Internacionalização do Setor da Saúde
Nacional
(a)
Mercados em Análise: BRASIL
Autores
Cláudia Maria Neves Simões
José Carlos Martins Rodrigues Pinho
Manuel Herédia Caldeira Cabral
Paula Alexandra Veloso da Veiga
2012
Com o Co-financiamento:
Com a colaboração de:
Internacionalização do Setor da Saúde Nacional nos
Mercados de Angola, Brasil, EUA e Alemanha
Caderno Suplementar 3
Mercados em análise: Brasil
Autores
Cláudia Maria Neves Simões (Senior Lecturer, Open University Business School/UK & Professora
Associada, Universidade do Minho, iMARKE) (coordenadora)
José Carlos Martins Rodrigues Pinho (Professor Associado, Universidade do Minho, iMARKE)
Manuel Herédia Caldeira Cabral (Professor Auxiliar Universidade do Minho, NIPE)
Paula Alexandra Veloso da Veiga (Professora Auxiliar Universidade do Minho, NIMA)
A informação contida neste relatório reporta os dados obtidos junto das fontes referenciadas até junho
de 2012. Várias dessas fontes são registos online cujos dados e informações evoluem ao longo do tempo
e/ou se podem tornar indisponíveis. Assim, a utilização do conteúdo deste trabalho deverá ter em
atenção a necessária consulta permanente da fonte para qualquer atualização que venha a ocorrer.
Adicionalmente, este trabalho procura ser um documento de consulta e de orientação não substituindo
a análise aprofundada da realidade da empresa e seus recursos, bem como, o devido aconselhamento
legal quando necessário.
Com o Co-financiamento:
Com a colaboração de:
Índice
3.7 | BRASIL ............................................................................................................... 1
3.7.1 | Caracterização geral ....................................................................................... 2
3.7.1.1 | Evolução dos principais indicadores macroeconómicos ...................................... 3
3.7.1.2 | Abertura ao exterior ................................................................................ 4
3.7.1.3 | Outras informações relevantes ................................................................... 7
3.7.2 | Mercado da saúde: Análise dos fatores de crescimento/atratividade ............................ 9
3.7.2.1 | Organização e modo de financiamento dos cuidados de saúde ............................. 9
3.7.2.2 | Despesas da saúde ................................................................................. 10
3.7.2.3 | Regulação dos produtos de saúde ............................................................... 12
3.7.2.1 | Envelhecimento, longevidade e quadro epidemiológico .................................... 13
3.7.2.2 | Qualidade e custos da mão-de-obra ............................................................ 14
3.7.2.3 | Qualidade das infraestruturas.................................................................... 15
3.7.2.4 | Inovação, I&D e proteção à propriedade intelectual ........................................ 16
3.7.2.5 | Acesso a capital e financiamento ............................................................... 18
3.7.2.6 | Políticas industriais ................................................................................ 19
3.7.2.7 | Mercado e marketing .............................................................................. 21
3.7.3 | Biotecnologia como área de destaque ................................................................. 24
3.7.4 | Importações de produtos de saúde ..................................................................... 27
3.7.4.1 | Estados Unidos da América ....................................................................... 30
3.7.4.2 | Alemanha ............................................................................................ 31
3.7.4.3 | Suíça e França ...................................................................................... 32
3.7.4.4 | China ................................................................................................. 33
3.7.4.5 | Itália, Bélgica e Irlanda ........................................................................... 34
3.7.4.6 | Japão ................................................................................................. 35
3.7.4.7 | Portugal .............................................................................................. 35
3.7.5 | Exportar para o Brasil..................................................................................... 38
3.7.5.1 | Exportação direta e exportação indireta ...................................................... 38
3.7.5.2 | Procedimentos administrativos .................................................................. 40
3.7.5.3 | Requisitos de rotulagem .......................................................................... 44
3.7.5.4 | Produtos de saúde .................................................................................. 44
3.7.5.5 | Impostos e despesas sobre os produtos importados .......................................... 45
3.7.5.6 | Forma de pagamento das importações ......................................................... 48
3.7.5.7 | Transporte ........................................................................................... 49
i
3.7.5.8 | Apoio do Estado .................................................................................... 49
3.7.6 | Investir no Brasil ........................................................................................... 50
3.7.6.1 | Forma jurídica ...................................................................................... 50
3.7.6.2 | Formalidades ........................................................................................ 50
3.7.6.3 | Remessas de dividendos ........................................................................... 50
3.7.6.4 | Repatriamento de capital ......................................................................... 51
3.7.6.5 | Impostos sobre o rendimento .................................................................... 51
3.7.6.6 | Incentivos ao Investimento ....................................................................... 52
3.7.7 | Farmacêutica ............................................................................................... 54
3.7.7.1 | O mercado farmacêutico brasileiro ............................................................. 54
3.7.7.2 | Estrutura da indústria ............................................................................. 63
3.7.7.3 | Investigação & desenvolvimento ................................................................ 70
3.7.7.4 | Regulação de produtos farmacêuticos .......................................................... 74
3.7.7.5 | Regulação direta de preços....................................................................... 80
3.7.7.6 | Importações e exportações ....................................................................... 81
3.7.7.1 | Identificação de oportunidades e desafios: farmacêutica .................................. 85
3.7.8 | Dispositivos médicos ...................................................................................... 86
3.7.8.1 | Estrutura e desempenho da indústria........................................................... 86
3.7.8.2 | Acesso ................................................................................................ 89
3.7.8.3 | Programas públicos ................................................................................ 90
3.7.8.4 | Regulação ............................................................................................ 90
3.7.8.1 | Importações e exportações ......................................................................100
3.7.8.2 | Identificação de oportunidades e desafios: dispositivos médicos ........................107
3.7.9 | Medicina personalizada ..................................................................................110
3.7.9.1 | Tecnologias de Informação na Saúde: telemedicina e e-health ..........................110
3.7.9.1 | Bioinformática .....................................................................................113
3.7.9.2 | Identificação de oportunidades: medicina personalizada ..................................116
3.7.10 | Ambient assisted living ................................................................................117
3.7.10.1 | Mercado dos cuidados domiciliários ..........................................................117
3.7.10.2 | Identificação de oportunidades: Ambient Assisted Living ................................118
3.7.11 | Oportunidades e desafios do setor da saúde no Brasil ...........................................119
3.7.12 | Referências...............................................................................................123
3.7.13 | Anexo 1 – Método do estudo ..........................................................................131
3.7.14 | Anexo 2 – Lista das posições pautais .................................................................133
i i
Índice de quadros
Quadro 3.7.1 | Perfil do país - Brasil ................................................................................. 3
Quadro 3.7.2 | Evolução dos principais indicadores macroeconómicos ........................................ 4
Quadro 3.7.3 | Trocas comerciais de mercadorias e Investimento .............................................. 5
Quadro 3.7.4 | Indicador “Doing Business” do Banco Mundial.................................................... 6
Quadro 3.7.5 | Relações económicas bilaterais entre Portugal e o Brasil (2007-2012) ...................... 6
Quadro 3.7.6 | Informações genéricas relevantes .................................................................. 7
Quadro 3.7.7 | Sites e documentos com interesse ................................................................. 8
Quadro 3.7.8 | Evolução das despesas da saúde ................................................................... 10
Quadro 3.7.9 | Indicadores do estado de saúde ................................................................... 14
Quadro 3.7.10 | Empresas de biotecnologia e associações empresariais ...................................... 24
Quadro 3.7.11 | Medicamentos biotecnológicos de interesse para as empresas brasileiras ............... 26
Quadro 3.7.12 | Principais medicamentos biológicos de interesse ............................................. 26
Quadro 3.7.13 | Taxa de crescimento das importações do Brasil por produto* .............................. 27
Quadro 3.7.14 | Taxa de crescimento do comércio de produtos de saúde portugueses no Brasil* ....... 37
Quadro 3.7.15 | Informação sobre distribuidores.................................................................. 39
Quadro 3.7.16 |Convenção entre Portugal e o Brasil ............................................................. 51
Quadro 3.7.17 | Sites com informação sobre incentivos ......................................................... 53
Quadro 3.7.18 | Classes Terapêutica com produtos mais vendidos ............................................ 57
Quadro 3.7.19 | Medicamentos mais vendidos no Brasil 2010 (em milhões de Dólares) .................... 58
Quadro 3.7.20 | Receitas da Indústria farmacêutica no Brasil últimos 5 anos ............................... 63
Quadro 3.7.21 | Laboratórios públicos (exemplos) ................................................................ 64
Quadro 3.7.22 | Vendas e negócios por dimensão de empresas ................................................ 64
Quadro 3.7.23 |Grau de concentração do mercado (2009) ...................................................... 65
Quadro 3.7.24 | Maiores laboratórios farmacêuticos (% de venda a retalho do Brasil) ..................... 65
Quadro 3.7.25 | Líderes de genéricos em 2009 (milhões de Reais) ............................................ 67
Quadro 3.7.26 | Líderes do segmento MNSRM em 2009 (milhões de Reais) ................................... 67
Quadro 3.7.27 | Líderes do mercado não retalhista (2008) (milhões de Reais) .............................. 68
Quadro 3.7.28 |Associações do setor farmacêutico ............................................................... 68
Quadro 3.7.29 | Alguns dos mais importantes Institutos/organismos de I&D ................................. 71
Quadro 3.7.30 | Investigações com ensaios envolvendo seres humanos ....................................... 74
Quadro 3.7.31 | Legislação ............................................................................................ 74
Quadro 3.7.32 | Documentos para as vias de desenvolvimento individual e de comparabilidade ........ 77
Quadro 3.7.33 | Importações totais brasileiras de produtos farmacêuticos .................................. 82
Quadro 3.7.34 | Exportações portuguesas de produtos farmacêuticos para o Brasil (2011) ............... 84
Quadro 3.7.35 | Cadastramento de equipamentos médicos – Resolução RDC nº 24/09 (dispensa de
registo) .................................................................................................................... 95
Quadro 3.7.36 | Registo simplificado de equipamentos médicos – modelo simplificado: Classe I e II
presentes na IN nº 13/09 e 02/11 (exceto os destinados a utilização por leigos em ambientes
i i i
domésticos) ............................................................................................................... 96
Quadro 3.7.37 | Registo de equipamentos médicos – Modelo completo: Classes IV, III + Classe I e II
(destinados a utilização por leigos em ambientes domésticos e presentes na IN nº 02/11) ............... 97
Quadro 3.7.38 | Regulamentação específica de materiais de saúde ........................................... 98
Quadro 3.7.39 | Importações totais brasileiras de dispositivos médicos .....................................101
Quadro 3.7.40 | Importações por grupo (milhares de Dólares).................................................102
Quadro 3.7.41 | Produtos importados ..............................................................................102
Quadro 3.7.42 | Exportações portuguesas de dispositivos médicos para o Brasil ...........................103
Quadro 3.7.43 | Dispositivos estratégicos prioritários (Portaria 1.284 de 2010) ............................105
Quadro 3.7.44 | Exportação (milhares de Dólares) ...............................................................107
Quadro 3.7.45 | Principais laboratórios de bioinformática do Brasil ..........................................115
Quadro 3.7.46 | Outros atores nacionais do setor ................................................................116
i v
Índice de figuras
Figura 3.7.1 | Despesas farmacêuticas em percentagem das despesas públicas ............................. 10
Figura 3.7.2 | Importações brasileiras de produtos de saúde (milhares de Euros) .......................... 27
Figura 3.7.3 | Quota das importações de produtos de saúde (farmacêuticos e de dispositivos médicos)
no mercado do brasileiro ............................................................................................... 28
Figura 3.7.4 | Principais exportadores de produtos de saúde para o Brasil (2011) .......................... 29
Figura 3.7.5 | Evolução da quota dos 15 principais exportadores para o mercado brasileiro de produtos
de saúde ................................................................................................................... 30
Figura 3.7.6 | Quota de mercado dos EUA nas importações brasileiras de produtos de saúde ............ 31
Figura 3.7.7| Quota de mercado da Alemanha nas importações brasileiras de produtos de saúde....... 32
Figura 3.7.8 | Quota de mercado da Suíça e da França nas importações brasileiras de produtos de saúde
.............................................................................................................................. 33
Figura 3.7.9 | Quota de mercado da China nas importações brasileiras de produtos de saúde ........... 34
Figura 3.7.10 | Quota de mercado da Itália, Bélgica e Irlanda nas importações brasileiras de produtos
de saúde ................................................................................................................... 34
Figura 3.7.11 | Quota de mercado do Japão nas Importações brasileiras de produtos de saúde ......... 35
Figura 3.7.12 | Evolução das exportações portuguesas de produtos de saúde para o Brasil (milhares de
Euros) ...................................................................................................................... 36
Figura 3.7.13 | Quota de Portugal nas importações brasileiras de produtos de saúde ..................... 36
Figura 3.7.14 | Evolução da venda no retalho (mil milhões de Reais) ......................................... 55
Figura 3.7.15 | Evolução do mercado farmacêutico (mil milhões de Reais) .................................. 56
Figura 3.7.16 | Repartição das despesas farmacêuticas .......................................................... 60
Figura 3.7.17 | Preço ao consumidor (médio – 2005) ............................................................. 60
Figura 3.7.18 | Crescimento da indústria nacional ................................................................ 66
Figura 3.7.19 | Índice de custos farmacêutica - mercados emergentes (EUA=100) ......................... 69
Figura 3.7.20 | Investimento privado em I&D (milhões Reais) .................................................. 70
Figura 3.7.21 | Ensaios clínicos: mercados emergentes – índice de custos (EUA=100) ...................... 73
Figura 3.7.22 | Peso das importações de produtos farmacêuticos no total das importações .............. 81
Figura 3.7.23 | Quota de mercado dos maiores exportadores para o mercado brasileiro de produtos
farmacêuticos (2011). .................................................................................................. 83
Figura 3.7.24 | Quota de Portugal no total das importações brasileiras de produtos farmacêuticos
brasileiro .................................................................................................................. 84
Figura 3.7.25 | Oportunidades e desafios setor farmacêutico brasileiro ...................................... 85
Figura 3.7.26 | Receitas da indústria de dispositivos médicos entre 2008 e 2011 ........................... 87
Figura 3.7.27 | Competitividade da indústria de dispositivos médicos ........................................ 89
Figura 3.7.28 | Dispositivos médicos: mercados emergentes – índice de custos (EUA=100) ............... 89
Figura 3.7.29 | Fluxograma do registo de dispositivos médicos ................................................. 92
Figura 3.7.30 | Quota de mercado dos maiores exportadores para o mercado brasileiro de dispositivos
médicos ...................................................................................................................100
v
Figura 3.7.31 | Quota de mercado dos maiores exportadores para o mercado brasileiro de dispositivos
médicos – Posição pautal 9018 .......................................................................................101
Figura 3.7.32 | Oportunidades e desafios do setor de dispositivos médicos .................................109
Figura 3.7.33 | Oportunidades e desafios do setor da saúde brasileiro ......................................119
v i
INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL
NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA
3.7 | Brasil
O Brasil é um dos mercados de saúde do mundo com maior potencial. Com mais de 190 milhões de
habitantes e com um consumo de medicamentos e de dispositivos médicos ainda baixos, espera-se que
o mercado venha a apresentar um crescimento significativo. Comparado com outros fármacoemergentes, o Brasil tem um regime de patentes e de regulação eficiente e menos problemas de
contrafação do que noutros países semelhantes (OSEC, 2010). Simultaneamente, o país possui alguma
mão-de-obra qualificada e know-how em áreas tecnológicas. Os principais drivers do setor nos
próximos anos incluem: (i) o crescimento económico; (ii) o aumento do poder de compra e melhor
redistribuição; (iii) o envelhecimento da população.
O mercado também apresenta desafios. Apesar de uma evolução positiva geral na sociedade/economia
brasileira, diversos fatores impedem a economia de atingir o seu potencial: a desigualdade
socioeconómica e demográfica, a deficiência nas qualificações, a concentração de mercado em alguns
segmentos, a economia informal, e a forte presença do Estado. Estes aspetos contribuem para um
ambiente de negócios complexo e elevadas barreiras à entrada de empresas estrangeiras.
Internacionalização no mercado brasileiro: perceções dos empresários
Factores que mais contribuíram para a decisão de internacionalização no mercado brasileiro:



Especial interesse por parte dos gestores pela internacionalização
Objectivo de crescimento potencial no longo prazo
Frequência de viagens e contactos com o exterior
Obstáculos mais relevantes na entrada no mercado brasileiro:




Custos elevados de entrada
Barreiras alfandegárias
Regulação muito restritiva
A empresa não dispõe de um sistema de informação eficiente de suporte
Fonte: dados primários - questionário
Este documento apresenta o trabalho realizado no âmbito do estudo sobre a internacionalização do
setor da saúde nacional (ver método do estudo no Anexo 1). O trabalho foi contratado pela AICEP à
Universidade do Minho e teve na génese da sua definição a colaboração entre a AICEP e o Health
Cluster Portugal como parceiros no desenvolvimento do setor da saúde. Em particular, são aqui
espelhadas informações e reflexões sobre o mercado da saúde brasileiro.
1
CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL
3.7.1 | Caracterização geral
O Brasil é o maior país da américa Latina e o quinto maior país do
mundo com uma área total de 8.514.877 km². Com uma
população superior a 190 milhões de habitantes (2010) é,
também, o quinto país mais populoso do mundo (IBGE, 2010)1. A
população deverá atingir os 207 milhões de habitantes em 2020
(IBGE, online2). A densidade populacional é relativamente baixa,
cerca de 22,43 habitantes por Km2 (IBGE, online3). Cerca de 84.4%
da população vive nas cidades (IBGE, 2010).
Em 2011, a taxa de crescimento real foi de 7,5% (MDICE, 2011) 4 , o que caracteriza um elevado
crescimento económico, principalmente quando comparada com a taxa de crescimento de países
desenvolvidos no mesmo período. Atualmente é a maior economia da América Latina e a 6ª maior
economia do mundo (Ministério da Fazenda, 2012)5. O valor da riqueza criada em 2011 ascendeu a 4.1
triliões de reais (estimativa IBGE6) cerca de R$21,3 mil per capita. Espera-se que a economia continue
a crescer a um ritmo superior ao da média da economia mundial (Ministério da Fazenda, 2012).
Conjuntamente com a abundância das riquezas naturais, a economia apresenta um elevado grau de
diversificação e oportunidades em diferentes áreas. O número de produtos para os quais não há
produção nacional é relativamente pequeno (FUNCEX, 2010). O Quadro 3.7.1 caracteriza, de um modo
geral, o perfil do país.
1
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/indicadoresminimos/sinteseindicsociais2010/SIS_2010.pd
f [último acesso: junho 2012]
2
http://seriesestatisticas.ibge.gov.br/series.aspx?vcodigo=POP300&sv=35&t=revisao-2008-projecao-da-populacao-do-brasil
[último acesso: junho 2012]
3 http://seriesestatisticas.ibge.gov.br/series.aspx?vcodigo=POP117&sv=32&t=densidade-demografica [último acesso:junho 2012]
4
http://www.desenvolvimento.gov.br/arquivos/dwnl_1312203713.pdf [último acesso: junho 2012]
5
http://www.fazenda.gov.br/portugues/docs/perspectiva-economia-brasileira/edicoes/Economia-Brasileira-Em-Perspectiva14Ed.EspecialFev2012.pdf [último acesso: junho 2012]
6
http://www.ibge.gov.br/brasil_em_sintese/tabelas/contas_nacionais_tabela01.htm [último acesso: junho 2012]
2
INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL
NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA
Quadro 3.7.1 | Perfil do país - Brasil
Área: 8.514.877 km² (5º país em extensão territorial)
População: 190.8 milhões (2010)
Densidade populacional: 22,33 habitantes por km²
Organização política: O Distrito Federal encontra-se em Brasília, a Capital Federal do Brasil. É um Estado
democrático com estabilidade política
Capital: Brasília – 3,8 milhões de habitantes
Principais cidades: São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Belo Horizonte, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Brasília
Língua: Português
Unidade monetária: Real do Brasil (BRL)
1 EUR = 2,2886 BRL (valor médio abril – maio 2011)
O regime é de câmbio flutuante, com as cotações sendo determinadas livremente pelo mercado, embora com
intervenções pontuais do Banco Central.
Zonas Francas: Manaus- Amazonas; Macapá/Santana- AMAPA; Tabatinga - Amazonas Guajaramirim - Rondônia. A
zona franca de Manaus é a mais desenvolvida. As isenções fiscais estão aprovadas até 2013.
Principais Portos: Porto de Santos, Porto do Rio de Janeiro, Porto de Paranagua, Porto do Rio Grande, Porto de
Vitória. Pode haver diferenças de eficiência entre os Portos.
Principais aeroportos: Guarulhos (S. Paulo), Viracops (S. Paulo), Galeão (Rio de Janeiro)
Risco do País (AAA = risco menor; D = risco maior):
Risco político: BBB
Risco do país: BB
Ambiente de negócios:
Ranking em negócios: índice 6,71 (10 = máximo)
Ranking geral: 39 (entre 82 países)
Risco de crédito: 3 (risco menor = 1; risco maior = 7)
Grau de abertura:
Exportações + Importações/PIB = 23,8% (2008-2010)
Importações/PIB = 9,2% (2010)
Importações/Importações mundiais = 1,24% (2010)
Fontes: Adaptado de AICEP, 2010, 2012; CIA 2009; WTO Statistics Database7.
3.7.1.1 | Evolução dos principais indicadores macroeconómicos
Nos últimos anos o Brasil tem seguido uma política macroeconómica centrada no crescimento do PIB
com redução da taxa de inflação (Quadro 3.7.2). O sucesso da política nestas duas variáveis,
acompanhada por um crescimento acelerado do consumo interno, contribuiu para aumentar a
confiança dos investidores. A moeda está sobrevalorizada, o que tem impulsionado o crescimento das
importações (US Department of Commerce, 2011a).
7
http://stat.wto.org [último acesso: junho 2012]
3
CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL
Quadro 3.7.2 | Evolução dos principais indicadores macroeconómicos
Unidade
9
2009
2010
2011
2012
2013
2017
PIB a preços de mercado
10 USD
1.622,3
2.143,0
2.492,9
2.425,1
2.50
3,9
3.254
,3
PIB per capita
103 USD
8.472,5
11.008,6
12.788,
6
12.339,6
12.6
43
15.91
9,1
%
-0,3
7,5
2,7
1,5
4,0
4,1
% do PIB
66,9
65,2
64,9
64,1
61,2
58,9
%
4,9
5,0
6,6
5,3
4,9
4,5
Balança Corrente
% do PIB
-1,5
-2,2
-2,1
-2,6
-2,8
-3,3
Taxa de câmbio*8
1 Real=XEUR
0,36057
0,42718
0,42968
**0,40006
-
-
Crescimento real PIB
Dívida Pública Federal (bruta)
Inflação
*Valor da oferta; **Ano incompleto. Fontes: FMI World Economic Outlook Database, online.
Outra vertente importante da política económica recente é o aumento das transferências sociais. O
aumento das transferências está a contribuir para a redução histórica dos níveis de pobreza e de
desigualdade (Ministério da Fazenda, 2012)9. O aumento da dimensão da classe média encontra-se na
origem do crescimento do consumo privado. O mercado interno tem sido o grande impulsionador da
economia nos últimos anos, permitindo ao Brasil resistir ao impacto da crise internacional.
3.7.1.2 | Abertura ao exterior
Em paralelo ao crescimento do mercado interno, a política económica, em particular a política
industrial, tem promovido o desenvolvimento e crescimento de empresas nacionais. Este modelo de
desenvolvimento assenta em políticas e instrumentos de cariz fortemente protecionistas. O país é
considerado atualmente como um dos países mais protecionistas do mundo (Hufbauer et. al., 2010)10.
O Quadro 3.7.3 resume os dados do país relativamente às trocas comerciais de mercadorias e
investimento. Considerando o seu peso no comércio internacional, o Brasil ocupa o 22º lugar como
exportador mundial e o 20º como importador, com uma quota de 1,24% e 1,32%, respetivamente (WTO
Statistics Database, online 11 ). O mercado continua relativamente fechado, com um baixo grau de
abertura. As importações representam apenas 9,2% do PIB (WTO, Statistics Database, online).
8
Conforme valores calculados em http://www.oanda.com/l4ang/pt/currency/average [último acesso: junho 2012]
O índice de Gini alcançou em 2011 o valor mais baixo dos últimos 30 anos (IBGE).
10
ver dados e estudos em http://www.globaltradealert.org/ [último acesso: junho 2012]
11
http://stat.wto.org/CountryProfile/WSDBCountryPFView.aspx?Language=E&Country=BR [último acesso: junho 2012]
9
4
INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL
NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA
Quadro 3.7.3 | Trocas comerciais de mercadorias e Investimento
Trocas comerciais de mercadorias
(10⁹ USD)
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
Exportação fob
-
137,8
160,6
197,9
153,0
201,9
256,0
Importação fob
-
91,4
126,6
182,3
136,6
191,6
236,8
Saldo
-
46,5
34,0
15,6
16,4
10,3
19,2
Como exportador
-
23ª
24ª
22ª
24ª
22ª
Nd
Como importador
-
28ª
28ª
24ª
26ª
20ª.
Nd
Investimento estrangeiro no Brasil
15.066
18.822
34.585
45.058
25.949
48.438
65,5
Investimento do Brasil no estrangeiro
2.517
28.202
7.067
20.457
-10.084
11.519
-9.3
Como recetor
14ª
17ª
15ª
11ª
15ª
5ª
-
Como emissor
38ª
13ª
37ª
20ª
17
25ª
-
Posição no ranking comercial
Investimento (106 USD)
Posição no ranking mundial
Fontes: WTO Statistics database, online 12; UNCTAD 2011; 2012
Apesar do forte protecionismo, ao longo dos últimos anos o Brasil tem vindo tornar-se um país mais
atrativo ao investimento estrangeiro. Os fluxos de Investimento Direto Estrangeiro (IDE) são uma
importante fonte de financiamento e de dinamização da economia brasileira. Em termos mundiais, o
país é o 5º recetor de IDE. Em 2011, o investimento das empresas brasileiras no exterior parece
ressentir-se da crise mundial (ver ainda Quadro 3.7.3). Ao mesmo tempo, e na linha protecionista, a
política industrial, procura atrair investimento mais seletivo e proteger as indústrias nacionais,
sobretudo em setores considerados estratégicos para o desenvolvimento. Tal como no comércio
internacional, os fluxos de IDE deverão aumentar nos próximos anos, com o potencial do país em se
tornar um ator importante da cena económica (e até política) internacional.
No quadro das relações multilaterais o Brasil é membro da Organização Mundial de Comércio e
signatário de diversos acordos, incluindo o Technical Barriers to Trade. Destaca-se, em particular, a
participação do Brasil no acordo regional do Mercosul13. A localização geográfica e o acordo regional
tornam o país atrativo como plataforma de acesso à América Latina. O Brasil usufrui de privilégios no
acesso aos mercados dos países desenvolvidos conferidos pelo Sistema de Preferências Generalizadas
(SPGs).
Apesar do ambiente geral de negócios continuar a melhorar, o Brasil situa-se, ainda, num patamar
baixo no ranking do Banco Mundial. O país está classificado em 130º lugar no ranking “Doing Business
2013” (Quadro 3.7.4). As principais dificuldades parecem estar num sistema fiscal complexo e pesado.
12
http://stat.wto.org/Home/WSDBHome.aspx [último acesso: junho 2012]
Projeto de integração sub-regional, criado em 26 de março de 1991 pelo Tratado de Assunção, cujos membros são o Brasil,
Argentina, Paraguai (suspenso temporariamente até abril de 2013), Uruguai e Venezuela.
13
5
CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL
A carga fiscal média das empresas é de cerca de 67,1% dos lucros, contrastando com os 43% da OCDE
(World Bank, 2012).
Quadro 3.7.4 | Indicador “Doing Business” do Banco Mundial
Critérios
Ranking
Critérios
Ranking
Clima de negócios ranking
130
Proteção dos investimentos
82
Iniciar um negócio
121
Coeficiente fiscal
156
Autorização para construção de
infraestruturas
131
Comércio internacional
123
Obter eletricidade
60
Enforcement de contratos
116
Registo de propriedade
109
Encerramento de um negócio
143
Acesso ao crédito
104
Fonte: Banco Mundial (online)14.
A complexidade do sistema fiscal, incluindo as disputas que se podem gerar entre os estados, levanta
problemas adicionais aos exportadores e investidores. Persiste o excesso de burocracia, o elevado grau
de intervenção do governo em algumas áreas e os riscos de corrupção. Estes agravam-se em sistemas
muito regulados, tais como, nos relacionados com o setor da saúde15. Em 2011 o país encontrava-se na
99ª posição no ranking do “index of economic freedom” (Heritage Foundation, 2012) e ocupava a 73ª
posição no ranking da Transparency International Corruption Perception Index (Transparency
International, 2011).
i | Brasil: mercado natural para as empresas portuguesas?
Apesar de parte de uma história comum, as relações económicas entre o Brasil e Portugal são
relativamente pequenas, embora com uma evolução positiva. Em termos de comércio, as relações com
Portugal têm vindo a crescer nos últimos anos, ocupando o Brasil a 10º posição (2011) como cliente e o
10º lugar como fornecedor (Quadro 3.7.5).
Quadro 3.7.5 | Relações económicas bilaterais entre Portugal e o Brasil (2007-2012)
Brasil como Cliente
Brasil como Fornecedor
Posição/%
2007
2008
2009
2010
2011
2012 (jan/maio)
Posição
17ª
13ª
11ª
10ª
10ª
11ª
%
0,67
0,82
0,93
1,20
1.38
1,27
Posição
8ª
9ª
10ª
10ª
10ª
8ª
%
2,30
2,12
1,73
1,84
2,53
2,55
Fonte: INE – Instituto Nacional de Estatística in AICEP, 2012.
14
http://www.doingbusiness.org/ [último acesso: junho 2012]
http://www.business-anti-corruption.com/country-profiles/latin-america-the-caribbean/brazil/snapshot/ [último acesso:
junho 2012]
15
6
INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL
NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA
Há evidência na literatura de que uma língua e um património cultural comum podem favorecer as
relações económicas (Silva, 2005). No entanto, o mercado brasileiro não é percebido, em geral, pelos
responsáveis do setor da saúde, como um mercado natural para as exportações e/ou investimento
português. As razões parecem estar na distância, na dimensão do mercado e, principalmente, na
evidência de forte protecionismo. Os responsáveis indicam que a entrada no mercado brasileiro, dado o
tamanho do mercado e os requisitos legais, implica um elevado investimento, não compatível com a
estrutura das empresas portuguesas do setor.
A atitude protecionista da política industrial brasileira foi a barreira à internacionalização mais referida pelos
entrevistados.
Fonte: dados primários
Note-se, no entanto, que os empresários do setor da saúde salientam a língua e práticas médicas
comuns entre os países como um fator de atratividade do mercado.
“Temos muitas vantagens: a língua, as práticas médicas que são muito idênticas às nossas, as práticas de
enfermagem (embora eles sigam muito os modelos americanos). As classificações, os códigos são muitos daqueles
que nós usamos em Portugal”.
Fonte: dados primários
3.7.1.3 | Outras informações relevantes
O Quadro 3.7.6 apresenta informações genéricas relevantes para o empresário interessado em abordar
o mercado brasileiro.
Quadro 3.7.6 | Informações genéricas relevantes
Tipo de informação
Etiqueta de negócio
Os processos de negociação são lentos e os contactos pessoais são importantes. O
espaço para relações esporádicas é pequeno. A continuidade da relação baseada na
confiança é tida como um atributo importante nos negócios.
Apesar da língua e da familiaridade cultural, os empresários portugueses devem notar
que há uma grande diferença em termos de práticas comerciais e de negociação.
Assim, torna-se importante um entendimento dessas práticas para o desenvolvimento
do relacionamento/negócio.
Documentos e
informação necessária
para viajar ou emigrar
Informação sobre visto de viagens de negócios e emigrações: http://www.consuladobrasil.pt
Acordo
para
contratação
de
trabalhadores:
http://www.consuladobrasil.pt/acordo2003.htm
[último acesso: junho 2012]
Ligações aéreas
Portugal- Brasil
A TAP opera várias ligações diretas semanais entre o Brasil e Portugal servindo,
atualmente, dez cidades brasileiras: Belo Horizonte, Brasília, Campinas, Fortaleza,
Natal, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.
A companhia portuguesa Sata pretende operar voos diretos entre o Brasil e Portugal a
partir de setembro.
Fontes: Adaptado de FUNCEX 2010; dados primários.
7
CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL
O Quadro 3.7.7 resume sites da internet com informação relevante sobre o Brasil e o mercado
brasileiro.
Quadro 3.7.7 | Sites e documentos com interesse
Tipo de informação
Sites/Documentos com interesse
Informações gerais e
legais sobre o mercado
AICEP Portugal Global: http://www.portugalglobal.pt/
Dados estatísticos sobre
o mercado
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior:
http://www.desenvolvimento.gov.br/
Banco Mundial: http://data.worldbank.org/indicator
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas: http://www.ibge.gov.br
Organismos públicos/
Agências
governamentais
Ministério da Saúde: http://portalsaude.saúde.gov.br/portalsaude/index.cfm [último
acesso: junho 2012]
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA):
http://portal.anvisa.gov.br/wps/portal/anvisa/anvisa/home [último acesso: junho
2012]
Senado Federal (legislação): http://legis.senado.gov.br/sicon/index.jsp [último
acesso: junho 2012]
Sistema Integrado de Comércio Exterior (SISCOMEX):
http://www.receita.fazenda.gov.br/aduana/siscomex/siscomex.htm [último acesso:
junho 2012]
Instituto Nacional da Propriedade Industrial(INPI): http://www.inpi.gov.br/
Agência brasileira de Promoção das Exportações e dos Investimentos (Apex):
http://www.apexbrasil.com.br/
Ministério das Relações Exteriores: http://www.mre.gov.br/
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior:
http://www.mdic.gov.br/sitio/
Portal do Governo Federal: http://www.brasil.gov.br/
Banco Central do Brasil: http://www.bcb.gov.br/
Brasil Global: http://www.brasilglobalnet.gov.br
Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI): http://www.abdi.com.br/
Outros sites
Centro de Distribuição Eletrónico de Produtos Portugueses no Brasil:
http://www.exportarptbr.com/Login.aspx?ReturnUrl=%2fDefault.aspx
Câmara Portuguesa de Comércio no Brasil: http://www.camaraportuguesa.com.br
Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (FUNCEX):
http://www.funcex.com.br/
AICEP Brasil (S. Paulo): http://www.aicep.org.br/
(e-mail: [email protected])
Embaixada Portuguesa no Brasil (Brasília): http://www.embaixadadeportugal.org.br;
(email: [email protected]);http://www.embaixadaportugal-brasil.blogspot.com/
Para informações sobre os 8 consulados existentes consultar:
http://www.embaixadadeportugal.org.br/rede/sp.php
Fundação Luso-Brasileira: http://www.fund-luso-brasileira.org/
[último acesso: junho 2012]
8
INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL
NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA
3.7.2 | Mercado da saúde: Análise dos fatores de crescimento/atratividade
Despesas da
saúde
Regulação dos
produtos de
saúde
Organização e
modo de
financiamento
dos cuidados de
saúde
Envelhecimento,
longevidade e
quadro
epidemiológico
Setor da Saúde
Brasil
Políticas
industriais
Inovação, I&D e
proteção à
propriedade
intelectual
Mercado e
marketing
Acesso a
capital e
financiamento
Qualidade das infraestruturas e
Qualidade e custos da
mão-de-obra
3.7.2.1 | Organização e modo de financiamento dos cuidados de saúde
A gestão do sistema de saúde brasileiro é descentralizada envolvendo os estados e os governos locais. O
Governo Federal mantém, no entanto, as principais responsabilidades de coordenação e de
financiamento (cerca de 55%). O financiamento advém dos recursos obtidos através de impostos e das
contribuições sociais pagas pela população ativa e pelas empresas. A descentralização do sistema de
saúde no Brasil deu um grande controlo aos estados e municípios sobre as compras e planeamento do
sistema.
O sistema de saúde brasileiro é composto pelos seguintes subsistemas: (i) Sistema Único de Saúde (SUS)
com financiamento público envolvendo os três níveis de governo Nacional, Regional e Local; (ii)
Sistema de Saúde Suplementar (Supletivo de Assistência Médica) em que os indivíduos ou organizações
têm planos e seguros privados de saúde complementares ao SUS; (iii) mercado privado de seguros e
prestação de cuidados de saúde.
O SUS é universal. Cerca de 75% da população depende exclusivamente do SUS. A prestação dos
cuidados de saúde ao abrigo do SUS é pública. No entanto, o sistema recorre à contratualização de
serviços no setor privado como forma complementar. De um modo geral, as classes média e alta têm
planos de saúde privados, enquanto as classes mais baixas dependem exclusivamente do SUS (Santos,
2009).
9
CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL
De acordo com a IMS (2012) uma reforma estrutural do sistema de saúde é improvável nos próximos
anos. Espera-se, no entanto, o reforço das políticas destinadas a promover o acesso aos cuidados de
saúde, em particular o crescimento dos cuidados de saúde primários.
3.7.2.2 | Despesas da saúde
Seguindo o padrão internacional, as despesas na saúde estão em crescimento e representavam, em
2010, 9% do PIB (WHO, online). As despesas federais não ultrapassam os 3% (Quadro 3.7.8). As despesas
com produtos farmacêuticos, ascendiam, em 2010, a cerca de 16% das despesas públicas em saúde, o
que contrasta com os 5,8% de 2002 (Figura 3.7.1).
Quadro 3.7.8 | Evolução das despesas da saúde
Indicadores de Saúde
2005
2006
2007
2008
2009
2010
Despesas da saúde (a) (%)
8,2
8,5
8,5
8,3
8,8
9
Despesa federal com saúde (% do PIB) (b)
1,59
1,68
1,66
1,63
1,85
3
Despesa pública com saúde (% despesa total saúde) (a)
40,1
41,7
41,8
42,8
43,6
47,0
Fontes: (a) WHO16; (b) IBGE17.
Figura 3.7.1 | Despesas farmacêuticas em percentagem das despesas públicas
18
15,9
16
14
13,1
12
10,7
10
8
6
12,3
11,9
9,5
9,4
2004
2005
7,2
5,8
4
2
0
2002
2003
2006
2007
2008
Fonte: SCTIE/Ministério da saúde brasileiro in Santos 2010.
16
WHO Global Health expenditureDatabase, World Health Organization
http://apps.who.int/nha/database/DataExplorerRegime.aspx [último acesso: junho 2012]
17
Ver dados em http//www. seriesestatisticas.ibge.gov.br [último acesso: junho 2012]
1 0
2009
2010
INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL
NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA
Adicionalmente, as organizações de saúde privada têm ganho importância no Brasil. A procura de
cuidados de saúde privados deverá aumentar e o mercado de seguros privados deverá tornar-se mais
competitivo (US Department of Commerce, 2004). Em resultado, existe uma forte pressão sobre os
preços dos cuidados de saúde.
i | Compras em grupo
Uma série de associações hospitalares estão a desenvolver portais de comércio eletrónico para a
compra de dispositivos médicos, medicamentos e/ou contratação de serviços externos. A Federação
Brasileira dos Hospitais, que representa 4.500 hospitais (93% são privados) introduziu, em 2001, um
portal de comércio eletrónico onde os hospitais podem listar os produtos farmacêuticos, dispositivos
médicos e consumíveis que pretendem adquirir. Atualmente estão a participar ativamente 400
membros.
O portal da Federação Brasileira dos Hospitais pode ser acedido em:

