Presidentes da Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis 1800-2009 Presidentes da Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis 1800-2009 Edição e propriedade Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis Coordenação Arquivo Municipal Investigação e textos João Tiago Tavares Design e composição Gabinete de Comunicação e Imagem | MOA Data de edição Janeiro 2010 Impressão Engrenagem - António Cruz & Filho, Lda. Depósito Legal 303912/09 ISBN 978-972-95150-8-8 Tiragem 500 exemplares Índice Presidentes [Cronologia] 5 Biografias dos antigos Presidentes, opções metodológicas 9 Antigo Regime 11 Monarquia Constitucional 25 Primeira República 67 Ditadura Militar / Estado Novo 79 Estado Democrático 91 4 Antigo Regime Vitorino José de Oliveira Botelho do Amaral (1800 – 1803) Isidoro António Amaral Semblano (1803 – 1806) Francisco Serpa Saraiva Machado (1806 – 1811) Bernardo Augusto Vieira de Serpa (1811 – 1816) Manuel Álvares de Sousa (1816 – 1820) 5 Joaquim José Almeida Pereira (1820 – 1823) Jerónimo Osório Cabral (1826 – 1829) Manuel Fortunato Rodrigues Branco (1829 – 1832) Sebastião Botelho Machado Correia Queirós (1833) José Maria de Sousa e Oliveira (1833 – 1834) António Fernandes Álvares Fortuna (1834 – 1835) Monarquia Constitucional Manuel José Correia Martins (1836) e (1842 – 1845) José Soares de Pinho da Silva Gomes (1837) e (1839) Manuel Joaquim da Silva (1845 – 1846) António Rebelo Valente Alves da Silva (1846 – 1847) e (1862 – 1863) José Carlos de Moura Peixoto (1847 – 1851) António Correia de Bastos Pina (1852 – 1854) e (1854) Bento José da Silva Guimarães (1854) Luís Pinto Barreto Feio (1854 – 1859) António Bernardo da Costa Pinto (1860 – 1861) José António Gomes Leite Rebelo (1864 – 1868) e (1872 – 1873) Gaspar Máximo Ferraz Bravo (1868 – 1871) e (1878 – 1879) Abílio Augusto Correia Bandeira (1874 – 1877) António Simões dos Reis (1880 – 1881) Ernesto da Costa Sousa Pinto Basto (1882 – 1886) Francisco Albano Amador Pinto Valente (1887 – 1889) Presidentes Manuel Maria de Souto e Silva (1823 – 1826) José Lopes Godinho de Figueiredo (1890 – 1895) Daniel de Araújo Ribeiro (1896 – 1900) António da Silva Carrelhas (1900) Sebastião Fernandes de Almeida (1900 – 1901) Artur da Costa Sousa Pinto Basto (1902 – 1903) António José da Silva Guimarães (1904) Alfredo Praça de Vasconcelos (1905 – 1907) e (1908) 6 António Tomás Ferreira Cardoso (1908) Camilo Pacheco da Costa Ferreira (1908 – 1909) Paulo José Ferreira de Almeida (1909 – 1910) Primeira República António Tomás Ferreira Cardoso (1910 – 1911) José Lopes de Oliveira (1911 – 1912) Luís Soares Martins (1912) Ernesto da Costa Sousa Pinto Basto (1914) Aníbal Peixoto Beleza (1914 – 1918) e (1919 – 1923) Albino Soares Pinto dos Reis Júnior (1919) e (1923 – 1926) Ditadura Militar / Estado Novo António Pedro de Carvalho (1926) Eduardo Augusto da Fonseca (1926) Alfredo Fernandes de Andrade (1926 – 1927) e (1928 – 1945) Arnaldo Ferreira da Silva Guimarães (1927 – 1928) António Eduardo da Silva Cravo (1946) Ernesto Soares dos Reis (1946 – 1959) Artur Correia Barbosa (1959 – 1971) Leopoldo Soares dos Reis (1971 – 1974) Estado Democrático Flávio Beleza Laranjeira (1974 – 1975) Licínio Vieira Dias (1977 – 1979) Bento Manuel Azevedo Teixeira Lopes (1980 – 1985) Ramiro Ferreira Alegria (1986 – 1993) Ângelo da Silva Azevedo (1993 – 2001) Ápio Cláudio do Carmos Assunção (2001 – 2009) 7 Presidentes 8 Biografias dos antigos Presidentes, opções metodológicas 9 Elaborar uma biografia é uma tarefa que assume um certo grau de dificuldade, em virtude de ser necessário usar de alguma cautela na interpretação das fontes, uma vez que não se está a tratar de um tema abstracto, mas antes da vida de uma pessoa. Aquando da decisão de se avançar com um trabalho de levantamento das biografias dos antigos Presidentes de Câmara, colocou-se uma questão metodológica. Como apresentar o resultado da investigação? Algumas figuras eram, então, perfeitos desconhecidos, enquanto outras ainda estavam bem presentes na memória de todos. Procurámos ver a abordagem realizada por outros Municípios, mas a solução adoptada não nos pareceu a mais feliz. Nesses casos, as informações biográficas eram inseridas em textos que abordavam a história local. É certo que essa opção permite um melhor enquadramento das figuras na sua época, mas, em contrapartida, dilui-se o indivíduo no contexto. Por outro lado, a disparidade de informação disponível obrigava a estabelecer critérios de recolha e tratamento dos dados, para que se obtivesse um padrão mínimo de informação sobre cada pessoa. Tendo isso em mente, optámos pela elaboração de uma ficha de recolha de dados, com um conjunto de campos que nos pareceu pertinente para ajudar a revelar as pessoas por trás dos nomes. Nesta, estabelecemos três grupos de dados: • a informação pessoal, centrada nos dados básicos de cada um deles; • a informação biográfica, que procura traçar um retrato da vida pessoal e profissional de cada um; • as actividades mais relevantes durante os seus mandatos, onde se procuram elencar as acções mais significativas do período em que presidiram à Câmara Municipal. Ocasionalmente, nos casos em que além, da actividade política, se regista uma intervenção cívica e associativa específica, optou-se pela abertura de um campo destinado à descrição dessas actividades. Naturalmente que esta opção tem inconvenientes. Desde logo, perde-se em estilo literário, visto que a escrita assume um carácter factual. Daí em muitas das fichas, sobretudo naquelas que correspondem a pessoas sobre as quais não foi possível recolher uma informação mais rica, o texto se assemelhar a uma enumeração de factos. Perde-se no enquadramento histórico, que não se adequa a este formato e que tentámos mitigar com breves textos de síntese relativos a cada um dos períodos históricos que marcaram a vida do Município. Em contrapartida, torna-se mais simples aceder à informação sobre cada uma destas personalidades da história oliveirense, o que nos parece uma vantagem significativa. Além disso, toda a informação recebeu o mesmo tratamento em termos formais, dependendo as suas quantidade e qualidade da maior ou menor abundância de fontes históricas e do seu grau de minúcia. Apesar do trabalho realizado ter permitido dar corpo a muitas figuras, das quais apenas se conhecia o nome, não o consideramos definitivo. Temos a esperança que seja uma base sólida para outros estudos sobre a história local e que sirva de estímulo a todos os que se interessam por estes assuntos, para perseverarem nas suas investigações e na apresentação dos seus trabalhos. Se assim for, algumas das lacunas, que ainda subsistem, acabarão por ser preenchidas. 10 Antigo Regime 11 O livro de actas mais antigo mostra que presidiam às sessões da Câmara os Juízes de Fora. Estes funcionários vinham de outras regiões do país, por nomeação régia, para assegurar a isenção na aplicação da justiça. Permaneciam no concelho durante um período de tempo limitado, estando sujeitos à avaliação régia do seu desempenho, antes de serem nomeados para outro local. As referências, no livro de actas, a homenagens e festas em honra de D. Miguel, indiciam um forte apoio na Guerra Civil que o opôs a D. Pedro IV. D. Miguel retribuiu o apoio, autorizando a construção dos Paços do Concelho e permitindo a utilização, para esse fim, do imposto do Real da Água destinado à edificação da Barra do Porto de Aveiro. As obras só viriam, no entanto, a ficar concluídas, durante a Monarquia Constitucional. Vitorino José de Oliveira Botelho do Amaral 12 Mandato(s) 1800 - 1803 Elementos Biográficos Nomeado por alvará de 12 de Julho de 1800, quando exercia o cargo de Corregedor, em Linhares. Tomou posse a 6 de Agosto desse ano, sendo o primeiro magistrado a usar o título de Juiz de Fora. Bibliografia Consultada Annaes do Município de Oliveira de Azeméis, Porto, Livraria Chardron, 1909. Isidoro António Amaral Semblano 13 1803 - 1806 Elementos Biográficos Nomeado por decreto de 10 de Fevereiro de 1803. Tomou posse a 31 de Agosto desse ano. Bibliografia Consultada Annaes do Município de Oliveira de Azeméis, Porto, Livraria Chardron, 1909. Antigo Regime Mandato(s) Francisco Serpa Saraiva Machado 14 Mandato(s) 1806 - 1811 Elementos Biográficos Tomou posse a 7 de Outubro de 1806 Bibliografia Consultada Annaes do Município de Oliveira de Azeméis, Porto, Livraria Chardron, 1909. Bernardo Augusto Vieira de Serpa 15 1811 - 1816 Elementos Biográficos Tomou posse a 26 de Agosto de 1811. Bibliografia Consultada Annaes do Município de Oliveira de Azeméis, Porto, Livraria Chardron, 1909. Antigo Regime Mandato(s) Manuel Álvares de Sousa 16 Mandato(s) 1816 - 1820 Elementos Biográficos Tomou posse a 6 de Julho de 1816. Bibliografia Consultada Annaes do Município de Oliveira de Azeméis, Porto, Livraria Chardron, 1909. Joaquim José Almeida Pereira 17 1820 - 1823 Elementos Biográficos Tomou posse a 7 de Julho de 1820. Bibliografia Consultada Annaes do Município de Oliveira de Azeméis, Porto, Livraria Chardron, 1909. Antigo Regime Mandato(s) Manuel Maria de Souto e Silva 18 Mandato(s) 1823 - 1826 Elementos Biográficos Tomou posse a 3 de Dezembro de 1823. Bibliografia Consultada Annaes do Município de Oliveira de Azeméis, Porto, Livraria Chardron, 1909. Jerónimo Osório Cabral 19 1826 - 1829 Elementos Biográficos Tomou posse a 14 de Dezembro de 1826. No Arquivo Histórico Militar encontrámos um processo individual cujo nome era exactamente igual a este. Não podemos ter a certeza absoluta de que se trata da mesma pessoa, visto que não existe na documentação qualquer referência ao percurso biográfico da mesma. Trata-se, no entanto, de um bacharel conforme o atesta a carta de nomeação régia que compõe o processo. Este Jerónimo Osório Cabral foi nomeado Auditor da 1ª Divisão Militar, pela primeira vez, em 1840 e reconfirmado no cargo em 1847. Em 1845 pede o abono de 2$000 reis para despesas de expediente. Sabemos também que morreu em 25 de Novembro de 1851, embora não saibamos com que idade. No entanto, a diferença entre a data em que morre e aquela em que um indivíduo com o mesmo nome foi Juiz de Fora em Oliveira de Azeméis torna possível que se trate da mesma pessoa, ainda que não possamos ter a certeza absoluta a esse respeito. Fontes Consultadas AHM/DIV/3/7/674 Bibliografia Consultada Annaes do Município de Oliveira de Azeméis, Porto, Livraria Chardron, 1909. Antigo Regime Mandato(s) Manuel Fortunato Rodrigues Branco 20 Mandato(s) 1829 - 1832 Elementos Biográficos Tomou posse a 20 de Agosto de 1829. Acontecimentos Marcantes do(s) Mandato(s) O mandato de Rodrigues Branco é o primeiro para o qual se pode ter uma noção do que foi realizado, visto que corresponde ao mais antigo livro de actas conservado. Um dos aspectos mais marcantes é a sua proposta para ser dirigido ao Rei o pedido de autorização para serem feitas obras nas casas da Câmara e Cadeia, então instaladas precariamente em imóveis alugados. Aprovada a suigestão, o pedido foi enviado a D. Miguel que autorizou a obra, concedendo à Câmara o uso do valor do real recolhido no concelho e que era até aí aplicado na construção da Barra do Porto de Aveiro. A esse facto não será alheio a fidelidade da Câmara à causa Miguelista, que foi expressa nos amplos festejos organizados pela vereação aquando da visita de D. Miguel, a 2 de Novembro de 1832. Sendo parcos os recursos financeiros da Câmara, a despesa daí resultante foi paga com as verbas recolhidas nos impostos que deveriam ser aplicados na construção de obras no concelho. Administrativamente o seu mandato caracteriza-se pela tentativa de regulamentar as actividades comerciais, estabelecendo regulamentos para a venda ambulante e para o fornecimento das carnes verdes, punindo os fornecedores sempre que estes desrespeitam as condições do contrato de fornecimento, chegando mesmo, em situações de queixas generalizadas da população, a rescindir o contrato de fornecimento. Outro aspecto relevante é a sua preocupação em nomear um vigilante para zelar pela conservação das estradas, nomeadamente a do Porto a Coimbra. Fontes Consultadas Actas das Sessões da Câmara: Livro 1 – 1830/1834 Bibliografia Consultada Albertino Alves Pardinhas, Para os “Annaes” do Município, Coraze, Oliveira de Azeméis, 1996. Annaes do Município de Oliveira de Azeméis, Porto, Livraria Chardron, 1909. Sebastião Botelho Machado Correia Queirós 21 1833 Elementos Biográficos Tomou posse a 4 de Janeiro de 1833. Acontecimentos Marcantes do(s) Mandato(s) Deste Juiz de Fora apenas sabemos que tomou posse na primeira sessão de 1833, não mais voltando a assinar as actas das sessões, surgindo em seu lugar o nome de José Maria de Sousa e Oliveira. Não havendo nas mesmas qualquer referência à sua morte como motivo da substituição, somos levados a presumir que, ou foi exonerado do cargo, ou nomeado para outro concelho. Fontes Consultadas Actas das Sessões da Câmara: Livro 1 – 1830/1834 Antigo Regime Mandato(s) José Maria de Sousa e Oliveira 22 Mandato(s) 1833 - 1834 Elementos Biográficos Tomou posse a 14 de Janeiro de 1833. Acontecimentos Marcantes do(s) Mandato(s) O mandato é caracterizado pelo apoio fervoroso ao Rei D. Miguel, a quem preparam, sempre, festas na data do aniversário e a quem aclamam, reconhecendo os seus direitos na sessão de 06/09/1833, por oposição à declaração de 25 de Agosto em que era prestada fidelidade à Rainha D. Maria II pelo exército liberal que desembarcara em Lisboa a 24 de Junho. A sua intervenção legislativa foca-se na regulamentação do fornecimento das carnes verdes, da cobrança de impostos e da saúde pública, nomeadamente reunindo com os padres para explicitar os aspectos relacionados com as novas disposições sobre os enterros, que passam a ser realizados fora das igrejas e das localidades. Fontes Consultadas Actas das Sessões da Câmara: Livro 1 – 1830/1834 Bibliografia Consultada Annaes do Município de Oliveira de Azeméis, Porto, Livraria Chardron, 1909. António Fernandes Álvares Fortuna 23 1834 - 1835 Elementos Biográficos Tomou posse em 15 de Setembro de 1834. Foi o último magistrado a usar a designação de Juiz de Fora. Bibliografia Consultada Annaes do Município de Oliveira de Azeméis, Porto, Livraria Chardron, 1909. Antigo Regime Mandato(s) 24 Monarquia Constitucional 25 Terminada a Guerra Civil entre liberais e absolutistas, o país sofreu uma reorganização administrativa. As vereações passaram a ser eleitas pelos munícipes - que reunissem as condições para poder votar - sendo o Presidente escolhido, através de voto secreto, pelos vereadores eleitos. As sucessivas vereações procuraram melhorar as acessibilidades do concelho e as condições de vida dos munícipes, com a construção e reparação de condutas de água e fontanários, cemitérios, um hospital e edifícios escolares. Data desta época, por oferta de beneméritos, a instalação do primeiro sistema de abastecimento de água canalizada e de iluminação pública da vila. Situações excepcionais, como as cheias de 1879, reflectiram-se na actividade municipal, com a Câmara a tentar minorar os estragos e a acudir às carências da população. Manuel José Correia Martins 26 Nascimento 11/09/1798 – Nogueira do Cravo Falecimento pesos e medidas empregues no atendimento dos fregueses. O final da Guerra Civil é festejado com júbilo na sessão de 01 de Maio de 1844. 18/01/1845 – Nogueira do Cravo Mandato(s) 1836 e 1842 a 1844 Elementos Biográficos Participou nas campanhas liberais, apoiando o D. Pedro IV e combatendo, com o posto de capitão. Acontecimentos Marcantes do(s) Mandato(s) Os acontecimentos mais relevantes do seu mandato prendem-se com a construção do edifício dos Paços do Concelho. É sob a sua presidência que é mandada executar a planta do edifício e adjudicada a sua execução, após a compra de umas casas anexas ao terreno adquirido inicialmente, para que a construção pudesse ficar implantada com maior solenidade. Destaca-se ainda a decisão de mandar retirar todos os frades de pedra existentes na vila – excepto os dos cunhais das portas – por constituírem um perigo para a circulação; é também adjudicada a edificação de uma ponte em Madail e da estrada de Oliveira a Cesar, passando por Nogueira do Cravo. A um outro nível, é também durante o seu mandato que se apresenta uma petição ao Rei para ser criada uma cadeira de latinidade na vila, por se considerar que era necessário para o desenvolvimento da mesma. Pela primeira vez é referida nas actas das sessões da Câmara a elaboração de um código de Posturas Municipais e o funcionamento dos talhos é também alvo de uma regulamentação que os obriga a ter expostos os Fontes Consultadas Actas das Sessões da Câmara: Livro 2 – 1843/1850 Bibliografia Consultada Correio de Azeméis: 05/10/1972, 16/01/1998. José Soares de Pinho Silva Gomes 27 1837 e 1839 Acontecimentos Marcantes do(s) Mandato(s) A ausência de livros de actas relativos ao período da presidência de José Soares de Pinho da Silva Gomes não nos permite ter um conhecimento dos acontecimentos que caracterizaram o seu mandato. Sabemos pela assinatura de despachos, em requerimentos apresentados à Câmara, que exerceu o cargo nos anos de 1837 e 1839. Fontes Consultadas Arquivo Municipal: Autos de vistoria, 1815/1881. Cx 78, nº 1. Monarquia Constitucional Mandato(s) Manuel Joaquim da Silva 28 Mandato(s) 1845 a 1846 Elementos Biográficos Nomeado vogal da Junta dos Repartidores da Contribuição Industrial no ano de 1856. No ano seguinte foi nomeado para a Junta de Repartidores da Contribuição Predial. Acontecimentos Marcantes do(s) Mandato(s) Assume a presidência devido à morte de Manuel José Correia Martins, quando este se encontrava no exercício do mandato, aí permanecendo aproximadamente um ano e meio. Durante este período consegue acertar os termos para ser celebrado um novo contrato de arrematação das obras de carpintaria dos Paços do Concelho, em virtude da planta inicial ter sido alterada. Nomeia uma comissão para conhecer as rendas e bens públicos da Câmara. Tal como os restantes Executivos, faz a regulação do fornecimento de carnes verdes e do aforamento de terrenos; autoriza os pedidos de licença apresentados; e fiscaliza as denúncias. Apresenta à Rainha, a pedido das populações de Cesar e Fajões, um requerimento para estas duas freguesias não serem desanexadas, do concelho. Enfrenta, na parte final do mandato, alguma contestação interna pela sua decisão de avançar com a empreitada de pedreiro dos Paços do Concelho, por administração directa, na sequência de problemas com o seu avanço por arrematação. Talvez essa decisão tenha estado na génese da dissolução do Executivo e tomada de posse de uma nova Câmara. Fontes Consultadas Actas das sessões da Câmara: 10/01/1856, 09/12/1857. Actas das Sessões da Câmara: Livro 2 – 1843/1850 António Rebelo Valente Alves da Silva 29 1846 a 1847 e 1862 a 1863 Elementos Biográficos Nomeado vogal da Junta das Contribuições Directas no ano de 1846. Acontecimentos Marcantes do(s) Mandato(s) Porto, que se opunha ao Governo Cartista do Duque de Saldanha – com o seu exército a caminho de Lisboa. Passados poucos meses, a vereação foi dissolvida dando lugar a outro Presidente. Alguns anos mais tarde, António Rebelo Silva voltaria a presidir à Câmara. No entanto, para esse período compreendido entre 1862 e 1863, não possuímos actas das sessões que nos possibilitem fazer uma caracterização do mandato. O seu primeiro acto oficial como Presidente consiste em pedir ao seu antecessor que entregue todos os livros e documentos de contabilidade relativos ao mandato, ao que se segue a nomeação de uma comissão para fazer a revisão das contas do mandato anterior. A Câmara anterior é acusada de ter ficado paralisada durante o período que designa por levantamento nacional – por nós conhecido como a Revolta da Maria da Fonte, um protesto dos povos rurais contra as novas leis sanitárias e impostos instituídos pelo Governo de Costa Cabral – e decide contratar um advogado para defender em tribunal a Autarquia, nas causas resultantes dessa situação. Manda fazer um levantamento do estado dos pagamentos dos devedores ao Município. O nascimento do Infante D. Fernando em 1846 é motivo de festejos organizados pela Câmara. Abre um inquérito ao estado das obras dos Paços do Concelho, devido a uma denúncia de desvio de materiais, e analisa a necessidade de alterações ao projecto. Acaba por fazer uma nova arrematação dos trabalhos, após obter a autorização do Governo Civil, que permite a assinatura de um novo contrato. Depois de realizadas eleições, a cerimónia de posse da Câmara eleita tem lugar a 3 de Outubro de 1846. Poucos dias depois, decide promover na vila manifestações de regozijo pela passagem do Conde das Antas – comandante militar da junta revolucionária do Fontes Consultadas Actas das Sessões da Câmara: 03/03/1846 Actas das Sessões da Câmara: Livro 2 – 1843/1850 Arquivo Municipal: Autos de aforamento, vistoria, medição, agregação e vedoria, 836/1903. Cx 81, nº 1. Bibliografia Consultada História de Portugal em Datas, Coord. António Simões Rodrigues, Lisboa, Círculo de Leitores, 1994. Monarquia Constitucional Mandato(s) José Carlos de Moura Peixoto 30 Nascimento impostos. 06/12/1793 - Macieira de Sarnes Em Fevereiro do ano seguinte, já durante a sua presidência, recebeu o Marechal Saldanha em Oliveira de Azeméis, que aqui permaneceu acantonado por três meses, antes de avançar para o Porto e terminar com a revolta da Patuleia. Falecimento Macieira de Sarnes Profissão Proprietário agrícola A 18 de Abril de 1852 fez parte do grupo de Oliveirenses que participou na recepção à Rainha D. Maria II, aquando da sua visita ao Norte do país, num périplo por Viana do Castelo, Braga, Feira, Ovar e Aveiro, com estada em Oliveira de Azeméis. 