UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA – UNAMA CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE – CCBS CURSO DE FISIOTERAPIA Amanda Gonçalves Machado Vívian Duarte dos Anjos ANÁLISE DO ÍNDICE DE CAPACIDADE PARA O TRABALHO EM FUNCIONÁRIOS DA GERÊNCIA DE ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL DA FUNDAÇÃO SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DO ESTADO DO PARÁ. Belém – PA 2009 Amanda Gonçalves Machado Vívian Duarte dos Anjos ANÁLISE DO ÍNDICE DE CAPACIDADE PARA O TRABALHO EM FUNCIONÁRIO DA GERÊNCIA DE ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL DA FUNDAÇÃO SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DO ESTADO DO PARÁ. Trabalho de conclusão de curso apresentado à Universidade da Amazônia para obtenção do grau de bacharel em Fisioterapia. Orientadora: Profª. Ms. Lucieny da Silva Pontes. Belém – PA 2009 Amanda Gonçalves Machado Vívian Duarte dos Anjos ANÁLISE DO ÍNDICE DE CAPACIDADE PARA O TRABALHO EM FUNCIONÁRIO DA GERÊNCIA DE ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL DA FUNDAÇÃO SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DO ESTADO DO PARÁ. Trabalho de conclusão de curso apresentado à Universidade da Amazônia para obtenção do grau de bacharel em Fisioterapia. Orientadora: Profª. Ms. Lucieny da Silva Pontes. Banca Examinadora 1. __________________________________ 2. __________________________________ Apresentado em: _____/______/________ Conceito: __________________________ Belém – PA 2009 AGRADECIMENTOS À Deus, por guiar nossos caminhos. Aos nossos pais, pela oportunidade, incentivo, dedicação e apoio incondicionais. Aos nossos irmãos, pela cumplicidade e apoio. À nossa orientadora Profª. Ms. Lucieny da Silva Pontes, pela sabedoria e ética. À Vanderlúcia Ponte, pela contribuição na pesquisa desse trabalho. Ao estatístico Alex dos Santos, pela colaboração na análise dos dados. Ao Magnífico Reitor Antônio Vaz, por sua dedicação à educação e a Universidade da Amazônia. Ao Diretor do CCBS Alexandre Théo, por apresentar esse centro perante a Instituição. Ao Coordenador do curso José Wagner, pela sua dedicação para o crescimento do curso. À todos que direta ou indiretamente contribuíram para a realização dessa pesquisa. E, em especial, aos trabalhadores da Gerência de Assistência Nutricional da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará, pela colaboração e disposição em participarem do estudo. RESUMO Introdução: as questões relacionadas à capacidade para o trabalho vêm sendo muito abordadas nos estudo acerca da saúde do trabalhador, pois com o aumento da longevidade há uma preocupação constante com o envelhecer ativamente, com capacidade para o trabalho. Objetivo: analisar o índice de capacidade para o trabalho em funcionários da Gerência de Assistência Nutricional (GAN) da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará (FSCMP). Materiais e Método: trata-se de um estudo observacional, prospectivo e do tipo transversal, com 74 funcionários da GAN da FSCMP realizado no ano de 2009. Foi utilizado o índice de capacidade para o trabalho (ICT) que permite a avaliação da capacidade para o trabalho, a partir da percepção do próprio trabalhador. As associações entre as variáveis foram analisadas por meio do teste qui-quadrado, análise da prevalência e da mediana. Resultados: foram entrevistados 74 trabalhadores dos quais 23,9% apresentaram ótima capacidade para o trabalho; 54,3% boa; 21,7% moderada; e 0% baixa. A população estudada foi composta principalmente por mulheres (62,2%) e a faixa etária de maior prevalência foi a de 30 a 39 anos. A doença de maior ocorrência foi a lesão músculo-esquelética com o relato de 48,5% dos funcionários. Conclusão: os trabalhadores GAN apresentaram em sua maioria uma boa capacidade para o trabalho. Assim, medidas de promoção à saúde do trabalhador e a análise periódica do ICT são fundamentais para que a perda da capacidade possa ser detectada e tratada precocemente. ABSTRACT Introduction: issues related to work ability have been widely covered in the study about the worker’s health because with increasing longevity there is a constant concern with get old actively with work ability. Objective: analyze the work ability index of the workers at Department of Nutritional Assistance (GAN) on Santa Casa de Misericórdia do Pará (FSCMP). Materials and Methods: this is an observational, prospective and crosssectional study, with 74 workers of GAN on FSCMP realized in 2009. The work ability index was used to permit analyze the work ability from the perception of worker. The associations between variables were analyzed using the chi-square and analysis of prevalence and the median. Results: We interviewed 74 workers of which 23.9% had great capacity for work, 54.3% good, 21.7% moderate, and 0% low. The studied population was composed principally of women (62.2%) and the age group with had the highest prevalence was 30 to 39 years. The musculoskeletal injury was the disease which had the most frequent occurrence with 48.5% of worker’s report. Conclusion: GAN workers had mostly good work ability. So measures to promote worker’s health and regular review of ICT are the key to loss ability can be detected and treated early. LISTA DE FIGURA Figura 1: Mediana, primeiro quartil (1Q) e terceiro quartil (3Q) das sete dimensões que compõem o ICT ...............................................................................................................47 LISTA DE QUADROS Quadro 1: Características gerais da amostra....................................................................73 Quadro 2: Escores das respostas do ICT .........................................................................39 Quadro 3: Prevalência de outras doenças em funcionários da GAN da FSCMP ............43 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Distribuição da variável sexo em funcionários da GAN da FSCMP ..............41 Tabela 2: Distribuição da variável idade em funcionários da GAN da FSCMP .............42 Tabela 3: Prevalência de doenças músculo-esqueléticas em funcionários da GAN da FSCMP ............................................................................................................................42 Tabela 4: Região do corpo acometida por doenças músculo-esquléticas .......................42 Tabela 5: Níveis de absenteísmo em funcionários da GAN da FSCMP .........................44 Tabela 6: Classificação do índice de capacidade para o trabalho nos funcionários da GAN da FSCMP ..............................................................................................................44 Tabela 7: Avaliação do nível de capacidade para o trabalho conforme o sexo de funcionários da GAN da FSCMP ....................................................................................45 Tabela 8: Avaliação do nível de capacidade para o trabalho conforme a idade de funcionários da GAN da FSCMP ...................................................................................45 Tabela 9: Avaliação do nível de capacidade para o trabalho conforme a escolaridade de funcionários da GAN da FSCMP ....................................................................................46 Tabela 10: Estatística descritiva das sete dimensões que compõem o ICT ....................46 LISTA DE SIGLAS DORT – Distúrbio Osteomuscular Relacionado ao Trabalho. GAN – Gerência de Assistência Nutricional. GST – Gerência de Saúde do Trabalhador. ICT – Índice de Capacidade para o Trabalho. MPAS – Ministério do Planejamento e Assistência Social. SUS – Sistema Único de Saúde. UNAMA – Universidade da Amazônia. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ..........................................................................................................21 2. OBJETIVOS ...............................................................................................................24 3. REFERENCIAL TEÓRICO .......................................................................................25 3.1 SAÚDE OCUPACIONAL ..............................................................................25 3.2 SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE E MEDIDAS DE ATENÇÃO A SAÚDE DO TRABALHADOR .......................................................................................................29 3.3 AMBIÊNCIA HOSPITALAR .........................................................................32 3.4 ÍNDICE DE CAPACIDADE PARA O TRABALHO ....................................34 4. MATERIAIS E MÉTODO .........................................................................................37 4.1 TIPO DE ESTUDO .........................................................................................37 4.2 LOCAL ............................................................................................................37 4.3 DESCRIÇÃO DA AMOSTRA .......................................................................37 4.4 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO .........................................................................38 4.5 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO ........................................................................38 4.6 MATERIAIS ...................................................................................................38 4.7 MÉTODO ........................................................................................................38 4.7.1 Procedimento de Avaliação.......................................................................39 4.8 ETAPAS DO ESTUDO ..................................................................................41 4.9 ANÁLISE ESTATÍSTICA ..............................................................................41 4.10 REDAÇÃO ......................................................................................................41 5. RESULTADOS ..........................................................................................................42 6. DISCUSSÃO ..............................................................................................................49 7. CONCLUSÕES ..........................................................................................................53 REFERÊNCIAS ..............................................................................................................54 ANEXOS .........................................................................................................................59 APÊNDICES ...................................................................................................................76 21 1. INTRODUÇÃO A partir do início dos anos 90, as questões relativas à capacidade para o trabalho vêm sendo abordadas em estudos sobre a saúde do trabalhador, em função de suas implicâncias individuais, sociais e econômicas (MARTINEZ; LATORRE, 2006; MARTINEZ et al., 2009). O conceito de capacidade para o trabalho é um processo dinâmico que sofre grandes mudanças, em função de várias razões, sendo o envelhecimento um dos principais fatores geradores destas, afetando diretamente os recursos humanos (ILMARINEM, 2009). Para Martinez et al. (2009, p. 3) a definição conceitual de capacidade para o trabalho é expresso como “quão bem está, ou estará, um (a) trabalhador (a) presentemente ou em um futuro próximo, e quão capaz ele ou ela podem executar