e maus pendores,
nascimento e morte, estado na erraticidade e da felicidade futura após perseverança no bem,
pode-se entender todas as partes da Gênese espiritual. Sabe então o homem de onde vem, por
que está na Terra, para onde vai. Seu cativeiro neste mundo somente dele depende. Compreende
então a majestade, bondade e justiça do Criador.
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CAPITULO XIII - CARACTERES DO MILAGRE
Os milagres no sentido teológico
Etimologicamente milagre significa: admirável, coisa extraordinária, surpreendente. "Um ato do
poder divino contrário às leis da Natureza, conhecidas". Para a religião, o milagre tem origem
sobrenatural, é inexplicável, insólito, isolado, excepcional. Se uma pessoa estiver aparentemente
morta, com vitalidade latente e a Ciência ou uma ação magnética conseguir reanimá-la, para o
leigo ocorre um milagre, mas para pessoas esclarecidas dá-se um fenômeno natural.
Muitos fenômenos foram levados a categoria de milagres até que a Ciência revelou novas leis,
restringindo assim "o círculo do maravilhoso", que não mais podendo se firmar no domínio da
materialidade, refugiou-se no da espiritualidade. O Espiritismo ao demonstrar que "o elemento
espiritual é uma das forças vivas da Natureza" atuando sobre o elemento material, estando
também sujeito a leis, faz com que o maravilhoso deixe de ter razão de ser. Pode-se então dizer
"que passou o tempo dos milagres".
De acordo com o Novo Dicionário da Língua Portuguesa, de Aurélio Buarque de Holanda
Ferreira, o vocábulo milagre apresenta, entre outras, as seguintes definições: 1. Feito ou
ocorrência extraordinária que não se explica pelas leis da natureza. 2. Acontecimento
admirável, espantoso. 3. Portento, prodígio, maravilha. 4. Ocorrência que produz
admiração ou surpresa. 5. Religião: Qualquer manifestação da presença ativa de Deus na
história humana. 6. Religião: Sinal dessa presença, caracterizado, sobretudo por uma
alteração repentina e insólita dos determinismos naturais; etc.
O Espiritismo não faz milagres
Sendo o Espírito a alma sobrevivente à morte do corpo, sua existência é perfeitamente natural,
durante ou após a encarnação. Como o princípio espiritual e material "reagem incessantemente
um sobre o outro", formando um conjunto harmonioso, representam duas partes de um todo, "tão
natural uma quanto a outra".
Tanto encarnado como desencarnado o Espírito atua sobre a matéria através do perispírito.
Quando desencarnado utiliza-se de um intermediário para sua manifestação: o médium, assim
como um intérprete para quem não conhecesse determinada língua. Tal manifestação está sujeita
a leis, tanto quanto os fenômenos elétricos, luminosos, acústicos, etc. que, enquanto não
explicados pela Ciência deram origem a inúmeras crenças supersticiosas. Um efeito físico como o
de uma mesa que se ergue e é mantida no espaço sem ponto de apoio é explicável pela ação de
um fluído magnético submetido à ação de um Espírito, tanto quanto o gaz hidrogênio
contrabalança o peso de um balão que se eleva no ar. Como os fenômenos espíritas sempre
existiram através dos tempos, entraram no domínio do sobrenatural, gerando crenças
supersticiosas; explicados racionalmente, passaram ao domínio do natural. Atua o Espiritismo no
campo da espiritualidade, demonstra o que é possível como também o que não é, deixando
entretanto margem aos conhecimentos reservados ao futuro.
Analisando as manifestações da alma encarnada ou desencarnada (espírito), em que revela sua
existência, sobrevivência e individualidade, chega o Espiritismo ao conhecimento da natureza e
atributos da alma, bem como das "leis que regem o princípio espiritual", de modo científico,
evidenciando no entanto aqueles acontecimentos tidos como fenômenos sobrenaturais, resultantes
da imaginação de fanáticos ignorantes ou ainda produzidos pelo charlatanismo.
A característica dos fenômenos espíritas é de serem a maioria das vezes espontâneos e
independentes das ideias das pessoas envolvidas. Alguns podem, em dadas circunstâncias, ser
provocados por médiuns conscientes ou inconscientes, revestindo-se, portanto de capital
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importância os fenômenos espontâneos, como p. ex., o sonambulismo natural e involuntário,
"visto não se poder suspeitar da boa- fé dos que os obtêm".
Faz Deus milagres?
"Não sendo necessários os milagres para a glorificação de Deus, nada no Universo se produz
fora do âmbito das leis gerais. Deus não faz milagres, porque, sendo, como são perfeitas as suas
leis, não lhe é necessário derrogá-las".
Se realmente existisse o Espírito do mal (Satanás) com o poder de "sustar o curso das leis
naturais" para seduzir os homens, então Deus não seria Onipotente e lhe faltaria a soberana
bondade. Todos os fatos tidos por miraculosos são efeitos naturais causados por espíritos
desencarnados ou encarnados, no uso de sua inteligência e conhecimentos adquiridos, para o bem
ou para o mal, conforme sejam bons ou perversos. Assim o demonstra o Espiritismo, explicando os
fenômenos no campo do magnetismo, sonambulismo, êxtases, visões e aparições, percepções a
distância, curas instantâneas, levitações, comunicações com o mundo invisível.
O sobrenatural e as religiões
As religiões não podem ter como fundamento o sobrenatural, sob pena de verem minadas
totalmente suas bases à medida que fatos tidos como miraculosos recebem explicação racional,
levando-os do maravilhoso para o domínio do natural. Deve o maravilhoso ser substituído pelo
princípio espiritual, "sem o qual não há religião possível". As bases sobre as quais se assenta o
Espiritismo são as imutáveis leis de Deus, às quais obedecem os princípios espiritual e material.
Em lugar de fazer-se acreditar em "pedras que suam sangue", "estátuas que piscam os olhos e
derramam lágrimas" o poder de Deus deve ser mostrado na infinita sabedoria que a tudo preside,
na organização dos fenômenos da Natureza, na bondade e solicitude dispensada igualmente a
todos, na sua previdência, no bem constatado após um mal aparente e temporário. O mal é obra
do homem e não de Deus. Em vez de levar susto com as penas eternas, devem as religiões
evidenciar a bondade divina, transmitindo a certeza de que se pode redimir e reparar o mal
praticado. As descobertas da Ciência representam a revelação das leis divinas. Só assim serão os
homens "verdadeiramente religiosos, racionalmente religiosos".
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CAPITULO XIV - OS FLUIDOS
Capítulo XIV, “Os Fluidos”, Kardec estuda a sua natureza, aplicação e manifestação, embasando
cientificamente os fenômenos mediúnicos, para então, no capítulo seguinte, e à luz destes
conhecimentos, analisar os “milagres” praticados por Jesus.
I - Natureza e propriedades dos fluídos: elementos fluídicos
Os fenômenos materiais, tidos vulgarmente como milagrosos, foram explicados pela Ciência,
tendo em vista as leis que regem a matéria. Quanto aos fenômenos, "em que prepondera o
elemento espiritual", não explicáveis unicamente pelas leis da Natureza, encontram explicação nas
"leis que regem a vida espiritual".
O fluído cósmico universal assume dois estados distintos: o de imponderabilidade - seu estado
normal (eterização), passando ao de ponderabilidade que preside aos fenômenos materiais, de
alçada da Ciência; no estado de eterização situam-se os fenômenos espirituais ou psíquicos,
ligados à existência dos Espíritos, estudados pelo Espiritismo. Neste estado, os fluídos sofrem
maior número de modificações, adquirindo propriedades especiais, sendo para os Espíritos o que
para nós são as substâncias materiais: elaboram, combinam, produzindo os efeitos desejados. Tais
modificações são feitas por Espíritos mais esclarecidos, enquanto que os ignorantes, mesmo
participando do fenômeno, são incapazes de entendê-las.
Podemos considerar os fluidos imponderáveis, citados por Allan Kardec, como sendo os
gases, principalmente aqueles que, por se encontrarem superaquecidos na temperatura
ambiente, são invisíveis e muito mais “imponderáveis”, embora possamos senti-los e pesálos como a qualquer outra substância. Como exemplo, poderíamos citar o oxigênio e o
nitrogênio moleculares presentes na atmosfera. Um exemplo mais contundente de “fluido
imponderável” são os neutrinos: partículas subatômicas, de massa nula e sem carga
elétrica, provenientes da energia, de fraca interação com a matéria e de dificílima detecção.
Eles são gerados no núcleo das estrelas, como o Sol, que os emitem no espaço.
Nossos sentidos e instrumentos de análise não podem perceber os elementos fluídicos; alguns
fluídos, entretanto, pela sua ligação com a vida corporal, podem ser avaliados pelos seus efeitos:
são fluídos mais densos que compõem a atmosfera espiritual da Terra. Possuem vários graus de
pureza, sendo desse meio que os espíritos deste planeta, encarnados e desencarnados, tiram os
elementos necessários à manutenção de sua existência. Em outros mundos ocorre o mesmo, com
as devidas variações de constituição e condições de vitalidade de cada um.
