TERRITORIALIDADE, POBREZA E EXCLUSÃO SOCIAL NO UNIVERSO DO PBF NA RMS/BAi Iuri Simão de Carvalho Lúcio1 Tiaia Costa Pinto2 Uilma Ferreira Pereira3 Denise Yasodã F. Dornelles4 Eric Campos da Silva Sousa5 Resumo: Este artigo apresenta o conceito território do bolsa família, e busca deste modo contribuir para uma ótica diferenciada do estudo do conceito do território. A perspectiva de análise acentua-se no papel dos atores que vivem neste território, inseridos em frações da Região Metropolitana de Salvador e a constituição histórica destes territórios, dentro do processo de mundialização da economia globalitária.ii O intuito é oferecer subsídios e apontar para a reflexão sobre a paradoxal dialética que envolve a territorialidade, a pobreza e a exclusão social situada no contexto em que vive esta população. Palavras-chave: Bolsa Família, território, poder, exclusão. 1 Graduação. Universidade Católica do Salvador. E-mail: [email protected] Geógrafa. Universidade Católica do Salvador. E-mail: [email protected] 3 Graduação. Universidade Católica do Salvador. E-mail: [email protected] 4 Doutorado. Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. E-mail: [email protected] 5 Graduação. Universidade Católica do Salvador. E-mail: [email protected] 2 INTRODUÇÃO O Título mencionado acima chama a atenção pelo fato, de talvez, esta temática nunca ter sido abordada por outros autores, ou pela razão, de ainda soar estranho elucidar sobre um território que não seja o Estado nacional.6 O propósito deste ensaio concentra-se em abordar aspectos que vão para além do conceito tradicional do território, pois este, sofre um certo enrraízamento em relação à origem de sua análise, isto é, o Estado-Nação. Acredita-se que a compreensão de território(s) dinâmico(s) poderá contribuir para romper com a dicotomia existente, afim de, construir uma análise que começa a delinear-se, sugeridas por relações de poder – isto é, que essencialmente define um território. Porém isto não descarta a possibilidade em falar-se em território nacional, e sim que existam outros territórios em menores escalas e diferentes tipos. Neste sentido tenta-se refletir sobre os conflitos e as contradições existentes na Região Metropolitana de Salvador, no universo de estudo da pesquisa sobre: Os Impactos dos Programas de benefícios de Transferência de Renda sobre os municípios da Região Metropolitana de Salvador\Ba com ênfase no Programa do Bolsa Família (PBF). Tabela 1 – A dimensão da Pobreza na Região Metropolitana de Salvador (RMS) Municípios Populaçã o Total (IBGE Estimativ a de beneficiárias do PBF (IBGE (MDS 2008) 2004) 6 Camaçari 168.132 14.743 16.077 Candeias 80.340 6.938 5.405 Itaparica 19.753 2.166 2.135 Grifo nosso. de Famílias Famílias Pobres 2004) Número Madre de Deus 12.535 931 1035 Lauro de Freitas 117.765 8.191 9.113 Salvador 2.252.583 162.408 135.348 São Francisco do 27.380 2.640 2.692 Vera Cruz 30.697 3.404 3.376 Conde Fonte: Ministério do Desenvolvimento Social, 2008. Embora dois municípios (Dias D’Ávila e Simões Filho) da RMS, não poderem ter sido inseridos na Tabela 1 (por falta de divulgação dos dados), oferece uma leitura bastante clara, pois ilustra a dimensão da pobreza, entretanto, cabe lembrar que é a pobreza definida segundo uma política econômica. Portanto, os dados expressos, que se estima da dimensão da pobreza são relativamente pequenos, no que se refere aos pobres existentes, contudo tal metodologia foi elaborada no seio de uma unidimensionalidade no que se refere ao conceito de pobreza, conseqüentemente tem-se um grupo-alvo e este grupo são os beneficiários do Programa do Bolsa Família. Para Rocha (2003, p.10), definir o conceito de pobreza relevante e escolher os procedimentos de mensuração adequados é o resultado de análise sensata e cuidadosa de cada realidade social específica. Entende-se a partir desta explanação, que o conceito de pobreza não significa apenas insuficiência de renda, na tentativa de propor nesta ocasião critérios que abarcam o entendimento em relação à complexidade do conceito de pobreza, tais como, a liberdade e a autonomia do sujeito, afim de, permitir aos sujeitos historicamente oprimidos/excluídos o acesso aos bens e serviços e a cultura, de forma não apenas paliativa. Pois a liberdade garante aos sujeitos a permanente reflexão e auto-crítica, enfim a participação enquanto cidadão. Tanto para (Andrade, 2001; Hespanha, 2003), consideram estes autores que é por meio da busca de uma cidadania plena que se justifica a luta por uma dignidade humana completa e efetiva. Diante disso é que passamos a investigar de modo caleidoscópica a Região Metropolitana de Salvador(RMS). A Região Metropolitana de Salvador (RMS) exibe enormes contrastes no que se refere às