1847 a 1851 Retirado da vida política, dedicou-se à sua actividade de proprietário agrícola. Elementos Biográficos Acontecimentos Marcantes do(s) Mandato(s) Pelo seu próprio punho, José Carlos de Moura Peixoto descreve-nos um conjunto de apontamentos sobre a sua vida. A sua tomada de posse resulta da nomeação de uma Comissão Municipal, na sequência da dissolução da Câmara anterior. Sabemos assim que casou em 30 de Novembro de 1822 com Cândida Maria Peixoto, com quem teve oito filhos, tendo dois deles emigrado para o Brasil, seguindo a vaga migratória do século XIX, e outro seguido a vida eclesiástica. Desse modo, começa por pedir ao Presidente exonerado que apresente as contas do seu mandato. Mandato(s) As Invasões Francesas levaram a que fosse alistado em 1811 no Regimento de Milícias, comandado pelo oliveirense António Barreto Pinto Feio, onde prestou serviço até 1814, tendo sido desmobilizado com a patente de Alferes. Foi eleito vereador em 1843, durante a presidência de Manuel José Correia Martins, situação que se repetiu em 1845, dois mandatos marcados pelas obras de construção do edifício dos Paços do Concelho. No ano de 1846 assistiu em Guimarães, na companhia do filho Albino, à eclosão da revolta que ficou conhecida como a Patuleia, tendo presenciado o assalto ao edifício da administração por parte dos populares que queriam queimar os documentos relativos ao pagamento de Decide agir sobre os fiadores do arrematante dos impostos que se tinha juntado ao exército rebelde do Porto, para que estes paguem o valor em dívida e sejam excluídos de futuras arrematações. Estabelece um plano de pagamentos bimestrais ao arrematante da obra dos Paços do Concelho. Ainda no mesmo ano, em Outubro, toma posse depois de realizadas eleições. Procura então acertar forma de pagamento com os devedores à Câmara e decide enviar para tribunal os processos dos que não pagaram voluntariamente. Promove o acompanhamento das obras da Câmara através de vistorias realizadas de forma periódica. Recomeça as obras da cadeia que tinham sido interrompidas pela Guerra Civil. Decide fazer a construção de um caminho em Cesar, da ponte de Silvar em S. Roque, a reparação da calçada na Rua de Santo António e de vários caminhos de Pindelo, da ponte de Requeixo em Macinhata da Seixa e das estrada e ponte para Vilar. Delibera construir um edifício para a venda de fazendas brancas, no terreno de Hedeviges Pires da Mota, aumentando assim as dimensões da Praça dos Vales. Decide ainda fazer a compra de mobiliário para os Paços do Concelho e enviar uma petição ao Rei para a construção de uma escola que sirva as freguesias de Carregosa, Fajões e Cesar. Fontes Consultadas Actas das sessões da Câmara: 02/01/1845. Actas das Sessões da Câmara: Livro 2 – 1843/1850 Actas das Sessões da Câmara: Livro 1 – 1851/1855 Diário de José Carlos de Moura Peixoto 31 Monarquia Constitucional A primeira sessão da Câmara no actual edifício dos Paços do Concelho teve lugar durante o seu mandato em 02 de Janeiro de 1849, seguida de um refresco destinado aos vereadores da altura. António Correia Bastos de Pina 32 Nascimento 08/05/1798 – Costeira, Carregosa Falecimento 1878 – Carregosa Filiação José Manuel Correia e Bernardina de Bastos Pina Mandato(s) 1852 a 1854 e 1854 Elementos Biográficos Pai do Bispo Conde de Coimbra, D. Manuel Correia de Bastos Pina. Casado com Maria Joaquina da Silva – filha de Manuel José da Silva, do Picoto. Fez parte da vereação que ficou registada no 1º livro de actas existente na Câmara, no ano de 1830, o que indicia ter sido uma figura activa na política local. pedido expresso pela população para que, além desse, fosse colocado um outro de gramática francesa. Os processos de dívidas ao Município foram organizados e enviados para o Tribunal, de maneira a ser feita a sua cobrança coerciva. Em simultâneo, consegue chegar a acordo com alguns deles para evitar esse tipo de procedimento. Como os Executivos anteriores, toma a seu cargo a regulação do abastecimento das carnes verdes, a fiscalização das denúncias e do aforamento de baldios. Por sua iniciativa, são calcetadas a rua em frente aos Paços do Concelho, bem como os locais da estrada real que necessitam de reparação. É também reparado o chafariz da praça e são construídas calçadas no perímetro urbano e uma ponte no regato das Barrocas. Organiza as cerimónias de recepção à Rainha D. Maria II durante a sua visita à vila aquando de uma deslocação ao Norte do país. Por determinação do Governo, fornece o mobiliário para as escolas primárias concelhias. O Governo Civil recomenda, em ofício, a reparação dos caminhos do concelho, expressando depois o seu agrado pela forma como a sugestão foi acatada. Apesar da pouca informação disponível, a sua nomeação para o Conselho Municipal, em 1849, parece sustentar esta hipótese. Finalmente, toma medidas higiénico-sanitárias para impedir a propagação da cólera morbus. Acontecimentos Marcantes do(s) Mandato(s) Do período em que esteve na Câmara, por nomeação do Governo Civil, não há grandes factos a destacar, visto que a preocupação principal consistiu na gestão corrente até à realização de eleições. Ao contrário do que as datas indicadas sugerem, António Correia de Bastos Pina só foi eleito Presidente da Câmara uma única vez. A segunda vez que assumiu a presidência foi em resultado da nomeação do Governo Civil, depois de ter sido considerada nula a eleição da vereação empossada a 02/01/1854, para assegurar a gestão até à realização de novo acto eleitoral. Uma das primeiras medidas tomadas consistiu no pedido de colocação de um professor de gramática latina na vila, para colmatar essa falha no concelho, e no apoio ao Saliente-se, no entanto, o pedido ao Conselho Distrital para que fosse autorizada a realização de um seguro no valor de 6.000$000 reis sobre o edifício dos Paços do Concelho, para que a Câmara pudesse ser indemnizada no caso da sua destruição. Fontes Consultadas Actas das sessões da Câmara: 01/08/1830, 11/07/1846, 1812/1849, 17/03/1852. Actas das Sessões da Câmara: Livro 3 – 1851/1855 Bibliografia Consultada http://www.geneall.net/P/per_page.php?id=133228 Bento José da Silva Guimarães 33 Oliveira de Azeméis Na sessão do dia 27, a Câmara é destituída por ofício do Governo Civil, com base em irregularidades do acto eleitoral, sendo reempossada a vereação anterior. Falecimento Oliveira de Azeméis Mandato(s) 1854 Elementos Biográficos Possuindo um nome muito semelhante ao do advogado Bento Ferreira da Silva Guimarães, nascido em 1851, o que poderia sugerir uma relação de parentesco entre os dois, tal não se confirma, depois de analisada a certidão de óbito deste último. Nas actas, Bento Guimarães não é tratado por bacharel, o que nos faz supor que era um proprietário ou comerciante. Esta situação faz ainda mais sentido depois de verificar que o nome de Bento José da Silva Guimarães consta na certidão de óbito de António José da Silva Guimarães, como sendo o do seu pai. De António José, nascido em 1841, sabemos que era um proprietário importante e que se dedicava ao comércio, seguindo provavelmente as pisadas do seu progenitor, não só na sua vida particular como política, pois Bento Guimarães, além do curto período em que foi Presidente, foi eleito algumas vezes vereador. Acontecimentos Marcantes do(s) Mandato(s) Apesar de tomar posse normalmente a 2 de Janeiro de 1854, a vereação eleita só exerceu funções até ao dia 26 do mesmo mês, não tendo tempo para levar a efeito qualquer tipo de medidas, excepto a marcação das cerimónias alusivas às exéquias da Rainha D. Maria II no dia 19 de Janeiro. Fontes Consultadas Assento de óbito nº 7 do ano de 1910. Assento de óbito nº 304 do ano de 1929. Actas das Sessões da Câmara: Livro 3 – 1851/1855 Monarquia Constitucional Nascimento Luís Pinto Barreto Feio 34 Mandato(s) 1854 - 1859 Elementos Biográficos Em 1845 é nomeado Juiz de Paz do círculo da vila e em 1850 vereador. Acontecimentos Marcantes do(s) Mandato(s) Às tarefas habituais de regulação e fiscalização das actividades desenvolvidas no território concelhio poderemos acrescentar os aspectos que merecem maior destaque até Junho de 1858, data a partir da qual não possuímos os livros de actas nem outros documentos que nos lancem luz sobre o seu desempenho como Presidente. Como medida inovadora para a captação de receitas, Barreto Feio decide que a arrematação dos impostos, em vez de ser feita sobre o valor total esperado para oconcelho, seja feita antes por freguesia ou grupos de freguesias, tornando o negócio mais atractivo para os interessados que, deste modo, não necessitavam de fazer um empate de capital tão avultado. Organiza os festejos para comemorar o aniversário de D. Pedro V e, posteriormente, os relativos à sua aclamação. São elaboradas Posturas sobre as características e circulação dos carros de bois, a proibição de urinar nas salas dos Paços do Concelho e relativa, à venda ambulante de carne sem licença. Apresenta uma petição ao Governo para ser mantido o traçado da estrada Lisboa - Porto, não se adoptando a proposta de desvio por Aveiro sugerida por José Estêvão. Submete à aprovação do Conselho de Distrito uma proposta de entendimento com o arrematante da carpintaria da obra dos Paços do Concelho, em que as duas partes deixam de exigir os pagamentos em dívida, comprometendo-se o arrematante a terminar a obra e pagando a Câmara o valor necessário para esse efeito. Decide construir uma ponte de pedra na Ribeira de Baixo em Ossela e autorizar os pedidos de exploração mineira no concelho. Após a extinção do concelho da Bemposta, recebe o espólio documental ali existente e decide fazer a venda do edifício dos Paços do Concelho, para diminuir as despesas. Para garantir as condições de higiene e saúde pública manda limpar e desinfectar as salas e cloacas dos Paços do Concelho e prisões, bem como do matadouro e talhos. Pede ao Governo a criação de escola em Ossela. Em resposta a questionário do Governo Civil, sugere a extinção dos julgados da Bemposta e de Cambra, para serem integrados no de Oliveira. Decide fazer a reparação das pontes em Madail e Carregosa, das calçadas na vila, da estrada junto à ponte do Caima em Ossela, da fonte da praça e, além disso, chapear o tecto das cadeias para aumentar a segurança das mesmas. Aprova a expropriação do quintal de António José Oliveira para alargar o espaço da praça e pede um empréstimo com esse fim. Para melhorar o funcionamento da mesma, manda fazer 18 jogos de medidas completas. Fontes Consultadas Actas das sessões da Câmara: 14/01/1845, 01/01/1850. Actas das Sessões da Câmara: Livro 3 – 1851/1855 Actas das Sessões da Câmara: Livro 1 – 1855/1858 António Bernardo da Costa Pinto 35 1805 – Oliveira de Azeméis Falecimento assinatura da Convenção de Gramido. Nessa altura atingira a patente de Tenente-Coronel. Terá rejeitado, nessa ocasião, algumas distinções nobiliárquicas, que lhe foram propostas. 15/10/1884 – Oliveira de Azeméis Nesse ano fez igualmente parte da vereação da Câmara, situação que repetiu em 1852. Filiação Em 1870 exerceu, por um período de alguns meses, o cargo de Administrador do Concelho. Cipriano José da Costa e Luísa Cândida da Costa Basto Mandato(s) 1860-1861 No ano de 1878, apresenta à Câmara uma proposta para a expropriação de um terreno que possuía e era necessário para a construção da estrada para S. Martinho da Gândara. Ainda nesse ano, substituiu, a pedido do mesmo o arrematante das contribuições municipais na cobrança dos impostos. Elementos Biográficos Em 1880, pede escusa do cargo de presidente do Asilo por ter atingido os 74 anos de idade. Ficou órfão aos 14 anos, responsabilizando-se pela educação dos seus irmãos, todos mais novos do que ele: José da Costa Sousa Pinto Basto (que viria a ser Par do Reino) e Bernardo José da Costa Basto. O seu feitio conciliador valeu-lhe a alcunha de “Juiz de Paz”, por tentar encontrar sempre uma forma de conciliar os conflitos, tanto na esfera pública como privada. Dedicou-se à política durante 40 anos, militando, primeiro, no Partido Histórico e, depois, no Partido Progressista. Durante esse período, exerceu os cargos de Juiz de Direito Substituto, Administrador do Concelho e também o de Presidente da Câmara. Antes disso, ainda durante o Antigo Regime, tinha sido Vereador da Câmara e Capitão de Ordenanças. Desse posto, pediu a demissão para amparo dos irmãos, alegando que tinha sido incorporado por desavenças pessoais com o comandante da Companhia de Ordenanças, visto que sofria igualmente de incapacidades físicas que o impossibilitavam para o serviço. Face ao exposto, o Rei concedeu a dispensa do serviço activo em 1833. Em 1846, organizou um Batalhão de Voluntários pela Junta do Porto, que se manteve em combate até à Talvez por isso o seu funeral foi acompanhado por representantes de todas as forças políticas, como forma de homenagear a sua personalidade e conduta. Após a sua morte, a vereação da Câmara decidiu prestarlhe homenagem, mandando fazer um retrato para colocar na sala de sessões. Acontecimentos Marcantes do(s) Mandato(s) Para o período em causa, não possuímos os livros de actas que nos permitam fazer a caracterização do mandato. Fontes Consultadas Jornal do Povo: 17/10/1884 e 21/10/1884. Actas do Município sessão de 17/06/1846, 02/11/1852, 18/05/1870, 20/071870, 04/06/1878, 06/08/1878, 13/01/1880, 20/10/1884. AHM/DIV/3/7/1686 Arquivo Municipal: Autos de aforamento, vistoria, medição, agregação e vedoria, 1836/1903. Cx 81, nº 3. Monarquia Constitucional Nascimento José António Gomes Leite Rebelo 36 Nascimento 02/03/1819 – Arrifana Falecimento Entre 1891 e 1894 foi nomeado, de forma quase ininterrupta, como vogal da Junta de Matrizes. Em 1892 é Presidente da Assembleia-Geral do Centro Progressista. 29/11/1907 – Oliveira de Azeméis Nomeado Juiz Substituto da Comarca em 1896, cargo que repetiu em diversas ocasiões. Filiação Foi igualmente nomeado Vice-Presidente da Junta Geral de Distrito, além de ter sido por três vezes Presidente da Câmara. Francisco António Gomes Leite e Maria Albina Cândida de Menezes Morreu vítima de pneumonia. Mandato(s) Acontecimentos Marcantes do(s) Mandato(s) 1864 a 1868 e 1872 a 1873 Os primeiros dois anos em que o Visconde de Arrifana exerce a presidência estão incluídos no lote para os quais não possuímos documentação que testemunhe a actividade da Câmara. Só no final de Janeiro de 1866 os livros de actas nos lançam luz sobre esse mandato. Elementos Biográficos Viveu com os seus tios, o Capitão António Pinho Tavares e Caetana Margarida Leite, em Santiago de Riba-Ul. Comendador da Ordem da Conceição de Nossa Senhora de Vila Viçosa. Primeiro Visconde de Santa Maria de Arrifana, título atribuído em 03/02/1888 pelo governo de José Luciano de Castro, sob proposta de Simões dos Reis. Irmão de José Maria Rebelo. A primeira referência ao exercício de cargos públicos acontece em 1878, com a sua eleição para procurador à Junta Geral de Distrito. Nesse mesmo ano ainda será indicado para vogal da Junta dos Repartidores da Contribuição Industrial. Após as cheias do Inverno de 1879, foi escolhido para a Comissão de auxílio às vítimas. No início do ano de 1881 foi indicado para vogal efectivo da comissão de lançamento de impostos de rendimento, da qual foi dispensado no início de Fevereiro. Mais tarde, em 1889, foi nomeado para vogal da Junta Escolar. Ainda assim, podemos verificar o interesse e o empenho colocados no pedido de criação de uma escola primária em Cucujães, bem como na aceitação de subsídio do Conde Ferreira para a construção de uma escola na vila e na criação de aulas nocturnas para adultos em S. João da Madeira, Pinheiro da Bemposta e Oliveira de Azeméis. É decidida a construção de um cemitério em S. João da Madeira e são acompanhadas as obras nos de Pinheiro da Bemposta e S. Martinho da Gândara. À reparação de várias calçadas junta a decisão de ser construída uma ponte de pedra em Cucujães e considera importante a construção de uma ponte na Escravilheira. Pela primeira vez surge a referência à existência de um livro de estiva para taxarem os preços dos géneros. É feita a aquisição de uma bomba de incêndio e são nomeados quatro homens para a operarem. Na sua última passagem pela presidência é feita a compra de um cilindro para as estradas, é autorizada a realização de uma feira na St.ª Luzia, é aprovados os projectos dos cemitérios de Santiago de Riba-Ul e Cesar e é concedido subsídio para a construção do cemitério de Macieira de Sarnes. Manda abrir um poço no cemitério e outro no matadouro, este último para garantir as condições de higiene do mesmo. São iniciadas as estradas de S. João da Madeira a S. Martinho, de Oliveira de Azeméis a Madail e de Oliveira a Ovar. Actividades complementares Publica no Jornal do Povo os primeiros textos que servem de base à elaboração dos Anais do Município, editados em livro por Bento Carqueja. 37 Monarquia Constitucional Fontes Consultadas Jornal do Povo de 02/11/1883, 14/04/1884, 19/02/1886, 25/03/1887, 08/10/1892, 04/03/1896, 01/12/1907, 04/12/1907. Actas das sessões da Câmara: 17/02/1878, 03/12/1878, 11/02/1879, 21/01/1881, 09/10/1889, 18/11/1891, 19/11/1892, 24/10/1894, 30/10/1894. Actas das Sessões da Câmara: Livro 5 – 1866/1869 Actas das Sessões da Câmara: Livro 6 – 1869/1872 Actas das Sessões da Câmara: Livro 7 – 1872/1874 Bibliografia Consultada Correio de Azeméis: 07/08/1975, http://www.geneall.net/P/per_page.php?id=54905 Nobreza de Portugal e do Brasil, vol. 3º, Editorial Enciclopédia, Lisboa, 1961, p. 297. Gaspar Máximo Ferraz Bravo 38 Nascimento: Casa da Quinta, Pindelo Falecimento: 03/01/1881 – Pindelo Filiação: Marcos Maximiliano Ferraz Bravo e Antónia Guilhermina Aranha Brandão Profissão: Advogado Mandato(s): 1868 a 1871 e 1878 a 1879 Elementos Biográficos Casou com Ana Piedade Pires Bravo. Desde logo é graças às suas diligências junto do deputado José Carlos Rodrigues que se consegue a confirmação régia da escritura de instituição do Asilo da Infância Desvalida. São comprados trinta jogos de medidas e quatro balanças para o mercado da Praça dos Vales, que é mandado vedar com uma cerca de madeira. Ainda no que respeita a feiras autoriza, a pedido dos moradores de Nogueira do Cravo, que a Feira dos 27 fosse repetida aos dias 7 e cria a feira ao dia 1 em S. Martinho da Gândara. A delimitação do território das freguesias de S. João da Madeira e S. Roque, depois do pedido de aforamento de um baldio no limite entre as duas, implicará a intervenção da Câmara para criar um ponto de entendimento. Pai de José Maria Ferraz Bravo – que faria carreira como chefe de finanças, passando por diversas localidades –, Maria da Assunção Pires Bravo e Maria da Natividade Pires Bravo. O mesmo será feito com a Câmara de Ovar a propósito dos limites de S. Vicente Pereira. No ano de 1866 foi eleito como procurador à Junta Geral do Reino e, seis anos mais tarde, em 1872, procurador à Junta Geral de Distrito. Aceita a plantação gratuita de amoreiras na vila, de forma a contribuir para o desenvolvimento da indústria da seda no território nacional. Em 1872 propõe à Câmara a construção de uma variante na estrada para Arouca, desviada da sua propriedade em Pindelo por ser mais económica, o que foi aceite. Proíbe a divagação de gado nas ruas da vila, situação que, além de perturbar a circulação, podia constituir um perigo para os transeuntes. Residiu na Rua Direita em Oliveira de Azeméis, no edifício que existia em frente à Igreja Matriz, onde hoje se encontra um espaço ajardinado. Atribui verbas a diversas Juntas de Paróquia para a construção de cemitérios e responsabiliza-as pela não execução dessas obras, impedindo, assim, o cumprimento da lei que proibia a inumação de cadáveres nas igrejas. Acontecimentos Marcantes do(s) Mandato(s) Autoriza a cedência do outeiro do crasto para a construção da primitiva capela dedicada à Nossa Senhora de La Salette. Gaspar Bravo será eleito para a Câmara em duas ocasiões distintas, com um intervalo de seis anos. A sua primeira passagem pela Câmara, além das tarefas rotineiras do aforamento de terrenos, regulamentação do abastecimento das carnes verdes, licenças para construção e utilização de espaços, fiscalização das denúncias por uso indevido ou apropriação de espaços e bens públicos, fica marcada por algumas acções e decisões que merecem destaque. Decide fazer a aquisição de uma segunda bomba de incêndio para apoiar a já existente, nos incêndios urbanos. Pede ao Governo a criação de uma Cadeira de Francês e outra de Inglês na vila, depois da manifestação da vontade dos habitantes nesse sentido. Autoriza a abertura e funcionamento de farmácias em Cesar e Carregosa. No que respeita a obras saliente-se o alargamento da estrada para Arouca no troço de Bustelo, a construção da ponte da Escravilheira, da estrada entre S. João da Madeira e Macieira de Cambra e também o calcetamento de diversos caminhos. A segunda passagem pela presidência começa com a elaboração de um voto de pesar pela morte do Rei de Itália (o pai da Rainha D. Maria Pia), que seria entregue na Corte pelo Par do Reino, José da Costa Pinto Basto. Estabelece que o encarregado pelas bombas de incêndio ficava obrigado a fazer testes ao funcionamento, de dois em dois meses, e a tratar da sua conservação. St. Amaro e pedida a classificação da estrada entre a La Salette e a estrada de Oliveira a Carregosa. Considera paroquial o baldio do outeiro do crasto, no limite do Calvário e utilizado pelos moradores do Calvário e Cidacos. Para melhorar a qualidade de vida no centro da vila, proíbe a circulação de carros de bois com as rodas a chiar. Por último, promove uma homenagem aos dois deputados oliveirenses José da Costa e Ernesto da Costa Pinto Basto, pelo apoio prestado à Câmara e ao desenvolvimento do concelho. Monarquia Constitucional Aceita a oferta da colocação de 48 lampiões a petróleo nas ruas e praça da vila por António José Ferreira Alegria, que assegura as despesas de funcionamento até a Câmara possuir rubrica própria no orçamento para garantir o pagamento. Decide mandar fiscalizar a venda de leite, após a denúncia feita pelo facultativo de que alguns vendedores o estavam a adulterar. Avança com a expropriação de terrenos para a construção de estradas, um deles pertencente a António Bernardo Costa Pinto e necessário para a de S. Martinho. É iniciada a construção da ponte do primeiro lanço da referida estrada e feita a reparação da Rua do Cruzeiro. Consegue, da Comissão Distrital, a autorização de um empréstimo de oito contos de reis para a realização de obras públicas, que seria feito por Francisco Albano Amador Pinto Valente e ao seu sogro Manuel Firmino da Costa Nunes. A fase final do mandato ficará marcada pelas cheias de 1879 que destruíram moinhos, pontes e estradas, situação que podia ser muito gravosa para a subsistência das populações. Para acorrer a essa emergência, e apesar de todas as condicionantes legais, decidiu que fosse organizada uma comissão para fazer a compra de subsistências para fornecer as populações. Em simultâneo pede ao Engenheiro Distrital a realização de uma avaliação ao estado das pontes e um cálculo dos prejuízos. Ao Governo Civil pede instruções sobre a forma de fazer as despesas mais urgentes, integrando-as em orçamentos futuros, e ao Rei um subsídio, a título excepcional, para a reconstrução das vias e obras de arte destruídas pelas cheias. Apesar desta situação, ainda fazem a arrematação da construção do segundo lanço da estrada para St. Amaro por Adães e da construção de um edifício para servir de talho, após compra do terreno, na praça da vila. Ao Governo é entregue, por Ernesto da Costa Pinto Basto, uma petição para a construção da estrada de Alumieira a 39 Fontes Consultadas Actas das sessões da Câmara: 08/04/1866, 25/07/1870, 04/02/1872, 17/03/1872, 11/04/1872. Actas das Sessões da Câmara: Livro 5 – 1866/1869 Actas das Sessões da Câmara: Livro 6 – 1869/1872 Actas das Sessões da Câmara: Livro 10 – 1878 Actas das Sessões da Câmara: Livro 11 – 1878/1880 Entrevista com o Sr. Engenheiro Delgado Abílio Augusto Correia Bandeira 40 Falecimento 04/1877 - construção das estradas de Carcavelos à igreja de Santiago e da Venda-nova a Rio de Ossos; Mandato(s) - é decidida a construção da estrada entre Vide e a igreja de S. Martinho, entre Oliveira e Carregosa e o segundo lanço da estrada entre Oliveira e S. Martinho; 1874 a 1877 Elementos Biográficos - autorizada a construção de escola em S. Martinho da Gândara e do apoio ao pedido de criação de uma escola em S. Roque. Acontecimentos Marcantes do(s) Mandato(s) A última sessão a que preside ocorre a 20 de Março de 1877. Na sessão imediata, a 10 de Abril, é o VicePresidente que assegura a condução dos trabalhos, aproveitando para fazer um voto de pesar pelo falecimento do Presidente, sem, no entanto, referir a data em que tal facto ocorreu, deixando-nos em aberto esse intervalo de tempo. Durante a presidência de Abílio Bandeira, além das tarefas habituais de fiscalização e autorização dos pedidos de obras, de cedência de terrenos, do controlo do abastecimento das carnes verdes e da expropriação de terrenos para a construção de estradas, podemos salientar: Até ao final do ano é Alexandre Celestino Soares Albergaria que preside a todas as reuniões, sem, contudo, haver um novo auto de posse, e mantendo o título de Vice-Presidente, com excepção de duas sessões em Outubro em que, certamente por lapso do Secretário, aparece referido como Presidente. Eleito procurador à Junta Geral de Distrito em 1884. Fez parte do grupo da comissão encarregada de coligir os elementos históricos para os Anais de Oliveira de Azeméis. - o apoio aos pedidos das Juntas de Paróquia de Santiago de Riba-Ul, Cesar e S. Martinho da Gândara, para a criação de escolas femininas; - a recusa do pedido de suspensão da Postura que estabelecia as licenças de venda no concelho, feito pelos comerciantes; - regulação dos limites entre as freguesias de Santiago de Riba-Ul, S. Roque e Oliveira de Azeméis, no sítio da Lomba; - a conclusão da ponte das Travessas e da estrada de St.ª Luzia a Rio de Ossos; - desamortização de baldios em Macieira de Cambra e Cesar; Fontes Consultadas Actas das sessões da Câmara: 08/02/1884, 10/04/1877. Actas das Sessões da Câmara: Livro 7 – 1872/1874 Actas das Sessões da Câmara: Livro 8 – 1874/1876 Actas das Sessões da Câmara: Livro 9 – 1876/1877 - conclusão do cemitério de Santiago de Riba-Ul, que é cedido à Junta de Paróquia; Bibliografia Consultada Annaes do Município de Oliveira de Azeméis, Porto, Livraria Chardron, 1909. António Simões dos Reis 41 Partido Progressista. 1842 – Condeixa Casou com Eduarda Elisa de Sousa Vasques, natural de Cucujães. Falecimento Sofria de reumatismo, sendo ciclicamente noticiados no “Jornal do Povo“ os períodos de doença reumática do seu fundador. 4/05/1905 – Porto Filiação Manuel Simões dos Reis e Margarida da Conceição Simões Profissão Advogado Mandato(s) 1880 a 1881 Elementos Biográficos Originário de uma família ilustre de Condeixa, ainda era parente de Rodrigo Fonseca Magalhães. Estudou latim no Sebal em 1853 e em 1866 concluiu o curso de direito na Universidade de Coimbra. Filiou-se no Partido Progressista, logo após a sua formação, sob a égide do Duque de Loulé. Em Condeixa foi responsável pela criação do teatro, tendo participado como amador em algumas peças, durante o tempo de estudante em Coimbra. Era também um adepto dos prazeres da caça, organizando algumas batidas para os seus amigos. Antes de vir para Oliveira de Azeméis em 1878, onde exerceu advocacia, foi Administrador nos concelhos de Condeixa, Soure e Montemor-o-velho. Em Oliveira de Azeméis, fundou e foi o primeiro director do “Jornal do Povo“, que se alinhava com as ideias do Em Março de 1887 é eleito deputado pelo círculo de Oliveira de Azeméis e Sever do Vouga, na lista do Partido Progressista. Reeleito deputado, pelo mesmo círculo, em 20/10/1889 e em Novembro de 1899. Em Setembro de 1887 consegue a classificação como Distrital da estrada para Nogueira do Cravo, transferindo esse encargo dos cofres da Câmara para os órgãos distritais. Em simultâneo diligencia para a atribuição de subsídios para a ponte da Escravilheira e estrada para Sever do Vouga, apoiando assim os seus correligionários progressistas, então no poder. No ano de 1892 transferiu a sua residência para a cidade do Porto, onde continuaria a exercer advocacia e chegou a ser Juiz substituto, mas manteve sempre a ligação a Oliveira de Azeméis, onde vinha amiúde. Em 1905 é eleito deputado, pela última vez, pelo círculo do Porto. Não chega, no entanto, a tomar posse por falecer antes da abertura das Câmaras. Acontecimentos Marcantes do(s) Mandato(s) Apesar de ter sido presidente da Câmara apenas durante dois anos, Simões dos Reis tornou-se numa das figuras marcantes do desenvolvimento oliveirense, não só pelo trabalho desenvolvido durante o mandato, mas também pela sua actividade como deputado. O seu início de mandato fica marcado pela atribuição de um voto de louvor ao seu antecessor – Gaspar Máximo Ferraz Bravo – e pela nomeação de António José Ferreira Alegria para Director do Asilo da Infância Desvalida, depois de António Bernardo da Costa Pinto ter pedido escusa do cargo, devido à sua idade avançada. Monarquia Constitucional Nascimento As grandes cheias de 1879 ainda vão influenciar a sua acção no que respeita à realização de obras, pois muitos dos caminhos, estradas e pontes tinham ficado gravemente afectadas, o que o levou a avançar com a reconstrução de pontes em Ul, Figueiredo, Minhoteira, Avelar e Madail – contraindo um empréstimo de 2.000$000 reis para a reconstrução destas últimas - e a tomar posse administrativa da ponte de S. Martinho da Gândara, após um conflito com o construtor. 