Os fluídos espirituais na verdade são "matéria mais ou menos quintessenciada"; somente a
alma ou princípio inteligente é espiritual. Assim os fluídos espirituais são "a matéria do mundo
espiritual". Quanto à solidificação da matéria, na realidade "não é mais do que um estado
transitório do fluído universal, que pode volver ao seu estado primitivo, quando deixam de existir
as condições de coesão".
Ao tempo do Codificador, a estrutura da matéria ainda era pouco conhecida. De acordo
com os conhecimentos atuais, podemos afirmar, corroborando as suas palavras, que
realmente a matéria é mais um grande vazio do que algo realmente compacto, uma vez
que a quase totalidade da massa do átomo está concentrada no seu núcleo, assim como,
por exemplo, a quase totalidade da massa do sistema solar está concentrada no Sol. O que
torna a matéria compacta e impenetrável é a repulsão elétrica que existe entre as nuvens
eletrônicas dos átomos que a constituem, que impede que os objetos materiais, digamos
assim, se interpenetrem.
Formação e propriedades do perispírito
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Originado da condensação do fluído cósmico, o perispírito - corpo do espírito envolve a alma,
conservando sua "imponderabilidade e suas qualidades etéreas". Assim, tanto o perispírito como o
corpo físico originam-se do mesmo elemento primitivo, formados dos fluídos próprios ao mundo
em que vivem; "são matéria, ainda que em dois estados diferentes". Ao emigrar para outro
planeta o espírito deixa seu envoltório fluídico, para formar "outro apropriado ao mundo onde vai
habitar".
Muitos Espíritos inferiores possuem perispíritos tão grosseiros, de tal modo que, mesmo após o
desencarne, julgam-se vivos, continuando suas ocupações terrenas. Outros, menos materializados,
não conseguem alçar-se "acima das regiões terrestres". Quanto aos Espíritos superiores, podem
comunicar-se com mundos materializados como a Terra ou mesmo encarnar em missão,
compondo seu perispírito e (ou) corpo à partir dos fluídos deste planeta.
A extensa bibliografia hoje disponível acerca dos fenômenos espirituais ditada pelos
espíritos no estado de erraticidade, ou fruto das pesquisas efetuadas pelos encarnados,
permitiu conhecer novas leis que elucidaram ainda mais o comportamento da matéria
tangível e da matéria intangível. Como exemplo, poderíamos citar a obra Mecanismos da
Mediunidade, ditada mediunicamente pelo Espírito André Luiz, onde são revelados diversos
fenômenos relacionados à matéria intangível, e a Teoria da Relatividade, proposta pelo
cientista alemão Albert Einstein, que, entre outros aspectos, estabelece a lei de conversão
da matéria tangível em energia e vice-versa, na famosa equação E = mc2, onde E é a
energia, m é a massa do corpo e c é a velocidade da luz.
Os fluídos espirituais que envolvem a Terra constituem-se em camadas inferiores mais pesadas,
tornando-se mais puras nas faixas mais superiores. Sendo heterogêneas, compõe-se de moléculas
elementares alteradas e outras de diversas qualidades, de onde formam seus perispíritos os
espíritos que aqui vivem. Entretanto, conforme seja o espírito mais ou menos depurado, "seu
perispírito se formará das partes mais puras ou das mais grosseiras do fluído peculiar ao mundo
onde ele encarna". Assim, a constituição íntima de cada perispírito varia conforme o progresso
moral realizado em cada encarnação. Um espírito superior encarnado em missão possui o
perispírito menos grosseiro que o de um indígena deste mundo. Quanto ao corpo carnal, é
formado dos mesmos elementos, independendo da inferioridade ou superioridade do Espírito.
"O fluído etéreo está para as necessidades do Espírito, como a atmosfera para as dos
encarnados". Assim como os animais terrestres não sobrevivem em uma atmosfera rarefeita, os
Espíritos inferiores não podem suportar o brilho dos fluídos mais etéreos. Somente após
depurarem-se, transformando-se moralmente, despojando-se dos instintos materiais,
gradualmente se adaptam a um meio mais depurado. Existe, portanto, um encadeamento, uma
interligação de tudo que existe no Universo, submetido "à grande e harmoniosa lei de unidade,
desde a mais compacta materialidade, até a mais pura espiritualidade".
Ação dos Espíritos sobre os fluídos - Criações fluídicas - Fotografia do pensamento.
Os fluídos espirituais constituem-se nos materiais utilizados pelos Espíritos, o meio onde
ocorrem os fenômenos especiais bem como onde se forma a luz perceptível no plano espiritual,
como também é o veículo do pensamento. Através do pensamento imprimem direção, aglomeram,
combinam ou dispersam, dando forma e cor, mudam as propriedades dos fluídos, de acordo com
leis específicas. Tais transformações podem ocorrer pela vontade como também resultar de um
pensamento inconsciente. Para o Espírito, basta que pense em algo para que se produza. Pode,
pois, tornar-se visível a um médium, mostrando a aparência de qualquer encarnação em que fixe
seu pensamento, com todas as características e particularidades. Pode criar fluidicamente objetos
com duração efêmera (idêntica à do pensamento que os criou) que, para ele "são tão reais como o
eram, no estado material, para o homem vivo". O pensamento "atua sobre os fluídos como o som
sobre o ar"; criando imagens fluídicas reflete-se no perispírito como num espelho, encorpa-se e se
fotografa. Assim, os mais secretos movimentos da alma repercutem no perispírito, permitindo a
61
que leiam uns aos outros como num livro. Vêem a "preocupação habitual do indivíduo, seus
desejos, seus projetos, seus desígnios bons ou maus".
Qualidades dos fluídos
Assim como "os maus pensamentos corrompem os fluídos espirituais", sendo portanto viciados
os fluídos que envolvem os Espíritos maus, os fluídos que envolvem e são emitidos pelos bons
Espíritos são puros na medida de sua perfeição moral.
Os fluídos modificam-se conforme os eflúvios do meio em que agem, adquirindo qualidades
temporárias ou permanentes. Recebem denominação conforme suas propriedades, efeitos e tipos
originais. O perispírito dos seres encarnados irradia ao redor do corpo e o envolve com uma
atmosfera fluídica. "Desempenha preponderante papel no organismo". Ao expandir-se, o
perispírito se relaciona com os Espíritos livres e com os encarnados. O pensamento se transmite
através dos fluídos, de Espírito a Espírito, e, "conforme seja bom ou mau, saneia ou vicia os fluídos
ambientes".
O perispírito "recebe de modo direto e permanente a impressão de seus pensamentos",
guardando suas qualidades boas ou más. Enquanto o Espírito não se modificar, seu perispírito
conserva-se impregnado daqueles fluídos viciados que acabarão por reagir sobre o corpo
ocasionando desordens físicas, ou seja, várias enfermidades.
Em uma reunião ocorre o mesmo que numa orquestra: pensamentos bons produzem salutares
eflúvios fluídicos tornando agradável o ambiente, como as harmoniosas notas emitidas por uma
orquestra afinada. Por outro lado, pensamentos maus, mesmo que não se externem, viciam os
fluídos causando ansiedade, mal-estar, assim como uma nota desafinada. Nas reuniões
homogêneas e simpáticas o homem "recupera as perdas fluídicas que sofre todos os dias pela
irradiação do pensamento". Assim "um pensamento bondoso traz consigo fluídos reparadores que
atuam sobre o físico, tanto quanto sobre o moral". Para evitar, portanto, a influência dos maus
espíritos, o meio é simples: à invasão dos maus fluídos, deve-se opor fluídos bons com a emissão
de bons pensamentos, repelindo assim as más influências. Refletindo o perispírito as qualidades da
alma, ao melhorá-la criamos como uma couraça que afasta os maus Espíritos.
Ao raciocínio do Codificador, poderíamos acrescentar que o espaço também está repleto de
ondas de rádio, ondas de luz, etc., ou seja, de ondas eletromagnéticas, que se entrecruzam
sem se misturar, porque cada qual apresenta uma frequência diferente. Quando, por
exemplo, ligamos o rádio e sintonizamos uma determinada estação, estamos, na verdade,
ajustando o aparelho para que ele entre em sintonia com a frequência das ondas
eletromagnéticas emitidas pela estação selecionada e, uma vez sintonizados naquela
estação, só ouviremos os sons transmitidos por ela.
Atualmente, podemos comparar os fluidos bons e os fluidos maus com ondas de
frequências diferentes, que se entrecruzam no espaço sem se misturar.