seu trabalho em função das exigências, de seu estado de saúde e capacidades físicas e mentais”. Segundo Duran e Cocco (2004) a alteração na faixa etária da população do Brasil e a expectativa de vida, em conjunto com as desigualdades sociais, as precárias condições de trabalho e a precária qualidade de vida, demonstram a importância do estudo sobre o envelhecimento e a capacidade para o trabalho. Tem sido reconhecido na literatura que a maioria dos trabalhadores experimentam uma perda na capacidade para o trabalho com o envelhecimento, sobretudo, se não forem tomadas medidas preventivas para a manutenção dessa capacidade. O impacto dessa perda pode ser maior ou menor, dependendo do contexto funcional desses trabalhadores e de seus repertórios sociocognitivos (WALSH et al., 2004). Segundo Martinez et al. (2009) trabalhadores com a capacidade para o trabalho comprometida apresentam maior absenteísmo do que os demais. Em 2003, os gastos da Previdência Social com o pagamento de benefícios acidentários e aposentadoria especial totalizaram cerca de 8,2 bilhões de reais. Entretanto, os valores são estimados e se referem apenas ao setor formal de trabalho (BRASIL, 2004). Para cada real gasto com o pagamento de benefícios previdenciários, a sociedade paga quatro reais, incluindo gastos com saúde, horas de trabalho perdidas, reabilitação 22 profissional, custos administrativos, dentre outros. Esse cálculo eleva a um custo total para o país de aproximadamente 33 bilhões de reais por ano (BRASIL, 2004). Em 1997, com a tradução do questionário índice de capacidade para o trabalho (ICT) para a língua portuguesa, iniciaram-se no Brasil os estudos sobre a capacidade para o trabalho e envelhecimento funcional. O ICT permite avaliar a capacidade para o trabalho segundo a percepção do próprio trabalhador, levando em consideração as demandas físicas e mentais, além dos recursos e condições de saúde a fim de detectar alterações precocemente, para fornecer informações buscando medidas preventivas (MARTINEZ; LATORRE, 2006; MARTINEZ et al., 2009). Dessa forma, fazem-se necessárias medidas de prevenção da perda precoce da capacidade para o trabalho, de promoção da saúde do trabalhador e de intervenção dos quadros de declínio comprovado (DURAN; COCCO, 2004). É sabido que a prevenção é a melhor maneira de se ter uma vida adequada, por meio do aumento da saúde e da qualidade de vida. No que diz respeito à prevenção é fundamental a adoção de uma estratégia multiprofissional junto à população, a fim de se alcançar o sucesso no processo de prevenção contra as doenças hipocinéticas. (ALEXANDRE et al., 2003). Sendo assim, este projeto faz parte de uma iniciativa interinstitucional (Universidade da Amazônia – UNAMA e Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará – FSCMP) por meio do “Projeto Ciranda: cuidar de quem cuida” que tem a finalidade de instituir medidas de prevenção, promoção e reabilitação em saúde para os funcionários da FSCMP. Por meio dos dados iniciais fornecidos pelos responsáveis pelo Projeto Ciranda, cedidos pela Gerência de Saúde do Trabalhador (GST) identificou-se de um total de 2.469 trabalhadores da FSCMP os registros de 5.594 dias não trabalhados no período de Janeiro a Dezembro de 2008, sendo que o setor em que se observa um índice de absenteísmo em maior escala é a Gerência de Assistência Nutricional (GAN) correspondendo a 40% da totalidade de funcionários. Segundo dados fornecidos pela instituição, as situações que ocorrem com mais frequência e que são relatadas como causas de absenteísmo no trabalho são: a gastroenterite, pessoa em boa condição acompanhando doente e hipertensão essencial. Identificou-se também, que os maiores 23 números de solicitações de relotações são provenientes do setor da GAN, correspondendo a 22% dos pedidos de mudança do setor. Diante dos agravos identificados e considerando as recomendações do plano nacional da política de saúde do trabalhador de atenção integral e humanizada à saúde, identificaram-se no setor da GAN da FSCMP justificativas necessárias para que haja uma análise do índice de capacidade para o trabalho desses funcionários. Dessa forma, esse projeto tem a pretensão de analisar o perfil da capacidade para o trabalho dos funcionários da GAN da FSCMP, a fim de identificar como se encontra a sua capacidade atual e em um futuro próximo. 24 2. OBJETIVOS Objetivo geral: • analisar o índice de capacidade para o trabalho em funcionários da Gerência de Assistência Nutricional (GAN) da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará (FSCMP). Objetivos específicos: • verificar o sexo e a faixa etária que são mais acometidos; • identificar as doenças mais frequentes; • verificar a área corporal mais atingida; • identificar o índice de absenteísmo; • formar um banco de dados na área de prevenção e tratamento às doenças do trabalhador; • analisar o perfil da população investigada em relação aos riscos ocupacionais; • traçar o prognóstico sobre a capacidade para o trabalho atual e em um futuro próximo dos funcionários da GAN da FSCMP. 25 3. REFERENCIAL TEÓRICO 3.1 SAÚDE OCUPACIONAL Rocha et al. (2007) definem o trabalho como uma atividade que forma o ser social, pois é por meio dele que o homem constrói a sua cultura, os seus valores e mantém suas relações sociais. Sendo assim, ele deve ser prazeroso e, também, promover crescimento ao ser humano. O trabalho tem sido estudado como um dos fatores mais importantes do processo saúde-doença, dadas às relações sociais de produção. Assim, a saúde do trabalhador pode ser definida como o processo saúde-doença dos grupos humanos em sua relação com o trabalho, buscando o controle sobre as condições e os ambientes de trabalho para torná-los mais saudáveis. Com isso, a saúde do trabalhador surge como uma prática social instituinte e instituída dentro de determinado modo de produção (OLIVEIRA; MUROFUSE, 2001). Segundo Camarano e Pasinato (2008) a preocupação com a saúde do trabalhador não surgiu atualmente e, sim, com o início do processo de industrialização em decorrência de jornadas de trabalho excessivas, condições de trabalho precárias e do grande número de acidentes. Inúmeras medidas e leis foram criadas no sentido de aperfeiçoar a relação saúde trabalho, mas o desenvolvimento dos modos de produção não contribuiu da mesma maneira para minimizar os acidentes ou enfermidades relacionadas ao trabalho (MARTINEZ et al., 2009). Sabe-se que nos dias de hoje a população em geral vem sendo acometida por uma série de doenças tais como: a obesidade, a diabetes mellitus, a hipertensão arterial, dentre outras. Todavia, a maioria destas doenças ocorre em função do novo estilo de vida imposto ao ser humano mediante as tensões e excessos no trabalho, a má alimentação, o estresse e a falta de prática de atividades físicas. Dentre as doenças que representam agravos à saúde pública estão as afecções decorrentes do trabalho. Elas apresentam importância crescente em diversas categorias profissionais, apresentando diferentes manifestações clínicas. Os riscos de saúde a que são expostos os trabalhadores variam de acordo com a sua ocupação, a estrutura econômica, o nível de industrialização, as condições climáticas, 26 o estágio de desenvolvimento e o apoio dado pela instituição mediante a Medicina do Trabalho (CAMARANO; PASINATO, 2008). Segundo Santos et al. (2007) a empresa deve estar atenta às necessidades tanto físicas quanto psicológicas dos funcionários que nela estão inseridos. Deve-se levar em consideração alguns pontos, tais como: o ambiente de trabalho, as relações interpessoais, a saúde, a segurança e o nível de estresse, estando atenta a essas necessidades, a fim de identificar as falhas e desenvolver soluções e melhorias. Alguns fatores podem prejudicar o bom desempenho no trabalho: as cargas físicas e mentais do trabalho, fatores ergonômicos, fatores psicológicos, fatores psicosociais e o estresse ocupacional. As cargas físicas e mentais do trabalho, em conjunto com as características do trabalhador resultam em desgaste, podendo gerar diminuição da capacidade para o trabalho e o aparecimento de doenças (MARTINEZ et al., 2009). Ilmarinem (2001) relata que as mudanças na capacidade física para o trabalho tem quase sempre se concentrado no sistema cardiovascular, musculoesquelético e sensorial, enquanto que as mudanças mais importantes na capacidade mental estão relacionada à diminuição da precisão e velocidade de percepção. Além de serem um risco a saúde do trabalhador os fatores ergonômicos, psicológicos e psicossociais individualmente ou combinados podem gerar a redução do bem estar, bem como da produtividade do trabalhador (CAMARANO; PASINATO, 2008). Marqueze e Moreno (2009) apud Codo (1999, p. 3) “sugerem que o trabalho tenha um papel na estruturação do indivíduo e na deflagração de prazer e sofrimento. Com isso, os problemas resultantes do sofrimento psíquico nas organizações são responsáveis por boa parte dos afastamentos do trabalho”. A satisfação no trabalho e a capacidade para o trabalho constituem fatores essenciais para os trabalhadores. Uma maior satisfação no trabalho, sem ansiedade e sem medo faz com que o trabalhador sinta prazer em suas atividades laborais e mostre atitudes positivas de enfrentamento a vida. O estresse ocupacional prejudica a saúde do trabalhador tanto no seu estilo de vida como no contexto de seu trabalho. Os níveis de tensão, de angustia e de ansiedade, 27 acarretam insatisfação no trabalho, abandono das tarefas, mudanças frequentes de emprego e outros problemas de saúde, levando ao aumento dos níveis de absenteísmo e afastamentos, afetando a prestação de serviço e a qualidade do cuidado oferecido (SESSA et al., 2008). De acordo com Camarano e Pasinato (2008) as doenças ocupacionais variam conforme a idade dos trabalhadores. Os mais jovens estão mais predispostos a acidentes, alergias ou doenças infecciosas, enquanto que entre os trabalhadores com mais de 55 anos de idade, as doenças cardiovasculares e as neoplasias aparecem com mais frequência. Índices significativos acerca da mortalidade e do surgimento de doenças em profissionais da saúde cada vez mais jovens apontam para a urgência de medidas de ordem preventivas (SESSA et al., 2008). Segundo o Ministério da Previdência Social entre Outubro de 2008 e Janeiro de 2009, os distúrbios relacionados ao trabalho (DORT) juntamente com os transtornos mentais, foram os principais motivos de afastamento temporário dos trabalhadores. Dentre os mais atingidos estão os trabalhadores de linha de montagem e produção, trabalhadores de confecções, indústrias alimentícias, digitadores, entre outros (O GIRASSOL, 2009). No Brasil e na maior parte dos países industrializados as DORT são responsáveis pela maior parte dos afastamentos e pelos custos com pagamentos de indenizações (WALSH et al., 2004). Em função de problemas relacionados a saúde dos trabalhadores, estima-se uma perda na produção mundial de 10% a 20% anualmente. Cerca de 2,2 milhões de trabalhadores morrem anualmente por acidentes ou doenças de trabalho no mundo. Aproximadamente 30% dos desempregados apresentam sintomas provenientes dos acidentes de trabalho e doenças ocupacionais (CAMARANO; PASINATO, 2008). Costa et al. (2009) destacam a importância de registrar as causa do absenteísmo para que se obtenha dados que contribuam para o conhecimento de suas causas e dimensões a fim de propor soluções para este problema. O