desigualdades socioeconômicas, devido a um uso seletivo e desequilibrado de seu território. Segundo SANTOS (1994:15:16): É o uso do território, e não o território em si mesmo, que faz dele objeto de analise social [...] O território são formas, mas o território usado são objetos e ações, sinônimo de espaço humano, espaço habitado. É, sobretudo a partir da intensificação dos novos usos, via as organizações transnacionais, que teremos uma nova realidade territorial, com funcionalidades diferentes, criando novos recortes, intensificando a pobreza no território, é a partir desse aumento vertiginoso, que tenta-se remediar a pobreza, através dos Programas de Transferência de renda, no caso mais específico desta análise o Programa do Bolsa Família. A utilização do território, pautado em uma relação dialéticamente contraditória, intensificou usos distintos dos territórios. É o que essencialmente distingue atualmente territórios do bolsa família do território das redes do capital.7 Há um conflito que se agrava entre o espaço local, espaço vivido por todos os vizinhos, e um espaço global, habitado por um processo racionalizador e um conteúdo ideológico de origem distante e que chegam a cada lugar com os objetos e as normas estabelecidos para servi-los. Daí o interesse de retomar a noção de espaço banal, isto é, o território de todos, freqüentemente contido nos limites do trabalho de todos; e de contrapor essa noção de redes, isto é, o território daquelas formas e normas ao serviço de alguns. (SANTOS, 1994, p. 18) O Autor ressalta a preocupação da necessidade em se conter o crescimento e ganho dos espaços, por um processo, que consolida territórios que pertencem unicamente a serviço e em função do grande Capital, torna-se necessário então, uma re-oxigenação dos sujeitos – a partir da descentralização das atividades, por meio da horizontalização das relações – que vão sendo asfixiados em seus territórios, compelidos em seus territórios. O TERRITÓRIO DO BOLSA FAMÍLIA 7 Grifo nosso. O funcionamento hierárquico garante o controle do que se quer distribuir, alocar e ou possuir, evidentemente esta distribuição está pautada no modo de produção capitalista, isto é, os recursos são distribuídos segundo uma lógica de objetivos intencionais egoístas. A Estrutura das redes é a expressão do tipo e como o poder o constrói, ou seja: revela as intencionalidades e o funcionamento do poder transnacional, que configura uma imagem territorial. Segundo Raffestin, a imagem é a forma assumida pela estrutura manipulada, por um sistema de objetivos intencionais e de ações. As Imagens territoriais revelam as relações de produção e consequentemente às relações de poder, e é decifrando-as que se chega a estrutura profunda.(RAFFESTIN, 1993, p.152) Na análise de Souza, [...] o território será um campo de forças, uma teia ou rede de relações sociais que, a par de sua complexidade interna, define, ao mesmo tempo, um limite, uma alteridade: a diferença entre “nós” (o grupo, os membros da coletividade ou “comunidade”, os insiders) e os “outros” (os de fora, os estranhos, os outsiders). (SOUZA, 1995, p. 86) Entende-se que o poder é múltiplo e não se restringe ao Estado nacional, mas a diversas organizações que se projetam espaço, definidas pelas diferenciações que os constituem. Pode-se então, nesta ocasião propor igualmente a noção do território do bolsa família, dada as diferenças que constituem estes territórios e suas relações econômicas, sociais e culturais. O ‘poder’ corresponde à habilidade humana de não apenas agir, mas de agir em uníssono, em comum acordo.8 O poder jamais é propriedade de um individuo; pertencente ele a um grupo e existe apenas enquanto o grupo se mantiver unido. (ARENDT, 1985:24) Neste sentido, entende-se que é possível distinguir os territórios, segundo a convergência dos autores (RAFFESTIN, 1993; SOUZA, 1995) com o pensamento de Santos (2003), que em suas análise referente, aos países subdesenvolvidos, identifica a existência de um circuito 8 Grifo original do autor. superior e um circuito inferior da economia, estes diferem-se pelas técnicas ilustrado na tabela abaixo. Tabela 2 – Características da Economia Urbana em Países Subdesenvolvidos Tecnologia Circuito Superior Circuito Inferior Uso intensivo de Uso intensivo de mão- Capital de-obra Capital Importante Escasso Salários Prevalecentes Não requeridos Mão-de-obra Limitada Intensa Preços Fixos (em geral) Negociáveis regulares entre comprador e vendedor (regateio) De Crédito banco, institucional Grande; orientação Dependência direta de países Pessoal, não institucional Pequena ou nenhuma para o Exterior estrangeiros Fonte: SANTOS, M. 2003 (adaptado). A partir desta valiosa contribuição podemos efetuar uma diferenciação