No âmbito da Doutrina dos Espíritos, o vocábulo fluido apresenta a acepção relativa à
transmissão de energia, campo de força ou pensamento, isso porque, ao tempo de Allan
Kardec, a natureza ondulatória do que, então, se denominava como fluido, ainda era pouco
compreendida. Hoje, podemos, nos casos em que se aplica o vocábulo fluido no sentido de
transmissão de pensamento, energia ou informação, substituí-lo com vantagens pelo
vocábulo onda, como, por exemplo, em ondas mentais, ondas eletromagnéticas, ondas de
rádio, etc. Abaixo, apresentamos a acepção atual para os dois vocábulos:
• Fluido: substâncias líquidas ou gasosas.
• Onda: perturbação periódica, mediante a qual pode haver transporte de
energia de um ponto a outro de um material ou do espaço.
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II - Explicação de alguns fenômenos considerados sobrenaturais: Vista espiritual ou
psíquica. Dupla vista. Sonambulismo. Sonhos.
Representando o perispírito a ligação entre a vida corpórea e a espiritual, permite o
relacionamento com os desencarnados e opera no homem os fenômenos tidos como
sobrenaturais.
A vista espiritual, dupla vista ou ainda vista psíquica tem como causa as irradiações do
perispírito, na função de órgão sensitivo do Espírito, assim como os sentidos do corpo nos dão a
percepção das coisas materiais. É a alma que vê independentemente dos olhos do corpo. Durante
o sono o Espírito vive uma vida espiritual, quando então ocorre a emancipação da alma, podendo
deslocar-se a pontos distantes da Terra, ligado ao corpo pelo laço fluídico; "confabula com os
amigos e outros Espíritos, livres ou encarnados também". Ao despertar, às vezes conserva uma
lembrança de suas peregrinações, que constitui o sonho. Guarda algumas vezes intuições que lhe
sugerem novos pensamentos, auxiliando na resolução de problemas que lhe pareciam insolúveis.
Fenômenos como o sonambulismo natural e magnético, catalepsia, letargia, êxtase, etc, sendo
também "manifestações da vida espiritual", explicam-se igualmente desta maneira.
O mundo espiritual é "iluminado pela luz espiritual, que tem seus efeitos próprios", "tem o seu
foco em toda a parte", não havendo obstáculos à visão espiritual em razão da distância, nem pela
opacidade da matéria, inexistindo para ela a obscuridade. Então a alma, envolta no seu perispírito,
"tem consigo o seu princípio luminoso", e desenvolve seu alcance à medida da desmaterialização
do Espírito.
Ainda que de uma maneira muito limitada, podemos comparar o sentido espiritual com o
princípio de funcionamento do radar, que emite ondas eletromagnéticas no ambiente à sua
volta e recebe os “ecos” das ondas emitidas, trazendo a “percepção” do ambiente
circundante.
O aparelho visual humano é sensível às ondas eletromagnéticas com frequência na faixa do
espectro eletromagnético que vai do vermelho ao violeta. Veja o diagrama abaixo
apresentando o espectro eletromagnético e a faixa de luz visível. Quando as ondas
eletromagnéticas, com frequência dentro dessa faixa, atingem a visão humana, as células
visuais são impressionadas, transmitindo um impulso elétrico correspondente ao cérebro
que, por sua vez, registrará a sensação visual transmitindo-a ao espírito.
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A vista espiritual nos espíritos encarnados manifesta-se através da segunda vista, em vários
níveis, "tanto no sonambulismo natural ou magnético, quanto no estado de vigília". Com maior ou
menor lucidez, permite a certas pessoas ver órgãos doentes e descrever a causa das
enfermidades. Manifestando-se de modo imperfeito nos encarnados, a segunda vista pode permitir
percepções mais ou menos exatas devido ao estado moral do indivíduo, tais como:
1)- Fatos reais ocorridos a grande distância, descrição detalhada de uma localidade, causas e
remédios para uma enfermidade;
2)- Presença dos Espíritos;
3)- Imagens fantásticas criadas pela imaginação (criações fluídicas do pensamento), das quais
guardam lembrança ao sair do êxtase, dando-lhes a ilusão de confirmarem-se-lhes as crenças de
existência do inferno ou paraíso.
Durante os sonhos podem ocorrer as três situações acima, incluindo-se as duas primeiras na
categoria de previsões, pressentimentos e avisos, e a última explicando imagens fantásticas, que
parecem reais ao Espírito, ao ponto de já ter até causado embranquecimento dos cabelos. São
provocadas por exaltação das crenças, fortes lembranças, gostos, desejos, paixões, remorsos,
preocupações, necessidades do corpo, disfunção orgânica, ou mesmo por outros Espíritos.
Podemos comparar a acuidade da visão espiritual, limitada pela grosseria do perispírito,
com a acuidade da visão física, limitada pela catarata. Tão logo se retire a película que
encobre o cristalino, a acuidade visual é restabelecida.
Catalepsia - Ressureições
O corpo e o perispírito são insensíveis, transmitindo as sensações ao "centro sensitivo, que é o
Espírito", o qual as recebe como um choque elétrico. Pode haver interrupção causada por lesões
corporais ou em virtude de momentânea emancipação da alma (sobreexcitação, preocupação,
febril atividade, assim se explicando por que um soldado no ardor da batalha, não percebe ter sido
ferido). Em alguns fenômenos de sonambulismo, letargia e catalepsia, ocorre idêntico efeito,
embora mais pronunciado, como também nos convulsionários e mártires em que há total
insensibilidade. A paralisia, ao contrário, tem causa nos próprios nervos, que "se tornam inaptos á
circulação fluídica".
Nos casos de coma, em que o Espírito se acha ligado apenas por alguns pontos ao corpo,
podendo inclusive iniciar-se a decomposição parcial, existe ainda vida, que poderá voltar a
manifestar-se pela própria vontade ou por um influxo fluídico estranho. Assim se explicam alguns
prolongamentos de vida e mesmo supostas ressurreições. Ocorrendo, no entanto total
desprendimento do perispírito, ou degradação irreversível dos órgãos corporais, "impossível se
torna o regresso à vida".
Curas
Tendo o perispírito e o corpo como origem comum o fluído universal, pode o primeiro "fornecer
princípios reparadores ao corpo" desde que um Espírito encarnado ou desencarnado, pela sua
vontade, inocule "num corpo deteriorado uma parte da substância do seu envoltório fluídico",
substituindo cada molécula doente por uma saudável. A cura depende também da intenção e
energia da vontade, "que, quanto maior for, tanto mais abundante emissão fluídica provocará e
tanto maior força de penetração dará ao fluído". Uma fonte impura, entretanto, funciona como
um medicamento alterado.
Os efeitos da ação fluídica podem ser lentos ou rápidos. Certas pessoas podem operar curas
instantâneas, por imposição das mãos ou mesmo só por sua vontade; pessoas com tal poder em
seu máximo grau são raras. A ação fluídica depende então da qualidade dos fluídos como também
de circunstâncias especiais.
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Pode a ação magnética ser produzida pelo próprio magnetizador, dependendo de sua força e
qualidade (magnetismo humano), pelo fluído dos Espíritos (magnetismo espiritual), produzindo
diretamente e sem intermediário: curas, sono sonambúlico espontâneo, influência física ou moral
qualquer. Podem também os Espíritos combinar seus fluídos com os de um magnetizador,
imprimindo-lhes qualidades especiais; produz-se assim um magnetismo semi-espiritual, servindo o
magnetizador de veículo para aplicação desses fluídos.
Aparições - Transfigurações
Assim como um vapor rarefeito e invisível pode se tornar visível pela condensação, o perispírito
pode tornar-se momentaneamente visível pela vontade do Espírito, que o faz "passar por uma
modificação molecular", produzindo o fenômeno das aparições, que podem apresentar-se mais ou
menos vaporosas, como também podem chegar à tangibilidade; se o desejar, pode o Espírito
apresentar-se com "todos os sinais exteriores que tinha quando vivo". Quando tangível existe
somente a aparência do corpo carnal; ao desagregarem-se as moléculas fluídicas,
instantaneamente desaparecem ou se evaporam. Conhece-se várias aparições de agêneres, que se
apresentam como pessoas estranhas com linguagem sentenciosa inspirando surpresa e temor;
passam algum tempo entre os humanos e depois desaparecem.
Espíritos encarnados, em momentos de liberdade, também podem aparecer, em local diverso
do corpo, sendo reconhecidos, fenômeno "que deu lugar à crença nos homens duplos". As
aparições são percebidas pelos encarnados através da vista espiritual, podendo o Espírito tornar-se
visível ou mesmo tangível para algumas pessoas, enquanto outras não o conseguem ver e muito
menos tocar. Faltam às aparições as propriedades comuns da matéria, pois, se as tivessem,
seriam percebidas pelos olhos do corpo.
As transfigurações, por outro lado, resultam "de uma transformação fluídica" que se produz
sobre o corpo vivo tornando-se visível para todos os assistentes pelos olhos do corpo. Resultam da
irradiação do perispírito em torno do corpo carnal, envolvendo-o com uma camada fluídica e o
tornando mais ou menos apagado; vistos através dessa camada, os traços da pessoa podem
aparecer totalmente modificados e com outra expressão.