absenteísmo é definido como a ausência do empregado ao trabalho e decorre de vários fatores, tais como: socioculturais, fatores de trabalho, de personalidade e de doenças. Suas causas nem sempre estão no trabalhador e sim na empresa, por meio da 28 desmotivação, das condições desfavoráveis do ambiente e do trabalho, e de uma direção que não vise uma política prevencionista e humanista (SILVA; MARZIALE, 2000). Dessa forma, o trabalhador busca maneiras de compensar o sofrimento, optando pela fuga ao trabalho que pode ocorrer por meio de atestados, licenças médicas ou faltas injustificadas, trazendo problemas não só para os próprios trabalhadores, mas também para as empresas em que estão inseridos. Sendo assim, o absenteísmo pode influenciar tanto na saúde, quanto nas condições de vida e trabalho do trabalhador (COSTA et al., 2009). Andrade e Monteiro (2007) destacam a importância da relação trabalho-saúde, a fim de que sejam implantadas medidas de promoção a saúde com o objetivo de preservar a capacidade para o trabalho, mantendo a qualidade de vida dentro e fora do mesmo. A capacidade para o trabalho é definida como a habilidade do trabalhador para realizar seu trabalho, levando em conta as demandas específicas do trabalho, condições de saúde individual, recursos mentais e a vida de trabalho, podendo ser considerada um componente importante do conceito mais amplo de empregabilidade (CHIU et al., 2007) O declínio na capacidade para o trabalho reflete em doenças e sintomas, no declínio da capacidade funcional, na aposentadoria por invalidez ou precoce, e frequentemente na mortalidade antes da idade de aposentadoria. Salienta-se que a promoção da saúde no trabalho é um dos aspectos fundamentais na manutenção da capacidade para o trabalho (DURAN; COCCO, 2004). Assim, o Brasil vivencia o processo de transição demográfica caracterizado pelo aumento do número de pessoas que estão envelhecendo, ocasionando um envelhecimento da população e da força de trabalho. Este processo vivenciado por muitos países é consequência da diminuição das taxas de natalidade, mortalidade e das doenças infecciosas, aumentado assim, a esperança de vida desses indivíduos (ANDRADE; MONTEIRO, 2007). Com o processo de envelhecimento da população trabalhadora, as questões relativas ao envelhecimento funcional vêm constituindo uma prioridade no campo da saúde do trabalhador. A capacidade para o trabalho tornou-se um importante indicador por abranger aspectos relativos à saúde física, bem-estar psicossocial, competência individual e condições do trabalho (MARTINEZ et al., 2009). Assim, 29 busca-se envelhecer com uma perspectiva de manutenção da funcionalidade para o trabalho. A promoção da capacidade para o trabalho tem sido considerada uma maneira positiva para diminuir a incapacidade para o trabalho e a aposentadoria precoce (TUOMI et al., 2001). A manutenção da capacidade para o trabalho envolve condições de saúde e de trabalho adequadas. Dessa forma, isso se traduzirá em uma melhor qualidade de vida dentro e fora do trabalho, numa maior produtividade e num período de aposentadoria mais proveitoso, além de diminuir custos e gastos com o setor público de saúde e de previdência social (ANDRADE; MONTEIRO, 2007). Em 2007, foram registrados 653.090 acidentes e doenças de trabalho entre os trabalhadores assegurados da Previdência Social. Entre esses registros contabilizou-se 20.786 doenças relacionadas ao trabalho, sendo que parte desses acidentes e doenças tiveram como consequência 580.592 trabalhadores afastados devido a incapacidade temporária, 8.504 trabalhadores por incapacidade permanente e o óbito de 2.804 trabalhadores (BRASIL, 2008). Assim, é de extrema importância estudos que busquem analisar o índice de capacidade para o trabalho para que medidas preventivas tais como a implantação de um programa de ginástica laboral e informações acerca da adoção de uma postura correta no ambiente de trabalho, possam ser tomadas antes de se instalarem doenças ou incapacidades relacionadas ao trabalho. 3.2 SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE E MEDIDAS DE ATENÇÃO A SAÚDE DO TRABALHADOR A legislação atual é um acontecimento importante que marca a união da saúde, trabalho e meio ambiente, buscando o controle social por meio da municipalização e dos avanços democráticos que sugerem a criação do Sistema Único de Saúde (SUS) (VILELA et al., 2001). A lei nº 8.080 de 19 de Setembro de 1990 dispõe sobre as condições para a promoção, a proteção e a recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes, sendo a saúde um direito de todos e dever do estado garantí-la 30 por meio de políticas econômicas e sociais, objetivando a redução dos riscos de doenças (BRASIL, 2008). De acordo com o artigo 4º da mesma lei, o SUS constitui-se do conjunto de ações e serviços de saúde realizados por instituições públicas federais, estaduais e municipais, da administração direta e indireta e das organizações mantidas pelo poder público. O SUS é um sistema atuante na identificação dos fatores determinantes da saúde, na assistência à pessoas por meio de ações que visem a promoção, a proteção e a recuperação da saúde e a execução de ações no campo da saúde do trabalhador (BRASIL, 2008). Com a criação do SUS muito se avançou com o compromisso de cuidar, prevenir, proteger, tratar, recuperar e promover a saúde, porém o processo de construção do SUS demanda urgência em soluções para novas questões bem como atenção para problemas antigos, até então pouco valorizados (BRASIL, 2008). A promoção à saúde é compreendida como o conjunto de ações desenvolvidas pela população, pelos servidores de saúde, autoridades sanitárias e outros setores sociais e produtivos (VILELA et al., 2001). No entanto, a insuficiência de investimentos na área da saúde tem provocado uma sobrecarga do trabalhador exigindo um aumento no ritmo de trabalho e na quantidade de tarefas realizadas, visto que o número de funcionários não corresponde ao aumento das demandas. Essa realidade é vivenciada pelos serviços de atenção à saúde, incluindo não só trabalhadores da área da saúde como médicos e enfermeiros, mas também trabalhadores de setores de apoio dos hospitais, como serviços gerais, administrativos, nutricionais, entre outros, impactando de forma negativa na saúde dos mesmos (ROCHA et al., 2007). Problemas que dificultam o processo de humanização, tais como a desvalorização dos trabalhadores de saúde, as relações de trabalho precárias e a pouca participação do trabalhador na gestão, permanece privando o usuário do acesso com qualidade aos serviços e aos bens de saúde. A participação do trabalhador nesse processo dignifica o trabalho, sendo elemento fundamental para uma política de atenção inclusiva, humanizada, integral e contínua (BRASIL, 2008). O processo de humanização em sua concepção refere-se à política de democratização das relações de trabalho e a valorização do profissional de saúde como 31 elementos primordiais para o seu êxito, estimulando dessa forma o processo de educação permanente em saúde, o que contradiz com o atual modelo de gestão do SUS, que se dá de forma centralizada e verticalizada, excluindo o trabalhador de ser participante nesse processo (BRASIL, 2004; BRASIL, 2008). A humanização refere-se à troca de saberes entre profissionais, usuários, familiares e comunidade, que tem como instrumentos irrelevantes os meios para a comunicação, a consolidação das equipes e a educação permanente dos profissionais que tornam as políticas de educação permanente e de humanização distintas. Assim, pensar em re-qualificar e preparar continuamente os funcionários são elementos cruciais para uma política de atenção inclusiva, humanizada, integral e contínua (BRASIL, 2008). Outro ponto importante do processo de humanização é cuidar do trabalhador da saúde. As particularidades da ambiência na saúde vêm recebendo atenção especial nos últimos anos (BRASIL, 2004). Desse modo, espera-se com essa política de democratização, o aumento do grau de comunicação intra e intergrupos, a transformação do modo de relação e comunicação entre os trabalhadores da saúde, assumindo compromissos com a qualificação da ambiência, melhorando as condições de trabalho, para assim diminuir o descontentamento, a desvalorização, o adoecimento e o absenteísmo do servidor da saúde. Os trabalhadores que se sentem valorizados e dignificados terão melhores condições de atender ao usuário de forma mais humanizada (BRASIL, 2008). Assim, o Projeto Ciranda: “cuidar de quem cuida” tem a pretensão de promover uma política humanizada centrada em três eixos: 1) extensão - humanização, promoção, prevenção e reabilitação da saúde; 2) ensino – educação permanente; 3) pesquisa em saúde e ambiente. No eixo da humanização pretende-se desenvolver ações que favoreçam melhor ambiência no trabalho, redução do estresse, acolhimento e melhoria nas relações interpessoais. No campo da promoção, prevenção e reabilitação da saúde espera-se melhorar as condições de vida do trabalhador, adequando as condições do ambiente de trabalho visando melhorias funcionais e, ainda, sensibilizando-o para ações de cuidados preventivos e promocionais durante o processo de trabalho. Já no eixo de ensino, pretende-se instituir metodologias de aprendizado com a participação de tutores e 32 facilitadores do ensino para a capacitação de professores, funcionários da FSCMP e alunos, a fim de promover palestras, seminários, oficinas, entre outros. O último eixo é destinado ao campo da pesquisa, cujos componentes em destaque são inicialmente avaliar a qualidade de vida do trabalhador e identificar as alterações funcionais e os grupos de risco. Este projeto encontra-se centralizado no eixo da pesquisa, a fim de que se possa formar um banco de dados para que posteriormente sejam implantadas medidas de prevenção, promoção e reabilitação em saúde, que serão realizadas pelo Projeto Ciranda. 