42 através de um questionário que lhes foi enviado, para que os mesmos compilassem os dados necessários à elaboração dos Anais do Município. Como curiosidade, refira-se que durante o seu mandato se registou uma visita de inspecção à actividade da Câmara, levada a cabo pelo Governador Civil em Novembro de 1880, e que ficou registada, com o seu visto, no livro de actas em uso. Tenta iniciar o 4º lanço da estrada para Arouca, para o qual pede um subsídio ao Governo, e manda elaborar uma planta para a ligação entre Ossela e a Feira dos 18 (Cesar), para a estrada Oliveira – Sever do Vouga pela fábrica do Caima, para a estrada Pinhão - Pindelo e lança o 1º troço da estrada Oliveira de Azeméis – Santo Amaro. Consegue ainda um subsídio de 7.070$214 reis para a estrada Santiago – S. Martinho da Gândara. Na construção do 1º troço da estrada para Adães, que inicia, vê ser recusada, pela Comissão Executiva da Junta Distrital, a modificação do projecto inicial, recebendo instruções para iniciar de imediato a expropriação dos terrenos necessários, o que faz. Apresenta uma petição ao Governo para que a estrada Oliveira – Santo Amaro fosse classificada como Distrital – retirando ao Município os encargos com essa construção – no que conta com o apoio do então deputado Ernesto da Costa Pinto Basto, a quem posteriormente fará um voto de louvor pelo seu papel na obtenção desse objectivo. Como em outros mandatos, a questão do matadouro é abordada nas sessões da Câmara, sendo decidido fazer a venda do edifício por o mesmo não ter as necessárias condições de higiene e estar situado no interior da vila. Por outro lado, foi decidido construir um talho no espaço urbano. Durante o seu mandato, a acção fiscalizadora é intensa, sendo frequentes as deliberações a intimarem os munícipes a demolirem obras realizadas ilegalmente. Talvez por isso é durante a sua presidência estabelecido que todos os pedidos de licença para obras confinantes com caminhos e estradas fossem acompanhados de planta(s), que ficariam depositadas no Arquivo Municipal. Outros aspectos marcam a acção de Simões dos Reis, enquanto Presidente da Câmara: a elaboração de Posturas para protecção dos direitos dos animais; a participação na homenagem a Camões; o início da actividade com vista à construção de um hospital no concelho – constituindo uma comissão que se encarregou da primeira recolha de fundos com esse fim –; o protesto apresentado ao Governo pela legislação que transferia para as Câmaras Municipais as despesas com pagamento dos professores primários que se juntavam às despesas já suportadas com o equipamentos das escolas; e também o pedido de colaboração lançado aos padres do concelho, Fontes Consultadas Jornal do Povo: 16/09/1884, 25/12/1885, 15/03/1887, 09/09/1887, 11/10/1887, 23/02/1889, 23/10/1889, 29/11/1899, 11/02/1905, 17/05/1905. O Oliveirense: 07/10/1882. Actas das Sessões da Câmara: Livro 11 – 1879/1880 Actas das Sessões da Câmara: Livro 12 – 1880/1881 Actas das Sessões da Câmara: Livro 13 – 1881/1884 Ernesto da Costa Sousa Pinto Basto 43 1847 – Oliveira de Azeméis Em 1886 parece retirar-se da vida política, cedendo a candidatura como deputado ao Conde do Covo e não se candidatando à Câmara. Falecimento Em Março desse ano envia ofício a agradecer o voto de pesar feito pela Câmara, após a morte de seu pai José da Costa. 06/06/1914 – Oliveira de Azeméis Filiação José da Costa Sousa Pinto Basto e Maria Rita Carvalho de Sousa Profissão Capitalista Mandato(s) 1882 a 1886 e 1914 Elementos Biográficos Filho mais velho de uma das personalidades políticas de Oliveira de Azeméis no século XIX, era quase natural o seu envolvimento na vida política num Portugal onde a mobilidade das populações era reduzida, o que contribuía para a estabilização das elites locais. A sua carreira política começa no Partido Progressista, juntamente com o seu irmão Artur. No entanto, é pelo Partido Regenerador que será eleito Presidente de Câmara. Em 1878 é indicado para vogal da Junta dos Repartidores da Contribuição Industrial e, no ano seguinte, fará parte da Comissão para auxílio das vítimas das cheias. Será eleito deputado em 1885, cargo que exerce em simultâneo com a presidência da Câmara, o que lhe valerá grandes críticas do Partido Progressista, que o acusa de abandonar os destinos da vila ao ausentar-se largos períodos para Lisboa. Viria, no entanto, a ser nomeado Governador Civil de Aveiro, em Julho de 1900, mas pediria a exoneração em Maio de 1901 por divergências com Hintze Ribeiro, então líder do Governo. No mesmo ano foi igualmente nomeado Juiz substituto da Comarca de Oliveira de Azeméis. Ao contrário da quase totalidade dos políticos locais do século XIX, cuja actividade pública se findou com a queda da Monarquia, Ernesto Costa Pinto Basto ainda viria a ser eleito presidente da Comissão Executiva da Câmara em 1914. A sua permanência no lugar foi efémera visto que faleceu poucos meses depois de empossado, sendo substituído pelo seu Vice-Presidente Aníbal Beleza. No seu testamento deixou legados ao Asilo e ao Hospital. Acontecimentos Marcantes do(s) Mandato(s) O mandato de Ernesto Costa Sousa Pinto Basto fica marcado, logo na sua tomada de posse, pela polémica com Simões dos Reis, o qual evoca irregularidades na votação em Ernesto Pinto Basto, obrigando a que a mesma seja repetida, para depois aceitar o resultado. A sua primeira medida é radical e consistiu na suspensão imediata de todas as obras em curso, devido ao facto de a Câmara não possuir recursos financeiros para a sua execução. Talvez por isso, durante o seu mandato, as contribuições para os expostos ou para as instituições de âmbito distrital são sistematicamente adiadas. Em contrapartida, promove o aumento dos impostos indirectos, essencialmente sobre o vinho e as carnes verdes, como forma de aumentar a obtenção de receitas. Por outro lado, desenvolve a desamortização de baldios Monarquia Constitucional Nascimento municipais, numa tentativa de arrecadar maiores receitas sem prejuízo para as populações. Em simultâneo trata de considerar paroquiais alguns baldios em Loureiro, Travanca e Cucujães, recusando igual pedido na freguesia de Palmaz. 44 Apesar dessa medida inicial, Ernesto Pinto Basto não passa os seus mandatos sem fazer algumas obras importantes para o concelho. Podemos destacar a construção do pontão do Caniço, da ponte do Ruivo, da estrada entre Cucujães e a Margonça, da estrada de Rebordões, da estrada entre a Feira dos 18 e a Cruz, da reparação da canalização do chafariz da Rua do Mártir e ampliação das minas abastecedoras do mesmo. Para além disso, ainda procede à expropriação de terrenos nas Travessas, S. Martinho da Gândara e Cucujães para a construção de estradas nesses locais. Manda ainda fazer o estudo da estrada Calvário – La Salette para a qual vai pedir um subsídio ao Governo. Solicita também a classificação da estrada Vide – Ovar pela igreja de São Martinho da Gândara. A prestação de trabalho é genericamente autorizada, para a reparação dos caminhos. Encerra o matadouro, por falta de condições, e apresenta, como alternativa, um terreno em Cidacos, propriedade do Conde de São Januário, no qual é construído novo matadouro. A estas realizações junta a criação de um segundo partido médico na vila de Oliveira de Azeméis; decide fazer a cedência do material contra incêndios na posse da Autarquia, no caso de ser criado um corpo de bombeiros na vila; pede a instalação de um posto de telégrafo em S. João da Madeira e que o de Oliveira seja considerado de serviço permanente; autoriza que a feira em S. João da Madeira se realize no último dia do mês por isso ser desejado pelos vendedores e moradores; autoriza a construção de um coreto na praça pela Filarmónica Oliveirense, que assim o poderia utilizar para as suas actuações; cria uma comissão para a revisão das Posturas Municipais, que apresenta um projecto de Posturas que é aprovado; recebe um donativo de 1.000$000 reis da Condessa da Penha Longa para a criação de um hospital, nomeando depois uma comissão de senhoras para recolherem esmolas, no sentido de aumentar o pecúlio e iniciar a obra; nomeia uma nova Comissão Administrativa para o Asilo; promove a demarcação dos limites concelhios com Estarreja na freguesia de Loureiro, e decide fazer um empréstimo de 16.000$000 reis para saldar as dívidas da Autarquia. No entanto, a polémica com que iniciou o cargo não se esbateu com o passar do tempo e, assim, manteve um conflito com o construtor da estrada para Adães, por considerar que não lhe devia fazer qualquer pagamento, uma vez que a estrada tinha sido classificada como Distrital; o “Jornal do Povo“, afecto ao Partido Progressista de Simões dos Reis, critica-o pela autorização que concede para a lavagem de trens no chafariz da praça e na aplicação das Posturas sobre cães, acusando-o de parcialidade. Na sessão de 18/08/1885 desentende-se com o Vice-Presidente, a propósito de uma proposta que apresenta para ser reduzido o ordenado do Secretário da Câmara, situação que o Vice-Presidente contesta, propondo a manutenção do ordenado, proposta que prevaleceu. Perante essa situação, Ernesto Pinto Basto abandonou a cadeira da presidência dizendo que já não tinha condições para continuar a exercer o mandato, por sentir que deixara de ter a confiança dos vereadores, mantendo-se como vereador até ser forçado pela Comissão Distrital a retomar o cargo. À data da morte do seu tio, António Bernardo Costa Pinto promove um voto de pesar e é decidido homenageá-lo com a colocação do retrato na sala das sessões da Câmara. A sua passagem pela Comissão Executiva em 1914 foi efémera, visto que viria a falecer ao fim de seis meses. Ainda assim podemos destacar algumas medidas no âmbito da saúde pública como a compra de vacinas para os facultativos aplicarem à população; a colocação de escarradores nas repartições públicas, a pedido do Delegado de Saúde; e a aquisição de um instrumento para avaliar a qualidade do leite. Também conseguiu chegar a acordo com a Junta de Paróquia de Cesar e os proprietários do campo da Feira dos 18, sobre a posse das árvores ali plantadas. Por fim, como última medida, destaque-se a autorização da cedência da Escola Conde Ferreira para a realização de uma Feira Comercial e Industrial durante as Festas de La Salette. Actividades complementares Mesário da Santa Casa da Misericórdia em 1902. Fontes Consultadas Jornal do Povo de 04/07/1884, 09/01/1885, 03/11/1885, 25/05/1901, 09/07/1902. A Opinião: 11/06/1914. Assento de óbito nº 260 do ano de 1914. Actas das sessões da Câmara: 03/12/1878, 11/021879, 11/03/1886. Actas das Sessões da Câmara: Livro 13 – 1881/1884 Actas das Sessões da Câmara: Livro 14 – 1884/1885 Actas das Sessões da Câmara: Livro 15 – 1885/1886 Actas das Sessões da Câmara: Livro 16 – 1886/1887 Actas das Sessões da Câmara: Livro 24 – 1911/1914 Actas das Sessões da Comissão Executiva da Câmara: Livro 1 – 1914/1915 Bibliografia Consultada A Voz de Azeméis de 27/11/96. Francisco Albano Amador Pinto Valente 45 da comissão de recrutamento militar. 1838 – Avanca O seu último grande envolvimento na política activa pelo Partido Progressista consistiu em encabeçar a candidatura autárquica em 1904, que não seria bem sucedida. Falecimento 19/07/1911 – Cidacos, Oliveira de Azeméis Nos últimos anos da sua vida retira-se da política activa. Filiação José Caetano Valente e Ana Maria da Silva Amador Acontecimentos Marcantes do(s) Mandato(s) Começa por pedir a exoneração da Presidência da Junta Escolar, cargo que exercia à data da eleição. Profissão Advogado Mandato(s) 1887 a 1889 Elementos Biográficos Os seus pais falecem em Avanca, separados por aproximadamente um mês, no ano de 1885. Casado com Rita Margarida da Costa Amador Valente, que viria a falecer em 09/03/1902, no dia do seu 64º aniversário. Pai de Manuel Ferreira da Costa Amador Valente. Fez um empréstimo de sete contos de reis à Câmara, no ano de 1879, em conjunto com o seu sogro Manuel Ferreira da Costa Nunes, para ser aplicado na construção de diversas obras. No ano anterior tinha sido eleito procurador à Junta Geral de Distrito e vogal da junta da contribuição industrial. Em 1881 foi indicado para vogal da Junta Escolar, cargo de que abdicaria no início do seu mandato, em 1887. Vice-Presidente da Comissão Executiva Progressista no ano de 1893. Nomeado Juiz substituto da Comarca em 1896. Na última década do século XIX e início do século XX, exerce, de forma quase ininterrupta, funções como vogal Autoriza a vedação da pia nasce-águas na La Salette. Aceita donativos para construir uma estrada da Alumieira a Ovar, que será posta em execução algum tempo depois. Atinge um ponto de entendimento com a Câmara Municipal de Estarreja para estabelecer o trajecto da estrada Loureiro a Avanca. É dada continuidade às obras da estrada da La Salette ao Calvário e ponte da Escravilheira, graças aos subsídios recebidos do Governo. A ponte da Minhoteira também vai sofrer obras de reparações em diversas ocasiões. Numa delas, foi intimado um morador do Pinheiro a fazer a reparação da ponte, depois de a ter danificado ao atravessá-la com uma carroça. E claro que aquela não será poupada pelas cheias do Inverno de 1888/89, obrigando a reparações. Essa cheia destruirá um conjunto significativo de pontes e estradas, levando a Câmara a fazer um pedido ao Governo para a atribuição de um subsídio urgente para a reparação das vias e obras de arte destruídas ou seriamente danificadas com a inundação, procedendo de imediato aos trabalhos de maior urgência. Elabora um plano geral provisório das escolas de acordo com a solicitação do Governo Civil. Depois de duas ofertas para a construção de barracas para os vendedores da Praça dos Vales, conseguem chegar a acordo com a proprietária das que ali existiam para que as mesmas continuassem a ser arrendadas aos Monarquia Constitucional Nascimento vendedores, sendo suspenso o processo de despejo por ela iniciado. Vende o barracão das Barrocas que serviu de matadouro provisório. Após um período de faltas injustificadas, elabora um inquérito ao facultativo Peixoto, que culmina na decisão de o suspender, embora a situação se arraste com processos sucessivos em tribunal. Decide também fazer a extinção do 2º partido médico da vila que estava entregue ao facultativo Peixoto. 46 Devido às condições financeiras precárias da Câmara, decide suspender a realização das festas do Corpo de Cristo, até à data organizadas pelo Município. Exerce um controlo apertado sobre o abate e venda ilegal das carnes verdes e nomeia uma pessoa para marcar a lotação dos carros de aluguer, devido às reclamações constantes. Decide nomear uma comissão para analisar as receitas aviadas pelo farmacêutico Leitão, relativas a 1888 e 1889, por considerar que o preço apresentado era exorbitante. Em função do parecer dessa comissão ir no mesmo sentido, decide não fazer qualquer pagamento. Autoriza a venda de um terreno do Asilo da Infância Desvalida e a realização de obras na Capela de Santo António. Decide enviar ao Governo um pedido para que o ramal ferroviário tenha o percurso: Pessegueiro do Vouga – Macieira de Cambra – Oliveira de Azeméis – Vila da Feira – Espinho, onde entroncaria na linha do Norte, depois da realização de um comício popular nesse sentido. Fontes Consultadas Jornal do Povo de 31/08/1883, 16/02/1885, 20/03/1885, 19/12/1893, 04/03/1896, 12/03/1902, 02/11/1904. A Opinião: 23/07/1911. Actas das Sessões da Câmara: 01/09/1878, 03/12/1878, 14/01/1879, 20/09/1881, 05/01/1887, 15/01/1890, 16/05/1890, 05/11/1890, 04/01/1893, 24/10/1894, 30/10/1895, 08/10/1896, 18/10/1897, 26/10/1898, 09/01/1900, 30/10/1900, 29/10/1901. Actas das Sessões da Câmara: Livro 16 – 1886/1887 Actas das Sessões da Câmara: Livro 17 – 1887/1888 Actas das Sessões da Câmara: Livro 18 – 1888/1890 Assento de óbito nº 90 do ano de 1911. José Lopes Godinho de Figueiredo 47 uma bolsa de estudo. 12/01/1853 – Pardieiro, S. Martinho da Gândara Durante o curso aderiu ao Partido Progressista, ao qual se manteve fiel e pelo qual desempenharia alguns cargos públicos. Falecimento 07/08/1900 – Oliveira de Azeméis Estagiou, como advogado, no escritório do Dr. Simões dos Reis, em Oliveira de Azeméis. Filiação Concluído o curso em 1880, foi abrir o seu escritório de advogado em Ovar, onde permaneceu até 1885. José Lopes Godinho de Figueiredo e Ana Joaquina Profissão Advogado/Notário Mandato(s) 1890 a 1895 Elementos Biográficos Oriundo de uma família de lavradores, cedo demonstrou vocação para os estudos, o que levou os pais a pensarem que poderia abraçar a vida eclesiástica. Depois de frequentar a aula de instrução primária na casa de Manuel Francisco da Silva, acabou por concluir a instrução primária na escola de Oliveira de Azeméis, ficando alojado, durante esse tempo, em casa de familiares. Aos 14 anos, ingressou no Seminário Maior do Porto, onde frequentou os estudos preparatórios e o 1º ano do curso teológico. Quando já se encontrava no 2º ano do curso foi expulso por decisão do Conselho Disciplinar do Seminário. Regressou à terra natal e, como castigo, o seu pai teve a intenção de o mandar para o Brasil, sendo disso demovido pelo Juiz de Paz do Souto, João Alberto Nunes, que o convenceu a mandar o filho para Coimbra estudar direito, encarregando-se o Juiz de Paz de lhe conseguir Nesse ano casou com Hermínia Pais de Carvalho, sobrinha de José da Costa Sousa Pinto Basto, regressando a Oliveira de Azeméis, onde ficaria a tomar conta do escritório do Dr. Simões dos Reis. Do seu casamento resultariam duas filhas, Isaura e Dulce, ainda menores à data da sua morte. De entre os seus clientes, podemos destacar a Junta de Macinhata da Seixa, até ao ano de 1892, em especial no que respeita às questões das divisões de baldios. Começou por ser eleito vereador no ano de 1887, para, em 1890, ocupar a presidência da Câmara, cargo que manteve até 1895. Nesse ano ainda participou como vogal na junta de recenseamento eleitoral. Em 1889 foi nomeado vogal da Junta das Côngruas. Depois de abandonar a vida política activa, regressou à sua actividade como advogado. Em 18/01/1900, foi nomeado notário público na vila de Oliveira de Azeméis, actividade que acumulou com a advocacia. Acontecimentos Marcantes do(s) Mandato(s) José Lopes Godinho Figueiredo é um dos Presidentes de Câmara do século XIX com um período de permanência no cargo relativamente longo, cumprindo dois mandatos, num total de seis anos. Talvez pela sua formação em direito, há uma preocupação, durante esse tempo, de regulamentar algumas actividades, elaborando, por exemplo, Posturas Monarquia Constitucional Nascimento Municipais sobre a caça no concelho ou reformulando o regulamento sobre os impostos aplicados ao vinho e carnes verdes – que vai merecer a sua atenção em 1890 e 1894 – momentos em que apresenta propostas para a sua alteração de acordo com as necessidades do Município. Aplica também medidas avulsas como a deliberação para que os proprietários de terrenos confinantes com estradas e caminhos públicos fossem obrigados a cortar a vegetação que invadisse as bermas e valetas. 48 Pressupomos que o mesmo motivo justifica o facto de os seus mandatos serem dos mais activos na entrega à autoridade judicial dos casos de incumprimento das Posturas Municipais ou deliberações do Executivo, para que as mesmas fossem cumpridas coercivamente. Há uma recomendação constante ao Zelador para que fiscalize as actividades comerciais, em especial a venda de carnes que é deixada livre na maior parte destes seis anos, e, por outro lado, decide fazer a cobrança coerciva dos foros que ficavam por pagar. No que respeita à realização de obras, autorizou, genericamente ao longo dos mandatos, a utilização da prestação de trabalho, quando solicitada tanto pelas Juntas de Paróquia como por grupos de moradores, para a reparação de caminhos ou outras obras necessárias. Para além disso, foram construídas calçadas em Damonde e Besteiros, reparado caminho junto à ponte do Ínsua, reparada a ponte de Requeixo, caminhos em S. Martinho da Gândara e Pinhão, construída uma ponte de madeira no Moinho do Meio – com o apoio dos moradores que cederam a madeira – e um pontão em Tugilde. No espaço urbano da vila é aberta um arruamento que liga a Rua do Progresso ao Urgal; é reparada a canalização do chafariz da praça, que se encontrava obstruído e contaminado; são também feitas obras na Cadeia, a pedido do Delegado do Procurador e do Juiz, que as solicitam devido às questões relativas à higiene e saúde pública e, também, à segurança. Ao Governo pede por duas vezes que sejam concluídos a ponte do Ínsua e o segundo lanço da estrada com destino a Sever do Vouga – obras distritais –, protestando quando algumas das competências dos serviços das obras públicas municipais são transferidas para o Governo, por considerar que isso era uma ingerência na autonomia das autarquias. A sua presidência fica marcada por outros aspectos igualmente interessantes. Logo no início do mandato, toma a iniciativa de estabelecer que, na ausência de um corpo organizado de bombeiros e possuindo a Câmara Municipal equipamento para o combate a incêndios, ficavam os funcionários obrigados a comparecer nos locais onde deflagrassem fogos urbanos para dirigirem os trabalhos até à sua extinção. Para o Asilo da Infância Desvalida nomeia uma nova direcção composta por Bento Ferreira Silva Guimarães, José António Gomes Carvalho e José Marques Pais de Carvalho. À Condessa da Penha Longa apresenta um voto de louvor pelo trabalho desenvolvido por esta filantropa na freguesia de Cucujães. Com o Conde de São Januário vai ter uma relação ambivalente, pois, por um lado, consegue encetar um processo negocial que culmina com o acordo sobre o valor que a Câmara deverá pagar pelo terreno onde foi construído o matadouro em Cidacos, mas, por outro, vai tentar obstar a que o mesmo construa um edifício na vila, por um alinhamento que estrangula a estrada, sendo, no entanto, a Câmara ultrapassada pela Junta das Obras Públicas que acede ao pedido do Conde. Em resultado dessa situação, é decidido que se faça o primeiro plano geral de alinhamentos para construções e reconstruções à face das estradas real e distritais dentro dos limites da vila, certamente com o propósito de garantir um instrumento normativo que servisse de salvaguarda às decisões do Município em situações semelhantes que acontecessem no futuro. No que respeita à educação, além de assegurar o processo de colocação de professores, apoia os pedidos de abertura de escolas apresentados pelas Juntas de Paróquia de Pindelo, Loureiro e Nogueira do Cravo. Em 1895, com vista a promover a defesa dos interesses económicos da indústria concelhia, apresenta uma petição ao Governo no sentido de que não fosse dado o exclusivo do fabrico dos chapéus de lã à Fábrica a Vapor do Porto, por isso ter como consequência o fim dessa indústria no concelho. A sua presidência fica ainda marcada pela demarcação dos limites entre as freguesias de Macinhata da Seixa e Travanca, tratando, em seguida, da divisão dos baldios existentes na primeira pelos seus moradores. Em 1891, aquando da revolta republicana do Porto, solidariza-se com o Rei, promovendo um voto de repúdio à acção dos revoltosos. Mais tarde, em Outubro de 1892, será Artur da Costa Pinto Basto a merecer a condenação da Câmara, através de um voto de repúdio, por se ter envolvido numa discussão com o Juiz durante um julgamento. Durante o seu mandato termina o conflito com o facultativo Peixoto, médico do segundo partido de Oliveira, que tinha sido alvo de uma suspensão por faltas injustificadas ainda durante o mandato do seu antecessor. Durante o mandato de Lopes Godinho, o facultativo Peixoto tentou a reintegração e o pagamento de ordenados correspondente aos meses durante os quais a Câmara não o tinha readmitido, sempre sem sucesso, até chegar ao ponto de lhe ser recusado o pedido de exoneração por se considerar que o facultativo já se encontrava exonerado e que o lugar tinha sido extinto pelo que não podia ser admitido semelhante pedido. Finalmente, no final do seu mandato, são feitas as diligências necessárias para integrar o concelho de Cambra em Oliveira, num momento em que este é extinto. Como curiosidade, refira-se que é durante o seu mandato que é pedida a autorização para instalar o primeiro telefone do concelho, entre a casa de Bernardo da Costa Basto e a sua Fábrica de Lanifícios do Caima. Actividades complementares Mais tarde, entre 1884/85, publicou uma série de artigos sobre a reforma da Câmara dos Pares. Esteve também associado ao “Jornal do Povo“, criado pelo Dr. Simões dos Reis, onde colaborou como redactor e director político. Fontes Consultadas Jornal do Povo de 20/01/1900, 08/08/1900, 11/08/1900, 25/08/1900. Actas das sessões da Câmara: 11/07/1889, 19/12/1894, 10/04/1895. Actas das Sessões da Câmara: Livro 18 – 1888/1890 Actas das Sessões da Câmara: Livro 19 – 1890/1891 Actas das Sessões da Câmara: Livro 20 – 1892/1894 Actas das Sessões da Câmara: Livro 21 – 1894/1895 Bibliografia Consultada Arquivo Distrito de Aveiro, Vol. XXIV, nº 96, 1958, pp. 303-307. 