Manifestações físicas - Mediunidade
O perispírito é o meio pelo qual o Espírito quando encarnado atua sobre o corpo, como também
o é, quando desencarnado, para manifestar-se. Envolvendo e penetrando um objeto com seu
fluído perispirítico, produzindo uma espécie de atmosfera fluídica, pode produzir fenômenos de
tiptologia, mesas girantes, levitação, etc. Ao envolver um médium com seu eflúvio fluídico, faz
com que escreva, fale, desenhe. Representam então, tanto o médium como os objetos de que se
utiliza, os instrumentos de manifestação do Espírito. Para o Espírito não há dificuldade em erguer
no ar uma pessoa ou uma mesa, tomar um objeto e lançá-lo longe. Produz ruídos dirigindo um
jato de fluído sobre o objeto, causando o efeito de um choque elétrico.
Há médiuns que possuem a aptidão de escrever em língua estranha, explanar ou escrever
sobre assuntos acima de sua instrução, sendo alguns até analfabetos, compõem poesias e
músicas, desenham, pintam, esculpem, utilizam a grafia e assinatura do Espírito comunicante.
Agem os Espíritos sobre eles como se a uma criança se guiasse a mão fazendo com que
executasse a tarefa que desejássemos. Entretanto quando possui o médium na mente os
conhecimentos à respeito do que pretende o Espírito executar, torna-se o trabalho mais fácil e
rápido. Tais conhecimentos podem ter sido adquiridos pelo médium em encarnações anteriores.
Obsessões e possessões
A ação malfazeja dos maus Espíritos é uma constante na Humanidade "em conseqüência da
inferioridade moral de seus habitantes". A ação persistente de um Espírito mau sobre uma pessoa,
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constrangendo-a a agir contra sua vontade, ação esta que pode ser perceptível ou não,
influenciando moral ou fisicamente, ou então a obstinação em manifestar-se através de um
médium tornando-o exclusivo, constitui-se na obsessão. Decorre sempre de uma imperfeição
moral do obsidiado. Contra seus efeitos deve-se contrapor uma força moral com o fortalecimento
da alma através do trabalho na melhoria íntima. Representam as obsessões quase sempre uma
vingança com origem em encarnação anterior. Nos casos graves o obsessor envolve sua vítima
com um "fluído pernicioso, que neutraliza a ação dos fluídos salutares e os repele". Juntamente
com a aplicação de passes no obsidiado é necessário que se atue com superioridade moral sobre o
obsessor, levando-o a "renunciar aos seus maus desígnios". A vontade e a prece por parte do
obsidiado concorrem efetivamente para que mais rapidamente seja libertado da obsessão. Quando
porém se ilude com as qualidades de seu obsessor e se compraz no erro a que é levado, resulta
em estado de fascinação, "infinitamente mais rebelde sempre, do que a mais violenta subjugação".
A prece é o "mais poderoso meio de que se dispõe para demover de seus propósitos maléficos o
obsessor".
Na possessão o Espírito atuante toma temporariamente o corpo por consentimento do
encarnado, falando por sua boca, vendo por seus olhos, movimentando-se como se vivo estivesse,
imprimindo-lhe sua voz, linguagem, maneiras e até expressão fisionômica. Pode se tratar de um
espírito bom que deseja se comunicar de forma mais expressiva, não causando qualquer
perturbação ou incômodo. Entretanto, se for um Espírito mau e se o encarnado não possuir força
moral, será martirizado, podendo inclusive o possessor tentar exterminá-lo. Blasfema, maltrata as
pessoas que o cercam, mostrando-se louco furioso. Tanto a obsessão como a possessão ocorrem,
na maior parte dos casos, individualmente. Pode no entanto "uma revoada de maus Espíritos"
invadir uma localidade atacando muitos indivíduos ao mesmo tempo, em caráter epidêmico.
Mostrando a causa das misérias humanas, o Espiritismo "indica o remédio a ser aplicado: atuar
sobre o autor do mal que, sendo um ser inteligente, deve ser tratado por meio da inteligência".
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CAPITULO XV - OS MILAGRES DO EVANGELHO
Superioridade da natureza de Jesus
Jesus foi um mensageiro direto do Criador, um Messias divino; suas virtudes situavam-se em nível
muito acima das possibilidades da humanidade terrestre; não estava sujeito às fraquezas do
corpo, pois o dominava completamente; seu perispírito era "tirado da parte mais quintessenciada
dos fluídos terrestres". Tratava-se de um Espírito Superior, desprendido da matéria e sua alma
devia ligar-se ao corpo "senão pelos laços estritamente indispensáveis"; possuía dupla vista, que
devia ser permanente e de excepcional penetração. A pureza de seus fluídos perispirituais lhe
"conferia imensa força magnética, secundada pelo incessante desejo de fazer o bem". Jesus não
foi um poderoso médium curador, pois, pela sua superioridade, agia por si mesmo; poderia ser
considerado médium de Deus.
Sonhos
Durante o sono, a alma penetra momentaneamente no mundo espiritual, entrando em contato
com os Espíritos afins, encarnados e desencarnados. Nessas ocasiões, os Espíritos Protetores lhe
transmitem conselhos mais diretos, dos quais muitas vezes guarda lembrança ao despertar. Nem
todos os sonhos, entretanto, representam avisos da Espiritualidade. "Cumpre se inclua entre as
crenças supersticiosas e absurdas a arte de interpretar os sonhos".
Estrela dos magos
A descrição de S. Mateus não é passível de verificação. Não poderia tratar-se de uma estrela,
podendo, entretanto, ter sido a aparição de um Espírito sob forma luminosa, ou a transformação
de "uma parte do seu fluído perispirítico em foco luminoso".
Dupla vista
Possuía Jesus a faculdade da vista espiritual em grau elevado e as narrações evangélicas atestam
várias passagens em que demonstrava conhecer os pensamentos das pessoas, através das
"irradiações fluídicas desses pensamentos", refletidas como num espelho em seus perispíritos. Esta
faculdade permitiu ao Mestre indicar o local exato em que Simão deveria lançar suas redes para
enchê-las de peixes, no episódio da pesca tida por milagrosa. Conhecia as disposições íntimas de
Pedro, André, Tiago, João e Mateus, quando os chamou e imediatamente o acompanharam. Previu
a traição de Judas e adiantou a Pedro que por três vezes o negaria.
Curas
1. Perda de sangue: Na passagem em que uma mulher é curada de hemorragia, doença de
que era vítima há muitos anos, após tocar nas vestes de Jesus, sem que houvesse deste
um ato de vontade, como imposição das mãos ou magnetização, ocorreu "a irradiação
fluídica normal para realizar a cura". O fluído terapêutico deve ser dirigido à matéria
orgânica a fim de repará-la. Pode ocorrer pela vontade do curador ou ser "atraído pelo
desejo ardente, pela confiança, numa palavra, pela fé do doente". A fé a que Jesus se
referia era a força atrativa desenvolvida pela doente que lhe permitiu a cura. A falta de fé
"opõe à corrente fluídica uma força repulsiva" que lhe paralisa a ação. Por esta razão, pode
acontecer que de dois doentes que tenham a mesma enfermidade, somente um venha a
ser curado.
Atualmente, podemos fazer uma analogia com as ondas eletromagnéticas; para que
um receptor de rádio receba os sinais de uma determinada estação, faz-se
necessário que ele esteja sintonizado com ela, ou seja, é necessário que haja
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sintonia entre o transmissor e o receptor, analogamente ao que ocorreu entre a
mulher enferma em questão e Jesus.
2. Cego de Betsaida: Procedeu Jesus a duas aplicações nos olhos do cego, que gradualmente
recuperou a visão, evidenciando-se o efeito magnético, com recuperação "gradual e
conseqüente a uma ação prolongada e reiterada, se bem que mais rápida do que na
magnetização ordinária".
3. Paralítico: No caso da cura do paralítico de Cafarnaum, em que o Mestre lhe disse: "Meu
filho, tem confiança; perdoados te são os teus pecados" entende-se que aquela doença
representava expiação de males praticados em existências anteriores. Equivalia a Jesus
dizer-lhe: "Pagaste tua dívida; a fé que agora possuis elidiu a causa de tua enfermidade".
4. Os dez leprosos: Quando Jesus curou dez leprosos próximo a Galiléia e somente um deles um samaritano - retornou para agradecer a Deus a graça recebida, deu uma lição e um
exemplo de tolerância, pois curou indistintamente judeus como também samaritanos que
eram desprezados pelos primeiros. O samaritano demonstrou sua fé e reconhecimento
vindos do âmago do coração, enquanto que os demais demonstraram ingratidão e a dureza
de seus corações, sendo de se supor que não tenham se beneficiado da graça concedida,
retornando-lhes os seus males.
