UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO Curso de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas Área de Insumos e Medicamentos AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTI- Helicobacter DA RESINA, DO ÓLEO ESSENCIAL E DA MISTURA DE α E β AMIRINAS DE Protium heptaphyllum MARCH. MARISA CLAUDIA ALVAREZ Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas da Universidade São Francisco - USF Bragança Paulista - SP 2006 Livros Grátis http://www.livrosgratis.com.br Milhares de livros grátis para download. UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO Curso de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas Área de Insumos e Medicamentos AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTI- Helicobacter DA RESINA, DO ÓLEO ESSENCIAL E DA MISTURA DE α E β AMIRINAS DE Protium heptaphyllum MARCH. MARISA CLAUDIA ALVAREZ Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas da Universidade São Francisco - USF Orientador: Prof. Dr. José Pedrazzoli Jr. Bragança Paulista - SP 2006 QW 154 A475a Alvarez, Marisa Claudia. Avaliação da atividade anti-Helicobacter da resina, do óleo essencial e da mistura de α e β Amirinas de Protium heptaphyllum March / Marisa Claudia Alvarez. -Bragança Paulista, 2006. 94 p. Dissertação (mestrado) – Programa de Pós- Graduação em Ciências Farmacêutica da Universidade São Francisco. Orientação de: José Pedrazzoli Junior. 1. Helicobacter pylori. 2. Protium heptaphyllum March. 3. Atividade antimicrobiana. I. Pedrazzoli Junior, José. II. Título. Ficha catalográfica elaborada pelas Bibliotecárias do Setor de Processamento Técnico da Universidade São Francisco. UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO Curso de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas Área de Insumos e Medicamentos TÍTULO DA DISSERTAÇÃO: AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIHelicobacter DA RESINA , DO ÓLEO ESSENCIAL E DA MISTURA DE α E β AMIRINAS DE Protium heptaphyllum MARCH. NOME DO ALUNO: MARISA CLAUDIA ALVAREZ NOME DO ORIENTADOR: JOSÉ PEDRAZZOLI Jr. DATA DA DEFESA COMISSÃO EXAMINADORA: ____________________________ Nome José Pedrazzoli Jr. CPF Instituição USF ____________________________ Nome Marcelo Lima Ribeiro CPF Instituição USF __________________________ Nome Marcelo Lancellotti CPF Instituição UNICAMP FICHA CADASTRAL Nome: Marisa Claudia Alvarez CPF: 230561298-26 Data de Nascimento: 2 de Junho de 1966 Endereço: Rua Coronel Osório 111, Apto. 401; Centro. CEP: 12900-150 Bragança Paulista - SP Linha de Pesquisa: Obtenção, padronização e controle de qualidade de insumos e medicamentos. Projeto que está vinculado: Avaliação da atividade anti- Helicobacter de produtos naturais. Palavras Chaves: Helicobacter pylori, Protium heptaphyllum March, atividade antimicrobiana. Financiamentos: CAPES Data de Matrícula: Março 2004. Data de Conclusão: Junho 2006. Graduação: Universidad Nacional de Córdoba (UNC), Córdoba, Argentina. Ano: 1991 Vínculo Profissional 1. Bolsista: ( x ) sim CAPES 2. Vínculo atual: ( ) não Trabalho realizado na Unidade Integrada de Farmacologia e Gastroenterologia (UNIFAG) no Laboratório de Microbiologia e Biologia Molecular, da Universidade São Francisco. Apoio Financeiro CAPES. A Carlos , pelo estímulo e generosidade de espíritu. Aos meus filhos, Santiago e Malena pelo seu amor incondicional. AGRADECIMIENTOS Ao Prof. Dr. Sérgio de Mendonça, pela maneira gentil e competente com que norteou os meus estudos. Aos Profs. Dr. José Pedrazzoli Jr., Dr. Marcelo Lima Ribeiro, Dr. Marcelo Lancellotti e Dra. Alessandra Gamberro, pela atenção e disponibilidade em participar da avaliação de este trabalho e pelas valiosas sugestões realizadas. Ao Prof. Dr. Vietla Rao do departamento de Farmacologia e Fisiologia da Universidade Federal do Ceará, pelas amostras cedidas para a realização deste trabalho. À Eloá, Anita Paula, Kelly, Rafael, Waldemar, Amanda, Fernanda, Marta, Demetrius e Daniel por terem me facilitado à integração, pela alegria e boa disposição e pelos agradáveis momentos compartilhados no laboratório. À Eloá pelo auxilio no tratamento dos camundongos e pela sua amizade. A Waldemar pelo auxilio na extração de DNA e a técnica de PCR em tempo real. À Marta pelo seu auxilio no sacrifício dos camundongos e determinação de atividade mieloperoxidase. Aos meus pais, Norma e Carlos, pelo amor, estímulo e apoio em todos os momentos da minha vida. Ao meu esposo Carlos, pela paciência, compreensão e estímulo constantes. À Eugenia Bernardi, amiga de todas as horas, pelos conselhos, incentivo e artigos. A todas as pessoas que direta e indiretamente contribuíram para o desenvolvimento deste trabalho. A CAPES pela concessão da bolsa de estudo. È melhor perder se que nunca embarcar, Melhor tentar se que nunca intentar... Saber que se pode, querer que se possa Esquecer os medos, jogá-los para fora Pintar sua cara da cor da esperança Tentar o futuro com seu coração. LISTA DE ABREVIATURAS LISTA DE FIGURAS, TABELAS E GRÁFICOS RESUMO I – INTRODUÇÃO ........................................................................................ 1 II - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA................................................................... 3 1- MICRORGANISMO .......................................................................... 3 1.1 Características microbiológicas .............................................. 4 1.2 Morfologia .................................................................................. 4 1.3 Determinantes de patogenicidade ........................................... 5 1.4 Diversidade genética ................................................................ 8 2- EPIDEMIOLOGIA ............................................................................. 11 3- PREVALÊNCIA ................................................................................ 13 4- TRANSMISSÂO................................................................................ 15 4.1 Transmissão fecal-oral ............................................................. 15 4.2 Transmissão oral-oral............................................................... 16 5- DIAGNÓSTICO .................................................................................. 16 5.1 Técnicas que requerem endoscopia ....................................... 17 5.1.1 Cultura.............................................................................. 17 5.1.2 Histologia......................................................................... 18 5.1.3 Teste rápido da ureáse ................................................... 19 5.1.4 PCR................................................................................... 20 5.1.4.1 PCR ...................................................................... 20 5.1.4.2 PCR em tempo real ............................................ 21 5.2 Técnicas não endoscópicas..................................................... 21 5.2.1 Detecção de anticorpos.................................................. 21 5.2.2 Teste respiratório da uréia ............................................. 22 6- TRATAMENTO .................................................................................. 22 6.1 Esquemas terapêuticos ............................................................ 23 6.2 Resistência aos antimicrobianos............................................. 24 7- ESTUDOS in vivo ............................................................................. 26 7.1 Estudos de tratamentos antimicrobianos ............................... 26 8- PRODUTOS NATURAIS: ALTERNATIVA TERAPÊUTICA.............. 28 8.1 Plantas medicinais e fitoterapia ............................................... 29 8.2 Química de produtos naturais.................................................. 32 8.3 Protium heptaphyllum March. ................................................. 32 III – OBJETIVOS.......................................................................................... 36 IV – MATERIAL E MÉTODOS ..................................................................... 37 1-OBTENÇÃO DOS PRODUTOS NATURAIS DE Protium heptaphyllum March..........................................................................37 1.1 Análise fitoquímica................................................................... 38 2 - LINHAGENS DE Helicobacter pylori ............................................. 38 2.1 Caracterização microbiológica................................................ 40 3- TESTES DE SUSCEPTIBILIDADE ÀS DROGAS ............................. 41 3.1 Difusão em discos de papel ................................................... 41 3.2 Método de Microdiluição ........................................................ 42 3.2.1 Determinação de CIM por espectrofotometria ............ 45 3.2.2 Ensaio de microdiluição em pH 4 ............................... 46 4- ANÁLISE in vivo ............................................................................. 46 4.1 Animais ................................................................................... 46 4.2 Modelo experimental.............................................................. 46 4.3 Avaliação das lesões ulcerativas.......................................... 48 4.4 Cultura bacteriana dos estômagos dos camundongos ...... 48 4.5 Extração de DNA .................................................................... 49 4.6 Amplificação por PCR em tempo real................................... 50 4.7 Determinação de atividade mieloperoxidase ....................... 51 5- ANÁLISE ESTATÍSTICA DOS DADOS.......................................... 52 V – RESULTADOS ...................................................................................... 53 1- TESTES DE SUSCEPTIBILIDADES ÀS DROGAS............................ 53 1.1 Difusão em discos...................................................................... 53 1.2 Concentração Inibitória Mínima e Bactericida Mínima............ 54 1.3 Determinação de CIM por espectrofotometria ......................... 59 1.4 Influência do pH ácido nas propriedades anti-Helicobacter dos compostos ......................................................................... 63 2 - ENSAIOS in vivo............................................................................ 64 2.1 Avaliação das lesões ulcerativas...............................................64 2.2 Quantificação de H.pylori por PCR em tempo real.................. 65 2.3 Cultura dos microrganismos presentes nas biopsias gástricas .................................................................................... 67 2.4 Atividade mieloperoxidase ........................................................ 67 VI – DISCUSSÂO......................................................................................... 69 VII – CONCLUSÕES.................................................................................... 80 VIIl – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................... 81 LISTA DE FIGURAS, TABELAS E GRÁFICOS. Figura 1: Cultura de Helicobacter pylori (página 18) . Figura 2: Análise histológica da biopsia gástrica, com coloração de prata, onde se observa a presença de H. pylori. (página 19) Figura 3: Teste da urease. (página 20) Figura 4: Folha de P. heptaphyllum. (página 33) Figura 5: Resina de P. heptaphyllum. (página 33) Figura 6: Esquema de preparação da microplaca. (página 44) Figura 7: Efeito das diferentes concentrações de amoxicilina nas linhagens 26695, Hardenberg, 713 e 84, determinadas por espectrofotometria. (página 61) Figura 8: Efeito das diferentes concentrações da mistura de α e β amirinas de Protium heptaphyllum March, nas linhagens 713, 638, 637, e 39F. (página 61) Figura 9: Efeito das diferentes concentrações da resina de Protium heptaphyllum March., nas linhagens 713, 638, 637, e 39F. (página 62) Figura 10: Efeito das diferentes concentrações do óleo essencial de Protium heptaphyllum March., nas linhagens 713, 638, 637, e 39F. (página 62) Tabela 1: Ocorrência de H. pylori em diferentes doenças gástricas. (página 12) Tabela 2: Distribuição das linhagens de H.pylori, de acordo com a sua resistência aos antimicrobianos de uso tradicional. (página 40) Tabela 3: Índice de lesões ulcerativas, esquema proposto por Gamberini et al.,(1991). (página 48) Tabela 4: Halos de inibição para a linhagem 26695 obtidos para o óleo, a resina e a mistura das α e β amirinas de Protium heptaphyllum March. (página 53) Tabela 5: Atividade antibacteriana do óleo essencial de P.heptaphyllum frente a H. pylori determinada por microdiluição. (página 54) Tabela 6: Atividade antibacteriana da resina de P.heptaphyllum frente a H. pylori determinada por microdiluição. (página 54) Tabela 7: Atividade antibacteriana da mistura de α e β amirinas de P.heptaphyllum frente a H. pylori determinada por microdiluição. (página 55) Tabela 8: Determinação da concentração bactericida mínima (CBM) e concentração inibitória mínima (CIM) da mistura de α e β amirinas e da resina de Protium heptaphyllum March. por microdiluição. (página 57) Tabela 9: Determinação da concentração bactericida mínima (CBM) e concentração inibitória mínima (CIM) para o óleo essencial de Protium heptaphyllum March. por microdiluição. (página 58) Tabela 10: Determinação da concentração bactericida mínima (CBM) e concentração inibitória mínima (CIM) para amoxicilina por microdiluição. (página 60) Tabela 11: Influência do pH na CBM da resina para as linhagens SS1, Hardenberg, 26695 e BH13. (página 63) Tabela 12: Influência do pH na CBM da mistura de α e β amirinas para as linhagens SS1, Hardenberg, 26695 e BH13. (página 63) Gráfico 1: Curva padrão relacionando o crescimento bacteriano (log de ufc/ ml) com as leituras de turbidez. (página 59) Gráfico 2: Índice de lesões ulcerativas. (página 65) Gráfico 3: Colonização gástrica dos camundongos tratados com a mistura de α e β amirinas e controle. Determinação da densidade bacteriana por PCR em tempo real. (página 66) Gráfico 4: Efeito da mistura das α e β amirinas na atividade da mieloperoxidase no tecido gástrico dos camundongos infectados com H. pylori. (página 68) LISTA DE ABREVIATURAS µ: micro BHI: Brain heart infussion cag Pai: Ilha de patogenicidade CBM: Concentração bactericida mínima ufc: Unidades formadoras de colônias CIM: Concentração inibitória mínima CLO: Campylobacter like organism DMSO: Dimetil sulfoxido DNA: Acido desoxirribonucleico ELISA: Enzyme immuno linked assay FDA: Food and Drug Adminidstration Ig A: Inmunoglobulina A IgG : Inmunoglobulina G Ig M: Inmunoglobulina M ILU: índice de lesões ulcerativas LPS: Lipopolissacarido MALT: Mucosa Associated Limphoid Tissue McF: Mac Farland MH: Mueller Hinton MPO: Mieloperoxidase nm: nanometro OMS: Organização Mundial da saúde pb: Pares de bases PBS: Solução salina tamponada PCR: Polymerase Chain Reaction SS1: Sidney Strain 1 TTC: Cloreto de trifenil tetrazolium RESUMO O Helicobacter pylori é o principal agente etiológico de infecções gastrintestinais em adultos e crianças, e tem sido implicado na patogênese de gastrites agudas e crônicas, de úlceras pépticas e duodenais e no carcinoma gástrico. Os esquemas terapêuticos utilizados na erradicação da bactéria consistem em combinar dois antimicrobianos com um inibidor da bomba de prótons, entretanto, o índice de resistência desta bactéria no Brasil tem influenciado negativamente a eficiência da erradicação, estimulando a busca de alternativas terapêuticas baseadas na fitoterapia. Neste estudo avaliamos in vitro e in vivo à atividade anti-Helicobacter da resina, do óleo essencial e da mistura de α e β amirinas de Protium heptaphyllum March. Estas substâncias foram analisadas qualitativamente pelo método de difusão em discos e, em seguida, foram quantificadas as concentrações mínimas inibitórias e bactericidas pelo método de microdiluição. O ensaio in vivo foi realizado em camundongos C57BL/6 infectados com H.pylori SS1 e tratados por via oral com a mistura de α e β amirinas (720 mg/kg/dia) durante 7 dias. Todas as 26 cepas ensaiadas in vitro, tiveram o crescimento inibido na concentração de 160 µg/ml, tanto com a mistura de α e β amirinas quanto com a resina. O óleo essencial, entretanto, apresentou efeito bactericida em torno de 2000 µg/ml. A diminuição do pH não afetou a atividade anti-Helicobacter destes produtos. Os ensaios in vivo com a dose e o esquema terapêutico utilizado, não demonstraram atividade de erradicação da bactéria, mas comprovaram seu efeito terapêutico no tratamento de lesões ulcerosas. ABSTRACT Helicobacter pylori is considered the main etiological agent of gastrointestinal infections occurring in adults as well as in children, and it has been implicated in the pathology of acute and chronic gastritis, peptic and duodenal ulcerations and gastric carcinoma. Present treatments used to eradicate the bacteria are based on the combination of two antibiotics and a proton pump inhibitor, however, the resistant index for this bacterium in Brazil has negatively affected the eradication efficacy, encouraging the search of alternative therapeutics based on phytotherapy. In this work, we analyzed in- vitro and in- vivo anti Helicobacter activity of the resin, the essential oil and the α and β amiryns mixture of Protium hepthaphyllum March. For this purpose, we first performed a qualitative screening using the diffusion disc method, followed by the quantitative determination of minimal inhibitory and bactericidal concentrations by microdilution test. The in-vivo assay used C57BL/6 mice infected with SS1 H. pylori strain that were treated orally with the mixture of α and β amiryns (720 mg/kg/day) for 7 days. All H. pylori strains were inhibited at 160 µg/ml by resin or α and β amiryns mixture. The essential oil showed activity, at a level of 2000 µg/ml. The acid pH did not affect inhibition activity of tested substances. In-vivo assay, in the dose and in the treatment schedule used, did not eradicate SS1 H. pylori, but showed healing properties. I - INTRODUÇÂO Helicobacter pylori é o principal agente etiológico de infecções gastrintestinais em adultos e crianças, e tem sido implicada na patogênese da gastrite ativa e crônica, como também na úlcera péptica e no carcinoma gástrico. A gravidade dos sintomas depende de interações complexas entre as bactérias e o hospedeiro, como a virulência da linhagem infectante, a constituição genética e a idade do hospedeiro, fatores ambientais e hábitos alimentares (BERGONZELLI et al., 2003). O microorganismo modifica o epitélio gástrico através da toxicidade bacteriana e pelo dano provocado pela reação inflamatória. A infecção, caso não tratada, persiste por toda a vida do paciente (PAJARES, 1995). Atualmente, os tratamentos anti-Helicobacter pylori se baseiam na combinação de um inibidor da bomba de prótons e dois antibióticos, o que é conhecido como terapia tríplice. Entretanto, em alguns pacientes a infecção reaparece, e em diferentes partes do mundo a resistência aos antimicrobianos tem aumentado e continua a crescer, sendo esta uma das principais causas de falta de erradicação dos microorganismos pelo tratamento. Outro fator importante para a falência terapêutica é o não cumprimento do tratamento pelo paciente, devido aos efeitos colaterais que os medicamentos podem provocar como, diarréia, perda do apetite e perda de peso corporal. O desenvolvimento de um medicamento que apresentasse atividade gastroprotetora, atividade antiHelicobacter e pouco ou nenhum efeito colateral seria de grande importância como alternativa terapêutica (PETERSON & GRAHAM, 1998). Até o século XIX, os recursos terapêuticos eram constituídos predominantemente por plantas e extratos vegetais, utilizados de forma empírica e transmitidos por comunicação oral dentro das populações humanas. O efeito antimicrobiano de várias ervas é conhecido desde a antiguidade, sendo atribuídas as propriedades antimicrobianas às frações que contem os óleos essenciais, existindo evidência documentada desta atividade para a uma grande variedade de bactérias, fungos, protozoários e vírus (COWAN, 1999; SIMÔES et al., 2003). Protium heptaphyllum March, da família Burseraceae, conhecida popularmente como almécega, produz uma resina oleosa denominada breu branco, goma limão e almécega do Brasil. Esta planta é encontrada principalmente na região amazônica e do Nordeste brasileiro, onde é amplamente utilizada na medicina popular como analgésico, antiinflamatório, antineoplásico, contraceptivo, cicatrizante e expectorante. A análise fitoquímica da resina revelou a presença de vários monoterpenos e triterpenos pentacíclicos, entre os quais a mistura de α e β amirinas (OLIVEIRA et al., 2004a). Recentemente foi publicado que a resina também possui propriedades gastroprotetoras in vivo (OLIVEIRA et al., 2004b) e a possibilidade de apresentar atividade anti-Helicobacter devido a grande quantidade de terpenos, substâncias reconhecidamente associadas a este efeito, poderia recomendar a futura utilização deste composto no tratamento de erradicação desta bactéria. ll - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 1- MICRORGANISMO A bactéria, hoje conhecida como Helicobacter pylori, tem sido o objeto de intensas pesquisas desde seu primeiro cultivo a partir de uma biópsia gástrica em 1982. Desde o começo, este microorganismo tem provocado o interesse de diversos profissionais da área da saúde, entre médicos, farmacêuticos, biólogos e até pesquisadores na área da oncologia. A possibilidade de que uma bactéria pudesse causar gastrites, úlceras pépticas e com o tempo câncer, era um conceito difícil de aceitar. Entretanto, a evidência do envolvimento de um microrganismo no desenvolvimento de úlceras em animais de experimentação já era de conhecimento dos pesquisadores desde o século anterior. A presença de organismos espiralados, conhecidos como espiroquetas, já havia sido previamente informada em 1893. Durante a década de 1940 foram identificadas espiroquetas nas amostras gástricas humanas, e a maioria parecia estar presente em pacientes com úlceras gástricas. Entretanto, o interesse dos pesquisadores em associar uma bactéria como o agente causal de úlcera diminuiu devido aos relatos da literatura da época que destacaram uma provável associação entre vírus e úlcera péptica. STEER e colaboradores renovaram o interesse na associação entre úlcera e bactéria em 1975, mas falharam no isolamento e identificação dos microrganismos que observaram, assumindo como contaminação do endoscópio (HEATLEY, 1995). Em 1983, WARREN e MARSHALL relataram à presença de uma bactéria espiralada em pacientes com úlceras pépticas e gastrites crônicas, evidenciando a similaridade entre estes microrganismos e o gênero Campylobacter, dando lhes a denominação de Campylobacter like organism. Posteriormente o microrganismo recebeu da denominação de Campylobacter pyloridis, para logo depois ser corrigido gramaticalmente para Campylobacter pylori. Trabalhos posteriores, entretanto, evidenciaram diferenças bioquímicas e moleculares entre esta bactéria e o gênero Campylobacter, e finalmente em 1989 foi reconhecida como um novo gênero, Helicobacter. Assim, ao Helicobacter pylori, foram incluídos o Helicobacter felis e o Helicobacter mustelae (HEATLEY, 1995), sendo que atualmente este gênero possui mais de uma dezena de espécies. 