49 Monarquia Constitucional Durante o tempo de estudante colaborou, como redactor e caricaturista, no jornal humorístico “Vespa”, editado em Coimbra. Daniel de Araújo Ribeiro 50 Nascimento 23/09/1858 – Pinheiro da Bemposta Falecimento No ano seguinte faz parte do conjunto de munícipes que apresenta um pedido de alteração às datas sugeridas para as épocas de caça, nas propostas de Posturas sobre essa matéria. 13/07/1935 – Pinheiro da Bemposta A 8 de Janeiro de 1896 toma posse como Presidente, cargo em que se mantém até ser nomeado notário público da comarca, a 03 de Fevereiro 1900. Filiação Exerceu o cargo de Juiz substituto em 1904. João da Silva Ribeiro e Joana Alves Araújo Ribeiro Ficou como tutor de Eduardo Albuquerque Corte Real Tavares e Távora e do seu irmão, após a morte do pai dos dois jovens. Profissão Advogado e Conservador Registo Predial Nomeado interinamente Administrador do concelho, em 26 de Outubro de 1904. Mandato(s) Voltaria a exercer o cargo de Administrador do concelho em 1909. 1896 a 1900 Em 23 de Junho de 1910 foi nomeado Conservador do Registo Predial de Estarreja, cargo que manteve até à aposentação. Elementos Biográficos Irmão de Evangelina de Araújo Ribeiro e Adriana Eduarda Araújo Ribeiro e Castro. Em Novembro de 1885 faz exame para o cargo de delegado do procurador, tendo sido aprovado. Em 12 Março de 1886 toma posse como administrador do concelho, cargo que exerce até 23 de Abril de 1890. Em Maio de 1890 abre banca de advogado na vila de Oliveira. Em Dezembro desse ano, enquanto passeava tranquilamente, deparou-se com um incêndio numa habitação e, apercebendo-se de que no seu interior se encontrava uma criança em risco de morrer queimada, não hesitou em lançar-se para o interior do edifício, salvando-a. Em 1893 pede uma verba e autorização para fazer a aplicação da prestação de trabalho da freguesia de Pinheiro da Bemposta na reparação da estrada da Minhoteira. Acontecimentos Marcantes do(s) Mandato(s) Eleito em 1895, Daniel Ribeiro vai permanecer no cargo até o abandonar por incompatibilidade de funções, ao ser nomeado Notário em 1900. Durante o período em que exerceu a presidência, e dada a sua duração, vários foram os assuntos que mereceram a sua atenção. O primeiro dos quais foi a apresentação de uma petição ao Governo para no apeadeiro de Avanca serem vendidos bilhetes pelo preço da estação anterior e serem feitos despachos de grande e pequena velocidade. Pouco depois, apresenta uma outra em que solicita a construção do segundo lanço da estrada do Caima. Visto que na altura o concelho de Macieira de Cambra se encontrava integrado no de Oliveira de Azeméis, manda afixar editais a proibir a venda de géneros no mercado de Cambra, fora das horas legais. Pelo mesmo motivo, põe em execução o artigo das Posturas do concelho extinto, em que se definia a cobrança de taxas por ocupação de lugares na Feira dos 9. Intima os talhantes a fazerem a limpeza das imundices, tanto no interior do matadouro como nas ruas da vila. Devido à situação das finanças camarárias, cujas receitas tinham descido 50%, decide aplicar um adicional de 25% às contribuições directas do Estado e 25% sobre os rendimentos tributados pelo imposto geral do Estado. No entanto, a Comissão Distrital apenas aprova um adicional de 20% sobre as contribuições directas. Ao longo de todo o mandato vão sendo atendidos os problemas relacionados com as instalações das escolas primárias, casas para alojamento dos professores, equipamento e material didáctico. 51 Monarquia Constitucional Decide construir um arruamento na Praça dos Vales, para ordenar os lugares dos vendedores que até aí ocupavam o espaço indiscriminadamente e, de seguida, indefere o pedido de adiamento da mudança dos lugares, solicitado pelos vendedores, por considerar que se tratava de uma medida dilatória, com vista a manter a situação tal como estava. Manda liquidar e pagar os ordenados reclamados pelo facultativo Peixoto, de acordo com decisão do Tribunal, depois de terem sido esgotados todos os recursos apresentados pela Câmara. Relativamente a outro caso que se arrastava há anos, a utilização da fonte de St. António em S. João da Madeira, começa por pedir que fosse dado cumprimento ao contrato elaborado, em 1848, entre a Câmara e os denunciados por usurpação da nascente, para depois fazer aplicar a decisão do Tribunal relativa à posse da mesma e favorável à Câmara. Resolvida a questão judicial, manda reparar a referida fonte. Pede ao Governo que as transgressões das Posturas sejam tratadas pelos Juízes de Direito e não pelos Juízes de Paz. Aprova uma proposta de Postura a reprimir o pastoreio de gado em propriedades privadas. Em 1898 o antigo concelho de Cambra é desanexado e Daniel Ribeiro pede para ser feito o acerto de contas relativo ao período em que os dois concelhos estiveram fundidos. Acaba por chegar a acordo com a Câmara de Cambra para ficar com a verba destinada à instrução primária nos anos de 1896 e 97. Opõe-se com veemência ao pedido de anexação dos lugares de Várzea e Sousa de S. João da Madeira, pretendidos pela Junta de Paróquia de Arrifana. Decide alugar parte do edifício onde estava instalada a recebedoria e repartição da fazenda como forma de aumentar as receitas municipais. Abre um inquérito a um funcionário da secretaria, por suspeitas de falsificar a assinatura do antigo Presidente Lopes Godinho Figueiredo nas isenções de recrutamento militar, acabando o funcionário por pedir a exoneração. Fontes Consultadas Jornal do Povo, 01/12/1885, 12/03/1886, 24/05/1887, Actas das sessões da Câmara: 01/01/1890, 05/07/1893, 18/07/1894, 08/11/1897, 06/02/1900, 20/02/1909, 02/071910. Minutas das Actas das Sessões da Câmara: Livro 1 – 1894/1896 Minutas das Actas das Sessões da Câmara: Livro 2 – 1897/1899 Minutas das Actas das Sessões da Câmara: Livro 3 – 1899/1901 Informações escritas prestadas pelo Juiz Conselheiro Mário Araújo Ribeiro. António da Silva Carrelhas 52 Nascimento 1848 – Vilar, Ovar Falecimento 27/12/1924 – Oliveira de Azeméis Filiação António da Silva Carrelhas e Ana Maria da Silva Matos Profissão Advogado/Notário Mandato(s) 1900 Elementos Biográficos A sua família era originária de Pardilhó, concelho de Estarreja, mas ter-se-á fixado em Ovar onde António Carrelhas viria a nascer, juntamente com os seus irmãos Francisco Carrelhas - médico e jornalista –, Luísa Bacelar Carrelhas e Maria Anunciação Carrelhas. Proveniente de uma família humilde, a sua educação passou, como era habitual nessas situações, pelo seminário, tendo sido ordenado sacerdote. Viria a pagar os estudos de medicina ao seu irmão mais novo. Já depois de ser padre conseguiu formar-se em direito, curso que concluiu em 1876, tendo, então, vindo para Oliveira de Azeméis onde se fixou e fez carreira como advogado, sendo inúmeras vezes contratado tanto pela Câmara Municipal – a primeira das quais logo no ano de 1878 – como por diversas Juntas de Paróquia, para tratar dos processos judiciais em que se envolviam. Refira-se, por exemplo, a partilha dos baldios de Macinhata da Seixa em que António Carrelhas foi o advogado da Junta de Paróquia de Macinhata. Acabou por nunca chegar a exercer o sacerdócio, pelo menos de forma oficial, pois o Bispo do Porto terá vetado a sua nomeação, quando vagou numa paróquia, por não lhe perdoar a realização de uma caricatura que o retratava, ainda durante a frequência do seminário. Apesar disso, foi o capelão da Comissão Patriótica Oliveirense, desde que esta foi fundada, até à data da sua morte. Entre 1886 e 1889 foi membro da Junta Escolar, cargo do qual foi exonerado pela Câmara de Francisco Albano Amador Valente. Além do direito, interessava-se pela arqueologia e história, recolhendo objectos – dirigiu escavações na propriedade do Sr. Alegria onde recuperou artefactos neolíticos – e documentos antigos na sua casa em Lações, publicando artigos sobre esses temas no jornal “O Século”. Infelizmente, um incêndio na sua casa originou a perda total dessa colecção. A sua desarrumação tornou-se lendária e ultrapassava mesmo as fronteiras concelhias, merecendo uma reportagem da “Ilustração Portuguesa”, em Setembro de 1914, onde foi publicada a foto do seu escritório para ilustrar a excentricidade do seu proprietário. Em 1900, depois de ter substituído, na Presidência da Câmara, Daniel de Araújo Ribeiro, acaba por abdicar do cargo, por incompatibilidade com a nomeação para o cargo de Notário. Em 1907 foi o Presidente efectivo da comissão organizadora dos festejos pela construção do abastecimento de água à vila. Viria ainda a fazer parte do júri, como vogal, de uma exposição industrial organizada no concelho em 1913. Acontecimentos Marcantes do(s) Mandato(s) O seu curto mandato fica marcado pela candidatura a um subsídio para a construção de uma escola feminina a instalar na vila, oferecendo a pedra de alvenaria e cantaria, prestação de trabalho, terreno e 250$000 reis. Escolhe a Feira dos 11 para a construção da nova Escola Conde Ferreira, depois de ter pedido ao Governo a sua mudança, uma vez que a existente se encontrava extremamente degradada. Inicia a construção da estrada que entroncava na Regional 65 até à Igreja de Ul. Actividades complementares Envolveu-se no desenvolvimento da Santa Casa da Misericórdia de Oliveira de Azeméis, pelo menos, desde 1894, ano em que aparece como secretário da instituição, vindo a ser Mordomo e Mesário até se tornar Provedor entre 1912 e 1923. Fontes Consultadas Actas das sessões da Câmara: 11/06/1878, 05/12/1882, 16/12/1886, 13/1171889, 19/1271894, 19/08/1911. Minutas das Actas das Sessões da Câmara: Livro 3 – 1899/1901 Jornal do Povo: 28/03/1884, 29/03/1887, 27/04/1892, 04/07/1894, 11/07/1900, 12/12/1900, 04/01/1902, 09/07/1904, 30/10/1907, Correio de Azeméis: 08/01/1925, 04/07/1929. A Opinião: 22/07/1913, 04/01/1925. O Século: 31/12/1924 Assento de óbito nº 634 do ano de 1924. Bibliografia Consultada ComTradição, nº 15, Dezembro, 1996. Monarquia Constitucional Esteve também ligado ao arranque do Hospital e foi o autor da proposta para a realização dos retratos dos fundadores da Santa casa. 53 Sebastião Fernandes de Almeida 54 Nascimento 1861 nomeado vogal da Junta de Repartidores da Contribuição Industrial. Falecimento Esteve ligado à criação da Associação Comercial e Industrial de Oliveira de Azeméis, sendo em 1926 Presidente da Assembleia-Geral. 09/10/1937 – Oliveira de Azeméis Foi igualmente colaborador de diversos jornais da região. Filiação Morreu no hospital depois de ter sido submetido a uma operação. Francisco Fernandes de Almeida e Maria Rosa Oliveira Acontecimentos Marcantes do(s) Mandato(s) Profissão Comerciante Mandato(s) 1900 a 1901 Elementos Biográficos Casado com Maria de Bastos Almeida. Comerciante, proprietário e correspondente do Banco Nacional Ultramarino. Durante o seu mandato, morre José Lopes Godinho Figueiredo, sendo feito um voto de pesar e aceite a proposta da viúva para a instituição de um prémio escolar com o nome do advogado e político progressista. As estradas e caminhos de Santiago de Riba-Ul, Minhoteira, Palmaz, Macieira de Cambra e Cesar são reparadas. É decidida a compra de material para as bombas de incêndio na posse da Câmara, de material de desinfecção – a pedido do sub-delegado de saúde – e é suspensa a venda do lote de acções do Teatro Oliveirense pertencente à Câmara. Na última década do século XIX, ocupou, em várias ocasiões, o cargo de vogal da Junta dos Repartidores da Contribuição Industrial, por nomeação, assim como o de vogal da Comissão de Recrutamento. É pedida autorização à Direcção de Obras Públicas para levantar a calçada da Rua do Mártir, com vista à reparação da conduta do chafariz ali existente; são feitas obras urgentes na escola da vila; é aprovada a planta e orçamento para a casa do guarda do cemitério. Em 1908 foi nomeado Administrador do concelho substituto. Viria a ocupar esse cargo como titular efectivo na década de 20. Acolhe a queixa dos negociantes de fazendas de lãs e algodão para que os vendedores ambulantes também paguem impostos, visto que faziam concorrência ilegal. Forneceu os carbonetos necessários ao funcionamento dos candeeiros de iluminação pública, pelo menos, no ano de 1912. Apoia, na ausência de uma associação comercial na vila, a petição dos comerciantes para que a cobrança de dívidas até 100$000 reis seja feita em processo sumário e que os emolumentos não excedam 10% do valor total. Tio de João e Francisco Fernandes de Almeida Em 1917 foi nomeado para a Comissão de abastecimento da vila, que se encarregava de procurar assegurar os géneros alimentares básicos, para fazer a sua distribuição pela população do concelho. Nesse ano voltou a ser Fontes Consultadas Correio de Azeméis: 16/10/1937. Jornal do Povo: 04/04/1908. A Opinião: 25/12/1926, 09/04/1927, 19/04/1931, 16/10/1937. Actas das sessões da Câmara: 18/11/1891, 19/11/1892, 24/10/1894, 08/10/1896, 18/10/1897, 17/01/1898, 26/10/1898, 30/10/1900, 18/10/1912, 15/08/1917, 19/12/1917. Minutas das Actas das Sessões da Câmara: Livro 3 – 1899/1901 Minutas das Actas das Sessões da Câmara: Livro 5 – 1901/1904 Artur da Costa Sousa Pinto Basto 55 06/08/1855 – Oliveira de Azeméis Falecimento 03/04/1925 – Oliveira de Azeméis, R. António Alegria, 95 Filiação José da Costa Sousa Pinto Basto e Maria Rita Carvalho de Sousa Profissão Advogado/Conservador Registo Predial Mandato(s) 1902 a 1903 Elementos Biográficos Irmão de Ernesto da Costa Sousa Pinto Basto e Leopoldo da Costa Sousa Pinto Basto. Pai de Maria Glória Silva e Maria Ascenção Gandra dos Santos. Tal como o seu irmão Ernesto, começa a carreira política no Partido Progressista, passando depois para o Partido Regenerador, o que o transformou num alvo predilecto do “Jornal do Povo“, que apoiava os progressistas. Em 1905 foi nomeado vogal substituto da Comissão Administrativa do Asilo. Profissionalmente assumiu o lugar de Conservador do Registo Predial em Guimarães, que manteve até Março de 1921, ano em que assumiu, por permuta, a Conservatória de Ponte de Lima. Empenhou-se nos últimos anos de vida para que fossem repostos os foros do Asilo da Infância Desvalida, que haviam deixado de ser pagos por muitos foreiros. Assumiu publicamente, nas páginas do “Correio de Azeméis“, a acusação a Albino dos Reis pela responsabilidade dessa situação. À data da morte foi chorado com epíteto de “Pai dos Pobres”, o que se deve não só à luta pela reposição dos foros do Asilo, mas também, certamente, ao facto de ter cedido à Câmara dirigida por Aníbal Beleza – entre Junho e Dezembro de 1918 – um edifício de que era proprietário, onde tinha funcionado a padaria “Bijou” e que estava devidamente equipado, para servir de padaria municipal, possibilitando a distribuição do pão aos mais desfavorecidos. Longe iam os tempos em que, durante um julgamento, se envolveu em confrontos com um Juiz no Tribunal da Comarca, em 1892, devido a uma sentença desfavorável aos interesses do seu constituinte, situação que gerou polémica e lhe valeu amplas críticas no “Jornal do Povo“, órgão do Partido Progressista, e o desterro para Gouveia. Acontecimentos Marcantes do(s) Mandato(s) É o Administrador do concelho, enquanto o seu irmão Ernesto cumpre o mandato de Presidente da Câmara, sendo exonerado em 11/03/86. Em 1890 voltará a exercer esse cargo. O mandato de Artur Pinto Basto é marcado pelas suas longas ausências de Oliveira de Azeméis, uma vez que desempenhava em simultâneo com este cargo o de deputado. Foi deputado em várias legislaturas – 1882, 1902, 1904 – uma delas coincidente com a sua presidência da Câmara, o que contribuiu para ser um Presidente ausente em muitas sessões. Ainda assim decide fazer a reparação da estrada de Fermil, depois de ter sido feita a oferta de 200 carros de pedra britada e de 200$000 reis, pelos moradores, mas sem se comprometer a incluir verbas para esta obra no orçamento. Monarquia Constitucional Nascimento Lança uma subscrição para a construção de um monumento de homenagem a Mouzinho de Albuquerque, que não viria a ser concretizada. Pede à Direcção de Obras Públicas a reparação da estrada Tonce – Avanca. Avança com as construções da estrada Caniços – Travanca e da ponte entre Pindelo e Pinhão, mantendo, em simultâneo a decisão de construir a escola feminina em St. António. 56 Manda reparar a canalização do chafariz da Rua do Mártir. Decide pagar as receitas de medicamentos fornecidos aos pobres pelo farmacêutico Cunha Leitão, em 1889/90, que tinham sido recusadas por Francisco Amador Valente e Godinho Figueiredo. Demite o guarda do cemitério por vender o chumbo de um caixão. Pede ao Governo a reparação das estradas para Estarreja e Ovar. Tenta votar a aplicação de uma percentagem sobre os impostos a pagar pelas minas de Nogueira do Cravo, sendo impedido por uma manifestação dos mineiros. Decide posteriormente aplicar um adicional de 20% às minas, ao abrigo da lei geral, numa votação em que tem que usar o seu voto de qualidade. No entanto, a Comissão Distrital viria a indeferir esta decisão, por não terem sido ouvidos os quarenta maiores contribuintes do concelho, como a lei exigia. Manda comprar placas toponímicas de bronze para as ruas Almeida Garret e Mouzinho de Albuquerque. Decide mandar publicar, nos jornais locais, resumos das actas das sessões da Câmara. Autoriza o aforamento de baldios em Palmaz. Actividades complementares Foi Membro Fundador da Escola Livre e foi seu 1º Presidente Honorário. Era também sócio-benemérito da Associação de Jornalistas e Homens de Letras do Porto, entidade à qual entregou uma salva de prata que recebeu dos seus eleitores de S. João da Madeira. Fontes Consultadas Correio de Azeméis: 09/04/1925. Jornal do Povo: 12/01/1886, 12/03/1886, 06/02/1892, 10/09/1092, 29/10/1892, 22/11/1902, 19/08/1903, 40/05/1904, 31/12/1905. A Defesa: 09/04/1925. A Opinião: 27/03/1921, 14/05/1921. Actas de sessões da Câmara: 22/01/1890, 23/02/1905, 12/06/1918. Minutas das Actas das Sessões da Câmara: Livro 5 – 1901/1904 Actas das Sessões da Câmara: Livro 22 – 1903/1906 Bibliografia Consultada http://www.geneall.net/P/per_page.php?id=516995 César Guedes, Um Olhar Sobre o Passado, Caima Press, 1998, pp23,24. António José da Silva Guimarães 57 1849 – Oliveira de Azeméis Falecimento oferece à Câmara uma verba para a abertura de uma rua que ligasse o antigo recinto da Feira dos 11 à Rua Direita, que retirou, passados alguns meses, por a Câmara não ter verbas para executar a obra. 07/02/1910 – Oliveira de Azeméis Em Dezembro de 1886 pede a exoneração da Comissão Executiva do Asilo, que lhe é concedida em Janeiro do ano seguinte. Filiação Numa acção de benemerência, oferece as mangueiras para as bombas de incêndio da Câmara em 1890. Bento José da Silva Guimarães e Joaquina Rita da Conceição Profissão Possuía alguns terrenos aforados a António Bernardo da Costa Pinto. Era dono de uma loja de tecidos na Rua Direita e de um depósito de tabacos. Negociante Em 1893 inicia a construção de uma casa por trás da Igreja. Mandato(s) No ano de 1898 põe em funcionamento a moagem a vapor “Guimarães, Carvalho e C.ª” na antiga Feira dos 11, construindo em simultâneo um barracão para armazenar os materiais. 1904 Elementos Biográficos Casado com Ana Máxima da Costa Basto, teve vários filhos, sendo que um deles viria a falecer ainda criança em Fevereiro de 1884. Outro, Joaquim Augusto da Costa Guimarães, casou em 1906 com Maria Antónia Ferreira Alegria. Teve uma actividade política longa nas fileiras do Partido Regenerador. É sua a proposta da realização de um empréstimo pela Câmara para usar nas obras do talho, matadouro e abastecimento público de água, em 1878, quando era vereador. No ano de 1881, foi proposto para vogal das matrizes da contribuição predial, cargo que voltaria a ocupar por diversas vezes no início da década de 90. Em Março de 1883 oferece o jantar aos presos da Cadeia da Comarca. No ano seguinte, em conjunto com outros moradores, O início do século XX marca outro período de actividade pública mais acentuada. Até 1906, além de ser eleito vereador e Vice-Presidente em 1902, na presidência de Artur Pinto Basto, foi também nomeado vogal à Comissão Distrital, vogal da Junta das Congruas, da Junta de Repartição Industrial e da Comissão de Recrutamento. Contribuiu, através de doação, para as obras no Asilo da Infância Desvalida. Foi membro do Partido Regenerador e um dos seus líderes. Morreu vítima de uma congestão. Acontecimentos Marcantes do(s) Mandato(s) O seu mandato durou apenas um ano e resultou, de algum modo, do impedimento de Artur Pinto Basto que acumulava o cargo com o mandato de deputado, o que Monarquia Constitucional Nascimento dava origem a longas ausências em que António Guimarães o substituía por ser o Vice-Presidente. 58 Destacam-se da sua presidência a decisão de não aceitar os pedidos de aforamento de terrenos baldios em Palmaz, optando por fazer a sua desamortização de forma equitativa para evitar prejudicar os moradores mais pobres que usavam esses terrenos como logradouros. Esta decisão serve, em simultâneo, para tentar atenuar as dificuldades financeiras da Câmara, pois cada terreno desamortizado rendia algum capital. No entanto, a Junta de Paróquia de Palmaz reclamou a divisão desses baldios, exigindo que dois terços deles lhe correspondessem ficando o terço restante na posse da Câmara. A proposta foi aceite e a Câmara nomeou o Engenheiro Daniel Ribeiro para fazer o levantamento e delimitação dos baldios. Este acabou por se tornar o assunto mais marcante da presidência, embora outros fizessem parte das suas preocupações. Foi pedida ao Governo a reparação imediata da estrada de Oliveira para Estarreja e o pagamento da mobília para as escolas mista de Pinhão e feminina de S. Martinho da Gândara, por não haver meios financeiros para essas despesas. Decide alargar o espaço do mercado de S. João da Madeira que passa a ocupar a Praça de Santo António. É construído um pontão na Ribeira de Baixo, reparada a conduta que abastecia de água o matadouro, a pedido dos talhantes. São colocados frades no alinhamento da casa de Artur Pinto Basto, para impedir o acesso dos carros ao tanque ali existente. Apoia a petição da Associação da Agricultura Portuguesa contra a importação de álcool, por isso ser prejudicial aos produtores nacionais. Finalmente, autoriza Carlos Graça Lopes Sousa a construir um coreto na Praça, para este actuar com a sua filarmónica, mediante a condição de o mesmo ser retirado quando a Câmara o entendesse, e decide estudar a proposta de venda do pergaminho que institui o concelho, feita por Albertino Morais, de Lamego, sem, no entanto, chegar a fazer a aquisição. Actividades complementares Tesoureiro da Santa Casa da Misericórdia em 1902. Fontes Consultadas Jornal do Povo: 27/03/1883, 19/02/1884, 03/08/1898, 09/07/1902, 22/11/1902, 19/08/1903, 12/02/1910 Correio de Oliveira: 12/05/1887 e 06/10/1887. A Opinião: 13/01/1910 Actas das sessões: 26/11/1878, 29/11/1881, 01/09/1885, 23/12/1886, 30/12/1886, 19/01/1887, 09/04/1890, 18/11/1891, 19/11/1892, 29/03/1893, 24/10/1894, 30/10/1895, 08/08/1898, 08/01/1901, 05/06/1902, 25/06/1903, 12/10/1905, 04/10/1906, 10/12/1906. Actas das Sessões da Câmara: Livro 22 – 1903/1906 Assento de óbito nº 7 do ano de 1910. Alfredo Praça de Vasconcelos 59 1842 – Cedofeita, Porto Falecimento 17/11/1918 – Cesar (Quinta do Outeiro) Filiação Frederico Pinto Pereira Vasconcelos e Ana Praça Vasconcelos Profissão Engenheiro Civil Mandato(s) 1905 a 1907 e 1908 Elementos Biográficos O seu pai foi um destacado militar das guerras peninsulares, tal como o seu tio Joaquim Maria de Vasconcelos, Capitão de Cavalaria no Regimento dos Dragões de Chaves. Após a conclusão dos estudos, trabalhou como engenheiro civil, abandonando o serviço no ano de 1870, quando exercia o lugar de chefe da repartição técnica dos telégrafos e faróis do Ministério das Obras Públicas. Candidato à Câmara em 1904 pelo Partido Regenerador. Pai de António Praça de Vasconcelos. Está enterrado no Cemitério de Agramonte, no Porto, em jazigo familiar. Acontecimentos Marcantes do(s) Mandato(s) Como primeira medida após a posse, Alfredo Vasconcelos suspende a divisão dos baldios de Palmaz, iniciada pelo seu antecessor António José da Silva Guimarães, até ver esclarecida a pretensão da Junta de Paróquia de Travanca, que afirmava ter direitos sobre alguns deles. Em Março do mesmo ano, encarrega o amanuense e o oficial da Câmara de organizarem o Arquivo Municipal num espaço de três meses, devido à constante dificuldade em localizar documentos antigos que tinham dado entrada e se tornavam necessários para a resolução de pedidos apresentados. Cria a comissão sanitária para examinar o gado a abater no matadouro e processa todos os talhantes que não cumprem as condições higiénicas do fornecimento de carnes verdes. Intima o dono da propriedade confinante com a ponte do Ruivo a pagar as reparações necessárias, uma vez que foi a sua acção que causou a degradação da ponte. As dificuldades financeiras da Câmara levaram-no a aplicar um adicional de 5% sobre todas as contribuições cobradas pelo Estado. As mesmas razões estariam, por certo, subjacentes ao estabelecimento de taxas e licenças para o exercício de caça no concelho, como previsto nas Posturas. Pelo mesmo motivo, é aprovado um novo regulamento de cobrança de impostos, mas este foi indeferido pela Comissão Distrital, ficando sem efeito. A um pedido da Câmara Municipal de Sever do Vouga, para se juntar ao requerimento em que era solicitado que a Linha do Vouga fosse construída mais próxima dessa localidade, responde negativamente, por entender que isso prejudicava o desenvolvimento do concelho. Delibera que os empregados do cemitério e iluminação passem a limpar as ruas nas horas livres e intima os donos dos terrenos confinantes com as estradas a limparem as valetas e a vegetação a pender sobre as mesmas. Alfredo Vasconcelos protesta publicamente em sessão da Câmara contra os jornais locais que o acusam de desentendimentos com o seu Vice-Presidente – Augusto Leitão – e, para deixar bem expressa a boa relação que mantêm, decide fazer-lhe um voto de confiança. Sendo a Câmara accionista do Teatro Oliveirense e Monarquia Constitucional Nascimento verificando-se que a direcção do mesmo o abandonara, solicita ao Dr. Bento Guimarães a lista dos accionistas para poder convocar uma reunião e fazer eleger uma nova direcção. Apoia a Junta de Paróquia de Macieira de Sarnes na petição ao Governo para ser criada uma escola mista na freguesia. 