Ana Carolina Martins de Oliveira Maiza Cássia Bonfim Observação das respostas auditivas de estado estável em lactentes: uso de um protótipo nacional Trabalho apresentado à banca examinadora para a conclusão do Curso de Fonoaudiologia da Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte 2014 Ana Carolina Martins de Oliveira Maiza Cássia Bonfim Observação das respostas auditivas de estado estável em lactentes: uso de um protótipo nacional Trabalho apresentado à banca examinadora para a conclusão do Curso de Fonoaudiologia da Universidade Federal de Minas Gerais. Orientadora: Luciana Macedo de Resende Co-orientadora: Thamara Suzi dos Santos Belo Horizonte 2014 Resumo Expandido Introdução: Os PEAEE são ondas contínuas periódicas eliciadas por tons contínuo ou por estímulo do tipo ruído branco, que podem ser de amplitude ou frequência moduladas. Este exame pode ser utilizado para avaliar objetivamente a sensibilidade auditiva de indivíduos com audição normal e com vários graus e configurações de perda auditiva neurossensorial. A objetividade na realização e interpretação do exame favorece sua utilização como ferramenta de triagem auditiva. O presente estudo teve como objetivo observar e descrever o padrão de respostas no PEAEE em bebês com EOAT presentes à triagem auditiva neonatal. Métodos: A casuística da pesquisa foi composta por 35 bebês nascidos a termo (idade gestacional ≥36 semanas). Neste estudo optou-se por analisar as orelhas separadamente, dentre as 70 orelhas 8 apresentaram ausência de EOAT e foram excluídas da amostra. O estímulo utilizado foi o tom AM modulado em 100% de amplitude, com frequências portadoras entre 500 e 4000 Hz, moduladas entre 70 e 107 Hz. As intensidades apresentadas foram de 70 a 20 dB NPS. As respostas foram detectadas utilizando a Magnitude Quadrática da Coerência (MSC), com significância de 5%. Foram descritos os tempos médios de detecção de respostas, o percentual de presença por frequência e intensidade e ainda, a capacidade do protótipo detectar os verdadeiros negativos. Resultados: Verificou-se que a detecção de respostas ocorreu entre 107 e 176s, sendo a média do tempo para as frequências de 500, 1000 e 4000Hz de 140s e em 2000Hz de 133s. A intensidade de 40 dB SPL apresentou menor tempo de detecção de resposta, sendo este de 119s e 20 dB SPL maior tempo, correspondendo a 157s. A frequência de 2000 Hz apresentou maiores taxas de presença em todas as intensidades testadas e 500 Hz obteve a menor porcentagem de resposta. O protocolo 3 realizado na intensidade de 60 dB NPS apresentou maior número de indivíduos com presença de respostas no PEAEE. Discussão: Estudos presentes na literatura relatam que alguns fatores influenciam a captação dos PEAEE, como o tipo de estímulo utilizado, número de varreduras, estado do sujeito avaliado, entre outros. Não há um consenso a respeito dos tempos de detecção de respostas. Sabe-se que este tempo irá variar de acordo com o sistema utilizado e o tempo necessário para completar cada varredura. Com relação à taxa de detecção de respostas, observou-se neste estudo que a frequência de 500 Hz apresentou as menores taxas de detecção e 2000 Hz obteve as melhores respostas. Isso pode ser justificado devido à maturação e tonotopia coclear. A respeito do protocolo de testagem, este estudo verificou melhores resultados em 60 e 70 dB NPS, contudo, a literatura sugere a intensidade de 50 dB NPS. Por se tratar de um protótipo, ajustes são necessários para adaptação do equipamento. Conclusão: É necessária a realização de novos estudos com o equipamento Audiostim, com a inclusão de indivíduos com perda, auditiva neurossensorial para que se possa estabelecer melhor a especificidade e sensibilidade das respostas auditivas de estado estável com esta tecnologia nacional. Referências Bibliográficas: 1. Alaerts, J., Luts, H., Van Dun, B., Desloovere, C. & Wouters, J. 2010. Latencies of Auditory Steady-State Responses Recorded in Early Infancy. Audiol Neurootol, 15, 116-127. 2. Barboza, A.C.S., Resende, L.M., Ferreira, D.B.C., Lapertosa, C.Z. & Carvalho, S.A.S. 2013. Correlação entre perda auditiva e indicadores de risco em um serviço de referência em triagem auditiva neonatal. ACR, 18, 285-292. 3. Bucuvic, E.C., Lorio, M.C.M., Andrade, A.N. & Vieira, E.P. 2009. Aplicabilidade da resposta auditiva de estado estável em campo livre na avaliação de bebês e crianças usuárias de próteses auditivas. Distúrbios da Comunicação, 21, 293-302. 4. Cohen, L. T., Rickards, F. 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