3.3 AMBIÊNCIA HOSPITALAR A área hospitalar apresenta maior variedade de riscos de acidentes e doenças ocupacionais, em relação às demais atividades de saúde. As análises das condições de trabalho do trabalhador hospitalar revestem-no de características específicas, pois além de se relacionar com a doença e com a morte, é parte de um sistema que assegura a continuidade da produção e determina a quebra da continuidade no trabalho realizado individualmente (OLIVEIRA; MUROFUSE, 2001). Oliveira e Murofuse (2001) buscando demonstrar os riscos inerentes ao desenvolvimento das atividades de copa e cozinha em ambiente hospitalar ressaltaram condições importantes tais como: a exposição ao calor, o trabalho noturno, as máquinas e equipamentos sem proteção, os materiais inadequados ou defeituosos e a probabilidade de incêndio ou explosão. Segunda Rocha et al. (2007) as causas de adoecimento em trabalhadores de um serviço de nutrição estão relacionadas aos fatores internos do trabalho como as más condições, dentre as quais podemos destacar o ambiente, o trabalho repetitivo e pesado, a sobrecarga, os fatores da vida pessoal como problemas familiares, a dupla jornada de trabalho, doenças crônicas e a falta de recursos financeiros. A GAN é responsável pela produção de refeições, de dietas interais e pelo fornecimento destas aos pacientes internados, aos acompanhantes e aos funcionários. O espaço desta gerência é dividido em setores: estocagem, compreendendo as câmaras frigoríficas; cozinha geral, destinada à preparação dos alimentos em geral; lactário, onde é preparada a alimentação dos recém-nascidos; sala da chefia, destinada a área 33 administrativa; e sala dos nutricionistas, destinada para a elaboração das dietas alimentares. São em número de seis as refeições oferecidas: café da manhã, lanche da manhã, almoço, lanche da tarde, jantar e ceia. Aos acompanhantes são oferecidos somente o café, o almoço e o jantar. Em média, são produzidas na GAN 70.012 refeições diárias, sendo 27.771 para os funcionários e 42.241 para pacientes e acompanhantes. Estão envolvidos nessas atividades 99 funcionários admitidos por meio de um concurso público no ano de 2008, que são divididos em: 22 nutricionistas, 76 agentes de artes práticas (cozinheiro, copeiro, lactarista, pré-preparo de carnes, corte de hortifrutis, entre outros) e 1 assistente administrativo, sendo alguns desses trabalhadores contratados temporariamente. As condições do ambiente de trabalho na GAN da FSCMP apresentam tanto aspectos positivos tais como o uso de vestimenta, a utilização de materiais adequados e assentos no setor da cozinha geral, quanto aspectos negativos como a ausência de piso antiderrapante, o calor excessivo e as condições desfavoráveis para a higienização das panelas. Outro ponto importante dentro da GAN foi a adoção de medidas que visassem a interação entre os trabalhadores, tais como rodas de conversas e oficinas de humanização, pois nesse setor eram grandes os conflitos de relacionamento entre os funcionários. Martarello e Benatti (2009) por meio da análise da ocorrência de acidentes de trabalho em 86 funcionários do serviço de higiene e limpeza de um hospital público municipal de urgência em Campinas, verificaram em um ano cerca de 181 notificações. Verificou-se também que os setores de nutrição e lavanderia apresentavam riscos mais significativos e que as funções de maior exposição eram as de menor faixa salarial como atendente de enfermagem, cozinheiros e serventes. Fatores de risco tais como, a repetitividade de movimentos, o uso de força excessiva e posturas inadequadas são causas freqüentes de desordens músculo-esqueléticas. O serviço de higiene e limpeza de um hospital privado apresentou-se como o quinto setor em distribuição de acidentes, observando melhoria com a implantação de um programa de gestão pela qualidade (MARTARELLO; BENATTI, 2009). O trabalho em turnos vem ocorrendo com uma freqüência cada vez maior. Dessa forma, os trabalhadores são expostos a fatores perturbadores da saúde tais como 34 alterações do sono e alterações cardiovasculares, restringindo a vida social e familiar e maximizando doenças (MARTINS, 2002). Segundo Oliveira e Murofuse (2001) o conhecimento do trabalhador hospitalar em relação a sua saúde pode ser considerado como uma forma de atenção primária em saúde ocupacional, especificamente na abordagem acidente do trabalho e doenças profissionais. A intensificação do trabalho aliado às novas tecnologias e a instabilidade no emprego está diretamente relacionada à precariedade na organização do trabalho, ao descontentamento e desregulamentação dos direitos trabalhistas e sociais, tendo estes fatores uma relação direta com o processo de adoecimento do trabalhador. Rocha et al. (2007) por meio do estudo realizado em um serviço hospitalar de nutrição, relatou que o absenteísmo foi considerado elevado pelos nutricionistas do setor, sendo mais freqüente entre os trabalhadores que pertencem ao serviço público. A insatisfação com trabalho, as dores inespecíficas e os problemas emocionais são apontados como possíveis causas de ausências. Por outro lado, a relação contratual de vínculo efetivo do trabalhador admitido por concurso público, oferece certa estabilidade do emprego, podendo estar associado ao maior absenteísmo entre o grupo de nutricionista. Com base em dados estatísticos da GST da FSCMP de 2008, é possível constatar que a GAN é um dos setores em que mais se originam as solicitações de relotações e onde se observa um índice de absenteísmo em maior escala. 3.4 ÍNDICE DE CAPACIDADE PARA O TRABALHO Tuomi et al. (2005) propuseram um protocolo de avaliação, o ICT, que permite avaliar a capacidade para o trabalho a partir da percepção do próprio trabalhador, englobando a auto-avaliação do mesmo sobre sua saúde e capacidade para o trabalho. Esse protocolo é resultado de pesquisas anteriores desenvolvidas na Finlândia, como um apoio para manter a capacidade para o trabalho, destinado ao uso em serviços de Saúde Ocupacional. Esse instrumento foi traduzido para a língua portuguesa por Fisher permitindo diagnosticar a perda da capacidade para o trabalho precoce para que programas de prevenção, de manutenção e de promoção à saúde auxiliem na saúde ocupacional do trabalhador (DURAN; COCCO, 2004; MARTINEZ et al., 2009). 35 Os estudos sobre a capacidade para o trabalho no Brasil iniciaram com a tradução e adaptação do questionário ICT para a língua portuguesa, revelando o quão bem um trabalhador é capaz de realizar seu trabalho baseado nas respostas das várias questões que o compõem, que levam em consideração as demandas físicas e mentais do trabalho, o estado de saúde e capacidades (MARTINS, 2002; MARTINEZ et al., 2009). Com o auxílio do questionário, pode-se identificar em estágio precoce, trabalhadores e ambientes de trabalho que necessitem de medidas de apoio. Ele também pode ser utilizado a fim de prevenir o risco de incapacidade em um futuro próximo (TUOMI et al., 2005). Segundo Raffone e Hennington (2005) o ICT tem sido utilizado para identificar precocemente situações de perda da capacidade para o trabalho, além de auxiliar na prevenção de doenças, na manutenção da saúde do trabalhador e na melhoria da qualidade de vida no trabalho. Estudos recentes têm demonstrado que promover a capacidade para o trabalho diminui a incapacidade, e consequentemente, levam a aposentadoria precoce. No Brasil, pesquisas realizadas por Bellusci e Fischer (1999) avaliaram a capacidade para o trabalho associado às condições de trabalho de servidores de uma instituição judiciária federal. O resultado demonstrou a necessidade de medidas que objetivassem melhora nas condições de trabalho, a fim de garantir a permanência desses profissionais no exercício de suas atividades, evitando afastamentos precoces devido incapacidade. Duran e Cocco (2004) estudaram a capacidade para o trabalho de funcionários da enfermagem do Pronto Socorro de um Hospital Universitário, e concluíram que a associação do ICT com a exigência física e mental do trabalho, o absenteísmo devido a doenças, o sentir-se ativo e alerta, a idade e a realização das atividades rotineiras, revelaram-se estatisticamente significativas. Estudando o envelhecimento e a capacidade para o trabalho dos trabalhadores de higiene e limpeza hospitalar, Andrade e Monteiro (2007), mostraram que os funcionários com idade entre 50 e 60 anos obtiveram menor ICT e maior número de doenças, sendo as mais comuns as lesões por acidente e as doenças músculo-esqueléticas e cardiovasculares. 36 Metzner e Fischer (2001) demonstraram em seus estudos sobre a capacidade para o trabalho em funcionários de uma indústria têxtil, que o ICT mostrou-se maior em funcionários do período noturno. Por meio da análise de 69 trabalhadores de higiene e limpeza de um hospital universitário observou-se que 46,4% dos trabalhadores apresentavam o ICT comprometido (ANDRADE; MONTEIRO, 2007). Martinez e Latorre (2006) por meio do estudo da saúde e da capacidade para o trabalho em funcionários da área administrativa de uma empresa de auto-gestão de planos de saúde da cidade de São Paulo,verificaram que a maior parte da população estudada apresentava um ótima ou boa capacidade para o trabalho. Esse resultado favorável pode ter sido alcançado devido o conteúdo do trabalho desenvolvido pelos mesmos ser predominantemente mental, visto que trabalhadores com conteúdo mental de trabalho costumam ter sua capacidade para o trabalho preservada quando comparados com aqueles que desenvolvem um trabalho predominantemente físico. Dessa forma, a capacidade para o trabalho sofre influência de diversos fatores tais como o estilo de vida, processo de envelhecimento e exigências do trabalho. Entre os diversos fatores, a saúde é considerada como um dos principais determinantes da capacidade para o trabalho (MARTINEZ; LATORRE, 2006). Assim, foi analisada a capacidade para o trabalho dos funcionários da GAN da FSCMP por meio do questionário ICT (ANEXO II), a fim de saber como se encontra a capacidade para o trabalho desses funcionários atualmente e em um futuro próximo. 37 4. MATERIAIS E MÉTODO A pesquisa teve início após a aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará (ANEXO I), o aceite da instituição (Apêndice I) e o aceite da orientadora (Apêndice II). Os participantes da pesquisa assinaram o Termo de Consentimento Livre Esclarecido – TCLE (Apêndice III) para que assim todas as informações fornecidas pelos participantes em questão fossem preservadas no processo de análise. 4.1 TIPO DE ESTUDO Esta pesquisa é do tipo observacional, prospectivo e do tipo transversal. Foi analisado o índice de capacidade para o trabalho dos funcionários da Gerência de Assistência Nutricional (GAN) da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará. 4.2 LOCAL O presente estudo foi desenvolvido na Gerência de Assistência Nutricional (GAN) da FSCMP situada a Rua Oliveira Belo 395, CEP: 66050-380, Umarizal, Belém, Pará. 4.3 DESCRIÇÃO DA AMOSTRA A população investigada envolveu 74 funcionários dos 99 trabalhadores da GAN da FSCMP, nos turnos da manhã, tarde e noite. As amostras foram coletadas no período de Setembro e Outubro de 2009. O Quadro 1 (ANEXO III) demonstra as características gerais da amostra. 38 4.4 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO • trabalhadores da FSCMP do setor da Gerência de Assistência Nutricional; • ambos os sexos; • todas as faixas etárias; • indivíduos previamente matriculados na Gerência de Saúde do Trabalhador da FSCMP. 4.5 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO • trabalhadores de outros setores; • indivíduos que não desejam aderir ao programa; • indivíduos que estejam de férias ou licença saúde; 4.6 MATERIAIS A avaliação foi realizada por meio de um questionário de Índice de Capacidade para o Trabalho (ANEXO II). 4.7 MÉTODO Os participantes foram selecionados em grupos de três e conduzidos a uma sala, onde receberam informações a respeito dos objetivos da pesquisa, procedimentos a serem realizados e materiais utilizados, a fim de serem esclarecidas quaisquer dúvidas em relação à pesquisa. Foram submetidos ao referido questionário a fim de analisar o índice de capacidade para o trabalho. 