5. Mão seca: Os fariseus observavam se Jesus curaria um doente em dia de sábado, a fim de
o acusarem. Ordenando ao doente se dirigisse ao centro do templo, perguntou aos fariseus
se era permitido naquele dia "fazer o bem ou o mal, salvar uma vida ou tirá- la", ao que
não lhe responderam. Sentindo a dureza de seus corações, encarou-os, disse ao homem
para estender a mão, e curou-o.
6. A mulher curvada: Ficaram também confusos os adversários de Jesus quando, ao ensinar
em um sábado numa sinagoga, curou uma mulher possuída há dezoito anos por um
Espírito que lhe deixava totalmente curvada. Tendo ficado indignado o chefe da Sinagoga,
inquiriu-lhe Jesus quem deixaria de aliviar a carga de seu boi ou jumento, dando-lhe de
beber, somente por se tratar de um dia de sábado, e por que então não poderia libertar
aquela doente da influência daquele Espírito.
7. O paralítico da piscina: Em Jerusalém havia uma piscina chamada Betesda alimentada por
uma fonte natural intermitente com propriedades curativas. Acreditava-se que, a agitação
das águas era produzida por um anjo do Senhor, e quem primeiro tivesse nelas entrado
seria curado de qualquer doença. Encontrou Jesus, próximo à piscina, um homem paralítico
há 38 anos, e perguntou-lhe se desejava curar-se; disse-lhe:"Levanta-te, toma o teu leito e
vai-te". Mais uma vez protestaram os fariseus porque era sábado. Reencontrando o homem
que curara, acrescentou jesus: "Vês que foste curado; não tornes a pecar, para que te não
aconteça coisa pior". Aos fariseus disse que Deus não cessa em nenhum momento suas
obras pelo que também ele obrava incessantemente. Jesus deu a entender ao homem que
sua doença era uma punição por seus erros, avisando-lhe que poderiam retornar seus
males caso não se modificasse. Procedia a curas nos sábados a fim de protestar contra o
fanatismo dos fariseus e mostra- lhes que a verdadeira virtude está nos sentimentos e não
nas práticas exteriores.
8. Cego de nascença: Mais uma vez num sábado encontrou Jesus um cego de nascença e,
fazendo um pouco de lama com saliva e terra, untou-lhe os olhos e mandou-o lavar-se na
piscina de Siloé, após o que o homem passou a enxergar claramente. Levaram-no aos
fariseus que, após interrogá-lo e a seus pais, o expulsaram da sinagoga, por não ter
admitido ter sido "um possesso do demônio aquele que o curara e porque rende graças a
Deus pela sua cura". Mesmo nos dias atuais as curas efetuadas pelo Espiritismo são tidas
como diabólicas pelas religiões tradicionais. Haviam os discípulos perguntado a Jesus se
aquele homem nascera cego por algum pecado seu ou de seus pais, referindo-se
evidentemente a uma vida anterior. A resposta negativa indica que se tratava de uma
"provação apropriada ao progresso daquele Espírito". A lama empregada serviu de veículo
ao fluído espiritual que produziu a cura.
9. Numerosas curas operadas por Jesus.- Pregando nas sinagogas, Jesus procedia a curas no
meio do povo, provando que "o verdadeiro poder é o daquele que faz o bem". Aliviava os
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sofrimentos dos homens e, por isso, fazia numerosos prosélitos. Quando João Batista
mandou perguntar-lhe se era o Cristo, respondeu: "Ide dizer a João: os cegos vêem, os
doentes são curados, os surdos ouvem, o Evangelho é anunciado aos pobres". Assim
também o Espiritismo cura, além dos males físicos, as doenças morais, fazendo adeptos
entre aqueles que "recebem a consolação para suas almas" e não entre aqueles que
pretendem apenas observar fenômenos extraordinários, não lhe reconhecendo a força
moral.
Possessos
Juntamente "com as curas, as libertações de possessos figuram entre os mais numerosos atos de
Jesus". Sua superioridade era tal que à sua ordem não podiam os Espíritos resistir e se afastavam
efetivamente de suas vítimas. Eram muitos os casos de possessões na Judéia àquele tempo,
evidenciando-se uma invasão de Espíritos maus em caráter de epidemia. Diziam os fariseus que
era com auxilio de Belzebu, príncipe dos demônios, que Jesus expulsava os maus Espíritos, ao que
o Mestre mostrou a insensatez que seria se Satanás expulsasse a si mesmo.
O fato descrito nos Evangelhos de maus espíritos serem enviados para os corpos de porcos é
contrário a toda probabilidade. Um espírito mau não deixa de ser um espírito humano, ainda que
bastante imperfeito pois continua a fazer o mal após a morte, como o fazia antes, e é contra as
leis da natureza que ele possa animar o corpo de um animal. Nesse acontecimento é preciso
reconhecer um desses exageros de um fato real, tão comuns nos tempos de ignorância e de
superstição; ou talvez uma alegoria, para caracterizar as tendências impuras de certos espíritos.
Atualmente, conforme os ensinamentos que nos foram transmitidos pelos espíritos na
extensa obra mediúnica disponível, bem como através dos casos que nos são trazidos nos
trabalhos de desobsessão das mesas mediúnicas, sabemos que o perispírito é suscetível de
modificar-se, podendo, através da sugestão hipnótica de determinados espíritos maus,
assumir uma forma, digamos assim, animalizada, no fenômeno conhecido como licantropia.
Tal fenômeno, oriundo da plasticidade da matéria perispiritual face à influenciação das
ondas mentais que emitimos, enquadra-se perfeitamente nos ensinamentos que Allan
Kardec. A licantropia, absolutamente, não se enquadra no caso de que trata o Codificador,
mas é um fenômeno que poderia oferecer uma explicação possível para a origem da
alegoria a que ele se refere.
Ressurreições
1. A filha de Jairo.- Jesus foi chamado por um chefe de sinagoga para impor as mãos sobre
sua filha de 12 anos que estava para morrer. Lá chegando ordenou que as pessoas que
choravam sua morte se afastassem dizendo-lhes que não estava morta , mas apenas
adormecida. Tomando-lhe as mãos ordenou que se levantasse o que ela imediatamente fez
e se pôs a andar.
2. Filho da viúva de Naim: Ao se aproximar da cidade de Naim, deparou Jesus com um
cortejo fúnebre; tratava-se de um rapaz, filho único de uma viúva. Compadecido com o
sofrimento materno, Jesus ordenou ao moço que se levantasse a que este sentou-se e
começou a falar para espanto dos presentes. Tal fato, considerado milagroso, espalhou-se
por toda a Judéia e circunvizinhanças.
Assim como também a ressurreição de Lázaro, os casos citados evidenciavam ter havido ataque de
letargia ou síncope, pois, seria contrário às leis da Natureza o retorno ao corpo de um Espírito
após rompido o laço perispirítico. Era costume na época sepultar-se logo em seguida alguém que
deixasse de respirar, considerando-o morto. (Sabe-se que há casos de letargia que se prolongam
por mais de oito dias). Houve então nos casos citados a cura produzida pelo Mestre e não
ressurreição.
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Jesus caminha sobre a água
Jesus se dirigiu "caminhando por sobre o mar" aos discípulos que dentro de um barco, se viam
amedrontados com a fúria das águas; Pedro pediu-lhe para fazer o mesmo, a que o Mestre
mandou-o ir ao seu encontro. Deu alguns passos, vacilou e começou a afundar, sendo socorrido
por Jesus, que lhe disse: "Homem de pouca fé! Por que duvidaste?". O fenômeno de levitação de
um ser humano produz-se "sob ação das leis da Natureza", por efeito da mesma "força fluídica
que mantém no espaço uma mesa, sem ponto de apoio". Poderia também ter ocorrido a aparição
tangível de Jesus, estando longe seu corpo real.
Transfiguração
Jesus proporcionou a Pedro, Tiago e João a oportunidade inesquecível de observarem fenômeno
em que se transfigurou totalmente, realçado de excepcional fulgor, em razão da extrema pureza
de seu perispírito. Fenômeno também inteiramente explicável dentro da ordem da Natureza, foi a
aparição de Moisés e Elias.
Tempestade aplacada
Enquanto atravessava um lago com seus discípulos, Jesus adormeceu. Diante de súbita
tempestade que ameaçava virar o barco, acordaram-no assustados ao que Jesus "falou,
ameaçador, aos ventos e às ondas agitadas e uns e outras se aplacaram, sobrevindo grande
calma", para espanto e admiração dos discípulos. Não é possível afirmar-se "se há ou não
inteligências ocultas presidindo à ação dos elementos". Jesus, entretanto, dormia tranqüilamente,
demonstrando segurança advinda de que seu Espírito "via não haver perigo nenhum e que a
tempestade ia amainar".
Bodas de Caná
Transformação da água em vinho. Tal acontecimento é referido somente por S. João, não tendo
causado impressão maior. Se realmente ocorreu, foi o único no gênero, pois, Jesus não era afeito
a demonstrações materiais que aguçassem a curiosidade, próprias dos mágicos. Mais racional é se
considerar tal fato como uma parábola destinada a levar ensinamentos aos presentes.