entre os territórios e os diferentes processos que se realizam na Região Metropolitana de Salvador, isto é, o território do bolsa família (circuito inferior) e o território das redes à serviço do grande capital (circuito superior). Territórios que são, produto histórico do crescimento econômico desigual. Portanto, é possível constatar recortes territoriais inseridos na RMS, que se diferem por suas diferentes funções, que são dialéticamente contraditórias. Apesar de compreender-se que o Programa do Bolsa Família nos moldes atuais ser insuficiente para a erradicação da pobreza, é importante salientar neste momento o aspecto positivo do PBF, por este ser um gerador e circulador de renda, favorecendo a instalação de arranjos produtivos locais, favorecendo a horizontalização das relações no circuito inferior da economia. A concentração de atividades localizadas em um ponto do território, maximizando a acumulação de capital para as mesmas, condiciona a continuidade deste processo: os complexos industriais e as áreas metropolitanas são exemplos típicos. [...] São criadas, assim, periferias de autoconstrução, favelas em áreas alagadiças ou de morros, cortiços, bairros dos diferentes segmentos da classe média e as habitações suntuosas e seletivas dos capitalistas e executivos do capital: os condomínios exclusivos, cercados e sob vigilância de uma polícia particular, são a expressão acabada de uma elite que se impõe. (CORRÊA,1990, p.72:74) Com base nesta citação, é possível afirmar que as denominadas economias de aglomeração, apresentam em sua essência uma estrutura, que a princípio, apenas reproduz continuamente o capital, tornando toda organização espacial, um ciclo vicioso permanente. E à medida que se ampliam as condições de reprodução do capital, ampliam-se os territórios de exclusão, ou seja, o incremento da tecnificação, subordinado aos interesses externos ao lugar, tornando-o cada vez mais dependente e reproduzindo a pobreza. Olhando-se o mapa do país é fácil constatar extensas áreas vazias de hospitais, postos de saúde, escolas secundárias e primárias, enfim, áreas desprovidas de serviços essenciais à vida social e à vida individual. O mesmo, aliás, se verifica quando observamos as plantas das cidades em cujas periferias, apesar de certa densidade demográfica, tais serviços são igualmente ausentes. É como se as pessoas nem lá estivessem. (SANTOS 1988:43 In: ANDRADE, 2001, p.142) Esta realidade do território nacional, não escapa à grandes áreas do território da RMS, nos quais se inserem o território do bolsa família. Em face das condições de pobreza que se criou nas ultimas décadas, no país era então necessário intervir, e essa intervenção foi governamental, através dos Programas de Transferências de Renda (PTR), especificamente sob nossa análise nesta ocasião, o Programa do Bolsa Família, que irá promover uma restrita melhoria das condições de vida da população, entretanto cabe neste momento, efetuar uma reflexão a respeito desse tipo de política assistencialista. Quais são as intencionalidades desta política? Será que este tipo de ajuda financeira promoverá o bem estar social? Quais seriam as alternativas além do benefício financeiro? Estas dúvidas acabam por cometer uma cisão entre diversos segmentos da sociedade brasileira, desde estudiosos até mesmo o beneficiário. Neste contexto de conflito que se põe diante da questão, encontram-se pensamentos que divergem entre si, de um lado os que incriminam o programa, e em contraposição dos que o defendem considerando legítimo enquanto direito. Pode tratar-se até de uma política compensatória, porém é preciso ser sectário, ir à raiz da questão e analisar com profundidade a complexidade que o envolve. Refletir não apenas sobre os dados otimistas do governo, que são atribuídos por meio dos aparelhos do estado, e sim, avaliar se os indivíduos de tantos outros territórios (para não citar apenas os inseridos na RMS), estão conseguindo realmente emancipar-se não apenas economicamente, mas socialmente. Mas também se o território do bolsa família está deixando de ser um território dos excluídos (sem a garantia dos direitos básicos), e se os serviços públicos estão começando fazer parte de seu cotidiano. [...] não basta identificar grupos-alvo específicos e tentar ulteriormente implementar programas de redistribuição de renda conduzidos de cima para baixo; é necessário compreender que a satisfação das necessidades humanas, dos pobres como de quaisquer seres humanos, inclui também a liberdade, a participação, o acesso à cultura etc. (SOUZA,1995, p.102) A liberdade segundo a acepção de CASTORIADIS: A liberdade numa sociedade autônoma exprime-se por estas duas leis fundamentais: sem participação igualitária na tomada de