60 Aprova, com votação unânime, os estatutos da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Oliveira de Azeméis, quando os mesmos foram apresentados em reunião de Câmara, decidindo posteriormente fazer a entrega aos bombeiros do material de incêndio já existente. Agradece publicamente as ofertas dos beneméritos, como a Condessa da Penha Longa, que construiu um troço de estrada em Cucujães, e o químico Ferreira da Silva, que fez graciosamente análises de potabilidade da água das fontes da vila. Os beneméritos que oferecem à Câmara a canalização das águas desde a pia nasce-águas, na La Salette, à vila são homenageados na toponímia do espaço urbano, passando Bento Carqueja a dar o nome à Rua Direita, o Conselheiro Boaventura de Sousa à do Urgal e o Visconde de Santiago do Lobão à Rua Nova de St. António. Igualmente homenageado na toponímia é o nome de José da Costa Pinto Basto, que passa a designar a até então chamada Praça dos Vales. Ao Rei é pedido para mandar técnicos das obras públicas para fazerem o plano de regularização da edificação na vila. Como principais obras realizadas podem destacar-se as obras nos Paços do Concelho, esgotos do matadouro, colocação de um portão no cemitério e a colocação de calçada no caminho da pia nasce-águas. Após o interregno causado pela nomeação de Comissões Administrativas, a vereação de Alfredo Praça de Vasconcelos reassume as funções a 20 de Fevereiro de 1908, por um período de nove meses, até à realização de eleições em Novembro. Durante este espaço de tempo podem considerar-se como merecedores de destaque a reparação de um chafariz público em Travanca, a intimação aos alquiladores para só fazerem a lavagem das carroças no chafariz da Praça José da Costa, o apoio dado à petição para a criação de uma escola feminina em Palmaz e a autorização dada à Comissão Patriótica Oliveirense para embelezar o Monte dos-Crastos e capela de La Salette. Refira-se, finalmente, que Alfredo Vasconcelos foi o responsável pela recepção organizada a D. Manuel II durante a visita ao concelho, no âmbito da inauguração da Linha do Vouga. Fontes Consultadas Jornal do Povo: 02/11/1904. A Opinião: 21/11/1918. Assento de óbito nº 921do ano de 1918. Actas das Sessões da Câmara: Livro 22 – 1903/1906 Minutas das Actas das Sessões da Câmara: Livro 7 – 1903/1906 Minutas das Actas das Sessões da Câmara: Livro 8 – 1906/1909 António Tomás Ferreira Cardoso 61 1863 – Santiago de Riba-Ul Falecimento 23/01/1939 – Santiago de Riba-Ul Filiação António Joaquim de Santiago e Ana Augusta Ferreira Cardoso Profissão Eng. Civil e Proprietário Mandato(s) 1908 e 1910 a 1911 Elementos Biográficos Natural de Santiago de Riba-Ul, era um homem dotado de múltiplos interesses e cujo talento lhe permitia dedicarse com sucesso às diversas áreas da expressão artística. Os seus estudos começaram na sua freguesia de origem, tendo depois prosseguido no Porto, onde se viria a licenciar em engenharia civil pela Universidade do Porto. Possuindo a esposa vários terrenos de cultivo, dedicou-se à sua administração, concentrando a actividade na fruti e silvicultura. Essa opção deveu-se, provavelmente, ao seu vegetarianismo, visto que se alimentava quase exclusivamente de frutos frescos e secos. A conservação dos frutos e vegetais era um dos aspectos a que se dedicava com entusiasmo, procurando encontrar processos de conservar as propriedades naturais dos mesmos. A vertente artística não ficou esquecida com o seu regresso a Santiago. Aí colaborou com a banda de música local, servindo de regente em diversas ocasiões. Um episódio ilustra não só essa colaboração, mas também a sagacidade de António Tomas Cardoso. A banda, já na altura bastante afamada, tinha sido convidada para as Festas do Senhor de Matosinhos e deslocou-se para o Porto de comboio. À chegada à estação, a Comissão de festas desconfiou da capacidade daqueles músicos com ar rústico e calçados com tamancos, decidindo fazer o pagamento do cachet e dispensar de imediato os serviços da banda. António Tomás Cardoso recebeu a quantia acordada e, para se despedir de tão gentil e séria Comissão, fez a banda tocar um trinado. Tal foi o sucesso que a dita Comissão já não os quis deixar vir embora, mas, para isso, acabou por assinar um novo contrato. Concluído o curso, regressou a Santiago onde casou com Leonor Rebelo Valente. Além da música, paixão herdada do pai, António Tomás Cardoso dedicava-se à pintura, desenho e teatro. Em casa das irmãs levava à cena as peças que escrevia e encenava para um grupo amador composto apenas por homens. Em algumas ocasiões, essas peças foram apresentadas, com grande sucesso, tanto em Oliveira como nos concelhos vizinhos. A partir desse momento, a engenharia passou a ser uma actividade secundária, não se lhe conhecendo muitos trabalhos nessa área, apesar de ter sido autor de uma das propostas para o projecto do Hospital de Marco de Canavezes. Tratava-se, portanto, de um homem multifacetado, capaz de desenvolver as mais diversas actividades, mantendo, ao mesmo tempo, uma simplicidade que o fazia tratar com igual respeito todas as pessoas, independentemente da sua origem social. Datam da época universitária as primeiras notícias do seu interesse pela actividade artística, pois integrou uma tuna académica, que, além dos espectáculos no território nacional, foi convidada para actuar em Espanha. Monarquia Constitucional Nascimento Acontecimentos Marcantes do(s) Mandato(s) A sua primeira passagem pela Câmara, como Presidente de uma Comissão Administrativa, durou apenas um mês, tendo somente tempo para atribuir o Prémio Lopes Godinho e enviar um telegrama de condolências à família real, após o regicídio de 01de Fevereiro de 1908. 62 As comissões administrativas foram impostas pelo Governo, que entendeu suspender os actos eleitorais para nomear, a partir dos Governos Civis, elencos camarários mais favoráveis aos seus interesses, daí que na sessão de posse de Augusto Leitão o Vice-Presidente contestasse esta comissão por ser ilegal e resultar de uma manobra do Administrador do concelho. Era, no entanto, um problema a um nível superior. Após a Implantação da República, a primeira medida tomada pela nova Câmara republicana foi enviar telegramas de felicitações ao Governo e Câmara de Lisboa. Outra das medidas iniciais foi pedir a realização de um inquérito à Secretaria da Câmara até à data da sua entrada em funções. Decide enviar para os jornais locais os resumos das actas para publicação. Nomeia uma comissão para proceder ao arruamento da praça da vila, composta por Alfredo e Alegria e Francisco Landureza, e outra para a toponímia. Ao Governo, pede a construção de duas escolas na vila, a criação de uma delegação da Caixa Económica Portuguesa na vila, a criação de uma escola mista em Fajões e outra feminina em Nogueira do Cravo, a criação de bilhetes de ida e volta na Linha do Vouga e consegue a aprovação da construção da estrada entre a La-Salette e a estrada distrital 65. Aprova alterações às Posturas relativas a taxas sobre os lugares na praça, posse de cães e exercício de caça; delibera não voltar a autorizar as construções de ramadas sobre caminhos – visto que isso acabava por estrangular a circulação. Autoriza a colocação de tabuletas de publicidade, desde que não impeçam o trânsito e paguem uma taxa anual de 1$000 reis; a venda de farelos e cereais a peso na praça; e a colocação de candeeiros oferecidos por um benemérito em S. João da Madeira. Inicia a construção da avenida para a estação, já pedida por câmaras anteriores. Junta-se à contestação relativa à nova fórmula de cobrança de impostos por ser prejudicial aos municípios. Fontes Consultadas Minutas das Actas das Sessões da Câmara: Livro 8 – 1906/1909 Actas das Sessões da Câmara: Livro 23 – 1909/1911 Actas das Sessões da Câmara: Livro 24 – 1911/1914 Assento de óbito nº 34 do ano de 1939 Entrevista no dia 24 de Setembro de 2007 com as Sras. D. Maria Margarida Ferreira Cardoso Silva Pinto, D. Emília Freitas e Sr. Lázaro Pinto. Camilo Pacheco da Costa Ferreira 63 1842 – Santiago de Riba-Ul Falecimento 30/12/1920 – Santiago de Riba-Ul (Lugar da Fábrica) Filiação Maria Joaquina de Pinho Profissão Asilo da Infância Desvalida de Oliveira de Azeméis, mas também se associou a um conjunto de beneméritos que decidiram, em 1895, custear as despesas de funcionamento do Hospital da Misericórdia por um período máximo de cinco anos, uma vez que o edifício estava construído, mas não tinha rendimentos que permitissem o seu funcionamento. Além disso, participou ainda na comissão criada, por António Simões dos Reis, para prestar socorro às vítimas das cheias de 1879. Como industrial, criou a fábrica de curtumes da Conceição, local actualmente conhecido como Alto da Fábrica, devido à existência dessa indústria. Mandato(s) Apesar de solteiro, à data da morte legou por usufruto parte dos seus bens a Maria Cândida Ferreira, viúva de Casimiro Silva Pereira, que vivia há muitos anos na sua companhia e o restante ao Asilo da Infância Desvalida. 1908 a 1909 Os seus livros, legou-os ao professor da freguesia. Industrial/Proprietário Elementos Biográficos Acontecimentos Marcantes do(s) Mandato(s) Foi presidente da Junta de Paróquia de Santiago, tendo conseguido, durante esse período, construir uma escola primária masculina, inaugurada em 01 de Dezembro de 1873. Nesse mesmo ano, foi escolhido para vogal do Conselho Municipal. A eleição de Camilo Ferreira, nas listas do Partido Regenerador, foi contestada desde o princípio, pelos membros do Partido Progressista que recorreram para Tribunal. Foi também Administrador substituto do concelho, no ano de 1896. Na primeira década do século XX é encarregado de fiscalizar a aplicação da prestação de trabalho na freguesia de Santiago (1902 e 1904); oferece-se para fazer a cobrança dos impostos por avença na mesma freguesia em 1903; fez parte da Comissão de Recrutamento Militar. Em 1917, tal como Sebastião Fernandes de Almeida, foi nomeado para a Comissão de Abastecimento da vila e vogal da Junta de Repartidores da Contribuição Industrial. A sua vida esteve associada à beneficência, visto que não só ofereceu o terreno para a construção do edifício do Do pouco tempo que esteve em funções destaca-se: a compra de vacinas para os facultativos dos partidos médicos; a decisão de indemnizar o arrematante das maceiras e medidas por alguns géneros terem passado a ser vendidos a peso; o pedido de reparação de um caminho em Besteiros, destruído pelas obras de construção da Linha do Vouga; o pedido para o Eng. Neiva fazer o levantamento da planta da vila – embora autorizado, o pedido acabou por não ser concretizado por haver serviços urgentes para o funcionário executar. Estabeleceu as condições para ser feita a venda de milho nos mercados do concelho, abrindo concurso e seleccionando a proposta mais vantajosa; decidiu fazer a venda de pinheiros do baldio do Caima e incluir no orçamento preparado para 1909 uma verba destinada a Monarquia Constitucional Nascimento pagar despesas do Hospital de S. José, depois da ameaça da Comissão Distrital de chumbar todos os projectos que lhe fossem enviados pela Câmara de Oliveira sem uma rubrica para essa despesa. Em Fevereiro de 1909, o Supremo Tribunal Administrativo anula a eleição de Camilo Ferreira, pondo fim à sua actividade política. Actividades complementares 64 Esteve também ligado à criação da Associação Protectora de Socorros Mútuos de Santiago de Riba-Ul em 09/06/1884, que ocupou o espaço onde hoje está instalada a Junta de Freguesia. Foi ainda vogal da Comissão Organizadora dos Bombeiros de Oliveira de Azeméis. Fontes Consultadas A Opinião: 02/01/1921, 16/01/1921. Actas das sessões da Câmara: 30/12/1873, 07/11/1894, 13/08/1896, 19/06/1902, 05/02/1903, 22/10/1903, 19/05/1904, 23/02/1905, 12/10/1905, 07/06/1916, 15/08/1917, 19/12/1917. Minutas das Actas das Sessões da Câmara: Livro 8 – 1906/1909 Assento de óbito nº 646 do ano de 1920. Bibliografia Consultada César Guedes, Um olhar sobre o passado, CaimaPress, Oliveira de Azeméis, 1998, pp 83-84. Correio de Azeméis: 15/09/1956, 22/02/1979, 26/06/1984, 08/10/1896 Paulo José Ferreira de Almeida 65 1868 – Cucujães Bustelo, que ofereceu a vidraça da sala ao Asilo da Infância Desvalida, durante as obras de 1902. Em 1903 foi nomeado notário de Escariz – Arouca. Falecimento 16/01/1935 – Oliveira de Azeméis Filiação Paulo Ferreira de Almeida e Rosa Maria de Jesus Profissão Politicamente estava próximo da esfera progressista e integrou o grupo do Partido Progressista Oliveirense que faz uma visita de cortesia a José Luciano de Castro, no Inverno de 1903. Antes de 1909, exerceu como advogado em Vila do Conde, onde foi também Presidente de Câmara. Foi vice-presidente da Assembleia-Geral da Cooperativa de Oliveira de Azeméis. Advogado, Notário e Industrial Sócio da Sociedade de Defesa e Propaganda Oliveira de Azeméis, criada em 1928. Mandato(s) Exerceu a actividade de Notário e Advogado até ficar incapacitado, o que aconteceu dois anos antes de morrer. 1909-1910 Acontecimentos Marcantes do(s) Mandato(s) Elementos Biográficos Irmão de Bernardino José Ferreira de Almeida, António José e João Ferreira de Almeida. Casado com Ana Máxima Pais Carvalho de Almeida. Pai de Maria Hermínia Pais de Carvalho Ferreira de Almeida. Foi professor primário na escola de Cucujães entre 1888 e 1890, ano em que pede a exoneração. Contratado em algumas ocasiões como advogado da Câmara Municipal para a patrocinar em processos diversos até à Implantação da República. Durante os anos finais da Monarquia foi, por diversas vezes, nomeado para fazer parte das assembleias eleitorais como presidente. No ano de 1901, foi nomeado como suplente da Comissão do Asilo e contratado pela Câmara para dirimir um processo de águas. Em 1902 faz o exame de notário ficando aprovado. Era simultaneamente industrial, sócio da fábrica de vidros de Só toma posse depois de uma decisão do Supremo Tribunal Administrador considerar ilegal a eleição de Camilo Ferreira, tornando-se no último Presidente de Câmara da Monarquia. Por entender ser necessário proceder a obras de melhoramento da Praça dos Vales, manda levantar a planta da dita praça. Construída e inaugurada a Linha do Vouga, era necessário proceder à construção de acessos, pelo que é feito o pedido para a execução dos mesmos, tanto em Oliveira de Azeméis como em S. João da Madeira. A este propósito irá aceitar a oferta de um terreno para a construção de uma avenida em S. João da Madeira, do benemérito António Santos Laranjeira. Para Oliveira mandará elaborar um projecto que ligue a estação à rua António Alegria e Feira dos 11. Este projecto será contemplado com 650$000 reis. Posteriormente decide fazer o contrato com os herdeiros de Joaquim Alegria para construir a avenida da estação pela Rua do Mártir. A construção da linha de caminho de ferro teve como Monarquia Constitucional Nascimento consequência a destruição de servidões e caminhos ao longo do seu percurso pelo que a Câmara teve que reclamar a reparação desses estragos à Companhia de Caminho de Ferro do Vale do Vouga. Além disso, ainda solicita ao Rei que a continuação da linha se faça pelo trajecto inicialmente previsto, quando movimentações dos concelhos vizinhos pretendiam a sua alteração. 66 Constituída a corporação de bombeiros em 1906 e tendo-lhe sido entregue o material de combate a incêndios que a Câmara possuía, decidiu arrendar a parte do edifício escolar onde o mesmo se encontrava antes de ser entregue aos bombeiros. Manda o zelador verificar se as construções em curso junto a ruas públicas transgridem as posturas, dando a hipótese de regularização no caso negativo. Manda fazer a regularização do piso do largo de St. António, junto à escola e reparar o caminho da Minhoteira. Decide reformular as Posturas Municipais, fundindo as de 1886 com as publicadas avulso, dando particular enfoque aos aspectos relativos à obtenção de receitas. Alarga o espaço do mercado em S. João da Madeira que passa a realizar-se no largo da praça, largo de St. António e avenida Progresso, distribuindo a venda das mercadorias. Altera a designação da Rua Progresso que passa a chamar-se Simões dos Reis, homenageando, deste modo, esse Oliveirense por adopção. Aprova um regulamento de cobrança e fiscalização dos impostos municipais. Aceita a instalação, a título experimental, de candeeiros de iluminação pública a gás para avaliar se era um sistema mais económico que os candeeiros a petróleo. Pede ao Governo a criação de uma escola feminina na Lage. A título de curiosidade, refira-se que autoriza a prática de jogos de futebol na Feira dos 11. A última sessão a que preside tem lugar a 08 de Outubro de 1910, na qual aprova a acta da sessão anterior, encerrando-a de seguida por não haver assunto. Actividades complementares Secretário da Santa Casa da Misericórdia desde 1902 até ao início da década de 20. Fontes Consultadas Livro de Actas 1888/1890 (18) Jornal Povo: 01/02/1902, 12/04/1902, 09/07/1902, 22/11/1902, 21/03/1903, 18/04/1903, 18/11/1903, 09/10/1908, 20/02/1909, Correio de Azeméis: 08/10/1925, 09/09/1926, 01/11/1928, 21/09/1957, A Opinião: 19/01/1935 Actas das sessões da Câmara: 09/09/1890, 28/05/1895, 19/01/1901, 19/11/1901, 21/11/1923. Minutas das Actas das Sessões da Câmara: Livro 8 – 1906/1909 Actas das Sessões da Câmara: Livro 23 – 1909/1911 Primeira República 67 Com a Implantação da República, as vereações foram substituídas por elementos afectos ao novo regime. Entre 1910 e 1913, presidentes e vereadores são nomeados pelos governadores civis. Só nesse ano é aprovada a legislação que permite a realização de eleições. A vereação eleita toma posse em 1914 e, num período que coincide com a I Guerra Mundial, vai ter como principal preocupação assegurar o fornecimento, a preços controlados, de pão e cereais, considerados as subsistências básicas da população. Já depois da Guerra, numa altura de forte crise económica que se reflectiu na escassez de moeda em circulação, emitiu cédulas para facilitar as transacções comerciais. Mantiveram-se as preocupações com a construção e reparação das vias de comunicação, a saúde pública e os edifícios escolares. Iniciou-se, ainda, a electrificação da iluminação da vila. António Tomás Ferreira Cardoso 68 Nascimento 1863 – Santiago de Riba-Ul Falecimento 23/01/1939 – Santiago de Riba-Ul Filiação António Joaquim de Santiago e Ana Augusta Ferreira Cardoso Profissão Eng. Civil e Proprietário Mandato(s) 1908 e 1910 a 1911 Elementos Biográficos [Ver página 61] José Lopes de Oliveira 69 09/12/1878 – Nogueira do Cravo Falecimento 11/06/1960 – Nogueira do Cravo Filiação Manuel Lopes Júnior e Carolina de Oliveira Lopes Profissão Médico Mandato(s) 1911 a 1912 Elementos Biográficos Poderia resumir-se a sua vida com uma única palavra: polémica. Ainda que o conhecimento da sua biografia seja feito por dados muito parcelares, o que ressalta das notícias publicadas sobre esta figura é o constante envolvimento em conflitos verbais ou físicos com os seus opositores. Divorciado, conforme indica a transcrição de uma sentença judicial no jornal “A Opinião” de 30 de Julho de 1922, situação invulgar, à época em que viveu, não deixou descendentes. No entanto, a sua certidão de óbito refere que era viúvo de Maria Joaquina de Pinho. Começa por se assumir publicamente como republicano ainda durante a Monarquia. Formado em medicina, conseguiria ser nomeado facultativo do partido médico de S. João da Madeira em 1907. No ano seguinte, envia um ofício à Câmara a informar que deixava de fazer a inspecção do gado para abate na referida freguesia, devido às ilegalidades cometidas pelos talhantes, com a complacência da Câmara. Esta, naturalmente, repudia as acusações. Apesar disso, manteve-se no cargo até Março de 1911, altura em que pediu a demissão. No final desse ano seria nomeado Presidente da Câmara. Durante o mandato como Presidente, desempenhou igualmente o cargo de juiz-substituto, o que o impediu de presidir a algumas sessões. No ano de 1914 recusou-se a fazer o pagamento do imposto de prestação de trabalho, sendo-lhe aplicada uma multa pela Câmara. Em 1916, concorre novamente ao posto de facultativo do partido médico, sendo nomeado definitivamente para o partido de Oliveira de Azeméis em Julho de 1917. Nesse mesmo ano foi mobilizado para fazer o tirocínio como Alferes Médico Miliciano. A nomeação como facultativo do 1º partido médico do concelho equivalia, à época, a ser considerado em simultâneo sub-delegado de saúde. Em Abril de 1918, recebe um ofício da Direcção-Geral de Saúde a informar que se devia considerar desligado do serviço, como subdelegado. Lopes Oliveira considera que isso equivale a deixar de poder ser facultativo do partido apresentando a sua demissão. A Câmara, apesar de entender que uma coisa não implicava outra, aceitou a decisão. No ano seguinte exerceu, de forma temporária, funções de Administrador interino de Concelho, apresentando depois o pedido para lhe ser passada uma guia, para fazer a devolução do valor que recebeu por desempenhar esse cargo e que considerava indevido. A Câmara não faz a mesma leitura, mas uma vez mais a decisão é final. No início da década de 20 viu-se envolvido num processo judicial relacionado com a venda de terrenos do Monte dos Crastos à Junta de Paróquia de Oliveira de Azeméis, sendo condenado a prisão. Em 1922 manteve uma polémica com o juiz da Comarca nas páginas do jornal de Aveiro, “O Democrata“, que lhe valeu uma censura pública por parte da Câmara. Primeira República Nascimento Em 1923 teve uma altercação com o Dr. Pinho Rocha que degenerou em agressões físicas, sendo-lhe nessa altura feitas manifestações de desagravo relatadas nas páginas do “Correio de Azeméis“. Na sessão seguinte, apresenta as contas do seu curto mandato, entre acusações aos vogais em funções, que o expulsam da sala. Foi candidato a deputado pelo Partido Radical às eleições de 1925, sendo igualmente candidato à Câmara nesse ano. 70 No ano de 1927, em Março, foi preso e transferido para Lisboa, sob a acusação de estar associado às revoltas militares que tinham eclodido com maior destaque nas cidades do Porto e de Lisboa no mês de Fevereiro. Seria libertado no mês de Abril, regressando a Oliveira de Azeméis. No final da década de 30, em anúncio no “Correio de Azeméis“, informa que reside em Alviães – Palmaz – e se dedica à cunicultura, vendendo coelhos de várias raças. Terá, no entanto, segundo alguns testemunhos orais, mantido a actividade clínica em Oliveira de Azeméis até ao fim da vida. No ano da sua morte publica o livro “Respigas“ em que descreve uma das polémicas em que se envolveu ao longo da vida, desta vez com o juiz que julgou uma queixa que apresentou relativa a um paciente que não pagou a conta apresentada por a considerar excessiva. Acontecimentos Marcantes do(s) Mandato(s) Como todos os Presidentes de Câmara da I República, antes de 1914, José Lopes Oliveira foi nomeado por indicação do Governador Civil. Foi, no entanto, um presidente efémero, visto que não chegou a completar seis meses no cargo. Destacam-se, ainda assim, a elaboração de uma circular para que todas as Câmaras pedissem ao Governo que estabelecesse que os agricultores informassem mensalmente as Câmaras Municipais das entradas e saídas de vinho para a cobrança dos impostos ser mais rigorosa; a decisão de aplicar um imposto de 0$020 reis por litro nas bebidas alcoólicas como forma de evitar o alcoolismo. Esta proposta viria a ser chumbada a um nível superior, pela Comissão Distrital. Estabelece que o gado seja abatido apenas ao fim do dia, para evitar que as carnes se degradassem rapidamente com o calor. Apresenta um pedido ao Governo com vista à conclusão da estrada Bustelo – Cesar. Em Maio de 1912 anuncia o pedido de demissão por terem falhado as condições que estavam na base de coligação entre as diferentes forças políticas, não podendo continuar o programa político estabelecido. Os restantes vogais protestam com veemência, mas a sua decisão mantém-se inabalável. Fontes Consultadas A Defesa: 40/11/1925, 19/11/1925. Correio de Azeméis: 24/12/1922, 27/09/1923, 11/10/1923, 17/03/1927, 14/04/1927, 25/05/1938, 18/06/1960. Jornal do Povo: 21/09/1907, 25/09/1907 A Opinião: 18/06/1916, 17/12/1916, 14/03/1918, 24/10/1918, 01/05/1921, 30/07/1922, 18/06/1960. Actas sessões da Câmara: 05/09/1907, 19/07/1907, 27/08/1908, 18/03/1911, 12/02/1912, 09/05/1912, 16/12/1914, 16/02/1916, 05/07/1917, 14/03/1917, 25/04/1917, 21/11/1917, 24/04/1918, 28/04/1918, 29/11/1922. Actas das Sessões da Câmara: Livro 24 – 1911/1914 Assento de óbito nº 241 do ano de 1960. Luís Soares Martins 71 de Viana do Castelo. 