Como hipótese, a transformação poderia ter ocorrido pela obtenção de substâncias
extraídas da natureza, que poderiam ter sido teletransportadas pelo fenômeno de aporte, e
adicionadas à água pelo poder magnético de Jesus.
Multiplicação dos pães
Para as pessoas sérias essa narrativa é vista com sentido alegórico, "em que se compara o
alimento espiritual da alma ao alimento do corpo". Pode-se também admitir que as pessoas
presentes, ávidas de ouvir as palavras de Jesus, fascinadas "pela poderosa ação magnética que ele
exercia sobre os que o cercavam", não tenham tido "necessidade material de comer". Sabia então
Jesus que poucos pães bastariam, mostrando aos discípulos "que também eles podiam alimentar
por meio da palavra". Posteriormente, nas passagens denominadas "O fermento dos fariseus" e "O
pão do céu", ficou confirmado o fato de que o Mestre não se referia a pães materiais, quando
disse aos discípulos: "Ainda não compreendeis que não é do pão que eu vos falava..." afirmando
que se trabalhasse principalmente para conseguir o "pão do céu", e dizendo: "Eu sou o pão da
vida; aquele que vem a mim não terá fome e aquele que em mim crê nunca terá sede".
Tentação de Jesus
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O episódio da tentação de Jesus não corresponde a uma ocorrência física; deve ser entendida
como uma parábola, a fim de mostrar aos homens sua falibilidade, devendo vigiar sua mente
"contra as más inspirações a que, pela sua natureza fraca, é impelida a ceder", devendo ainda
prevenir-se contra os perigos da ambição. Também inadmissível seria a tentação moral do Cristo,
pois, "o Espírito do mal nada poderia sobre a essência do bem". Assim também as parábolas do
filho pródigo e do bom samaritano mostram a misericórdia do Pai face o arrependimento do filho
que, tendo sucumbido às tentações mas, praticando a lei de amor, vale mais aos Seus Olhos do
que os irmãos que o desprezaram.
Prodígios por ocasião da morte de Jesus
Com relação às trevas que teriam ocorrido por ocasião da morte de Jesus, tal fato não foi notado,
pois, não consta em citações de nenhum historiador; poderia ter havido obscurecimento do Sol
causado pelas "manchas físicas que lhe acompanham o movimento de rotação", sem causar no
entanto trevas. Pode também ter havido algumas aparições de Espíritos naquela ocasião, o que
também seria um fenômeno natural. "Compungidos com a morte de seu Mestre, os discípulos de
Jesus sem dúvida ligaram a essa morte alguns fatos particulares", que em outra ocasião não
teriam notado.
Aparição de Jesus, após a sua morte
Jesus apareceu após sua morte, em várias ocasiões, descritas com detalhes por todos os
evangelistas, não se podendo duvidar de tais fatos que, sendo semelhantes a muitos fenômenos
antigos e atuais, são explicáveis "pelas leis fluídicas e pelas propriedades do perispírito" o qual
chega em certos casos a tornar-se tangível. As circunstâncias dos aparecimentos e
desaparecimentos de Jesus, algumas vezes em recintos fechados, sua linguagem breve e
sentenciosa, a sensação de surpresa e medo causada pela sua presença, tudo isto demonstra que
"se mostrou com o seu corpo perispirítico, o que explica que só tenha sido visto pelos que ele quis
que o vissem".
Seu maior milagre foi "a revolução que seus ensinos produziram no mundo". Jesus era pobre,
nascido no seio de um pequeno povo sem expressão política ou literária, pregou sua doutrina
durante apenas três anos, tempo esse em que foi "desatendido e perseguido pelos seus
concidadãos". Foi "obrigado a fugir para não ser lapidado", traído por Judas, renegado por Pedro seus apóstolos - supliciado como um criminoso; entretanto, mesmo sem nada escrever, "sua
palavra bastou para regenerar o mundo"; "sua doutrina matou o paganismo onipotente e se
tornou facho da civilização".
Desaparecimento do corpo de Jesus
Tal fato foi constatado no terceiro dia após a crucificação, pelas mulheres que foram ao sepulcro.
Alguns consideraram um fato milagroso, outros atribuíram "a uma subtração clandestina".
Há a teoria de que Jesus não teria tido um corpo material e sim um "corpo fluídico" sendo
aparentes seu nascimento, atos de sua vida e sua morte. Assim se explicaria o desaparecimento
de seu corpo do sepulcro. Entretanto, no período anterior à sua morte "tudo se passa, pelo que
respeita à sua mãe, como nas condições ordinárias da vida". Durante toda a sua vida revelou-se
com os "caracteres inequívocos da corporeidade", sendo "acidentais os fenômenos de ordem
psíquicas". "Depois de sua morte, ao contrário, tudo nele revela o ser fluídico". Supliciado e morto,
"todos o puderam ver e tocar". Seu corpo foi sepultado normalmente, "donde forçoso é concluir
que, se foi possível que Jesus morresse, é que carnal era o seu corpo".
Por outro lado, sendo o corpo "a sede das sensações e das dores físicas, que repercutem no
centro sensitivo ou Espírito", segue-se que um Espírito sem corpo físico "não pode experimentar os
sofrimentos". Não se pode duvidar que Jesus sofreu materialmente, pois de outra forma a paixão,
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sua agonia, seu último brado teria sido uma comédia indigna de um ser tão superior. "Jesus, pois,
teve, como todo homem, um corpo carnal e um corpo fluídico, o que é atestado pelos fenômenos
materiais e pelos fenômenos psíquicos que lhe assinalaram a existência".
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AS PREDIÇÕES Segundo o Espiritismo
CAPITULO XVI - TEORIA DA PRESCIÊNCIA
O Capítulo XVI aborda a questão instigante da capacidade de prever, de antever o que nós
chamamos de futuro, ou seja, a questão da presciência, para, da mesma forma que no opúsculo
dos milagres, analisar, no capítulo que se segue e à luz do arcabouço teórico apresentado, as
predições de Jesus. Há muitos casos de predições que se realizaram. O Espiritismo vem mostrar
que também este fenômeno ocorre segundo leis naturais.
Figuremos um homem sobre uma montanha, de onde pode ver tudo o que se passa na
planície; pode acompanhar à distância o trajeto de um viajante e ver p. ex. que, em dado ponto,
um ladrão o aguarda para assaltá-lo. Do local em que se encontra, para o homem da montanha,
todos aqueles fatos são presente, enquanto que para o viajante, tendo sua visão limitada, a
situação em que poderá ser assaltado lhe é desconhecida, e representa o futuro. Se o observador
da montanha descer e lhe avisar que será assaltado e socorrido, estará, para o viajante,
predizendo o futuro.
Assim também, para os espíritos desmaterializados, não existe espaço nem tempo,
estando a extensão e penetração de sua vista condicionadas ao grau de depuração alcançado.
Podem então abarcar um período de até milhares de anos terrestres e ver simultaneamente os
acontecimentos que para os homens "se desenrolam sucessivamente". Tais acontecimentos muitas
vezes dependem da cooperação dos homens para concretização dos desígnios do Criador, pelo
que nesses casos podem ser-lhes revelados parcialmente por Espíritos superiores, a fim de que
estejam preparados a agir na ocasião oportuna.
Atualmente, através das informações ditadas mediunicamente pelos espíritos, na extensa
literatura espírita disponível, sabemos que as colônias espirituais mais ligadas à crosta
terrestre, onde vivem os encarnados, contam com toda sorte de equipamentos necessários
às diversas atividades que são desenvolvidas por eles, o que inclui a necessidade da
contagem do tempo, o mais das vezes sincronizado com o tempo terrestre, embora
também afirmem que o tempo deles é diferente do nosso.
Também quando encarnado, tendo já se adiantado moralmente, pode, durante o sono ou em
êxtase da dupla vista, desprender-se e ter consciência de fatos futuros dos quais poderá fazer a
revelação, dependendo de que devam ou não permanecer secretos. Poderá ainda guardar deles
uma vaga intuição "bastante para o guiar instintivamente". A revelação pode também ocorrer por
inspiração dos Espíritos, transmitidas maquinalmente sem a pessoa se aperceber do que fala.
Quando da iminência de calamidades, revoluções, desenvolve-se providencialmente a faculdade,
quando então surgem numerosos videntes.
As revelações podem se apresentar em forma de quadros desenhados pela mente dos Espíritos
reveladores, formando imagens para o vidente. Nestes casos, podem representar sugestões, no
sentido de levar à realização ou prática de atos necessários à consecução de um objetivo, pelo que
o vidente não pode prever o momento da realização, a qual pode também não ocorrer, pois
representa um desejo, um projeto.