http://www.fbh.com.br
A empresa Bionexo é a maior central de compras da América Latina e inclui diversas ofertas de compras para
produtos de saúde. Para mais informações recomenda-se a consulta do site seguinte:

https://www.bionexo.com.br/
[último acesso: junho 2012]
Compras públicas
No quadro da política industrial (protecionista) é dado tratamento preferencial 18 aos fornecedores
domésticos, mesmo que com um preço até 25% superior ao melhor concorrente externo. A preferência
tem aplicação a qualquer nível de compra pública (Federal, Estadual ou Local). Normalmente é exigida
uma fiança bancária a ser apresentada com a proposta, com a finalidade de cobrir os custos de uma
nova licitação caso a empresa vencedora desista de assinar o contrato de fornecimento ou execução
(FUNCEX, 2010).
Importante:
No caso de empate entre as propostas apresentadas por uma empresa nacional e outra estrangeira, a lei assegura
a preferência pelo produto da empresa nacional.
Os concursos públicos implicam, nalguns casos, a produção no país e/ou a transferência de tecnologia.
Em consequência, é difícil para as empresas estrangeiras participarem nas compras públicas sem
estarem associadas a uma empresa local. Para ser considerada local, a empresa deve ter a maioria do
capital e de decisão brasileiro. O período de abertura de concursos é normalmente curto (um mês) (US
18
Medida Provisional No. 4952. Em 2011 foi incluído no programa Brasil Maior configurando-se como um elemento importante da
política industrial.
1 1
CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL
Department of Commerce, 2011). A possibilidade de participar numa compra pública aumenta se a
empresa garantir incorporação de bens e serviços brasileiros e/ou transferência de tecnologia.
A Portaria nº 1.284 de 2010 apresenta a lista de produtos prioritários no âmbito do SUS. Estes produtos
têm preferência nas compras públicas, nas importações e nos incentivos à produção. Entre os produtos
farmacêuticos estão produtos de elevado valor social e de elevado conteúdo tecnológico.
O governo mantém atualizado o portal das compras públicas, com informação sobre os concursos. Para mais
informação recomenda-se o acesso ao seguinte site:

http://www.comprasnet.gov.br
Para informação detalhada relativa aos procedimentos das compras públicas de medicamentos ver Ministério da
Saúde (2006) em:

http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/aquisicao_de_medicamentos_para_a_af_no_sus.pdf
[último acesso: junho 2012]
3.7.2.3 | Regulação dos produtos de saúde
i | Entidade reguladora dos produtos de saúde: ANVISA
Em 2003, a Política Nacional de Medicamentos do Ministério da Saúde, em conjunto com a lei de
criação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), conduziu a uma redefinição das regras
para o registo de medicamentos, substâncias ativas e dispositivos e respetiva renovação. A Agência tem
como objetivo primordial a proteção e promoção da saúde da população, garantindo a segurança
sanitária de produtos e serviços. As competências incluem regulação, controlo e inspeção do mercado e
dos produtos (Lei n.º 9.782 de 26 de janeiro de 199919). A concessão de registos é uma das principais
atribuições da ANVISA, em conformidade com a Lei nº 9.782, de 26 de janeiro de 1999. No entanto, a
regulamentação dos registos é regida de maneira abrangente pela Lei nº 6.360, de 23 de setembro de
1976, sendo que questões mais operacionais e técnicas são enquadradas pelas normas da própria
Agência.
Embora, no contexto da América Latina, o Brasil tenha uma administração relativamente transparente
e uma capacidade científica acima da média (Riché, 2006), o processo regulatório continua a
apresentar insuficiências. Os processos são complexos, demorados, burocráticos e dispendiosos (Riché,
2006; Wilson, 2011; US Department of Commerce 2011; MOTI 2010). As atividades da Agência são
lentas e cada vez mais caras (OSEC, 2010; US Department of Commerce, 2010). O processo pode,
ainda, ser discriminatório relativamente a produtores estrangeiros. Por exemplo, nos ensaios clínicos, a
importação de um produto passa por três comités, enquanto que se a molécula é produzida no Brasil só
é necessária a aprovação por um comité (Riché, 2006).
19
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9782.htm [último acesso: junho 2012]
1 2
INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL
NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA
Além das apertadas regras estabelecidas pela ANVISA para o funcionamento do mercado, outros
problemas afetam, em particular, a indústria farmacêutica. Salientam-se a interferência nas questões
de propriedade intelectual e em matéria de marcas comerciais (trademarks).
ii | Protocolo de Brasília
O Protocolo de Brasília, assinado em 2007, destina-se a apoiar as indústrias farmacêuticas de Portugal
e do Brasil. Este procura reunir, num mesmo entendimento, as autoridades regulamentares dos dois
países (INFARMED e ANVISA) e as associações industriais Pharma em Portugal e, a Associação dos
Laboratórios Farmacêuticos Nacionais (Alanac), no Brasil.
O “Protocolo de Brasília” é apontado como um ponto forte para a indústria portuguesa no Brasil embora não
tenham sido especificadas medidas claras para a sua implementação.
Fonte: dados primários
3.7.2.1 | Envelhecimento, longevidade e quadro epidemiológico
A população brasileira está a envelhecer. O crescimento da população dever-se-á em grande parte ao
aumento da esperança média de vida. O grupo de idade entre 0-14 anos irá contrair-se, enquanto a
faixa etária 15-64 anos deverá crescer em cerca de 6,8 milhões. O crescimento será mais rápido (cerca
de 3,7% por ano) na faixa etária de 65 ou mais anos. O número de brasileiros com idade superior a 60
anos deverá atingir os 30 milhões em 2020 e os 64 milhões em 2050. Em termos percentuais, a
população com mais de 60 anos deverá corresponder a cerca de 14% em 2020 e 29% da população em
2050 (IBGE, online).
O quadro epidemiológico é semelhante ao dos países desenvolvidos (Quadro 3.7.9). Na última década
cresceu o peso das doenças crónico-degenerativas (doenças do sistema circulatório, neurológicas,
diabetes e cancro), associadas em parte ao envelhecimento da população. Este tipo de doenças requer
o consumo contínuo de medicamentos (Gadelha, 2009). Mais de 31,3% (IBGE, online
20
) dos brasileiros
sofre de uma doença crónica, valor que atinge quase 85% no grupo dos indivíduos com mais de 65 anos
(dados 2003) (IBGE, online21). Em consequência do envelhecimento, espera-se que a prevalência de
cronicidade e morbilidade tenda a aumentar.
20
21
http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=1580& [último acesso: junho 2012]
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/indic_sociosaude/2009/com_sobre.pdf [último acesso: junho 2012]
1 3
CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL
Quadro 3.7.9 | Indicadores do estado de saúde
Indicadores do estado de saúde
2005
2006
2007
2008
2009
Taxa de Mortalidade Infantil (por 1000 nados-vivos)
21,43
20,66
20,01
17,56
n.d.
Taxa de Mortalidade – HIV
6,0
5,9
6,0
6,2
6,3
Taxa de Mortalidade - Neoplasias malignas
79,2
82,2
84,0
87,1
88,6
72
72
72
72
73
Taxa de incidência Dengue (casos por 100.000 habitantes)
82,28
143,19
264,88
293,35
Taxa de incidência Acidentes de Trabalho (casos por 1000 habitantes)
18,12
18,20
16,96
16,56
Vacinação - Difteria, Tétano, Tosse Convulsa (% crianças vacinadas)
96
97
97
98
98
Vacinação - Sarampo (% crianças vacinadas)
99
99
99
99
99
Esperança de vida ao nascimento (anos)
Fonte: WHO, online.
3.7.2.2 | Qualidade e custos da mão-de-obra
O Brasil tem uma população ativa de cerca de 101 milhões de indivíduos (IBGE, online22). Regista-se um
acentuado crescimento das qualificações nos últimos anos (Ministério da Fazenda, 2012), existindo um
número significativo de indivíduos no mercado de trabalho com elevada formação.
No entanto, a
qualificação média é ainda baixa (cerca de 40% tem menos de 7 anos de estudo) (IBEP, 2010) e há falta
de pessoal técnico formado em áreas críticas para o desenvolvimento industrial (US Department of
Commerce, 2011).
As áreas disciplinares das ciências da vida têm um número elevado de profissionais qualificados. O
setor académico é muito dinâmico com um grande número de doutorados e estudantes (Riché, 2006). O
número de investigadores por milhão de habitantes é de 629 (PwC, 2011).
O mercado de trabalho apresenta alguma rigidez. O código de trabalho é, por comparação com outros
países, generoso com os trabalhadores (US Department of Commerce, 2011). Os custos de trabalho na
indústria brasileira são dos mais elevados da América Latina (BLS, 2011). Persistem, não obstante,
problemas de produtividade (OCDE, 2011). A diminuição do desemprego e a valorização do real
contribuíram para um aumento recente dos salários (ver evolução no IBGE, online).
22
Por população activa entende-se a população com mais de 10 anos.
http://seriesestatisticas.ibge.gov.br/series.aspx?vcodigo=PD301&sv=18&t=condicao-de-atividade-populacao-de-10-anos-ou-maisde-idade [último acesso: junho 2012]
1 4
INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL
NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA
3.7.2.3 | Qualidade das infraestruturas
i | Infraestruturas gerais
As infraestruturas brasileiras têm, de um modo geral, uma classificação baixa nos relatórios de
competitividade internacional. Um estudo recente mostra as deficiências do país em termos de
infraestruturas. No entanto, está em curso um programa ambicioso para melhorar as infraestruturas
(Mourougane & Pisu, 2011). De entre os indicadores de infraestrutura salientam-se os seguintes:











23
Linhas telefónicas (21.4 por 100 habitantes) (WB, Development Indicators );
78,4 telefones móveis por 100 habitantes (WB, Development Indicators);
37,5% da população usa net (WB, Development Indicators);
15 milhões de acessos à internet de banda larga (2009) (embora lenta) (PwC, 2011)
[note-se que o plano nacional de banda larga implementado em 2011 visa a cobertura
universal dos serviços de internet];
35,2% da população tem acesso à net (PwC, 2011);
32 Satélites (Sabbatini, 2004);
4,5 Milhões de kms de fibra24;
Rápido acesso aéreo à Europa e América do Norte;
Existência da segunda maior frota aérea privada do mundo25;
Sistemas estaduais e federais de rodovias com cobertura nacional 26;
Sistema doméstico de correios eficiente e presença de grandes operadores mundiais 27.
ii | Infraestruturas de saúde
Os cuidados de saúde no Brasil são fornecidos por um conjunto de clínicas/hospitais públicos e
privados. No total há cerca de 62.483 estabelecimentos de saúde, dos quais 70% são públicos (dados de
2005, IBGE28). Existem aproximadamente 8.200 hospitais (dos quais 2.999 são hospitais públicos) (US
Department of Commerce, 2004), 12,000 clínicas de diagnósticos e 2,474 clínicas ambulatórias. Há 183
hospitais universitários e 6 hospitais de referência. O número de médicos ascende a 250.000. O
Programa de Aceleração do Crescimento prevê a construção de novas unidades de saúde (Governo
Brasileiro, online)29.
23
http://data.worldbank.org/topic/infrastructure [último acesso: junho 2012]
http://www.brasscom.org.br/brasscom/content/view/full/1881 [último acesso: junho 2012]
25
http://www.brasscom.org.br/brasscom/content/view/full/1881 [último acesso: junho 2012]
26
http://www.brasscom.org.br/brasscom/content/view/full/1881 [último acesso: junho 2012]
27
http://www.brasscom.org.br/brasscom/content/view/full/1881 [último acesso: junho 2012]
28
Series estatisticas & Série Históricas Série: AM37 - Estabelecimentos de saúde, por esfera administrativa
http://seriesestatisticas.ibge.gov.br/series.aspx?vcodigo=AM37 [último acesso: junho 2012]
29
Governo do Brasil. PAC comunidade cidadã http://www.brasil.gov.br/pac/o-pac/pac-comunidade-cidada/print [último acesso:
junho 2012]
24
1 5
CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL
3.7.2.4 | Inovação, I&D e proteção à propriedade intelectual
i | Proteção jurídica
A proteção conferida à propriedade intelectual decorre da Constituição Federal, bem como, de
diversas leis federais e tratados internacionais. A lei da propriedade intelectual é regulada pela Lei n.º
9.279, de 14 de maio de 1996 30 . O Instituto Nacional da Propriedade Intelectual é o órgão
governamental encarregado da regulamentação e execução das normas relativas à propriedade
intelectual. A Lei n.º 9.609, de 19 de fevereiro de 1998 31 dispõe sobre a proteção de propriedade
intelectual de software.
Informação adicional pode ser encontrada no site:

https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9609.htm [último acesso: junho 2012]
O Brasil é signatário do Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT), incluindo os aspetos
relacionados com os direitos de propriedade. O Brasil é também membro da Organização Mundial de
Propriedade Intelectual, do tratado de Cooperação em Matéria de Patentes e da Convenção de Paris da
Proteção de Propriedade Intelectual. No entanto, o Brasil não é signatário do protocolo de Madrid que
introduziu reconhecimento mútuo de patentes. Em consequência, para ter os direitos de patente, a
empresa deve proceder ao seu registo no Instituto Nacional de Propriedade Industrial no Brasil.
O site do Instituto Nacional de Propriedade Industrial no Brasil pode ser acedido em:

http://www.inpi.gov.br
Informações adicionais podem ser encontradas no documento do Instituto Nacional de Propriedade Industrial
português "Marcas e Patentes - Brasil" em:

http://www.marcasepatentes.pt/files/collections/pt_PT/1/8/375/Ficha%20Brasil.pdf
[último acesso: junho 2012]
É da competência da ANVISA a análise dos pedidos de patentes de produtos e de processos
farmacêuticos. Após a avaliação do pedido, a anuência é concedida ou negada, tendo em consideração
aspetos formais de análise (verificação técnica dos requisitos de patenteabilidade) e de saúde pública
(acesso aos medicamentos e avaliação técnica dos compostos). Quando a patente é concedida, o seu
detentor passa a ter direitos exclusivos de exploração do objeto de proteção pelo período de 20 anos
(ANVISA, 2004).
De um modo geral, o Brasil tem falta de pessoal qualificado na área da propriedade intelectual pelo que os
processos relacionados podem ser demorados (Riché, 2006; Wilson, 2011).
30
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9279.htm [último acesso: junho 2012]
Decreto n.º 2.556, de 20 de abril de 1998 acesso ao texto legal em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d2556.htm [último acesso: junho 2012]
31
1 6
INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL
NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA
Licenciamento compulsório
De acordo com a Lei de Patentes brasileira, em casos de emergência nacional ou interesse público,
pode ser concedida através de um ato do Poder Executivo Federal, uma licença temporária
compulsória, sem prejuízo dos direitos do titular da respetiva patente. Este instrumento tem tido
reações adversas na indústria farmacêutica devido à possibilidade de expropriação da propriedade
intelectual, constituindo um desincentivo à introdução de novos medicamentos.
ii | Apoios à inovação e investigação científica
Em geral, o Brasil continua a investir poucos recursos em I&D. Em termos de PIB as despesas em I&D
representam cerca de 1,03% (PwC, 2011). No entanto, o ambiente geral de inovação tem vindo a
melhorar. A percentagem de I&D sobre vendas da indústria brasileira foi em 2000, 2003 e 2005,
respetivamente, de 3,8%, 2,5% e 2,8% (IBGE, 2003, 2005 e 2007).
De acordo com a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), o Brasil
produziu 2,02% de artigos científicos no mundo (Mazocco & Andrade, 2010). O país ocupa a 15ª posição
nesta categoria, liderada pelos Estados Unidos. Por sua vez, o governo brasileiro incentiva o
desenvolvimento da investigação científica através do financiamento de organizações, tais como, o
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a agência brasileira de
inovação32 FINEP. A FINEP depende do Ministério da Ciência e Tecnologia e as suas atribuições incluem
a gestão dos fundos para o desenvolvimento científico.
Na área de projetos de investigação em saúde são listadas as preferências de investigação na área da
saúde que incluem, sobretudo, equipamentos com densidade tecnológica alta/média e processos que
contribuam para o desenvolvimento da produção nacional de produtos farmacêuticos e médicos que
visem o tratamento de infeções e doenças degenerativas ou genéticas.
Informações relevantes sobre fundos para a investigação em áreas da saúde ou afins podem ser acedidas em:

http://www.finep.gov.br/pagina.asp?pag=30.50.10 - CT-SAÚDE - Fundo Setorial de Saúde

http://www.finep.gov.br/pagina.asp?pag=30.56.10 - CT-BIOTEC - Fundo Setorial de Biotecnologia
[último acesso: junho 2012]
Lei da Inovação
A Lei n.º 10.973, de 2 de dezembro de 2004, chamada Lei de Inovação Tecnológica (LIT), contém um
conjunto de medidas destinado a estimular a investigação, desenvolvimento tecnológico e inovação 33. A
Lei veio permitir que fundos públicos possam ser investidos em projetos industriais privados, com o fim
de promover a inovação e a transferência de tecnologia entre a indústria a as universidades. Um dos
estímulos a projetos inovadores mais importantes, criado no âmbito da LIT, é o Programa de Subvenção
32
33
http://www.finep.gov.br/ [último acesso: junho 2012]
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2004/Lei/L10.973.htm [último acesso: junho 2012]
1 7
CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL
Económica. Destacam-se as medidas para incentivar as alianças estratégicas para cooperação entre as
instituições de ciência e tecnologia e as empresas. Em particular, salientam-se: (i) a possibilidade dos
investigadores de entidades públicas trabalharem em projetos privados renumerados; (ii) a
possibilidade de atribuir uma licença a investigadores que queiram constituir empresas inovadoras; (iii)
a possibilidade da propriedade intelectual das universidades ser licenciada e utilizada por empresas
privadas. A lei permite, ainda, a partilha de patentes entre os setores privado e público.
Lei do Bem
A Lei n.º 11.196, de 21 de novembro de 2005, chamada Lei do Bem 34, define um outro conjunto de
incentivos fiscais para empresas privadas com projetos de inovação tecnológica, incluindo:




Isenção de impostos para equipamentos de desenvolvimento tecnológico;
Deduções no imposto de rendimento das despesas em investigação, desenvolvimento
tecnológico e capacitação de mão-de-obra;
Depreciação acelerada da importação de equipamentos;
Isenção de taxas para registo e manutenção de propriedade intelectual.
Na mesma Lei são criados regimes especiais para empresas exportadoras de serviços de tecnologia de
informação (REPES) e de bens de capital (RECAP), que exportem pelo menos 80% da sua produção.
Estas empresas recebem incentivos fiscais para a exportação e importação de bens e serviços que
sejam incorporados no seu ativo imobilizado.
3.7.2.5 | Acesso a capital e financiamento
Apesar da existência de um sistema bancário eficiente, o financiamento continua a ser um dos
principais obstáculos à atratividade empresarial no Brasil. O crédito para financiar a atividade privada
35
é limitado (Banco Mundial, online ) e as taxas de juro são muito elevadas. A rede bancária privada
oferece, no entanto, linhas de crédito à importação, desde a abertura de carta de crédito até ao
financiamento de curto, médio e longo prazo.
i | Mercado de capitais
O mercado de capitais, apesar de pouco desenvolvido (Rogers et al. 2006), está em crescimento (Pinto,
2012).
34
35
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11196.htm [último acesso: junho 2012]
http://data.worldbank.org [ último acesso: junho 2012]
1 8
INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL
NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA
ii | Capital de risco
O acesso a capital de risco é limitado (Calazans, 2005). Apesar de ainda incipiente, a indústria de
private equity e de capital de risco cresce 45% ao ano desde o final de 2004, representando 2,5% do
mercado mundial e 80% da América Latina (GVcepe, 2011). As empresas de capital de risco Portuguesas
também mostram disponibilidade para investirem no Brasil (Comissão do Mercado de Valores
36
Mobiliários (2010) in Embaixada Portuguesa no Brasil 2010, online ).
Para uma lista detalhada de empresas de capital de risco, ver o site da Venture Capital FINEP:

http://www.venturecapital.gov.br/vcn/index.asp
Destacam-se as seguintes empresas de capital de risco:

FIR Capital - http://www.fircapital.com

The Carlyle Group - http://www.carlyle.com/

General Atlantic - http://www.generalatlantic.com/en/home

Warburg Pincus - http://www.warburgpincus.com/Default.aspx

Confrapar - http://www.confrapar.com.br/main.php

FK Biotec http://www.fkbiotec.com.br
[último acesso: junho 2012]
3.7.2.6 | Políticas industriais
No quadro da Política de Desenvolvimento Produtivo, o governo brasileiro assumiu a(s) indústria(s) da
saúde como estratégica(s). Neste contexto, tem vindo a desenvolver um conjunto de instrumentos e de
políticas com vista a promover o desenvolvimento da indústria farmacêutica nacional.
i | Complexo Industrial de Saúde
A política Complexo Industrial de Saúde (CIS) foi implementada em 2007. A política é da
responsabilidade do Governo Federal mas suportada pelos estados e municípios. O objetivo é o de
promover a produção nacional de produtos de base e químicos e dispositivos médicos. O projeto tem
37
como meta produzir 20 produtos considerados estratégicos até 2013 (MDIC, Online) .
PROFARMA
O programa PROFARMA é o mais importante desta iniciativa, sendo operacionalizado pelo Banco de
Desenvolvimento Brasileiro (BNDES). Os principais objetivos do programa são a criação de empresas
competitivas no mercado mundial e a redução do défice comercial no setor. O programa inclui três
subprogramas:
36
Capital de risco português investe no Brasil
http://embaixada-portugal-brasil.blogspot.pt/2010/06/capital-de-riscoportugues-investe-no.html [último acesso: junho 2012]
37
http://www.mdic.gov.br/pdp/index.php/politica/setores/complexoIndustrialSaude/21 [último acesso: junho 2012]
1 9
CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL



Produção (melhoria do setor industrial);
Inovação (processos e produtos);
Reestruturação das empresas nacionais (aquisições e fusões de empresas para ganhar
escala).
O PROFARMA é dirigido essencialmente às empresas com capital brasileiro pelo que o acesso a
estrangeiros tem de ser feito através de parcerias. A farmacêutica é a principal beneficiária dos
apoios. Os fundos do PROFARMA podem ser usados para compra de equipamento e sistemas industriais
produzidos no Brasil ou no exterior (caso não haja produtos similares), assim como, para pagamento de
serviços ou transferência de tecnologia 38. A primeira fase do programa decorreu entre 2004 e 2007. A
segunda fase decorre até 2012. Em dezembro de 2011, os financiamentos do PROFARMA alcançavam os
R$ 1,85 mil milhões, alavancando projetos de aproximadamente R$ 3,5 mil milhões (Palmeira Filho et
al., 2012).
Programa Brasil Maior
O CIS foi integrado no programa Brasil Maior. Este programa visa a modernização/dinamização da
indústria do país prevendo a participação de empresas estrangeiras, particularmente na instalação de
centros de I&D. A nova política industrial brasileira prevê um conjunto de medidas de apoio à
exportação e substituição de importações. A preferência nacional nas compras públicas é uma das
vertentes do programa.
ii | Parcerias público–privadas
A lei de investimento em parcerias público-privadas (PPPs) promove as joint-ventures em alguns
setores de atividade, incluindo a saúde. O Ministério da Saúde pretende incentivar a produção local de
princípios ativos através de PPPs. No âmbito das parcerias, a indústria brasileira recebe a transferência
de tecnologia de laboratórios internacionais. Desde 2009, já foram criadas 24 PPPs na área da saúde
(envolvendo 9 laboratórios públicos e 20 privados) responsáveis pela produção de 28 princípios ativos e
do contracetivo DIU39.
O site do observatório das PPPs pode ser acedido em:

38
http://www.pppbrasil.com.br/portal/ [último acesso: junho 2012]
Informação sobre o programa pode ser encontrada no portal do Ministério da saúde
http://portal.saude.gov.br/portal/saude/Gestor/area.cfm?id_area=1609 [último acesso: junho 2012]
39
http://www.cebes.org.br/internaEditoria.asp?idConteudo=1755&idSubCategoria=24 [último acesso: junho 2012]
2 0
INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL
NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA
3.7.2.7 | Mercado e marketing
i | Dimensão do mercado
A grande dimensão do mercado brasileiro (económica e geográfica) é o fator de maior atratividade
mas, igualmente, a sua maior dificuldade. A dimensão do mercado requer capacidade produtiva e
investimentos elevados, podendo, assim, apresentar desafios às empresas que querem exportar ou
investir. No caso da exportação envolve uma grande capacidade de gerir distribuidores e outros
recursos. No caso do investimento, a dimensão do mercado implica custos avultados.
A dimensão do mercado foi um dos obstáculos do mercado brasileiro mais referido nos dados primários. Tal como
um entrevistado explicou:
“Mas quando a gente começa a avaliar a situação e a pensar assim: ‘então, mas eu vou entrar neste mercado e isto
obriga-me a não sei quantos delegados de informação médica?’ Isto custa-me por mês não sei quantos milhares de
Euros. Num mercado em que as margens de comercialização são extraordinariamente baixas. Ou vou à séria para o
mercado ou então não vale a pena”.
Fonte: dados primários
Mercado nacional ou regional?
O mercado brasileiro é muito assimétrico, com uma forte concentração da produção e do consumo na
região do sudeste e do sul. De facto, pode fazer mais sentido falar em vários mercados, do que no
mercado brasileiro, dadas as diferenças socioeconómicas, de infraestruturas e culturais entre as
diferentes regiões.
A abordagem regional pode ser a melhor opção para algumas empresas mas, no caso dos setores mais tradicionais
onde é necessário registo, dificilmente permitirá recuperar rapidamente os custos de entrada. Também, no setor
farmacêutico, é difícil reduzir a prescrição a regiões. No caso dos setores de medicina personalizada e AAL, a
capacidade de segmentação regional parece mais fácil, sendo as empresas atraídas pela presença de grandes
instituições de saúde ou de centros de investigação.
ii | Ciclo de vida do produto
Em geral, o ciclo de vida dos produtos de saúde não patenteados tende a ser curto (MOTI, 2010; US
Department of Commerce, 2004). Em mercados como o brasileiro esta é uma variável importante a
considerar. O mercado é muito dinâmico pelo que os lucros elevados de entrada tendem a diminuir
rapidamente com o aumento da concorrência. As estratégias de lançamento de novos produtos devem,
assim, ser cuidadosamente planeadas. Tal como nos países mais desenvolvidos, o sucesso de um
medicamento ou dispositivo depende da aceitação no mercado num período imediatamente após o seu
lançamento (MOTI, 2010).
Serviços pós-venda
A lei de proteção dos consumidores de 1992 requer que as empresas tenham suporte a clientes e
serviços pós-venda.
2 1
CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL
iii | Preço e condições de pagamento
O mercado brasileiro é muito competitivo em termos de preço, principalmente em produtos com baixa
incorporação tecnológica. Se o preço não for inferior ao preço da concorrência o Brasil dificilmente
será um mercado interessante. Cerca de 60-65% das vendas no mercado dos cuidados de saúde são
baseadas no preço, 15% na qualidade e cerca de 20-25% em outros fatores como os serviços
pós-venda (US Department of Commerce, 2004). Assim, a estratégia de preços é relevante.
No mercado hospitalar, a estrutura de preços deve ser flexível. As empresas têm, em geral, de dar
descontos aos hospitais para poderem entrar no mercado. Empresas de países com baixos custos de
mão-de-obra estão a concorrer em setores menos tecnológicos mas também, e cada vez mais, em
setores mais sofisticados. A disponibilidade das empresas dessas regiões para transferirem tecnologia
(licenças) e a sua estrutura de custos, estão a posicioná-las fortemente no mercado.
Assim, o preço e os termos de pagamento podem ser fatores extremamente importantes em particular
quando se concorre diretamente com produtores de países de baixos custos e/ou em períodos de
instabilidade cambial. Os termos de pagamento são, ainda, muito relevantes devido às elevadas taxas
de juro no Brasil.
A comparticipação dos fármacos e dispositivos médicos é pequena pelo que os custos diretos tendem a
ser elevados. A elasticidade de preço da procura é, de um modo geral, elevada. De acordo com o
inquérito do IBOPE (2011) o preço tende a ser o fator decisivo na hora da compra do medicamento,
prevalecendo sobre as recomendações médicas.
iv | Promoção
Participação em feiras
Uma das melhores formas de abordar o mercado brasileiro da saúde é através da participação em feiras
(US Department of Commerce, 2011). A Hospitalar é a maior feira de produtos de saúde da América
Latina e uma das mais importantes do mundo.
Para encontrar informação sobre feiras recomenda-se a consulta do seguinte site:

http://www.brasilglobalnet.gov.br/Eventos/Pesquisa/frmPesqEvento.aspx?acao
O site da feira Hospitalar contém informação sobre a participação na feira e tem dados genéricos e informações
sobre o setor. Pode ser acedido em:

http://www.hospitalar.com
[último acesso: junho 2012]
Outros encontros:
ENIFarMed - Encontro nacional de Inovação em Fármacos e Medicamentos
2 2
INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL
NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA
Catálogos
É aconselhável que o exportador possua um bom catálogo para apresentação dos seus produtos, e o
disponibilize na internet. Além disso, em muitos casos é essencial que se disponibilizem amostras dos
produtos (FUNCEX, 2010).
Os catálogos devem ser adaptados ao português escrito no Brasil.
Fonte: dados primários
Empresas especializadas em serviços de marketing
Há um vasto número de empresas especializadas em serviços de marketing que podem ser identificadas
através das embaixadas e consulados brasileiros no exterior (FUNCEX, 2010).
2 3
CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL
3.7.3 | Biotecnologia como área de destaque
A biotecnologia é uma área recente no Brasil, mas em crescimento. Cerca de 40% tem menos de 6 anos
de atividade e apenas 15% mais do que 15 anos (dados de 2008, OCDE online). Apesar disso, o país já
tem presença em algumas áreas da saúde importantes, como sejam a investigação em células
estaminais, estudos genómicos, biotecnologia vegetal e vacinas. O crescimento da área tem sido
baseado no mercado interno (Wilson, 2011). O Estado tem um papel importante como financiador da
indústria através de fundos perdidos, empréstimos com taxas de juro baixas e isenções fiscais. As
compras públicas são também um elemento potenciador do mercado. De facto, o mercado
biofarmacêutico brasileiro é muito concentrado nas compras públicas. A compra de biofármacos pelo
setor Estado tem crescido 28% ao ano (contrastando com os 17% das despesas totais). A maioria dos
medicamentos é importada.
De entre as mais de 100 empresas de biotecnologia há cerca de 22 empresas associadas ao setor da
saúde. O maior número de empresas na área da saúde é na produção de kits de diagnósticos in vitro
(10 empresas). O Quadro 3.7.10 apresenta algumas das empresas de biotecnologia que atuam no setor
da saúde no Brasil. Listam-se, ainda, associações empresariais do setor.
Quadro 3.7.10 | Empresas de biotecnologia e associações empresariais
Empresas
Site
Aché laboratórios
http://www.ache.com.br/Home/
Cyropraxis
http://www.cryopraxis.com.br/home/
Eurofarma
http://www.eurofarma.com.br/
Extracta moleculas naturais
http://www.extracta.com.br/
Exellion
http://www.excellion.com.br
GlaxoSmithKline Brasil Ltda
http://www.gsk.com.br
Biomm Technology
http://www.biomm.com
Farmacore
http://www.farmacore.com.br/
Ferrara Ophthalmics Ltd
http://www.ferrararing.com.br
Biocancer Clinical Research
http://www.biocancer.com.br
FK BIOTEC
http://www.fkbiotec.com.br
Genoa
http://oncocell.com.br/genoa.php
Pele nova biotecnologia
http://www.pelenova.com.br/
Silvestre labs
http://www.silvestrelabs.com.br
Recepta Biopharma
http://www.receptabiopharma.com.br/
Associações
ABRABI – Associação
Biotecnologia
Brasileira
Site
de
empresas
http://www.abrabi.org.br
ANBio- Associação nacional de Biossegurança
http://www.anbio.org.br
SBBiotec– Sociedade Brasileira de Biotecnologia
http://www.sbbiotec.org.br/portal/
[último acesso: junho 2012]
2 4
INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL
NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA
A indústria é fragmentada (dados de 2008, OCDE online) e de pequena/média dimensão. Metade das
empresas tem menos de 10 trabalhadores e 78% menos de 20. Cerca de metade das empresas tem
receitas inferiores a R$ 1 milhão. A indústria está concentrada em clusters e a investigação associada
às maiores universidades e institutos de investigação. A concentração da indústria em algumas regiões,
apesar de permitir beneficiar da organização em cluster, parece excessiva, não permitindo explorar
todo o potencial do mercado. Os principais clusters são o de Minas Gerais, Rio de Janeiro e S. Paulo
(centros de investigação).
A ligação à indústria e a capacidade de criar patentes é ainda insuficiente. Entre 2000 e 2007,
registaram-se apenas 33 registos de patentes em biotecnologia 40 . As insuficiências do sistema de
patentes penalizam a indústria, a sua capacidade de se financiar e a inovação (Wilson, 2011).
Em termos de custos, o mercado não é competitivo quando comparado com os principais mercados
mundiais (EUA, Alemanha). O mercado apresenta, ainda, custos elevados quando comparado com os
países emergentes no setor. As regiões com estrutura de custos mais competitivas são Belo Horizonte e
S. Paulo (KPMG, 2012). Os custos de instalação, não parecem ser um grande entrave variando entre
R$30 e R$200 milhões (Reis et al., 2011).
Desde 2005 a lei da biossegurança regula as atividades da biotecnologia e permite a produção de
produtos geneticamente modificados 41 . A lei criou um quadro regulamentar para o uso de células
estaminais em investigação.
A aposta mais visionária para entrada no mercado é a aposta em I&D sendo a biotecnologia uma oportunidade
importante. A compra de empresas instaladas no mercado é possivelmente a forma mais barata e rápida de
entrada na área da biotecnologia (Riché, 2006).
As empresas brasileiras têm interesse em parceiras internacionais para o desenvolvimento de
medicamentos biológicos. O Quadro 3.7.11 apresenta os principais medicamentos biológicos de
interesse para empresas brasileiras (Reis et al., 2011). O Quadro 3.7.12 reporta a lista de produtos
biológicos considerados prioritários no âmbito do SUS, segundo a Portaria 1.284/201042.
40
41
http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=60545 [último acesso: junho 2012]
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11105.htm [último acesso: junho 2012]
2 5
CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL
Quadro 3.7.11 | Medicamentos biotecnológicos de interesse para as empresas brasileiras
Plataforma
Tecnologia
Medicamento
Indicação
Mercado brasileiro (milhões
de Reais)
HGH
Nanismo
93
Interform alfa 2ª
Hepatite e oncologia
213
Colagenase
Dermatologia
80
Fator VIIIa recombinante
Hemofolia
30
Adalimumabe
Reumatologia
285
Transtuzumabe
Oncologia
313
Etanercepte
Reumatologia
192
Infliximabe
Reumatologia
392
Rituximabe
Oncologia e reumatologia
197
Fermentação de
Microrganismos
Células animais
Fonte: Reis et al., 2011, p. 33.
Quadro 3.7.12 | Principais medicamentos biológicos de interesse
Anticorpos Monoclonais
Enzimas
Hormonas
Proteínas
Adalimumabe
Dasatinibe
Imatinibe
Inliximabe
Nilotinibe
Rituximabe
Trastuzumabe
Outros
Alfadornase
Glucocerebrosidase
Outras
Fator de crescimento insulina dependente
(IGH-1)
Fligrastina
Gonadotrofina coriónica (HCG) e sérica
(PMSG)
Grosserelina
Glucagon
Insulina
Hormona Folículo Estimulante (FSH)
Insulina
Etanercepte
Fatores
procoagulantes
Interferonas
Toxina botulínica
Outras
Leuprorrelina
Somatotropina
Outros
Fonte: Portaria 1.284/2010.
2 6
INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL
NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA
3.7.4 | Importações de produtos de saúde
No período de 2001 a 2011 o valor das importações brasileiras na área da saúde tem vindo a crescer
(apesar de uma pequena quebra em 2003). O mercado brasileiro de produtos de saúde registou um
forte aumento entre 2006 e 2011, período em que as importações aumentaram de €3 mil milhões para
€7 mil milhões (Figura 3.7.2).
Figura 3.7.2 | Importações brasileiras de produtos de saúde (milhares de Euros)
7000000
6000000
5000000
4000000
3000000
2000000
1000000
0
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
Fonte: ITC43. Dados de junho de 2012.
Entre 2001 e 2011, as importações brasileiras de produtos de saúde cresceram a uma taxa média anual
de 9,5%, um valor próximo do das importações totais do país que registaram uma taxa de crescimento
média anual de 10,1%. No período 2006-2011 a taxa de crescimento foi de 16,8%, enquanto nos 5 anos
anteriores se tinha registado uma taxa de crescimento de apenas 2,7% ao ano. Nos 10 anos em análise,
a taxa de crescimento dos produtos farmacêuticos foi similar à taxa de crescimento dos dispositivos
médicos. No período mais recente, entre 2006 a 2011, os dispositivos médicos cresceram a um ritmo
ligeiramente superior (Quadro 3.7.13).
Quadro 3.7.13 | Taxa de crescimento das importações do Brasil por produto*
Produtos
2001-2011
2001-2006
2006-2011
Produtos farmacêuticos
9,7%
3,2%
16,5%
Dispositivos médicos
9,2%
1,2%
17,7%
Produtos de saúde
9,5%
2,7%
16,8%
Totais
10,1%
3,2%
17,4%
*Taxa de crescimento anual composta. Fonte: ITC. Dados de junho de 2012.
43
International Trade Centre (ITC), http://www.intracen.org [último acesso: junho 2012]
2 7
CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL
Conforme referido, em 2011 as importações brasileiras de produtos de saúde alcançaram os €7 mil
milhões, o que representa apenas 1,24% do total das importações mundiais, um valor relativamente
baixo face à dimensão do mercado brasileiro, refletindo as barreiras existentes à entrada neste
mercado. Note-se, no entanto, que o peso mundial das importações de saúde está em linha com o peso
das importações totais. Os produtos farmacêuticos são responsáveis por importações no valor de €5,2
mil milhões (1,45% das importações mundiais) e os dispositivos médicos pelos restantes €1,8 mil
milhões (1,36%).
Na última década, o peso dos produtos de saúde nas importações totais do Brasil variou entre os 3,8% e
os 5,3%. Os ritmos de crescimento nos dois segmentos mais importantes do mercado foram
semelhantes. Em 2011, os produtos farmacêuticos representavam 3,2% do total das importações
brasileiras e os dispositivos médicos 1,1% (Figura 3.7.3).
Figura 3.7.3 | Quota das importações de produtos de saúde (farmacêuticos e de dispositivos médicos) no
mercado do brasileiro
6%
5%
4%
3%
2%
1%
0%
2001
2002
2003
2004
2005
2006
Produtos Farmacêuticos
2007
2008
2009
2010
2011
Dispositivos Médicos
Fonte: ITC. Dados de junho de 2012.
A Figura 3.7.4 apresenta os principais exportadores de produtos de saúde para o mercado brasileiro em
2011. As importações brasileiras estão fortemente concentradas em dois países (EUA e Alemanha), que
em conjunto representam cerca de 40% do mercado. Os 15 principais exportadores, representam
aproximadamente 90% das importações do setor da saúde brasileiro.
2 8
INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL
NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA
Figura 3.7.4 | Principais exportadores de produtos de saúde para o Brasil (2011)
23,5%
16,9%
9,0%
5,3% 5,2% 5,0%
3,9% 3,6% 3,5%
2,9% 2,5% 2,4%
2,1% 2,0% 1,7%
Fonte: ITC. Dados de junho de 2012.
Apesar da forte concentração, o mercado parece relativamente aberto a novos players ou, pelo menos,
à alteração relativa da importância dos principais fornecedores. No período 2001-2011 entre os
principais exportadores de produtos de saúde para o Brasil a China, a Dinamarca e a Alemanha
registam as taxas de crescimento médias ao ano mais elevadas - respetivamente 23,8%, 18,6% e 13,1%.
De facto, verificaram-se alterações significativas nas quotas de mercado de alguns dos principais
exportadores. De salientar o crescimento da quota de mercado dos seguinte países: Alemanha (12,2%
para 16,9%), China (1,5% para 5,2%) e Dinamarca (1,3% para 2,9%). No mesmo período, a quota de
mercado dos EUA diminuiu de 24,6% para 23,5%, assim como, se registaram perdas nas quotas da
França (de 7,1% para 5,3%), do Reino Unido (de 4,6% para 3,5%), da Holanda (de 3,7% para 2,4%) e do
Japão (de 5% para 2%) (Figura 3.7.5).
2 9
CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL
Figura 3.7.5 | Evolução da quota dos 15 principais exportadores para o mercado brasileiro de produtos de
saúde
25%
20%
15%
10%
5%
0%
2001
2011
Fonte: ITC, 2012. Dados de junho de 2012.
3.7.4.1 | Estados Unidos da América
Os EUA com exportações de €1,6 mil milhões são o principal fornecedor externo de produtos de saúde
do Brasil. Na última década, apesar de apresentarem alguma oscilação, mantiveram o peso no mercado
brasileiro, registando apenas uma perda de um ponto percentual na sua quota neste mercado (Figura
3.7.6). Entre 2001 e 2011 a proporção das exportações dos EUA de produtos farmacêuticos aumentou
de 18,4% para 19,3%. No entanto, a quota de mercado dos dispositivos médicos diminuiu de 41,8% para
35,8%. A taxa de crescimento anual das exportações de produtos de saúde dos EUA para o Brasil foi de
4,4% entre 2001 e 2006, tendo nos anos subsequentes aumentado para os 14% (ITC, online44).
44
http://www.intracen.org/ [último acesso: junho 2012]
3 0
INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL
NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA
Figura 3.7.6 | Quota de mercado dos EUA nas importações brasileiras de produtos de saúde
28,7%
24,6%
2001
25,5%
26,7%
25,2%
25,3%
25,9%
23,5%
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
24,5%
2009
23,8%
2010
23,5%
2011
Fonte: ITC. Dados de junho de 2012.
3.7.4.2 | Alemanha
A Alemanha é o segundo maior exportador de produtos de saúde para o mercado brasileiro. As
exportações alemãs de produtos de saúde para o Brasil cresceram a um ritmo acelerado na última
década, registando uma taxa de crescimento anual de 13%. No mesmo período, as exportações alemãs
de produtos de saúde para o mercado brasileiro aumentaram a sua quota de mercado em 4,7 pontos
percentuais (Figura 3.7.7). Esta proporção deve-se ao aumento do peso das exportações de produtos
farmacêuticos (de 11% para 17,7%). Nos dispositivos médicos, pelo contrário, a quota de mercado da
Alemanha diminuiu de 15,8% para 14,6% (ITC, online).
3 1
CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL
Figura 3.7.7| Quota de mercado da Alemanha nas importações brasileiras de produtos de saúde
16,88%
14,75%
15,26%
14,74%
13,13%
12,23%
10,90%
2001
2002
10,74%
2003
10,94%
11,71%
10,09%
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
Fonte: ITC. Dados de junho de 2012.
3.7.4.3 | Suíça e França
As quotas de mercado da Suíça e da França nas importações brasileiras de produtos de saúde tem vindo
a oscilar ao longo da última década, com uma tendência para diminuir nos últimos anos (Figura 3.7.8).
Entre 2001 e 2011, a Suíça perdeu quota de mercado (12% para 10,2%) nas exportações de produtos
farmacêuticos para o Brasil. No entanto, as exportações de dispositivos médicos para este mercado
aumentaram significativamente de 1,8% para 5,3%. De um modo semelhante, as exportações de
produtos da saúde da França para o Brasil registaram uma perda da quota de mercado nos produtos
farmacêuticos de 8,8% para 5,8%, e um aumento do peso das exportações de dispositivos médicos de
2,4% para 3,6% (ITC, online).
3 2
INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL
NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA
Figura 3.7.8 | Quota de mercado da Suíça e da França nas importações brasileiras de produtos de saúde
14%
12%
10%
8%
Suíça
França
6%
4%
2%
0%
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Fonte: ITC. Dados de junho de 2012.
3.7.4.4 | China
As exportações de produtos de saúde da China com destino ao Brasil cresceram a um ritmo acelerado
entre 2001 e 2011. Consequentemente, a China aumentou significativamente a sua quota nas
importações brasileiras de produtos de saúde, passando de 1,5% em 2001 para 5,2% em 2011 (Figura
3.7.9). Por segmento, os produtos farmacêuticos com origem na China aumentaram a sua quota de
mercado de 1,6% para 4%, e os dispositivos médicos de 1,2% para 8,7%, no mesmo período. As
exportações dos produtos farmacêuticos registaram uma taxa de crescimento média anual de 19,9%, e
os dispositivos médicos de cerca de 32,8%. A China é atualmente o terceiro maior fornecedor externo
de dispositivos médicos para o mercado brasileiro (ITC, online).
3 3
CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL
Figura 3.7.9 | Quota de mercado da China nas importações brasileiras de produtos de saúde
5,4%
5,2%
5,1%
4,6%
3,9%
4,0%
3,9%
3,3%
2,5%
2,1%
1,5%
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
Fonte: ITC. Dados de junho de 2012
3.7.4.5 | Itália, Bélgica e Irlanda
A Itália, a Bélgica e a Irlanda assumem também uma posição importante como fornecedores do Brasil.
Estes países mantiveram as suas posições entre os 3 e 5% do total do mercado (Figura 3.7.10).
Figura 3.7.10 | Quota de mercado da Itália, Bélgica e Irlanda nas importações brasileiras de produtos de
saúde
6%
5%
4%
Itália
3%
Bélgica
Irlanda
2%
1%
0%
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Fonte: ITC – Dados de junho de 2012.
3 4
INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL
NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA
3.7.4.6 | Japão
O Japão regista uma forte diminuição na sua quota de mercado no período 2001 a 2011,
respetivamente de 5% para 2% (Figura 3.7.11). Esta quebra deve-se a uma perda acentuada na quota de
mercado de dispositivos médicos (de 14,2% para 5,7%) (ITC, online).
Figura 3.7.11 | Quota de mercado do Japão nas Importações brasileiras de produtos de saúde
6%
5%
4%
3%
2%
1%
0%
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
Fonte: ITC. Dados de junho de 2012.
3.7.4.7 | Portugal
As exportações portuguesas de produtos de saúde para o Brasil apresentam, ao longo do tempo, valores
baixos. Em 2011, as importações brasileiras de produtos de saúde com origem em Portugal não
ultrapassaram os €2,3 milhões (€463 milhares de produtos farmacêuticos e €1,8 milhões de dispositivos
médicos) (Figura 3.7.12); o que representa apenas 0,3% das exportações portuguesas de produtos de
saúde em 2011 e 0,4% das exportações totais para o Brasil. Tais valores são também refletidos no valor
residual da quota de Portugal nas importações brasileiras de produtos de saúde a qual era de 0,05%
(2011) (Figura 3.7.13).
3 5
CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL
Figura 3.7.12 | Evolução das exportações portuguesas de produtos de saúde para o Brasil (milhares de Euros)
3500
3000
2500
2000
1500
1000
500
0
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
Fonte: ITC, 2012. Dados de junho de 2012.
Figura 3.7.13 | Quota de Portugal nas importações brasileiras de produtos de saúde
0,10%
0,08%
0,08%
0,05%
0,04%
0,04%
0,04%
0,03%
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
0,02%
2008
0,03%
2009
0,03%
2010
2011
Fonte: ITC. Dados de junho de 2012.
No período, em análise, a taxa de crescimento anual das exportações de produtos de saúde para o
Brasil foi de cerca de 3,85%, i.e., a um ritmo inferior ao crescimento das exportações totais para o
mercado. O crescimento recente das exportações de produtos de saúde, deve-se quase exclusivamente
ao crescimento das exportações de dispositivos médicos. No período entre 2001 e 2006, as exportações
portuguesas de produtos farmacêuticos registaram, por seu lado, uma queda acentuada, a qual não foi
compensada pelo crescimento do mercado dos dispositivos médicos. Entre 2006 e 2011, ambos os
segmentos cresceram, mas o crescimento das exportações de dispositivos médicos é muito superior
(Quadro 3.7.14).
3 6
INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL
NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA
Quadro 3.7.14 | Taxa de crescimento do comércio de produtos de saúde portugueses no Brasil*
Taxa de crescimento
anual de 2001-2011
Taxa de crescimento
anual de 2001-2006
Taxa de crescimento
anual 2006-2011
28,23
20,41
32,60
Produtos farmacêuticos
-4,8
-16,86
9,02
Produtos de saúde
3,85
-10,2
20,0
10.5
2.4
19.2
Dispositivos médicos
Comércio total
*Taxa de crescimento anual composta. Fonte: ITC. Dados de junho de 2012. Cálculos próprios.
3 7
CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL
3.7.5 | Exportar para o Brasil
O mercado brasileiro é um mercado complexo e muito competitivo. As empresas entrantes enfrentam
dificuldades várias. Antes de entrarem, as empresas devem estudar cautelosamente o mercado. Os
exportadores/investidores no Brasil devem ver o país no contexto do Mercosul.
Modo de entrada
A entrada no mercado brasileiro é particularmente difícil no setor da saúde, dado o volume de regulação e o
protecionismo. Uma sugestão é ter parcerias com empresas no Brasil para partes finais da produção como seja, por
exemplo, a montagem dos dispositivos. Esta abordagem ao mercado reduz os impostos, torna o produto mais
acessível a compras públicas e facilita a entrada no mercado do Mercosul.
3.7.5.1 | Exportação direta e exportação indireta
Há duas formas essenciais de entrar no mercado via exportação: exportação direta e exportação
indireta.
i | Exportação direta
Na modalidade de exportação direta, o exportador negoceia diretamente com o importador no Brasil,
seja um indivíduo ou uma empresa. Por norma, a exportação direta é mais dispendiosa para o
exportador em termos de tempo e de recursos financeiros (FUNCEX, 2010). Esta forma é pouco comum
nos produtos de saúde dados os requisitos de registo, a complexidade do produto e as exigências de
assistência.
Em geral, no setor da saúde, é importante criar uma empresa no Brasil para importar.
ii | Exportação indireta
No caso da exportação indireta, o exportador não realiza negócios com a empresa que utilizará seu
produto, mas com um intermediário comercial. Neste caso, a empresa exportadora pode optar por
contratar um agente ou distribuidor ou optar por uma parceria/joint-venture. A forma mais eficiente
de entrar no mercado é através de parcerias com agentes e distribuidores. Em setores fortemente
regulados, como o da saúde, a realização de parcerias é também um modo de acesso muito comum.
Agentes e distribuidores
A opção pela contratação de agentes e/ou distribuidores é importante na medida em que os
intermediários têm a experiência e o conhecimento do mercado. No Brasil, as empresas intermediárias
estão divididas em duas formas de organização: empresas de trading e empresas comerciais
importadoras. As tradings estão especializadas em grandes volumes. O exportador pode optar pelo
serviço de profissionais autónomos ou empresas que atuem como intermediário comercial no Brasil
(empresas comerciais importadoras), sendo remunerados com base em comissões sobre o volume de
vendas. Uma possibilidade é a de contratar antigos executivos das companhias do setor para eventuais
3 8
INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL
NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA
agentes/distribuidores. O Quadro 3.7.15 resume informação relevante sobre distribuidores.
Quadro 3.7.15 | Informação sobre distribuidores
Checklist para escolha de
agentes ou distribuidores
/
aspetos a considerar na
escolha do distribuidor
Procura de distribuidores
(portais de busca de
distribuidores)