1.1 Características microbiológicas. Helicobacter pylori é um bacilo espiral Gram negativo, de crescimento lento, microaerofílico. Apresenta mobilidade pela presença de flagelos unipolares, que podem estar presentes na quantidade de quatro a seis flagelos. Sua principal característica bioquímica é a abundante produção de enzima urease, que tem um papel importante na fase inicial de colonização do epitélio gastrintestinal, já que a mesma produz a hidrólise da uréia, alterando deste modo o pH da mucosa gástrica, tornando-a mais adequada para sua sobrevivência. Esta enzima tornou-se um importante marcador da presença do microorganismo (PETERSON & GRAHAM, 1998). 1.2 Morfologia. O microrganismo existe em duas formas morfológicas diferentes, uma forma espiral, considerada como ativa e a forma cocóide, associada como provável estrutura de resistência em condições adversas. Em sua forma espiral, a bactéria possui de 3 a 5 µm de comprimento e aproximadamente 0,5 µm de diâmetro. Esta morfologia é tida como a forma viável do microorganismo. A forma cocóide não é cultivável, mas é metabolicamente ativa e que acumula polifosfatos como reserva de energia e de fósforo, e tem a propriedade de reduzir os corantes de tetrazolium (CELLINI et al., 1994; COLE et al.,1997). A forma cocóide é a forma predominante em condições de incubação bacteriana por períodos prolongados na água, sugerindo que a infecção através do sistema de água poderia ser possível em países em desenvolvimento. A transformação da forma espiral na forma cocóide pode ser induzida por outras condições, como aumento na concentração de oxigênio, pH alcalino, aumento da temperatura, incubação prolongada, bem como tratamento com omeprazol ou antibióticos como amoxicilina pelo paciente. Embora a forma espiral de H. pylori seja, normalmente, considerada como a responsável pela patogenicidade, ambas as formas podem ser encontradas no estômago e duodeno humano. A forma cocóide da Helicobacter pylori é encontrada aderida às células epiteliais gástricas severamente afetadas e são prevalentes nas margens dos tumores gástricos, sendo observadas em 93 % das biopsias de pacientes com adenocarcinoma. Entretanto, o papel da forma cocóide na patogênese bacteriana permanece incerto (COLE et al., 1996). 1.3 Determinantes de patogenicidade. Os fatores que permitem aos patógenos microbianos se estabelecer em um hospedeiro são denominados como fatores de colonização, e normalmente contribuem para a patogenicidade bacteriana. No caso do Helicobacter pylori, a sobrevivência no ambiente gástrico é atribuída a características especiais, sendo a capacidade de colonizar a superfície do epitélio gástrico abaixo da camada de muco a de maior relevância (McGOWAN et al., 1996). Alguns fatores de virulência do Helicobacter pylori, relacionados com a colonização gástrica, ao dano tecidual e a sobrevivência deste no hospedeiro já estão bem estabelecidos, como flagelos, a enzima urease e algumas adesinas. (ANDERSEN et al., 2001). A morfologia espiralada do H. pylori e os movimentos provocados pelos flagelos unipolares permitem a rápida travessia do lúmen do estômago e a penetração da mucosa. Os flagelos, que são essenciais para a mobilidade bacteriana, têm aproximadamente 30µm de comprimento e 2,5 nm de espessura. A constituição dos mesmos apresenta a estrutura típica de bicamada fosfolipídia de membrana (DUNN et al., 1997). Helicobacter pylori é um dos maiores produtores de urease entre as espécies bacterianas. A urease é uma das enzimas chaves na patogênese e possui um peso molecular de 550 kDa, consistindo de três subunidades, Ure A, Ure B e Ure C. Esta enzima é necessária para que H. pylori mantenha um micro ambiente de pH neutro ao redor da bactéria, hidrolisando a uréia da mucosa gástrica, resultando na produção de dióxido de carbono e amônia, responsável pela neutralização do pH, necessária para a sobrevivência no meio naturalmente ácido do estômago. A amônia resultante também é utilizada como fonte de nitrogênio para a síntese de proteínas necessárias para que ocorra a aderência bacteriana (EATON et al.,1995). A urease é fortemente inmunogênica e quimiotáxica para os fagócitos. Outra importante enzima isolada de H. pylori é a superóxido dismutase, responsável pela quebra de superóxido produzido por leucócitos polimorfonucleares e macrófagos, evitando deste modo a morte bacteriana (SPIEGELHALDER et al.,1993) A enzima catalase protege o microrganismo dos efeitos do peróxido de hidrogênio liberado pelos fagócitos. Tanto a catalase como a urease são excretadas pelo H. pylori ao meio ambiente circundante e o protegem da resposta imune humoral (ANDERSEN et al., 2001). Durante os estágios iniciais da infecção o Helicobacter pylori deve evitar os efeitos do acido gástrico, sendo este o provável motivo da infecção aguda transcorrer com hipocloridia. O mecanismo pelo qual a bactéria atinge este objetivo deve envolver possíveis mediadores, como as proteínas inibidoras de ácido que bloqueiam a secreção de ácido pelas células parietais, o lipopolisacarideo (LPS) e as citoquinas (PETERSON & GRAHAM, 1998). A habilidade deste microrganismo se unir especificamente ao epitélio gástrico é chamada de tropismo tecidual; esta propriedade impede que o microrganismo seja arrastado durante a troca celular, a secreção de muco ou pela mobilidade gástrica. Esta aderência é realizada através de adesinas específicas e receptores presentes no epitélio gástrico. A expressão variável das adesinas nas diferentes linhagens bacterianas explica a variação na aderência das diferentes cepas de H. pylori, bem como as diferenças na disponibilidade de receptores específicos no hospedeiro sugerem uma possível explicação para as diferenças na susceptibilidade a infecção. (DUNN et al, 1997; PETERSON & GRAHAM, 1998). O H. pylori sobrevive com dificuldade em ambientes com pH ácidos e alcalinos, e foi demosntrado que o microrganismo possui a enzima P typeATPase que catalisa o intercambio de NH4+/H+ sendo esta atividade responsável pela prevenção de uma alcalinização excessiva gerada pela hidrolise da uréia, catalisada pela enzima urease (PETERSON & GRAHAM, 1998). O LPS é uma família de glicolipideos que são encontrados na parede celular das bactérias Gram-negativas, incluído o H. pylori. O LPS, principalmente através do Lipídeo A que é um dos constituintes, estimula a liberação de citoquinas e possui propriedades endotóxicas. Entre outras ações do LPS podem ser incluídas a interferência com as células epiteliais gástricas, que pode levar a perda da integridade da camada mucosa; inibição da síntese de mucina; e estimulação da secreção de pepsinogeno. Apesar das propriedades toxigênicas o lipídeo A de H. pylori é menos potente que o mesmo lipídio em outras bactérias Gram-negativas, o que sugere uma adaptação do H. pylori para uma longa existência no estômago. A presença da enzima mucinase provavelmente contribui para a ruptura da barreira mucosa e as fosfolipases digerem a membrana rica em fosfolipídios das células mucosas. A citotoxina de vacuolização VacA produz vacúolos nas células epiteliais gástricas e tem sido relacionada com a presença de úlceras pépticas, gastrites severas e a perda de integridade da mucosa. O Helicobacter pylori produz uma série de proteínas de superfície independentes do LPS, que possuem propriedades quimiotáxicas para monócitos e neutrófilos, atraindo-os para a lâmina própria e ativando suas propriedades inflamatórias. Dentre estas proteínas incluem-se a proteína ativadora de neutrofilos HpNap, expressada pelo gene napA e as porinas, que são imunologicamente ativas (DUNN et al., 1997; PETERSON & GRAHAM, 1998 ; MURRAY et al., 2000). Os microrganismos ativamente móveis atravessam o muco gástrico e aderem às células epiteliais. A lesão tecidual localizada é mediada por subprodutos da urease, mucinase e atividade da citotoxina que induz a lesão das células epiteliais e, juntamente com a urease e o lipopolisacarídeo bacteriano estimula a resposta inflamatória. A bactéria é protegida da fagocitose e da destruição intracelular pela produção de superóxido-dismutase e catalase. Também produz hemolisinas fosfolipase e álcool-desidrogenase, embora o papel dessas substancias na doença ainda não esteja definido (MURRAY et al., 2000). 1.4 Diversidade genética. A presença do Helicobacter pylori está associada com diversas doenças que apresentam diferentes graus de severidade, tais como gastrite crônica, úlcera péptica, linfoma MALT (Mucosa Associated Limphoid Tissue) e carcinoma gástrico distal. A diversidade sintomática pode estar ligada à idade e a fatores genéticos do hospedeiro, juntamente com fatores ambientais, tais como a dieta inadequada e a administração contínua de alguns medicamentos, como os antiinflamatórios não esteroidais (GO et al.,1996; VAN DOORN et al.,1997; AXON,1999; MARAIS et al., 1999). As bactérias, como todos os sistemas biológicos, estão em um contínuo estado de evolução e sua genética é alterada sutilmente nas gerações seguintes. Diversas gerações bacterianas habitam o estômago humano e as mesmas evoluem separadamente em cada hospedeiro, sendo muito difícil encontrar duas linhagens geneticamente idênticas em hospedeiros diferentes, com a exceção de indivíduos que pertençam à mesma família ou a instituições onde uma linhagem específica tenha sido transmitida de um individuo a outro (AXON, 1999). Estudos genéticos comprovam que as linhagens de Helicobacter pylori apresentam grande diversidade. Esta diversidade reflete o modo de vida desta bactéria e sua interação com o hospedeiro humano. Uma vez tendo sucesso na colonização de um indivíduo, a infecção permanece de forma crônica por toda a vida, em um isolamento geográfico que permite a fixação de algumas mutações e polimorfismos, que confiram alguma vantagem adaptativa, ou mesmo por deriva genética, determinando uma grande diversidade genética entre cepas que colonizem diversos indivíduos. A geração de diversidade envolve pontos endógenos de mutação e recombinação. As porcentagens de mutação nos microrganismos não são constantes entre as populações bacterianas, mas estão sujeitas às mudanças no meio ambiente, e dentro de populações grandes são poucas as células que alcançam altas porcentagens de mutação. No caso do H. pylori, a maioria das cepas possui este fenótipo de hiper-mutação que favorece a aparição de variantes na presença de pressão seletiva. Um exemplo da eficiência adaptativa da mutação de ponto é um rápido desenvolvimento, na população bacteriana, de um alto nível de resistência aos antibióticos usados comumente, como é o caso da claritromicina (BLASER & ATHERTON, 2004). Helicobacter pylori é altamente competente para adquirir DNA de outras linhagens de H. pylori. Análises das seqüências deste microrganismo mostram uma alta taxa de recombinação entre as linhagens, que é evidenciada pela presença de grandes quantidades de seqüências de DNA repetitivas (HOFREUTER et al., 1998). Em 1997, TOMB e colaboradores, publicaram o seqüenciamento completo do cromossomo de Helicobacter pylori. Os autores escolheram a seqüência do genoma da linhagem 26695, isolada de um paciente com gastrite. Em 1998, HANCOCK e colaboradores concluíram o genoma de outra linhagem de H. pylori, denominada J99, isolada de um paciente norteamericano com úlcera duodenal. Os genomas das linhagens 26695 e J99 contêm 1.667.967 e 1.643.831 pares de bases (pb), respectivamente (MARAIS, 1999), que compõe aproximadamente 1600 genes. Destes, só 55% estão presentes em outros microrganismos, sendo os 45 % restantes exclusivos de H.pylori. (AXON, 1999). Estudos que compararam as seqüências gênicas do H. pylori concluíram que, na organização do genoma, a ordem dos genes das duas linhagens estudadas é muito semelhante, sendo que aproximadamente 7 % são exclusivos de cada uma das linhagens (ALM et al. ,1999). A virulência do H. pylori e sua habilidade para provocar dano no hospedeiro parecem depender da natureza do cromossomo, em particular do segmento que codifica para a toxina de vacuolização, e do que aparenta ser uma inserção de DNA exógeno, a citotoxina associada à ilha de patogenicidade, ou cagPAI (AXON, 1999). Os microrganismos que possuem esta seqüência causam inflamação mais severa no hospedeiro, e acredita-se que a mesma esteja envolvida na exportação de macromoléculas importantes para as interações entre parasita e hospedeiros. As linhagens que possuem o gene cagA são mais prevalentes em pacientes com úlceras pépticas que naqueles que apresentam o quadro sintomático de gastrite. Outros genes que também se relacionam com a presença de ulcerações são o cagE e o iceA (VAN DOORM et al.,2000). A toxina de vacuolização VacA é uma proteína secretada pelo H.pylori através de um sistema de secreção codificado pela ilha de patogenicidade CagPAI que causa a vacuolização de células, tanto in vitro como in vivo. Esta toxina apresenta ativação em pH ácido e resistência a degradação pela pepsina (AXON,1999). Os genes que codificam os fatores de virulência têm sido sugeridos como possíveis marcadores genéticos (GRAHAM & YAMAOKA, 2000; ITO et al., 2000), entretanto diversos estudos revelaram que as freqüências dos genes vacA, iceA e cagA, em pacientes portadores de doenças gástricas, apresentaram variações dependentes da população estudada. YAMAOKA e colaboradores compararam as freqüências gênicas em pacientes portadores de úlcera péptica, câncer gástrico e gastrite, provenientes da Colômbia, EUA, Coréia e Japão. Estes autores observaram que as freqüências dos genótipos diferem nas populações de cada um dos paises estudados. Além disso, não foi encontrada associação entre as doenças analisadas e a presença dos alelos (YAMAOKA et al.,1999). Em estudo posterior os mesmos autores analisaram a freqüência dos genótipos em quatro grupos étnicos diferentes, negros, hispânicos, brancos e vietnamitas, identificando diferenças substanciais entre estes grupos, e concluíram que as variações existentes sugerem a necessidade de estudos específicos para cada população (YAMAOKA et al., 2000). No Brasil, a análise de linhagens obtidas através de biópsias gástricas quanto à resistência primária para os antibióticos utilizados no tratamento para a erradicação do H. pylori apresentou diferentes graus de resistência quando comparados com os obtidos em outras populações. Ao revelar diferenças nas linhagens brasileiras em comparação com outros paises, os autores reforçaram a importância de se realizar estudos específicos da bactéria H. pylori, provenientes da população brasileira (MENDONÇA et al., 2000). 2- EPIDEMIOLOGIA A infecção causada pelo Helicobacter pylori na mucosa gástrica é considerada a infecção crônica que ocorre em humanos com maior freqüência (GRAHAM, 2000). Aproximadamente metade da população mundial está infectada com H. pylori, tornando esta bactéria um dos principais patógenos da espécie humana e um grave problema de saúde publica (INTERNATIONAL AGENCY FOR RESEARCH ON CANCER, WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1994; AMERICAN DIGESTIVE HEALTH FOUNDATION, 1997). A Tabela 1 fornece dados representativos com relação as diferentes doenças gastroduodenais mais estudadas, onde se pode observar uma associação entre a doença e a presença da bactéria H. pylori. Tabela 1: Ocorrência de H. pylori em diferentes doenças gástricas. Doença N° de estudos N °de Revisados pacientes Presença de H. pylori (%) estudados Variação media Dispepsia não-ulcerosa 9 1293 33-87 51 Gastrite crônica 15 1411 62-94 83 Histologia gástrica normal 15 569 0-14 4 Úlcera duodenal 12 620 60-100 92 Úlcera gástrica 12 312 44-90 69 Fonte: FERNANDEZ,1999. As evidências experimentais e clínicas que permitem estabelecer uma relação patogênica entre a presença de Helicobacter pylori e estas doenças podem ser diretas ou indiretas (FERNANDEZ, 1999). Entre as evidências diretas incluem-se: a inoculação experimental em humanos que resulta na produção de gastrite; a inoculação em animais de experimentação resultando em gastrite crônica; e a terapia antimicrobiana que, quando adequada, elimina a infecção com conseqüente regressão da gastrite. Entre as causas indiretas destacam-se: o H. pylori somente coloniza o epitélio gástrico e não outros tecidos e associa-se intimamente com as células epiteliais de origem gástrica e raramente com células epiteliais esofágicas; o H. pylori associa se só com certos tipos de inflamação gastroduodenal e não com todos os tipos conhecidos; a infecção desencadeia uma resposta imune sistêmica-humoral específica; a terapia antimicrobiana adequada diminui os níveis de anticorpos específicos e a inflamação; e a presença do Helicobacter está associada com a hipocloridria e a gastrite epidêmica (FERNANDEZ, 1999). 