12/01/1872 – Gemieiro, Macinhata da Seixa 11/06/1957 Posteriormente iniciou um périplo profissional, que duraria cerca de 30 anos, pelos quatro cantos do império, tendo estado na Índia Portuguesa, Angola e, finalmente, Cabo Verde, onde atingiu a categoria de Director das Obras Públicas. Filiação Acontecimentos Marcantes do(s) Mandato(s) Domingos Soares Martins e Maria Rosa Nunes de Oliveira Na sequência da demissão de José Lopes Oliveira é nomeado Presidente, ainda que durante aproximadamente um mês tenha continuado como Vice-Presidente, assegurando a Presidência interina. Falecimento Profissão Engenheiro Civil Mandato(s) 1912 Elementos Biográficos Casou a 26 de Novembro de 1913 com Sara Ferreira da Silva Alegria e teve três filhos: Abel Alegria Soares Martins (Director do Serviço de Urbanismo de Braga), João Alegria Soares Martins e Luísa Alegria Soares Martins. Formou-se em engenharia civil pela Escola do Exército. Em 1896 foi provido no lugar de Director das Obras Municipais da Feira. Em 1899 apresenta um projecto de saneamento para o edifício dos Paços do Concelho de Oliveira de Azeméis, no valor de 15$000 reis. Em 1900 foi nomeado engenheiro auxiliar das obras públicas de Moçambique e, no ano seguinte, Director da Secção de Obras de Moçambique. Durante os oito meses em que assegura a presidência, manda reparar a estrada da Venda Nova e de Ovar e os esgotos dos Paços do Concelho; autoriza a criação de um mercado semanal em Cesar; nomeia uma comissão para estudar a realização de um empréstimo de 30 contos – com vista a harmonizar a dívida e construir uma nova cadeia; faz um voto de louvor à Comissão do Asilo pela construção do novo edifício; estabelece um regulamento para o empréstimo do cilindro camarário; manda multar os pastores que usam os terrenos privados para alimentar os rebanhos – algo que motivava frequentes queixas dos proprietários –; e requisita cereais para abastecer o concelho. Pediu a exoneração, depois de ver que não era colocado um professor na escola de Macinhata da Seixa, ao fim de várias tentativas e por se ver impossibilitado de arrecadar devidamente os impostos municipais, uma vez que a autoridade administrativa não satisfez o seu pedido de mandar vir polícia para fiscalizar o cumprimento das posturas. À data em que exerceu a presidência da Câmara de Oliveira tinha regressado ao seu lugar de engenheiro na Câmara Municipal da Vila da Feira. Desta data até à posse de Ernesto Pinto Basto, não há mais nenhuma nomeação para a presidência da Comissão Administrativa. As sessões vão sendo presididas pelo vereador mais velho que estiver presente, sem nunca assinar como presidente efectivo. Mais tarde passaria a desempenhar funções na Câmara Durante esse espaço de tempo, cerca de um ano, os Primeira República Nascimento acontecimentos mais relevantes são: - regulamento da realização da Feira dos 11, para que a mesma fosse antecipada sempre que coincidisse com o domingo; - pedido de subsídio para reparação da estrada S. Martinho – Ovar; - pedido de criação de uma escola feminina em Loureiro; - atribuição de subsídio para estradas em S. Martinho e Pinhão; 72 - alteração da toponímia do largo da Feira dos 18 que passa a chamar-se Praça da Liberdade, - concessão de subsídios para a atribuição de prémios para a realização de uma exposição agrícola e industrial, durante as Festas de La Salette em 1913 - decisão de se cobrar uma taxa aos vendedores ambulantes, depois da reclamação dos comerciantes que se queixavam de concorrência desleal; - distribuição de milho pelos mercados de Oliveira de Azeméis, S. João da Madeira e Cesar; - decisão de fazer a cobrança coerciva dos foros em dívida nos últimos cinco anos; - pedido ao Ministro da Justiça que os julgamentos resultantes da aplicação de coimas passem a ser feitos pelos juizes de direito e não pelos juízes de paz. Fontes Consultadas Actas das sessões da Câmara: 25/04/1899. Actas das Sessões da Câmara: Livro 24 – 1911/1914 Informações orais do Sr. Engenheiro Delgado Jornal do Povo, nº 1608 de 25/07/1896; nº 2006 de 25/08/1900; nº 2156 de 14/12/1901 Ernesto da Costa Sousa Pinto Basto 73 1847 – Oliveira de Azeméis Falecimento 06/06/1914 – Oliveira de Azeméis Filiação José da Costa Sousa Pinto Basto e Maria Rita Carvalho de Sousa Profissão Capitalista Mandato(s) 1882 a 1886 e 1914 Elementos Biográficos [Ver página 43] Primeira República Nascimento Aníbal Pereira Peixoto Beleza 74 Nascimento Data 06/10/1876 – Travanca, Castelo de Paiva Falecimento Data 19/03/1949 – Quinta do Almeu, Macinhata da Seixa Filiação Constantino Beleza Vasconcelos Profissão Advogado Mandato(s) 1914 a 1918 e 1919 a 1923 Elementos Biográficos Casado com Maria Margarida Cabral Beleza e com duas filhas: Maria Cândida e Maria Rosalina Pereira Peixoto Beleza. Em Outubro de 1902 é transferido para Delegado da Comarca de Oliveira de Azeméis, proveniente de Vila Franca de Xira onde estava colocado a exercer as mesmas funções. Pacheco da Costa Ferreira, assumindo a vice-presidência, mas, por decisão do Supremo Tribunal Administrativo, a Câmara foi dissolvida passados poucos meses. Com a Primeira República, assumiu-se como Presidente da Comissão Municipal do Partido Republicano Português, pelo qual chegou a ser eleito deputado em 1925. Em 1917 foi nomeado para a Comissão de Abastecimento da Vila. A sua vida passou também pela presidência da Assembleia-Geral do Asilo da Infância Desvalida e da Junta Escolar, cargos que ocupou durante largos anos. Entre 1928 e 1949 foi director do jornal “Correio de Azeméis“, que servia de tribuna à oposição ao Estado Novo. Acontecimentos Marcantes do(s) Mandato(s) Os mandatos de Aníbal Beleza têm um grande enfoque na vertente educativa, com a realização de obras em várias escolas do concelho e a construção de edifícios novos em Travanca, Areosa, Macieira de Sarnes, Pinheiro da Bemposta, e Oliveira de Azeméis (transferência da escola Conde Ferreira). Isto sem contar com o fornecimento de mobiliário escolar e material didáctico solicitado pelos professores e o lançamento dos concursos para colocação dos mesmos. Em 1902 foi eleito vereador da Câmara, mas não chegou a tomar posse por a sua eleição ter sido considerada ilegal pelo Tribunal Administrativo. O outro aspecto que merece grande importância durante a sua presidência, até pelo facto de coincidir com o período da I Guerra Mundial, é o abastecimento dos géneros alimentícios. Promove, assim, a regulação dos preços de venda das carnes verdes; cria um Celeiro Municipal que faz a distribuição dos cereais adquiridos pela Câmara para evitar a especulação; e, entre Junho e Dezembro de 1918, faz funcionar uma padaria municipal, em edifício cedido por Artur Pinto Basto, para que todos tivessem acesso ao pão. Na eleição de 1908 foi eleito vereador na lista de Camilo Autoriza a instalação de uma linha telefónica às minas do Foi nomeado Administrador do Concelho em 1903, entregando o cargo ao Presidente da Câmara, a pedido deste, em Outubro do ano seguinte. Nesse ano de 1904 viria a fazer parte das comissões eleitorais do concelho. Nos anos de 1906 e 1910 viria a repetir a nomeação para o cargo de Administrador do Concelho. Pejão e a instalação de uma central hidroeléctrica para fornecer energia às minas do Pintor. É durante o seu mandato que se inicia a instalação de uma rede eléctrica na vila e o fornecimento de electricidade aos moradores. No sentido de garantir a sobrevivência da Fábrica de Papel do Caima, intervém junto do Governo para que não seja liberalizada a importação de papel, no que foi bem sucedido. Contrai um empréstimo de quatro contos para instalar um hospital de emergência para as vítimas da epidemia de tifo e cede um terreno para a construção do quartel dos bombeiros. São feitas obras no reservatório da pia-nasce-águas na LaSalette que abastecia a vila e nas condutas para evitar a contaminação de esgotos, em especial no perímetro urbano, aberta a avenida da Feira dos 11, construída a casa do guarda do cemitério, reparados passeios e calçadas na vila e estradas nas diversas freguesias. A cobrança dos impostos (sobre a venda de carnes e vinho) passa a ser feita por um sistema de avenças, evitando, assim, o dispêndio com pessoal para a realização dessa tarefa. Em 1922, devido à escassez de moeda em circulação, são emitidas 50.000 cédulas de 0$10 e outras tantas de 0$02 para possibilitar a manutenção do sistema financeiro que de outra maneira entraria em colapso por falta de meios de pagamento. Refira-se ainda que é durante o seu mandato que são dadas instruções a um dos vereadores, Quintino José da Silva, para ser comprado o pergaminho original da criação do Concelho, que se encontrava em Alcácer do Sal, pelo preço de 90$00. Fontes Consultadas Jornal do Povo: 09/05/1903, Correio de Azeméis: 12/10/1922, 02/11/1922, 16/11/1922, 29/03/1923, 29/01/1925, 28/05/1925, 22/10/1925, 19/11/1925, 17/12/1925, 07/01/1926, 21/01/1926, 28/01/1926, 02/02/1926, 25/02/1926, 18/03/1926, 2010/1927, 01/03/1928, 01/11/1928, 26/03/1949. Actas das sessões da Câmara: 14/05/1903, 15/12/1903, 27/10/1904, 17/11/1904, 29/03/1906, 09/07/1910, 15/08/1917. Actas das Sessões da Comissão Executiva da Câmara: Livro 1 – 1914/1915 Actas das Sessões da Comissão Executiva da Câmara: Livro 2 – 1915/1917 Actas das Sessões da Comissão Executiva da Câmara: Livro 3 – 1917/1920 Actas das Sessões da Comissão Executiva da Câmara: Livro 4 – 1920/1922 Actas das Sessões da Comissão Executiva da Câmara: Livro 5 – 1922/1923 75 Primeira República Faz aprovar um regulamento para a cobrança de um imposto municipal sobre a exportação de madeiras e aplicar as Posturas já existentes sobre o pastoreio de gado em propriedades privadas, que era na altura motivo de muitas queixas. Albino Soares Pinto dos Reis Júnior 76 Nascimento 07/10/1888 – Loureiro Falecimento 14/05/1983 – Loureiro Filiação Frederico Albino Soares Pinto dos Reis e Maria da Silva Pereira Marques Profissão Presidente Supremo Tribunal Administrativo Mandato(s) 1919 e 1923 a 1926 Elementos Biográficos Albino dos Reis foi um dos mais destacados Oliveirenses do século XX. A sua vida pública foi longa e passou essencialmente pela capital, mantendo, no entanto, uma ligação constante à terra natal, que se traduziu no apoio a projectos que careciam de suporte financeiro do poder central. O seu primeiro cargo público durante o Estado Novo foi o de Governador Civil de Coimbra, embora por um período breve, de Novembro de 1931 a Julho 1932. Isto, porque, nesse mesmo ano, foi convidado a assumir o cargo de Ministro do Interior, no primeiro Governo liderado por António de Oliveira Salazar, cargo do qual pede a demissão em Julho de 1933. Depois de abandonar o Governo, permaneceu como deputado à Assembleia Nacional até 1974. Também aí desempenharia um papel importante ao ser escolhido para Presidente da Assembleia Nacional entre 1945 e 1961. Em Julho de 1952 foi nomeado Conselheiro de Estado Vitalício, facto que, somado aos anteriores, demonstra a sua preponderância política e pessoal durante o Estado Novo. Paralelamente à vida política, a vida profissional foi igualmente profícua, tendo tomado posse como Juiz do Supremo Tribunal Administrativo em Dezembro de 1933. Aproximadamente dois anos e meio depois, em Julho de 1936, foi nomeado Presidente desse órgão, cargo que manteve até 1958, ano em que se aposentou. Em 1954, nas comemorações do 70º aniversário, recebeu um tríptico de prata oferecido pelos concelhos do Distrito de Aveiro, como forma de homenagear a sua figura. Essa peça viria a ser doada pelas filhas à Câmara Municipal em 1989. Licenciou-se em direito pela Universidade de Coimbra; em 1913 veio trabalhar para Oliveira de Azeméis no escritório do Dr. Aníbal Beleza que viria a ser o seu grande adversário político entre os anos de 1915 e 1926. Depois do 25 de Abril, retirou-se da vida pública, regressando à sua casa de Loureiro, onde viria a falecer. Em 1919 tornou-se Conservador do Registo Civil em Oliveira de Azeméis, passando, em 1927, a Conservador e Notário de S. João da Madeira, que entretanto se autonomizara como concelho. Acontecimentos Marcantes do(s) Mandato(s) Entre estas duas datas, já tinha sido Presidente da Câmara e deputado eleito em 1921 e 1925. A sua primeira passagem pela Comissão Executiva da Câmara é feita através de uma comissão administrativa na sequência das revoltas monárquicas em 1919. Derrotada a rebelião monárquica, a Câmara em funções foi exonerada e Albino dos Reis eleito para liderar uma Comissão Administrativa até à realização de eleições. O espaço de meses em que esteve em funções permitiu ainda assim a reorganização do mapa dos partidos médicos do concelho, extinguindo o segundo lugar da vila e abrindo uma vaga em Loureiro e outra em Carregosa. Foi ainda expresso o apoio da Câmara à criação de uma Companhia Distrital da GNR. eléctrica, aumento das taxas de contribuição industrial, predial urbana e rústica e venda de papel inutilizado A sua segunda passagem pela Câmara começa com uma eleição polémica em que concorreu pela coligação dos Partidos Nacionalista e Monárquico contra o Partido Republicano Português de Aníbal Beleza. Este chegou a tomar posse e a exercer funções durante cerca de três meses, após o que uma decisão judicial entregou a presidência a Albino dos Reis e à sua vereação. 77 Primeira República O seu segundo mandato ficou marcado pela questão do abastecimento de electricidade tanto à sede do concelho como à freguesia de S. João da Madeira. No caso de S. João da Madeira, cujo abastecimento era assegurado por uma companhia local, aumentou de forma muito acentuada o custo com a exploração da rede, obrigando a um aumento das verbas destinadas em orçamento ao pagamento desse serviço e, mesmo em 1925 e 1926, à apresentação de orçamentos suplementares para garantir verbas destinadas a esse fim. Na sede do concelho o abastecimento foi assegurado inicialmente pela firma Palmaz Eléctrica e posteriormente pela Guedes e Ferreira, que lhe sucedeu comercialmente, embora pertencesse aos mesmos proprietários. O problema, que se arrastou entre 1923 e 1926, consistiu na impossibilidade de chegar a um acordo entre a Câmara e a empresa, para o valor pelo qual a electricidade seria fornecida. A Autarquia entendia que o preço pedido (2$00) era demasiado elevado e que não poderia reflectir esse preço no valor cobrado aos consumidores sob pena de agravar ainda mais o preço. Foi feita a contraproposta de o preço variar em função da dívida cambial, algo que não interessou à empresa e, assim, depois de ameaças de corte do fornecimento, acabou por ser conseguido, por intermédio de Bento Carqueja, um acordo provisório que viria a funcionar até ao fim do mandato de Albino dos Reis. Para promover o consumo eléctrico e ampliar o número de clientes com um consequente aumento de receitas, foi decidido oferecer a instalação e vender o material necessário pelo preço de custo, cobrado em prestações, para que mesmo as famílias com menos posses tivessem acesso a este equipamento. Num período de dificuldades económicas e com as despesas crescentes devido ao abastecimento de electricidade, algumas das medidas tomadas visavam um aumento da receita, sendo assim aumentado o preço das taxas de lugares no mercado municipal, cobrança de taxas aos carros de praça de fora do concelho que fizessem serviço durante as Festas de La Salette, aumento das avenças e do preço do KW no fornecimento da energia Fontes Consultadas Voz de Azeméis: 21/05/1983. Correio de Azeméis: 01/11/1922, 12/06/1924, 29/07/1933, 21/09/1989, 05/02/1990. Actas das Sessões da Comissão Executiva da Câmara: Livro 3 – 1917/1920 Actas das Sessões da Comissão Executiva da Câmara: Livro 5 – 1922/1923 Actas das Sessões da Comissão Executiva da Câmara: Livro 6 – 1923/1926 78 Ditadura Militar/Estado Novo 79 Entre o golpe militar de 28 de Maio de 1926 e 1928, quando a situação política nacional estabiliza, sucedem-se as comissões administrativas na gestão da Câmara. Será a partir dessa data que os mandatos se tornam longos, devido, por um lado, à ideologia do Estado Novo que fazia a apologia da estabilidade governativa e, por outro, pelo facto de os presidentes não serem eleitos, mas sim nomeados. Procuravam-se figuras que apoiassem o regime e tivessem alguma disponibilidade para exercer um cargo não remunerado, de preferência por um período de tempo longo. Apesar da centralização do poder não permitir grande autonomia financeira, este período fica marcado pela construção do mercado municipal, da escola Soares de Basto, do palácio da justiça e pela expansão de infraestruturas de água e luz às freguesias. António Pedro de Carvalho 80 Nascimento Aí viria a falecer em Julho de 1935. 30/07/1887 – Ponte de Sôr Acontecimentos Marcantes do(s) Mandato(s) Falecimento 10/07/1935 – Coimbra Filiação José Pedro de Carvalho e Vicencia Rosa Domingues Profissão Militar Mandato(s) 1926 Elementos Biográficos Casado em Junho de 1907 com Margarida Marques de Sousa Maia e pai de Jovita Pedro de Carvalho e Rui Pedro de Carvalho. Alistou-se como voluntário no Regimento de Infantaria 24 em Agosto de 1905, onde permaneceu até 14 Agosto de 1916, com o posto de Sargento-Ajudante. A 15 de Abril desse ano, foi promovido a Alferes. Foi depois mobilizado para o Corpo Expedicionário Português, tendo embarcado para a Flandres. No regresso, depois de passar um período na disponibilidade, por incapacidade para o serviço, foi promovido a Tenente em Maio de 1919. Fica colocado no Regimento de Infantaria 19, passando mais tarde para o Regimento de Infantaria 24 onde estará durante o 28 de Maio. Em Janeiro de 1927 é promovido a Capitão. Nessa altura é requisitado pela PSP para desempenhar funções de segurança interna na cidade de Aveiro. Em Fevereiro de 1931, ficou colocado, por despacho, no 3º Batalhão da GNR em Coimbra, passando depois para o 5º Batalhão como comandante da 3ª Companhia. Após o golpe militar de 28 de Maio de 1926, os órgãos do poder local mantiveram-se em funções durante cerca de um mês sem ser visível qualquer alteração ao seu desempenho. A 2 de Julho, António Pedro de Carvalho, então Tenente do Regimento de Infantaria 24 em Aveiro, recebe Guia de Marcha para se apresentar no Governo Civil da Cidade a fim de desempenhar tarefas administrativas. Nesse mesmo dia é-lhe entregue nova Guia de Marcha, com destino a Oliveira de Azeméis, para vir tomar posse como Administrador do Concelho. No próprio dia chega a Oliveira de Azeméis e, não havendo outra autoridade militar com um posto superior ao seu, carimba a sua própria apresentação. Dias mais tarde, a 16 de Julho, fica registado no livro de actas respectivo, que toma posse, por ele próprio das funções administrativas da Câmara, o que nos parece equivaler ao exercício da Presidência da mesma, até à nomeação de uma Comissão Administrativa. A sua tomada de posse ficou registada na última folha do livro de actas então em curso, não existindo nenhum livro de actas para o período entre este momento e a nomeação de Alfredo de Andrade em 1928. Sabemos que em 5 de Agosto de 1936 o Tenente Carvalho estava a enviar a Guia de Marcha, para lhe serem pagas as ajudas de custos relativas ao período em que esteve deslocado. Será assim de supor que nessa data a Comissão Administrativa encabeçada por Eduardo da Fonseca já estivesse empossada. No entanto, aquilo que existe é um livro de apontamentos, rascunhos sem validade jurídica e sem assinaturas, no qual não está registada qualquer tomada de posse para esse momento. Fontes Consultadas Actas das Sessões da Comissão Executiva da Câmara: Livro 6 – 1923/1926 AHM/DIV/3/7/2296 Bibliografia Consultada Correio de Azeméis, Edição Especial 75 anos, Abril, 1998. Eduardo Augusto da Fonseca 81 1876 – Oliveira de Azeméis Falecimento 10/07/1940 – Oliveira de Azeméis Filiação Francisco Joaquim da Fonseca e Maria Olímpia da Fonseca Nomeado administrativamente para chefiar uma Comissão Administrativa na fase de convulsões que se seguiu à revolução do 28 de Maio, Eduardo da Fonseca permaneceu muito pouco tempo no cargo, sendo substituído por Alfredo de Andrade. Começa por pedir a Aníbal Beleza, Presidente do Asilo, que fizesse um relatório sobre a questão dos foros do Asilo da Infância Desvalida, visto ter iniciado algumas acções judiciais nesse âmbito enquanto Presidente da Comissão Executiva da Câmara. Contador Proíbe a exposição de carne à porta dos talhos, por questões de higiene e decide colocar placas, dirigidas ao trânsito automóvel, com o dístico “afrouxar” a 10Kms das localidades. Mandato(s) Manda concluir as obras para a adaptação do espaço da antiga conservatória a gabinete do Juiz. Profissão 1926 Aprova o projecto de ligação da estrada nacional 10 (Lisboa ao Porto) com a distrital 68 (Oliveira a Palmaz). Elementos Biográficos Irmão de Conceição Madureira Fonseca e Angelina Fonseca. Solteiro. Foi o Secretário da Comissão Organizadora dos Bombeiros de Oliveira de Azeméis, em 1906. Mais tarde faria parte do Conselho Fiscal da instituição. Em 1907 foi o secretário da comissão organizadora dos festejos pela construção do abastecimento de água à vila. Nomeado para a Comissão do Asilo da Infância Desvalida, a partir de 1928, da qual se tornou presidente na década 30 até à data da morte. Estava aposentado do cargo de Contador da Comarca, o funcionário judicial encarregue de fazer os cálculos das custas dos processos. Acontecimentos Marcantes do(s) Mandato(s) Fontes Consultadas Jornal do Povo: 24/09/1904, 28/11/1906, 30/10/1907. Correio de Azeméis: 05/08/1926, 25/11/1926, 21/06/1928, 21/11/1929, 09/08/1930. A Opinião: 03/01/1915. Assento de óbito nº 269 do ano de 1940. Apontamentos das Actas das Sessões da Comissão Executiva da Câmara: Livro 11 – 1919/1928 Bibliografia Consultada Correio de Azeméis, Edição Especial 75 anos, Abril 1998. Ditadura Militar / Estado Novo Nascimento Alfredo Fernandes de Andrade 82 Nascimento 19/06/1878 – Santo Ildefonso Falecimento 06/01/1959 – Cucujães Filiação João Ferreira de Andrade e Amália Júlia Fernandes de Andrade Profissão Proprietário Mandato(s) 1926 a 1927 e 1928 a 1945 Elementos Biográficos Apesar de ter nascido no Porto, a família paterna de Alfredo de Andrade era originária do Couto de Cucujães. A sua mãe era brasileira, tendo-se casado com o seu pai, enquanto este viveu no Rio de Janeiro. Alfredo de Andrade acabaria, apesar do nascimento no Porto, por viver no Couto de Cucujães, durante toda a sua vida. Casou com Maria José Soares Vidal, também ela natural de Cucujães. Acontecimentos Marcantes do(s) Mandato(s) Alfredo de Andrade possuía já uma larga experiência como vereador da Comissão Executiva da Câmara Municipal durante a Primeira República, tanto durante as presidências de Aníbal Beleza como de Albino dos Reis, quando foi chamado a encabeçar uma comissão executiva, após o pedido de exoneração apresentado por Eduardo Fonseca em Outubro de 1926. Alfredo de Andrade exerceu funções como autarca durante perto de trinta anos, se somarmos o período em que foi vereador durante a Primeira República com os anos de Presidência no Estado Novo. Como Presidente, foi aquele que mais tempo ocupou o cargo, durante cerca de vinte anos. A essa situação não será alheia a sua ligação próxima a Albino Soares dos Reis, que o foi indicando como a pessoa mais habilitada a exercer o cargo até à década de 40. A demissão de Eduardo Fonseca tinha sido causada, entre outros motivos, pelo abandono de alguns vogais após a criação do Concelho de S. João da Madeira, a 11 de Outubro de 1926. Na sessão em que a comissão liderada por Alfredo de Andrade tomou posse essa situação foi motivo para um protesto enérgico, mas que não teve resultados práticos. A questão dos encargos com o fornecimento da electricidade levou a comissão, por ele liderada, a pôr a concurso esse fornecimento, como forma de aliviar os cofres da Autarquia. Em simultâneo, consegue chegar a um acordo com a Sociedade Industrial do Caima, para ser feito o pagamento da dívida em três prestações, entre Setembro de 1926 e Abril de 1927. Altera o Quadro Orgânico em vigor desde 1922, extinguindo o lugar de Empregado Técnico, reduzindo de três para dois o número de amanuenses, e de cinco para quatro facultativos. Ainda faz a nomeação da Comissão para a inauguração da Escola Comercial e Industrial “Comércio do Porto”, mas já não preside à inauguração, visto que entretanto foi substituído por Arnaldo Guimarães. A comissão liderada por Arnaldo Guimarães apenas ficará alguns meses em funções e, em Março de 1928, Alfredo de Andrade regressa à Presidência de uma nova Comissão Administrativa, sendo depois nomeado, sucessivamente pelo Governo, para exercer as Funções de Presidente da Câmara até ao final do ano de 1945. A orgânica da Câmara será novamente alterada, desta vez para criar uma segunda repartição, que integrava os funcionários da Administração do Concelho entretanto extinta, para tratar dos assuntos que, por força dessa situação, tinham passado para a competência do Município. São desse período as suas obras mais marcantes. O mercado é transferido da Praça José da Costa para o recinto da Feira dos 11, para dar lugar ao jardim público que ainda hoje funciona como um espaço de lazer da cidade. Outro dos melhoramentos importantes consistiu na construção da nova Cadeia da Comarca, visto que a primitiva se situava nas salas do rés-do-chão dos Paços do Concelho, permitindo um acréscimo de espaço para a instalação dos serviços camarários, à medida que estes foram ganhando dimensão. O edifício da cadeia seria mais tarde convertido em posto territorial da GNR e, mais recentemente, em sede do núcleo da Cruz Vermelha. Resulta ainda do mandato de Alfredo de Andrade a abertura da Avenida António José de Almeida e a construção da Casa dos Magistrados, que foi entretanto demolida para a construção do actual edifício do Tribunal do Trabalho. Fontes Consultadas Apontamentos das Actas das Sessões da Comissão Executiva da Câmara: Livro 11 – 1919/1928 Bibliografia Consultada Magalhães, António (2007): Alfredo Fernandes de Andrade – Um autarca injustamente esquecido, Correio de Azeméis, nº 4201, 17 de Abril, p. 3. Correio de Azeméis, Edição Especial 75 anos, Abril 1998. 