39 4.7.1 Procedimento de Avaliação Foi utilizado o índice de capacidade para o trabalho (Anexo II), instrumento proposto por (Tuomi et al., 2005), que permite avaliar a capacidade para o trabalho a partir da percepção do próprio trabalhador. O questionário é composto por sete questões sobre dados gerais como sexo, idade, estado conjugal, escolaridade, principal ocupação entre outros, e dez questões sintetizadas em sete dimensões: (1) “capacidade para o trabalho atual e comparada com o melhor de toda a vida”, representada por escore de 0 a 10 pontos; (2) “capacidade para o trabalho em relação às exigências do trabalho”, por meio de duas questões sobre a natureza do trabalho (físico, mental ou misto) e que, ponderadas fornecem um escore de 2 a 10 pontos; (3) “número atual de doenças autoreferidas e diagnosticadas por médico”, obtido a partir de uma lista de 51 doenças, definindo um escore de 1 a 7 pontos, sendo somadas apenas as doenças diagnosticadas por médico; (4) “ perda estimada para o trabalho devido às doenças”, obtido a partir de uma questão com escore variando de 1 a 6 pontos; (5) “faltas ao trabalho por doenças”, obtida a partir de uma questão sobre o número de faltas, categorizadas em cinco grupos, com escore variando de 1 a 5 pontos; (6) “ prognóstico próprio sobre a capacidade para o trabalho”, obtida a partir de uma questão com pontuação de 1, 4 ou 7 pontos; (7) “recursos mentais”, a partir de um escore de 1 a 4 pontos obtidos pela somatória dos pontos das respostas das três questões, cujo o resultado é contado conforme mostrado no Quadro 2. Os resultados das sete dimensões fornecem uma medida da capacidade para o trabalho que varia de 7 a 49 pontos. Pontuação máxima de 27 indica baixa capacidade para o trabalho e a necessidade de medidas para restaurar a capacidade para o trabalho; pontuação entre 28 e 36 indica capacidade para o trabalho moderada e medida para melhorá-la são recomendadas; pontuação entre 37 e 43 indica uma boa capacidade para o trabalho, em que devem ser adotadas medidas para apoiar essa capacidade, e pontuação entre 44 e 49 indica ótima capacidade para o trabalho e medidas com objetivo de manter essa capacidade já existente devem ser adotadas. Esse número retrata o próprio conceito do trabalhador sobre sua capacidade para o trabalho. 40 Quadro 2- Escore das respostas do ICT Fonte: Martins, 2002. 41 4.8 ETAPAS DO ESTUDO 1ª etapa: seleção dos participantes. 2ª etapa: explicação dos objetivos e propostas do projeto. 3ª etapa: entrevista dos participantes. 4ª etapa: análise dos resultados. 4.9 ANÁLISE ESTATÍSTICA O cálculo do tamanho amostral foi realizado por meio da fórmula da distribuição normal, tendo como base o tamanho populacional (99 funcionários), considerando um intervalo de confiança de 95%. Os dados foram inseridos no programa EPI INFO, versão 6.04. Para avaliar o ICT e suas associações com o perfil da amostra (n=74) foram aplicados métodos estatísticos descritivos e inferenciais. A estatística descritiva foi utilizada para apresentar as proporções das variáveis qualitativas e as separatrizes das sete dimensões que compõem o ICT. A estatística inferencial constou da aplicação do teste do qui-quadrado para avaliar as variáveis categóricas, conforme recomenda Ayres et al., (2007, p. 211). Foi previamente fixado o nível alfa = 0.05 para rejeição da hipótese de nulidade. Todos os testes de hipótese foram executados na versão 5 do software BioEstat. 4.10 REDAÇÃO O trabalho foi redigido de acordo com o manual de Trabalho de Conclusão de Curso da UNAMA, baseado nas normas técnicas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). 42 5. RESULTADOS O universo amostral correspondeu a 99 funcionários, sendo a amostra composta por 74 indivíduos, visto que 14 funcionários não participaram do estudo porque se encontravam de férias, licença saúde e licença maternidade. Os demais não desejaram aderir à pesquisa. A amostra foi distribuída de acordo com o sexo [feminino (F) e masculino(M)], a idade (anos), o grau de escolaridade (fundamental, médio e superior), os tipos de doenças presentes (músculo-esqueléticas, hipertensão, obesidade, alergias, anemia, entre outras), a área do corpo mais acometida e o índice de capacidade para o trabalho. A distribuição da variável sexo entre os funcionários da GAN da FSCMP (Tabela 1) foi avaliada pelo teste do qui-quadrado, o qual obteve p-valor=0.0481*, sendo estatisticamente significante, indicando que a amostra foi composta de 62,2% de indivíduos do sexo feminino e 37,8% do sexo masculino. Tabela 1: Distribuição da variável sexo em funcionários da GAN da FSCMP. Sexo n % Feminino 46 62.2 Masculino 28 37.8 Total 74 100.0 Fonte: protocolo da pesquisa. * p-valor = 0.0481. A variável idade entre os funcionários da GAN da FSCMP foi dividida em quatro grupos: de 19 a 29 anos; de 30 a 39 anos; de 40 a 49 anos; e de 50 anos ou mais (Tabela 2). A faixa etária de 30 a 39 anos apresentou 54% das ocorrências, sendo a faixa etária que se destaca como a de maior freqüência relativa. Essa variável foi avaliada pelo teste do qui-quadrado o qual obteve p-valor <0.0001*, sendo estatisticamente significante. 43 Tabela 2: Distribuição da variável idade em funcionários da GAN da FSCMP. Ocorrências Freq. Relativa 19 a 29 11 15% 30 a 39 40 54% 40 a 49 14 19% 50 ou mais 9 12% Total 74 100% Fonte: protocolo da pesquisa. * p-valor <0.0001. Entre as doenças músculo-esqueléticas relatadas pelos funcionários da GAN da FSCMP destaca-se a escoliose, com prevalência de 2.7% (Tabela 3). Tabela 3: Prevalência de doenças músculo-esqueléticas em funcionários da GAN da FSCMP. Casos Prevalência Desvio Lombar 1 1.4% Escoliose 2 2.7% Epicondilite 1 1.4% Infecção Reumática 1 1.4% Hernia de Disco 1 1.4% Artrite Reumatóide 1 1.4% Fonte: protocolo da pesquisa. A análise estatística indica que a coluna (24.3%) é a parte do corpo mais acometida por doenças músculo-esqueléticas entre os funcionários da GAN da FSCMP, com p-valor= 0.0036 (Tabela 4). Tabela 4: Região do corpo acometida por doenças músculo-esqueléticas. Coluna Pernas/ Pés Braços/ Mãos Outras partes do corpo Fonte: protocolo da pesquisa. *p-valor = 0.0036. Ocorrências Freqüência Relativa 18 8 7 3 24.3% 10.8% 9.5% 4.1% 44 Entre as outras doenças encontradas em funcionários da GAN da FSCMP (Quadro 3) destacam-se: a hipertensão arterial (prevalência = 16.2%), as alergias (9.2%), doença da visão (6.8%), a diabetes (6.8%), a anemia (6.8%) e a obesidade (6.8%). Doenças Doença Musculo-esquelética Hipertensão Arterial Isquemia do Miocárdio Doença Coronariana Alergia Respiratória Pneumonia Bronquite Sinusite Asma Infecções repetidas do trato respiratório Outra doença respiratória Distúrbio emocional leve Doença na visão Doença Neurológica Problemas de audição Doença do fígado Úlcera gástrica Gastrite Infecção das vias urinárias Doenças genitais Doenças nos rins Alergias Outra erupção Outras doenças de pele Tumor Benigno Obesidade Diabetes Anemia Outra doença no sangue Outro problema ou doença Casos 36 12 1 1 1 1 1 1 2 2 1 3 5 1 2 1 1 4 4 1 1 7 2 4 3 5 5 5 2 3 Prevalência 48,5% 16.2% 1.4% 1.4% 1.4% 1.4% 1.4% 1.4% 2.7% 2.7% 1.4% 4.1% 6.8% 1.4% 2.7% 1.4% 1.4% 5.4% 5.4% 1.4% 1.4% 9.5% 2.7% 5.4% 4.1% 6.8% 6.8% 6.8% 2.7% 4.1% Quadro 3: Prevalência de outras doenças em funcionários da GAN da FSCMP. Fonte: Protocolo da pesquisa. A avaliação dos níveis de absenteísmo entre funcionários da GAN da FSCMP (Tabela 5) foi dividida em cinco categorias: nenhum, até 9 dias, de 10 a 24 dias, de 25 a 99 dias e de 100 a 365 dias. As categorias de absenteísmo “nenhum” (41.9%) e “até 9 dias” (40.5%) foram indicadas como as mais frequentes, havendo significância estatística (p<0.0001). 45 Tabela 5: Níveis de absenteísmo em funcionários da GAN da FSCMP. Nenhum Até 9 dias De 10 a 24 dias De 25 a 99 dias De 100 a 365 dias Absenteísmo (dias) Freqüência Relativa 30 31 9 2 2 40.5% 41.9% 12.2% 2.7% 2.7% Fonte: protocolo da pesquisa. p-valor <0.0001* A avaliação do índice de capacidade para o trabalho (Tabela 6) divide-se em: baixa capacidade para o trabalho (0.0%), moderada capacidade para o trabalho (23.0%), boa capacidade para o trabalho (51,4%) e ótima capacidade para o trabalho (25,7%). Sendo assim, identificou-se a prevalência de uma boa capacidade para o trabalho nos funcionários da GAN da FSCMP, sendo estatisticamente significante (p<0.0001). Tabela 6: Classificação do índice de capacidade para o trabalho nos funcionários da GAN da FSCMP. Capacidade para o Trabalho Baixa Moderada Boa Ótima Total Ocorrências Freq. Relativa 0 17 38 19 74 0.0% 23.0% 51.4% 25.7% 100.0% Fonte: Protocolo da pesquisa. p-valor <0.0001*. A avaliação da variação do ICT conforme o sexo dos funcionários da GAN da FSCMP (Tabela 7) obteve p-valor=0.8024, o qual não é significante, indicando que não existe real diferença do ICT com relação ao sexo. 46 Tabela 7: Avaliação do nível de capacidade para o trabalho conforme o sexo de funcionários da GAN da FSCMP. Feminino Masculino Capacidade para o Trabalho n Percentual n Percentual Boa 25 54.3% 13 46.4% Moderada 10 21.7% 7 25.0% Ótima 11 23.9% 8 28.6% Total 46 100.0% 28 100.0% Fonte: protocolo da pesquisa. p-valor = 0.8024. Em relação à variação do ICT conforme a faixa etária dos funcionários da GAN da FSCMP (Tabela 8) obteve-se que de 30 a 39 anos de idade ocorre um predomínio da categoria “BOM” referente ao índice de capacidade trabalho, enquanto que a categoria de 19 a 29 tem uma prevalência de um moderado ICT. Tabela 8: Avaliação do nível de capacidade para o trabalho conforme a idade de funcionários da GAN da FSCMP. Idade (anos) Moderada n Percentual 19 a 29 30 a 39 40 a 49 50 ou mais Total 5 8 4 0 17 45.5% 20.0% 28.6% 0.0% 23.0% n Boa Percentual n 1 22 8 7 38 9.1% 55.0% 57.1% 77.8% 51.4% 5 10 2 2 19 Ótima Percentual 45.5% 25.0% 14.3% 22.2% 25.7% Total 11 40 14 9 74 p-valor = 0.0409*. A avaliação da variação do ICT conforme a escolaridade dos funcionários da GAN da FSCMP (Tabela 9) obteve p-valor=0.4900, o qual não é estatisticamente significante, indicando que não há evidências que apontem para a associação entre a escolaridade e o ICT. 47 Tabela 9: Avaliação do nível de capacidade para o trabalho conforme a escolaridade de funcionários da GAN da FSCMP. n Fundamental Médio Superior Total 1 12 4 17 Moderada Percentual 9.1% 30.8% 16.7% 23.0% n Boa Percentual n 6 18 14 38 54.5% 46.2% 58.3% 51.4% 4 9 6 19 Ótima Percentual 36.4% 23.1% 25.0% 25.7% 11 39 24 74 p-valor = 0.4900. A sexta dimensão (D6) do ICT, a qual retrata o prognóstico próprio sobre a capacidade para o trabalho daqui a dois anos, apresenta valores iguais a: 1 (improvável), 4 (não estou muito certo) e 7 (bastante provável). O valor característico do grupo é o 7 (mediana) (Tabela 10). Entretanto, há 75% da amostra que se encontra no intervalo entre o 4 (não estou muito certo) e o 7 (bastante provável), logo há 25% dos funcionários que consideram ser “improvável” realizar seu trabalho atual daqui a 2 anos. A tabela 10 faz uma descrição das sete dimensões do ICT. Tabela 10: Estatística descritiva das sete dimensões que compõem o ICT D1 D2 D3 D4 D5 D6 D7 Escore Mínimo 5.0 4.0 1.0 2.0 1.0 1.0 2.0 28.0 Máximo 10.0 10.0 7.0 6.0 5.0 7.0 4.0 49.0 Mediana 8.5 8.0 5.0 5.0 4.0 7.0 4.0 40.0 Primeiro Quartil 8.0 7.0 3.0 4.0 4.0 4.0 4.0 37.0 Terceiro Quartil 10.0 9.0 7.0 6.0 5.0 7.0 4.0 43.8 Desvio Interquartílico 2.0 2.0 4.0 2.0 1.0 3.0 0.0 6.8 Fonte: protocolo da pesquisa. 