3 - PREVALÊNCIA A infecção provocada por este microrganismo ocorre mundialmente e, aparentemente, todas as populações estão afetadas em maior ou menor grau (HEATLEY, 1995). Apesar da ocorrência mundial, observam-se diferenças significativas dentro e entre os diferentes países. Em geral a prevalência da infecção é menor nos países desenvolvidos que daqueles em desenvolvimento (MITCHELL, 2001). As pessoas infectadas desenvolvem gastrite crônica, sendo que uma vez adquirida a infecção, esta não é erradicada espontâneamente. Entretanto, apesar da alta prevalência, somente uma pequena proporção dos indivíduos infectados desenvolverá uma doença clinicamente significativa, como úlcera péptica ou câncer gástrico. Aproximadamente 1 em 5-6 indivíduos desenvolverá úlcera péptica na sua vida e menos do 1 % desenvolverá câncer gástrico (GO, 2002). A freqüência da infecção parece ser maior quanto mais elevada for à faixa etária. Nos países desenvolvidos, a infecção é pouco freqüente na infância e aumenta na população adulta, fato relacionado com as significativas melhorias nas condições de saneamento básico ocorrido na metade do século passado, portanto, os pacientes com idade superior aos 50 anos adquiriram a infecção na infância, quando as condições de saneamento não eram boas. Nos países em desenvolvimento o microrganismo ainda é adquirido precocemente durante a primeira infância e com altas freqüências, fenômeno possivelmente associado à presença de condições socioeconômicas e ambientais inadequadas, como ocorre na China, onde a taxa de infecção chega a 70 % entre os adolescentes, e na Nigéria, onde a prevalência atinge 58 % de crianças soropositivos com um ano de idade, chegando a 91 % após dez anos (THOMAS & PRETOLANI, 1994). Adicionalmente, MITCHELL (1999) apresentou resultados de estudos epidemiológicos em países desenvolvidos, obtendo taxa de infecção entre 0 á 5% em crianças com idade inferior a 10 anos. No Brasil, estudos realizados com crianças e adolescentes na faixa etária entre 1-18 anos, de nível socioeconômico baixo da cidade de Belo Horizonte, revelaram uma prevalência de 34,1 %, sendo esta porcentagem similar entre meninos e meninas (35,8 % e 32,3 %, respectivamente). Estes estudos ainda verificaram um aumento da freqüência conforme a idade dos indivíduos analisados, sendo de entre 16,4% na faixa entre 1 e 2 anos e de 64,3 % entre 15 e 18 anos (OLIVEIRA et al.,1994). Comparativamente, foram verificadas porcentagens próximas em países como Chile e Índia, também em desenvolvimento. Na mesma faixa etária observou-se uma porcentagem marcadamente inferior em países como França, Bélgica e Inglaterra, e taxas mais altas em países como Nigéria, Índia e Argélia (OLIVEIRA et al., 1994). Em 1999, o estudo foi repetido com 213 voluntários de baixo nível socioeconômico residentes na área metropolitana de Belo Horizonte e apontaram uma prevalência de 81,7 % (OLIVEIRA et al., 1999). Outro estudo realizado com habitantes de Nossa Senhora do Livramento, interior do estado do Mato Grosso, revelou uma freqüência de 77,5% de crianças e adolescentes contaminados e 84,7 % de adultos (SOUTO et al., 1998). PEREZ-PEREZ e colaboradores (2004) revisaram os dados epidemiológicos publicados entre Abril de 2003 e Março de 2004 e confirmaram tanto a diferença da prevalência da infecção por H. pylori entre países desenvolvidos e em desenvolvimento, quanto em relação às características étnicas e aos fatores socioeconômicos entre as pessoas morando no mesmo país. Estes autores concluíram que a transmissão intrafamiliar apresenta-se como um fator de grande importância, tanto nos países desenvolvidos como os em desenvolvimento. 4- TRANSMISSÂO Diversos estudos epidemiológicos evidenciaram os dois principais fatores de risco para adquirir o Helicobacter pylori: a primeira infância e o nível sócio econômico de baixa renda, tanto em países desenvolvidos como em desenvolvimento. Apesar disso, na ausência de um reservatório extra-humano, o caminho exato para a transmissão de pessoa para pessoa ainda não foi determinado. As vias de infecção aceitas atualmente incluem a oral-oral e a fecal-oral. Além da mucosa gástrica, a boca parece ser um outro santuário importante para este microrganismo, e a via oral-oral, o mecanismo mais usual de transmissão entre as crianças e os adultos jovens de todo o mundo. Nas condições de baixa higiene, especialmente nos países em desenvolvimento, deve considerar se a via de transmissão fecal-oral (DELTRENRE & DE KOSTER, 2000). A bactéria também pode ser transmitida através de endoscópios e pinças endoscópicas não esterilizadas adequadamente (KATOH et al, 1993; FERNANDEZ, 1999). O fato de a bactéria possuir a capacidade de sobreviver por um determinado tempo no suco gástrico, transforma o vômito em um possível meio de propagação (THOMAS & PRETOLANI, 1994; HEATLEY, 1995). Alguns trabalhos relataram à ocorrência da bactéria em placas dentarias e nas fezes, evidenciando a saliva e as condições sanitárias, respectivamente, como fatores de transmissão (CELLINI et al, 1994; THOMAS & PRETOLANI, 1994; HEATLEY, 1995; PAJARES, 1995). 4.1 Transmissão fecal-oral Em 1992, THOMAZ e colaboradores, descreveram pela primeira vez o isolamento do microrganismo em fezes de crianças e adultos contaminados. Posteriormente, outros trabalhos citando a presença do microrganismo nas fezes também foram descritos (KELLY et al., 1994; NOTARNICOLA et al, 1996), possibilitando que as fontes de água fossem consideradas como um importante meio de transmissão, de modo particular nos países em desenvolvimento, onde o tratamento dos efluentes não é adequado, o que potencializaria a contaminação através das fezes (HEATLEY,1995). Estudos posteriores mostram que a bactéria não sobrevive à passagem estômago-duodeno, sendo a bile responsável pela morte do microrganismo, e portanto, a sua sobrevivência no intestino e nas fezes parece pouco provável (MITCHELL, 1999). Outros estudos, com o objetivo de examinar o rol da transmissão fecaloral, investigaram a associação entre a prevalência da infecção por H. pylori e o vírus da Hepatite A, vírus que é transmitido principalmente pela via fecal–oral, na China. Não foi possível estabelecer uma associação entre ambas infecções, evidenciando a falta de correlação entre H.pylori e Hepatite A, e contraria a hipótese da transmissão fecal-oral (MITCHELL, 2001). 4.2 Transmissão oral-oral A transmissão oral-oral está relacionada com indícios de que a bactéria possa ser transmitida via saliva e através do suco gástrico (MITCHELL, 1999). CELLINI e colaboradores em 1994, isolaram de pacientes uma mesma linhagem de H. pylori da placa dentaria e de biopsia gástrica, evidenciando o vômito e o refluxo esofágico como vetores de propagação do microrganismo. Outros estudos indicam a presença superior a 58 % de H. pylori no suco gástrico de pacientes infectados (VAROLI et al.,1991; MITCHELL,1999). Desde então, uma maior atenção está sendo dispensada á provável transmissão gastro-oral, o que torna o vômito um potente agente de transmissão da infecção (MITCHELL et al, 1992; AXON, 1995). 5- DIAGNÓSTICO Existe uma variedade de testes disponíveis para diagnosticar a infecção por H. pylori. Exame histológico do tecido gástrico, cultura bacteriana, teste rápido da urease, sondas de DNA e análise por PCR para estudar o tecido gástrico requerem exame endoscópico e são considerados invasivos. Entretanto, o teste respiratório da uréia, os testes sorológicos, a análise por PCR da saliva e a excreção urinaria de amônia N15 são testes não invasivos por não requererem endoscopia. A escolha do teste usado para diagnosticar a infecção dependerá, na maioria dos casos, das informações clínicas, da disponibilidade do teste no local e do custo final dos exames (DUNN et al, 1997). Os testes não invasivos são mais convenientes para o paciente, entretanto não permitem o isolamento e cultura da bactéria, e deste modo, não possibilitam a avaliação da susceptibilidade aos agentes antimicrobianos (HEATLEY, 1995; BATISTA et al, 2003; TRABULSI & ALTHERTUM, 2004). 5.1 Técnicas que requerem endoscopia No exame endoscópico, muitos indivíduos com gastrite associada a H. pylori podem ter uma aparência normal da mucosa. A distribuição do microrganismo e do quadro inflamatório associado ocorre por zonas, o que pode levar a um erro de amostragem, resultando em falsos negativos da biopsia, cultura e do teste rápido da urease. Como recomendação mínima, duas biópsias devem ser retiradas da mucosa gástrica à partir de 5 cm do piloro e múltiplas secções devem ser examinadas por histologia (DUNN et al, 1997). 5.1.1 Cultura A cultura do H. pylori apresenta duas vantagens: permite a realização de testes de susceptibilidade, e os isolamentos obtidos podem ser caracterizados em detalhe. Apesar da sensibilidade da cultura em laboratórios especializados ser superior à 95 %, o crescimento da bactéria pode ser afetado por diversos fatores, como o número de biópsias analisado , o meio de cultura utilizado, a duração e a temperatura do transporte e o próprio método de cultivo. Além disso, é possível que resíduos de glutaraldeído presentes na pinça de coleta de biopsia interfiram com a viabilidade do H. pylori. Para o desenvolvimento da cultura bacteriana, alguns cuidados devem ser tomados quanto ao ambiente de crescimento do H. pylori, que deve ser obrigatoriamente microaerofílico (McNULTY et al., 1988; ELIZALDE et al, 1998; GOLD et al.,1999). Na Figura 1 observa-se a imagem da cultura de H. pylori numa placa de agar sangue. As colônias apresentam uma morfologia característica com aspecto brilhante e transparente. Figura 1: Cultura de Helicobacter pylori Fonte: www. helicobacterspain.com 5.1.2 Histologia Helicobacter pylori pode ser visualizado a alta magnificação no microscópio óptico com a coloração convencional de hematoxilina - eosina ou de Giemsa modificada. As bactérias estão localizadas na camada mucosa, aderidas na superfície do epitélio, e são encontradas no fundo, dentro das criptas. Às vezes, a técnica pode dar resultados falsos negativos devido à pouca quantidade de bactérias presentes na amostra. Além da detecção da bactéria, a análise histopatológica permite avaliar o tipo e a intensidade da inflamação (HEATLEY,1995; MEGRAUD, 1997; DUNN et al.,1997). Figura 2: Análise histológica da biopsia gástrica, com coloração de prata, onde se observa a presença de H. pylori. Fonte : www.hpylori.com.au 5.1.3 Teste rápido da urease A observação de que H. pylori produz grandes quantidades da enzima urease, levou ao desenvolvimento de métodos para a determinação indireta do microrganismo na biópsia do tecido gástrico. A sensibilidade dos testes baseados na urease é dependente da carga bacteriana no estômago. (DUNN et al.,1997). A enzima urease hidrolisa a uréia, originando como produtos, gás carbônico e amônia, esta última responsável pela alteração do pH do ambiente próximo à bactéria. O resultado da atividade enzimática pode ser observado através de um indicador de pH, que altera a coloração do meio, de amarelo à rosa, indicando a presença da bactéria (Figura 3). O teste é de baixo custo, rápido e fácil de ser realizado (MEGRAUD, 1997). Falsos positivos podem ocorrer devido à presença de outros microrganismos produtores de urease, como também podem ocorrer falsos negativos em pacientes que estão sendo tratados com inibidores da bomba de prótons, tais como, omeprazol, lanzoprazol ou pantoprazol (GLUPCZYNSKI & HIRSCHL, 1994). Figura 3: Teste rápido de urease Fonte: www.hpylori.com.au 5.1.4 PCR 5.1.4.1 PCR A reação de PCR (Polymerase Chain Reaction) para detecção de H. pylori em amostras de biopsia gástrica é outro método de alta sensibilidade. Além disto, esta técnica tem a vantagem de permitir a detecção dos fatores de virulência, como cagA, alelos de vacA, iceA ,etc. (RAUTELIN et al., 2003). Entretanto, alguns fatores podem diminuir a sensibilidade do teste, como a escolha dos primers, a preparação da amostra, a densidade bacteriana, e a manipulação técnicas do procedimento de PCR. Uma das vantagens desta técnica é a possibilidade de tornar o diagnóstico de H. pylori um procedimento não invasivo, através da detecção do microrganismo a partir de fluídos não gástricos, como a saliva ou até mesmo nas fezes (DUNN et al.,1997). Esta técnica é muito utilizada em estudos epidemiológicos ligados á identificação de reservatórios ambientais, e também em trabalhos que pretendem determinar o mecanismo de transmissão desta bactéria (WESTBLOM,1997). O alto custo desta técnica e a correlação nem sempre exata com a viabilidade da bactéria são suas principais desvantagens. 5.1.4.2 PCR em tempo real Esta técnica, desenvolvida a partir da técnica de PCR convencional, associou a detecção de fluorescência para a determinação do ciclo que uma determinada reação atinge uma quantidade de DNA amplificado, seguida da correlação com uma curva padrão construída a partir de concentrações de DNA inicialmente conhecidas. Esta combinação permite tornar a técnica de PCR, capaz de quantificar o DNA existente em diversas amostras. Apesar de existirem muitos fluoróforos para serem utilizados nesta técnica, muitos autores destacam a utilização do corante SYBR Green I, que se intercala na cadeia de DNA, pelo relativo baixo custo e por permitir o controle de qualidade da reação de amplificação (GULIETTI et al., 2001). Em 2003, MIKULA e colaboradores desenvolveram um método para detectar e quantificar baixos níveis de infecção por H. pylori. Os autores definiram as condições experimentais para reação de PCR em tempo real, onde amplificaram um fragmento de 26-kDa de um gene espécie-específico de Helicobacter pylori, o SSA. Os autores conseguiram determinar quantidades a partir de 5 células bacterianas por amostra de biopsia. 5.2 Técnicas não endoscópicas 5.2.1 Detecção de anticorpos A infecção da mucosa gástrica com H.pylori resulta em resposta imune sistêmica e local, incluindo a elevação dos níveis de IgG e IgA no soro e níveis elevados da IgA secretora e IgM no estômago, permitindo deste modo o desenvolvimento de testes sorológicos para a detecção da bactéria. Os testes sorológicos têm se mostrado especialmente válidos na hora de fazer o screening de grande número de indivíduos em estudos epidemiológicos. Estes testes são não invasivos e são relativamente rápidos, simples de realizar, e de baixo custo, quando comparados às técnicas que requerem endoscopia. Além disso, não apresentam interferências por compostos como bismuto, inibidores da bomba de prótons, ou antimicrobianos (DUNN et al.,1997). Geralmente, o teste é realizado a través da técnica de ELISA (Enzyme-Linked Immunoabsorbent Assay) ou aglutinação por látex. Podem ocorrer resultados falso-negativos em crianças, idosos, ou em indivíduos imunodeprimidos por não desenvolverem reação imunológica contra a infecção (LUZZA et al., 1995; ATHERTON et al.,1997;). A sorologia tem um papel limitado na confirmação da erradicação do H. pylori, pois na maioria dos pacientes são necessários de 6 a 12 meses para que o título de IgG seja reduzido à 50 % ou valores inferiores aos observados antes do tratamento (PRASAD, 1995 ; DUNN et al., 1997). 5.2.2 Teste respiratório da uréia O principio do teste respiratório da uréia é similar aos outros testes baseados na enzima urease. A uréia é fornecida em kits e utilizada como substrato em uma solução isotopicamente marcada com 13 C ou 14 C. O ar expirado pelo paciente, após algum tempo de ingestão da solução, é coletado. A enzima urease do H. pylori, caso este microrganismo esteja presente no paciente, hidrolisa a uréia marcada e produz, como derivado da reação, bicarbonato marcado que é exalado como CO2. Este gás expirado pode ser analisado em laboratórios especializados para a detecção da presença do carbono marcado, o que indicaria a ocorrência da reação da enzima urease, e conseqüentemente, presença do H. pylori. No entanto, podem ocorrer falsos positivos devido a hidrolise da uréia por bactérias da cavidade orofaríngeana ou falsos negativos, caso o exame seja realizado uma semana após o uso de bismuto, antimicrobianos, ou após cirurgia gástrica (HEATLEY, 1995; ATHERTON, 1997; DUNN et al.,1997). 6 - TRATAMENTO O tratamento da infecção causada pelo Helicobacter pylori tem sido objeto de um extenso número de pesquisas, sendo que os mesmos podem interferir na infecção e produzir uma supressão temporária e uma aparente erradicação do microrganismo. Como definição de erradicação foi estabelecida a ausência de H. pylori por mais de 4 semanas após a finalização do tratamento, para serem evitados falso-negativos derivados da utilização de inibidores de bomba de prótons, que podem diminuir a quantidade de bactérias na mucosa gástrica, interferindo com a sensibilidade do método (HEATLEY, 1995). A utilização de monoterapias no tratamento de erradicação não é recomendada atualmente, pois o uso de um único antibiótico associado ou não com bismuto mostrou-se ineficaz. Os esquemas terapêuticos mais recentes combinam dois antimicrobianos, usualmente metronidazol, claritromicina, amoxicilina, tetraciclina ou furazolidona, juntamente com um inibidor de bomba protônica, como omeprazol, lanzoprazol, ou pantoprazol, ou um antagonista de receptor de H2 (ranitidina, cimetidina), ou componentes de bismuto (BUCKLEY et al., 1996; GRAHAM et al.,1996). Preconiza-se a terapia combinada de duas, três até quatro drogas. Na maioria dos esquemas terapêuticos é utilizada a amoxicilina, pois esta apresenta excelente difusão no suco gástrico, atingindo nele altas concentrações (FERNANDEZ, 1999). Em 1992, o Comitê Organizador da Primeira Semana Européia de Gastroenterologia, realizada em Atenas, propôs a utilização de três esquemas terapêuticos para a erradicação do H. pylori (LEE, 1993). Nos Estados Unidos, o FDA (Food and Drug Administration) aprovou os esquemas terapêuticos que incluem as terapias triplas com subsalicilato de bismuto (Evaluating clinical studies of antimicrobials in the Division of Anti-infective Drugs Products: Indication 25, Helicobacter pylori). 6.1 Esquemas terapêuticos. Devido ao alto número de pessoas infectadas com o H. pylori no mundo, e a importância da possível evolução desta infecção crônica, torna-se essencial a existência de tratamentos eficazes para a erradicação do microrganismo. Várias conferências foram realizadas para a definição de um consenso para o estabelecimento de diretrizes de tratamento da infecção em diferentes regiões do mundo, como Europa, América, Ásia, Japão e Canadá. A maioria de consensos estabeleceu uma primeira linha de opção terapêutica baseada em dois antibióticos, entre eles, claritromicina, amoxicilina ou metronidazol, associados a um inibidor da bomba de prótons, num regime de administração de 7 a 14 dias. As dosagens destas drogas diferem sutilmente entre as diretrizes dos Americanos, Asiáticos e os Europeus. Foi sugerido que a escolha dos antibióticos para associação inclua a claritromicina e amoxicilina, devido à alta incidência em vários países de linhagens resistentes ao metronidazol. Este tratamento de primeira linha alcança uma porcentagem de erradicação de 80%, e a principal causa de falha parece ser a resistência aos antimicrobianos. Quando o tratamento de primeira linha falha é recomendável tentar uma terapia quádrupla baseada em tetraciclina, metronidazol, compostos de bismuto e agentes anti-secretores durante 7 a 14 dias. Esta terapia parece ser efetiva ainda nos casos de linhagens resistentes ao metronidazol e alcança bons níveis de erradicação (CANDELLI et al., 2005). Durante o 1° Encontro do Núcleo Brasileiro para o estudo do H. pylori, realizado em Campinas em 1997, foi recomendado à classe médica a prescrição de dois esquemas terapêuticos iniciais para a erradicação da bactéria: terapia tripla com omeprazol, claritromicina e amoxicilina, e uma outra opção, mais econômica e com indicações favoráveis para a utilização em crianças e adolescentes, com subcitrato de bismuto, tetraciclina e furazolidona (CARVALHAES et al., 1997). Foram sugeridos, também, três esquemas terapêuticos no caso de retratamento: inibidor de bomba protônica, azitromicina, amoxicilina e subcitrato de bismuto; uma outra opção utilizando o inibidor de bomba protônica associado à subcitrato de bismuto, tetraciclina e metronidazol ou inibidor de bomba protônica com claritromicina e amoxicilina (CARVALHAES et al., 1997). 6.2 Resistência aos antimicrobianos. Desde a descoberta do H. pylori e da associação do microrganismo com diversas doenças gástricas, muitos estudos foram realizados para a determinação da susceptibilidade e resistência aos diversos antimicrobianos conhecidos. Nos ensaios realizados in vitro, as linhagens de Helicobacter pylori apresentaram susceptibilidade para algumas penicilinas, como cefuroxima, mas não a todas, como por exemplo a cefalexina; as cefalosporinas; os macrolídeos; tetraciclinas; nitroimidazóis; nitrofuranos, quinolonas, sais de bismuto e inibidores da bomba de prótons; e foram resistentes aos antagonistas H2. Entretanto, numerosas divergências existem entre a susceptibilidade dos antimicrobianos in vitro e a resposta do paciente ao tratamento (DUNN et al., 1997). A resistência do H. pylori aos antimicrobianos é a principal dificuldade encontrada para o sucesso da erradicação e pode envolver diferentes mecanismos, entre eles o impedimento da penetração do antimicrobiano, a alteração molecular do alvo, o efluxo ativo da droga, e inativação do composto (MEGRAUD, 1997). A prevalência da taxa de resistência ao metronidazol entre as linhagens de H. pylori é altamente variável. Nos paises desenvolvidos a taxa de resistência varia entre 11-70%. Esta resistência é ainda mais prevalente nos países em desenvolvimento, onde mais de 95% dos isolados são resistentes. Em contraposição, a resistência à claritromicina geralmente não é maior que 10%, sobretudo nos países onde os macrolídeos não são amplamente usados para outras doenças da população. Uma exceção foi relatada no Peru, onde 50 % das linhagens de H. pylori isoladas foram resistentes a claritromicina (DUNN et al., 1997). Nos Estados Unidos, a resistência aos antimicrobianos utilizados nas terapias convencionais alcança valores entre 20 e 50% para o metronidazol e entre 7% e 14 % para claritromicina (GRAHAM, 1996). Na Europa, a resistência varia entre 0% e 15% para claritromicina e entre 10% e 50 % para metronidazol (MEGRAUD, 1998). No Brasil, estudos realizados por MENDONÇA e colaboradores (2000), que analisaram linhagens de H. pylori obtidas de biopsias gástricas quanto á resistência primária a estes antimicrobianos, observaram-se graus de resistência diferentes, em comparação com dados obtidos em outras populações. Neste estudo foi relatada a ocorrência de 42% de resistência ao metronidazol, 29% para amoxicilina, 7% para claritromicina, 7% para tetraciclina e 4% para furazolidona. Também foram observadas linhagens resistentes para dois ou três agentes antimicrobianos. Um estudo posterior, realizado pelo mesmo grupo, relatou uma associação entre a resistência primaria aos antimicrobianos e a falência terapêutica (ECCLISSATO et al., 2002). As diferenças existentes entre as linhagens, nos diferentes países, reforçam a importância dos estudos específicos de H. pylori provenientes de diferentes populações. 