Tamanho do escritório/empresa do distribuidor
Localização e cobertura geográfica
Principal área de atuação
Grau de exclusividade (produto, área geográfica)
Experiência no setor e conhecimento do mercado
Referências bancárias e comerciais
Qualificação e competências do pessoal
Capacidade de transportes e armazenamento
Serviço pós venda
Redes formais e informais
1) Catálogo de Importadores Brasileiros:
http://cib.brasilglobalnet.gov.br/frmPesquisa.aspx?Idioma=2
2) Diretório de Tradings do Brasil:
http://dtb.apexbrasil.com.br/Default.aspx?idioma=en (listagem das empresas
brasileiras especializadas em atividades de exportação e importação)
(...)
[último acesso: junho 2012]
A empresa deve tomar medidas para garantir os seus direitos, incluindo:

Registo de marca e patente no INPI- Instituto Nacional da propriedade industrial (os registos
internacionais não têm validade no Brasil);

Estabelecimento de um contrato sólido com os distribuidores;

Especificação no contrato de cláusulas referentes à propriedade do registo;

Os contratos devem contemplar, aspetos relacionados com a responsabilidade civil, exclusividade e
pagamento.
Retalhistas e grossistas
O recurso a retalhistas e grossitas é menos comum nos produtos de saúde devido à sua complexidade.
No entanto, é uma opção possível para empresas de produtos de pouca incorporação tecnológica e/ou
de venda livre.
Na ponderação do melhor canal de distribuição a empresa dever ter em conta os seguintes aspetos: área
geográfica a servir, tipo de clientes, complexidade do produto e a necessidade de controlo sobre o mercado.
3 9
CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL
3.7.5.2 | Procedimentos administrativos
A alfândega brasileira tende a ser muito burocrática o que pode provocar dificuldades e custos
elevados (AICEP, 2011). É essencial para as empresas portuguesas que desejem exportar terem controlo
sobre o processo e documentação, assegurando-se de que todos os documentos estão em ordem. Os
produtos podem ser apreendidos na alfândega por pequenos erros e omissões processuais e/ou
documentais. Os produtos confiscados podem ser restituídos mas a custos elevados para a empresa (Lei
nº 6.437 de 20 de agosto de 1977)45. Os serviços de alfândega têm elevada discrição para aplicação de
multas.
i | Etapas do processo administrativo de importação no Brasil
A empresa para iniciar a exportação tem de ter um representante local ou um importador brasileiro.
Detalham-se, de seguida, alguns dos procedimentos.
O processo administrativo de importação no Brasil envolve o cumprimento das seguintes etapas (FUNCEX, 2010):
a) Habilitação do importador no SISCOMEX;
b) Classificação das mercadorias;
c) Emissão da Fatura Pro Forma;
d) Registo da operação no SISCOMEX;
e) Licenciamento de importação (quando aplicável);
f) Embarque das mercadorias no país de origem;
g) Emissão dos documentos internacionais e efetivação do despacho aduaneiro;
h) Contratação do câmbio;
i) Pagamento de impostos;
j) Emissão da Declaração de Importação;
k) Libertação da carga no Brasil.
Habilitação do importador no SISCOMEX (etapa a)
Desde 1997, o Brasil tem um sistema informático para monitorizar e facilitar o processo alfandegário
conhecido como o Sistema Integrado de Comércio Externo (SISCOMEX). Apesar do sistema ter facilitado
o processo, este continua a ser complicado e moroso (US Department of Commerce, 2010).
Os exportadores devem ter em atenção que o importador brasileiro deve estar registado no Registo de
Exportação e Importação da Secretaria do Comércio Exterior (SECEX). A utilização do sistema está
sujeita a uma taxa variável.
O acesso ao SISCOMEX pode ser feito através do portal:

45
http://www.desenvolvimento.gov.br/portalmdic/siscomex/index.html [último acesso: junho 2012]
http://www.anvisa.gov.br/legis/consolidada/lei_6437_77.pdf [último acesso: junho 2012]
4 0
INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL
NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA
Classificação das mercadorias (etapa b)
As mercadorias são classificadas de acordo com a Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM). Os códigos
de classificação da NCM são formados por oito dígitos, sendo tal classificação compatível com o
Sistema Harmonizado. A classificação correta dos produtos adquiridos por parte do importador evita a
aplicação de penalidades pelas autoridades aduaneiras.
A pesquisa dos códigos NCM pode ser feita no site da Receita Federal do Brasil:

http://www4.receita.fazenda.gov.br/simulador/ [último acesso: junho 2012]
Emissão de Fatura Pró-forma (etapa c)
Após iniciarem os contactos, a empresa exportadora deverá enviar a Fatura Pró-forma para o
importador. Esta não implica o fim do pedido, mas o importador precisará dela para cumprir os
procedimentos internos para importação (FUNCEX, 2010).
Na Fatura Pró-forma resultante das negociações entre exportador e importador deve constar:










Identificação completa do importador e do exportador;
Descrição da mercadoria, especificando as características do produto, a fim de facilitar a classificação
aduaneira e, consequentemente, a liquidação de imposto;
País de origem;
Preço unitário, em moeda estrangeira;
Forma de venda negociada;
Valor total (devem ser apresentados, em separado, os valores do frete e do seguro internacional);
Prazo de validade da proposta;
Peso da carga (líquido e total);
Locais de embarque e desembarque;
Forma de pagamento.
Licenciamento de Importação (etapa e)
A SECEX é a agência governamental responsável por atribuir as licenças de importação. A licença
conjuga informações referentes à mercadoria e à operação em cinco pontos: (i) informações básicas
(referentes ao importador, país de procedência e unidades da Receita Federal do Brasil); (ii)
informações do fornecedor; (iii) informações da mercadoria; (iv) informações da negociação; e (v)
informações complementares.
Informações sobre licenças
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior:

http://www.desenvolvimento.gov.br/sitio/interna/interna.php?area=5&menu=276&refr=246
Para ver a relação de produtos sujeitos a licenciamento:

http://www.comexbrasil.gov.br/conteudo/ver/chave/importacoes-sujeitas-a-licenciamento
[último acesso: junho 2012]
4 1
CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL
O acesso ao SISCOMEX Importação é feito por meio de conexão com o Serpro, com vista à elaboração
dos documentos eletrónicos: Licenciamento automático ou não automático e Declaração de Importação
(DI).
Como regra geral, as importações brasileiras estão dispensadas de licenciamento. Os importadores
locais devem somente providenciar o registo da DI no SISCOMEX, com o objetivo de dar início aos
procedimentos de despacho aduaneiro junto à Unidade Local da Receita Federal do Brasil (RFB). Para
este procedimento, o importador brasileiro deverá apresentar informações, tais como, a descrição do
produto, número de classificação tarifária, quantidade, valor da transferência, custos de transporte
(etc.). Mais tarde, essa informação é utilizada para preparar a DI.
As importações dispensadas de licenciamento constam na Portaria SECEX n.º 23 de 14 de julho de 2011 (artigo
13.º), podendo a informação ser consultada em:

http://www.comexbrasil.gov.br/data/editor/file/%2B%20nova%20Portaria%20SECEX%20n%20%2023%20de%
20%2014%2007%202011%20(alterada%20pela%2032).pdf [último acesso: junho 2012]
Algumas mercadorias ou operações especiais, estão sujeitas a licenciamento e a controlos especiais. O
licenciamento pode ser automático ou não-automático, em função de sua classificação fiscal NCM.
Nestes casos, o importador deverá preencher uma Licença de Importação (LI) no SISCOMEX, dando
informações sobre a natureza comercial, financeira, cambial e fiscal pertinentes. A LI deve ser
registada com a antecedência prevista na lei e antes do início das formalidades aduaneiras. O prazo
máximo para tramitação da LI é de 10 dias úteis nos casos de licenciamento automático e de 60 dias
corridos no caso de licenciamento não-automático, contados da data do registo no SISCOMEX.
Licenças não-automáticas requerem autorização prévia da autoridade competente que poderá exigir documentos
adicionais e/ou a uma inspeção física. A lista dos órgãos anuentes encontra-se disponível no seguinte link:

http://www.mdic.gov.br/arquivos/dwnl_1308919721.pdf
A lista de produtos sujeitas a licenciamento não-automático pode ser encontrada no seguinte site:

http://www.comexbrasil.gov.br/conteudo/ver/chave/importacoes-sujeitas-a-licenciamento
[último acesso: junho 2012]
O embarque no exterior, salvo exceções previstas na lei, só pode ocorrer após a autorização de
licenciamento. Os licenciamentos têm validade de 90 dias para fins de embarque da mercadoria no
exterior. Incluem a lista de produtos de licenciamento não-automático diversos produtos de saúde. A
autoridade competente é a ANVISA. O importador deverá sempre consultar o SISCOMEX a fim de
verificar o tratamento administrativo a que se subordina a sua operação.
Como orientação geral, o interessado poderá consultar a Consolidação das Portarias SECEX (importação): Portaria
SECEX n.º 23, de 14 de julho de 2011

46
http://www.mdic.gov.br/sitio/interna/interna.php?area=5&menu=3175 46 [último acesso: junho 2012]
Note-se
que
se
contra
a
decorre
uma
consulta
pública
para
a
substituição
http://www.mdic.gov.br/sitio/interna/interna.php?area=5&menu=3410 [último acesso: junho 2012]
4 2
desta
Portaria:
INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL
NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA
ii | Desalfandegamento
Para o processo de desalfandegamento das mercadorias o exportador deverá enviar os seguintes
documentos:







Conhecimento de embarque aéreo ou marítimo;
Fatura comercial original assinada;
Packing list original e assinada;
Certificado de origem;
Certificado de análise;
Certificado sanitário;
Catálogo de produtos.
Linha Azul
Regime aduaneiro especial que melhora a desalfandegamento das importações pelas empresas (as empresas
habilitadas têm tratamento aduaneiro prioritário e expresso, no máximo em oito horas). O link para a linha azul
encontra-se no seguinte endereço:

http://www.receita.fazenda.gov.br/aduana/LinhaAzul/LinhaAzul.htm [último acesso: junho 2012]
Importante
Se o despacho de importação não for iniciado nos prazos estabelecidos na legislação, que variam entre 45 a 90 dias
da chegada da mercadoria ao Brasil, ela é considerada abandonada, o que acarretará a aplicação de multa. A
mercadoria terá os destinos previstos na legislação. O mesmo acontece com a mercadoria cujo despacho de
importação tenha o seu curso interrompido durante 60 dias, por ação ou omissão do importador (FUNCEX, 2010).
iii | Exportações de serviços
Em agosto de 2012, entrou em vigor o Sistema Integrado de Comércio Exterior de Serviços, Intangíveis
e Outras Operações que Produzam Variações no Património (SISCOSERV). A Lei 12.546 de 14 de
dezembro de 2011 nos artigos 25 a 27 enquadra os serviços, intangíveis e outras operações que
produzam variações no patrimônio das pessoas físicas, no contexto do comércio externo instituindo a
obrigação de declaração de informações relativas às transações entre residentes ou domiciliados no
país e residentes ou domiciliados no exterior. As empresas devem registá-las no SISCOSERV. Os serviços
de tecnologia da informação são obrigados a cumprir esta obrigação a partir de 01/02/2013 (Portaria
Conjunta RFB/SCS nº1.908, de 19 de julho de 2012).
O acesso ao SISCOSERV pode ser feito através do link:

https://www.siscoserv.mdic.gov.br/g33159SCS/jsp/logon.jsp
Os manuais do sistema pode ser acedidos em:

http://www.mdic.gov.br/sitio/interna/interna.php?area=4&menu=3407
A Lei nº 12.546 de 14 de dezembro de 2011 pode ser acedida em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12546.htm
[último acesso: junho 2012]
4 3
CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL
3.7.5.3 | Requisitos de rotulagem
O Código de Defesa do Consumidor 47 requer que os rótulos e informações dos produtos para o
consumidor, contenham informações corretas, claras, precisas e facilmente legíveis. A informação
deverá estar em português e conter aspetos referentes à qualidade, quantidade, composição, preço,
garantia, prazo de validade, origem e riscos para a saúde e segurança. Os rótulos devem estar em
unidades métricas ou mostrar uma métrica equivalente (US Department of Commerce, 2010).
A embalagem de transporte da mercadoria deverá conter a seguintes informações: lote, identificação
da mercadoria (nome comercial), identificação da mercadoria (nome comum ou nome químico),
identificação da empresa/fabricante e país de origem (fabricação). Estas informações deverão estar
em local visível, com leitura e acesso fáceis para a inspeção sanitária.
Há regras específicas de rotulagem noutros âmbitos. Por exemplo, para a rotulagem de medicamentos ver o
seguinte:
Medicamentos em geral - Resolução RDC n.º 71, de 22 de dezembro de 2009

http://portal.anvisa.gov.br/wps/content/Anvisa+Portal/Anvisa/Setor+Regulado/Como+Fazer/Bulas+e+Ro
tulos+de+Medicamentos/Rotulos
Medicamentos adquiridos pelo Ministério da Saúde para distribuição no SUS - Resolução RDC n.º 21, de 28 de março
de 2012

http://s.anvisa.gov.br/wps/s/r/hI2
[último acesso: junho 2012]
3.7.5.4 | Produtos de saúde
Qualquer produto que entre em contacto com o corpo humano, importado pelo Brasil, é controlado
pelo Ministério da Saúde brasileiro. As autoridades sanitárias dividem as medidas de proteção à saúde
em:


Condições de segurança e qualidade intrínseca do produto (qualquer que seja a sua
natureza);
Condições de segurança e qualidade dos meios de produção e comercialização.
Os produtos de saúde só podem ser importados se acompanhados por uma empresa/escritório no Brasil.
Alternativamente a empresa pode ter um distribuidor autorizado pelas autoridades brasileiras. Em
qualquer dos casos, o importador deve possuir:


Autorização de funcionamento da empresa no âmbito federal;
Licença de funcionamento no âmbito estadual.
No Estado de São Paulo, as distribuidoras, representantes e importadoras de medicamentos deverão
contar no local para a sua instalação com uma área mínima de 12m² e outros requisitos da autoridade
sanitária (AICEP, 2010). A comercialização de produtos de saúde sem as respetivas licenças,
autorizações e registos dos importadores, poderá consubstanciar uma infração sanitária, sujeita às
47
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8078.htm [último acesso: junho 2012]
4 4
INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL
NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA
penalidades previstas na lei.
A produção e comercialização de medicamentos no Brasil têm como regulamentação básica a Lei n.º 5.991, de 17
de dezembro de 1973, a Lei nº 6.360 de 23 de setembro de 1976:

http://www4.planalto.gov.br/legislacao/legislacao-1/leis-ordinarias/legislacao/legislacao-1/leisordinarias/1980-a-1960#content
Os procedimentos e documentos relativos à importação de princípios ativos e excipiente ou o medicamento são
complexos (Resolução RDC n.º 81, de 5 de novembro de 2008) e pode ser encontrado em detalhe no portal da
ANVISA:

http://portal.anvisa.gov.br/wps/content/Anvisa+Portal/Anvisa/Setor+Regulado/Publicacao+Setor+Regula
do
O Manual para licenciamento de importações para medicamentos pode ser encontrado no site da ANVISA

http://www.anvisa.gov.br/medicamentos/controlados/manual_li.pdf
[último acesso: junho 2012]
3.7.5.5 | Impostos e despesas sobre os produtos importados
i | Imposto aduaneiro
A complexidade do sistema fiscal interno é uma importante barreira ao comércio (US Department of
commerce, 2010). Existem três impostos principais aplicados aos produtos importados: imposto
aduaneiro, imposto sobre produtos industrializados, imposto sobre a circulação de mercadorias e
serviços. Em conjunto, os impostos e taxas aplicados aos medicamentos podem dobrar o preço dos
produtos desde o envio até à comercialização.
Para simulação dos impostos a pagar, o importador pode aceder ao site:

www4.receita.fazenda.gov.br/simulador/ [último acesso: junho 2012]
Importante
Para garantir a não-cumulatividade do pagamento de impostos, a legislação brasileira permite que o valor pago no
momento da importação gere um crédito a favor do importador, que poderá ser compensado com o imposto devido
em operações posteriormente realizadas pelo importador e tributadas com esse mesmo imposto. Assim, o imposto
incide, na prática, somente sobre o valor agregado ao bem.
Os impostos aduaneiros seguem, com algumas exceções, a Tarifa Externa Comum Mercosul (TEC)
acordada entre os países do Mercosul para importações provenientes de países fora do Mercosul. Os
impostos à importação são impostos sobre o valor CIF das mercadorias. Em 2010, os impostos
aduaneiros variaram entre 0% a 50% (WTO, Statistics online). ). Os produtos dos países que usufruem
do princípio Nação Mais Favorecida (NMF) têm taxas aduaneiras reduzidas. A taxa média aplicada aos
produtos não-agrícolas ao abrigo do NMF foi de 14,2% em 2010 (9,9% ponderado para o volume de
comércio). A disparidade entre a taxa acordada com a OMC e a taxa realmente aplicada tende a criar
incerteza, porque o governo frequentemente usa as tarifas como política protecionista (US Department
of Commerce, 2010).
4 5
CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL
As tarifas TEC atuais podem consultadas em:

http://www.desenvolvimento.gov.br/sitio/interna/interna.php?area=5&menu=3361
A lista de tarifas de 2010 pode ser encontrada no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
em:

http://www.desenvolvimento.gov.br/sitio/interna/interna.php?area=5&menu=1848 (selecionar Série
Histórica da TEC )
[último acesso: junho 2012]
De acordo com a Resolução No 94 de 8 de dezembro de 2011, a tarifa máxima listada é de 35%.
Os produtos de saúde não estão isentos na totalidade dos impostos aduaneiros, embora estes sejam
menores do que para a generalidade dos produtos manufaturados. No caso dos produtos farmacêuticos
e dos dispositivos médicos, a TEC modal é de 14% (Market Access Database, online). No entanto, a taxa
varia de 0 a 20% consoante o produto. De acordo com o mecanismo de vigência temporária no âmbito
do Mercosul, o Brasil tem cerca de 200 produtos com exceção à TEC até 2015, o que possibilita a
redução ou aumento do imposto de importação desde que não ultrapasse o valor acordado com a OMC.
As exceções incluem o setor farmacêutico.
A lista completa dos produtos com exceção à TEC pode ser encontrada nos seguintes sites:

http://www.desenvolvimento.gov.br/sitio/interna/interna.php?area=5&menu=3361 [Os produtos de
saúde estão compreendidos nos capítulos 25, 27, 30, 38, 39, 84, 90 e 93 do quadro da TEC]

http://madb.europa.eu [Market access database em Applied Tariffs Database]
[último acesso: junho 2012]
Os importadores podem requerer a isenção de imposto aduaneiro de material médico hospitalar
importado por um hospital, caso não exista produto similar, de acordo com o CAPÍTULO XIII da
Resolução RDC nº 81, de 05 de novembro de 2008 48.
Regimes aduaneiros especiais
A legislação brasileira prevê regimes aduaneiros especiais. Para mais detalhes ver FUNCEX (2010). Dada
a importância para o setor salientamos o Drawback e Entrada Temporária:
1) Drawback é o procedimento que possibilita a entrada de produtos sem lugar a pagamento de
impostos, desde que estes sejam matérias-primas a utilizar na fabricação de bens exportáveis.
O Regime Aduaneiro Especial de Drawback encontra-se disciplinado na Portaria no Capítulo III
da Portaria SECEX n.º 23, de 14 de julho de 2011 49 . A autonomia para a concessão,
acompanhamento e verificação do compromisso de exportar é do Departamento de Operações
de Comércio Exterior (Decex);
2) Entrada Temporária: desde 2000, o Governo do Brasil tem uma provisão para a importação
temporária de produtos. Este regime pode ser aplicado a amostras, produtos para feiras,
reposição temporária de bens importados e máquinas para teste. O processo continua a ser
48
http://www.dirad.fiocruz.br/upload/uploads/RDC81.pdf [último acesso: junho 2012]
http://www.comexbrasil.gov.br/data/editor/file/%2B%20nova%20Portaria%20SECEX%20n%20%2023%20de%20%2014%2007%20201
1%20(alterada%20pela%2032).pdf; http://www.comexbrasil.gov.br/conteudo/ver/chave/drawback/menu/63 [último acesso:
junho 2012]
49
4 6
INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL
NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA
difícil, demorado e oneroso (US Department of Commerce, 2010). A entrada de amostras de
produtos de saúde está regulada pela Resolução RDC nº 81, de 5 de novembro de 200850.
ii | Imposto sobre os produtos industrializados
A taxa do Imposto sobre os Produtos Industrializados (IPI) aplicada aos produtos industrializados varia
entre 0% e 15%. No caso dos bens importados, o imposto recai sobre o valor das mercadorias CIF
acrescido do respetivo imposto aduaneiro. Assim, de uma maneira geral, quanto maior a taxa TEC,
maior a taxa de IPI aplicada.
A maioria dos produtos de saúde não está sujeita a IPI. Em 2011, cerca de 37% dos produtos de saúde
tinham uma taxa de IPI de 14% e 21%; 2% tinha taxa de IPI zero. No entanto, sobre mais de 60% do
volume importado incide a taxa de 0% (ANVISA, online)51.
Para a lista completa dos produtos e respetivo IPI ver o site seguinte:

http://www.receita.fazenda.gov.br/Aliquotas/TabIncidIPITIPI.htm [último acesso: junho 2012]
iii | Imposto Sobre Circulação
O Imposto Sobre Circulação (ICMS) é um imposto sobre o valor acrescentado a pagar em todas as fases
da transação do produto. É da competência dos diversos estados e do Distrito Federal. As taxas variam
significativamente de estado para estado, situando-se entre 7% e 25%52. Alguns produtos de saúde estão
sujeitos a convénios de benefícios fiscais que incluem todos ou alguns estados, ou ainda quando são
adquiridos por algumas instituições (os convénios são da responsabilidade do CONFAZ 53).
iv | Outros impostos
Existe, adicionalmente, uma miscelânea de impostos e taxas a nível federal e estatal (sendo a sua
incidência significativa nos produtos para saúde (a taxa modal é de 9%). A Lei nº 10.147, de 21 de
dezembro de 2000 criou a tributação monofásica para produtos da indústria farmacêutica, a saber: (i) a
Contribuição para Programas de Integração Social e de Formação do Património do Servidor Público
(PIS/PASEP), e (ii) a Contribuição para o Financiamento da Segurança Social (COFINS).
As empresas que industrializam ou importam pagam a PIS e a COFINS com taxas mais elevadas,
permitindo às demais empresas do processo produtivo a isenção das contribuições. A Lei nº 10.865 de
50
http://www.dirad.fiocruz.br/upload/uploads/RDC81.pdf [último acesso: junho 2012]
Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Tributos Incidentes Sobre o setor dos produtos para a saúde.
http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/f0e88a8049c454a8a070a66dcbd9c63c/Microsoft+Word+-+Tributos++Produtos+para+Sa%C3%BAde+vs+final.pdf?MOD=AJPERES. [último acesso: junho 2012]
52
A partir de 1 de janeiro de 2013 vigorará uma taxa única de 4% em todos os Estados http://www.ecofinancas.com/noticias/publicada-aliquota-aplicada-bens-mercadorias-importados-exterior. A unificação da taxa
não se aplicará, no entanto, aos bens e mercadorias importados do exterior que não tenham similar nacional, a serem definidos
em lista a emitir pelo Conselho de Ministros da CAMEX – Câmara de Comércio Exterior
[http://www.desenvolvimento.gov.br/sitio/interna/noticia.php?area=1&noticia=11777] [último acesso: junho 2012]
53
http://www.fazenda.gov.br/confaz/[último acesso: junho 2012]
51
4 7
CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL
30 de abril de 2004 (a qual altera a Lei n.º 10.147, de 21 de dezembro de 2000) disciplinou que, nas
importações de alguns produtos farmacêuticos, sejam aplicadas taxas de 2,1% para a PIS e 9,9% para a
COFINS 54 . A lei estabelece, ainda, que “Fica o Poder Executivo autorizado a reduzir a zero e a
restabelecer as taxas da PIS/PASEP-Importação e da COFINS-Importação, incidentes sobre:


Produtos químicos e farmacêuticos classificados nos Capítulos 29 e 30 da NCM;
Produtos destinados ao uso em hospitais, clínicas e consultórios médicos e odontológicos,
campanhas de saúde realizadas pelo poder público e laboratórios de anatomia
patológica, citológica ou de análises clínicas, classificados nas posições 30.02, 30.06,
39.26, 40.15 e 90.18 da NCM (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005)” (§ 11).
No âmbito do setor da saúde importa, ainda, salientar o Regime Especial para a Plataforma de
Tecnologias de Informação (REPES), que suspendeu o pagamento da PIS e da COFINS para as
importações de empresas que se comprometam a exportar software e tecnologias de informação.
v | Outras despesas
Além dos impostos, os exportadores devem contar com outras despesas obrigatórias, referentes ao
desembaraço das mercadorias, como sejam as despesas aduaneiras e de capatazia. Adicionam-se,
ainda, outras despesas não obrigatórias mas frequentes (FUNCEX, 2010).
3.7.5.6 | Forma de pagamento das importações
A entrada ou saída de divisas do Brasil envolve obrigatoriamente a elaboração de um contrato de
câmbio feito pela empresa importadora brasileira. O contrato deve seguir as normas do Banco Central
do Brasil compiladas no Regulamento do Mercado de Câmbio e Capitais (RMCC). Os pagamentos ao
exterior podem ser praticados sob as seguintes condições:



54
Antecipado - o importador efetua a remessa das divisas ao exportador antes do
embarque da mercadoria;
Cobrança - o importador efetua o pagamento após o recebimento das mercadorias;
Carta de Crédito – é emitida pelo banco a pedido do importador, cujo beneficiário será o
exportador no exterior.
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2004/Lei/L10.865.htm [último acesso: junho 2012]
4 8
INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL
NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA
3.7.5.7 | Transporte
O sistema de transporte mais comum para a importação é o transporte marítimo. As empresas de
transportes marítimos têm, em geral, um sistema de cobertura do país. O transporte aéreo tem a
vantagem da rapidez que pode ser importante, principalmente para o transporte de medicamentos,
mas os custos são elevados. Existem ligações aéreas diretas entre Portugal e vários pontos do Brasil. Os
transportes terrestres são uma opção viável para o transporte regional, principalmente para os outros
países do Mercosul. O transporte interno pode facilmente ser assegurado por muitas das empresas
existentes no mercado.
A publicação FUNCEX(2010) ”Como Exportar para o Brasil” tem informação complementar relevante e pode ser
acedida em:

http://www.ccilb.net/img/pdf/exportBrasil.pdf [último acesso: junho 2012]
i | Seguro internacional de carga
A contratação do seguro internacional de carga, apesar de não ser obrigatória, é recomendada. Esta
contratação é normalmente realizada pelo importador.
3.7.5.8 | Apoio do Estado
O importador brasileiro dispõe de uma série de linhas de financiamento públicas e privadas. O Banco
Nacional de Desenvolvimento concede financiamento a importadores, principalmente aos envolvidos
em operações de Drawback (FUNCEX, 2010).
4 9
CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL
3.7.6 | Investir no Brasil
3.7.6.1 | Forma jurídica
O empresário português que pretenda atuar no Brasil poderá exercer a atividade segundo as seguintes
três modalidades: (i) em nome individual; (ii) criando uma filial da respetiva empresa portuguesa; (iii)
constituindo um dos tipos de sociedade comercial admitidos na lei brasileira. Encontram-se previstas
na legislação brasileira várias formas de organização societária, sendo as mais adotadas a Sociedade
Limitada e a Sociedade Anónima. O tratamento tributário desses dois tipos de sociedades é muito
semelhante.
3.7.6.2 | Formalidades
Todo o investimento em território brasileiro deve ser registado online no Banco Central do Brasil no
prazo máximo de 30 dias depois da entrada de recursos no país. O registo é feito através do sistema de
Registo Declaratório Eletrónico de Investimento Externo Direto (Módulo RDE-IED).
As empresas estrangeiras que possuam bens ou direitos sujeitos a registo público têm de se inscrever
no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas. Todas as operações com moeda estrangeira devem
igualmente ser notificadas ao Banco do Brasil. Os investimentos são sempre registados na moeda
estrangeira em que forem efetivamente realizados, ou em moeda nacional caso os recursos sejam
provenientes de conta de não residente devidamente mantida no Brasil.
Importante:
O site para registo é o seguinte:

http://www.bcb.gov.br [último acesso: junho 2012]
Caso o investimento não seja devidamente registado, será considerado como investimento interno. Neste caso, o
repatriamento do capital, lucros ou remessas de capital para o estrangeiro pelo sistema de câmbio livre
comercial/financeiro não será permitido. O investidor estrangeiro poderá, ainda, ficar sujeito a multas.
3.7.6.3 | Remessas de dividendos
De um modo geral não há limitações à distribuição e ao envio de lucros para o exterior. No entanto, os
lucros estão, normalmente, sujeitos a impostos no Brasil. Se o investidor estrangeiro decidir reinvestir
em vez de remeter os lucros, estes serão passíveis de registo como capital estrangeiro adicionado ao
investimento original.
5 0
INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL
NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA
3.7.6.4 | Repatriamento de capital
O capital estrangeiro registado pelo Banco Central pode ser repatriado, a qualquer momento, sem
autorização prévia. As remessas de capital que excederem a quantia registada serão consideradas
ganhos de capital para o investidor estrangeiro estando, portanto, sujeitas à retenção de 15% a título
de imposto e à aprovação do Banco Central.
No respeitante aos repatriamentos de capital, o Banco Central poderá examinar o património líquido
da empresa apresentado no seu balanço. Caso se verifique um património líquido negativo, o Banco
Central poderá negar a autorização do repatriamento num montante proporcional ao do resultado
negativo apurado.
3.7.6.5 | Impostos sobre o rendimento
Encontra-se em vigor a convenção entre Portugal e o Brasil destinada a evitar a dupla tributação e a
prevenir a evasão fiscal em matéria de impostos sobre o rendimento. A convenção foi ratificada em
Portugal em 2001 [Decreto do Presidente da República n.º 27/2001 de 27 de abril] e está em vigor,
desde 5 de outubro de 2001, através do Aviso n.º 131/2001, DR n.º 288, Série I-A, de 14 de dezembro.
Os principais aspetos da convenção encontram-se referidos no Quadro 3.7.16.
Quadro 3.7.16 |Convenção entre Portugal e o Brasil
Objeto
Descrição
Imposto
sobre maisvalias
Por regra, as mais-valias auferidas por residentes estrangeiros estão sujeitas a imposto sobre o
rendimento à taxa de 15%, que deve ser retido na fonte e entregue ao Estado pela fonte brasileira
de rendimentos.
As mais-valias auferidas no estrangeiro relativamente a transações que envolvam bens no Brasil
estão sujeitas ao imposto de rendimento mesmo que a transação se efetue apenas entre residentes
estrangeiros.
Dividendos
Os dividendos distribuídos por uma sociedade brasileira aos seus acionistas, dentro ou fora do
Brasil, não estão sujeitos a qualquer retenção na fonte.
De acordo com a convenção de dupla tributação, a tributação dos dividendos fica limitada a 10% do
montante bruto quando o beneficiário dos dividendos detiver, pelo menos, 25% do capital social da
empresa tributada. Nos restantes casos é de 15%.
Juros e
royalties
O pagamento de juros efetuado por uma entidade brasileira no que diz respeito a empréstimos ou
capital próprio não excederá 15% do seu montante bruto.
Os honorários, comissões e outros rendimentos devidos a título de royalties ou honorários de
assistência técnica que impliquem transferências de tecnologia estão sujeitos a tributação não
superior a 15% do seu montante bruto.
O texto da convenção pode ser acedido em: http://dre.pt/pdf1sdip/2001/04/098A00/24042413.pdf [último
acesso: junho 2012]
5 1
CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL
3.7.6.6 | Incentivos ao Investimento
i | Tratamento favorável a pequenas e microempresas
O tratamento favorável a pequenas e microempresas constituídas sob as leis brasileiras com sede e
administração no país, é um princípio constitucional (artigo 170º da Constituição brasileira). Neste
sentido, todos os níveis de governo devem dispensar-lhes tratamento jurídico diferenciado, visando
incentivá-las pela simplificação das suas obrigações administrativas, tributárias, de previdência e de
crédito.
ii | Incentivos fiscais e financeiros
O governo brasileiro tem uma variedade de incentivos fiscais e de financiamento a empresas
inovadoras e geradoras de emprego. Os apoios são operacionalizados pelo Banco Nacional do
Desenvolvimento. Os benefícios financeiros mais comuns consistem na concessão de linhas de crédito e
apoios à inovação. A maioria dos incentivos tem por objetivo o desenvolvimento de regiões menos
desenvolvidas do país, em particular nas regiões do Norte e Nordeste do Brasil.
Benefícios de apoio à indústria em geral e setoriais
A Rede Nacional de Informações sobre o Investimento (RENAI) apresenta informação genérica sobre os incentivos
ao investimento produtivo no seguinte link:

http://www.desenvolvimento.gov.br/sistemas_web/renai/conteudo/index/item/31
Benefícios de apoio à indústria em geral e setoriais podem ser encontrados em:

http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/bndes/bndes_pt/Areas_de_Atuacao/Industria/
As informações de apoio à inovação estão disponíveis no portal do BNDES:

http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/bndes/bndes_pt/Areas_de_Atuacao/Inovacao/
Pode ser encontrado um resumo em:

http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/export/sites/default/bndes_pt/Galerias/Arquivos/conhecimento/c
artilha/cartilha_apoio_inovacao.pdf [último acesso: junho 2012]
[último acesso: junho 2012]
A indústria da saúde tem um programa específico de apoio ao investimento PROFARMA o qual será
desenvolvido nas secções correspondentes.
Os estados e municípios conferem, ainda, um vasto leque de incentivos relacionados com as
infraestruturas. A concessão de incentivos fiscais por parte dos estados conduziu a uma “guerra fiscal”
que pode beneficiar o investidor. O Quadro 3.7.17 apresenta uma síntese de sites com identificação de
incentivos.
5 2
INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL
NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA
Quadro 3.7.17 | Sites com informação sobre incentivos
Estado
Site/Câmara do comércio
Bahia
Site oficial do Governo da Bahia - http://www.ba.gov.br
Câmara de Comércio Brasil-Portugal da Bahia.
Ceará
Site oficial do Governo do Ceará - http://www.ceara.gov.br
Câmara Brasil Portugal no Ceará – Indústria, Comércio e Turismo
Minas Gerais
Site oficial do Governo de Minas Gerais - http://www.mg.gov.br
Câmara Luso Brasileira de Comércio em Minas Gerais
Pará
Site oficial do Governo do Pará - http://www.pa.gov.br
Câmara Luso-Brasileira de Comércio, Indústria e Serviços do Pará
Paraná
Site oficial do Governo da Paraná - http://www.pr.gov.br
Câmara Portuguesa de Comércio do Sul do Brasil
Pernambuco
Site oficial do Governo do Pernambuco - http://www.pernambuco.gov.br
Câmara de Comércio Indústria e Turismo Brasil Portugal
Rio de Janeiro
Site oficial do Governo do Rio de Janeiro - http://www.governo.rj.gov.br
Câmara Portuguesa de Comércio e Indústria do Rio de Janeiro
Rio Grande do Sul
Site oficial do Governo do Rio Grande do Sul - http://www.estado.rs.gov.br
Câmara Luso-Brasileira de Comércio do Rio Grande do Sul
São Paulo
Site oficial do Governo de São Paulo - http://www.saopaulo.sp.gov.br
Zona Franca de Manaus
Superintendência da Zona Franca de Manaus – SUFRAMA. www.suframa.gov.br/
Federação das Câmaras Portuguesas de Comércio no Brasil (com os links das várias Câmaras de Comércio):

http://www.brasilportugal.com.br
Guia Legal para o Investidor Estrangeiro (com uma abordagem Federal contendo informação sobre as várias formas
de estabelecimento no Brasil, o regime laboral e o regime fiscal):

http://www.brasilglobalnet.gov.br/ARQUIVOS/Publicacoes/Manuais/PUBGuiaLegalI.pdf 55
Guias de alguns estados federados podem ser encontrados no site do Brasil Global Net em:

http://www.brasilglobalnet.gov.br/Publicacoes/P/guiaInvestidorEstadosFederacao.aspx
[último acesso: junho 2012]
55
O guia atualizado encontra-se apenas disponível em inglês. Uma versão portuguesa de 2006 pode ser acedida em:
http://www.brasilglobalnet.gov.br/CDINVESTIMENTO [último acesso: junho 2012] (note-se que com informação desatualizada).
5 3
CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL
3.7.7 | Farmacêutica
O mercado farmacêutico brasileiro é um mercado importante no contexto mundial atual, quer para as
empresas líder, quer para as que procuram novas oportunidades e nichos de mercado. Em
consequência, a concorrência tem vindo a aumentar. Em 2010 o Brasil ocupava a sétima posição entre
os maiores mercados farmacêuticos mundiais registando, entre 2006 e 2010, uma taxa anual de
crescimento de 14%. Em 2015 o Brasil deverá ser o 5º maior mercado mundial (IMS Health, 2011),
esperando-se um crescimento do mercado entre 10 a 13% no período 2010 a 2015.
Comparado com outros países fármaco-emergentes, o país tem legislação de proteção de patentes
consistente com os Acordos Relativo aos Aspectos do Direito da Propriedade Intelectual Relacionados
com o Comércio (TRIPS) e baixa contrafação ou medicamentos falsos.
3.7.7.1 | O mercado farmacêutico brasileiro
O mercado farmacêutico encontra-se repartido pelo retalho, compras dos estados e compras dos
hospitais e clínicas. O mercado de retalho representa cerca de 71% do mercado total. Os restantes 29%
distribuem-se pelas compras dos estados (21%) e pelas compras realizadas por hospitais e clínicas (8%)
(IMS Health in OSEC, 2010).
i | Mercado de retalho
Existe uma boa rede de distribuição de fármacos que é uma componente vital da política de saúde. O
Brasil é o país com o maior número de farmácias do mundo. De acordo com o Conselho Federal de
Farmácias (2010), no Brasil há mais de 82 mil farmácias e drogarias. A grande distribuição aparece cada
vez mais ligada à distribuição de medicamentos, tendência que se deverá manter.
O mercado de retalho tem crescido a uma taxa anual superior a 13% (tendo atingido os R$34 mil
milhões em 2010). A IMS espera um abrandamento do seu crescimento. Assumindo um crescimento
linear nominal de 10%, estima-se que as vendas no retalho atinjam os R$45 mil milhões em 2013 (IMS
Health in OSEC 2010) (Figura 3.7.14). No entanto, o crescimento efetivo do mercado tem sido acima do
previsto. Dados mais recentes mostram que o mercado atingiu os R$43 mil milhões em 2011 (IMS in
Interfarma, online56; IMS, 2012).
56
http://www.interfarma.org.br/site2/images/Site%20Interfarma/Informacoesdosetor/Indicadores/Dados_Economicos/evolucao.
jpg [último acesso: junho 2012]
5 4
INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL
NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA
Figura 3.7.14 | Evolução da venda no retalho (mil milhões de Reais)
45
41
30,7
14,4
2003
16,6
18,3
2005
20,9
23,2
2007
34
37
26,1
2009
2011*
2013*
*Estimativa.**Taxa de crescimento composta anual. Fonte: IMS Health in OSEC, 2010.
Em termos de volume a retalho, a taxa de crescimento entre 2003 e 2009 foi de cerca de 6,6%.
Estima-se o crescimento entre 2009-2013 a uma taxa anual de 10%. O crescimento ocorre em todos os
segmentos, nomeadamente nos medicamentos de venda livre ou não sujeitos a receita médica (MNSRM
ou over the counter – OTC) e nos medicamentos sujeitos a receita médica (MSRM ou ditos éticos),
incluindo o mercado de medicamentos controlados 57.
A Figura 3.7.15 ilustra a repartição do mercado entre medicamentos prescritos e de venda livre
verificando-se um ritmo de crescimento semelhante nos dois segmentos. Considerando a evolução
recente, os genéricos serão os principais beneficiários do aumento da procura (OSEC, 2010).
57
Medicamentos sujeitos a um controlo especial por terem ação no sistema nervoso central, capazes de causarem dependência
física ou psíquica. Ver portal da educação em http://www.portaleducacao.com.br [último acesso: junho 2012]
5 5
CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL
Figura 3.7.15 | Evolução do mercado farmacêutico (mil milhões de Reais)
MNRM
MSRM
8,9
7,6
6,9
6,2
5,5
13,9
2005
15,5
17,0
2006
2007
18,9
2008
21,8
2009
Fonte: IMS Health in OSEC, 2010.
O Quadro 3.7.18 apresenta as classes terapêuticas mais importantes do mercado de retalho brasileiro.
Conforme se pode verificar, o mercado é fragmentado não se destacando nenhuma classe terapêutica.
As 20 classes terapêuticas principais, por seu lado, representam cerca de 44% do mercado.
5 6
INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL
NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA
Quadro 3.7.18 | Classes Terapêutica com produtos mais vendidos
Classe Terapêutica
Quota
Milhões de $R
N02B – Outros analgésicos e antipiréticos
4,6%
1.413,0
G03A – Contracetivos Hormonais para uso sistémico
4,5%
1.385,5
M01A – Anti-inflamatório / Antirreumático
3,4%
1.056,3
N06A – Antidepressivos
3,3%
1.023,8
A02B – Anti úlcera
3,0%
925,7
C10A – Colesterol e Triglicerídeo regular prep
2,6%
784,7
C09D – Antagonista Angiotensina II, Combinações
2,3%
705,0
M03B – Relaxantes Musculares, Agentes de Ação Central
2,3%
689,7
D02A – Produtos E Carbamida
2,1%
628,4
C09C – Antagonista Agiotensina II, simples
1,7%
533,3
G04E – Produtos para disfunção eréctil
1,6%
496,6
N03A – Anti epilético
1,6%
493,5
A11A – Multivitaminas, combinações
1,5%
462,8
J01C – Antibacterianos beta-lactâmicos, penicilinas
1,4%
441,4
C07A – Agentes beta bloqueadores puros
1,4%
423,0
D11A – Outros preparados dermatológicos
1,4%
423,0
C09A – Inibidores Ace, simples
1,4%
419,9
A02A – Anti ácidos
1,4%
419,9
D07B – Corticosteroides, combinação com antissépticos
1,3%
401,5
R01A – Preparações nasais
1,3%
383,1
Outros
56%
17.142
Fonte: IMS Health in OSEC, 2010.
Os medicamentos mais vendidos são medicamentos de marca produzidos por multinacionais. A lista de
medicamentos mais vendidos tende a ser pouco estável dada a entrada dos medicamentos genéricos. O
Quadro 3.7.19 apresenta os 10 medicamentos mais vendidos.
5 7
CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL
Quadro 3.7.19 | Medicamentos mais vendidos no Brasil 2010 (em milhões de Dólares)
Medicamento
Empresa
1
DORFLEX
SANOFI-AVENTIS
2
CIALIS
LILLY
3
CRESTOR
ASTRAZENECA BRASIL
4
NEOSALDINA
NYCOMED PHARMA LTD
5
LIPITOR
PFIZER
6
DIOVAN HCT
NOVARTIS
7
NEXIUM
ASTRAZENECA BRASIL
8
TYLENOL
JOHNSON & JOHNSON
9
VIAGRA
PFIZER
10
DIOVAN
NOVARTIS
Fonte: IMS Health in OSEC 201058.
ii | Mercado das compras públicas
As compras governamentais/estaduais são, na sua maioria, realizadas no âmbito do SUS. Os governos
municipais também compram, sem recorrer ao SUS, maioritariamente medicamentos e vacinas para
doenças endémicas. A partilha de responsabilidades está regulada na Política Nacional do
Medicamento. No âmbito do SUS os medicamentos são classificados em termos de essenciais,
estratégicos e excecionais. As compras dividem-se nas seguintes categorias (OSEC, 2010):

Assistência farmacêutica básica (16%) - destina-se à compra de medicamentos essenciais (e.g.,
analgésicos, anti-inflamatórios, vermífugos, antibióticos). Os medicamentos constam da
Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename);

Assistência farmacêutica estratégica (21%) - inclui medicamentos para doenças de grande
impacto social com elevado risco de mortalidade, doenças raras, ou cujo peso no orçamento é
muito elevado (Ministério da Saúde, 2006);

Aquisição
excecional
de
medicamentos
(41%)
–
inclui
medicamentos
excecionais
tecnologicamente avançados e caros;

Produtos derivados do sangue (22%).
A Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename) lista cerca de 810 produtos. Para consultar a lista ver
site do Ministério da Saúde em:

http://portal.saude.gov.br/portal/saude/profissional/visualizar_texto.cfm?idtxt=32820&janela=1 [último
acesso: junho 2012]
As compras governamentais são feitas por concurso público (valores superiores a R$ 650 mil) ou
procedimentos orçamentais. As empresas estrangeiras podem participar em concursos públicos, mas
devem ser representadas por uma subsidiária registada no país ou por um representante brasileiro.
58
De notar que os dado divergem de acordo com a fonte.
5 8
INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL
NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA
Conforme referido anteriormente, o preço é o fator primordial nas decisões de compra do governo
(OSEC, 2010), aplicando-se a preferência nacional. No âmbito das compras públicas as margens da
preferência são de 8% no caso de medicamentos ou fármacos produzidos com fármacos importados e de
20% no caso de serem produzidos com fármacos nacionais. Todas as matérias-primas/princípios ativos
têm margem de 20% e os produtos biológicos têm margens de 25% (20% de margem normal e 5% de
margem adicional). As margens de preferência são aplicadas a 126 produtos, 78 medicamentos e
fármacos, 4 matérias-primas/princípios ativos e 44 produtos biológicos (Decreto 7713 de 3 de abril de
2012)59.
Medicamentos prioritários
A Portaria n.º 1.284, de 26 de maio de 2010
60
define a lista atualizada dos Produtos Estratégicos no
âmbito do Sistema Único de Saúde. Esta lista define os produtos farmacêuticos que são alvos
prioritários das políticas públicas, no sentido de aumentar a produção local, a inovação, a
transferência de tecnologia e os mecanismos de regulação.
iii | Acesso
De um modo geral, o acesso ao consumo de medicamentos continua relativamente baixo e marcado
pelas desigualdades socioeconómicas. Cerca de 15% da população (mais rica) consome 48% dos
medicamentos (Fardelone & Branchi, 2006). Este dado mostra o potencial de crescimento do mercado
com o alargamento da classe média e diminuição de brasileiros em situação de pobreza.
No âmbito do SUS, os medicamentos são comparticipados ao abrigo do Programa de Farmácia Popular
(Ministério da Saúde, 2008). O processo de inclusão do medicamento no Programa de Farmácia Popular
requer um parecer da Comissão de Incorporação de Tecnologias do Ministério da Saúde (CITEC). A
comissão faz a avaliação económica de todos os medicamentos que pedem inclusão no programa
farmacêutico do SUS, cabendo ao Ministério da Saúde a decisão baseada na recomendação emanada. A
lista de medicamentos comparticipados e os respetivos copagamentos está disponível no portal de
saúde do governo61. A maioria dos seguros privados não comparticipa medicamentos (Riché, 2006).
Apesar do aumento do peso do governo no financiamento das despesas com medicamentos, a maior
fatia das despesas são privadas (Figura 3.7.16). No entanto, no mercado brasileiro, o preço dos
medicamentos tende a ser baixo e estável62 (Figura 3.7.17).
59
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Decreto/D7713.htm [último acesso: junho de 2012]; ver também
Ministério da Fazenda, 2012 - Margens de preferência.
60
http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/portaria1284_070710.pdf [último acesso: junho 2012]
61
http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/rol_de_medicamentos_fp2_maio_2010.pdf [último acesso: junho 2012]
62
http://www.revistasusp.sibi.usp.br/scielo.php?pid=S1516-41792011000200004&script=sci_arttext [último acesso: junho 2012]
5 9
6 0
Nota: Sem impostos (US$). Fonte: IMS in Fardelone & Branchi, 2006.
2005
2006
2007
0,13
2004
0,12
2003
Coreia
2002
Uruguai
20,7
0,14
20,7
Colômbia
19,5
0,16
20,3
0,16
17,4
Brasil
16,2
Nova Zelândia
79,3
0,17
79,3
Chile
80,5
0,19
79,7
0,19
82,6
Equador
0,89
83,8
Argentina
0,23
0,28
África do Sul
Peru
0,28
Turquia
0,34
Venezuela
0,30
0,34
Inglaterrra
Áustria
0,36
Espanha
Portugal
0,39
0,43
Holanda
Grécia
0,48
Filândia
0,43
0,48
México
França
0,51
0,50
Noruega
0,51
Alemanha
0,67
0,51
Bélgica
Irlanda
0,68
0,60
0,64
0,71
Luxemburgo
Itália
Suiça
Áustria
EUA
CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL
Figura 3.7.16 | Repartição das despesas farmacêuticas
Consumidor
Governo
Fonte: IMS Health in OSEC, 2010.
Figura 3.7.17 | Preço ao consumidor (médio – 2005)
INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL
NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA
iv | Segmentos de mercado relevantes
Os genéricos
O mercado de genéricos brasileiro é atualmente o maior da América Latina. Os genéricos representam
cerca de 17% do valor do mercado farmacêutico e 25,6% das unidades vendidas (IMSHealth 2012 in
Progenericos online) 63 . Considerando apenas o mercado das substâncias ativas sem proteção de
patentes os genéricos representavam, em 2009, 59% do mercado (Shepard, 2010). Espera-se que o
mercado dos genéricos cresça a uma taxa anual de 19% entre 2010 e 2019, enquanto o mercado dos
medicamentos de marca crescerá apenas cerca de 10,7% (IMSHealth 2012 in Progenericos online).
Após a aprovação da Lei dos Genéricos em 1999 (Lei n.º 9.787, de 10 de fevereiro de 1999 64) registouse um grande crescimento do mercado dos genéricos, principalmente sustentado pela indústria
nacional. A partir de então, tornou-se obrigatório o uso da Denominação Comum Brasileira (DCB) 65 para
todos os medicamentos e da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) no caso da importação de
produtos e matérias-primas/princípios ativos farmacêuticos.
O crescimento do mercado é impulsionado pelo fator preço (50% menos do que o produto de marca) e
pela rápida adoção por parte dos consumidores. Um estudo sobre o comportamento da procura (IBOPE,
2011) nota que a troca de receita na hora da compra de um medicamento é prática comum e que os
consumidores são muito influenciados pelos farmacêuticos. Cerca de 95% dos consumidores sabe o que
são genéricos (Technology-Vision-Group-LLC, sd). Adicionalmente, espera-se que o abandono das cópias
de medicamentos venha também estimular o mercado. A lei de patentes (1996) colocou o país no
seleto grupo de nações que respeitam a propriedade intelectual. Até 1996, qualquer empresa nacional
poderia desenvolver o mesmo medicamento através de parcerias ou pela compra de matéria-prima em
mercados estrangeiros tecnologicamente capazes de desenvolver o princípio ativo (e também não
respeitadores das patentes). Não eram necessárias provas da bio equivalência para a entrada no
mercado. São as chamadas cópias ou similares. O número de cópias a abandonar o mercado até 2014 66
deverá criar um mercado de mais de US$ 2 mil milhões para os genéricos (OSEC 2010).
No mercado brasileiro existem medicamentos genéricos para o tratamento de doenças do sistema
cardio circulatório, anti-infeciosos, aparelho digestivo/metabolismo, sistema nervoso central, antiinflamatórios
hormonais
e
não
hormonais,
dermatológicos,
doenças
respiratórias,
sistema
urinário/sexual, oftalmológicos, anti trombose, anemia, anti helmínticos/parasitários, oncológicos e
contracetivos (Progenéricos, Online). Os mais vendidos são: o paracetamol (analgésico e antipirético),
o captopril (usado no tratamento de hipertensão arterial e insuficiência cardíaca) e a ranitidina
(utilizada no tratamento de úlceras). Além disso, merece destaque o facto de que dos 14
antirretrovirais que fazem parte do cocktail contra a sida distribuídos gratuitamente pelo Ministério da
63
http://www.progenericos.org.br/index.php/mercado [último acesso: junho 2012]
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9787.htm [último acesso: junho 2012]
65
Ver no portal da ANVISA em: http://www.anvisa.gov.br/hotsite/farmacopeia/dcb.htm [último acesso: junho 2012]
66
Requisitos de bio-equivalência serão aplicados universalmente na sequência da revisão de regulamentação a ser realizado pela
ANVISA programada para o ano 2014. Como resultado, o número de cópias de marca e similares que circulam no mercado irá
diminuir.
64
6 1
CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL
Saúde, 10 são fabricados no Brasil sob a forma de medicamento genérico (Ministério Público Federal,
2011).
Matérias-primas (princípios ativos e excipientes)
De acordo com a Associação Brasileira da Indústria Farmoquímica e de Insumos Farmacêuticos
(ABIQUIFI) o mercado brasileiro de matérias-primas/princípios ativos atingiu os US$3 mil milhões, o que
significa um crescimento anual de 16% 67 . A maior parte da procura (cerca de 80%) é coberta por
importações (Abrifar, online) 68 sendo o restante fornecido por empresas multinacionais sedeadas no
Brasil. O maior exportador é a Alemanha (17%), seguindo-se a China (16%) e os EUA (16%) (ABIQUIFI,
69
online ).
Vacinas
O mercado das vacinas humanas atingiu os US$690 milhões em 2009. O mercado está fortemente
dependente da procura estatal (OSEC, 2010). O Brasil importou em 2009 cerca de US$280 milhões de
vacinas, sendo a Bélgica o principal fornecedor (52%), seguida da França (22%), dos EUA (11%) e da
Itália (8%) (MDICE online70).
Uma parte substancial das vacinas é produzida nos laboratórios públicos, o que torna o Brasil o maior
produtor de vacinas da América Latina. Os laboratórios privados tendem a concentrar-se na produção
de vacinas mais modernas, tentando aproveitar os hiatos de produção existentes nos laboratórios
públicos.
O número de empresas a produzir vacinas no Brasil tem aumentado. Licenças de produção e transferência de
tecnologia para os laboratórios públicos são os fatores chave para o sucesso da negociação (OSEC 2010). Os
laboratórios têm bom nível de I&D e custos baixos, assim como, volumosos financiamentos do Estado. Os principais
produtores públicos de vacinas e soros são71:

BioManguinhos / FIOCRUZ-RJ: febre-amarela, DTP + Hib, Hib, TVV, Poliomielite;

Fundação Ataulpho de Paiva / FAP-RJ: BCG-ID;

Fundação Ezequiel Dias / FUNED-MG: Soros antiofídicos e antitóxicos;

Instituto de Tecnologia do Paraná / TECPAR-PR: Antirrábica uso animal;

Instituto Vital Brasil / IVB-RJ: Soros antiofídicos, antirrábico e antitóxicos;

Instituto Butantan - SP: Hepatite B, Influenza, Raiva em cultivo celular, Dupla adulto,Dupla Infantil, DTP,
Soros antiofídicos, antitóxicos e antirrábico;

Centro de Produção e Pesquisa de Imunobiológicos do Paraná / CPPI-PR: Soros loxoscélico e botrópico.
Destacam-se de seguida dois programas no âmbito das vacinas: Programa de Autossuficiência Nacional
em Imunobiológicos e o Programa Nacional de Imunizações.
67
http://www.abiquifi.org.br/ [último acesso: junho 2012]
http://www.abrifar.org.br/ABRIFAR_2012/Home.html [último acesso: junho 2012]
69
http://www.abiquifi.org.br/psi_downloads.html [último acesso: junho 2012]
70
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Externo: http://www.desenvolvimento.gov.br/sitio/ [último acesso:
junho 2012]
71
http://portal.saude.gov.br/portal/saude/profissional/visualizar_texto.cfm?idtxt=30944&janela=1 [último acesso: junho 2012]
68
6 2
INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL
NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA
O Programa de Autossuficiência Nacional em Imunobiológicos (PASNI) foi criado em 1986 visando a
autossuficiência. A produção está concentrada no setor público embora não haja limitações legais.
O Programa Nacional de Imunizações (PNI) corresponde a um programa nacional de vacinação. O PNI
está ao nível dos melhores programas de vacinação do mundo (Portal da Saúde, online) 72. Existe uma
infraestrutura pública muito eficiente com mais de 125.000 postos de vacinação.
O crescimento da dotação orçamental do PNI é significativo. De 2000 a 2008, o Ministério da Saúde
investiu um montante de R$ 220 milhões para melhorar a capacidade de produção do país, produzir
novas tecnologias e reformar laboratórios. Até 2012 espera-se um investimento de cerca de R$ 400
milhões. As prioridades centram-se no desenvolvimento de tecnologias e produção de vacina para
proteger da Leishmaniose e raiva canina, dengue, malária vivax e melhoria da vacina da febreamarela.
Subcontratação
O mercado da subcontratação é um mercado em crescimento, em termos mundiais e no Brasil73. As
empresas brasileiras estão perto do limite de capacidade, pelo que precisam de subcontratar produção
e serviços. Apesar do mercado brasileiro ter um elevado número de empresas que fornecem diferentes
tipos de produtos/serviços em regime de subcontratação, em termos de receitas o mercado é
relativamente concentrado (OSEC, 2010).
3.7.7.2 | Estrutura da indústria
Em 2010, o mercado farmacêutico brasileiro cresceu 33,96%, com receitas de cerca de R$36,25 mil
milhões (Quadro 3.7.20). Estima-se que o mercado atingirá os R$68,5 mil milhões em 2015. O Brasil
liderou o mercado farmacêutico latino-americano em 2010 (42,5%), seguido pelo México e pela
Venezuela. Os laboratórios estatais produzem cerca de 30% dos medicamentos comprados pelo SUS.
Quadro 3.7.20 | Receitas da Indústria farmacêutica no Brasil últimos 5 anos
2006
2007
2008
2009
2010
Valor em milhões de Reais
21.452
23.583
26.398
30.175
36.249
Valor em milhões de Dólares
9.868
12.180
14.649
15.408
20.641
Fonte: IMS Health in OSEC 2010.
72
73
http://portal.saude.gov.br/portal/saude/profissional/area.cfm?id_area=1448 [último acesso: junho 2012]
http://www.niceinsight.com/article_pdfs/NIPPRO_0512.pdf [último acesso: junho 2012]
6 3
CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL
i | Estrutura
O setor farmacêutico é composto por mais de 540 empresas registadas com diferentes dimensões e
origens. Destas, 90 produzem medicamentos genéricos (Governo Brasileiro, online) 74 . No entanto,
menos de 300 empresas estão de facto a operar (OSEC, 2010). Os laboratórios atuam num mercado com
mais de 11.400 diferentes medicamentos de marca ou genéricos e mais de 23.000 apresentações
diferentes (Moreira, 2011). Cerca de 20 laboratórios são públicos (Quadro 3.7.21).
Quadro 3.7.21 | Laboratórios públicos (exemplos)
Produção anual em milhões de unidades (MAT junho 2008)
Laboratório
Sólidos
Líquidos
Semissólidos
Pós
Injetáveis
Compostos
inertes
Total
1
FURP
1,782
20
8
8
3
1,820
38%
15%
2
FARMANGUINHOS
1,078
11
-
-
-
1,089
23%
64%
3
FUNED
716
7
1
-
-
724
15%
32%
4
LAFEPE
558
7
2
0
-
567
12%
41%
-
Outros
544
6
0
5
0
556
12%
92%
4,678
50
11
14
3
4,756
100%
66%
-
TOTAL
Fonte: IMS Health in OSEC 2010.
Em termos de número de unidades empresariais, a indústria compreende, maioritariamente, empresas
de pequena dimensão responsáveis por uma fatia baixa das vendas a retalho. As grandes empresas
concentram grande parte das vendas a retalho. Há empresas internacionais a operar no mercado
(Quadro 3.7.22).
Quadro 3.7.22 | Vendas e negócios por dimensão de empresas
Tamanho (vendas a retalho anuais)
Número total
Total de vendas a retalho em 2009
Empresas internacionais
Valor médio de negócio (*)
Pequena
Média
Grande
< US$100 milhões
US$100 a US$300
milhões
> US$300 milhões
230
26
15
US$2.800 milhões
US$4.900 milhões
US$8.300 milhões
50
16
9
US$40 milhões
US$600 milhões
US$1.600 milhões
Fonte: IMS Health (in OSEC 2010).
O setor farmacêutico tem uma rentabilidade elevada, muito superior à média da indústria brasileira. O
setor gera cerca de 50 mil empregos diretos e 250 mil indiretos (Moreira, 2011). Os trabalhadores do
setor recebem um salário mensal 3 vezes superior à média nacional. A produtividade do trabalho da
indústria farmacêutica é 92% acima da média da indústria de transformação (Selan et al., 2005).
A estrutura da indústria tem sido alterada por fusões e aquisições internacionais. Estes processos têm
74
http://www.brasil.gov.br/sobre/ciencia-e-tecnologia/tecnologia-em-saude/ [último acesso: junho 2012]
6 4
INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL
NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA
permitido o aumento da capacidade de produção e a modernização do setor. O mercado de genéricos,
por seu lado, encontra-se fortemente concentrado (Capanema & Palmeira, 2007). Em 2009, cerca de
71% do mercado era detido por 4 empresas: Medley, EMS, Ache, Eurofarma (as vendas das duas
principais empresas do mercado correspondem a mais de 50% do total das vendas). O mercado nãoretalho é consideravelmente mais concentrado do que o mercado retalhista (Quadro 3.7.23).
Quadro 3.7.23 |Grau de concentração do mercado (2009)
C1
C4
7,7%
24,7%
Mercado não retalhista
11,8 %
35,1%
Mercado de prescrição
7,2%
25,8%
Mercado venda livre
9,6%
25,0%
Mercado de genéricos
29%
71%
Mercado retalhista
C1- quota mercado da empresa líder; C4 - quota de mercado das 4 empresas com mais volume de vendas somatório da quota de
mercado dos 4 primeiros. Fontes: Cálculos baseados em dados no OSEC 2010; IMS Health 2011 (in Inferfarma online75).
A indústria é marcada pela presença de empresas multinacionais que, no seu conjunto, têm uma
elevada participação no mercado interno e nas exportações (Quadro 3.7.24). No entanto, ao longo das
últimas décadas, as empresas nacionais têm vindo a ganhar uma importante fatia do mercado. Este
processo deve-se, em parte, aos programas governamentais de apoio à indústria, ao protecionismo e ao
aumento do consumo de genéricos.
Quadro 3.7.24 | Maiores laboratórios farmacêuticos (% de venda a retalho do Brasil)
Ordem 2011
Laboratórios
2009
2011
1
EMS PHARMA (*)
6,7
7,7
2
MEDLEY (**)
5,2
7,1
3
ACHÊ*
5,7
5,2
4
SANOFI-AVENTIS
6,0
4,6
5
EUROFARMA (*)
4,2
4,1
6
NEO QUIMICA (*)
1,21
3,7
7
NOVARTIS
4,0
3,54
8
MSD ( Merck Sharp & Dohme e a ScheringPlough)
2,5
2,6
9
PFIZER
3,5
2,43
10
Bayer
2,6
2,16
*Capital Brasileiro; **Adquirida pela Sanofi em 2009. Fontes: IMS Health 2009 in OSEC 2010; IMS Health 2011 in Inferfarma
online76.
75
76
http://www.interfarma.org.br/site2/index.php/informacoes-do-setor/indicadores [último acesso: junho 2012]
http://www.interfarma.org.br/site2/index.php/informacoes-do-setor/indicadores [último acesso: junho 2012]
6 5
CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL
Atualmente, entre as 10 maiores empresas farmacêuticas no mercado, 4 são brasileiras. São empresas
que apresentam crescimento acelerado e todas produzem genéricos. O crescimento da indústria
farmacêutica brasileira torna-se evidente na Figura 3.7.18.
Figura 3.7.18 | Crescimento da indústria nacional
52%
48%
46%
45%
43%
40%
36%
38%
40%
42%
Segmento de Laboratórios em Unidades
Segmento de Laboratórios em USD
2005
2006
2007
2008
2009
Fonte: IMS Health 2009 in OSEC 2010.
O setor encontra-se concentrado geograficamente. As empresas concentram-se na sua grande maioria
na região sudeste a qual inclui os Estados de S. Paulo e do Rio de Janeiro. Alguns programas regionais
públicos têm conseguido atrair a indústria para outras regiões. É o caso de Goiás que se tornou o
terceiro Estado mais importante em termos de produção farmacêutica devido ao cluster de Anápolis.
A indústria de genéricos tem maior domínio da indústria de capital nacional, em que cerca de 90% das
empresas são de capital nacional, 6,3 % indianas, 0,8% alemãs, 0,5% espanholas e 0,6% canadianas
(Progenericos, Online) 77 . Apesar do Estado adquirir preferencialmente medicamentos genéricos
fornecidos por laboratórios nacionais e laboratórios oficiais, o setor não retalhista é liderado por
empresas estrangeiras. A indústria é relativamente concentrada, com as duas principais empresas
responsáveis por mais de 55% das vendas do mercado (Quadro 3.7.25). É esperado que o Brasil se possa
tornar exportador de genéricos. No entanto, a indústria de genéricos está muito dependente da
importação de matéria-prima (Riché, 2006).
77
http://www.progenericos.org.br/index.php/mercado [último acesso: junho 2012]
6 6
INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL
NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA
Quadro 3.7.25 | Líderes de genéricos em 2009 (milhões de Reais)
Vendas
%
1
MEDLEY
1.341,7
29,0%
2
EMS PHARMA (*)
1.207,1
26,1%
3
ACHÊ(*)
377,0
8,2%
4
EUROFARMA (*)
370,5
8,0%
5
SANDOZ
255,2
5,5%
6
GERMED PHARMA GERMED PHARMA
190,9
4,1%
7
RANBAXY
180,2
3,9%
8
TEUTO BRASILEIRO (*)
123,0
2,7%
9
SANOFI-AVENTIS
100,0
2,2%
10
MERCK
77,5
1,7%
399
9%
Outros
Fonte: IMS Health (in OSEC 2010).
A presença de empresas brasileiras tem vindo a crescer no mercado de medicamentos não sujeitos a
receita médica. O Quadro 3.7.26 reporta os líderes deste segmento em 2009. O Quadro 3.7.27
apresenta os dados das empresas e respetiva quota de mercado no setor não retalhista.
Quadro 3.7.26 | Líderes do segmento MNSRM em 2009 (milhões de Reais)
Empresa
Valor
%
1
SANOFI-AVENTIS
800,0
9,0%
2
D M Ind. FTC*
574,0
6,5%
3
EMS PHARMA*
473,4
5,3%
4
JOHNSON & JOHNSON
402,3
4,5%
5
NYCOMED
384,6
4,3%
6
GSK CONSUMO
357,4
4,0%
7
BOEHRINGER ING
304,1
3,4%
8
MANTECORP
272,8
3,1%
9
PROCTER & GAMBLE
240,6
2,7%
10
ACHÊ*
236,2
2,7%
4.811
54%
Outros
*Empresa de capital brasileiro. Fonte: IMS Health (in OSEC 2010).
6 7
CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL
Quadro 3.7.27 | Líderes do mercado não retalhista (2008) (milhões de Reais)
Empresa
Vendas
%
1
ROCHE
577,6
11,8%
2
NOVARTIS
476,4
9,7%
3
ASTRAZENECA
367,3
7,5%
4
CRISTÁLIA RANBAXY
299,7
6,1%
5
BERGAMO
288,1
5,9%
6
ABBOTT
275,1
5,6%
7
SANOFI-AVENTIS
267,2
5,5%
8
EUROFARMA(*)
255,8
5,2%
9
CELLOFARM
244,1
5,0%
10
PFIZER
243,4
5,0%
1.720
33%
Outros
*Empresa de capital brasileiro. Fonte: IMS Health 2009 in OSEC 2010.
ii | Associações
Dentro do setor farmacêutico, há várias associações. O Quadro 3.7.28 apresenta exemplos e respetivos
sites na internet.
Quadro 3.7.28 |Associações do setor farmacêutico
Associação
Site
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
http://www.abnt.org.br
Asociacion Mercosur de Normalizacion
http://www.amn.org.br/br/
ABIMO Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos
Médicos, Odontológicos, Hospitalares e de Laboratórios
http://www.abimo.org.br
ABIMED Associação Brasileira da Indústria de Alta Tecnologia, Produto e
Suprimentos Médico-Hospitalares
http://www.abimed.org.br
ABNTA Associação Brasileira de Normas técnicas
http://www.abnt.org.br/ ABIFINA
Associação Brasileira das Indústrias de Química Fina, Biotecnologia e suas
Especialidades
http://www.abifina.org.br/
ABIQUIF Associação Brasileira da Indústria Farmoquímica
http://www.abiquif.org.br/
ABRIFAR Associação Brasileira dos Distribuidores e Importadores de Insumos
Farmacêuticos, Cosméticos, Veterinários, Alimentícios e Aditivos
http://www.abrifar.org.br
ALANAC Associação dos Laboratórios Farmacêuticos Nacionais
http://www.alanac.org.br/
ALFOB Associação Brasileira dos Laboratórios Oficiais
http://www.alfob.com.br/
CBDL Câmara Brasileira de Diagnóstico Laboratorial
http://www.cbdl.com.br/
IBPM Instituto Brasileiro de Plantas Medicinais
http://www.ibpm.org.br/
INTERFARMA Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa
http://www.interfarma.org.br/
SBIM Associação Brasileira de Imunizações
http://www.sbim.org.br/
SINDUSFARMA Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado
de São Paulo
http://sindusfarma.org.br/
[último acesso: junho 2012]
6 8
INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL
NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA
iii | Competitividade/custo
Em termos de competitividade/custo o Brasil apresenta vantagens relativamente aos mercados
maduros, mas não se destaca entre os mercados emergentes. O crescimento dos custos do trabalho,
associados à baixa produtividade, parecem justificar uma tendência de perda de competitividade. A
carga fiscal também ameaça a competitividade das empresas. De acordo com o índice de KPMG,
quando comparado com outros países emergentes, o Brasil é o menos competitivo em termos de custos
(Figura 3.7.19).
Ásia Pacífico
Europa
Américas
Figura 3.7.19 | Índice de custos farmacêutica - mercados emergentes (EUA=100)
Brasil
92,5
México
91,4
Rússia
81,6
China
73,1
Índia
77,7
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
100,0
120,0
Índice de custos
Fonte: KPMG (2012).
Impostos
Um dos maiores problemas com que indústria farmacêutica se depara no Brasil é a carga fiscal elevada.
A taxa de imposto aplicada a produtos farmacêuticos chega a onerar em 35% o preço final dos
produtos78. Existem propostas para baixar os impostos nos medicamentos, fazendo este assunto parte
do programa da atual presidente. O imposto à importação de medicamentos é muito alto. Além do
mais, o seu cálculo é complexo, envolvendo um sistema interrelacionado de impostos federais e
estatuais de acordo com as características do medicamento. Os impostos nos equipamentos científicos
são particularmente elevados (OSEC, 2010).
78
http://www.guiadafarmacia.com.br/noticias/brasil-tem-impostos-altos-sobre-medicamentos [último acesso: junho 2012]
6 9
CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL
3.7.7.3 | Investigação & desenvolvimento
O investimento privado em I&D cresce a um ritmo de aproximadamente 29% ao ano (Figura 3.7.20).
Apesar de uma tendência crescente, as empresas brasileiras continuam a investir pouco em I&D.
Estima-se que o setor invista cerca de 0,7% da receita líquida de vendas o que contrasta com 15-19% da
indústria a nível mundial. O maior investimento continua a ser realizado por empresas multinacionais
(Gadelha 2009) e instituições públicas. As insuficiências do sistema de patentes continuam a penalizar
a indústria e a inovação (Wilson 2011). De facto, a implementação tardia das patentes no setor (1997),
o foco nos genéricos e a baixa presença da produção farmoquímica têm limitado, a internalização das
competências em termos de I&D.
Figura 3.7.20 | Investimento privado em I&D (milhões Reais)
505
388
302
88
2005
2006
2007
2008
Fonte: IMS in OSEC 2010.
O número de mestres e doutorados empregues pela indústria farmacêutica quase duplicou entre 2006 e
2008. Atualmente a farmacêutica no Brasil é a atividade industrial que mais emprega pessoas com
formação pós-graduada (mestres e doutorados), a segunda que mais emprega doutorados (12%) e a
terceira que mais emprega mestres (4%) 79 . Apesar de ter indivíduos com formação académica e
expertise, o Brasil parece falhar na ligação das empresas às universidades (Wilson, 2011).
No entanto, as empresas brasileiras começam a mudar a sua estratégia de negócio e a tentar
posicionar-se em nichos cada vez mais inovadores. Nos laboratórios públicos também cresce o
investimento em I&D. O laboratório FIOCRUZ recebe mais de metade dos fundos do governo e centra a
sua atividade em doenças infecto-contagiosas, com particular incidência para a SIDA. O Quadro 3.7.29
apresenta os principais grupos/centros de investigação do país em áreas de ciências da vida.
79
http://idl-bnc.idrc.ca/dspace/bitstream/10625/45331/1/131797.pdf [último acesso: junho 2012]
7 0
INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL
NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA
Apesar da capacidade instalada, o Brasil concentra ainda a sua atividade de investigação no
desenvolvimento pré-clínico (Porspectiva, online) 80, em grande parte devido às atuais limitações do
setor da biotecnologia. Segundo um estudo da consultora Prospectiva (in OSEC 2010) o mercado tem
em falta as seguintes áreas: especialistas em toxicologia; organizações de investigação contratada;
laboratórios para testes químicos; equipamento para testes biothec de novos produtos; especialistas
em biotecnologia; instituições de investigação.
Quadro 3.7.29 | Alguns dos mais importantes Institutos/organismos de I&D
Instituto/Organismo
Instituto Butantan (São Paulo)
http://www.butantan.gov.br
Área de atividade
Butantan é um centro de pesquisa biomédica afiliada com a secretaria de
Estado da Saúde de São Paulo.
Produz vacinas contra doenças infeciosas tais como a raiva, hepatite,
botulismo, tétano, difteria, e tuberculose.
É o maior produtor de imunobiológicos e biofármacos da América Latina (e um
dos maiores do mundo). Butantan também desenvolve pesquisa básica e
aplicada na biomédica, biologia molecular, imunologia e outras áreas.
Fundação Oswaldo Cruz FIOCRUZ (Rio de Janeiro)
http://www.fiocruz.br
É uma instituição centenária. Tem mais de 7.500 funcionários e profissionais
de saúde que trabalham em 15 institutos, incluindo Farmanguinhos,
Biomanguinhos, 7 unidades de I &D, 2 escolas de saúde e um hospital.
Fundação Ezequiel Dias - FUNED
(Belo Horizonte, MG)
http://www.funed.mg.gov.br
Está ligada ao Estado de Minas Gerais. Fundada em 1907 tem 1200
trabalhadores. FNUED produz soros anti-peçonhentos que representam cerca
de 35% da procura nacional. O laboratório produz mais de 30 medicamentos
diversos, vacinas e produtos profiláticos. Em 2009, celebrou um acordo de
transferência de tecnologia com a Novartis, com foco numa vacina contra a
meningite C. O processo de transferência deverá ser concluído em 2014.
Fundação de Amparo à Pesquisa
de S. Paulo - FAPESP (São Paulo)
http://www.fapesp.br
É uma das principais agências de promoção de I&D. Está ligada à Secretaria de
Desenvolvimento Económico, Ciência e Tecnologia do Governo do Estado de
São Paulo.
Fundação Biominas - BIOMINAS
http://www.biominas.org.br/
Instituição privada que promove o desenvolvimento de negócios de
biotecnologia.
BIOMINAS identifica novas oportunidades de negócios e oferece apoio e
serviços às startups e empresas estabelecidas.
Universidade de São Paulo - USP
É a organização de educação e investigação mais importante do Brasil. A
investigação nas áreas das ciências da vida é levada a cabo por diferentes
centros de investigação na universidade, de entre os quais se destacam o
Instituto de Ciências Biomédicas e o Instituto de Química.
Universidade de Minas Gerais UFMG:
UFMG é a segunda maior universidade federal do brasil. Tem desenvolvido as
suas capacidades de investigação e transferência de tecnologia, em diferentes
áreas da saúde em particular na biotecnologia.
O Parque Tecnológico BHTEC é resultado da cooperação entre a universidade,
o governo do Estado e as empresas privadas. Tem conseguido atrair o cluster
de tecnologia avançada, mais particularmente biotecnologia e TI.
UNICAMP: Universidade de
Campinas
É uma das universidades de topo, particularmente pelos resultados em
investigação. A agência de inovação da UNICAMP (INOVA) é uma das mais
importantes no campo da biotecnologia.
[último acesso: junho 2012]
80
http://prospectiva.com/index.php [último acesso: junho 2012]
7 1
CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL
i | Ensaios clínicos
De acordo com o “A.T. Kearney's Country Attractiveness Index for Clinical Trials” (Bailey et al. 2006),
o Brasil é um dos países mais atrativos para desenvolver ensaios clínicos, em particular pela elevada
disponibilidade de pacientes. Vários fatores potenciam o Brasil para o desenvolvimento de ensaios
clínicos (ABRACRO, online