83 Ditadura Militar / Estado Novo A transferência do mercado foi alvo de críticas, por retirar os vendedores de um espaço central para outro periférico, mas tudo isso foi ultrapassado com a construção do mercado municipal e das ruas que o ladeiam, no topo norte do jardim, que correspondia ao antigo espaço do mercado. Arnaldo Ferreira da Silva Guimarães 84 Nascimento 1879 – Oliveira de Azeméis Promove a sessão de homenagem a Bento Carqueja e ao Ministro da Instrução e Comércio durante a inauguração da Escola Industrial e Comercial “Comércio do Porto”. Falecimento Proíbe o uso de escape aberto nos automóveis, dentro da vila, sob pena de multa. 23/01/1931 – Oliveira de Azeméis Filiação Bento da Silva Guimarães e Ana Guimarães Profissão Advogado Mandato(s) Decide readmitir o 3º amanuense, cuja vaga havia sido suprimida, devido à extinção das administrações concelhias e consequente aumento do trabalho administrativo. Pede o calcetamento da estrada nacional 10 com paralelos no interior da vila. Decide transferir a Conservatória de Registo Predial para as antigas instalações da administração do concelho, que tinham ficado vagas, até serem construídas instalações novas. 1927 - 1928 Elementos Biográficos Filho do conservador da Comarca. Irmão de Mário e Álvaro Guimarães Casado com Olinda La-Salette Marques de Amorim, filha do tabelião Manuel Marques Nogueira de Amorim e Silva. Pai de Bento Manuel Guimarães, que morreria aos 27 anos, em 1938. Depois de concluir os estudos de direito na Universidade de Coimbra, no ano de 1906, veio exercer para Oliveira de Azeméis, de onde era natural. Em 1909 foi nomeado subdelegado do procurador régio. Mais tarde tornou-se Conservador do Registo Predial e Juiz de Direito substituto. Acontecimentos Marcantes do(s) Mandato(s) Apesar de breve, a sua passagem pela Câmara contribuiu para a sobrevivência do Asilo da Infância Desvalida, por ter conseguido a publicação do Decreto 15:076. Fontes Consultadas Jornal do Povo: 26/09/1903, 23/07/1906. A Opinião: 18/07/1909, 06/12/1914, 25/01/1931, 11/04/1942. Correio de Azeméis: 08/12/1927, 29/03/1928, 20/06/1929, 28/08/1929, 31/01/1931, 26/02/1938. Apontamentos das Actas das Sessões da Comissão Executiva da Câmara: Livro 11 – 1919/1928 António Eduardo da Silva Cravo 85 21/09/1887 – Valverde, Loureiro Falecimento 25/06/1981 – Rio de Janeiro Filiação Manuel Soares de Oliveira Cravo e Joaquina Rosa Nunes da Silva Profissão representante das Juntas de Freguesia no Conselho Municipal de Oliveira de Azeméis e presidiu a uma instituição de solidariedade. Essa acção filantrópica valer-lhe-ia o grau de Comendador da Ordem da Benemerência, por Decreto de 30 de Dezembro de 1957. De volta ao Brasil, presidiu ao Orfeão Português do Rio de Janeiro em 1951 e 1952; foi mordomo e vice-presidente do hospital da Ordem Terceira da mesma cidade; vogal do conselho da colónia, da direcção do Real Gabinete Português de Leitura; e Presidente da Caixa de Socorros de D. Pedro V. Permaneceria no Brasil até à data da sua morte em 1981. Industrial e Proprietário Acontecimentos Marcantes do(s) Mandato(s) Mandato(s) 1946 Elementos Biográficos O seu pai, 1º Barão de S. João de Loureiro, foi uma das figuras ligadas ao Partido Progressista de Oliveira de Azeméis. Os seus pais viriam a falecer quando ainda era bastante jovem, nos finais do século XIX. Fez os seus estudos no seminário de S. Vicente. Viria a emigrar para o Brasil onde fez grande parte da sua vida e se afirmou como uma das figuras maiores da comunidade lusa aí radicada. Fazia uso do título de Barão, com autorização de D. Manuel II, mesmo depois da Implantação da República. Entre 1930 e 1936, foi o Presidente da Liga Monárquica de D. Manuel II, conseguindo o cargo de Lugar-Tenente do Delegado de D. Manuel II de 1933 a 1936. Com um mandato muito breve, cerca de três meses, António Cravo, foi um presidente de transição entre os consulados longos de Alfredo de Andrade e Ernesto Soares dos Reis. Assegurou, assim, a gestão corrente, não tendo tempo para apresentar obras de grande vulto. Podemos destacar do seu curto mandato o pedido de realização de uma sindicância aos serviços da Câmara, devido aos boatos que circulavam na vila sobre a conduta de alguns funcionários. Deu início ao estudo para a construção de uma estrada entre o largo do Hospital e Cidacos, atribuiu subsídios para a construção de um forno de fundição de metal na Escola Industrial e Comercial “Comércio do Porto” e para as obras em curso no estádio Carlos Osório. Além destes aspectos, podemos também salientar a sua intervenção junto da Câmara de Estarreja para que a Cooperativa Eléctrica de Loureiro pudesse abastecer o lugar de Macieira em Avanca. Além disso, ainda foi vogal da Câmara Portuguesa do Comércio e Indústria do Rio de Janeiro entre 1928 e 1934. Fontes Consultadas Jornal do Povo: 23/08/1902 Informações Prof. Magalhães Actas das Sessões da Câmara: Livro 30 – 1945/1947 Regressado a Portugal foi vereador da Câmara Municipal, Presidente da Comissão Paroquial da União Nacional, Bibliografia Consultada http://www.geneall.net/P/per_page.php?id=53941 Nobreza de Portugal e do Brasil, vol. 3º, Editorial Enciclopédia, Lisboa, 1961, p. 326. Ditadura Militar / Estado Novo Nascimento Ernesto Soares dos Reis 86 Nascimento 09/04/1910 – Loureiro Nos anos sessenta, depois de abandonar, a seu pedido, a presidência da Câmara, foi presidente da Comissão Concelhia da União Nacional. Falecimento Presidiu ainda ao Grémio da Lavoura de Oliveira de Azeméis e à Acção Nacional Popular. 28/11/1992 – Macinhata da Seixa Acontecimentos Marcantes do(s) Mandato(s) Filiação Elementos Biográficos O mandato de Ernesto Soares dos Reis é dos mais longos, 13 anos, de todos os Presidentes de Câmara do concelho. Esta longa duração não é certamente alheia, por um lado, ao momento político vivido – Estado Novo – que privilegiava a estabilidade das instituições, mantendo, desse modo, os responsáveis em funções por períodos alargados de tempo e, por outro, devido à sua disponibilidade pessoal para conciliar a vida profissional com as funções na Câmara. Recorde-se que, na altura, as funções de Presidente da Câmara não eram remuneradas e implicavam por vezes alguns prejuízos pessoais por obrigarem a descorar a actividade profissional, para poder solucionar as questões do Município. Tinha três irmãos, Leopoldo Soares dos Reis – que também foi Presidente da Câmara – Eduardo Soares dos Reis e Leopoldina Soares dos Reis. Da presidência de Ernesto Soares dos Reis podemos destacar dois eixos de acção principais: a criação de infraestruturas para as populações e a educação. Casado com Laurinda Nunes da Costa Soares dos Reis. No primeiro contam-se melhoramentos como: a electrificação das freguesias de Ossela e Macinhata da Seixa, a captação de água para o abastecimento da vila, o abastecimento de água às freguesias de Pinheiro da Bemposta e Nogueira do Cravo e, finalmente, a instalação do primeiro troço de saneamento básico no eixo central da vila. Para além destas obras com um impacto directo na vida das populações, foram ainda reparadas e asfaltadas algumas estradas, sendo disso exemplo as estradas de Oliveira de Azeméis para Válega e a de São Roque para Bustelo. Albino Soares Pereira Pinto e Maria da Luz Pinto Reis Profissão Advogado Mandato(s) 1946 a 1959 O percurso escolar de Ernesto Soares dos Reis foi um pouco atribulado, não pelos resultados, mas pela mudança constante das escolas que frequentou. A escola primária foi iniciada em Loureiro, mas viria a ser concluída em Aveiro. O liceu foi iniciado no colégio de Ermesinde e concluído no liceu Alexandre Herculano no Porto. Frequentou o curso de direito em Coimbra, mas transferiu-se para a Universidade de Lisboa no 3º ano. Concluída a licenciatura em 17/07/1937, estagiou como subdelegado do Ministério Público, com Artur Correia Barbosa. Iniciou a sua actividade como advogado em 01 de Outubro de 1939 e manteve-a até quase ao fim da vida. No que respeita à educação, destaca-se a construção de oito escolas primárias em Fajões, Loureiro, Cucujães, Macinhata da Seixa e Oliveira de Azeméis. A estas deve ainda somar-se todo o trabalho para a instalação da Escola Industrial de Oliveira de Azeméis, procedendo à aquisição dos terrenos para esse efeito – com o recurso a um empréstimo de 1.400 contos. A criação da Escola Industrial, que seria concluída pelo seu sucessor na presidência, Artur Correia Barbosa, viria a contribuir, a longo prazo, para a criação de uma nova centralidade do espaço urbano. Sinal dos tempos, podemos destacar como curiosidade a publicação de uma Postura a regular o trânsito automóvel no perímetro urbano da vila. Em 1955, teve a responsabilidade, enquanto Presidente da Câmara, de organizar a recepção à visita dos Presidentes da República de Portugal e do Brasil, que se deslocaram ao Concelho. Fontes Consultadas Correio de Azeméis: 30/04/1955, 25/07/1957, 21/11/1953, 25/05/1957, 26/05/1958, 30/03/1957, 22/01/1993. Voz de Azeméis: 02/06/1973, A Opinião: 13/06/1953, 24/04/1954, 04/12/1954, 17/11/1957, 06/07/1957, 26/10/1957. 87 Ditadura Militar / Estado Novo A outra grande obra por si iniciada, e igualmente concluída por Artur Barbosa, a construção do palácio da justiça, serviu, de igual forma, para a reabilitação do espaço mais central da vila. Poderemos, no entanto, interrogar-nos se a primeira ideia de localização do novo edifício numa área periférica não teria servido para criar um outro eixo de expansão urbana. Artur Correia Barbosa 88 Nascimento 22/01/1900 – Oliveira de Azeméis (Rua do Mártir) Falecimento 50 anos de vida literária do escritor, com direito a sessão solene nos Paços do Concelho. Englobada nessa comemoração teve lugar a inauguração da estátua ao “Emigrante” na praça fronteira à Câmara, em Dezembro de 1966. 20/08/1978 – Oliveira de Azeméis Acontecimentos Marcantes do(s) Mandato(s) Filiação Manuel António Barbosa e Laura do Carmo Correia Barbosa Profissão Advogado Mandato(s) 1959 a 1971 Elementos Biográficos Estudou direito na Universidade de Coimbra, concluindo o curso em 1925. Em Dezembro do mesmo ano estreou-se na barra dos tribunais com um processo de difamação que ganhou. Casou com Idalina da saúde Gomes de Almeida Barbosa e teve dois filhos: Alberto Manuel Gomes de Almeida Barbosa e José Manuel Gomes de Almeida Barbosa. Desempenhou o cargo de Conservador do Registo Civil em S. João da Madeira, desde 1936, e, posteriormente, em Vale de Cambra, a partir de 1956. A sua adesão aos ideais do Estado Novo fez com que chegasse a Presidente da Comissão Distrital da União Nacional. Foi ainda eleito deputado pelo Distrito de Aveiro à Assembleia Nacional em 1965. Apesar de estar ideologicamente separado de Ferreira de Castro, nutria por ele uma profunda amizade, que se traduziu na organização de uma sessão comemorativa dos Durante o seu mandato teve lugar um conjunto de obras que marcaram o desenvolvimento da, então, vila: Tribunal Judicial, Serviços Médico-Sociais, Escola Soares de Basto, abertura da Avenida Albino dos Reis, Avenida César Pinho, piscinas da La-Salette, ampliação do Hospital, construção do dispensário e cedência à Câmara do antigo edifício dos correios para aí ser instalada a repartição de finanças. A abertura de estradas para melhorar as acessibilidades entre as freguesias, ao abrigo do programa de comemoração do 40º aniversário do 28 de Maio, e a inauguração, durante o seu mandato, do abastecimento de água à freguesia de Nogueira do Cravo, são os aspectos mais relevantes do seu trabalho fora do espaço urbano da sede do concelho. Promove a homenagem a Bento Carqueja, inaugurando o busto colocado na praça dos Paços do Concelho. Actividades complementares Além dos cargos públicos e profissionais que desempenhou, foi membro de várias associações locais, desempenhando os cargos de Presidente da Assembleia-Geral da UDO, Provedor da Santa Casa da Misericórdia, durante 45 anos, Presidente da 1ª Comissão de Melhoramentos do Parque de La Salette (de 1931 a 1976), Presidente da Assembleia-Geral dos Bombeiros, e também Presidente da Assembleia-Geral da Sociedade de Defesa e Propaganda de Oliveira de Azeméis. Fontes Consultadas Entrevista com o Sr. Manuel Matos Barbosa. A Grei Sanjoanense: 21/11/1953. A Opinião: 01/09/1956. Correio de Azeméis: 01/11/1928, 15/01/1938, 05/10/1960, 12/11/1960, 20/01/2000. A defesa: 31/121925. A Voz de Azeméis: 16/01/1971. Leopoldo Soares dos Reis 89 de clínica geral no concelho de Oliveira de Azeméis. 23/05/1914 – Loureiro Em paralelo era também médico dos CTT. Falecimento Acontecimentos Marcantes do(s) Mandato(s) 09/03/2002 – Oliveira de Azeméis Último Presidente da Câmara do Estado Novo teve um mandato curto, aproximadamente três anos, interrompido pelo 25 de Abril de 1974. Filiação Albino Soares Pereira Pinto e Maria da Luz Pinto Reis Profissão Médico Mandato(s) 1971 a 1974 Elementos Biográficos Casado com Teotila de Oliveira Pires, teve três filhos. Nas décadas de 40 e 50 exercia medicina em Pinheiro da Bemposta e Loureiro, em consultórios privados. A partir de 1952 começa a dar consultas em Oliveira de Azeméis, no consultório do Dr. Ângelo Marques Pinheiro, em frente à antiga Mercantil. Eleito vereador da Câmara em 1959. Foi também médico no Hospital S. Miguel, ocupando o lugar de Director Clínico à data da sua nomeação para a presidência da Câmara. Em função da sua nomeação para a Câmara, abandonou o Hospital S. Miguel para exercer clínica no Centro de Saúde da vila, do qual se viria a tornar Director, lugar que ocupou até à data da sua aposentação. Esta situação permitia uma melhor compatibilização das duas actividades. Em 1983 tomou posse como consultor da carreira médica Não teve, assim, muito tempo para apresentar uma obra extensa. Todavia conseguiu algumas realizações dignas de nota. Um delas foi a instalação do Tribunal do Trabalho na vila, em 1973, que tinha sido motivo de forte disputa com os concelhos vizinhos, nomeadamente S. João da Madeira; outra, a criação de um Liceu Nacional, a actual Secundária Ferreira de Castro, no edifício do antigo Colégio. É também nesta altura que surge esboçada a ideia da criação de uma zona escolar e desportiva da vila. O parque escolar foi alvo de variadas obras de reparação e da construção de edifícios novos em Vilar, Travanca, Pinhão e Curval. Ainda no âmbito da educação, apoiou a instalação de postos de telescola nos locais mais isolados, onde as crianças tinham mais dificuldades de acesso às escolas preparatórias. As obras mais marcantes consistiram na adaptação do antigo edifício dos CTT à repartição de finanças, na construção de um posto médico em Cesar, na remodelação da rede eléctrica em Pindelo, construção de ponte em S. Roque e alargamento do largo da feira em Cesar. Apoiou, com subsídios, a construção da estalagem de S. Miguel e do quartel dos Bombeiros. Actividades complementares Tendo-se domiciliado em Pinheiro da Bemposta, aí viria a exercer durante um largo período de tempo o cargo de presidente da direcção da Banda de Música do Pinheiro da Bemposta. Ditadura Militar / Estado Novo Nascimento Fez também parte do grémio que daria origem à Cooperativa Proleite e foi ainda sócio-fundador da Cooperativa Agrícola de Vale de Cambra. Era sócio dos bombeiros voluntários de Oliveira de Azeméis e participou na comissão para a realização de obras de melhoramento do Hospital S. Miguel. 90 Fontes Consultadas A Opinião: 15/01/1944, 19/01/1952, 14/12/1963. Correio de Azeméis: 23/07/1956, 23/09/1972, 05/10/1972, 28/04/1973, 26/05/1973, 02/06/1973, 22/04/1994, 14/03/2002. Voz de Azeméis: 13/03/1971, 11/03/1972, 24/03/1973, 14/03/2002. ComTradição, 38, Abril 2002. Elementos fornecidos pela neta Catarina Soares dos Reis Estado Democrático 91 Com o 25 de Abril de 1974, abre-se um novo ciclo na vida do país, que se reflecte na vida autárquica. As Câmaras Municipais voltam a ser eleitas e passam a dispor de meios financeiros, através da aprovação de uma Lei das Finanças Locais, que lhes permitem gerir com autonomia os trabalhos a realizar e estabelecer as prioridades para o desenvolvimento dos Municípios. Mais tarde, em 1986, a adesão à Comunidade Económica Europeia possibilitou o acesso a fundos para a realização de obras estruturais e equipamentos que, pelos seus custos, estavam acima das capacidades financeiras, de grande parte das autarquias. Em simultâneo, foram sendo atribuídas novas competências aos Municípios, que viram assim alargadas as áreas de actuação. Flávio Beleza Laranjeira 92 Nascimento Flávio Laranjeira e Maria Cândida Pereira Peixoto Beleza Laranjeira Serviço de Pediatria do Centro Hospitalar de Gaia, exercendo funções na área de neonatologia, cuja Unidade de Cuidados Intensivos ajudou a criar. Aqui desempenhou funções de acessoria e direcção, nomeadamente Director Clínico, Director do Departamento Materno-Infantil e Director do Serviço de Neonatologia, até à data da sua aposentação em 2005. Profissão Com a sua transferência, em 1986, para o Centro Hospitalar de Gaia, cessou a actividade na Faculdade de Medicina do Porto. 03/04/1941 – Macinhata da Seixa Filiação Médico Pediatra Mandato(s) 1974-1975 Elementos Biográficos Concluiu a licenciatura em medicina na Universidade de Coimbra, no ano de 1972, tendo estagiado, de seguida, nos hospitais universitários da mesma cidade até Dezembro de 1973. Antes disso, tinha sido mobilizado como Alferes Miliciano de Transmissões, entre 1963 e 1966, para Angola, no âmbito da Guerra Colonial. Recorde-se que, nessa altura, não era possível fazer o adiamento da incorporação para conclusão dos estudos. Concluído o estágio, veio fazer, sucessivamente, os internatos Geral e da Especialidade de Pediatria no Hospital de S. João, do Porto, entre 1974 e 1979. Após a conclusão dos internatos, manteve-se no mesmo hospital como Especialista de Pediatria, responsável pela Neonatologia. Em paralelo, acumulou, desde 1977, as funções hospitalares com as de Monitor de Pediatria da Faculdade de Medicina do Porto, a convite do Professor de Pediatria. Em 1982 passou a ser titular de Pediatria pela Ordem dos Médicos. Em 1986, transferiu-se, por concurso público, para o A sua actividade profissional passou também pelo Hospital Distrital de Bragança – a título voluntário integrado na missão do Movimento das Forças Armadas (MFA) no distrito de Bragança, entre Julho de 1975 e Fevereiro de 1976 – pelos Centros de Saúde de Oliveira de Azeméis, St.ª Maria de Lamas e Paços de Brandão. Além disso, foi um dos sócios fundadores da Policlínica Gemini, em Oliveira de Azeméis. Durante os anos 70 esteve ligado ao jornalismo, relançando o “Correio de Azeméis“, após o 25 de Abril – o jornal havia deixado de ser editado por dificuldades financeiras em meados de 1973 – e lançando em 1977 o projecto “O Azemel“, que seria publicado até 1982. O seu envolvimento na vida política remonta ao tempo do Estado Novo, tendo participado activamente na campanha eleitoral da Oposição Democrática pelo círculo eleitoral de Coimbra em 1969, de cuja lista constavam os nomes dos Professores Dr. Vital Moreira e Orlando de Carvalho, tendo a incumbência de fiscalizar o acto eleitoral em Arganil. Em 1973 foi candidato às eleições para a então designada Assembleia Nacional pelo mesmo círculo de Coimbra, nas listas da Oposição Democrática. No entanto, face às irregularidades cometidas, à ausência de garantias de imparcialidade e lisura de processos do Governo, foi decidido desistir à boca das urnas. Depois do 25 de Abril, foi nomeado Presidente da Comissão Administrativa da Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis, a que presidiu de 1974 a 1975. Foi candidato a deputado nas listas da APU à Assembleia da República nos anos de 1979, 1982 e 1983. Ao nível local, foi candidato pela FEPU à presidência da Câmara em 1976 e APU 1979, tendo sido eleito vereador nesta última. Assumiria então o pelouro dos Assuntos Sociais. Na vida social e estudantil foi responsável pala Secção Social da Associação Académica de Coimbra e pertenceu Em 1982 foi candidato à Assembleia Municipal, sendo eleito deputado. Terminado esse mandato, abandonou a vida política activa. 