7- ESTUDOS in vivo As tentativas iniciais para estabelecer modelos animais para a infecção por H. pylori em camundongos, ratos e coelhos não foram satisfatórios. Embora os camundongos imunodeficientes pudessem ser transitoriamente colonizados com H. pylori, estes modelos tinham aplicações restritas. Modelos alternativos foram desenvolvidos usando animais que foram tanto infectados por espécies relacionadas ao Helicobacter ssp., como macacos; como aqueles que podiam ser infectados experimentalmente com H. pylori, incluindo os porcos gnotobioticos e cachorros. Subseqüentemente, foi descoberto que alguns roedores eram susceptíveis a infecção, permitindo o desenvolvimento de um modelo animal mais acessível (FERRERO & FOX, 2001). Assim, em 1995, MARCHETTI e colaboradores, reportaram o primeiro modelo experimental usando camundongos imuno-competentes. Os autores conseguiram estabelecer uma infecção transitória nos animais, usando linhagens de H. pylori de origem clínica que não tinham sido extensamente subcultivadas. Dois anos mais tarde, em 1997, LEE e colaboradores desenvolveram uma linhagem de H. pylori capaz de infectar camundongos, permitindo uma colonização em uma alta densidade e por um período prolongado. 7.1 Estudos de tratamento antimicrobiano. A necessidade de novos regimes de antibióticos no tratamento da infecção humana por H. pylori e a falta de correlação da eficácia dos mesmos in vivo e in vitro, propiciou a utilização de modelos animais para a avaliação pré-clínica da eficiência dos antibióticos. Foi evidenciado que as infecções causadas por Helicobacter em camundongos e porcos respondem favoravelmente aos tratamentos multidrogas utilizados para erradicar as infecções por H. pylori em humanos. Foi evidenciado, também, que as monoterapias têm um baixo índice de eficácia frente à infecção por Helicobacter nos hospedeiros animais, havendo portanto, uma correlação com a experiência em pesquisas clínicas com humanos, mostrando a validade destes modelos para os estudos terapêuticos (FERRERO & FOX, 2001). VAN DOORN e colaboradores (1999) utilizando camundongos C57BL/6 e BALB/c, e as linhagens SS1 e SPM326, ambas adaptadas ao modelo de camundongos, relataram que a inflamação induzida por H. pylori é dependente, tanto da linhagem bacteriana quanto do hospedeiro. MABE e colaboradores (1999) testaram à capacidade de seis catequinas isoladas de chá erradicar o H. pylori de gerbils previamente infectados. O microrganismo foi erradicado em um porcentagem de 10 ao 36 % dos animais tratados com as catequinas. Outros autores testaram à atividade anti-Helicobacter de uma formulação da erva Kampo (medicina tradicional japonesa), tanto in vitro quanto in vivo usando camundongos C57BL/6 (YAN et al., 2002). A erva kampo inibiu o crescimento de H. pylori in vitro na dose 2,5 mg/ml. Entretanto, nos ensaios in vivo quando os animais foram tratados com uma dose de 1000 mg/kg antes e depois da inoculação com H. pylori, só houve uma disminuição significativa na densidade bacteriana nos animais tratados prévio a infecção quando comparados com o grupo controle. TOMINAGA e colaboradores (2002) testaram à ação anti-Helicobacter de novas quinolonas usando como modelo animal gerbils infectados. As AM quinolonas diminuíram o número de microrganismos viáveis erradicação completa. sem atingir a XIAO e colaboradores (2003) evidenciaram a capacidade do suco de cranberry de diminuir a densidade do H. pylori de camundongos C57BL/6 previamente infectados. Entretanto o nível de erradicação foi de 20 %. 8- PRODUTOS NATURAIS: ALTERNATIVA TERAPÊUTICA Devido ao alto índice de resistência com relação à terapêutica tradicional utilizada na erradicação do H. pylori, métodos alternativos vêm sendo amplamente estudados com a finalidade de aumentar a eficácia de erradicação da bactéria, fornecendo uma alternativa de tratamento para os pacientes que não erradicaram o microrganismo utilizando as terapias clássicas de erradicação, sugeridas anteriormente. Além disso, as terapias triplas em algumas ocasiões causam efeitos adversos, como náusea, vômito, dor epigástrica, desconforto abdominal e diarréia, provocando a interrupção do tratamento por parte dos pacientes, e o reaparecimento da infecção em alguns pacientes. Por esta razão, é importante procurar novas e efetivas drogas antiH. pylori, sendo as plantas uma fonte lógica de novos compostos. (BERGONZELLI et al., 2003; NARIMAN et al., 2004; FUNATOGAWA et al., 2004; AHMED et al., 2005). A procura de poderes curativos nas plantas é uma idéia da antiguidade. Pessoas de todos os continentes têm aplicado cataplasma e ingerido infusões de plantas indígenas, desde a pré-história. Existe evidência de que o homem de Neanderthal, 60.000 anos atrás, usou plantas como o hollyhock. Estas plantas são amplamente usadas na etnomedicina ao redor do mundo. Historicamente, os resultados obtidos têm misturado cura e alivio dos sintomas, como também uma alta porcentagem de envenenamentos. Atualmente, entre um quarto a metade dos medicamentos produzidos nos Estados Unidos, apresentam sua origem em plantas, sendo que poucos são receitados como antimicrobianos, apesar de serem fonte confiável como antimicrobianos e antifúngicos (COWAN, 1999). De uso quase exclusivo na terapêutica medicamentosa até a década de 1950, os remédios vegetais foram sendo substituídos nas farmácias pelos antibióticos (compostos sintéticos). Embora muitos compostos derivados de plantas medicinais possam ser sintetizados em laboratório, tal síntese é frequentemente tão complexa que os rendimentos são baixos e a produção economicamente inviável. Por outro lado, alguns compostos também originados de plantas não podem ser ou nunca foram quimicamente sintetizados. 8.1 Plantas medicinais e Fitoterapia. Historicamente, as plantas medicinais sempre foram objeto de estudo na área da farmacognosia, uma vertente da farmacologia, onde são examinadas as características das drogas ou das bases medicamentosa de origem natural, utilizadas como matéria prima para a preparação de medicamentos (DI STASI, 1996). O termo Fitoterapia deriva de duas palavras gregas, a saber: phyton, que significa planta, e therapeia, que encerra a idéia de tratamento. Fitoterapia é o método de tratamento de enfermidades que emprega vegetais frescos, drogas vegetais, ou ainda, extratos vegetais preparados com esses dois tipos de matérias primas. Etimologicamente, fitoterapia significa tratamento por meio das plantas (OLIVEIRA & AKISUE, 2000). As mesmas árvores, arbustos e ervas empregados pelos povos antigos para tratar doenças e amenizar dores e incômodos continuam a ser valorizados na atualidade. Com o desenvolvimento da fitoterapia, muitos dos princípios físicos, químicos e propriedades farmacológicas das plantas medicinais e dos produtos naturais encontram-se bem estabelecidos, auxiliando no processo de desenvolvimento de novos fármacos (DI STASI, 1996; OLIVEIRA & AKISUE, 2000). Os vegetais fazem parte da vida do homem desde seus primórdios como fonte de alimentos, de materiais para o vestuário, habitação, utilidades domésticas, defesa e ataque, na produção de meios de transporte, como utensílios para manifestações artísticas, culturais e religiosas, e como meio restaurador da saúde. Sua importância, medida pela intensidade de seu uso, tem assumido, nos diversos estágios de desenvolvimento da sociedade, altos e baixos (SCHENKEL, GOSMANN e PETROVICK, em SIMÔES, 2001). Houve uma época em que a fitoterapia parecia estar morrendo com o desenvolvimento da indústria química – farmacêutica. Mas em 1978, a Organização Mundial da Saúde (OMS) deu inicio a um programa que enfatizou o uso de plantas medicinais. O estudo dessas plantas começou a ser incentivado devido a vários fatores, como o baixo poder aquisitivo da maior parte da população, que procurava uma medicina alternativa a menores custos e medicamentos destituídos de efeitos colaterais (OLIVEIRA & AKISUE, 2000). Nos dias de hoje representam uma das alternativas entre as diversas fontes de insumos necessários à existência da sociedade, tendo como principal vantagem o fato de serem uma fonte renovável e, em grande parte, controlável pelo gênio humano (SCHENKEL, GOSMANN e PETROVICK, em SIMÔES, 2001). A fitoterapia define diferentemente plantas medicinais, drogas vegetais e princípios ativos de origem vegetal. Considera-se planta medicinal todo vegetal que contém em um ou vários de seus órgãos substâncias que podem ser empregadas para fins terapêuticos, ou que sejam precursores de substancias utilizadas para tais fins (OLIVEIRA & AKISUE, 2000). Drogas vegetais são todos os vegetais, parte deles ou produtos, derivados diretamente deles que, após sofrerem processos de coleta, preparo e conservação, possuam composição e propriedades que possibilitem o seu uso no estado bruto, componente de um medicamento, ou como necessidade farmacêutica (OLIVEIRA et al.,1991). Uma das características da droga corresponde à presença de princípios ativos, que são substancias quimicamente definidas presentes nas matérias primas e nos fitoterapicos responsáveis pela atividade, ou seja, pelos efeitos terapêuticos desses materiais (OLIVEIRA & AKISUE, 2000). A produção de drogas vegetais emprega tanto espécies silvestres como vegetais cultivados. A seleção e cultivo de plantas medicinais vêm sofrendo impulso relativamente grande no Brasil e em outros países, apesar das dificuldades encontradas para ser obter uma droga confiável e de qualidade (OLIVEIRA & AKISUE, 2000). Existem vários problemas relacionados à obtenção de drogas vegetais, e entre eles podemos citar; a seleção de uma espécie vegetal, que pode apresentar, dentro de certos limites, diferenças morfológicas, fisiológicas e bioquímicas, permitindo assim a seleção de formas de valor superior; o cultivo de plantas medicinais, onde são considerados os fatores que influem ou interferem na vida do vegetal e, portanto, na apresentação da composição química: temperatura, umidade, tipo de solo, idade da planta, clima, altitude, entre outros; colheita, onde o teor de princípio ativo de uma planta medicinal varia de órgão para órgão, com a idade, época da colheita, época da floração, manuseio e mesmo com o período do dia no qual é efetuado (DI STASI, 1996; OLIVEIRA & AKISUE, 2000). Para a obtenção de princípios ativos adequados, esses fatores podem influenciar significativamente no produto final (OLIVEIRA et al., 1991). O preparo ou tratamento, secagem, estabilização, conservação e tempo também são considerados fatores que influenciam na obtenção de drogas vegetais (OLIVEIRA et al., 1991; SIMOES et al., 2000). Uma das principais características da droga corresponde à presença de princípios ativos, que são naturalmente encontrados nas espécies vegetais, se apresentam como substancias quimicamente definidas e obtidas de produtos de origem natural que se encontram presentes na matéria prima vegetal e nos fitoterápicos, sendo responsáveis pela atividade farmacodinâmica, ou seja, pelos efeitos terapêuticos ou atividades biológicas apresentadas determinado organismo vivo (DI STASI, 1996; OLIVEIRA & AKISUE, 2000). em 8.2 Química de produtos naturais. A pesquisa que utiliza plantas medicinais faz uso de métodos químicos para obter, tanto o isolamento, como a purificação de novos compostos e, assim, determinar corretamente sua estrutura seguida de síntese total ou parcial da substancia isolada. Os avanços obtidos na área químicofarmaceútica, nestes últimos anos, assim como a descoberta de novas drogas, encontra-se claramente dependente dos avanços da pesquisa científica com base nas plantas medicinais. A complexidade e abrangência da química, envolvendo produtos naturais, compreendem desde o isolamento e purificação dos metabólitos vegetais na fase preparativa, até a determinação estrutural dos novos compostos. A associação entre a fase preparativa, como a cromatografia gasosa, e a analítica, que inclui infravermelho e espectrometria de massas, são indispensáveis para a correta determinação e identificação de novas drogas provenientes de produtos naturais. (DI STASI,1996). A composição química das espécies vegetais, principalmente das plantas de origem tropical, ainda não foi descrita em sua totalidade. Diversos constituintes de origem natural ainda não foram isolados e estudados quimicamente, entretanto, outros compostos de origem natural que já foram quimicamente isolados e definidos ainda não foram estudados com relação a possível atividade biológica (DI STASI, 1996; HOSTETTMANN et al., 2003). 8.3 Protium heptaphyllum Muitas espécies vegetais se notabilizam pela gama variada de substâncias triterpenoídicas presentes nos seus órgãos, onde devem desempenhar diferentes papéis. Alguns gêneros da família Bursereaceae (Elaphirium, Icica, Canarium e Protium) são produtores de resinas oleosas. Estas resinas são conhecidas genericamente como elemi e são constituídas de triterpenos tetracíclicos, como os ácidos elemadienólico e elemadienônico, e pentaciclicos, como α e β amirinas, maniladiol e breína entre outros. O óleo essencial extraído da resina de almécega tem atividade antiinflamatória comprovada. Sua composição química tem sido estudada por técnicas de cromatografia gasosa acoplada á espectrometria de massas (CG_EM) e ressonância magnética nuclear de hidrogênio e carbono (RMN H e RMN 13 C), tendo sido constatada a presença de monoterpenos, tais como limoneno, terpinoleno, α-pineno entre outros; além de compostos fenilpropanoides (LOPES CITO et al., 2003; SIANNI et al., 1999). A espécie Protium heptaphyllum é uma árvore de aproximadamente 20 metros de altura (Figura 4), sendo encontrada na região amazônica e em alguns estados do Nordeste no Brasil, tais como Bahia, Ceará, Piauí, e também em outros países da América do Sul, como Colômbia, Paraguai, Suriname e Venezuela. Seu tronco exuda uma resina oleosa, de coloração branco – avermelhada, conhecida como almécega, breu branco, almécega do Brasil ou goma limão (Figura 5). Fonte: fmd/fieldmuseum.org Fonte: portalamazonia.globo.com Figura 4: Folha de P. heptaphyllum. Figura 5: Resina de P. heptaphyllum Sua utilização é amplamente difundida, sendo usada na medicina popular como analgésico, antiinflamatório, antineoplásico, contraceptivo, cicatrizante e expectorante; na indústria do verniz; na calafetagem de embarcações, e em rituais religiosos, na forma de incenso (MAIA et al., 1999; SIANNI et al., 1999; LOPES CITÒ et al., 2003). Em 1999, SIANNI e colaboradores estudaram os efeitos farmacológicos dos óleos essenciais obtidos por hidrodestilação das folhas e da resina de várias espécies de Protium, relatando a presença de monoterpenos e compostos fenilpropanoides no óleo obtido da resina. Entre as atividades farmacológicas foram relatadas; a capacidade de inibir a extravasação de proteínas, a inibição da acumulação de eosinófilos em cavidade pleural em modelo animal e a inibição da produção de óxido nítrico. Nenhum dos óleos testados apresentou efeito antinoceptivo. Entretanto, LOPES CITÒ e colaboradores (2003), encontraram uma boa atividade citotoxica do óleo essencial. Estudos realizados por OLIVEIRA e colaboradores (2004a) avaliaram a resina de Protium heptaphyllum March. em modelos experimentais de úlcera gástrica e inflamação e observaram que a administração oral da mesma prevenia o dano gástrico causado pelo etanol ou pelo etanol acidificado com HCl. O mesmo grupo de pesquisadores (2004b) comprovou, em outro estudo, que a mistura de α e β amirinas da mistura de triterpenóides isoladas da resina de Protium possuem atividade gastroprotetora, e sugeriram que o mecanismo da mesma envolveria, em parte, a ativação de neurônios aferentes capsaicina sensível. No ano 2005, estes autores demonstraram a atividade hepatoprotetora desta mistura frente à hepatotoxicidade induzida pelo acetaminofeno. Estudos recentes efetuados por LIMA-JUNIOR e colaboradores (2006), relataram o possível efeito antinoceptivo da mistura de α e β amirinas, o qual envolveria um mecanismo através de receptores opióides, sugerindo o seu uso para tratar dores viscerais de origem intestinal e pélvica. Assim, os resultados obtidos por estes autores proporcionam uma base científica para o uso popular desta substância e incentivam a avaliação de uma possível atividade anti-Helicobacter que pudesse agregar valor terapêutico ao efeito gastroprotetor já comprovado. Ill - OBJETIVOS Objetivo geral Avaliar a atividade anti-Helicobacter da resina, do óleo essencial e da mistura de α e β amirinas de Protium heptaphyllum March. Objetivos específicos 1. Avaliar qualitativamente a atividade inibitória in vitro para a bactéria Helicobacter pylori de produtos naturais provenientes de Protium heptaphyllum March. 2. Determinar quantitativamente a Concentração Inibitória Mínima (CIM) e a Concentração Bactericida Mínima (CBM) para estes produtos. 3. Avaliar a influência do pH ácido na atividade anti-Helicobacter dos produtos analisados. 4. Avaliar a atividade antimicrobiana e terapêutica in vivo através de modelo murino utilizando-se camundongos C57BL/6. lV- MATERIAL E MÉTODOS 1- OBTENÇÃO DOS PRODUTOS NATURAIS DE Protium heptaphyllum March A resina, o óleo essencial e a mistura de α e β amirinas de Protium heptaphyllum March. foram cedidas gentilmente pelo Prof. Dr. Vietla Rao do departamento Farmacologia e Fisiologia da Universidade Federal do Ceará. A resina exudada do tronco de Protium heptaphyllum March foi coletada na área municipal de Timon, no estado do Maranhão, Brasil; sendo devidamente identificada pela Botânica Roseli Farias de Melo Barros. Uma amostra da planta coletada foi depositada com o número 18247 no Herbário Graziela Barroso, pertencente à Universidade Federal do Piauí, Teresina, Brasil. A resina crua, com cerca de 410g, foi dissolvida em uma mistura de metanol/diclorometano, em uma proporção de 4:1; filtrada, sendo o solvente, em seguida, evaporado em um rotavapor até serem obtidas 408 g de uma resina amorfa branca, correspondendo a 99,5 % do total da resina original. Uma parte deste material, correspondente a 12 g, foi submetida à cromatografia em coluna de sílica gel de 5,5 cm de largura por 38 cm de comprimento. A coluna foi eluída com hexano (100%, 625 ml); hexano-acetato de etila (98:2, 875 ml); (95:5, 1000 ml); (9:1, 3750 ml); (8:2, 3225ml); (7:3, 1750 ml) e acetato de etila (100%, 500 ml). As frações eluídas com hexano-acetato de etila (95:5) renderam 5,43g (45 %) da mistura de α e β amirinas (frações 1+2). Estes compostos foram identificados na mistura por cromatografia em camada delgada. A identificação estrutural destas substâncias foi confirmada por análise espectral de 1H e 13 C-NMR, baseado no método desenvolvido por Olea e Roque, e por comparação com dados da literatura. A taxa de α e β amirinas nesta mistura foi 63:37, calculada por 1H-NMR, dividindo a área da sinal dos H olefínicos δ = 5,14 (α amirina) e δ = 5,20 (β amirina), pela sinal da área em δ = 3,24 (dd, J = 11 e 5 Hz), atribuídos a H-3 nos dos triterpenos e multiplicado por 100 (OLIVEIRA et al., 2004). 1.1 Análise fitoquímica. A análise fitoquímica da resina revelou a presença de triterpenoides pentacíclicos em uma proporção de 56%, identificados por espectrometria de massas, para o qual foi utilizado um espectro de massas de 1H e 13C-NMR. Os compostos identificados foram a mistura de α e β amirinas em uma proporção de 45,25%, breína e maniladol 9,5 % e uma pequena quantidade de lupeone. Foi obtido da resina, por hidrodestilação, uma porcentagem de 0,7 % de óleo essencial (VIEIRA-JUNIOR et al., 2003; OLIVEIRA et al., 2004). 