48 11 10 9 Pontuação 8 7 6 5 4 3 2 1 0 Dim 01 Dim 02 Dim 03 Dim 04 Dim 05 Dim 06 Dim 07 Dimensões do Índice de Capacidade para o trabalho Figura 1: Mediana, primeiro quartil (1Q) e terceiro quartil (3Q) das sete dimensões que compõem o ICT. 49 6. DISCUSSÃO As alterações etárias na população brasileira e sua expectativa de vida tornam o envelhecimento e a capacidade para o trabalho um assunto de extrema importância mediante as precárias condições de trabalho e de saúde, não sendo adequada para a grande parcela da população (DURAN; COCCO, 2004). A capacidade para o trabalho se refere à capacidade que o trabalhador possui para realizar suas atividades em relação às exigências do trabalho, de seu estado de saúde e de suas capacidades físicas e mentais (MARTINEZ; LATORRE, 2006; MARTINEZ et al., 2009). De acordo com Raffone e Hennington (2005) o envelhecimento funcional ocorre geralmente antes do envelhecimento cronológico, devido à perda da capacidade para o trabalho. Em nossa amostra, evidenciou-se que 62,2 % dos funcionários eram do sexo feminino, enquanto que 37,8% eram do sexo masculino (Tabela 1). Walsh et al. (2004) ao estudar a capacidade para o trabalho de trabalhadores da linha de produção de uma empresa multinacional do estado de São Paulo, verificou que os trabalhadores do sexo feminino apresentaram ICT significativamente menor que os do sexo masculino, podendo estar associado ao fato das mulheres tenderem a apresentar maiores índices de lesões músculo-esqueléticas, o que poderia levar a uma redução da capacidade para o trabalho. Esses achados discordam de nosso estudo, pois a correlação entre o ICT e o sexo dos funcionários obteve p-valor=0,8 demonstrando que não há diferença estatisticamente significante entre essas duas variáveis (Tabela 7). Com relação à variável idade, a faixa etária de 30 a 39 anos se destaca como a de maior frequência relativa (54%), com base em um p-valor < 0.0001 indicando ser altamente significante (Tabela 2). Ao avaliar o ICT conforme a faixa etária observou-se que a partir dos 30 anos de idade ocorre um predomínio de uma boa capacidade para o trabalho (Tabela 8). Raffone e Hennington (2005) ao avaliar trabalhadores de enfermagem da Santa Casa de Porto Alegre, mostraram em seu estudo não haver associação estatisticamente significante entre a variável idade e a capacidade para o trabalho. Já Duran e Cocco (2004) obtiveram dados que corroboram com nosso estudo à medida que também destacam a faixa etária de 30 a 39 anos como a de maior frequência. 50 Por meio do estudo sobre o envelhecimento e a capacidade para o trabalho dos trabalhadores de higiene e limpeza hospitalar, demonstrou-se que os funcionários com idade entre 50 e 60 anos foram os que obtiveram menor ICT (ANDRADE; MONTEIRO, 2007). Segundo Walsh et al. (2004) com o envelhecimento os trabalhadores tendem a apresentar uma redução na capacidade para o trabalho, principalmente, se não forem tomadas medidas preventivas para a manutenção dessa capacidade. Esses dados diferem de nossos resultados, visto que em nossa pesquisa a faixa etária de 50 anos ou mais tende a apresentar uma boa capacidade para o trabalho (Tabela 8). Talvez esse fato se deva a vontade de se manterem aptos para o trabalho, servindo como mão de obra produtiva e não sendo taxados de incapazes para o trabalho devido ao avanço da idade. Entre as doenças relatadas pelos funcionários da GAN da FSCMP destacaram-se as doenças músculo-esqueléticas como a de maior prevalência (48,5%), seguida de hipertensão arterial (16,2%), alergias (9,2%), doença da visão (6,8%), obesidade (6,8%), diabetes (6,8%) e anemia (6,8%) (Quadro 3). Esses dados se comportam de forma semelhante às pesquisas de Raffone, Andrade e Duran, que também destacaram as doenças músculo-esqueléticas como as de maior prevalência. É importante ressaltar que a maior parte do trabalho na GAN é realizado na postura em pé e sem intervalos apropriados para o descanso e muito menos são adotadas medidas preventivas como ginástica laboral ou orientações posturais. Os trabalhadores mais jovens estão mais predispostos a acidentes, alergias ou doenças infecciosas (CAMARANO; PASINATO, 2008). Sessa et al. (2008) relatam que os altos índices de mortalidade e de surgimento de doenças em profissionais da saúde cada vez mais jovens apontam para a urgência de medidas de ordem preventivas. Com relação à região do corpo acometida por doenças músculo-esqueléticas, a coluna (24,3%) foi considerada a parte mais comprometida, concordando com os estudos de Duran e Cocco (2004). Dentre as doenças músculo-esqueléticas encontradas nos funcionários da GAN identificou-se a escoliose como sendo a mais frequentemente relatada com cerca de 2,7% (Tabela 3). Ao analisar os níveis de absenteísmo dos funcionários da GAN constatou-se que 41,9% dos trabalhadores declararam que estiveram afastados até nove dias e 40,5% declararam que não estiveram afastados nenhum dia (Tabela 5). Esses dados discordam 51 dos achados de Raffone e Hennington (2005) e Martinez et al. (2009) visto que a maioria dos trabalhadores negaram afastamento do trabalho por doenças nos últimos 12 meses. Segundo os dados cedidos pela GST a GAN foi apontada com o maior quantitativo de absenteísmo da instituição. Segundo Rocha et al. (2007) o vínculo efetivo do trabalhador admitido por concurso público, oferece certa estabilidade do emprego, podendo estar associado ao maior índice de absenteísmo. Rocha et al. (2007) por meio do estudo realizado em um serviço hospitalar de nutrição, relatou que o absenteísmo foi considerado elevado pelos nutricionistas do setor, sendo apontados dores inespecíficas e problemas emocionais como possíveis causas de ausências. Entre Outubro de 2008 e Janeiro de 2009, as DORT e os transtornos mentais foram apontados como os principais motivos de afastamento temporário dos trabalhadores (O GIRASSOL, 2009). Estudos sobre a capacidade para o trabalho de funcionários da enfermagem do Pronto Socorro de um Hospital Universitário demonstram que a associação do ICT com os níveis de absenteísmo revelaram-se estatisticamente significativos (DURAN; COCCO, 2004), concordando com os achados de nosso estudo. Nos últimos anos, as questões relacionadas à ambiência na saúde vêm se destacando, ressaltando a importância de cuidar do trabalhador da saúde. A qualificação da ambiência e as melhorias das condições de trabalho diminuem o descontentamento, a desvalorização, o adoecimento e o absenteísmo dos trabalhadores (BRASIL, 2004; BRASIL, 2008). Os resultados obtidos com a avaliação do ICT na GAN apontam que: 51,4% dos funcionários apresentam boa capacidade para o trabalho; 25,7% apresentam ótima capacidade para o trabalho; 23% apresentam moderada capacidade para o trabalho e 0,0% apresentam baixa capacidade para o trabalhado (Tabela 6). Esses achados foram semelhantes aos estudos de Raffone e Hennington (2005) que ao analisar o ICT em trabalhadores de enfermagem da Santa Casa de Porto Alegre observou que 83,2% apresentavam-se com boa capacidade para o trabalho. Já Bellusci e Fischer (1999) obtiveram resultados diferentes ao estudar a capacidade para o trabalho em servidores de 52 uma instituição judiciária federal, visto que 61,1% apresentaram moderada capacidade para o trabalho. É importante ressaltar que nenhum dos funcionários apresentou baixa capacidade para o trabalho. Esse resultado pode ser decorrente dos trabalhadores serem a maioria adulto-jovens e terem sido admitidos na GAN em 2008 por meio de concurso público. Os maiores conflitos dentro da GAN eram conflitos de relacionamento. Foram instituídas na FSCMP medidas institucionais que visaram à interação entre os trabalhadores, tais como rodas de conversas, oficinas de humanização e co-participação na gestão. Tais medidas podem justificar o bom índice de capacidade para o trabalho encontrado nesses funcionários. Em relação à escolaridade, Raffone e Hennington (2005) ao avaliar trabalhadores de enfermagem da Santa Casa de Porto Alegre, verificaram uma tendência dos trabalhadores a apresentarem um aumento na capacidade para o trabalho na medida em que melhora o nível da escolaridade. Já em nossos estudos, não se obteve relação estatisticamente significante entre essas duas variáveis, sendo p-valor=0.4900, indicando que não há associação entre a escolaridade e o ICT (Tabela 9). Na dimensão 6 do ICT, a qual retrata o prognóstico próprio sobre a capacidade para o trabalho daqui há 2 anos, a mediana característica do grupo estudado é 7 (Tabela 10), indicando ser bastante provável os trabalhadores da GAN darem continuidade a seu trabalho atual daqui há 2 anos. Apenas 25% dos funcionários se consideram improváveis de realizar seu trabalho em um futuro próximo. Os estudos de Martinez et al. (2009) e Duran e Cocco (2004) corroboram com nossa pesquisa, destacando também a prevalência de trabalhadores que se consideram capazes de continuar realizando suas atividades com o passar desses anos. 53 7. CONCLUSÕES A avaliação da capacidade para o trabalho em funcionários da GAN da FSCMP foi realizada por meio do ICT. Constatou-se que os funcionários da GAN apresentaram uma boa capacidade para o trabalho. Medidas de apoio devem ser tomadas para fortalecer uma boa capacidade para o trabalho existente, identificando quais características do trabalho e do estilo de vida promovem ou deterioram a sua capacidade. Deve-se adequar a carga e o ambiente do trabalho, melhorar as relações interpessoais e a organização do trabalho, e aperfeiçoar a capacidade funcional promovendo habilidades profissionais. Com a investigação da amostra observou-se haver diferença entre os sexos, sendo o feminino o maior quantitativo. A faixa etária mais frequente dos funcionários da GAN foi de 30 a 39 anos, sendo as doenças músculo-esqueléticas as mais prevalentes, destas as algias da coluna foram as mais frequentes. Ao analisar os níveis de absenteísmo, constatou-se que a maioria dos trabalhadores declararam que estiveram afastados até nove dias. Em relação ao prognóstico próprio sobre a capacidade para o trabalho daqui a dois anos, os funcionários consideraram ser bastante provável a realização de suas tarefas daqui a dois anos. Sabe-se que a saúde no trabalho é de fundamental importância para a manutenção da capacidade para o trabalho, sendo necessário olhar a área hospitalar como um local que também precisa “cuidar” da saúde de seus trabalhadores. Dessa forma, faz-se necessário a realização de outros estudos acerca da capacidade para o trabalho dos funcionários do serviço de assistência nutricional da FSCMP, buscando assim aprofundar o conhecimento acerca de suas condições de trabalho, a fim de que sejam adotadas medidas para a potencialização da saúde desses trabalhadores para que eles sejam capazes de executar as suas tarefas em um futuro próximo. 54 REFERÊNCIAS ALEXANDRE, Neusa Maria Costa; CORRÊA FILHO, Heleno Rodrigues; GURGUEIRA, Giovana Pimentel. 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Experiência de programa de saúde do trabalhador de Piracicaba: Desafios da vigilância em acidentes. São Paulo, 2001. WALSH, I. A. P.; CORRAL, S.; FRANCO, R. N.; CANETTI, E. E. F.; ALEM, M. E. R.; COURY, H. J. C. G.; Capacidade para o trabalho em indivíduos com lesões músculoesqueléticas crônicas. Revista de Saúde Pública, São Paulo, v.38, n.2, Abr, 2004. Disponível em: <http://www.scielo.br>. Acesso em: 15 mar. 2009. 