93 Acontecimentos Marcantes do(s) Mandato(s) Estado Democrático As Comissões Administrativas nomeadas após o 25 de Abril tinham como principal função assegurar a transição do poder até à realização de eleições autárquicas livres. Não se esperava nem podia esperar, por força das circunstâncias, a realização de grandes obras. Ainda assim podem salientar-se como marcas deste mandato o impulso e o incentivo dados à criação das Comissões de Moradores, que tiveram um papel importante nos seus locais de residência, cooperando com o seu trabalho e a sua contribuição monetária, com a Câmara para a concretização de velhas aspirações e necessidades mais gritantes, nunca antes satisfeitas, algumas delas com a colaboração da engenharia militar no âmbito do MFA. Foi assim possível proceder ao asfaltamento da estrada do Caima, à repavimentação e colocação do saneamento básico e águas pluviais da Avenida Dr. António José de Almeida. Para promover a melhoria das condições de vida das populações, foi encerrado o matadouro municipal, que não oferecia garantias quanto às suas condições higiénico-sanitárias. A um outro nível, foram organizados programas de Ocupação de Tempos Livres, em colaboração com a Escola Industrial. Foi ainda promovida uma homenagem a Ferreira de Castro, integrada nas suas cerimónias fúnebres. Em Julho de 1975, quando Flávio Beleza Laranjeira pediu a exoneração para integrar a missão do MFA ao Hospital Distrital de Bragança, coube ao Vice-Presidente da Comissão Administrativa, António César Guedes, assegurar que a mesma se mantinha em funções até à realização das eleições em Dezembro de 1976. Durante o período em que assegurou o funcionamento da Comissão Administrativa, foram adjudicados alguns melhoramentos em estradas rurais, dada posse a uma nova Comissão de Melhoramentos do Parque de LaSalette e negociada a compra de terrenos da Quinta de Lações, para a construção de habitação social. Actividades complementares Fontes Consultadas Correio de Azeméis: 04/07/1974, 01/08/1974, 29/08/1974. Entrevista escrita no dia 10 de Outubro 2007. Licínio Vieira Dias 94 Nascimento 17/03/1942 – Vale de Cambra Filiação José Moreira Dias e Margarida da Conceição Carmo Gomes Viera Dias Profissão Engenheiro / Gerente Industrial Mandato(s) 1977 a 1979 Elementos Biográficos Licenciou-se em engenharia, no ano de 1966, pela Faculdade de Engenharia do Porto. Casou com Rosalina Maria de Beleza Vieira Dias, tendo dois filhos. Após conclusão da licenciatura, realizou um estágio profissionalizante na Molaflex. Mais tarde tornou-se sócio e administrador de várias empresas, entre as quais o grupo Leca. Fez parte da Comissão Administrativa que dirigiu a Câmara entre 1974, após o 25 de Abril, e a realização de eleições livres em 1976. Por inerência de funções, ocupou o cargo de Presidente do Conselho de Administração dos Serviços Municipalizados de Água e Electricidade, nesse período. Em 1982 foi eleito vereador e, por esse motivo, desempenhou as funções de Secretário-Geral da CIOL 83. decorreu num momento em que a nível financeiro as Câmaras estavam sujeitas às dotações do Orçamento Geral do Estado, visto que ainda não existia qualquer Lei das Finanças Locais. Por outro lado, algumas freguesias eram alvo da tentativa de influência de S. João da Madeira para se transferirem de concelho, o que a custo foi evitado. Do mesmo modo, foi evitado o encerramento do Hospital de Oliveira de Azeméis, quando se alvitrou a hipótese deste ser encerrado para ser construído um hospital regional em S. João da Madeira. Nesse âmbito foi adquirida a Casa Mateiro, usualmente conhecida como ”Casa das Escadas Redondas”, que serviria para a maternidade, libertando espaço no edifício do hospital e aumentando a sua capacidade. Com uma estrutura orgânica insuficiente e meios técnicos limitados, foi promovida a organização dos serviços técnicos, tanto da Câmara Municipal como dos Serviços Municipalizados de Água e Luz, admitindo arquitectos, engenheiros, engenheiros-técnicos, topógrafos e desenhadores, em simultâneo com a aquisição de viaturas e máquinas, para possibilitar a realização de obras sem a necessidade de fazer contratações externas. No caso dos Serviços Municipalizados foi ainda contratado um economista. Essa situação possibilitou a reparação e/ou construção de várias infra-estruturas, nomeadamente estradas, em muitos casos com a colaboração das populações que participavam no trabalho, cabendo à Câmara a elaboração dos projectos e cedência das viaturas e máquinas. A escola primária de Macieira de Sarnes, que se encontrava bastante degradada, foi reparada nesta altura. Acontecimentos Marcantes do(s) Mandato(s) No campo do urbanismo foi contratado o estudo do plano de urbanização da vila, alargando o seu âmbito às freguesias limítrofes. Este estudo serviria de base à delimitação de vários arruamentos a abrir no futuro. Marcado pela época, o mandato de Licínio Vieira Dias Foram comprados terrenos destinados a urbanização, que foram cedidos às Freguesias, tendo a Câmara elaborado os estudos de infra-estruturas relativos a Cesar e Nogueira do Cravo. Também foram adquiridos terrenos para a criação de uma zona escolar e desportiva em Oliveira de Azemeis, assim como para o novo mercado e largo do Gemini, com vista à criação de uma biblioteca e área de lazer. Na sequência disso, foram cedidos à União Desportiva Oliveirense os terrenos para a construção do pavilhão gimnodesportivo. Ainda no campo do ordenamento do território foram delimitadas as zonas industriais de Cesar, Oliveira e Loureiro, adquiridos alguns lotes e construídos os acessos. 95 Estado Democrático As infra-estruturas básicas também foram alvo de intervenções, com a remodelação e ampliação da capacidade da estação de tratamento de águas e depósitos e, no que respeita à electricidade, com a compra das redes de distribuição criadas por várias cooperativas, excepção feita à de Loureiro, aumentando a sua capacidade e expandindo as áreas beneficiadas pela iluminação pública, através da construção de novos postos de transformação e múltiplos ramais. A política de habitação social, que havia sido já uma preocupação da Comissão Administrativa que comprou a quinta de Lações e adquiriu alguns pré-fabricados, foi prosseguida com a elaboração do projecto de urbanização para a mesma, tendo sido iniciada a construção dos dois primeiros blocos habitacionais, em paralelo com a venda de vários lotes para a construção de moradias. No âmbito cultural pode salientar-se o apoio dado às comemorações do Ano Internacional da Criança com a realização de várias actividades, às comemorações do cinquentenário de “A Selva“, à realização de exposições no Salão Nobre da Câmara que pretendiam servir de base à criação de um museu alusivo à história local e de diversos espectáculos dos quais podemos destacar uma actuação da ópera do Teatro Nacional de S. Carlos, no Cine-Teatro Caracas. No plano desportivo, foi organizado um concurso hípico no estádio Carlos Osório. Actividades complementares Pertenceu à Cooperativa de S. Miguel, entidade responsável pela elaboração do projecto e construção da estalagem com o mesmo nome, da qual foi Presidente do Conselho de Administração. Mais tarde, em 1984, viria a ser eleito Vice-Provedor da Santa Casa da Misericórdia, assumindo funções de Provedor interino, ficando ligado à escolha e aquisição dos terrenos onde actualmente se encontram as instalações da Santa Casa. Fontes Consultadas Correio de Azeméis: 16/01/1975, 24/07/1975, 20/12/1976, 19/05/1977, 01/12/1977, 04/05/1978, 22/06/1978, 11/01/1979, 15/11/1979, 02/02/1984. Voz de Azeméis: 07/01/1977,10/02/1978, 30/06/1978, 09/11/1979, 13/11/1987. Bento Manuel Azevedo Teixeira Lopes 96 Nascimento 15/11/1934 – Oliveira de Azeméis Falecimento 21/03/1993 – Porto Filiação Bento Manuel Teixeira Lopes e Ana Silva Azevedo Profissão Bancário Mandato(s) 1980 a 1985 Elementos Biográficos Casado com Iva Pimenta Lopes, de quem teve uma filha. Começou a sua vida profissional como funcionário judicial. Passado algum tempo, viria a abandonar esta carreira para ingressar na banca. Como funcionário bancário viria a desempenhar funções de gerência no Banco Pinto e Sotto Mayor. Participou nas primeiras eleições democráticas, em 1976, como candidato à Assembleia Municipal, tendo sido eleito. Por inerência de funções, presidiu à Comissão Executiva da CIOL 81. Foi o primeiro Presidente da Câmara de Oliveira de Azeméis que ocupou o cargo a tempo inteiro. Acontecimentos Marcantes do(s) Mandato(s) A presidência de Bento Lopes ficará marcada pela elevação de Oliveira de Azeméis a cidade. O processo teve início ainda no seu primeiro mandato, com a proposta a ser elaborada e aprovada por unanimidade na sessão da Assembleia Municipal de 29 de Maio de 1981. Passariam quase três anos até à sua votação favorável na Assembleia da República, que teve lugar a 16 de Maio de 1984. Para comemorar o acontecimento foi organizado um conjunto de actividades, que decorreram entre dois e sete de Julho desse ano, com a presença de vários membros do Governo. A este facto central podemos juntar a dinamização dos sectores comercial e industrial com o apoio às feiras CIOL 81 e 83, um sucesso de público, bem como ao primeiro congresso da indústria de moldes em 1983. Durante o seu mandato será criado pela primeira vez um lugar de vereador a tempo inteiro, fruto do aumento das competências atribuídas às autarquias e alguns serviços foram transferidos de instalações. Caso do estaleiro, retirado da Feira dos 11 para aí serem construídas as instalações da Junta de Freguesia e dos Serviços Municipalizados que cedem o seu espaço à Biblioteca Gulbenkian. Foram trabalhados os instrumentos de gestão do território, como o plano de pormenor da zona habitacional de Nogueira do Cravo e o ante-projecto de urbanização para a vila. Ficou também estabelecido que todos os prédios com mais de três pisos ou duas habitações tinham de incluir áreas privativas de parqueamento. As obras desenvolvidas passaram pela construção de escolas primárias em Palmaz, Abelheira, Macieira de Sarnes e Oliveira de Azeméis, da ponte de Samil, das acessibilidades à Escola Bento Carqueja e pela realização de melhoramentos na estação de tratamento de águas. O matadouro de Cidacos foi definitivamente encerrado devido às péssimas condições de higiene e sanitárias. Em 1980, negociou a aquisição da estalagem S. Miguel, por 30.000.000$00, à cooperativa instituidora, tendo conseguido fazer a sua concessão em 1984, altura em que entrou em funcionamento. No que respeita à vertente cultural, colaborou nas comemorações do cinquentenário da edição de “A Selva”, promoveu o arranjo do espaço envolvente do Monumento ao Emigrante, atribuiu um subsídio de 40.000$00 para a conservação e restauro do arquivo histórico do jornal “Correio de Azeméis“ e promoveu a edição de uma série de postais de divulgação do património concelhio, com o objectivo de fazer a sua promoção turística. 97 Estado Democrático Fontes Consultadas A Opinião: 13/05/1961, O Azemel: 06/1980, 01/1981, 08/1981 Correio de Azeméis: 11/11/1976, 20/12/1979, 10/01/1980, 01/08/1980, 20/09/1980, 06/12/1980, 10/01/1981, 31/01/1981, 14/02/1981, 28/02/1981, 28/03/1981, 06/06/1981, 23/10/1982, 20/11/1982, 15/01/1983, 09/02/1984, 16/05/1984, 11/07/1984, 15/09/1984, 25/10/1984, 25/03/1993, Voz de Azeméis: 21/12/1979, 12/02/1981. Assento de nascimento nº 1087 do ano de 1934. Bibliografia Consultada ComTradição, nº 3, Abril, 1994. Ramiro Ferreira Alegria 98 Nascimento 07/01/1925 – Oliveira de Azeméis Filiação Arlindo Ferreira Alegria e Alcide Marques Alegria Profissão Gerente industrial Mandato(s) 1986 a 1993 Elementos Biográficos Casado com Maria da Natividade Tavares de Almeida Alegria e pai de três filhas. Concluídos os estudos, que deixou por razões familiares, iniciou a vida profissional como funcionário do Tribunal de Contas, em Lisboa, lugar que ocupou entre 1949 e 1950. Em 1951 instalou-se no Porto para assumir o lugar de encarregado da secção de pessoal de uma unidade industrial. A partir de 1952, altura em que regressou a Oliveira de Azeméis, assumiu o cargo de gerente da oficina de automóveis “Sousas Pinho”, que ocupou até 1983. Acontecimentos Marcantes do(s) Mandato(s) Destacam-se, nos dois mandatos de Ramiro Alegria, a reorganização dos serviços e do quadro de pessoal da Câmara, o início da informatização de alguns serviços, a extinção dos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento e o controlo e amortização do passivo existente à data da tomada de posse. As obras feitas incluíram a criação de uma zona industrial em Cesar, a criação das infra-estruturas básicas e acessibilidades na de Oliveira de Azeméis, a construção das acessibilidades ao Pavilhão Salvador Machado por ocasião do 5º Campeonato Europeu de Juvenis de Hóquei em Patins, urbanização do Largo Camões (construção da fonte luminosa), avenidas Ernesto Pinto Basto e Aníbal Beleza, acessibilidades da Escola Secundária Ferreira de Castro, arranjo do espaço envolvente da Escola Secundária de Cucujães. Foi construída uma ETAR intermunicipal em Santiago de Riba-Ul e um aterro sanitário, também intermunicipal, para impedir a proliferação de lixeiras selvagens em Ossela. Neste último caso algumas deficiências de construção provocaram a contaminação de nascentes e poços, pelo que a Câmara assegurou o fornecimento gratuito de água às populações directamente afectadas pela situação, enquanto que, em simultâneo, eram feitas as obras necessárias para solucionar o problema. A estação de tratamento de água para abastecimento de água e os depósitos foram alvo de obras de beneficiação e deixaram-se instaladas as adutoras à futura estação de tratamento a construir em Ul. Foram adquiridos o terreno para o campo de futebol de Bustelo e o edifício da Avenida António José de Almeida, onde se encontra a Academia de Música, o terreno de uma serração de madeiras, junto ao cemitério de Oliveira de Azeméis e cedidos os terrenos de Lações necessários à construção do posto da GNR, piscinas da Cerciaz e Lar Pinto de Carvalho. A zona fronteira à Igreja foi, também ela, alvo de uma intervenção com a demolição de um edifício em adiantado estado de degradação, sendo o espaço transformado num jardim, com o chafariz que tinha estado na Praça dos Vales e sanitários públicos. O jardim público da Praça José da Costa foi igualmente pavimentado. A circulação viária, no interior da cidade, foi regulada com a instalação de semáforos nos locais em que o trânsito apresentava maiores dificuldades de circulação ou perigo para automobilistas e peões, além de terem sido colocados parcómetros para regular o estacionamento. O acesso ao parque de La Salette foi melhorado, com a demolição de um edifício que estrangulava o entroncamento existente no Calvário, causando grandes constrangimentos à circulação de veículos. Foram construídos 48 fogos de habitação social na freguesia de Cucujães. No âmbito da preservação do património, fez a compra e lançou a obra para impedir a ruína dos antigos Paços do Concelho da Bemposta e da ponte da Pica em Cucujães. As Juntas de Freguesia sem instalações próprias foram apoiadas na elaboração dos respectivos projectos e execução das obras. 99 Estado Democrático Na parte final do segundo mandato iniciaram-se os trabalhos relativos à elaboração do PDM concelhio, sendo constituído um Gabinete de salvaguarda do Centro Histórico de Pinheiro da Bemposta. Actividades complementares Em paralelo à sua vida profissional, Ramiro Alegria desenvolveu uma longa actividade no corpo de Bombeiros Voluntários de Oliveira de Azeméis. Entrou para a corporação em 1960, sendo nomeado 1º Comandante em 13 de Agosto de 1960, função que desempenhou até 18 de Novembro de 1988, altura em que pediu a passagem ao quadro honorário. Nos dois últimos anos de serviço, acumulou o comando dos bombeiros com a presidência da Câmara. Em 1962 contribui para a criação da Federação dos Bombeiros do Distrito de Aveiro, da qual viria a ser presidente. Foi também dirigente, a nível nacional, como Presidente do Conselho Fiscal da Liga dos Bombeiros Portugueses e Vogal da Mesa dos Congressos da mesma associação. Nos bombeiros oliveirenses acompanhou todo o processo de reconstrução e ampliação do quartel que viria a ficar concluído em Junho de 1977. No ano de 1978 fez parte do núcleo instalador da secção de Fajões dos Bombeiros de Oliveira de Azeméis, que se viria a tornar uma corporação autónoma em 1982. Desenvolveu ainda um sistema de elevação de águas a grandes profundidades, com vista a facilitar o abastecimento aos corpos de bombeiros, que foi adoptado por várias corporações. Fontes Consultadas A Voz de Azeméis: 21/11/1986, 05/12/1986, 13/01/1989, 21/07/1989, 10/11/1989. Correio de Azeméis: 10/04/1986, 09/02/1987, 02/03/1987, 28/09/1987, 20/07/1989, 20/09/1991. Entrevista no dia 21 de Setembro de 2007. Ângelo da Silva Azevedo 100 Nascimento 17/11/1936 – Cesar Filiação António Ferreira Azevedo e Rosalina Maria da Silva Profissão Administrador de Empresa Março de 1971. Durante o período em que permaneceu no cargo, contribuiu, com a sua acção, para a criação do Tribunal do Trabalho, do Instituto de Línguas e para a aquisição do “Palacete do Comendador”, com vista à instalação de um infantário. Depois de algum tempo afastado da política activa, regressou à mesma, vindo a desempenhar, entre os anos de 1983 e 1993, o cargo de Presidente da Assembleia Municipal. 1994 a 2001 Nesse ano foi convidado a candidatar-se ao lugar de Presidente da Câmara, tendo conseguido essa eleição e a reeleição em 1997. Durante este período presidiu, em simultâneo, à Associação dos Municípios de Terras de Santa Maria. Elementos Biográficos Terminado o segundo mandato em 2001, retirou-se da vida política activa. Depois de concluir a instrução primária, ingressou na vida activa como operário fabril. Em 09/04/2003 recebeu o título Honorífico de Comendador da Ordem de Mérito. As suas características pessoais possibilitaram-lhe a oportunidade de assumir a gestão da área comercial, numa unidade industrial do ramo metalo-mecânico, da sua aldeia. Em 2005 foi homenageado com a atribuição do seu nome à 3ª fase da Via do Nordeste e à Escola Básica dos 2º e 3º ciclos de S. Roque. Com a morte do sócio maioritário da empresa, optou por, juntamente com outros três colegas de trabalho, criar a sua própria empresa, da qual se viria a tornar presidente do Conselho de Administração. Acontecimentos Marcantes do(s) Mandato(s) Mandato(s) Em paralelo com a actividade profissional, foi desde cedo trilhando um percurso no associativismo desportivo e na actividade política. Ainda na década de 60 assumiu a presidência do Futebol Clube Cesarense. Em 01/01/1968 tomou posse como presidente da Junta de Freguesia de Cesar e foi eleito para o Conselho Municipal de Oliveira de Azeméis, destacando-se desse mandato o restauro da Escola 5 de Outubro, que se encontrava muito degradada. As actividades desenvolvidas nesse período conduziram ao convite para assumir a vice-presidência da Câmara em Destes dois mandatos podem destacar-se um conjunto de acções que marcam o seu desenvolvimento. Na área da educação foi dada prioridade à criação de infra-estruturas, visível na construção das Escolas Básicas 2,3 de Pinheiro da Bemposta, Loureiro, S. Roque e Carregosa, em terrenos adquiridos pela Câmara, ao mesmo tempo que eram promovidas ampliações em escolas já existentes e se procedeu à recuperação do parque escolar do 1º ciclo. Ainda neste sector foi dada ênfase à cobertura do concelho ao nível da educação pré-escolar e à instalação da Escola Superior de Enfermagem, bem como de um pólo tecnológico da Universidade de Aveiro. No campo da cultura foram lançados os centros culturais de S. Roque e Cucujães, adquirido o Cine-Teatro Caracas, assinado o protocolo para a instalação do Arquivo Municipal na “Casa das Escadas Redondas”, aprovado o plano de construção da Biblioteca Municipal e reabilitado o Centro Histórico de Pinheiro da Bemposta. Um conjunto de obras estruturantes foi lançado ou executado durante estes mandatos, destacando-se, na rede viária, a construção do acesso ao nó da A1 em Estarreja, da via rápida de ligação a Vale de Cambra e a Via do Nordeste e a ampliação das redes de água saneamento, bem como a construção da ETAR de Ossela e de um aterro sanitário na Serra do Pereiro. Por fim, refira-se, também, que foi aprovado, durante o 1º mandato, o PDM de Oliveira de Azeméis, instrumento que serve de base ao desenvolvimento estrutural do território concelhio. Actividades complementares Membro dos órgãos directivos da Santa Casa da Misericórdia. Fontes Consultadas Ângelo Azevedo. Notas Biográficas e Currículo, E.B.2,3 Comendador Ângelo Azevedo, Novembro 2006. Voz de Azeméis, de 04/12/1982, 11/01/1994, 10/01/2002. Correio de Azeméis: 02/02/1984, 101 Estado Democrático A estas juntaram-se ainda a remodelação do Mercado Municipal, a construção de um novo quartel para a GNR, do edifício para o Tribunal do Trabalho e Conservatórias do Registo Civil e Predial e Serviços do Notariado, bem como a comparticipação financeira nas obras do Hospital. Ápio Cláudio do Carmo Assunção 102 Nascimento 27/07/1947 – Pinheiro da Bemposta Filiação Bernardo Assunção e Eluzinda Rosa do Carmo Profissão Gestor de Empresa Mandato(s): 2001 a 2009 Elementos Biográficos Casado com Alice Correia da Silva, tem cinco filhos e sete netos. Estudou na então Escola Industrial e Comercial de Oliveira de Azeméis – actual Escola Secundária Soares Basto – onde concluiu o Curso de Formação de Serralheiro, tendo, de imediato, ingressado no mundo do trabalho, fruto da sólida formação académica e profissional recebida. Construiu uma carreira profissional dentro da empresa que lhe permitiu ir atingindo novos patamares de responsabilidade e qualificação até ocupar o lugar de Director de Produção. Aquando da realização das primeiras eleições autárquicas democráticas, em 1976, iniciou o seu percurso político, como membro da Assembleia de Freguesia de Pinheiro da Bemposta. Mais tarde, em 1979, assumiu a presidência da Junta de Freguesia, cargo que manteve até 1997, altura em que foi convidado para integrar a lista, candidata à Câmara Municipal, liderada por Ângelo Azevedo. Actualmente aposentado, pretende dedicar mais tempo à família sem descurar a participação nas actividades associativas da sua terra natal. Acontecimentos Marcantes do(s) Mandato(s) Depois de ter exercido funções como Vice-Presidente da Câmara durante um mandato, foi eleito Presidente em 2001. Ocupou o cargo durante dois mandatos, ao longo dos quais a aposta na certificação dos serviços do Município foi um dos eixos de acção prioritários, com o objectivo de melhorar as práticas de funcionamento internas e garantir um melhor atendimento aos munícipes. Esta opção implicou a aposta na formação dos trabalhadores e permitiu a centralização do atendimento no Gabinete de Apoio ao Munícipe, que entrou agora numa segunda fase, com atendimento móvel nas várias freguesias do concelho. Para melhorar o controlo da gestão financeira foi implementado o POCAL (Plano Oficial de Contabilidade das Autarquias Locais), que permite um acompanhamento mensal das receitas e despesas, facilitando a detecção de eventuais desvios ao plano. Estas acções, conjugadas com a implementação do sistema de avaliação por objectivos (SIADAP), assim como com a implementação de um sistema de gestão documental e workflow – com vista à desmaterialização dos processos - lograram a obtenção de diversos prémios no âmbito da Modernização Administrativa. Na área da acção social e actividades escolares complementares a autarquia alargou o âmbito da sua actuação, após a realização de um diagnóstico social do concelho, e assumiu o apoio às instituições privadas de solidariedade social e habitação social, além de ter criado programas de integração que visam melhorar a qualidade de vida dos munícipes. No que respeita a infra-estruturas pode salientar-se a ampliação da rede de saneamento e água, em especial nas freguesias de Fajões, Cesar, Macieira de Sarnes, S. Roque, Nogueira do Cravo e Pinheiro da Bemposta. Na rede viária a aposta continuou a centrar-se na Via do Nordeste, com a construção de vários troços, na ligação a S. Roque, na execução de alguns troços das vias estruturantes da cidade, no alargamento da Rua Eng. Arantes de Oliveira, permitindo desbloquear a ligação entre as avenidas D. Maria II e Dr. Aníbal Beleza, que passa agora a poder constituir-se como o eixo central da cidade, complementando a nova centralidade proporcionada pela Praça da Cidade também obra realizada nos seus mandatos. Na vertente da educação foi concluído o primeiro Centro Educativo, no Curval; foi construído o Centro de Recursos na Escola Secundária Soares Basto; foi acompanhado o processo de construção do edifício da Escola Superior de Enfermagem, nas antigas instalações da Guarda Nacional Republicana – disponibilizadas pela Autarquia – tendo sido também assinado o protocolo para a construção do Campus Universitário, que alojará o pólo da Universidade de Aveiro, na Quinta do Comandante. 103 Estado Democrático Em termos de equipamentos desportivos e culturais, a cidade foi dotada do Centro de Formação Ápio Assunção – afecto à UDO – da Piscina Municipal, do Pavilhão Municipal, da Biblioteca Municipal, do Arquivo e do Centro Lúdico. Nas freguesias foi completada e melhorada a rede de polidesportivos municipais. Numa outra área pode ainda destacar-se a construção do Canil Intermunicipal. No que respeita ao planeamento foi iniciado o trabalho de revisão do Plano Director Municipal e solicitado um estudo de regeneração urbana à Parque Expo pela experiência acumulada nessa área, o que permitirá definir novas estratégias de desenvolvimento. Por último, na área cultural, pode referir-se a abertura do Parque Temático Molinológico em Ul e a entrada em funcionamento do Sector de Museu e Arqueologia, que já desenvolveu trabalhos em parceria com as Universidades de Aveiro e do Porto na identificação de vestígios da Fábrica do Côvo, através de métodos de prospecção geofísica, estruturas que visam permitir potenciar a oferta de turismo cultural no concelho. Actividades complementares Além da sua actividade profissional e política, Ápio Assunção manteve sempre uma forte ligação às associações e colectividades da sua freguesia e do concelho. Desempenhou o cargo de Presidente da Assembleia-Geral da União Desportiva Oliveirense. Presidiu às direcções da Banda de Música do Pinheiro da Bemposta e do Futebol Clube Pinheirense, onde ocupou, também, cargos nos outros órgãos sociais. Desempenhou funções no Conselho Pastoral Paroquial, no Centro Paroquial de Pinheiro da Bemposta e na Fábrica da Igreja. Fontes Consultadas Correio de Azeméis: 29/09/2009. Entrevista realizada a 27 de Novembro de 2009.