decisões não haverá execução; sem participação igualitária no estabelecimento da lei, não haverá lei. Uma coletividade autônoma tem por divisa e por autodefinição: nós somos aqueles cuja lei é dar a nós mesmos as nossas próprias leis. (CASTORIADIS, 1983:22) Portanto, a liberdade não decorre da aplicação de certas estratégias econômicas, a liberdade compreende a autonomia do sujeito em decidir livremente – e acima de tudo pensar – de como vai gerir o seu território com a coletividade, ou seja, expressa o poder de decidir, atuar e gerir sobre suas intencionalidades de forma participativa em seu território.9 CONCLUSÃO Torna-se evidentemente perigoso um Estado garantir um benefício – desprestigiando os demais fatores que compõe a pobreza – como simples simbiose eleitoral. Não é através do voto confirmando suas necessidades imediatas, que irá garantir-se uma cidadania plena aos beneficiários do Programa do Bolsa Família. 9 Grifo nosso. Se o propósito do Governo Federal é realmente a redução da pobreza, entende-se que a política adotada no PBF carece de uma multidimensionalidade da compreensão do conceito de pobreza, pois deve-ser combatida nas diversas instância, inclusive na redução das distâncias no que se refere ao acesso à informação, aos serviços públicos e a promoção da participação enquanto ator e colaborador na construção de seu território. Entende-se que a pobreza deve ser reconceitoada, a partir de uma análise que permita abarcar um sentido mais amplo da vida, caso contrário, a miopia dos governos em relação ao aspecto qualitativo da vida da população beneficiária do programa irá perdurar. Mecanismos que permitam o sujeito à - não apenas consumir, mas – exercer de maneira soberana seu papel de cidadão, afim de finalmente romper com o recorte territorial criado entre, os de dentro e os de fora, horizontalizando os bens e serviços, portanto homogeneizando o território (no sentido de justiça social).10 Todavia o que não deve ser homogeneizado é o sentido e sensação da territorialidade, o território vivido.11 Pois as diversidades e peculiaridades sócio-culturais existentes nos territórios do bolsa família surgiram - não exclusivamente mas, também - em face das dificuldades aos quais foram historicamente e ainda permanecem submetidos, isto é, a identidade. A identidade que deve ser preservada, para que o passado não decline no ostracismo – os erros do passado. A territorialidade dos indivíduos inseridos no bolsa família é a memória da história, é onde surge a resistência, as organizações, as associações de moradores, a música da contestação, da crítica social (O Rap), são unicamente esses elementos que devem ser preservados neste território (a riqueza sócio-cultural). REFERENCIAS 10 11 Grifo nosso. Grifo nosso. ANDRADE, J. In: Ana Fani Alessandri Carlos (org.). Ensaios de Geografia Contemporânea. Milton Santos. Obra revisitada. São Paulo: Ed. Hucitec. – Edusp. 2001 p.141-145. CASTORIADIS, C. In: SOUZA, M. J. L. de. O território: sobre espaço e poder, autonomia e desenvolvimento. In: CASTRO, I. E. de; GOMES, P. C. da C; CORRÊA, R. L. (Org.). Geografia: conceitos e temas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1995 p.77-116. Contém dados referente ao número de famílias beneficiárias do Programa do Bolsa Família. CORREA, R.L. Região e Organização Espacial. São Paulo: Ática, 1990. 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Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1995 p.77-116. i Este artigo é fruto de reflexões desencadeadas pelos dados resultantes da pesquisa intitulada O impacto dos Programas de Transferência de Renda sobre a Região Metropolitana de Salvador realizada no período de 20072008, sobre a coordenação da Drª Denise Freitas Dornelles, com apoio do CNPq; FAPESB e UCSAL da Linha de pesquisa Assistência Social, Práticas Sociais e Interdisciplinaridade do Grupo de Estudos e Pesquisa Questão Social e Políticas Sociais, vinculado ao Mestrado de políticas Sociais e Cidadania - UCSAL. Território Bolsa Família é uma expressão cunhada pelas reflexões em questão, um universo que se objetiva desvendar problematizando não somente os espaços geográficos da pobreza bem como, sua expressão a partir de um espaço imaginário potencializado por um constructo de sentidos e significados que vão para além do tão-somente físico. ii Globalitarismo é um termo cunhado por Milton Santos (2001) em sua obra: Por uma outra Globalização, que faz a junção do conceito de globalização com o de totalitarismo, pois enfatiza a perversidade existente neste processo perverso de crescimento econômico e de gradativa desigualdade Sócio-espacial. O termo empregado neste artigo pelo referido autor, é quem melhor expressa o objetivo proposto nesta análise.