59 ANEXOS 60 ANEXO I 61 ANEXO II INSTITUTO FINLÂNDES DE SAÚDE OCUPACIONAL Questionário Índice de Capacidade para o Trabalho De acordo com a legislação (segundo parágrafo do Finnish Health Care Act), os empregadores são solicitados a promover e manter a capacidade de trabalho de seus empregados em geral, e também fornecer atenção à saúde, acompanhamento e reabilitação para trabalhadores com patologias ou saúde precária. O questionamento abaixo é usado para estes propósitos. A folha de informação que acompanha este questionário explica por que você foi solicitado a preenchê-lo e os propósitos para os quais as informações fornecidas serão usadas (promover boa saúde, em geral, e reunir informações sobre doença ou saúde precária para ajudar o acompanhamento, o tratamento ou a reabilitação). Por favor, neste questionário, dê sua opinião a respeito de sua capacidade de trabalho, bem como os fatores que afetam. Ao usar suas respostas, os profissionais de Saúde Ocupacional colaborarão com você na determinação tanto da necessidade de ações de apoio quanto de qualquer necessidade de melhoria de suas condições de trabalho. Suas respostas estarão guardadas na unidade de Saúde Ocupacional. Elas serão usadas pela equipe da unidade na promoção de seu bem-estar em seu local de trabalho. Por favor, preencha o questionário cuidadosamente, respondendo todas as questões com um círculo em torno da alternativa que melhor reflete sua opinião ou escrevendo sua resposta no local apropriado. Este questionário foi elaborado pelo Instituto de Saúde Ocupacional da Finlândia, Helsinki; traduzido e adaptado por pesquisadores das seguintes instituições: Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo: Departamento de Saúde Ambiental; Universidade Federal de São Carlos: Departamento de Enfermagem; Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP: Departamento de Medicina Preventiva e Social. 62 Data:______/_______/________ Nome:_________________________________________________________________ Data de Nascimento:______/______/_________ DADOS GERAIS Sexo Masculino...........................................................................................1 Feminino.............................................................................................2 Idade________anos Estado Conjugal Atual Solteiro (a)............................................................................................1 Casado (a).............................................................................................2 Vive com companheiro (a)...................................................................3 Separado (a)/divorciado (a)..................................................................4 Viúvo (a)...............................................................................................5 Escolaridade - Assinalar o nível mais elevado Ensino fundamental incompleto (não terminou a 8ª série)......................1 Ensino fundamental completo (terminou a 8ª série)................................2 Curso técnico de primeiro grau completo................................................3 Ensino médio incompleto (não terminou o 3° colegial)..........................4 Ensino médio completo (terminou o 3° colegial)....................................5 Curso técnico de segundo grau completo................................................6 Faculdade incompleta..............................................................................7 Faculdade completa.................................................................................8 Pós-graduação incompleta/completa.......................................................9 Com que idade começou a trabalhar? 63 Qual a principal ocupação atual? Descreva as principais tarefas que você faz no trabalho: ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ Há quanto tempo trabalha na atual empresa? É funcionário terceirizado? Sim ( ) Não ( ) É funcionário com registro em carteira de trabalho? Sim ( ) Não ( ) Recebe adicional de insalubridade ou de penosidade? Sim ( ) Não ( ) Trabalha durante a noite (em turnos alternantes ou sempre durante a noite)? Sim ( ) Não ( ) As exigências de seu trabalho são principalmente: Mentais.................................................................................................1 Físicas...................................................................................................2 Ambas, mentais e físicas.......................................................................3 64 ÍNDICE DE CAPACIDADE PARA O TRABALHO Suponha que sua melhor capacidade para o trabalho tem um valor igual a 10 pontos. Assinale com X um número na escala de zero a dez, que designe quantos pontos você daria para sua capacidade de trabalho atual: 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Estou incapaz Estou em minha para o trabalho melhor capacidade para o trabalho Como você classifica sua capacidade atual para o trabalho em relação às exigências físicas do mesmo? (Por exemplo, fazer esforço físico com partes do corpo.) Muito boa...........................................................................................5 Boa.....................................................................................................4 Moderada...........................................................................................3 Baixa..................................................................................................2 Muito baixa........................................................................................1 Como você classificaria sua capacidade atual para o trabalho em relação às exigências mentais de seu trabalho? (Por exemplo, interpretar fatos, resolver problemas, decidir a melhor forma de fazer). Muito boa............................................................................................5 Boa......................................................................................................4 Moderada............................................................................................3 Baixa...................................................................................................2 Muito baixa.........................................................................................1 65 Em sua opinião, quais das lesões por acidentes ou doenças citadas abaixo você possui atualmente. Marque também aquelas que foram confirmadas pelo médico. Em minha Diagnóstico opinião médico 1. lesão nas costas..............................................2......................1 2. lesão nos braços/mãos....................................2......................1 3. lesão nas pernas/pés.......................................2......................1 4. lesão em outras partes do corpo......................2....................1 Onde? Que tipo de lesão? Em minha Diagnóstico opinião médico 5. doença da parte superior das costas ou região do pescoço, com dores frequentes ......................2.....................1 6. doença da parte inferior das costas, com dores frequentes ...........................................................2.....................1 7. dor nas costas que se irradia para a perna (ciática).................................................................2.....................1 8. doença músculo-esquelética que afeta membros (braços e pernas) com dores frequentes................2.....................1 9. artrite reumatóide..............................................2....................1 10. outra doença músculo-esquelética....................2.....................1 Qual? 66 Em minha opinião Diagnóstico médico 11. hipertensão arterial (pressão alta).........................2..................1 12. doença coronariana, dor no peito.........................2..................1 Durante exercício (angina pactoris) 13. infarto do miocárdio, trombose coronariana.........2.................1 14. insuficiência cardíaca............................................2.................1 15. outra doença cardiovascular..................................2.................1 Qual? Em minha Diagnóstico opinião médico 16. infecções repetidas do trato respiratório (inclusive amidalite, sinusite aguda, bronquite aguda............2........................1 17. bronquite crônica....................................................2........................1 18. sinusite crônica.......................................................2........................1 19. asma........................................................................2.......................1 20. enfisema..................................................................2.......................1 21. tuberculose pulmonar..............................................2.......................1 22. outra doença respiratória.........................................2.......................1 Qual? 67 Em minha Diagnóstico opinião médico 23 distúrbio emocional severo......................................2.........................1 24 distúrbio emocional leve (depressão leve, tensão, ansiedade, insônia.............................................2.........................1 25 problema ou diminuição da audição........................2.........................1 26 doença ou lesão da visão (não assinale se apenas usa óculos e/ou lentes de contato de grau)........2........................1 27 doença neurológica( acidente vascular cerebral ou “derrame”, neuralgia, enxaqueca, epilepsia).............2........................1 28 outra doença neurológica ou dos órgãos dos sentidos...................................................................2........................1 Qual? Em minha Diagnóstico opinião médico 29 pedras ou doenças da vesícula biliar..........................2.........................1 30 doença do pâncreas ou do fígado..............................2.........................1 31 úlcera gástrica ou duodenal.......................................2.........................1 32 gastrite ou irritação duodenal....................................2.........................1 33 colite ou irritação do cólon........................................2.........................1 34 outra doença digestiva...............................................2.........................1 Qual? 68 Em minha Diagnóstico opinião médico 35 infecção das vias urinárias........................................2.......................1 36 doença dos rins.........................................................2.......................1 37 doença nos genitais e aparelho reprodutor (problema nas trompas ou na próstata)..........................2.......................1 38 outra doença geniturinária.........................................2.......................1 Qual? Em minha Diagnóstico opinião médico 39 alergia, eczema.......................................................2......................1 40 outra erupção..........................................................2......................1 Qual? ______________________________________________________________________ Em minha Diagnóstico opinião médico 41 outra doença de pele.................................................2.........................1 Qual? 69 Em minha Diagnóstico Opinião médico 42 tumor benigno.....................................................2.......................1 43 tumor maligno.....................................................2.......................1 Onde? ______________________________________________________________________ Em minha Diagnóstico opinião médico 44 obesidade..................................................................2......................1 45 diabetes.....................................................................2......................1 46 bócio ou outra doença da tireóide.............................2......................1 47 outra doença endócrina ou metabólica......................2......................1 Qual? Em minha Diagnóstico opinião médico 48 anemia.....................................................................2.......................1 45 outra doença do sangue...........................................2.......................1 Qual? Em minha Diagnóstico