2- LINHAGENS DE Helicobacter pylori. As linhagens de Helicobacter pylori utilizadas no presente estudo pertencem ao Banco de linhagens do Laboratório de Microbiologia e Biologia Molecular da Unidade Integrada de Farmacologia e Gastroenterologia (UNIFAG), da Universidade São Francisco (USF). As mesmas foram isoladas de biópsias coletadas por endoscopia digestiva alta de pacientes com diagnóstico de gastrite, úlcera péptica e câncer gástrico, que deram seu consentimento, em projetos já finalizados e aprovados por Comitê de Ética Médica. Estas linhagens foram escolhidas considerando-se seu padrão de sensibilidade ou resistência frente aos antimicrobianos de uso tradicional (Tabela 2). Neste estudo, além dos isolados clínicos anteriormente citados, foram incluídas duas linhagens de referência internacional que já tiveram o genoma completamente seqüenciado, a 26695 e a J99 (TOMB et al., 1997), além de um isolado de origem holandesa, resistente para amoxicilina, denominada Hardenberg (GERRITS et al., 2002), e uma cepa padronizada que infecta camundongos, denominada SS1 ou Sidney Strain 1 (LEE et al. 1997). As linhagens foram conservadas em uma solução de caldo BHI (brothbrain infusion, MERCK-Germany) e 30 % de glicerol (MERCK-Germany), mantidas a uma temperatura de – 70 °C em biofreezer, e foram reativadas por inóculo em placas de Petri preparadas com agar Columbia (Merck-Germany) adicionado de 10 % de sangue de carneiro desfibrinado, 10 mg/L de vancomicina (Sigma-USA), 20 mg/L de ácido nalidíxico (Sigma-USA), 10 mg/L de anfotericina B (Sigma – USA) e 40 mg/L de TTC (Cloreto de 2, 3, 5, trifenil tetrazolium, Sigma-USA), conforme descrito por QUEIROZ et al, 1987 e MENDONÇA et al., 2000. As placas foram semeadas com 50 µl de cada estoque bacteriano e incubadas a 37 °C em condições de microaerofilia, (5-6 % de O2, 8-10 % de CO2, 80-85% de N2) com 95 % de umidade relativa por um período de 48-72 h. Passado esse tempo, foram adicionadas às placas com crescimento, 100 µl de caldo Brucella esterilizado (Merck-Germany), sendo o cultivo espalhados com alça de Drigalski e novamente incubadas nas condições anteriormente descritas por outras 48 h. Este procedimento foi realizado com o objetivo de se obter um maior número de unidades formadoras de colônias (ufc). Tabela 2: Distribuição das linhagens de H.pylori, de acordo com a sua resistência aos antimicrobianos de uso tradicional. Resistentes aos antimicrobianos Sensíveis Amoxicilina Claritromicina Furazolidona Metronidazol Tetraciclina Hard 446 637 50 241 637 BH 13 495 667 118 638 640 50 638 241 646 663 84 675 446 713 118 495 39f 132 664 SS1 219 660 241 26695 446 J99 495 99 BH 27 650 2.1 Caracterização Microbiológica A morfologia das bactérias, obtidas por cultivo em meio sólido, foi observada ao microscópio óptico após coloração de Gram, e as amostras que apresentaram morfologia característica de H. pylori foram confirmadas através da realização dos testes bioquímicos que comprovam a produção de urease, catalase e oxidase. Para o teste da urease, uma amostra de cada cultura em meio sólido foi adicionada a 3 ml de meio de uréia (uréia 2%, vermelho de fenol 0,05%, azida sódica 0,02 %, Probac- SP). Estes inóculos foram incubados por 2 h a 37°C em estufa de cultura. Na presença da enzima urease, a uréia do meio é degradada a amônia, alterando o pH do meio, com a conseqüente mudança de cor pela presença do indicador vermelho de fenol, passando de amarelo a rosa. A atividade da enzima catalase foi constatada através da transferência de colônias bacterianas para uma lâmina de vidro, na qual tinha sido adicionada 0,1 ml de solução de peróxido de hidrogênio a 3 %. Na presença da enzima se produz a liberação de O2, verificada pela aparição imediata de bolhas. Para o teste da oxidase, as colônias bacterianas foram transferidas para papéis de filtro adicionados com uma solução a 1 % de Tetrafenil-pfenildiamina, aceptor artificial de elétrons (Difco, USA). A oxidação deste reagente é verificada pela aparição de uma mancha azul ou marrom no papel. 3- TESTES DE SUSCEPTIBILIDADE ÀS DROGAS. 3.1 Difusão em discos de papel O teste consiste na semeadura da linhagem bacteriana na superfície de um meio de cultura sólido, colocado numa placa de Petri, na que se depositam os discos de papel que contém as substâncias em estudo. Placas de Petri com meio de cultura de Mueller Hinton (MH), adicionadas com 5% de sangue de carneiro desfibrinado foram inoculadas com 100µl da suspensão bacteriana da linhagem 26695, ajustada para o tubo 2 da escala de MacFarland, que corresponde aproximadamente a 6 x 10 8 ufc/ ml. A suspensão bacteriana foi preparada em solução tampão de fosfatos pH 7,4 (PBS) e foi espalhada com alça de Drigalski na superfície da placa de Petri. Os discos de papel de filtro estéreis, de 7mm de diâmetro, semelhantes aos discos de antibióticos comercializado, porém sem principio ativo, foram impregnados com 10µl da solução da substância avaliada. As placas foram deixadas por 30 minutos à temperatura ambiente do laboratório para uma difusão radial da droga no meio de cultura, estabelecendo um gradiente de concentrações decrescentes a partir do disco. Completado o tempo de 30 minutos, incubaram-se as placas a 37°C, nas condições de microaerofilia durante 72 h. Após esse período os halos de inibição de crescimento bacteriano foram medidos com paquímetro e os resultados foram expressos em milímetros. Esta metodologia foi utilizada como screening inicial dos compostos para estabelecer se os mesmos apresentavam atividade anti-Helicobacter pylori. Os testes foram realizados em duplicata e o resultado se expressa como a média dos valores obtidos. 3.2 Método da Microdiluição Esta técnica consiste em fazer diluições seriadas da sustância a testar em caldo de cultura, depois do qual se acrescenta um volume determinado da suspensão bacteriana padronizada com a escala de MacFarland. O procedimento é realizado em microcubetas plásticas que possuem 96 poços, distribuídos em 12 colunas com 8 fileiras cada uma. Depois de realizada a inoculação da placa se procede à incubação a 37°C, nas condições de microaerofilia por 72 h. Completado este período, se procede a determinação da concentração inibitória mínima (CIM), que se define como a menor concentração da substância capaz de inibir o crescimento bacteriano. Isto é manifestado pela falta de turvação no meio de cultura, o que revela a inibição do crescimento bacteriano. A determinação pode ser realizada a olho nu ou por leituras de densidade óptica em espectrofotômetro. É possível também, através deste método, determinar a concentração bactericida mínima (CBM), que é a menor concentração de substância capaz de produzir a morte bacteriana de 99,9% do inóculo realizado. Para efetuar esta determinação, são padronizados de cada poço da microcubeta para uma transferidos volumes placa de Petri de 15 mm de diâmetro, preparada com BHI agar, adicionada de 5 % de sangue de carneiro desfibrinado, 2 mg/l de anfotericina B e 40 mg/L de TTC, sendo a transferência realizada com micropipetas multicanal ou replicador automático. As placas são incubadas a 37°C, em condições de microaerofilia durante 48 h. Na leitura das placas a CBM é anotada como a menor concentração da substância que não apresentou crescimento bacteriano. A vantagem desta metodologia é que permite testar até 12 linhagens diferentes e até pelo menos 6 concentrações distintas da droga em estudo, e utiliza pequenas quantidades tanto do meio de cultura quanto da suspensão bacteriana e principalmente das substâncias analisadas. As amostras do óleo essencial, da resina e da mistura das α e β amirinas foram solubilizadas em dimetilsulfoxido (DMSO) (Merck-germany), e quando necessário, procedeu se a sonicação das amostras por no máximo 30 min a 25 °C em sonicador ultra-sônico, para auxiliar na dissolução dos compostos. Na primeira etapa dos testes foram feitas diluições das soluções concentradas para atingir as seguintes concentrações finais: 500, 100,10 e 1 µl/ml. Estas diluições foram feitas em tubos eppendorf estéreis pela adição de quantidade suficiente de caldo Brucella, suplementado com 10 % de soro fetal bovino (Cultilab - SP), assim como dos diferentes volumes das substâncias avaliadas para se atingir as concentrações pré-estabelecidas. A Figura 6 apresenta um modelo esquemático da placa utilizada para a microdiluição, com a respectiva disposição das substâncias e linhagens bacterianas em um ensaio típico. Brevemente, foram dispensados 50 µl de cada diluição nos 12 poços correspondentes na primeira fileira E, e assim sucessivamente para as outras diluições. A fileira A é o controle de inóculo, o que nos permite avaliar a viabilidade das linhagens, apenas sendo adicionado 50 µl de caldo de Brucellas suplementado com 10 % do soro fetal bovino; a fileira B corresponde ao controle do meio de cultura, a próxima fileira C é o controle das sustâncias que serão testadas, e a fileira D é o controle de crescimento das linhagens na presença de DMSO. As suspensões bacterianas foram preparadas em PBS. As mesmas foram ajustadas ao tubo 2 da escala de MacFarland e foram mantidas em banho de gelo durante todo o procedimento. Com as microcubetas carregadas com as diferentes soluções, foram acrescentados 5 µl de cada suspensão bacteriana nos poços, respeitando-se os correspondentes controles negativos, nas fileiras B e C, que correspondem aos controles do meio de cultura e às soluções com as drogas a testar. Cepas bacterianas 1 2 3 A 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Controle positivo (meio + bactérias) Controle negativo (meio + produtos testados) 1a diluição 2a diluição 3a diluição 4a diluição 5a diluição 6a diluição B C D E F G H Figura 6: Esquema de preparação da microplaca. Após este procedimento as placas foram incubadas por 72 h a 37 °C, em condições de microaerofilia. Depois deste período foram transferidos 2 µl de cada poço para uma placa de Petri preparada com meio BHI adicionado de 2 mg/l de anfotericina B e 40 mg/L de TTC. As placas foram incubadas durante 48 h a 37 °C nas condições anteriores, após as quais foram registrados os resultados. 3.2.1 Determinação da CIM por espectrofotometria. Um método rápido e útil de se obter estimações do número de células bacterianas é através das medições de turbidez. Uma suspensão celular aparece turva na visão, porque as células dispersam a luz que atravessa a suspensão. Quanto maior o número de células presentes na suspensão, maior será a quantidade de luz dispersada, e por tanto maior será a turbidez. A turbidez pode ser medida com aparelhos como os fotômetros ou espectrofotômetros, que incidem um feixe de luz através de suspensões celulares e detectam a quantidade de luz emergente não dispersada. Os comprimentos de onda mais comumente usados para efetuar medições de turbidez bacteriana são 540 nm, 600 nm e 660 nm, todos dentro do espectro de luz visível. As leituras realizadas se expressam em unidades de densidade óptica (DO). No caso de organismos unicelulares, as unidades de densidade óptica, dentro de determinados limites, são proporcionais ao número de células, e, por conseguinte, as medidas de turbidez podem ser usadas como substitutos dos métodos diretos de contagem bacteriana. Entretanto, antes de usar a turbidez como medida do número de células, é necessário realizar uma curva padrão, relacionando o número de células bacterianas com as medidas de densidade óptica. Para poder determinar os valores da CIM realizadas por esta técnica de microdiluição em microplacas foi utilizado um leitor de microplacas (THERMO LAB SYSTEM, MULTISCAN, MCC/B40 FISCHER). Na primeira etapa foi realizada uma curva de calibração, relacionando as densidades óticas a um comprimento de onda de 620 nm, com suspensões bacterianas de diferentes concentrações em PBS. Foi realizado um pool de 12 linhagens suspendidas em PBS, na qual se misturaram suspensões que tinham sido padronizadas para o tubo 4 da escala de MacFarland, o que corresponde aproximadamente a uma concentração de 1,2 x 109 UFC/ ml. Foram realizadas diluições com PBS para atingir as concentrações de 1,2 x 108, 6 x 107, e 3 x 107, na microplaca. 3.2.2 Ensaio de microdiluição em pH 4. Com o objetivo de avaliar o efeito do pH ácido na propriedade antiHelicobacter da mistura de α e β amirinas, foi realizada a CBM em condições de pH 4. O ensaio foi realizado do mesmo modo que descrito anteriormente, com a modificação de que o pH do meio BHI foi ajustado a pH 4, utilizando uma solução de HCl 0,1N. Os valores de pH foram verificados com um eletrodo para este fim (ORION). Foi realizado de forma paralela o mesmo ensaio a pH 4 acrescentado de 10 mM de uréia (MERCK-Germany), com o objetivo de simular as condições gástricas. 4- ANÁLISE in vivo 4.1 Animais Para o ensaio com animais, foram utilizados camundongos C57BL/6, pesando entre 20–30 g, com quatro semanas de vida, adquiridos do Centro Multiinstitucional de Bioterismo da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Os animais foram acondicionados em gaiolas plásticas individuais e mantidos no Biotério da Universidade São Francisco (USF), com ciclos artificiais claro-escuro de 12 h. Os animais se serviram ad-libitum de água e ração. 4.2 Modelo experimental de infecção por Helicobacter pylori em camundongos C57BL/6. Foram preparadas suspensões da linhagem SS1, as quais foram obtidas a partir de inóculos feitos em placas de Petri com meio de cultura BHI adicionado de antibióticos (QUEIROZ et. Al 1997 e MENDONÇA et al. 2000). As colônias foram colhidas com swab estéril e suspendidas em 800 µl PBS. As mesmas foram comparadas visualmente com o tubo N° 10 de MacFarland, para obter suspensões com mais de 3 x 10 9 ufc/ml. Alíquotas de 200 µl de suspensão de Helicobacter pylori foram administradas através de sonda orogastrica aos camundongos C57BL/6, por três vezes em dias alternados (VAN DORN et al., 1999; EATON et al., 2001). Após 6 semanas de inoculação dos camundongos, estes foram divididos em 2 grupos de 5 animais, o grupo controle e o grupo tratado com a mistura de α e β amirinas. Em ambos os grupos foram injetados diariamente por via intraperitoneal omeprazol (100 mg/kg), durante 7 dias. O grupo tratado recebeu, a cada 12 h, a mistura de α e β amirinas na dose de 360 mg/Kg e o grupo controle recebeu o veículo no volume de 10 µl/g, por via oral, através de sonda orogástrica. Além destes dois grupos se manteve outro com animais sadios, ou seja, sem a infecção por Helicobacter pylori, grupo controle negativo. A mistura de α e β amirinas foi dissolvida em tween 80 a 3% em água destilada. O veiculo consistiu em uma solução aquosa de tween 80 a 3 %. Após 36 h do último tratamento, os animais foram sacrificados, seus estômagos foram dissecados, lavados com solução fisiológica e abertos ao longo da curvatura maior. Os estômagos foram divididos em partes iguais, e as amostras foram guardadas para realizar os ensaios de mieloperoxidase, PCR em tempo real e cultura bacteriana. As amostras foram pesadas, colocadas em tubos e conservadas em freezer a – 70°C. As amostras destinadas à cultura foram estocadas em solução de transporte, que consistiu de caldo de brucellas adicionado de 5 % de albumina sérica bovina e 10% de glicerol. As amostras analisadas por PCR (Polimerase Chain Reaction) foram previamente submetidas a uma extração de DNA. 4.3 Avaliação das lesões ulcerativas. Os animais foram sacrificados por deslocamento cervical 36 h após de finalizado o tratamento. Os estômagos foram retirados e abertos ao longo da maior curvatura e lavados em solução de cloreto de sódio 0,9 %. Antes de proceder à amostragem, foram contadas e avaliadas as lesões ulcerativas, de acordo com o esquema proposto por GAMBERINI et al. (1991). O índice de lesões ulcerativas (ILU) foi calculado pela somatória dos parâmetros descritos na Tabela 3. Tabela 3: Índice de lesões ulcerativas, esquema proposto por GAMBERINI e colaboradores, (1991). Parâmetro analisado Valor Perda de pregas da mucosa 1 ponto Descoloração da mucosa 1 ponto Edema 1 ponto Hemorragias 1 ponto Petequias até 10 petequias 2 pontos mais de 10 petequias 3 pontos Úlceras até 1 mm N* x 2 pontos Úlceras maiores que 1 mm N* x 3 pontos Úlceras perfuradas N* x 4 pontos N refere-se ao numero de lesões observadas 4.4 Cultura bacteriana dos estômagos dos camundongos As amostras gástricas dos camundongos foram maceradas e diluídas em PBS 1:10 e 1:100, antes de serem semeadas em placas de Petri preparadas com agar Columbia, adicionado de 5 % de sangue de carneiro desfibrinado e 10 mg/L de vancomicina (Sigma - USA), 20 mg/L de ácido nalidíxico (SigmaUSA), 10 mg/L de anfotericina B (Sigma – USA), 5 mg/L de trimetroprima (Sigma - USA) e 40 mg/L de TTC (Cloreto de 2,3,5, trifenil tetrazolium, Sigma USA), concentração padrão de antibióticos para meio seletivo e placas com excesso de antibióticos para a preparação de meio super seletivo, contendo 100 mg/L de vancomicina (Sigma- USA), 20 mg/L de ácido nalidíxico (Sigma USA), 10 mg/L de anfotericina B (Sigma – USA), 100 mg/L de trimetroprima (Sigma - USA) e 40 mg/L de TTC (Cloreto de 2,3,5, trifenil tetrazolium, Sigma USA). Foram transferidos 50 µl dos macerados e 100 µl das diluições na placas, e espalhados suavemente com alça de Drigalsky. As placas foram incubadas em jarras com o gerador de microaerofilia Microaerobac (Probac do Brasil) e incubadas a 37 °C em estufa de cultura durante 7 dias. Após esse período de tempo as colônias formadas nas placas foram contadas e ajustadas conforme a massa gástrica utilizada na maceração. 4.5 Extração de DNA Foram adicionados 300 µl da solução tampão de digestão (tris HCl 50 mM, pH8,0, EDTA 1mM e Tween 0,5 %) a cada tubo contendo a amostra da biópsia, sendo posteriormente misturados por inversão e incubados a 37 °C overnight. No dia seguinte foram adicionados 400 µl de solução PCI (Fenol: Cloroformo: Álcool isoamílico. 25:24:1) e os tubos foram misturados por inversão durante 1 minuto. Em seguida, foram centrifugados a 13.000 rpm durante 5 minutos sendo o sobrenadante transferido paro outro tubo onde foram acrescentados 400 µl da solução CI (Cloroformo: Álcool isoamílico, 24:1). Após isto, os tubos foram misturados por inversão e centrifugados durante 5 minutos a 13.000 rpm, sendo os sobrenadantes transferidos para novos tubos, repetindo-se a extração com CI. Depois de realizada a extração, se adicionou 600 µl de isopropanol e 100 µl NaAc 3 M para produzir a precipitação do DNA, misturando-se suavemente e centrifugando a 4 °C a 10.000 rpm durante 10 minutos. Os sobrenadantes foram descartados e os sedimentos foram lavados com etanol 70° gelado a – 20 °C. Em seguida, as soluções foram centrifugadas a 13.000 rpm durante 12 minutos, sendo os sobrenadantes descartados. Os tubos foram incubados durante 15 minutos a 37°C, com as tampas abertas para evaporação do álcool. O material genético foi dissolvido com 150 µl água bidestilada estéril. O DNA extraído foi analisado através de eletroforese em gel de agarose 0,8 %. Alíquotas desse material foram misturadas a uma solução contendo azul de bromofenol 0,25 % e glicerol 40 %, as mesmas foram aplicadas no gel. A corrida eletroforética foi realizada com tampão TBE 1X (Tris-HCl 89mM; Acido bórico 89 mM; EDTA 2mM pH 8,0) e submetida a uma diferença de potencial de 80 V a 100V/110 M.A (5V/cm), durante 30 minutos. Depois de transcorridos 30 minutos o gel foi retirado da cuba e transferido para ser corado em um recipiente contendo brometo de etideo (5µg/ml) durante 20 minutos a temperatura ambiente, sendo visualizado em transiluminador de luz ultravioleta de onda curta. 4.6 Amplificação por PCR em tempo real As amostras de DNA obtidas foram submetidas ao ensaio de PCR em tempo real, o qual foi realizado em um equipamento iCycler IQTM (Bio-Rad, Hercules, CA, USA), sendo a obtenção dos dados e sua análise realizada através do software Real-Time Detection System (Bio-Rad). A PCR em tempo real mede a sinal fluorescente, que é proporcional a quantidade de DNA amplificado. O ponto mais confiável para quantificar o DNA é o número de ciclo no qual a fluorescência do produto de PCR começa a ser maior que a linha de base definida. A linha de base de fluorescência representa o número de ciclo no qual o corante, unido ao produto da PCR, gera um sinal aproximado de 3 desvios padrão por cima da linha de base. Um nível arbitrário de linha de base é inversamente proporcional ao logaritmo da quantidade inicial de DNA da amostra. Assim, quanto maior a quantidade de DNA, menor será o número de ciclos de PCR necessários para alcançar a linha de base (GIULIETTI et al., 2001). O HpNAp é um gene específico de H. pylori que codifica para a produção de uma proteína ativadora de neutrófilos. Esta proteína é um fator de virulência que estimula, em neutrófilos, a alta produção de radicais de oxigênio e estimula a adesão a células endoteliais. O fragmento de 90 pb do gene (amplicon) foi amplificado pela reação de PCR em tempo real, que utilizou o corante SYBR Green I, que se liga em dupla cadeia de DNA. A reação com volume final de 50 µl foi preparada com 25 µl de iQTM SYBR® Green super mix (Bio-Rad), 50nM de cada primer, sendo o Sense: GAATGTGAAAGGCACCGATT e o antisense: TCCTT TCAGCGAGATCATCA e 1 µL do DNA extraído. Os ciclos da reação utilizados foram: desnaturação a 95 °C durante 5 minutos, seguida de 45 ciclos de desnaturação a 95°C por 30 segundos, anelamento a 65 °C por 30 segundos e extensão dos primers a 72 °C por 30 segundos. Após esta reação foi realizada uma análise da curva de melting point da dupla fita dos amplicons, que consistiu em 40 ciclos com decrescimentos de 1 °C de 45 segundos cada um, começando aos 95° C. Os ensaios foram realizados em placas de 96 - well, e foi realizado em duplicata. Em todas as reações de amplificação foram incluídos controles positivos, que consistiram em amostras de DNA genômico de H. pylori das cepas de referência 26695 e J99, bem como controles negativos de DNA isolados de amostras de biópsias gástricas de camundongos (C57BL/6) não infectados por H. pylori. Para determinar os limites de detecção de esta reação, foram realizadas diluições seriadas de DNA de H. pylori em um intervalo de 10-1 a 106 fg. A eficiência da reação foi determinada pela realização de curvaspadronizadas de diferentes diluições 1/10 de DNA de H. pylori, numa solução contendo 200 ng de DNA humano, sendo cada amostra processada em triplicata. 