Poderíamos citar, a título de exemplificação, o escritor francês Jules Verne, que, no século
XIX, previu nos seus livros de aventuras muitos dos avanços da Ciência que só surgiriam no
século XX, como, por exemplo, a ida do homem à Lua.
Para o Espírito "o princípio da visão não lhe é exterior, está nele". Não necessita, portanto, da
luz exterior nem deslocar-se para abranger o tempo e o espaço. À medida em que se
desmaterializa, desenvolvendo-se moralmente, ampliam-se-lhe as percepções e todas as
faculdades.
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A Providência regula "os acontecimentos que envolvem interesses gerais da Humanidade".
Tendo seu livre-arbítrio, pode o homem não executar a missão por ele aceita no sentido da
consecução dos desígnios do Criador, caso em que é afastado de modo que o resultado final de
um acontecimento se cumpra. Não há fatalidade, pois, "os pormenores e o modo de execução se
encontram subordinados às circunstâncias e ao livre-arbítrio dos homens". Por isso, mesmo que os
Espíritos possam prevenir-nos quanto a ocorrência de certos acontecimentos futuros, não lhes é
possível precisar a época exata, pois dependem das decisões que serão tomadas pelos homens
durante sua consecução. As predições como as de Nostradamus eram verdadeiros enigmas,
permitindo interpretações diferentes.
Atualmente os Espíritos, em linguagem comum, fazem advertências como conselheiros que são.
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CAPITULO XVII - PREDIÇÕES DO EVANGELHO
Ninguém é profeta em sua terra
Quando ensinava nas sinagogas de sua terra natal, diante do espanto e incredulidade de seus
concidadãos, disse-lhes Jesus: "Um profeta só não é honrado em sua terra e na sua casa". Com
efeito, tanto os sacerdotes e fariseus e mesmo seus parentes próximos não o entendiam, taxandoo de louco. Tal fato é consequência das fraquezas humanas, pois, o ciúme e a inveja próprios de
seus "espíritos acanhados e vulgares" criam preconceito que impedem aos homens reconhecer em
alguém de seu próprio meio a superioridade do saber e da inteligência. Por outro lado, é comum
aos homens reconhecerem o valor do "homem espiritual" somente após sua morte, à medida que
"mais longínqua se torna a lembrança do homem corporal". "A posteridade é juiz desinteressado
no apreciar a obra do espírito" abstraindo-a da individualidade que a produziu.
Morte e paixão de Jesus - Perseguição aos apóstolos - Cidades impenitentes - Ruína do
Templo e de Jerusalém.
Jesus possuía em alto grau a "faculdade de pressentir as coisas porvindouras", que é um dos
atributos da alma (teoria da presciência). Através de sua visão espiritual, previu, assim, as
circunstâncias e a época de sua morte, os acontecimentos seguintes à sua paixão e morte, a ruína
do Templo e da cidade de Jerusalém, "as desgraças que se iam abater sobre seus habitantes e a
dispersão dos judeus".
Maldição contra os fariseus - Minhas palavras não passarão.
Após dirigir duras palavras aos fariseus e saduceus, sabendo que se escandalizaram, disse
Jesus a seus apóstolos: "Toda planta que meu Pai celestial não plantou será arrancada. - Deixaios; são cegos a conduzir cegos; se um cego guia outro cego, cairão ambos no barranco". As
palavras de Jesus aplicam-se até nossos tempos, quando ainda algumas seitas cristãs se
degladiam disputando a posse da Verdade e quando outras servem a ambições e interesses
materiais. Disse ainda o Mestre: "O Céu e a Terra passarão, mas as minhas palavras não
passarão". Passarão as construções com sentido falso às palavras de Jesus; "o que não passará é
o verdadeiro sentido" de suas palavras.
A pedra angular
A doutrina de Jesus tornou-se a "pedra de consolidação do novo edifício da fé, erguido sobre as
ruínas do antigo", pedra que esmagou os judeus, sacerdotes e fariseus como também, depois,
todos os que "a desconheceram, ou lhe desfiguraram o sentido em prol de suas ambições".
Parábola dos vinhateiros homicidas
Nesta parábola "o pai de família é Deus; a vinha que ele plantou é a lei que estabeleceu; os
vinhateiros a quem arrendou a vinha são os homens que devem ensinar e praticar a lei; os servos
que enviou aos arrendatários são os profetas que estes últimos massacraram; seu filho, enviado
por último, é Jesus, a quem eles igualmente eliminaram". Constata-se que até nossos tempos o
resultado alcançado pelos responsáveis pela educação religiosa da Humanidade foi a indiferença e
incredulidade "espalhados em todas as classes da sociedade". Fizeram do "Deus infinitamente
justo, bom e misericordioso" que Cristo revelou, "um Deus cioso, cruel, vingativo e parcial".
Cultuam "as riquezas, o poder e o fausto dos príncipes do mundo". Entretanto, presente em
Espírito, "virá pedir contas aos seus vinhateiros do produto da sua vinha, quando chegar o tempo
da colheita".
Um só rebanho e um só pastor
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Tal declaração de Jesus significa que "os homens um dia se unirão por uma crença única".
Assim como no aspecto social, político e comercial tendem a cair as barreiras, havendo já
confraternização entre os povos, terão as religiões que fazer concessões mútuas a fim de atingir a
unidade, pois, sendo Deus único, é o mesmo que todas adoram não importa sob que nome. Para
tanto deverão encontrar-se em um "terreno neutro, se bem que comum a todas". Sendo mantidos
imutáveis seus dogmas, a iniciativa deverá partir do indivíduo. Para congregar todos os homens
em uma mesma religião, esta deverá: satisfazer a razão, "às legítimas aspirações do coração e do
espírito", ser confirmada pela ciência positiva, acompanhar o progresso da humanidade, não seja
exclusivista, intolerante, admitir somente a fé racional, ter como código moral a prática da
caridade e fraternidade universais.
Advento de Elias
Quando Jesus afirmou que Elias já viera e os homens não o haviam reconhecido, seus
discípulos compreenderam que se tratava de João Batista, o qual havia sido decapitado. Ficou
assim consagrado o "princípio da pluralidade das existências".
Anunciação do Consolador
Ao anunciar a vinda do Consolador, o Espírito de Verdade, que haveria de "ensinar todas as
coisas e de lembrar o que ele dissera", havendo ainda muitas coisas por dizer, porque
"presentemente não as podeis suportar", claro ficou que "Jesus não disse tudo o que tinha a dizer"
Dizendo que o Consolador ficaria eternamente conosco e estaria em nós, não poderia
evidentemente tratar-se de uma personalidade, mas sim "uma doutrina soberanamente
consoladora, cujo inspirador há de ser o Espírito de Verdade".
Sendo o Espiritismo uma doutrina resultante do "ensino coletivo dos Espíritos", completando e
elucidando o Evangelho, revelando leis conjugadas às da Ciência que tornam compreensíveis os
fenômenos tidos como maravilhosos, realiza "todas as condições do Consolador que Jesus
prometeu". A doutrina de Moisés restringiu-se ao povo judeu; a de Jesus - o Cristianismo espalhou-se por toda a Terra, "mas não converteu a todos". "O Espiritismo, ainda mais completo,
com raízes em todas as crenças, converterá a Humanidade".
Mais uma vez Jesus referia-se à reencarnação, quando anunciou a vinda do Consolador por não
poder dizer tudo àquela época, pois, seria ilusória tal promessa se os homens não pudessem viver
novamente, quando então teriam condições de compreender todo o seu ensino.
Segundo advento de Cristo
Anunciando seu retorno à Terra, terá Jesus se referido a volta em Espírito e não com um corpo
carnal, para "julgar o mérito e o demérito e dar a cada um segundo as suas obras". As palavras:
"Alguns há dos que aqui estão que não sofrerão a morte sem terem visto vir o Filho do homem no
seu reinado" parecem contraditórias, pois, não se realizaram naquela época. Demonstram falha de
registro ou por ocasião das traduções sucessivas. O princípio da reencarnação, assentado por
Jesus, explica racionalmente tais palavras, pois somente assim "alguns dos ali presentes",
reencarnados, poderiam ver o que ele anunciava.
Sinais precursores
A alegoria do fim dos tempos, composta de fortes imagens destinadas a impressionar e "tocar
fortemente aquelas imaginações pouco sutis", oculta grandes verdades, como a predição das
"calamidades decorrentes da luta suprema entre o bem e o mal", fé e incredulidade, a difusão do
Evangelho por toda a Terra, "restaurado na sua pureza primitiva", e depois o reinado do bem,
"que será o da paz e fraternidade universais". "Depois dos dias de aflição, virão os de alegria".
Falando de coisas futuras como que possíveis de presenciar, dando sinais de advertência que, se
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pode deduzir,"mostrar-se-ão no estado social e nos fenômenos mais de ordem moral do que
físico", só poderia se referir à presença, quando houver as transformações, como Espíritos
reencarnados, podendo mesmo "colaborar na sua efetivação".