opinião médico 50 defeito de nascimento..............................................2......................1 Qual? 70 Em minha Diagnóstico opinião médico 51 outro problema ou doença..........................................2........................1 Qual? Sua lesão ou doença é um impedimento para seu trabalho atual? (Você pode marcar mais de uma resposta nessa pergunta) Não há impedimento/Eu não tenho doenças.........................................6 Eu sou capaz de fazer meu trabalho, mas ele me causa alguns sintomas....................................................................................................5 Algumas vezes preciso diminuir meu ritmo de trabalho ou mudar meus métodos de trabalho.........................................................................4 Frequentemente preciso diminuir meu ritmo de trabalho ou mudar meus métodos de trabalho.........................................................................3 Por causa de minha doença sinto-me capaz de trabalhar apenas em tempo parcial.............................................................................................2 Em minha opinião estou totalmente incapacitado para trabalhar...........1 Quantos dias inteiros você esteve fora do trabalho por causa de problemas de saúde, consulta médica ou para fazer exame durante os últimos 12 meses? Nenhum.................................................................................................5 Até 9 dias..............................................................................................4 De 10 a 24 dias......................................................................................3 De 25 a 99 dias......................................................................................2 De 100 a 365 dias..................................................................................1 71 Considerando sua saúde, você acha que será capaz de daqui a 2 anos, fazer seu trabalho atual? É improvável........................................................................................1 Não estou muito certo..........................................................................4 Bastante provável.................................................................................7 Recentemente você tem conseguido apreciar suas atividades diárias? Sempre................................................................................................4 Quase sempre......................................................................................3 Ás vezes..............................................................................................2 Raramente...........................................................................................1 Nunca..................................................................................................0 Recentemente você tem se sentido ativo e alerta? Sempre................................................................................................4 Quase sempre......................................................................................3 Ás vezes..............................................................................................2 Raramente...........................................................................................1 Nunca..................................................................................................0 Recentemente você tem se sentido cheio de esperança para o futuro? Continuamente.....................................................................................4 Quase sempre.......................................................................................3 Ás vezes...............................................................................................2 Raramente............................................................................................1 Nunca...................................................................................................0 72 Consentimento informado (promoção e manutenção da capacidade para o trabalho em geral). Você consente que um resumo desses dados e escores de sua capacidade para o trabalho sejam incluídos em seu prontuário de saúde? Sim ( ) Não ( ) Assinatura_______________________________________________________ 73 ÍNDICE DE CAPACIDADE PARA O TRABALHO - Acompanhamento do trabalhador Nome: _________________________________________________________________ Data de nascimento: ____/____/____ Ocupação e trabalho atual: _____________________________________________ Itens do Índice de Capacidade para o trabalho, número de pontos e data de determinação. Item 1. Capacidade para o trabalho atual comparada com a melhor de toda a vida 2. Capacidade para o trabalho em relação às exigências do trabalho 3. N° atual de doenças diagnosticadas por médico 4. Perda estimada para o trabalho em razão de doenças 5. Faltas ao trabalho por doença no último ano (12 meses) 6. Prognóstico próprio sobre a capacidade para o trabalho daqui a dois anos 7. Recursos mentais Total de pontos (escore) Data: ____/____/____ 74 ANEXO III Trabalhador M.C.S S.A.S.A L.A.V.G C.E.G.S M.S.M J.C.S M.J.S.X O.S.F M.N.B.S.R J.R.S D.C.S.R M.M.S.C R.P.S R.T.A J.B.M.S L.S.F A.L.V.M A.M.C A.L.F.A A.A.C.L L.S.M M.L.R.S H.P.L R.M.D R.G.C F.S.C.P J.N.G M.L.O.A S.L.S.M D.S.C A.C.M V.S.A M.S M.R.S C.E.C M.L.S M.A.V.S E.S.G L.C.F.S R.T.S M.L.P Sexo F M M M M F F M F M F F F F F M F M F M F F M M F F M F F M F F F F M M M F M M F Idade 45 35 32 27 32 38 39 36 30 37 29 40 54 35 31 29 39 33 50 41 34 38 32 33 24 44 24 50 34 30 37 43 39 66 30 39 37 42 34 23 32 Profissão Nutricionista Nutricionista Pré-preparo de carnes Lavagem das panelas Nutricionista Lactarista Copeira Agente de artes práticas Nutricionista Agente de artes práticas Copeira Lactarista Agente de artes práticas Nutricionista Copeira Cozinheiro Cozinheiro Agente de artes práticas Nutricionista Agente de artes práticas Agente de artes práticas Copeira Agente de artes práticas Cozinheiro Agente de artes práticas Cozinheira Cozinheiro Auxiliar de cozinheiro Cozinheira Agente de artes práticas Copeira Apoio operacional Cozinheira Copeira Pré-preparo de carnes Açougueiro Cozinheiro Agente de artes práticas Agente de artes práticas Agente de artes práticas Copeira ICT 39 47 35 46 41 40 39 41 41 44 34 46 48 49 45 35 43 40 41 39 41 37 28 37 44 36 35 42 41 37 37 30 37 39 43 46 44 40 33 41 44 75 V.R.G.B C.R.P.C E.L.P C.M E.A D.K.C.C R.M.S R.C.B A.E.S T.N J.B.S J.S.S. M.N.S.C W.J.F.S D.F.O.L R.S.B.S G.A.B R.B.C M.G.M V.S.C.S L.S.F R.M.F T.J.M.B C.M.S.O C.T.S R.N N.B.R A.L.S.F A.C.A D.R.R.S A. N.C.J B.M.C J.C.A.J F F M F F F F F F F F F F M M F F M M F M F F F F F M M F F M F M 52 39 40 25 34 33 39 36 27 51 47 33 50 19 33 33 28 25 48 39 43 37 52 44 41 31 49 33 31 35 33 62 47 Agente de artes práticas Copeira Agente de artes práticas Copeira Agente de artes práticas Nutricionista Agente de artes práticas Agente de artes práticas Agente de artes práticas Nutricionista Copeira Agente de artes práticas Copeira Agente de artes práticas Agente de artes práticas Agente de artes práticas Agente de artes práticas Agente de artes práticas Agente de artes práticas Agente de artes práticas Agente de artes práticas Assistente Administrativo Nutricionista Nutricionista Agente de artes práticas Agente de artes práticas Agente de artes práticas Nutricionista Agente de artes práticas Nutricionista Nutricionista Agente de artes práticas Nutricionista 39 46 34 31 31 38 42 39 46 37 40 41 46 48 39 34 28 45 39 32 45 40 41 36 38 49 42 43 46 36 33 40 41 76 APÊNDICES 77 APÊNDICE I 78 APÊNDICE II ACEITE DO ORIENTADOR DECLARAÇÃO: Eu, Lucieny da Silva Pontes, aceito orientar o trabalho que tem como Titulo “Análise do índice de capacidade para o trabalho dos funcionários da gerência de assistência nutricional da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará” ”, de autoria das alunas Amanda Gonçalves Machado e Vívian Duarte dos Anjos, declarando ter total conhecimento sobre as normas de publicação de trabalhos científicos vigentes do curso de fisioterapia da Universidade da Amazônia – UNAMA para 2008/09, estando inclusive ciente da necessidade de participação na banca examinadora por ocasião da defesa do trabalho. Belém, 12 de Dezembro de 2008. _____________________________ Lucieny da Silva Pontes Orientadora 79 APÊNDICE III TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO “Análise do índice de capacidade para o trabalho dos funcionários da gerência de assistência nutricional da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Estado do Pará” Você está sendo convidado (a) a participar do projeto de pesquisa acima citado. O documento abaixo contém todas as informações necessárias sobre a pesquisa que estamos fazendo. Sua colaboração neste estudo será de muita importância para nós, mas se desistir a qualquer momento, isso não causará nenhum prejuízo a você. As informações conseguidas neste estudo serão analisadas em conjunto com as de outros pacientes, não sendo divulgada qualquer informação que possa levar a sua identificação. O objetivo desta pesquisa é analisar o índice de capacidade para o trabalho dos funcionários do setor da gerência de assistência nutricional (GAN) da FSCMP. Gostaríamos de deixar claro que a participação nesta pesquisa não acarretará qualquer gasto financeiro com relação aos procedimentos feitos com o estudo. É garantida aos pacientes, a liberdade de retirar o consentimento a qualquer momento e deixar de participar do estudo, sem necessidade de qualquer explicação. Você tem o direito de se manter informado a respeito dos resultados parciais da pesquisa. As avaliações periódicas far-se-ão necessárias sem algum desconforto. É importante afirmar que não haverá despesas pessoais para o participante em qualquer fase do estudo. Caso haja a necessidade de utilizar fotos durante o experimento, deixaremos bem claro que o voluntário da pesquisa não será identificado. A desistência de participar da pesquisa não causará nenhum prejuízo à saúde ou bem estar físico, e você é livre para decidir a participação ou não na pesquisa mesmo depois de autorizar a realização da mesma, sem aborrecimentos. Esta pesquisa será realizada com recursos próprios das autoras. Os resultados deste estudo serão mantidos em sigilo e serão utilizados somente para esta pesquisa sendo divulgado em publicações científicas com a sua autorização, assegurando o caráter confidencial dos dados e identificação dos pacientes. Caso você desejar, poderá tomar conhecimento dos resultados ao final desta pesquisa. Em caso de dúvida, o senhor (a) poderá entrar em contato com as aluna, 80 Amanda Gonçalves Machado e Vivian Duarte dos Anjos pelos telefones 81114206/8183-4988. ____________________________________ Assinatura do Aluno responsável Consentimento Livre e Esclarecido Declaro que li as informações acima sobre a pesquisa, que me sinto perfeitamente esclarecido (a) sobre o conteúdo da mesma e concordo de livre e espontânea vontade em participar como voluntário (a) do estudo “Análise do índice de capacidade para o trabalho dos funcionários da gerência de assistência nutricional da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará”. Belém, ___/___/___. __________________________________________ Assinatura do participante da pesquisa __________________________________________ Testemunhas __________________________________________ Assinatura da Orientadora