4.7 Determinação da atividade mieloperoxidase. A atividade mieloperoxidase (MPO), é utilizada como marcador da infiltração de neutrofilos. As amostras gástricas dos camundongos foram analisadas pelo método de Bradley. As amostras foram homogeneizadas em 500 µl de solução tampão 50 mM de fosfato de potássio pH 6, adicionadas de 0,5% de hexatetradeciltrimetilamonio de bromo (HTAB) (SIGMA CHEMICAL CO.) e foram maceradas, sendo o volume final completado com HTAB para 1000µl. Os tubos contendo os macerados foram misturados em vortex e centrifugados a 4 °C durante 10 minutos. Um volume de 50 µl de cada sobrenadante foi transferido com micropipeta para uma placa de Elisa, onde foram acrescentados 200 µl do substrato O-dianisidine, procedendo-se à leitura das absorbâncias em um leitor de microplacas (THERMO LAB SYSTEM, MULTISCAN, MCC/B40 FISCHER), em um comprimento de onda de 460 nm. As leituras foram registradas a cada 30 segundos, por um período de 3 minutos. Uma unidade de atividade MPO é definida como a que degrada 1 µmol de peroxidase por minuto a 25 °C. As determinações foram realizadas em triplicatas e os resultados foram expressos como a média das determinações. 5- Análise estatística dos dados As diferenças estatísticas entre os grupos foram determinadas pelo teste ANOVA seguido do teste de DUNNETT, (p<0,05). Os valores obtidos por PCR em tempo real para o número de células bacterianas em ambos os grupos foram analisados pelo teste t (p<0,05). V - RESULTADOS 1. TESTES DE SUSCEPTIBILIDADE ÀS DROGAS. 1.1 Difusão em discos Para detectar a possível presença de atividade anti - Helicobacter pylori da resina, do óleo e da mistura de α e β amirinas isoladas da espécie Protium heptaphyllum March foi utilizada a técnica qualitativa de difusão em discos. Os resultados obtidos por esta técnica nos permitiram obter uma primeira avaliação da capacidade dos mesmos de inibir in vitro a bactéria. A linhagem utilizada neste screening preliminar foi a 26695 e os resultados se mostram na Tabela 4. A concentração dos discos foi de 1000 µg/ml para cada composto. Foram medidos os halos de inibição, que se expressam em milímetros, e os mesmos representam à média dos resultados obtidos em dois ensaios. Tabela 4: Halos de inibição para a linhagem 26695 obtidos para o óleo, a resina e a mistura das α e β amirinas de Protium heptaphyllum March. Halo de Inibição (mm) Óleo 39 Resina 26 α e β amirinas 29,5 Estes resultados mostraram que, tanto a resina quanto os compostos obtidos dela apresentam uma boa atividade anti - Helicobacter in vitro, sendo o óleo, o composto que apresentou o maior halo de inibição. 1.2 Concentração Inibitória Mínima e Bactericida Mínima. Com o objetivo de determinar a concentração bactericida mínima para os compostos que no screening preliminar de difusão em discos apresentaram atividade anti - Helicobacter, foi realizada uma primeira etapa que consistiu em diluições seriadas em log10 dos compostos, estando os resultados dos ensaios de microdiluição apresentados nas Tabelas 5, 6 e 7. Neste primeiro ensaio foram testadas 10 linhagens frente a o óleo e oito linhagens para a resina e a mistura. O intervalo de concentrações utilizados para o óleo foi de 1 a 1000 µg / ml, sendo para a resina e a mistura das α e β amirinas de 1 a 500 µg / ml. A concentração bactericida mínima para o óleo essencial de P.heptaphyllum foi de 1000 µg/ml para 40 % das linhagens testadas e de 100 µg/ml para 20 %, não sendo inibidas as demais linhagens nas concentrações utilizadas. Além disso, tanto a resina como a mistura das α e β amirinas apresentaram uma CBM de 100 µg / ml para todas as linhagens avaliadas nesta primeira etapa. Tabela 5: Atividade antibacteriana do óleo essencial de P.heptaphyllum frente a H. pylori, determinada por microdiluição. Linhagens J99 118 219 50 84 495 Hard BH 13 26695 446 1000µg/ml - - + - + + - + - - 100 µg/ml + - + + + + + + + - 10 µg/ml + + + + + + + + + + 1 µg/ml + + + + + + + + + + + crescimiento, - sem crescimiento Tabela 6: Atividade antibacteriana da resina de P.heptaphyllum frente a H. pylori, determinada por microdiluição. Linhagens 26695 SS1 Hard 650 667 241 646 660 500 µg/ ml - - - - - - - - 100 µg/ ml - - - - - - - - 10 µg/ ml + + + + + + + + 1 µg/ ml + + + + + + + + + crescimiento, - sem crescimiento Tabela 7: Atividade antibacteriana da mistura de α e β amirinas de P.heptaphyllum frente a H. pylori determinada por microdiluição. Linhagens 26695 SS1 Hard 650 667 241 646 660 500 µg/ ml - - - - - - - - 100 µg/ ml - - - - - - - - 10 µg/ ml + + + + + + + + 1 µg/ ml + + + + + + + + + crescimiento, - sem crescimiento Com o objetivo de aprimorar o intervalo de concentração das substâncias que foram capazes de apresentar atividade bactericida foram realizados os ensaios de microdiluição em diluições seriadas por log2. De um total de 26 cepas ensaiadas frente à mistura de α e β amirinas, 56 % apresentaram uma CBM entre 100-110 µg/ml e 23 % das linhagens apresentaram uma CBM de 160 µg/ml. No caso da resina os resultados obtidos foram semelhantes, mostrando uma CBM de 100-140 µg/ml para 58 % das linhagens e uma CBM de 160 µg/ml para 19 % das mesmas. As concentrações inibitórias mínimas, em alguns casos, apresentaram uma diferença de apenas um ponto de diluição, sinalizando a ausência de tolerância para estes compostos (Tabela 8). A avaliação da atividade do óleo essencial frente a 20 linhagens apresentou uma CBM maior que 2000 µg/ml para 40 % das cepas, entretanto, para 25 % a CBM foi de 1000 µg/ml e para o 20 % foi de 2000 µg/ml. As concentrações inibitórias mínimas (CIM) para este composto apresentaram o mesmo valor que a CBM, com a exceção de duas linhagens, a 646 e a 713, que apresentaram uma CIM 4 vezes menor do que a CBM (Tabela 9). Os resultados evidenciaram que a atividade do óleo essencial foi menor, mostrando que não houve correlação entre as metodologias de difusão em discos e o ensaio de microdiluição, quanto ao óleo essencial, já que apesar do mesmo ter apresentado um halo de inibição considerável, a avaliação no ensaio de microdiluição apresentou para a maioria das linhagens uma CBM entre 1000 - maiores que 2000 µg / ml. Tabela 8: Determinação da concentração bactericida mínima (CBM) e concentração inibitória mínima (CIM) da mistura de α e β amirinas e da resina de Protium heptaphyllum March por microdiluição. Linhagem 39 f 660 640 713 SS1 446 84 99 26695 HARD 118 663 638 637 J99 667 650 241 646 664 675 50 219 BH13 495 132 Faixa µg/ml 6,8-110 10-160 Mistura de α e β amirinas CBM µg/ml CIM µg/ml >110 100 110 110 100 55 110 110 110 110 110 110 55 110 55 100 100 100 100 160 160 160 160 >160 160 160 110 50 55 110 55 27,5 110 110 27,5 110 110 55 55 110 27,5 S/D S/D S/D 100 S/D S/D S/D S/D >160 S/D 160 Resina Faixa µg/ml 8,7-140 10-160 CBM µg/ml CIM µg/ml >140 100 140 140 100 140 140 70 100 160 140 140 70 140 100 100 100 100 100 160 160 160 160 >160 >160 160 70 50 S/D 70 100 140 70 70 50 160 140 70 70 70 100 S/D S/D S/D 100 160 160 160 160 160 S/D 160 S/D Sem determinar Tabela 9: Determinação da concentração bactericida mínima (CBM) e concentração inibitória mínima (CIM) para o óleo essencial de Protium heptaphyllum March. por microdiluição. Linhagem Faixa µg/ml Óleo essencial CBM CIM µg/ml µg/ml J99 1000 1000 118 219 50 84 HARD BH13 26695 446 39 f 132 640 713 99 663 660 637 667 BH 27 646 100 >2000 1000 1000 1000 2000 1000 100 >2000 >2000 >2000 2000 2000 >2000 >2000 2000 500 >2000 >2000 s/d >2000 1000 1000 500 2000 1000 s/d >2000 >2000 >2000 500 2000 >2000 >2000 1000 500 >2000 500 2000 - 67,5 1.3 Determinação da CIM por espectrofotometria. Com a realização da curva padrão, foi possível verificar que na faixa de concentrações utilizadas para medir a turbidez, a relação entre as concentrações e as densidades ópticas apresentou proporcionalidade. CURVA DE CALIBRAÇÂO Densidade ótica a 620 nm 0,35 0,3 0,25 0,2 0,15 0,1 0,05 0 0 2 4 6 8 10 Log de UFC/ML Gráfico 1 : Curva padrão relacionando o log de ufc/ ml e as leituras de turbidez. Y = 0,0355*X - 0,01236 r = 0,94 Foi realizado o ensaio de microdiluição para determinar a CIM e a CBM para a amoxicilina (Sigma), em um intervalo de concentrações de 0,12 – 4 µg/ml frente a 6 linhagens, entre elas a Hardenberg, cepa resistente para este antibiótico, a J99, linhagem sensível, a 26695, a 84, a 663 e a 713. A CIM foi determinada pelo método espectrofotométrico e foi definida como a concentração na qual ocorreu uma diminuição pronunciada e sustentada no valor da densidade ótica (DO). Do mesmo modo anteriormente descrito, foi determinada a CIM para as outras linhagens frente à resina, mistura de α e β amirinas, e o óleo essencial. Os resultados mostram que algumas linhagens apresentaram diminuição das densidades ópticas (DO), evidenciando a CIM para os diferentes compostos (Tabelas 9 e 10, Figuras 6, 7 e 8). Tabela 10: Determinação da concentração bactericida mínima (CBM) e concentração inibitória mínima (CIM) para amoxicilina por microdiluição. AMOXICILINA Linhagens Harden Intervalo 0,12- 4 µg/ml CBM µg/ml >4 CIM µg/ml >4 26695 0,5 0,5 J99 <0,12 <0,12 84 1 0,5 713 0,5 <0,5 663 0,5 <0,5 Determinação de CIM por espectrofotometria Densidade ótica ( 620 nm) 0,25 0,2 26695 Hardenberg 0,15 713 0,1 84 0,05 0 0 1 2 3 4 5 Concentração de Amoxicilina ( ug/mL) Figura 7: Efeito das diferentes concentrações de amoxicilina nas linhagens 26695, Hardenberg, 713 e 84, determinadas por espectrofotometria. Determinação de CIM por espectrofotometria Densidade ótica (620 nm) 0,35 0,3 0,25 0,2 713 638 0,15 637 0,1 39f 0,05 0 0 20 40 60 80 100 120 Mistura de a e b amirinas ( ug/mL) Figura 8: Efeito das diferentes concentrações da mistura de α e β amirinas de Protium heptaphyllum March, nas linhagens 713, 638, 637, e 39F. Densidade ótica (620 nm) Determinação de CIM por espectrofotometria da RESINA 0,4 0,35 0,3 0,25 0,2 0,15 0,1 0,05 0 638 713 637 39f 0 50 100 150 Concentração da Resina (ug/mL) Figura 9: Efeito das diferentes concentrações da resina de Protium heptaphyllum March., nas linhagens 713, 638, 637, e 39F Determinação CIM espectrofotometria òleo essencial Densidade ótica (620 nm) 0,3 713 0,25 663 0,2 Hard BH13 0,15 0,1 0,05 0 0 0,5 1 1,5 2 2,5 Concentração óleo essencial (ug/mL) Figura 10: Efeito das diferentes concentrações do óleo essencial de Protium heptaphyllum March., nas linhagens 713, 638, Hard, e 39F 1.4 Influência do pH ácido na propriedade anti-H. pylori da resina e das mistura das α e β amirinas. Para determinar a influência das características do meio estomacal nos compostos avaliados, as CBM foram realizadas, além das condições neutras, em condições ácidas. A diminuição de pH de 7,4 para 4 não modificou os valores de CBM para nenhum dos compostos ensaiados (Tabela 11 e 12). Foi observado, entretanto, um crescimento menor tanto nos controles como nos compostos. Os ensaios realizados em condições ácidas foram repetidos na presença de uréia, com o objetivo de simular as condições gástricas. A adição de uréia numa concentração de 10 mM, não modificou os valores de CBM. Tabela 11: Influência do pH na CBM da resina para as linhagens SS1, Hardenberg, 26695 e BH13. Linagem SS1 Hard 26695 BH13 pH 7 100 160 100 >160 Resina pH 4 pH 4 + urea 100 100 160 160 100 100 >160 >160 Tabela 12: Influência do pH na CBM da mistura de α e β amirinas para as linhagens SS1, Hardenberg, 26695 e BH13. Linhagem SS1 Hard 26695 BH13 Mixtura de α e β amirinas pH 7 pH 4 pH 4 + urea 100 100 100 110 110 110 110 110 110 >110 >110 >110 2- ENSAIOS in vivo 2.1 Avaliação das lesões ulcerativas Os animais foram divididos em três grupos; controle positivo, com animais que receberam o veículo 10µl/g; controle negativo, com animais sem infecção, e grupo tratado, com animais que receberam a mistura de α e β amirinas na dose de 360 mg/kg. Os índices de lesões ulcerativas observados foram de 10,8 para o grupo controle positivo; 2 para o grupo controle sem infecção e 2,6 para o grupo tratado, evidenciando com estes resultados, no caso do grupo controle positivo, as lesões produzidas pelo Helicobacter pylori, e no grupo tratado, a atividade antiinflamatória e gastroprotetora das α e β amirinas. A análise estatística dos resultados, pelo teste ANOVA, evidenciou diferencias significativas (p<0,05) quando foram comparados o grupo controle positivo com o grupo sem infecção, bem como quando foi comparado o grupo tratado com o grupo controle positivo. Gráfico 2: Índice de lesões ulcerativas observadas. 2.2 Quantificação de Helicobacter pylori por PCR em tempo real Neste estudo utilizamos a amplificação por PCR em tempo real de um fragmento de 90 pb do gene HpNap para detectar e quantificar a infecção por Helicobacter pylori. Inicialmente, foi realizada uma curva padrão, a partir de diluições seriadas em log10, cobrindo o intervalo de 10 -1 a 106 fg do DNA cromossômico de H. pylori. Neste intervalo de concentrações, o coeficiente de correlação obtido foi maior que R2 = 0,99, indicando que as reações foram altamente reproduzíveis e eficientes. A especificidade da reação foi determinada pela análise da curva de melting, sendo que em todas as diluições foi observado apenas um produto de amplificação. O número de células bacterianas e a quantidade de DNA presente em cada amostra foram quantificados por interpolação dos valores de Ct correspondentes na curva padrão. Os resultados da PCR em tempo real para a amplificação do gene HpNap não mostrou diferenças significativas entre o grupo controle e o grupo tratado, sendo ambos os grupos considerados positivos para a infecção por H. pylori, evidenciando a ausência de atividade de erradicação pelo tratamento da mistura de α e β amirinas. A quantidade de células bacterianas por grama de tecido foi quantificada por PCR em tempo real, sendo os ensaios realizados em duplicata, e os resultados obtidos para o grupo controle positivo foram de 1.4 x 105 cel/g, sendo obtidos para o grupo dos animais tratados valores de 2.7 x 105 cel/g. A análise estatística dos valores obtidos, realizado através do teste t, quando comparadas as medias dos dois grupos, tratados versus controles, mostrou que não houve diferenças significativas (p<0.05) entre ambos os log do n de bact/g de tecido. grupos. 10 8 6 4 2 0 Grupo A: Controle positivo Grupo B: Tratados Grupo A Grupo B Gráfico 3: Colonização gástrica dos camundongos tratados com a mistura de α e β amirinas e sem tratar. Determinação do n° de bactérias por grama de tecido, determinado por PCR em tempo real. 2.3 Cultura dos microrganismos presentes nas biópsias gástricas O cultivo de microrganismos a partir de biópsias gástricas dos camundongos C57BL6 não apresentou o Helicobacter pylori, tanto nas amostras provenientes dos controles, quanto das biopsias provenientes dos animais tratados com a mistura das α e β amirinas, tanto nas placas com concentrações seletivas quanto nas superseletivas, devido à presença de muitos outros microrganismos contaminantes, possivelmente relacionados com o hábito coprófago dos camundongos. 2.4 Atividade mieloperoxidase. A atividade mieloperoxidase das amostras dos tecidos dos animais infectados com H. pylori e tratados com o veículo, considerado grupo controle positivo, foi de 0,77± 0,27 unidades / mg de tecido. Após uma semana de tratamento com a mistura das α e β amirinas, na dose de 360 mg/kg, a MPO reduziu na proporção de 88,5 %. *p<0,05quando comparado com o controle negativo #p<0,05 quando comparado com o controle positivo Gráfico 4: Efeito da mistura das α e β amirinas na atividade mieloperoxidase no tecido gástrico dos camundongos infetados com H. pylori. Os resultados são expressos como unidades por mg de tecido. Cada valor representa a media ± erro padrão da media (n= 3). VI - DISCUSSÂO A bactéria hoje conhecida como Helicobacter pylori foi descoberta por WARREN e MARSHALL em 1983. Esses autores puseram em evidência a associação entre gastrite e a presença, no estômago de seres humanos, de uma bactéria espiralada e propuseram que ela fosse responsável pelo desenvolvimento de doenças gástricas. A infecção por H.pylori é uma enfermidade transmissível que induz progressivamente ao dano do estômago, sendo considerada como problema de saúde pública (GRAHAM et al., 1997). As variáveis críticas que predizem um aumento na prevalência são o estrato socioeconômico de baixa renda, as condições sanitárias inadequadas, o consumo de água contaminada ou sem tratamento adequado, e a presença de crianças na família. Estas condições são normalmente encontradas em países em desenvolvimento, incluído o Brasil, onde de fato ocorre uma alta prevalência da infecção por Helicobacter pylori (GRAHAM et al., 1991). A escolha de um tratamento de erradicação deve considerar os efeitos adversos provocados, a sensibilidade antimicrobiana das linhagens na região, a simplicidade de acompanhamento para o paciente, e os custos (GO et al. 1999). Apesar da existência de alguns bons tratamentos, estes ainda apresentam um ou mais problemas relacionados com os aspectos citados, permanecendo a procura por uma opção que apresente aproximadamente 90 % de erradicação. Os tratamentos sugeridos e atualmente disponíveis incluem um inibidor da bomba de prótons ou um tratamento com bismuto, sempre associado a dois antibióticos (CARVALHAES et al. 1997; HARRIS, 1998; DE BOER et al., 2000; GRAHAM et al., 2000). Os tratamentos baseados nas terapias tríplices com bismuto não são caros e conduzem a um alto índice de cura (BREUER et al., 1998; LAHEIJ et al. 1999; De BOER et al. 2000). Entretanto, a grande quantidade de comprimidos que os pacientes têm que ingerir ao longo do dia limita seu uso, somado aos efeitos adversos dos mesmos, o que reduz a tolerabilidade e compromete o cumprimento do tratamento (CHIBA et al.,1999). Como conseqüência, vários protocolos recomendam como tratamento de primeira linha o tratamento tríplice com o inibidor da bomba de prótons (PENTSON, 1996) (MASTRICH CONSENSUS REPORT, 1997), o que oferece conveniência e tolerabilidade, porém por um alto custo e com a possibilidade de propiciar o aumento do nível de resistência aos antibióticos (AL-ASSI et al. 1994; MEGRAUD, 1998). Esta é uma das razões que sugerem a realização de ensaios avaliando a susceptibilidade regularmente nas diversas regiões do mundo, e deste modo permitir aos médicos escolher o tratamento de acordo aos padrões de resistência de cada área geográfica em particular (HARTZAN et al., 1997), evitando assim tratamentos ineficazes. Em estudo realizado por MENDONÇA e colaboradores (MENDONÇA et al., 2000), observou-se um preocupante número de pacientes com linhagens resistentes para amoxicilina, claritromicina, furazolidona e tetraciclina em uma região do Brasil. Posteriormente, esta resistência foi associada com a falência terapêutica para alguns esquemas utilizados no Brasil (ECCLISSATO et al., 2002), podendo estar relacionado ao uso destes antimicrobianos para outras infecções do aparelho gastrintestinal ou trato respiratório, especialmente em crianças, permitindo a seleção de mutantes resistentes de H. pylori por simples vantagem adaptativa, uma vez que a dosagem não seria suficiente para sua total erradicação. As plantas têm sido tradicionalmente usadas por populações de todos os continentes no controle de diversas doenças e pragas. O mercado atual de fitofármacos e fitoterápicos é da ordem de US$ 9 a 11 bilhões por ano, sendo que mais de 13.000 plantas são mundialmente usadas como fármacos ou fonte de fármacos (CASTRO FRANÇA, 2003). A idéia primordial na indicação do uso de fitoterápicos na medicina humana não é a de substituir medicamentos registrados e já comercializados, mas sim, aumentar as opções terapêuticas dos profissionais de saúde, ofertando medicamentos equivalentes, também registrados, talvez mais baratos, com espectro de ação mais adequados e com indicações terapêuticas complementares às medicações existentes, mas em estrita obediência aos preceitos éticos que regem o emprego de xenobióticos na espécie humana. A evidencia