Não sendo racional que Deus destruísse o mundo logo após entrasse "no caminho do progresso
moral", há que se entender que Jesus se refere ao fim do mundo velho, governado pelos
"preconceitos, pelo orgulho, pelo egoísmo, pelo fanatismo" e todas as paixões pecaminosas.
Vossos filhos e vossas filhas profetizarão
Tais palavras de Jesus referindo-se aos "últimos tempos", coincidem com o período do advento
do Espiritismo, onde a mediunidade espalhou-se por toda a Terra, revelando-se "em indivíduos de
todas as idades, de ambos os sexos e de todas as condições". Intensificou-se a "manifestação
universal dos Espíritos", iniciando-se período de regeneração e, por conseguinte, o fim do mundo
velho.
Juízo final
Não há juízo final, mas juízos gerais cada vez em que um planeta deve "ascender na hierarquia
dos mundos". Aqueles que se mantêm endurecidos no mal, não tendo acompanhado o progresso
moral dos demais habitantes, quando por ocasião da ascensão da Terra a um grau mais elevado
serão "exilados para mundos inferiores, como o foram outrora para a Terra os da raça adâmica,
vindo substituí-los Espíritos melhores". Jesus adiou a complementação de seus ensinamentos para
uma época posterior, em virtude de não possuírem os homens ao seu tempo "conhecimentos
astronômicos, geológicos, físicos, químicos, fisiológicos e psicológicos", explicando-se assim o
estabelecimento por seus apóstolos de dogmas que contrariam tais conhecimentos. O juízo final
"não se concilia com a bondade infinita do Criador", enquanto que o processo de emigração é
racional, justo e não privilegia ninguém. "Tais as conseqüências da pluralidade dos mundos e da
pluralidade das existências".
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CAPITULO XVIII - SÃO CHEGADOS OS TEMPOS
E, convenientemente, no último capítulo do livro, “São Chegados os Tempos”, é feito um estudo
da questão relevante da transição planetária, tema de uma atualidade ímpar, discorrendo sobre a
necessidade de uma renovação da Humanidade, substituindo-se os espíritos ainda renitentes no
mal por outros que contribuirão, juntamente com os que permanecerem, para a elevação do nosso
planeta de mundo de provas e expiações a orbe regenerado, processo que se encontra em pleno
curso.
Sinais dos tempos
Nosso globo está, como todos os outros, sujeito à lei do progresso; progride "fisicamente, pela
transformação dos elementos que o compõem" e, de modo paralelo, "moralmente, pela depuração
dos Espíritos encarnados e desencarnados que o povoam"; quando a Humanidade se torna
"madura para subir um degrau, pode dizer-se que são chegados os tempos marcados por Deus".
As leis de Deus são imutáveis porque Seu pensamento "que em tudo penetra, é a força inteligente
e permanente que mantém a harmonia em tudo". O Universo é "um mecanismo imensurável"
onde atuam incontáveis inteligências subordinadas ao Criador, sob Suas vistas e de acordo com a
grande lei de unidade.
Inicia-se para os homens o período em que deverão fazer "que entre si reinem a caridade, a
fraternidade, a solidariedade, que lhes assegurem o bem-estar moral". Para tanto é necessário,
mais que inteligência, a elevação do sentimento, com a destruição do egoísmo e do orgulho que
ainda subsiste. "Trata-se de um movimento universal a operar-se no sentido do progresso moral".
Tal movimento causará luta de ideias e não cataclismos materiais. As transformações da
Humanidade podem ocorrer de modo gradual, perceptíveis somente após épocas consecutivas, ou
mediante crises penosas, dolorosas, que "arrebatam consigo as gerações e instituições, mas são
sempre seguidas de uma fase de progresso material e moral". Há mais de dois séculos ocorre esse
trabalho de transformação do mundo dos encarnados, com a interação dos desencarnados, "até
que haja outra vez estabilizado em novas bases", quando estarão mudados os costumes, caráter,
leis, crenças, "numa palavra: todo o seu estado social".
Os astros influenciam uns aos outros durante seu movimento de translação pelo espaço,
podendo causar perturbações que coincidam "pelo encadeamento e a solidariedade das causas e
dos efeitos" com os "períodos de renovação da Humanidade", causando fenômenos como
tremores de terra e flagelos diversos, sendo interpretados pelos ignorantes como "sinais no céu".
Encontra-se portanto a Humanidade num período de crescimento moral, chegando ao estado
adulto, onde a razão amadurece e lhe dá consciência de um destino mais amplo além das
limitações da vida corpórea; perscruta o passado e projeta-se no futuro "a fim de descobrir num e
noutro o mistério da sua existência e de adquirir uma consoladora certeza".
O Espiritismo "abre à Humanidade uma estrada nova e lhe desvenda os horizontes do infinito".
Leva à certeza na imortalidade da alma, a alternância entre a vida espiritual e a corpórea para a
realização do progresso até chegar à perfeição, muito mais digna da justiça do Criador,
evidenciando a aberração do pensamento materialista que circunscreve a vida humana em apenas
uma existência. Prega a fraternidade assentada na fé racional, ou seja, nos princípios
fundamentais: Deus, alma, futuro, progresso individual indefinido, perpetuidade das relações entre
os seres.
O progresso intelectual já alcançado representa "uma primeira fase no avanço geral da
Humanidade", porém a felicidade na Terra somente ocorrerá com o progresso moral, pois,
"enquanto o orgulho e o egoísmo o dominarem, o homem se servirá da sua inteligência para
satisfazer às suas paixões e aos seus interesses pessoais". Então cairão por terra "as barreiras que
separam os povos", os antagonismos de seitas, e os homens aprenderão a viver como irmãos
unidos numa mesma crença - "fundamento mais sólido da fraternidade universal". Sinais desta
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transformação já são evidentes com a criação de inúmeras "instituições protetoras, civilizadoras e
emancipadoras" propiciando reformas que se consolidarão à medida de uma "predisposição moral
mais generalizada", com a predominância da "caridade, fraternidade, benevolência para com
todos". A aceitação às ideias espiritualistas em detrimento das materialistas é outro sinal que vem
refletir "a necessidade de respirar um ar mais vivificante".
O Espiritismo nasceu no exato momento em que a Humanidade se encontrava cansada da
dúvida e da incerteza sendo acolhido pelos homens progressistas "como âncora de salvação e
consolação suprema". A velha geração materialista cede lugar à geração nova, cuja madureza
promoverá a renovação social, cabendo ao Espiritismo, com sua tendência progressista e poder
moralizador, secundar tal movimento de regeneração.
A geração nova
"A Terra, no dizer dos Espíritos, não terá que transformar-se por meio de um cataclismo que
aniquile de súbito uma geração". Cada um dos Espíritos "ainda não tocados pelo bem", ao
desencarnarem, serão encaminhados a mundos inferiores ou reencarnarão em "raças terrestres
ainda atrasadas, equivalentes a mundos daquela ordem", cabendo-lhes transmitir seus
conhecimentos a fim de fazê-los avançar. A ordem natural das coisas não será afetada, pois, cada
Espírito expurgado será substituído por "um mais adiantado e propenso ao bem". Estando numa
época de transição, assistimos ao choque das ideias entre a nova geração, à qual cabe "fundar a
era do progresso moral", (cujas características são: inteligência e razão precoces, "sentimento
inato do bem e a crenças espiritualistas"; tendo já progredido, assimilam todas as ideias
progressistas) e a velha geração, composta de Espíritos atrasados, revoltados contra Deus,
negando-se a "reconhecer qualquer poder superior aos poderes humanos", com propensão
instintiva às paixões degradantes, ao orgulho, inveja, ciúme, sensualidade, cupidez, avareza.
Sendo tais vícios "incompatíveis com o reinado da fraternidade", terá a Terra que ficar livre
deles, para que os homens caminhem para "o futuro melhor que lhes está reservado". Alguns dos
Espíritos retardatários, entretanto, ao retornar ao mundo espiritual individualmente ou de forma
coletiva, e sob a influência de "Espíritos benévolos que por eles se interessam", se modificam,
passando a estar em condições de reencarnar na Terra "com ideias inatas de fé", encontrando já
um meio mais propício ao desenvolvimento de suas faculdades. Com a modificação das
disposições morais, opera-se, portanto a regeneração da Humanidade, mesmo não havendo a
renovação integral dos Espíritos. Portanto, nem sempre os que voltam são novos Espíritos; podem
tratar-se dos mesmos, porém com pensamentos e sentimentos modificados.
Após grandes choques que dizimam as populações, observam-se modificações que tendem a
alterar "profundamente as ideias de um povo ou de uma raça", pela ativação do "movimento
progressivo dos Espíritos encarnados e desencarnados". Presentemente (Obs: A Gênese de Kardec
foi publicada em 1.868) opera-se "um desses movimentos gerais, destinados a realizar uma
remodelação da Humanidade".
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Apostila Resumo "A Gênese" - Sociedade Espírita Allan Kardec