anedótica e o uso tradicional das plantas como medicamentos fornece a base para sugestão de que os óleos essenciais e os extratos das plantas poderiam ser úteis em condições médicas específicas (SIMÔES et al., 2003). Neste estudo, foram investigadas as atividades antibacterianas da resina, do óleo essencial e da mistura das α e β amirinas de Protium heptaphyllum March. Para avaliar a susceptibilidade dos compostos frente ao Helicobacter pylori são descritos na literatura quatro métodos para análise microbiológica: o método da diluição em agar, o método da microdiluição, a macrodiluição e o método de difusão com discos de papel impregnados, sendo o método de diluição em agar considerado como padrão-ouro para a análise de suscetibilidade dos antimicrobianos utilizados na terapêutica convencional, estando esta escolha relacionada principalmente com a facilidade em se obter o crescimento bacteriano em meio sólido, ainda mais se considerando a dificuldade desta bactéria para crescer em meio líquido. Apesar do método de difusão em discos ser realizado em meio de cultura sólido e, por isso, facilitar o desenvolvimento e a análise dos resultados, o mesmo apresenta algumas desvantagens importantes, como a baixa reprodutibilidade e o aspecto qualitativo dos resultados. A primeira parte deste estudo consistiu de uma avaliação preliminar, pelo método de difusão em discos, do óleo essencial, da resina e da mistura das α e β amirinas. Este ensaio tinha como objetivo a identificação de alguma potencialidade antimicrobiana. Estas sustâncias apresentaram halos de inibição, o que nos motivou a continuar nosso estudo utilizando o método de microdiluição para estabelecer os valores de CIM e CBM para cada composto. As concentrações inibitórias e bactericidas mínimas obtidas pelo método de microdiluição para a resina e a mistura de α e β amirinas foram similares, oscilando entre 160 e 100 µg/ml. Os resultados mostraram que estes compostos foram efetivos tanto para as linhagens de H. pylori resistêntes quanto para as linhagens sensíveis aos antimicrobianos de uso tradicional. Estes resultados sugerem que, provavelmente, a atividade anti-Helicobacter destes compostos esteja relacionada com a presença, na resina, de altas concentrações dos triterpenóides pentacíclicos, que atinge um valor de 56 % do total, sendo que a mistura das α e β amirinas compreende uma porcentagem de 45,25 % da mesma. Como fora relatado por vários autores, os terpenos ou terpenóides possuem atividade inibitória ao crescimento para diversas bactérias, fungos, vírus e protozoários. Em 1977, por exemplo, foi publicado que 60 % dos derivados de óleos essenciais eram ativos contra fungos, sendo que 30 % dos mesmos apresentavam atividade inibitória para bactérias (COWAN, 1999). O mecanismo de ação dos terpenos ainda não esta claramente elucidado, porém especula-se que envolva a destruição ou impeça a formação das membranas mediada por compostos lipofílicos (COWAN, 1999; BERGONZELLI et al., 2003), podendo apresentar capacidade bactericida e bacteriolítica. A capsaicina, um terpenóide presente em pimentas, ingrediente da comida das culturas da América Central, possui uma ampla aplicação de atividades biológicas em humanos, afetando os sistemas nervoso, cardiovascular e digestivo, e sendo também usado como analgésico. A capsaicina, apesar de ser possivelmente prejudicial para a mucosa gástrica humana, apresenta atividade bactericida para o Helicobacter pylori (JONES et al., 1997; COWAN, 1999). Entretanto, a determinação da concentração inibitória e bactericida mínima do óleo essencial de Protium heptaphyllum neste estudo obteve valores entre 1000 a maiores que 2000 µg/ml, muito superiores aos determinados para os outros compostos avaliados. Estes resultados evidenciaram a falta de correlação entre o método de difusão em discos e a microdiluição, para o óleo essencial, pois apesar deste composto apresentar um halo de inibição considerável quando testado frente à linhagem 26695, indicando um potencial de atividade semelhante aos demais compostos, quando ensaiado por microdiluição apresentou valores de CIM e CBM mais elevados. Provavelmente estes resultados estejam relacionados às características físicoquímicas do óleo quanto ao seu coeficiente de difusão, e sua volatilidade, sendo exatamente esta a sua principal característica. Como fora mostrado por BERGONZELLI e colaboradores (2003) quando testaram 60 óleos essenciais pelo método de difusão em discos, a eficácia dos mesmos quando ensaiados em meio sólido depende do solvente usado para aumentar a solubilidade dos óleos no meio de cultura, observando também diferenças entre os níveis de inibição do crescimento e a capacidade bactericida dos óleos essenciais avaliados. Os resultados obtidos por estes autores evidenciaram a impossibilidade de predizer os resultados em meio líquido, a partir dos resultados conseguidos através do ensaio de difusão em discos. Outros autores avaliaram a atividade antimicrobiana e antifúngica de diversos óleos essências, e também de drogas de uso tradicional, pelo método de difusão em discos e diluição em agar, não podendo estabelecer uma correlação entre ambos (XIA et al. 1994; HACHEM et al. 1996; ERGIN e ARIKAN, 2002). GLUPCZYNKI e colaboradores (1991), quando compararam a correlação entre o teste de difusão por gradiente E-test, diluição em agar e difusão em discos para diferentes antimicrobianos, obtiveram uma boa correlação entre os dois primeiros métodos, porém uma discrepância entre os resultados obtidos por difusão em discos. Estudos recentes avaliaram a atividade antimicrobiana de óleos essenciais, extratos de plantas e seus principais componentes, utilizando os métodos de macrodiluição, microdiluição e diluição em agar (MABE et al., 1999; OHNO et al., 2003). MABE e colaboradores (1999) observaram a atividade anti- Helicobacter pylori das catequinas, compostos pertencentes à família dos flavonóides provenientes do chá verde, e o efeito terapêutico das mesmas com relação ao dano da mucosa gástrica provocado por este microrganismo. Estes autores informaram a forte atividade in vitro frente a esta bactéria das catequinas avaliadas, principalmente do galato de epicatequina que apresentou uma CIM50 de 8 µg/ml. OHNO e colaboradores (2003) avaliaram a atividade antimicrobiana para o H. pylori de treze óleos essenciais pelo método de microdiluição, os quais inibiram completamente a bactéria, destacando-se o extraído do capim limão por apresentar melhor atividade, com valor de CIM próximo de 100 µg/ml. Estes autores também avaliaram a possibilidade do microrganismo desenvolver resistência aos óleos, concluindo que, pelo menos neste estudo, este aspecto indesejado não fora observado. FUNATOGAWA e colaboradores (2004) estudaram a capacidade antibacteriana frente ao Helicobacter pylori dos taninos hidrolisáveis derivados de plantas medicinais. Os resultados obtidos por estes autores revelaram a forte atividade dos taninos monoméricos, sendo em alguns casos mais ativos que as catequinas. Em outro trabalho realizado por NARIMAN e colaboradores (2004), que avaliaram a atividade in vitro de seis extratos de plantas de origem iraniana, observaram atividade anti-Helicobacter com valores de CIM entre 31,25 até 250 µg /ml, sendo identificados como compostos principais, um flavonóide e uma xantina. Influência do pH ácido na atividade anti- Helicobacter Para avaliar o comportamento dos compostos em estudo no meio gástrico, foram reavaliados os mesmos parâmetros em testes que simulavam as condições encontradas no estômago, como pH 4 na presença e ausência de uréia. Os resultados obtidos mostraram que a diminuição do pH não alterou os valores obtidos para CBM, indicando que o meio ácido gástrico não comprometeria a atividade esperada das substâncias, nos testes in vivo que seriam realizados. FUNATOGAWA e colaboradores (2004) também reavaliaram a atividade antibacteriana de dois taninos derivados de plantas medicinais, submetendo-os em um tratamento com ácido. O tratamento não afetou significativamente a atividade antibacteriana observada previamente. Entretanto, OHNO e colaboradores (2003) relataram que, os efeitos bactericidas dos óleos essências por eles testados, entre eles os extraídos do capim limão, melaleuca, orégano, lavanda e menta, foram surpreendentemente maiores em pH ácido. Resultado semelhante foi observado por BERGONZELLI e colaboradores (2003), quando estudaram a influência da diminuição do pH na atividade bactericida dos óleos de sementes de cenoura, capim limão e white grapefruit, pois observaram que a atividade potencial anti-Helicobacter poderia ser aumentada no meio gástrico. Ensaios in vivo Após os resultados encorajadores de atividade inibitória e bactericida para o H. pylori, tanto da resina quanto da mistura de amirinas nos ensaios invitro, mesmo em pH ácido, estas substâncias foram avaliadas em modelo murino utilizando-se camundongos C57BL/6, para se observar o potencial erradicador e gastroprotetor. Os resultados obtidos quanto ao índice de lesões ulcerativas dos estômagos dos animais sacrificados, um indicador de gastroproteção, observou-se que o índice das lesões fora menor nos animais que receberam o tratamento com a mistura das α e β amirinas, comprovando os resultados obtidos por OLIVEIRA e colaboradores (2004), quando avaliaram a atividade gastroprotetora e antiinflamatória da resina de Protium heptaphyllum March., em outros dois modelos, tanto em úlcera induzida por etanol em outro induzido por etanol acidificado. Estes autores relataram que o tratamento com a resina reduziu o dano gástrico em ambos os modelos e observaram que o efeito foi dose dependente. Do mesmo modo, em outro estudo realizado por estes autores, ficou constatado que a mistura das α e β amirinas possuem atividade gastroprotetora, sendo sugerido que essa atividade envolva, pelo menos em parte, a ativação de neurônios aferentes sensíveis para capsaicina. De maneira geral, a erradicação do Helicobacter pylori é difícil de ser atingida in vivo, mesmo para os compostos de uso tradicional que possuem atividade antibacteriana comprovada in vitro para o Helicobacter pylori. Mesmo assim, é necessária a determinação tanto da atividade in vitro quanto da eficácia da substância in vivo quando são realizadas as avaliações farmacológicas dos agentes antimicrobianos para o tratamento da infecção por H. pylori. No presente estudo, a mistura de α e β amirinas não foi capaz de erradicar a bactéria no estômago dos animais infectados, na dose administrada, mesmo sendo administrada em animais tratados com inibidor de bomba de prótons, simulando o que é utilizado clinicamente na terapia de erradicação. Deve ser ressaltado, entretanto, que a substância não foi administrada em conjunto com qualquer outro medicamento que apresentasse atividade antimicrobiana, como os utilizados nas terapias tríplices de tratamento. Foi observado, entretanto, que embora o ensaio utilizado não tenha atingido o objetivo de erradicar ou reduzido à quantidade de H. pylori, a mistura α e β amirinas apresentou redução do infiltrado de neutrofilos nos estômagos dos camundongos infectados, outro indicativo de atividade gastroprotetora. Alguns estudos também relataram à dificuldade de erradicação do Helicobacter pylori em estudos in vivo, mesmo para substâncias com comprovada atividade antimicrobiana in vitro, quando analisados em separadamente (MERTENS et al.,1989; CHIBA et al., 1992,). OHNO e colaboradores (2003), ao realizar os ensaios in vivo para avaliar a atividade antimicrobiana do capim limão, observaram uma diminuição do número de bactérias no estômago dos camundongos, sendo que o H. pylori só foi completamente erradicado em um dos dez animais ensaiados. YAN e colaboradores (2002), ao estudarem in vitro e in vivo a atividade antibacteriana de uma formulação da erva Kampo HET, observaram que a formulação administrada oralmente, na dose de 1000mg/Kg por 7 dias anteriores a infecção por H. pylori, conseguiu reduzir a quantidade da bactéria presente no estômago dos animais, sendo que, quando a mesma foi administrada em combinação com amoxicilina ou claritromicina, simulando uma terapia tripla associativa, conseguiu erradicar completamente a bactéria nos camundongos. MABE e colaboradores (2003) estudaram a atividade das catequinas in vivo em gerbils previamente infectados, tendo observado que as catequinas apresentaram atividade antibacteriana, porém com nível de erradicação menor que o desejado, de 10 % a 36,4 %. TOMINAGA e colaboradores (2002), ao estudarem a ação in vivo de uma nova quinolona, observaram a diminuição significativa no número viável do H. pylori nos estômagos de gerbils infectados, entretanto, não foi alcançada a erradicação completa, mas evidenciando-se uma atividade antibacteriana semelhante ou maior que a observada quando amoxicilina ou claritromicina foram administradas como único tratamento. Neste estudo, os animais foram tratados seis semanas após terem sido infectados com a linhagem SS1 de Helicobacter pylori, sendo este o período de tempo adequado para que os animais desenvolvessem gastrite associada com a infecção. Os resultados de avaliação do efeito gastroprotetor neste modelo apresentaram uma diminuição no número de lesões ulcerativas e, também, uma diminuição da atividade mieloperoxidase, após o tratamento com a mistura de amirinas. Quanto à avaliação da atividade erradicadora foram utilizados dois indicadores; o cultivo a partir de biópsias gástricas e a amplificação de uma seqüência específica para a bactéria por PCR. Entretanto, com relação ao primeiro indicador, não foi possível determinar se houve ou não uma diminuição de células bacterianas viáveis, pois, apesar da utilização de meios de cultura seletivos, ocorreram um grande número de contaminações por outros microrganismos, que impediram a contagem de possíveis colônias de H. pylori. Esta interferência pode estar relacionada com o hábito de coprofagia, normalmente observado em camundongos. Quanto ao segundo indicador de erradicação, ou seja, a quantificação do DNA de H. pylori específico referente a 90 pb do gene HpNap por PCR em tempo real, vários estudos sugerem a capacidade de esta técnica ser utilizada para detectar e quantificar a presença de DNA de Helicobacter pylori nas amostras das biopsias gástricas (MIKULA et al., 2003, OZPOLAT et al., 2000, LASCOLS et al., 2003). MIKULA e colaboradores (2003) validaram este método para a análise quantitativa de baixos níveis de infecção bacteriana em camundongos imunizados e infectados experimentalmente, sugerindo que a PCR em tempo real poderia ser de utilidade na avaliação de novas drogas antiH. pylori e vacinas. RIBEIRO e colaboradores, em comunicação pessoal, observaram que a sensibilidade do ensaio de PCR em tempo real foi maior que aquela obtida pelos métodos utilizados como rotina em laboratórios, como, teste rápido de urease, cultivo a partir de biópsias e exame histológico de biópsias coradas com hematoxilina-eosina ou Giemsa, comprovando o descrito também pelos autores citados. Entretanto, neste estudo, a aplicação desta técnica mostrou que não ocorreram diferenças estatisticamente significativas entre os grupos tratados e controle, evidenciando a presença de H. pylori ou, mais precisamente, de seu DNA nos estômagos dos camundongos. Este resultado indica que, em ambos os grupos, ainda estavam presentes as bactérias nos estômagos, entretanto, não permite a diferenciação quanto à viabilidade ou não destas, pois podiam se tratar de bactérias que adquiriram a forma cocóide, característica de ambientes não adequados ao desenvolvimento do microrganismo, pois o período entre o final do tratamento e o sacrifício dos camundongos, que foi de 24 horas, permitiria esta possibilidade. Deve-se, ainda, ser destacado que muitos autores relacionam a forma cocóide com a morte bacteriana, inclusive sendo observadas estas formas quando a bactéria foi submetida ao cultivo com amoxicilina in vitro (CELLINI et al. 1994; BERRY et al., 1995; COLE et al., 1997; KUSTERS et al., 1997). Estudos adicionais, portanto, serão necessários para ser avaliado se a presença do DNA de Helicobacter pylori, após o tratamento, estaria relacionada com a viabilidade das bactérias, ou não. Além disso, mesmo que estas bactérias estivessem viáveis, estas substâncias poderiam apresentar atividade anti-Helicobacter in vivo em combinações com os demais medicamentos existentes, da mesma forma que o utilizado atualmente em terapias triplas, onde se percebe um efeito positivo de sinergismo, com mecanismo ainda desconhecido. Do mesmo modo, novas abordagens que incluíssem doses maiores da mistura das α e β amirinas poderiam ser avaliadas, pois o efeito esperado poderia ser dose-dependente e a toxicidade da substância é baixa, não sendo detectada em ensaios realizados por OLIVEIRA e colaboradores (2004) em doses de até 5 g/Kg de peso dos camundongos, não sendo possível a determinação do valor da LD50. No presente estudo, a administração oral do composto não provocou efeitos adversos in vivo, como diarréia, perda de apetite, peso corporal ou incremento na mortalidade dos animais. No presente estudo observamos a atividade anti-Helicobacter in vitro da resina e da mistura de α e β amirinas provenientes de Protium heptaphyllum March. Os resultados obtidos concordam com a literatura, sugerindo que compostos de origem natural possam ser utilizados para o desenvolvimento de novos medicamentos, de forma a agregar simultaneamente atividade antiHelicobacter e gastroproteção. A mistura de α e β amirinas estudada, além da atividade anti-ulcerogênica in vivo e anti-Helicobacter in vitro apresentadas, foi capaz de inibir o crescimento de cepas resistentes para os antimicrobianos utilizados na terapêutica convencional, sugerindo que o mecanismo de ação seja diferente daqueles conhecidos e, por isso, possa ser utilizada no futuro em terapias auxiliares ao tratamento, especialmente nos casos de falência dos esquemas propostos. Para concluir, a mistura das α e β amirinas na dose utilizada, e não combinada com outros antimicrobianos, através dos testes utilizados não conseguiu verificar a erradicação ou a diminuição, de forma significativa, no número de bactérias Helicobacter pylori no estômago de camundongos previamente infectados, entretanto, foi observado um efeito terapêutico gastroprotetor microrganismo. para o dano da mucosa gástrica induzido por este Vll - CONCLUSÕES 1. A resina, o óleo essencial e a mistura de α e β amirinas de Protium heptaphyllum March. apresentaram atividade anti-Helicobacter in vitro. 2. O óleo essencial de Protium heptaphyllum March apresentou atividade anti-Helicobacter na concentração entre 1000 e 2000 µg/ml. 3. A resina e a mistura de α e β amirinas de Protium heptaphyllum March apresentaram atividade anti-Helicobacter no intervalo de concentrações de 100 - 160 µg/ml. 4. As pequenas variações observadas entre os valores mínimos inibitórios e bactericidas sugerem que não ocorra o efeito de tolerância do H.pylori para as substâncias avaliadas. 5. A atividade anti-Helicobacter da resina e da mistura de α e β amirinas não foi alterada pelo pH ácido in vitro. 6. A mistura de α e β amirinas não erradicou nem diminuiu a quantidade do Helicobacter pylori in vivo, nas doses e na estratégia utilizada. 7. A mistura de α e β amirinas diminuiu o índice das lesões ulcerativas gástricas dos camundongos C57BL/6 infectados. 8. A mistura de α e β amirinas diminuiu a infiltração de neutrófilos nos estômagos dos animais infectados. 9. A mistura de α e β amirinas administrada por via oral não apresentou reações adversas, como diarréia, perda de peso, perda de apetite ou mortalidade dos animais. Vlll- BIBLIOGRAFIA AL-ASSI MT, RAMIREZ FC, LEW GM, GENTA RM, GRAHAM DY. Claritromycin, tetracicline and bismuth: a new non-metronidazole therapy for Helicobacter pylori infection. Am J Gastroenterology, 1994, 89:1203-5. ALI SM, KHAN A, AHMED I, MUSADDIQ M, AHMED K, POLASA H, VENKATESWAR RAO L, HABIBULLAH C, SECHI L, AHMED N. Antimicrobial activities of Eugenol and Cinnamaldehíde against the human gastric pathogen Helicobacter pylori. Annals of Clinical Microbiology and Antimicrobials, 4:20, 2005. ALM RA, TRUST TJ. Analysis of the genetic diversity of Helicobacter pylori: the tale of two genomes. J. Mol. Med., 77(12):834-46,1999. ATHERTON JC, PEEK RM, THAM KT, COVER TL, BLASER MJ. Clinical and patologycal importance of heterogenicity in vac A, the vacuolating cytotoxin gene of Helicobacter pylori. Gastroenterology, 112:92-99,1997 AXON ATR. Are all helicobacters equal? Mechanisms of gastroduodenal pathology and their clinical implications. Gut 45, S1:11-14,1999. BATISTA RS et al., Manual de Infectologia, 1 ed. Rio de Janeiro: Revinter,317-8, 2003. BERGONZELLI GE, DONNICOLA D, PORTA N, CORTHESY-THEULAZ E. Essential oils as components of a diet- based approach to management of Helicobacter infection. Antimicrobial Agents and Chemotherapy, 47 (10):3240-3246, 2003. BERRY V, JENNINGS K, WOODNUTT G. Bactericidal and morphological effects of amoxicillim on Helicobacter pylori. Antimicrobial Agents and Chemotherapy, 39 (8):1859-1861, 1995. BLASER M, Helicobacter pylori and gastric disease. BMJ, 316:1507 -1510, 1998. BLASER MJ, ATHERTON JC. Helicobacter pylori persistence: biology and disease. J. Clinical Invest., 113(3):321-333, 2004. BREUER T, GOODMAN KJ, MALATY HM, SUDHOP T, GRAHAM DY. How do clinicians practicing in the US manage Helicobacter pylori infection. Am J Gastroenterol 1998;93:553-6 BUCKLEY M, CULHANE A, DRUMMB, KEANE C, MORAN AP, O´CONNOR HJ, COLLINS J, KELLEHER D, MCAVINCHEY D, SLOAN J, O´MORAIN C. Guidelines for the management of Helicobacter pylori-related upper gastrointestinal diseases. Irish Helicobacter pylori Study Group.; Ir J Med Sci., 165 Suppl 5:1-11,1996. CANDELLI M, NISTA E, CARLONI E, PIGNATARO G, ZOCCO MA, CAZZATO A, DI CAMPLI C, FINI L, GASBARRINI G, GASBARRINI A. Treatment of H. pylori infection: A review. Current Medicinal Chemistry, 12: 375-384, 2005. CASTRO FRANÇA S. Abordagens biotecnologicas para a obtenção de substancias ativas. In: Farmacognosia : da Planta ao medicamento.7:123146, 2003. CARVALHAES A, MAGALHAES AFN, CORDEIRO F ET AL. Terapêutica e epidemiologia da infecção por “H. pylori”: recomendações do primeiro seminário promovido pelo núcleo brasileiro para o estudo do “Helicobacter pylori”. GED., 16:99-100, 1997. CELLINI L, ALLOCATTI N, ANGELUCCI D, IEZZI T, DI CAMPLI E, MARZIO L, DAINELLI B. Coccoid Helicobacter pylori not culturable in vitro reverts in mice. Microbiol. Immunol., 38(11):843-850, 1994. CHIBA N, HUNT RH. Drug therapy of Helicobacter pylori infection: a meta analysis. In ; Scarpignato C, Bianchi-PorroG. Eds. Clinical Pharmacology and therapy of Helicobacter pylori infection. Prog Basic Clin Pharmacol Vol. 111, Basel Karger, 1999; 227-68 COLE SP, CIRILLO D, KAGNOFF MF, GUINEY DG, ECKMANN L. Coccoid and spiral Helicobacter pylori differ in their abilities to adhere to gastric epithelial cells and induce interleukin-8 secretion. Infect. Immun., 65(2):843-6, 1997. COWAN MM. Plants products as antimicrobial agents. Clinical Microbiology Reviews, 12(4):564-582, 1999. De BOER WA, TYGAT NJ. Treatment of Helicobacter pylori infection. BMJ 2000; 320:31- 4. DI STASI LC e colaboradores. Plantas medicinais: arte e ciência. Um guia de estudo interdisciplinar. UNESP, 1996. DUNN BE, COHEN H, BLASER MJ., Helicobacter pylori. Clinical Microbiologiology Reviews, 10(4):720-741, 1997. DELTENRE M, DE KOSTER E. How come I’ve got it? (A review of Helicobacter pylori transmission). Eur. J. Gastroenterol Hepatol., 12 (5): 479-82, 2000. EATON KA, KRAKOWA S. Avirulent urease-deficient Helicobacter pylori colonises gastric epithelial explants in vivo. Scand J Gastroenterol., 30:434437, 1995. ECCLISSATO C, MARCHIORETTO MA, MENDONÇA S, GODOY AP, GUERSONI RA, DEGUER M, PIOVESAN H, FERRAZ JG, PEDRAZZOLI J. Increased primary resistance to recommended antibiotics negatively affects Helicobacter pylori erradication. Helicobacter., 7 (1): 53-9,2002. ELIZALDE JI, GOMEZ J, GINES A, LLACH J, PIQUE JM, BORDAS JM, MARCO F, TERES J. Biopsy fórceps desinfection tecnique does not influence Helicobacter pylori culture. Am. J. Gastroenterol., 93(9):1450-2, 1998. ERGIN A, ARIKAN S. Comparison of microdiluition and disc diffusion methods in assessing the in vitro activity of fluconazole and Melaleuca alternifolia (tree tea) oil against vaginal candida isolates. J. Chemother., 14(5):465-72, 2002. FERNANDEZ H. Genero Helicobacter . In: Microbiologia, TRABULSI LR et al. SP, Atheneu, 3 ed.,263-267,1999. FERRERO RL, FOX JG. In vivo modeling of Helicobacter – Associated gastrointestinal diseases. In: Helicobacter pylori: Physiology and Genetics. 45:565-582, ASM Press, Washington DC, 2001. FUNATOGAWA K, HAYASHI S, SHIMOURA H, YOSHIDA T , HATANO T, ITO H, HIRAI Y. Antibacterial Activity of Hydrolysable Tannins Derived from Medicinal Plants against Helicobacter pylori. Microbiol. Immunol., 48 (4), 251261, 2004. GAMBERNINI MT, SKOURPA LA, SOUCCAR C, LAPA AJ. Inhibition of gstric secretion by a water extract from Baccharis triptera Mart. Mem Inst. Oswaldo Cruz, 86 (Supp. 2):137-139, 1991. GLUPCZYNSKI Y, LABBE M, HANSEN W, CROKAERT F, YOURASSOWSKY E. Evaluation of the E- test for Quantitative Antimicrobial Susceptibility testing of Helicobacter pylori. Journal of Clinical Microbiology, 29 (9):2072-2075, 1991. GO MF, KAPUR V, GRAHAM DY, MUSSER JM. Population genetic analysis of Helicobacter pylori by multilocus enzyme electrophoresis: extensive allelic diversity and recombinational population structure. J. Bacteriol., 178 (13):39348, 1996. GO MF, VAKIL N. Helicobacter pylori infection. Clin Perspect Gastroenterol; 2:141-53, 1999. GO MF. Review article: natural history and epidemiology of Helicobacter pylori infection. Aliment Pharmacol Ther. , 16 (suppl. 1):3-15, 2002. GRAHAM DY, DE BOER WA, TYTGAT GN. Choosing the best antihelicobacter pylori therapy: effect of antimicrobial resistance. Am J Gastroenterol., 919(6):1072-6,1996. GRAHAM DY. Editorial. Can therapy ever be denied for Helicobacter pylori infection? Gastroenterology; 113:S4-S8, 1997. GRAHAM DY, OSATO MS, HOFFMAN J, et al. Furazolidone combination therapies for Helicobacter pylori infection in the United States. Aliment Pharmacol Ther; 14:211-5, 2000. GRAHAM DY, YAMAOKA Y. Disease-specific helicobacter pylori virulence factors: the unfulfilled promise. Helicobacter, n S3-9;discus.S27-31, Suppl.1, 2000. GRAHAM DY. Therapy of helicobacter pylori: current status and issues. Gastroenterology, 118: S2-S8, 2000. GUERRITS MM, SCHUIJFFEL D, VAN ZWET AA, KUIPERS EJ, VANDENBROUCKE- GRAULS CM, KUSTERS JG. Alterations in penincilinbinding protein 1ª confer resistance to beta-lactam antibiotics in Helicobacter pylori. Antimicrob Agents Chemother.; 46 (7): 2229-33, 2002. GULIETTI A, OVERBERG L, VALCKX D, DECALLONE E, BOUILLON R, MATHIEU C. An over view of real- time quantitative PCR: Applications to quantify cytokine gene expression. Methods, 25:386-401, 2001. HACHEM CY, CLARRIDGE JE, REDDY R, FLAMM R, EVANS DG, TANAKA SK, GRAHAM DY. Antimicrobial susceptibility testing of Helicobacter pylori. Comparison of E- test, broth microdilution, and disk diffusion for ampicillin, clarithromycin, and metronidazole. Diagn. Microbial. Infect. Dis., 24 (1):37-41, 1996. HANCOCK RE, ALM R, BINA J, TRUST T. Helicobacter pylori : a surprisingly conserved bacterium. Nat. Biotechnol., 16 (3):216-7,1998. HARTZEN SH, ANDERSEN LP, BREMMELGAARD A, COLDING H, et al. Antimicrobial susceptibility testing of 230 Helicobacter pylori strins: Importance of medium, inoculum, and incubation time. Antimicrob Agents Chemother., 41:2634-9, 1997. HARRIS A. Current regimens for treatment of Helicobacter pylori. Br Med Bull., 54:195-205, 1998. HEATLEY, RV. The Helicobacter pylori handbook. 1 Ed. Osney Mead: Blackwell Science,1995. HOSTETTMANN K, QUEIROZ EF, VIEIRA PC. Principios ativos de plantas superiores. São Carlos: UFSCar, 4v, 2003. International Agency for research on Cancer, World Health organization. Infection with Helicobacter pylori. In: Schistosomes, liver flukes and Helicobacter pylori. LYON:IARC.,177-202,1994. ITO Y, AZUMA T, ITO S, SUTO H, MIYAJI H, YAMAZAKI Y, KATO T, KOHLI Y, KEIDA Y and KURIYAMA M. Sequence analysis and clinical significance of ice A gene from Helicobacter pylori strains in Japan. J. Clin. Microbiol., 38:483488, 2000. JONES N, SHABIB S, SHERMAN P. Capsaicin as an inibitor of the growth of the gastric pathogen Helicobacter pylori. FEMS Microbiology Letters, 146:223-227, 1997. KELLY SM, PITCHER MC, FARMERY SM, GIBSON GR. Isolation of Helicobacter pylori from feces of patients with dyspepsia in the United Kingdom. Gastroenterol., 107 (6):1671-4, 1994. KUSTERS J, GERRITS M, VAN STRIPJ A, VANDENBROUCKE- GRAULS C. Coccoid forms of Helicobacter pylori are the morphologic manifestation of cell death. Infection and Inmunity, 65(9): 3672-3679, 1997. LAHEIJ RJF, VAN ROSSUM LGM, JANSEM JBMJ, STRAATMAN H, VERBEEK ALM. Evaluation of treatment regimens to cure Helicobacter pylori infection, a meta-analysis. Aliment Pharmacol Ther. ; 113:S99-S106, 1999. LASCOLS C, LAMARQUE D, COSTA JM, BERGMAN C, LE GLAUNEC JM, DEFORGES L, SOUSSY CJ, PETIT JC, DELCHIER JC, TANKOVIC J. Fast andaccurate quantitative detection of helicobacter pylori and identification of claritromycin resistance mutations in H. pylori isolates from gastric biopsy specimens by real - time PCR. Journal of Clinical Microbiology, 41 (10):4573-4577, 2003. LEE A, FOX J, HAZELL S. Pathogenicity of Helicobacter pylori: a Perspective. Infection and Immunity, 61 (5):1601-1610, 1993. LEE A, O´ROURKE J, UNGRIA MC, ROBERTSON B, DASKALOPOULOS G, DIXON M. A standarized mouse model of Helicobacter pylori infection: introducing the Sidney Strain. Gastroenterology, 112(4); 1386-1397, 1997. LIMA JUNIOR R, OLIVEIRA F, GURGEL L, CALVACANTE I, SANTOS K, CAMPOS D. VALE C, SILVA R, CHAVES M, RAO V, SANTOS F.Attenuattion of visceral nociception of α e β amirin a triterpenoid misture, isolated from the resin of protium heptaphyllum, in mice. Planta Med., 2006. LOPES CITÓ AMG, SOUZA A, DANTAS LOPES J, CHAVES M, COSTA F, ALVES DE SOUZA S, MOURA DE AMARAL M. Resina de Protium heptaphyllum March (Burceraceae): Composição Química do óleo essencial e avaliação citotóxica frente à Artemia salina leach. Anais Assoc. Brás. Quim, 52 (2): 74-76, 2003. LUZZA F, MALETTA M, IMENEO M, MARCHEGGIANO A, IANNONI C, BIANCONE L, PALLONE F. Salivary-specific inmunoglobulin G in the diagnosis of Helicobacter pylori infection in dyspeptic patients. Am. J. Gastroenterol., 90(10): 1820-3, 1995. MABE K, YAMADA M, OGUNI I, TAKAHASHI T. In vitro and in vivo activities of tea catechins against Helicobacter pylori. Antimicrob. Agents Chemother., 43(7):1788-91, 1999. MAIA RM, BARBOSA PR, CRUZ FG, ROQUE NR, FASCIO M. Triterpenos da resina de Protium heptaphyllum March (Burseraceae): caracterização em misturas binárias. Química Nova, 23(5): 623-626, 2000. MARAIS A, MONTEIRO L, MEGRAUD F. Microbiology of Helicobacter pylori. Curr. Top. Microbiol. Immunol., 241:103-22, 1999. MARCHETTI M, ARICÓ B, BURRONI D, FIGURA N, RAPPUOLI R, GHIARA P. Development of mouse model of Helicobacter pylori infection that mimics human disease. Science, 267:1655-1658, 1995. MARSHALL BJ, WARREN JR. Unidentified curved bacilli in the stomach of patients with gastritis and peptic ulceration. Lancet 1:1311- 4, 1984. MARSHALL BJ, DUNDON WG, BEESLEY SM, SMYTH CJ. HELICOBACTER PYLORI: A CONUNDRUM OF GENETIC DIVERSITY. Microbiology 144:2925- 39, 1998. MATTOS RG, ECCLISSATO CC, MENDONÇA S, RIBEIRO ML, PEDRAZZOLI Jr. J. Application of quantitative real- time PCR approach for Helicobacter pylori detection. (In Press), 2006. MCGOWAN CC, COVER T, BLASER MJ. Helicobacter pylori and gastric acid:biological and therapeutic implications. Gastroenterology, 110:926-38, 1996. MEGRAUD F. Resistance of Helicobacter pylori to antibiotics. Aliment. Pharmacol. Ther., 11(1):43-53, 1997. MEGRAUD F. Epidemiology and mechanism of antibiotic resistance in Helicobacter pylori. Gastroenterology, 115(5): 1278-82, 1998. MENDONÇA S, ECCLISATTO C, SARTORI MS, GOSDOY APO, GUERZONI RA, DEGGER M, PEDRAZZOLLI JJ. Prevalence of Helicobacter pylori resistance to metronidazole, claritromycin, amoxicillin, tetracycline and furazolidone in Brazil. Helicobacter, 5:79-83, 2000. MIKULA M, DZWONEK, JAGUSZTYN- KRYNICKA K, OSTROWOSKY J. Quantitative detection for low levels of Helicobacter pylori infection in experimentally infected mice by real-time PCR. Journal of Microbiological Methods, 55:351-359, 2003. MITCHELL HM, LI YY, HU PJ, LIU Q, CHEN M, DU GG, WANG ZJ, LEE a, HAZELL SL. Epidemiology of Helicobacter pylori in southern China: Identification of early childhood as the critical period for adquisition. J. Infect. Dis., 166(1):149-153, 1992. MITCHELL HM. The epidemiology of Helicobacter pylori. Curr. Top. Microbiol. Immunol., 241:11-30, 1999. MITCHELL HM. Epidemiology of infection In: Helicobacter pylori: Physiology and Genetics. 2:7-18, ASM Press, Washington DC, 2001. MURRAY RP, ROSENTHAL SK, KOBAYASKI SG, PFALLER AM. Microbiologia Médica. 3 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, p 212-214, 2000. NARIMAN F, EFTEKAR F, HABIBI Z, FALSAFI T. Anti-Helicobacter pylori activities of six Iranian plants. Helicobacter, 9 (2):146-151, 2004. NOTARNICOLA M, LINSALATA M, CARUSO MG, CAVALLINI A, DI LEO A. Low density lipoprotein receptors and polyamine levels in human colorectal adenocarcinoma. Gastroenterol., 30(6):705-9,1995. OHNO T, KITA M, YAMAOKA Y, IMAMURA S, YAMAMOTO T, MITSUFUJI S, KODAMA T, KASHIMA K, IMANISHI J. Antimicrobial activity of essentiasl oils against Helicobacter pylori. Helicobacter, 8 (3):207-215, 2003. OLIVEIRA F, AKISUE G, AKISUE MK. Farmacognosia. Atheneu: São Paulo,127, 1991. OLIVEIRA AM, QUEIROZ DM, ROCHA GA, MENDES EN. Seroprevalence of Helicobacter pylori infection in children of low socioeconomic level in Belo Horizonte, Brazil. Am. J. Gastroenterol., 89 (12):2201- 4, 1994. OLIVEIRA AM, ROCHA GA, QUEIROZ DM, DE MOURA SB, RABELLO AL. Seroconversion for Helicobacter pylori in adults from Brazil. Trans. R. Soc. Trop. Méd. Hyg., 93 (3):261-3, 1999. OLIVEIRA F, GOKITI A. Fundamnetos de Fármacobotánica. 2 ed., Atheneu: São Paulo,157-162, 2000. OLIVEIRA FA, VIEIRA-JUNIOR G, CHAVES M, ALMEIDA F, SANTOS K, MARTINS F, SILVA R, SANTOS F, RAO V. Gastroprotective effect of the mixture of α e β amirin from Protium heptaphyllum: Role of capsaicin-sensitive primary afferent neurons. Planta Med., 70:1-3, 2004a. OLIVEIRA F, VIEIRA-JUNIOR G, CHAVES M, ALMEIDA F, FLORENCIO M, LIMA-Jr R, SILVA R, SANTOS F, RAO V. Gastroprotective and antiinflamatory effects of resin from Protium heptaphyllum in mice and rats. Pharmacological Research, 49:105 -111, 2004b. OLIVEIRA F, CHAVES M, ALMEIDA F, LIMA Jr R, SILVA R, MAIA J, BRITO G, SANTOS F, RAO V. Protective effect of α e β amirin, a triterpene mixture from Protium heptaphyllum (Aubl) March. Trunk wood resin, against acetaminophen- induced liver injury in mice. Journal of Ethnopharmacology 98:103-108, 2005. OZPOLAT B, ACTOR J, MEI RAO X, LEE S, OSATO M, GRAHAM DY, LACHMAN L. Quantitation of Helicobacter pylori in the stomach using Quantitative Polymerase Chain Reaction Assays. Helicobacter 5 (1):13 -21, 2000. PAJARES JM. Helicobacter pylori infection: its role in chronic gastritis, carcinoma and peptic ulcer. Hepato- Gastroenterol., 42:827- 41, 1995. PENTSON JG.Review article:clinical aspects of Helicobacter pylori eradication therapy in pectic ulcer disease. Aliment. Pharmacol. Ther ., 10:469-86, 1996. PEREZ-PEREZ G, ROTHENBACHER D, BRENNER H. Epidemeology of Helicobacter pylori Infection. Helicobacter, 9, supplement 1:1-6, 2004. PETERSON WL, GRAHAM DY. Helicobacter pylori. In: Gastointestinal and Liver disease, p.604-619, 6th ed., 1998, WB Saunders Co., Philadeiphia, Pennsylvania, USA. QUEIROZ DMM, MENDES EN, ROCHA GA. Indicator médium for isolation of Campylobacter pylori. J. Clin. Microbiol. 25:2378-9, 1987. RAUTELIN H, LEHOURS P, MEGRAUD F. Diagnosis of Helicobacter pylori Infection. Helicobacter ,8, suppl. 1: 13-20, 2003. SCHENCKEL EP, GOSMANN G, PETROVICK PR. Produtos de origem vegetal e o desenvolvimento de medicamentos In: Farmacognosia : da Planta ao medicamento.15:372-400, 2003. SHIBATA K, ITO Y, HONGO A, YASOSHIMA A, ENDO T, OHASHI M. Bactericidal activity of a New Antiulcer agent, Ecabet sodium, against Helicobacter pylori, under acidic conditions. Antimicrobial Agents and Chemotherapy, 39(6):1295-1299, 1995. SIANNI AC, RAMOS MFS, LIMA Jr. O, RIBEIRO DOS SANTOS R, FERNANDEZ EF, SOARES ROA, ROSAS EC, SUSUNAGA GS, GUIMARAES AC, ZOGHBI MGB, HENRIQUES MGM. Evaluation of the antiinflamatoryrelated activity of essential oils from leaves and resin of species of Protium. J. of Ethnopharmacology, 66:57-69, 1999. SIMÔES CMO, SCHENKEL EP, GOSMANN G, MELLO JCP, MENTZ LA., PETROVICK PR. Farmacognosia: da planta ao medicamento. Editora UFSC, Florianópolis SC, 2003. 821 p. SOUTO FJ, FONTES CJ, ROCHA GA, DE OLIVEIRA AM, MENDES EN, QUEIROZ DM. Prevalence of Helicobacter pylori infection in a rural área of the state of Mato Grosso, Brazil. Mem. Inst. Oswaldo Cruz., 93 (2);171-4, 1998. SPIEGELHALDER C, GERSTENECKER B, KERSTEN A, SCHILTZ E, KIST M.Purification of Helicobacter pylori superoxie dismutase and cloning ans sequence of gene. Infect. and Immunity, 61 (12):5315-5325, 1993. The Maastrich consensus report. Current European concepts in the management of Helicobacter pylori infection. Gut.;41:8-13, 1997. THOMAZ JE, GIBSON GR, DARBOE MK, DALE A, MEAVER LT. Isolation of Helicobacter pylori from humam faeces. Lancet, 14,340 (8829):1194-5, 1992. THOMAS JE, PETROLANI S. Epidemiology of infection in the year of Helicobacter pylori 1994. The European Helicobacter pylori Study Group, 6- 11, 1994. TOMB JF, WHITE O, KERLAVAGE A, et al., The complete genome sequence of thew gastric pathogen Helicobacter pylori. Nature, 388: 539-47, 1997. TOMINAGA K, HIGUCHI K, HAMASAKI N, HAMAGUCHI M, TAKASHIMA, TANIGAWA T, WATANABE T, FUJIWARA Y, TEZUKA Y, NAGAOKA T, KADOTA S, ISHII E, KOBAYASHI K, ARAKAWA T. In vivo action of novel alkyl methyl alkaloids against Helicobacter pylori. Journal of Antimicrobial Chemotherapy, 50:547-552, 2002. TRABULSI LR, ALTHERTHUM F. Microbiologia, 4ta ed. São Paulo: Atheneu, 353-8, 2004. VAN DOORN LJ, QUINT W, SCHEEBERGER P, TYTGAT GM, DE BOER WA. The only good Helicobacter pylori is a dead Helicobacter pylori. Lancet, 5; 350 (9070):71-5, 1997. VAN DOORN LJ, FIGUEREIDO C, SANNA R, BLASER MJ, QUINT WG. Distinct variants of Helicobacter pylori cagA are associated with vacA subtypes. J. Clin. Microbiol., 37(7): 2306-11, 1999. VAN DOORN N, NAMAVAR F, SPARRIUS M, STOOF J, VAN REES, VAN DOORN LJ, VANDENBROUCKE-GRAULS C. Helicobacter pylori associated gastritis in mice is host and strain specific. Infection and Immunity, 67 (6):3040-3045, 1999. VAN DOORM LJ, SCHNEEBERGER PM, NOUHAM N, PLAISIER A, QUINT W, BOER W. Importance of Helicobacter pylori cagA and vacA status for the efficacy of antibiotic treatment. Gut, 46:321-326, 2000. VAROLI O, LANDINI MO, LAPLACA M, TUCCI A, CORINALDESI R, PAPARO GF, STANGHELLINI V, BARBARA L. Presence of Helicobacter pylori in gastric juice. Am. J. Gastroenterol., 86 (2): 249, 1991. WESTBLOM TU. Molecular diagnosis of Helicobacter pylori. Immunol. Invest., 26(1-2): 163-74, 1997. XIA H, KEANE CT, BEATTIE S, O´MORAIN CA. Standardization of diffusion test and its clinical significance for susceptibility testing of metronidazole against Helicobacter pylori. Antimicrobial Agents Chemother., 38(10):804-11,1999. XIAO SD, SHI T. Is cranberry juice effective in the treatment and prevention of Helicobacter pylori infection of mice? Chinese Journal of Digestive Disease, 4:136-139, 2003. YAMAOKA Y, KODAMA T, KITA M, IMANISHI J, KASHIMA K, GRAHAM DY. Relation between clinical presentation, Helicobacter pylori density, interleukin 1 beta and 8 production, and cagA status. Gut , 45 (6):804-11,1999. YAN X, KITA M, MINAMI M, YAMAMOTO T, KURIYAMA H, OHNO T, IWAKURA Y, IMANISHI J. Antibacterial effect of Kampo herbal formulation Hochu-Ekki-to (Bu-Zhong-Yi-Qi-Tang) on Helicobacter pylori infection in mice. Microbiol. Immunol., 46(7):475-482, 2002. Livros Grátis ( http://www.livrosgratis.com.br ) Milhares de Livros para Download: Baixar livros de Administração Baixar livros de Agronomia Baixar livros de Arquitetura Baixar livros de Artes Baixar livros de Astronomia Baixar livros de Biologia Geral Baixar livros de Ciência da Computação Baixar livros de Ciência da Informação Baixar livros de Ciência Política Baixar livros de Ciências da Saúde Baixar livros de Comunicação Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE Baixar livros de Defesa civil Baixar livros de Direito Baixar livros de Direitos humanos Baixar livros de Economia Baixar livros de Economia Doméstica Baixar livros de Educação Baixar livros de Educação - Trânsito Baixar livros de Educação Física Baixar livros de Engenharia Aeroespacial Baixar livros de Farmácia Baixar livros de Filosofia Baixar livros de Física Baixar livros de Geociências Baixar livros de Geografia Baixar livros de História Baixar livros de Línguas Baixar livros de Literatura Baixar livros de Literatura de Cordel Baixar livros de Literatura Infantil Baixar livros de Matemática Baixar livros de Medicina Baixar livros de Medicina Veterinária Baixar livros de Meio Ambiente Baixar livros de Meteorologia Baixar Monografias e TCC Baixar livros Multidisciplinar Baixar livros de Música Baixar livros de Psicologia Baixar livros de Química Baixar livros de Saúde Coletiva Baixar livros de Serviço Social Baixar livros de Sociologia Baixar livros de Teologia Baixar livros de Trabalho Baixar livros de Turismo