81
):
População variada e multiétnica;
Centros de pesquisa (universidades, hospitais e instituições) com um corpo clínico altamente
especializado para a produção de investigação com equipamentos de última geração (Riché,
2006);
Incidência de várias doenças;
Condições climatéricas distintas;
400 comités de ética;
Cumprimento aos Princípios do ICH/GCP.
No entanto, o mercado de ensaios clínicos ainda está abaixo do seu potencial. As despesas em
investigação clínica são cerca de US$139 milhões. Segundo dados do ViS Research Institute, a
participação do Brasil em estudos clínicos no mundo representa 1,2% (Interfarma, online 82). A baixa
procura por ensaios (Reis et al., 2011) e o atual sistema regulatório complexo e demorado não foram
capazes de mobilizar uma indústria de serviços associada. A maioria das empresas é multinacional.
O mercado não é, porém, muito competitivo em termos de custos quando comparado com os outros
países emergentes (KPMG 2011) (Figura 3.7.21). Adicionalmente, o tempo de demora do processo de
aprovação ainda é muito longo (Interfarma, 2010; ABRACRO, online 83 ) e a regulação contínua
insuficiente (Interfarma, 2010).
81
http://abracro.org.br/pesquisa-clinica-no-brasil-e-no-mundo/pesquisa-clinica-no-brasil/potencial [último acesso: junho 2012]
http://www.interfarma.org.br/site2/index.php/informacoes-do-setor/indicadores [último acesso: junho 2012]
83
http://abracro.org.br/pesquisa-clinica-no-brasil-e-no-mundo/pesquisa-clinica-no-brasil/entraves-regulatorios [último acesso:
junho 2012]
82
7 2
INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL
NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA
Ásia Pacífico
Europa
Américas
Figura 3.7.21 | Ensaios clínicos: mercados emergentes – índice de custos (EUA=100)
Brasil
99,5
México
59,9
Rússia
62,8
China
52,7
Índia
46,1
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
100,0
120,0
Índice de custos
Fonte: KPMG 2012, p. 38.
O processo regulatório encontra-se descrito no site da ABRACRO no seguinte link:

http://abracro.org.br/regulamentacao/o-processo-regulatorio-brasileiro [último acesso: junho 2012]
Existe informação sobre os ensaios clínicos realizados ou a decorrer no Brasil. O governo brasileiro
mantém dois portais de registo de ensaios clínicos. O Quadro 3.7.30 apresenta alguns dos sites e
players da área.
Entende-se que a dimensão relativa aos ensaios clínicos apresenta potencialidade para parcerias com empresas do
setor em Portugal.
7 3
CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL
Quadro 3.7.30 | Investigações com ensaios envolvendo seres humanos
Plataforma Brasil
http://aplicacao.saude.gov.br/plataformabrasil/login.jsf
Repositório nacional de ensaios clínicos
http://www.ensaiosclinicos.gov.br/
Empresas
Intrials: http://www.intrials.com.br/
Chiltern http://www.chiltern.com/
Kendle http://www.kendle.com/
Associações
ABRACRO – Associação Brasileira de Organizações Representativas de
Pesquisa Clínica. http://abracro.org.br/
[último acesso: junho 2012]
3.7.7.4 | Regulação de produtos farmacêuticos
De acordo com a legislação brasileira, não há lugar ao reconhecimento de registos de medicamentos já
efetuados noutros países. Em consequência, os importadores/investidores têm de requerer a aprovação
e o registo antes de importarem/produzirem. A aprovação e registo de todos os medicamentos
importados decorre nos mesmos moldes do que os produzidos no país.
As taxas de serviço da ANVISA estão disponíveis no portal da instituição no seguinte endereço:

http://www.anvisa.gov.br/legis/resol/2006/rdc/222_06rdc.htm [último acesso: junho 2012]
i | Registo
Os critérios de registo dependem do tipo de produto (novos, similar, genérico e biológico). O Quadro
3.7.31 refere os tipos de medicamentos considerados e a respetiva legislação (mais detalhes podem ser
encontrados no portal da ANVISA).
Quadro 3.7.31 | Legislação
7 4
Registo
Resolução RDC
Medicamento específico
Nº 132/2003
Medicamento similar
Nº 17/2007
Medicamento genérico
N° 16/2007
Medicamento novo
Nº 136/2003
Medicamento homeopático
Nº 139/2003
Medicamento fitoterápico
Nº 48/2004
Medicamento biológico
Nº 315/2005
Nº 55/2010
INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL
NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA
Medicamentos novos
Cabe à ANVISA, em parceria com a Câmara Técnica de Medicamentos (CTM), a avaliação da eficácia e
segurança de novos produtos farmacêuticos. A CTM colabora com a ANVISA na padronização de critérios
de análise e emissão de pareceres sobre temas controversos. A ANVISA instituiu a não aprovação do
registo de novos medicamentos oncológicos cuja eficácia não tenha sido provada por ensaios clínicos
controlados, ainda que esses medicamentos tenham sido aprovados pelas entidades reguladoras de
outros países. Até que a segurança e eficácia sejam comprovadas, esses produtos farmacêuticos podem
ser usados em ensaios clínicos e programas de acesso expandido, sendo o custo suportado pelas
farmacêuticas (ANVISA, 2004).
O tempo médio de aprovação dos medicamentos novos é de 10-14 meses o que é elevado quando comparado com
países vizinhos. No entanto, a experiência sugere que o período de aprovação pode ser mais longo, demorando 1 a
2 anos (Wilson, 2011).
Durante os próximos anos, as abordagens restritivas dos formulários para o Programa de Medicamentos
de Alto Custo e Excecionais (PMACE) serão mantidas. Sempre que seja oferecido o reembolso para
novos medicamentos, os protocolos clínicos serão usados para ajudar a limitar os volumes de
prescrição.
A avaliação de um dossiê de registo costuma ser dividida em três partes: (i) análise farmacotécnica, (ii)
análise de eficácia, e (iii) análise de segurança.
A análise farmacotécnica inclui a verificação de todas as etapas da fabricação do medicamento desde
a
aquisição
dos
materiais,
produção,
controlo
de
qualidade,
libertação
da
mercadoria,
armazenamento, expedição de produtos terminados e controles relacionados. Esta análise é feita por
técnicos da própria ANVISA ou por consultores ad hoc e pode ser dividida em duas etapas. A primeira
consiste em conferir se toda a documentação exigida para o registo consta no processo. A segunda
etapa reporta a análise do dossiê de registo propriamente dita. O dossiê é composto por:
a) Parte documental - formulários de petição de registo, comprovante de recolhimento da taxa de
fiscalização, licença de funcionamento da empresa, Certificado de Responsabilidade Técnica,
notificação da produção de lotes-piloto (para produtos nacionais), Certificado de Boas Práticas
de Fabricação e Controlo (BPFC) emitido pela ANVISA;
b) Relatório técnico - escrito em português devendo conter todas as informações referentes aos
estudos clínicos e análise farmacotécnica. [Note-se que, a fim de autorizar o registo de
medicamentos, a ANVISA exige que os dados do relatório técnico sejam cientificamente
válidos. As informações são examinadas pelo Conselho Nacional de Saúde que dará o parecer
sobre o pedido de registo.]
O manual de procedimentos sobre o registo de medicamentos pode ser encontrado no site da ANVISA no seguinte
link:

http://www.anvisa.gov.br/medicamentos/registro/novo.htm [último acesso: junho 2012]
7 5
CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL
Em determinadas situações, poderão ocorrer alterações após registo. Exemplos dessas alterações são:
alteração ou inclusão de local de fabrico; alteração de excipientes; alteração no processo de
fabricação; alteração de equipamentos. As alterações devem ser reportadas à ANVISA podendo ser
necessário proceder a novos testes e/ou a outros procedimentos.
As recomendações após registo podem ser encontradas no portal da ANVISA no seguinte endereço:

http://www.anvisa.gov.br/medicamentos/recomenda/index.htm [último acesso: junho 2012]
Medicamentos biológicos
O Brasil é um dos poucos países que dispõe de uma normativa específica de registo de produtos
biológicos (Resolução RDC nº 55, de 16 de dezembro de 2010
84
). A ANVISA não utiliza o conceito de
similaridade para biológicos. Segundo a norma, o “produto biológico novo” é definido como o
“medicamento biológico que contém molécula para atividade biológica conhecida, ainda não registado
no Brasil”. Por sua vez, “produto biológico” aplica-se a “medicamento biológico não novo ou conhecido
que contém molécula com atividade biológica conhecida…”.
Todos os produtos biológicos submetidos ao registo devem mostrar evidência de segurança e eficácia.
Os documentos exigidos estão listados no Capítulo III, Secção I da ANVISA RDC n- 55/2010. O registo de
um produto biológico novo implica a apresentação do dossiê completo do medicamento e do
fabricante. Para os produtos biológicos não novos prevêem-se duas vias de registo: a via de
desenvolvimento individual e a via de desenvolvimento por comparabilidade.
A via de desenvolvimento individual corresponde à via regulatória que poderá ser utilizada por um
produto biológico para obtenção de registo junto à autoridade regulatória. Neste caso, torna-se
necessário a apresentação de dados totais sobre o desenvolvimento, produção e controlo de qualidade
e dados não-clínicos e clínicos para demonstração da qualidade, eficácia e segurança do produto, de
acordo com o estabelecido na Resolução (Resolução RDC nº 55/ 2010). A via de desenvolvimento por
comparabilidade poderá ser utilizada por um produto biológico para obtenção de registo junto à
autoridade regulatória. Neste caso, foi utilizado o exercício de comparabilidade em termos de
qualidade, eficácia e segurança, entre o produto desenvolvido para ser comparável e o produto
biológico comparador.
Os relatórios dos estudos clínicos deverão seguir o disposto na ANVISA (2011a). O documento detalhado
com informações sobre os elementos que devem constar do dossiê e outros procedimentos pode ser
encontrado no site da ANVISA (2011). O Quadro 3.7.32 resume os documentos necessários para ambas
as vias.
84
http://www.desenvolvimento.gov.br/portalmdic/arquivos/dwnl_1307385325.pdf [último acesso: junho 2012]
7 6
INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL
NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA
Quadro 3.7.32 | Documentos para as vias de desenvolvimento individual e de comparabilidade
Documentos
Estudos clínicos e não clínicos
Individual
(Cap. IV da ANVISA RDC 55/2010)
Dossiê do produto e do fabricante
Relatório do estudo de
imunogenicidade
Ensaios clínicos
Fase I e Fase II – As empresas podem
ser dispensadas
Fase III - Obrigatória
Comparabilidade
(Cap. IV da ANVISA RDC 55/2010)
Dossiê do produto e do fabricante
Relatório do estudo de
imunogenicidade
Dados que comprovem a qualidade e
comparabilidade do produto
relativamente ao comparador
I. Estudos de farmacodinâmica
II. Estudos de toxicidade
III. Estudos de farmacocinética;
Estudo(s) pivot(s) de segurança e
eficácia clínica.
Os requisitos para a realização de alterações e inclusões pós-registo, suspensão e reativação de fabricação e
cancelamento de registo de produtos biológicos estão descritos na Resolução RDC nº 49, de setembro de 2011.
A coletânea de legislação relativamente aos procedimentos exigidos pela ANVISA no registo, alterações de registo,
fármaco-vigilância e testes dos medicamentos biológicos está disponível no portal da ANVISA no seguinte link:

http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/935aed0048bd2755a7cdaf9a6e94f0d0/Registro_Produtos_
Biologicos_Hemoterapicos_10102011_WEB.pdf?MOD=AJPERES [último acesso: junho 2012]
Medicamentos genéricos
A legislação detalha os procedimentos anteriores ao registo e os documentos necessários para a
elaboração do dossiê de registo. O registo requer: Relatório de Equivalência Farmacêutica, Perfil de
Dissolução Comparativo e Testes de Bio-equivalência. O registo de medicamentos genéricos que
constem da Rename têm prioridades sobre as demais categorias de medicamentos (Lei nº 9.782, de 26
de janeiro de 1999). De notar que na indústria farmacêutica, devido ao clima tropical, os testes de
bio-equivalência e estabilidade têm requisitos mais restritos do que na Europa (Riché, 2006).
São aceites no máximo três fabricantes de genéricos por substância ativa. Relativamente ao rótulo, os
medicamentos genéricos devem ser identificados com uma faixa amarela contendo a letra G em azul
nas suas embalagens externas (Resolução RDC nº 47 de 28 de março de 200185).
O manual de procedimentos do registo de medicamentos genéricos pode ser encontrado no seguinte site:

http://www.anvisa.gov.br/medicamentos/registro/genericos.htm [último acesso: junho 2012]
Outros registos
Outros fármacos não considerados anteriormente poderão estar sujeitos a outros procedimentos de
registo.
85
http://www.anvisa.gov.br/legis/resol/47_01rdc.htm [último acesso: junho 2012]
7 7
CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL
Informações
Medicamentos
similares
http://www.anvisa.gov.br/medicamentos/registro/similar.htm
Substâncias
ativas
http://portal.anvisa.gov.br/wps/content/Anvisa+Portal/Anvisa/Inicio/Medicamentos/Assunto+d
e+Interesse/Registro+de+Insumos+Farmacêuticos+Ativos
Medicamentos
específicos
http://www.anvisa.gov.br/medicamentos/registro/especificos_manual.htm
[último acesso: junho 2012]
Provas laboratoriais
Os testes laboratoriais para bio equivalência e biodisponibilidade, têm de ser realizados em
laboratórios certificados pela ANVISA, pertencentes à Rede Brasileira de Laboratórios Analíticos em
Saúde (REBLAS). Estas restrições tendem a aumentar os custos de entrada do medicamento (dados
primários).
ii | Boas práticas de fabrico e controlo
O registo de um produto farmacêutico será concedido somente se a (última) inspeção efetuada aprovar
as condições de fabrico e o pedido de certificação da linha de produção inspecionada esteja
anteriormente protocolado na ANVISA (ANVISA, 2004). A certificação de fornecedores e a inspeção de
qualidade das matérias-primas aquando do seu fornecimento são práticas definidas pelas Boas Práticas
de Fabricação. Compete à ANVISA certificar as indústrias cumpridoras de Boas Práticas de Fabricação,
bem como, atualizar o seu regulamento.
A obrigatoriedade da certificação de boas práticas a fabricantes internacionais que exportem para o
Brasil impõe custos consideráveis.
Todas as informações sobre boas práticas em produtos de saúde podem ser encontradas no site da ANVISA em

http://portal.anvisa.gov.br/wps/content/Anvisa+Portal/Anvisa/Inicio/Produtos+para+Saude/Assunto+de+
Interesse/Boas+Praticas [último acesso: junho 2012]
iii | Informação
O Compêndio das Bulas de Medicamentos vem suprir a necessidade de informação para pacientes,
prescritores e dispensadores, promovendo um maior controlo sobre o conteúdo das bulas. Similares e
genéricos devem seguir o conteúdo das bulas dos medicamentos da marca de referência.
No que concerne à publicidade direta a pacientes e prescritores, esta é monitorizada recorrendo a um
convénio com universidades. A violação das leis e o veicular de informações falsas dão origem a multas
e processos judiciais (ANVISA, 2004).
7 8
INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL
NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA
iv | Venda de medicamentos controlados
A ANVISA, através da Gerência de Vigilância em Serviços de Saúde, promove cursos de Boas Práticas de
Prescrição em hospitais universitários. Além da prescrição racional, também é importante o
desencorajamento de utilização abusiva. O Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos
Controlados (um instrumento de monitorização informatizado) permite a recolha, tratamento e
supervisão de dados sobre a produção, comercialização e uso de substâncias e medicamentos sujeitos a
controlo especial
86
por parte das entidades competentes (ANVISA, 2004).
A lista de substâncias e medicamentos sujeitos a controle especial podem ser consultadas nos seguintes endereços:

http://www.anvisa.gov.br/medicamentos/controlados/legis.htm

http://www.cremerj.org.br/publicacoes/105.PDF
[último acesso: junho 2012]
v | Monitorização do mercado
A farmacovigilância conta com uma rede constituída por empresas, centros de toxicologia, secretarias
estaduais de saúde e hospitais-sentinela. Os hospitais-sentinela estão ligados em rede, sendo os dados
enviados à Organização Mundial de Saúde por meio eletrónico. O mercado de medicamentos genéricos
é monitorizado regularmente. A Farmacopeia brasileira segue padrões internacionais87 (ANVISA, 2004).
vi | Redução de associações irracionais
São exigidos estudos clínicos para a permanência no mercado de associações entre drogas sintéticas e
fitoterapêuticas, e/ou homeopáticas, e/ou vitaminas, bem como, associações com quatro ou mais
princípios ativos sintéticos. No caso de antigripais e hepatoprotetores, alguns princípios ativos foram
listados para serem excluídos das formulações (ANVISA, 2004).
86
A lista de substâncias e medicamentos sujeitos a controlo especial podem ser consultadas nos seguintes endereços:
http://www.anvisa.gov.br/medicamentos/controlados/legis.htm [último acesso: junho 2012]
http://www.cremerj.org.br/publicacoes/105.PDF [último acesso: junho 2012]
87
http://www.anvisa.gov.br/hotsite/cd_farmacopeia/pdf/volume1%2020110216.pdf [último acesso: junho 2012]
7 9
CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL
3.7.7.5 | Regulação direta de preços
i | Preço máximo produtos novos inovadores (Categoria I) – sistema de preços de referência
internacional
No processo de registo de preços de novos produtos e novas apresentações de medicamentos, as
empresas farmacêuticas devem iniciar o processo informando a Câmara de Regulação do Mercado de
Medicamentos (CMED) sobre a sua sugestão para o preço. O valor do preço deverá ser fixado pelo
método da referenciação internacional baseado no menor preço num dos seguintes países: Austrália,
Canadá, Espanha, Estados Unidos da América, Grécia, Itália, Nova Zelândia e Portugal.
No caso de uma molécula nova que não seja objeto de patente e não traga vantagens terapêuticas, o
seu preço é definido tendo como base o custo de tratamento com medicamentos para a mesma
indicação terapêutica. O preço não poderá ser superior ao suportado num país de referência.
ii | Preço máximo de medicamentos genéricos
O preço máximo de medicamentos genéricos é, pelo menos, inferior em 35% ao preço do medicamento
de marca.
iii | Preço máximo de venda ao Governo
O preço máximo de venda ao Governo corresponde ao teto de preço para compra dos medicamentos
inseridos na lista de produtos sujeitos ao Coeficiente de Adequação de Preço (CAP) 88 . A lista de
medicamentos sujeitos ao CAP é revista mensalmente e disponibilizada no portal da ANVISA.
iv | Preço máximo ao consumidor
Os medicamentos possuem taxas distintas do Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS)
que variam entre 17% e 19%, de acordo com a taxa praticada pelo Estado onde está a ser
comercializado. A margem de comercialização do canal de distribuição farmacêutico está fixada em
33%.
88
O CAP é calculado a partir da média da razão entre o índice do PIB per capita do Brasil e os índices do PIB per capita da
Austrália, Canadá, Espanha, Estados Unidos, França, Grécia, Itália, Nova Zelândia, Portugal, ponderada pelo PIB. Este índice foi
extraído do Relatório do Índice de Desenvolvimento Humano – IDH das Nações Unidas e é atualizado anualmente. Atualmente,
conforme a Resolução nº 3, de 2 de março de 2011, é de 24,38 %.
8 0
INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL
NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA
3.7.7.6 | Importações e exportações
i | Importações de produtos farmacêuticos
A Figura 3.7.22 apresenta o peso das importações de produtos farmacêuticos no total das importações
brasileiras. Os dados revelam uma tendência decrescente da importância das importações de produtos
farmacêuticos, a qual decorre do crescimento acelerado das importações totais. Apesar disso, as
importações de produtos farmacêuticos representam mais de 3% do valor das importações brasileiras.
Figura 3.7.22 | Peso das importações de produtos farmacêuticos no total das importações
3,96%
4,00%
3,79%
3,78%
3,39%
3,33%
3,27%
3,32%
3,32%
3,19%
2,86%
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
Fonte: ITC. Dados de junho de 2012.
O Quadro 3.7.33 apresenta os dados das importações de produtos farmacêuticos em 2011, assim como
a taxa de crescimento anual no período 2001-2011. Os dados confirmam o crescimento das
importações, sendo que estão concentradas nos produtos com as posições pautais 3004 e 3002. Os
produtos classificados como 3001 são os que crescem a um ritmo superior, sendo um crescimento
acima de 30%. Os produtos agrupados nos códigos 2939 e 3003 têm vindo a diminuir o seu peso, já
pequeno, nas importações.
8 1
CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL
Quadro 3.7.33 | Importações totais brasileiras de produtos farmacêuticos
Produtos
farmacêuticos
Valor (Euros)
Peso nos produtos
farmacêuticos
Peso nas
importações totais
2011
*Taxa de
crescimento anual
2001 – 2011
2936
126987,74
2,45%
0,078%
4,12%
2937
169099,68
3,26%
0,104%
5,99%
2938
12124,19
0,23%
0,007%
8,69%
2939
37305,92
0,71%
0,023%
-3,16%
2941
208117,22
4,01%
0,128%
3,32%
3001
62556,57
1,20%
0,039%
32,17%
3002
1860538,06
35,9%
1,145%
15,18%
3003
76978,24
1,48%
0,047%
-2,28%
3004
2506008,51
48,3%
1,543%
9,00%
3006
122206,13
2,35%
0,075%
6,56%
5181922,26
100%
3,19%
9,65%
Total
Nota: A descrição das posições pautais encontra-se no Anexo 2.*Taxa de crescimento anual composta. Fonte: ITC89. Dados de
junho de 2012.
De acordo com os dados da ABIQUIFI 90, no período entre 2003 e 2008, a importação de farmoquímicos
cresceu a um ritmo mais lento do que o crescimento médio da importação de medicamentos (17,8% vs.
22,8%). No referido período, o défice comercial de produtos farmoquímicos agravou-se 134%. No caso
de medicamentos o aumento foi de 157%. Esta tendência vem reforçar o papel dos produtos
farmacotécnicos intermédios, cujas importações cresceram a uma média de 34,3%, o que fez com que
o seu superavit comercial diminuísse 29%.
Na balança comercial destacam-se, ainda, as importações de produtos de base biotecnológica, que
cresceram a uma taxa média de 23% entre 1998 e 2010, alcançando os US$ 2,3 mil milhões. Entre os 10
principais produtos farmacêuticos importados, oito deles são produzidos por meio de técnicas da
biotecnologia (Reis et al., 2011).
Considerando a cadeia produtiva, as matérias-primas representam, cerca de 30% do total de
importações de produtos. Nas substâncias ativas, as importações foram em 2011 lideradas pela
“Acetato de Alfa Tocoferol”, “Dipirona” e “Insulina” (ABIQUIFI, online91).
Os oito principais exportadores de produtos farmacêuticos para o mercado brasileiro representam
cerca de 72% das importações destes produtos (Figura 3.7.23). Os EUA são o principal exportador para
o mercado.
89
Nota-se que os valores divergem dos apresentados pela ABIQUIFI. De acordo com a ABIQUIFI, nos últimos 10 anos importações
cresceram 400% – passando de US$ 2,388 mil milhões em 2001 para US$ 8,413 mil milhões em 2011. As diferenças podem resultar
da diferença na agregação dos produtos
90
http://www.abiquifi.org.br/mercado_estatisticas.html [último acesso: junho 2012]
91
http://www.abiquifi.org.br/mercado/Estat%C3%ADsticas%202011.pdf [último acesso: junho 2012]
8 2
INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL
NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA
Figura 3.7.23 | Quota de mercado dos maiores exportadores para o mercado brasileiro de produtos
farmacêuticos (2011).
E.U.A.
19,3%
Alemanha
27,6%
Suíça
Itália
França
17,7%
4,0%
Bélgica
Reino Unido
China
4,0%
Resto do Mundo
5,1%
10,2%
5,8%
6,2%
Fonte: ITC. Dados de junho de 2012.
Exportações de portuguesas de produtos farmacêuticos para o Brasil
As exportações portuguesas de medicamentos e fármacos são marginais e sem expressão quer no
mercado brasileiro, quer nas exportações portuguesas. As exportações de fármacos/medicamentos
para o Brasil não representam mais do que 0,01% do total das exportações portuguesas para o mercado,
e não têm peso nas exportações do setor português (desceu de 0,16% em 2001 para perto de 0% em
2011). Com um crescimento pequeno, face ao crescimento das importações brasileiras, Portugal tem
vindo a perder quota no mercado. A Figura 3.7.24 ilustra a evolução das exportações em valor,
espelhando o decréscimo das exportações a partir de 2003 e a tímida recuperação a partir de 2010.
Considerando o impacto no mercado brasileiro, as exportações de produtos farmacêuticos não
ultrapassam os 0,02% do total de importações brasileiras de produtos farmacêuticos. As (poucas)
exportações portuguesas estão concentradas nos produtos com posição pautal 3004 92 , onde mesmo
assim a quota de mercado não supera os 0,05% (Quadro 3.7.34).
92
A descrição das posições pautais encontra-se no Anexo 2.
8 3
CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL
Figura 3.7.24 | Quota de Portugal no total das importações brasileiras de produtos farmacêuticos brasileiro
0,108%
0,099%
0,090%
0,043%
0,034%
0,034%
0,019%
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
0,024%
0,015%
2008
0,016%
0,010%
2009
2010
2011
Fonte: ITC. Dados de junho de 2012.
Quadro 3.7.34 | Exportações portuguesas de produtos farmacêuticos para o Brasil (2011)
Produtos
farmacêuticos
Valor
(mil Euros)
Quota no segmento
Taxa de crescimento
anual 2001 – 2011*
2936
0
0%
-100%
2937
0
0%
-
2938
0
0%
-
2939
0
0%
-100%
2941
84
0,04%
10,80%
3001
0
0%
-
3002
0
0%
-100%
3003
0
0%
-100%
3004
1166,69
0,05%
-3,53%
3006
0
0
-
1250,69
0,02%
-4,80%
Total
Nota: A descrição das posições pautais encontra-se no Anexo 2. *Taxa de crescimento anual composta. Fonte: ITC. Dados de
junho de 2012.
ii | Exportações brasileiras de produtos farmacêuticos
O crescimento recente das exportações da cadeia produtiva farmacêutica é notório. De acordo com a
ABIQUIFI (online), em 2010, o Brasil exportou aproximadamente US$1,7 bilhão em medicamentos e
matérias-primas/princípios ativos farmacêuticos. Um crescimento de 22,5%, se comparado com as
vendas para o mercado externo em 2009, e de mais de 100%, se comparado com os valores de 2007. Os
países da América Latina são os principais destinos dos medicamentos produzidos no Brasil, revelando
que as empresas apostam no Brasil como plataforma de acesso ao mercado da América Latina para
usufruírem dos ganhos associados ao Mercosul (OSEC, 2010).
8 4
INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL
NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA
3.7.7.1 | Identificação de oportunidades e desafios: farmacêutica
A Figura 3.7.25 resume várias oportunidades e desafios identificados relativos ao setor farmacêutico brasileiro.
Figura 3.7.25 | Oportunidades e desafios setor farmacêutico brasileiro
8 5
CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL
3.7.8 | Dispositivos médicos
Brasil é o mercado de equipamentos médicos mais importante da América do Sul e o 8º maior mercado
do mundo. É igualmente o segundo país emergente mais importante em termos de mercado (logo a
seguir à China). Os dados sobre o valor do mercado divergem segundo a fonte, mas há consenso que
93
ascendeu em 2011 a mais de R$9,8 mil milhões . A maior parte da procura interna é satisfeita por via
da importação. As despesas estão concentradas nas cidades, em particular, nas regiões Sudeste e Sul
do Brasil. O dinamismo social recente no país deverá levar a um aumento substancial do mercado de
cuidados de saúde privados, o que se deverá traduzir no aumento das importações de dispositivos
médicos.
3.7.8.1 | Estrutura e desempenho da indústria
O mercado de dispositivos médicos do Brasil é fornecido pela (elevada) importação e por um conjunto
de empresas bem estabelecidas no mercado, incluindo empresas multinacionais. Mais de metade do IDE
no setor é oriundo dos EUA e da Alemanha. A Associação Brasileira da Indústria de Artigos e
Equipamentos Médicos, Odontológicos, Hospitalares e de Laboratórios (ABIMO) identifica 448 empresas
nas diferentes áreas dos dispositivos médicos (dados 2009). O número de empresas cresceu 49% entre
1999 e 2010. O setor emprega cerca de 100,000 trabalhadores (ABIMO, online) 94.
A atividade concentra-se no Estado de S. Paulo onde se situam cerca de 77% das empresas. A região do
sudeste tem 84% das empresas do setor (ABIMO, online)
95
. A maioria das empresas é de capital
nacional e de média dimensão, com receitas médias inferiores a $US 50 milhões (Pieroni et al., 2010).
Os dados da ABIMO indicam que 54% das empresas são médias, 17% médias grandes, 14% pequenas, 12%
grandes e 3% micro. Em geral, as empresas multinacionais são de grande dimensão investindo em
escala no mercado para aproveitar o seu potencial e como base de acesso aos restantes países do
Mercosul.
A maioria das empresas tem mais de 25 anos de atividade no mercado. No entanto, cerca de 16% das
empresas tem menos de 10 anos, sugerindo alguma renovação no setor. O número de empresas tem
crescido sobretudo na área da saúde dental, médico-hospitalar e consumíveis (US Department of
commerce, 2004). Em relação aos diferentes segmentos, apenas o segmento de radiologia registou uma
redução de empresas nos últimos anos (Pieroni et al., 2010).
93
http://www.businesswire.com/news/home/20110620005986/en/Research-Markets-Outlook-Médical-Devices-Brazil-Russia
[último acesso: junho 2012]
94
http://www.abimo.org.br/modules/content/content.php?page=dados-economicos [último acesso: junho 2012]
95
ibidem
8 6
INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL
NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA
Uma lista das empresas de dispositivos médicos, com possibilidade de selecionar por segmentos de mercado pode
ser encontrada no portal da Brazilian Health Devices no seguinte link:

http://brazilianhealthdevices.com/en/companies [último acesso: junho 2012]
A participação do setor no total da indústria transformadora brasileira é de 0,47%. Um valor
significativo se se considerar que atuam num universo de 300 mil empresas do setor industrial 96. A
Figura 3.7.26 mostra a evolução das receitas entre 2008 e 2011.
Figura 3.7.26 | Receitas da indústria de dispositivos médicos entre 2008 e 2011
R$ 0
R$ 2 000 000
R$ 4 000 000
2008
2009
2010
2011
R$ 6 000 000
R$ 8 000 000
R$ 10 000 000
R$ 7 277 864
R$ 7 704 031
R$ 8 429 987
R$ 9 873 667
Fonte: ABIMO, online97.
No âmbito da ANVISA, 71% das empresas detêm o certificado de Boas Práticas de Fabricação e 61% têm
produtos registados (Maldonado, 2009). Cerca de 80% das empresas tem um sistema de qualidade
implementado (ABIMO, Online)98.
A parcela dinâmica da indústria e de maior conteúdo tecnológico situa-se nos segmentos de
equipamentos médico-hospitalares. De acordo com a ABIMO 99 , os produtos e materiais médicohospitalares, a produção industrial de materiais e equipamentos médicos e de diagnósticos cresce
atualmente a uma taxa anual de 18%. Registou-se, no período de 2003 a 2008, o crescimento dos
produtos para odontologia (taxa 13%/ano), implantes (8,6%/ano) e matérias de consumo (8,6%/ano)
96
http://www.elhospital.com/eh/secciones/EH/ES/MAIN/IN/ESTUDIOS_CASO/doc_83893_HTML.html?idDocumento=83893
[último acesso: junho 2012]
97
http://www.abimo.org.br/modules/content/content.php?page=dados-economicos [último acesso: junho 2012]
98
ibidem
99
ibidem
8 7
CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL
(Pieroni et al., 2010). O setor de equipamento médico cresce a uma taxa de 7% anual desde 2003. O
mercado de equipamentos médicos elétricos ascende a US$200 milhões, o que representa cerca de 50%
das vendas na América Latina. Os diagnósticos in vitro cresceram aproximadamente 55% depois de uma
acentuada queda em 2008 (US Department of Commerce, 2011).
O setor é tecnologicamente muito diversificado. Considerando a indústria de equipamentos e materiais
médico-hospitalares e odontológicos, o investimento em I&D foi, respetivamente, de 5,04%, 3,07% e
5,29%, das vendas nos anos 2003, 2005, 2007 (IBGE 2003, 2005, 2007). Valores muito acima da média
nacional. No entanto, apesar dos níveis de investimento superiores, as empresas nacionais possuíam
apenas 535 patentes em 2008 (Pieroni et al. 2010).
As empresas nacionais concentram-se no fornecimento do mercado interno de produtos de baixo custo.
Produzem, em geral, dispositivos e materiais pouco tecnológicos, embora se venha a registar uma
crescente sofisticação dos produtos. Cerca de 80% das empresas do setor fornecem principalmente o
mercado interno de saúde. O setor público absorve 18% da produção. Cerca de 76% do volume
produzido pela indústria é feito em empresas próprias e apenas 7,2% são importados desde as sedes
(MOTI, 2010; Castro 2011100).
Há empresas exportadoras. Destacam-se as seguintes:

Anestesia - Takaoka, Intermed e JG Moriya. Takaoka é líder de mercado em volume e qualidade,
exportando para outros países da América Latina, África e Oriente Médio;

Incubadoras – Fanem, empresa brasileira especializada em equipamentos de aquecimento industrial,
também fabrica incubadoras de primeira linha exportadas em todo o mundo. A Gigante - recém-nascida é outra empresa brasileira recentemente criada para competir com a Fanem nesta linha;

Instrumentos Cirúrgicos - Edlo, Erwin Guth, Schobell Industrial, Lido e Richter são considerados
fabricantes brasileiras de primeira linha de instrumentação cirúrgica;

Implantes e Próteses - As empresas brasileiras Baumer, Biomecânica e Ortosintese produzem juntas
artificiais e outros implantes que são exportados para a América Latina.
i | Competitividade
De acordo com a metodologia da PwC (2011), o Brasil é, juntamente com a Índia, o país menos
competitivo no setor de tecnologia médica de entre 9 países (desenvolvidos e emergentes) (score: 2,7
em 9). O índice de competitividade foi construído com base em seis indicadores, apresentados na
Figura 3.7.27. As dificuldades principais prendem-se com os incentivos financeiros, em particular os
incentivos do sistema de saúde. No sistema regulatório o fator menos competitivo é o ambiente legal
(1,8). A comercialização de dispositivos é igualmente um fator pouco competitivo (1,9) (investimento).
O estudo sublinha, no entanto, a melhoria recente da competitividade, assente no aumento dos
recursos para a inovação e na melhoria do quadro regulatório.
100
http://www.elhospital.com/eh/secciones/EH/ES/MAIN/IN/ESTUDIOS_CASO/doc_83893_HTML.html?idDocumento=83893
[último acesso: junho 2012]
8 8
INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL
NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA
Figura 3.7.27 | Competitividade da indústria de dispositivos médicos
4
3
2
1
0
Score total
Incentivos financeiros
Regulação
Procura e insensibilidade ao preço Suporte ao investimento
101
Fonte: PwC (2011) . Nota: 0=mínimo; 9=máximo.
Em termos de competitividade dos custos, o Brasil apresenta os maiores custos no grupo dos países
emergentes (Figura 3.7.28), apresentando-se como o país menos competitivo. Mesmo assim, é mais
competitivo do que os EUA.
Ásia Pacífico Europa
Américas
Figura 3.7.28 | Dispositivos médicos: mercados emergentes – índice de custos (EUA=100)
Brasil
90,6
México
76,7
Rússia
78,4
China
67,8
Índia
71,6
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
100,0
120,0
Índice de custos
Fonte: KPMG 2012, p. 24.
3.7.8.2 | Acesso
A lei brasileira não prevê nenhum modelo de comparticipação. No âmbito das ajudas sociais, o governo
brasileiro fornece dispositivos médicos a pessoas com dificuldades financeiras.
101
Informação mais detalhada também disponível online http://www.pwc.com/us/en/health-industries/health-researchinstitute/innovation-scorecard/index.jhtml [último acesso: junho 2012]
8 9
CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL
3.7.8.3 | Programas públicos
O governo brasileiro considera a indústria de dispositivos médicos como uma indústria estratégica,
tendo desenvolvido um conjunto de programas de apoio ao setor. Como parte da política de promoção
o país investiu cerca de US$3,6 mil milhões em infraestruturas, investigação e tecnologia. Existe uma
vasta promoção dos produtos brasileiros no estrangeiro associada a um forte empenho empresarial e do
governo na promoção das exportações do setor. Para promover o setor foi criado em 2002, o Brazilian
Health Devices como marca de apresentação da indústria brasileira ao exterior. Este projeto reúne
cerca de 150 empresas.
Informação sobre o Brazilian Health Devices pode ser consultada no seguinte site:

http://brazilianhealthdevices.com.br/ [último acesso: junho 2012]
No âmbito do CIS, a Portaria nº 1.284 de 2010, apresenta uma lista de produtos, incluindo dispositivos,
considerados prioritários. Os critérios de inclusão na lista foram basicamente os elevados custos para o
SUS, a dependência de importações e o desafio tecnológico. Além do apoio à investigação os produtos
incluídos na lista têm processos de compra pública simplificados. Nas decisões de compra, o Ministério
da Saúde tem alterado a preferência exclusiva pelo preço como fator de decisão, para evitar comprar
produtos de baixa qualidade produzidos em países de baixos custos. O conteúdo local tem-se tornado
mais importante na decisão pública 102.
3.7.8.4 | Regulação
i | Leis e normas
Os regulamentos aplicáveis aos dispositivos médicos estão disponíveis no portal da ANVISA 103 e no portal
do governo brasileiro104. Os pareceres dos reguladores podem ser obtidos por telefone ou por e-mail.
A compilação de todos os documentos pode ser encontrada no portal da ANVISA no seguinte link:

http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/387659804900b739a5e1bd466b74119d/1+Comp%C3%AAndio+da+Legisla%C3%A7%C3%A3o+Sanit%C3%A1ria+de+Dispositivos+M%C3%A9dicos.pdf?MOD=
AJPERES [último acesso: junho 2012]
Os fabricantes estão obrigados a seguir leis e regulamentos sobre dispositivos médicos após a sua
publicação no Diário Oficial. A regulamentação/legislação pode estabelecer um período em que os
fabricantes se devem adaptar às novas condições de produção.
102
Compras governamentais: http://www.comprasnet.gov.br/ [último acesso: junho 2012]
http://www.anvisa.org.br [último acesso: junho 2012]
104
http://www.planalto.gov.br [último acesso: junho 2012]
103
9 0
INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL
NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA
ii | Aprovação de um dispositivo médico
Apenas empresas com escritório no Brasil podem pedir registos de dispositivos médicos. As empresas
sem escritório no Brasil têm de designar um representante, que deve ser responsável pelo registo o que
significa que a informação (de natureza confidencial) tem de ser facultada ao representante.
Ter uma empresa responsável pelo registo é um fator crítico, caso a empresa opte por não ter vendas diretas. O
registo não pode ser transferido. Na prática, significa que se se cancelar a relação com a empresa responsável pelo
registo, o registo é cancelado. Um novo distribuidor, implica um novo registo.
Fonte: dados primários
Não é possível determinar o custo exato de obtenção da certificação e o tempo de conclusão do
processo, uma vez que varia de produto para produto, e de acordo com o nível de complexidade dos
ensaios requeridos por uma norma ou regulamento. Estima-se, no entanto, que o processo de registo
demora três meses a dois anos (US Department of Commerce, 2011). Se o processo demorar mais de
três meses, as empresas podem pedir autorização para distribuição assumindo todos os riscos de
responsabilidade civil. A taxa de registo varia atualmente entre R$360 e R$ 28.000105.
As empresas devem ter presente que o registo de um produto de uso médico no Brasil pode ser um exercício
trabalhoso (US Department of Commerce, 2004; MOTI 2010). De acordo com Sicoli & Mrad (2010) cerca de 85% dos
pedidos de registo equipamentos médicos são indeferidos à primeira tentativa.
O registo tem validade por 5 (cinco) anos e pode ser revalidado por períodos iguais mantendo o número
do registo inicial. Não são aceites modificações no processo ou produto dentro de uma petição de
revalidação. Qualquer modificação de fórmula, alteração de elementos de composição ou de seus
quantitativos, adição, subtração ou inovação introduzida na elaboração do produto, dependerá de
autorização prévia e expressa do Ministério da Saúde e será desde logo averbada no registo.
Todos os dispositivos médicos importados são verificados pelas alfândegas brasileiras no banco de
dados da ANVISA. Só podem entrar no Brasil devidamente registados. A Figura 3.7.29 descreve o
Fluxograma do processo.
105
http://www.emergogroup.com/pt/services/brazil/registro-anvisa [último acesso: junho 2012]
9 1
CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL
Figura 3.7.29 | Fluxograma do registo de dispositivos médicos
Fonte: ABDI 2010a.
9 2
INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL
NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA
Passo 1: Regularização da empresa
Para a solicitação de registo ou cadastramento dos produtos junto da ANVISA, é necessário a
regularização prévia da empresa junto da Vigilância Sanitária. Tal compreende a obtenção da
Autorização de Funcionamento da Empresa (AFE) e da Licença de Funcionamento (LF), também
conhecida por Alvará de Funcionamento. Sem essas autorizações, a regularização do material de uso
em saúde não será possível.
A AFE é emitida pela ANVISA mediante solicitação formal da empresa legalmente constituída no
território brasileiro (Instrução Normativa ANVISA nº 01, de 30 de setembro de 1994). A LF é emitida
pela Vigilância Sanitária local, municipal ou estadual, na qual a empresa se encontre sediada.
Os contactos podem ser encontrados no site da ANVISA em:

http://www.anvisa.gov.br/institucional/enderecos/index.htm [último acesso: junho 2012]
Para o registo é também obrigatório que o fabricante tenha obtido o Certificado de Boas Práticas de
Fabricação e Controle (CBPFC). A comprovação do atendimento das boas práticas de fabricação e
controle é verificada por meio de inspeção sanitária in loco.
As práticas de fabricação de medicamentos e fármacos são regidas por regulamento da ANVISA nº
50/200; 310/03 e 210/03 106 e outra regulamentação complementar. O fabricante é responsável por
toda a sua produção e deve assegurar a adequação dos produtos ao seu fim, em conformidade com os
requisitos estabelecidos pelo registo (apresentando qualidade adequada e eficácia).
Os regulamentos apresentam determinações específicas para a qualidade das práticas de fabricação.
Além disso, as instalações, equipamentos, procedimentos operacionais e de pessoal treinado devem ser
previamente aprovados pela ANVISA. Desde 2010 que a ANVISA não aceita certificados emitidos por
outros agentes regulatórios internacionais para os produtos com risco classe III e IV107 (ITA 2011).
De acordo com o regulamento da ANVISA, cada fabricante deve ter um departamento independente
para controlo de qualidade. O departamento deve proceder regularmente à autoinspeção, com a
finalidade de verificar o cumprimento das boas práticas de fabricação estabelecidas pela ANVISA. A
submissão para obtenção do certificado deve conter a seguinte documentação:





Pedido eletrónico;
Descrição do dispositivo e identificação da classe de risco;
Chart-flow com a descrição completa das relações com outros produtores;
Recibo de pagamento da inspeção;
Inspeção de acordo com a Resolução RDC nº 59 de 27 de junho de 2000108.
Após a emissão, o certificado é válido por dois anos.
106
Disponível em http://www.anvisa.gov.br/legis/resol/2003/rdc/210_03rdc.pdf [último acesso: junho 2012]
Para informação relativa à classificação dos dispositivos, ver passo seguinte (passo 2)
108
http://www.rdc59.com.br/texto_resolucao.asp [último acesso: junho 2012]
107
9 3
CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL
A UE 109 e os EUA 110 manifestam preocupações sobre o manual de Certificação de Boas Práticas de
Fabrico, argumentando que atrasa a entrada de dispositivos médicos importados para o mercado.
Ambos mostram reservas sobre a capacidade da ANVISA em controlar a fabricação internacional.
Os relatórios de autoinspeção devem estar disponíveis, a qualquer momento para entrega ou envio para o
departamento de vigilância da ANVISA, sempre que solicitado. Não há procedimento específico nem frequência
estipulada para a inspeção realizada pela ANVISA.
Passo 2: Identificação sanitária do equipamento
A Resolução RDC nº185 de 22 de outubro de2001 111 descreve o protocolo de registo de dispositivos
médicos e lista os documentos necessários. O Anexo II do RDC nº185/2001 descreve a estrutura de
classificação aplicável aos dispositivos médicos, agrupando os dispositivos por quatro classes de risco:
Classe I, II, III e IV. As informações acerca dos dispositivos podem ser semelhantes às da aplicação para
a Europa ou EUA, mas necessitam estar escritas em português. A determinação correta da classificação
é importante para assegurar a fluidez e rapidez do processo de registo.
Alguns equipamentos médicos, que se enquadram nos critérios indicados na Instrução Normativa
ANVISA IN nº 08, de 29 de maio de 2007 e IN-3 de junho 2011, necessitam apresentar o Certificado de
Conformidade de INMETRO ou um Relatório Consolidado de testes, aquando da solicitação do registo
na ANVISA. Os testes devem ser feitos no Brasil, exceto se não houver laboratórios. O certificado é
atribuído por 5 anos, mas sujeito a vigilância anual. As etapas da certificação INMETRO 112 são as
seguintes: análise da documentação; inspeção; certificação.
Alguns equipamentos médicos estão também sujeitos à apresentação de um Relatório de Informação
Económica. Informações sobre a elaboração deste Relatório estão indicadas na Resolução RDC nº 185,
de 13 de outubro de 2006113, e a lista dos produtos sujeitos a esta exigência encontra-se na Resolução
ANVISA RE nº 3385, de 13 de outubro de 2006114.
Passo 3: Identificação da petição
Há dois tipos de regularizações de materiais de uso em saúde junto à ANVISA: o cadastramento e o
registo. O cadastramento é um processo mais simples aplicável à maioria dos dispositivos de baixo
risco - Classes I e II. Para os restantes casos, deve-se proceder ao registo. Alguns dispositivos e
materiais de saúde têm legislação específica complementar. Os Quadros 3.7.35 e 3.7.36 sintetizam os
documentos e procedimentos para o cadastramento e registo simplificado de equipamentos médicos
das classes I e II (ANVISA 2010).
109
http://ec.europa.eu/enterprise/tbt/tbt_repository/BRA454_EN_1.pdf [último acesso: junho 2012]
http://www.ustr.gov/sites/default/files/TBT%20Report%20Mar%2025%20Master%20Draft%20Final%20pdf%20%20Adobe%20Acrobat%20Pro.pdf [último acesso: junho 2012]
111
http://www.brasilsus.com.br/legislacoes/rdc/14420-185.html [último acesso: junho 2012]
112
http://www.inmetro.gov.br/credenciamento/sobre_org_cert.asp [último acesso: junho 2012]
113
http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/8653d4004999902d90bfb66dcbd9c63c/RESOLU%C3%87%C3%83O+ANVISA+RDC+N
%C2%BA+185-06+REGULA%C3%87%C3%83O+ECON%C3%94MICA.pdf?MOD=AJPERES [último acesso: junho 2012]
114
http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/3e0c99004944422d8812dc1cfdd4e1ac/RE_n_3385_de_13_de_outubro_de_2006.
pdf?MOD=AJPERES [último acesso: junho 2012]
110
9 4
INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL
NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA
Quadro 3.7.35 | Cadastramento de equipamentos médicos – Resolução RDC nº 24/09 (dispensa de registo)
Classe I e II (exceto os da lista de exceção na IN nº 02/11)
A RDC nº 24/09 e a IN nº 02 (lista de equipamentos médicos e materiais de uso em saúde que não se enquadram na
situação de cadastro) permitem avaliar o enquadramento do produto para a saúde para fins de cadastro (dispensa
de registo). Dependendo se for equipamento médico ou material para uso em saúde, o interessado deve
apresentar os documentos indicados abaixo:
Documentos
Dispositivo Legal
Forma apresentação
Papel
1. Folha de rosto conforme Art. 4º da
RDC, nº 124/04.
RDC nº 124/04, Art 4º
(sem numeração)
X
2. Formulário de petição para
cadastramento
RDC nº 24/09,
Art. 4º, Inciso I
X
3. Comprovante de pagamento da taxa
de vigilância sanitária (original)
RDC nº 24/09,
4. Quadro comparativo dos produtos
para cadastro em família
RDC n.º 97/00
Art. 2º
X
5. Informações de segurança e eficácia
para produtos com indicação/finalidade
de uso inovadora ou tecnologia nova ou
de inovação
IN 02/11, Art. 3º
X
Art. 4º, Inciso II
Eletrónico
x
X
x
Tipo de Fornecedor
Papel
Eletrónico
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
6. Comprovação com relação a questões
metrológicas para aparelhos não
elétricos com função de medição
Fonte: Adaptado de ANVISA Online115
115
http://s.anvisa.gov.br/wps/s/r/bJF [último acesso: junho 2012]
9 5
CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL
Quadro 3.7.36 | Registo simplificado de equipamentos médicos – modelo simplificado: Classe I e II presentes
na IN nº 13/09 e 02/11 (exceto os destinados a utilização por leigos em ambientes domésticos)
Documentos
Dispositivo Legal
Forma apresentação
Papel
Eletrónico
Tipo de Fornecedor
Papel
Eletrónico
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
1. Folha de rosto conforme Art. 4º da
RDC, nº 124/04.
RDC, nº 124/04, Art 4º
(sem numeração)
X
2. Ficha técnica
IN nº 13/09, art. 5º,
inciso I
X
3. Comprovante de pagamento da taxa
de vigilância sanitária (original)
IN nº 13/09, art. 5º,
inciso II
X
4. Modelo do rótulo e instruções de uso
IN nº 13/09, art. 5º,
inciso VII
5. Dossiê técnico
IN nº 13/09, art. 5º,
inciso IX e art. 10.
X
6. Registo ou certificado de livre
comércio do produto no exterior (cópia
autenticada) (Só classe II)
IN nº 13/09, art. 5º,
inciso IV
X
X
7. Autorização do fabricante no exterior
para comercialização no Brasil (cópia
autenticada) (3) (Só classe II)
IN nº 13/09, art. 5º,
inciso V
X
X
8. Regulamento técnico específico: (i)
Certificado ou (ii) Aprov. de Modelo
INMETRO ou (iii) Rel. Consolidado +
Decl. de Inexistência de Capacidade
Laboratorial ou (iv) Decl. de Não
Aplicabilidade da IN 08/09 no caso de
eletromédicos
IN nº 13/09, art. 5º,
inciso III, RDC 27/11,
IN 03/11 e Portarias do
Inmetro.
X
X
X
9. Declaração do Anexo II
IN nº 13/09, Anexo II e
III
X
X
X
IN nº 13/09, art. 5º,
inciso VIII
X
X
X
10. Cópia do Certificado de
Práticas de Fabricação e Controle
Boas
x
x
11. Quadro comparativo dos produtos
para registo em família
Fonte: Adaptado de ANVISA (online)116; Nota: Para mais detalhe consultar ANVISA 2010.
Resolução aplicável
Cadastramento
Registo
116
Resolução RDC n° 24, de 21 de maio de 2009
Resolução RDC n° 185, de 22 de outubro de 2001
http://s.anvisa.gov.br/wps/s/r/bzfhttp://s.anvisa.gov.br/wps/s/r/bzf [último acesso: junho 2012]
9 6
INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL
NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA
Para registo dos produtos das classes III e IV e alguns das classes I e II devem ser apresentados à ANVISA
os documentos legais de acordo com a legislação estipulada no Quadro 3.7.37.
Quadro 3.7.37 | Registo de equipamentos médicos – Modelo completo: Classes IV, III + Classe I e II (destinados
a utilização por leigos em ambientes domésticos e presentes na IN nº 02/11)
Documentos
Dispositivo Legal
Forma apresentação
Papel
1. Folha de rosto conforme Art. 4º da
RDC, nº 124/04117
RDC, nº 124/04, Art 4º
(sem numeração)
X
2. Formulário do fabricante ou
importador de produtos médicos FFIPM
RDC nº 185/01
Anexo III.A
X
3. Comprovante de pagamento da taxa
de vigilância sanitária (original)
RDC nº 185/01
Anexo - Parte 3
Item 5 (a)
X
4. Modelo do rótulo
RDC nº 185/01
Anexo III.B
RDC n.º 185/01
Anexo III.B
RDC n.º 185/01
Anexo III.C
RDC n.º 185/01
Anexo - Parte 3
Item 5 (d)
RDC n.º 185/01
Anexo - Parte 3
Item 5 (c)
5. Modelo das instruções de uso
6. Relatório técnico
7. Registo ou certificado de livre
comércio (CLC) do produto no exterior
8. Autorização do fabricante no exterior
para comercialização no Brasil
Eletrónico
X
Tipo de fornecedor
Papel
Eletrónico
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
9. Regulamento técnico específico: (i)
Certificado ou (ii) Aprov. de Modelo
INMETRO ou (iii) Rel. Consolidado +
Decl. de Inexistência de Capacidade
Laboratorial ou (iv) Decl. de Não
Aplicabilidade da IN 03/11 no caso de
eletromédicos
RDC n.º 185/01
Anexo - Parte 3
Item 5 (e), RDC 27/11,
IN 03/11 e Portarias do
Inmetro.
X
x
X
10. Cópia do Certificado de Boas
Práticas de Fabricação e Controle
RDC nº 59/00 e Lei nº
6.360/76
X
x
X
11. Tabela comparativa dos produtos
para registro em família
RDC n.º 97/00
Art. 2º
X
x
X
X
118
Adaptado de ANVISA Online .
118
http://s.anvisa.gov.br/wps/s/r/cpm [último acesso: junho 2012]
9 7
CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL
O Quadro 3.7.38 refere uma listagem de regulamentação adicional e específica de alguns materiais de
saúde.
Quadro 3.7.38 | Regulamentação específica de materiais de saúde
Materiais
Legislação
Bolsas plásticas de sangue (sujeito a registo)
Portaria nº 950/MS/SVS, de 26 de novembro de 1998.
Resolução nº 09/MS/ANVS, de 21 de outubro de 1999.
Dispositivo Intrauterino (DIU) (sujeito a registo)
Resolução RDC nº 69, de 21 de dezembro de 2009.
Preservativos masculinos de Latex (sujeito a registo)
Resolução RDC nº 62, de 3 de setembro de 2008.
Produtos com matéria-prima oriunda de tecidos/Fluidos
de animais ruminantes (sujeito a registo)
Resolução RDC nº 305, de 14 de novembro de 2002.
Resolução RDC nº 68, de 28 de março de 2003.
Materiais para pigmentação artificial permanente da pele
(sujeito a registo)
Resolução RDC n° 55, de 6 de agosto de 2008.
Equipos de uso único de transfusão, Equipos infusão
gravitacional; Equipos de infusão para uso com bomba de
infusão ( sujeito cadastramento)
Resolução RDC n° 04, de 04 de fevereiro de 2011.
Agulhas hipodérmicas e agulhas gengivais (sujeito
cadastramento)
Resolução RDC n° 05, de 04 de fevereiro de 2011.
Seringas hipodérmicas estéreis de uso único
Resolução RDC n° 03, de 04 de fevereiro de 2011.
Luvas cirúrgicas e luvas de procedimentos não cirúrgicos
(sujeito cadastramento)
Resolução RDC n° 05, de 15 de fevereiro de 2008.
Fios têxteis com propriedades térmicas (sujeito
cadastramento)
Resolução RDC nº 06, de 23 de fevereiro de 2010.
Material para deteção de endotoxina (sujeito
cadastramento)
Resolução RDC nº 301, de 13 de outubro de 2005.
Fonte: ABDI 2012.
Elementos adicionais requeridos para o registo no espaço Mercosul:

Carta de autorização

Embalagens

Certificado de controlo de qualidade

Relatório de biocompatibilidade

Status junto do INFARMED
[Adaptado de US Department of Commerce 2012]
A Lei n º 6.360 de 23 de setembro de 1976 119 estabelece que o registo só pode concedido se o
dispositivo médico for eficaz e seguro. Para solicitar o registo, o fabricante deve apresentar um
relatório técnico, em português, demonstrando a eficácia e a segurança do produto. No caso de a
ANVISA considerar o relatório técnico insuficiente, pode solicitar a avaliação clínica externa e,
eventualmente, ensaios clínicos.
O processo de registo pode ser referente a um equipamento único (apenas um modelo no processo) ou
a uma família de equipamentos (vários modelos no mesmo processo). Neste último caso tem como
119
Consultar em: http://www.anvisa.gov.br/legis/consolidada/lei_6360_76.pdf [último acesso: junho 2012]
9 8
INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL
NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA
condições: (i) ser do mesmo fabricante; (ii) ter tecnologia, indicações e precauções semelhantes
(ANVISA, 2010).
A duração do processo de aprovação de um dispositivo médico Classe I, II ou III e IV pela ANVISA varia de 6 a 12
meses120.
Esse prazo inclui a preparação do relatório técnico de registo para a ANVISA e traduções dos documentos
associados, caso necessário.
Os Certificados de Registo são válidos por cinco anos.
A ANVISA cobra uma taxa de registo/cadastramento fixada por lei. A taxa de registo passa a ser devida
à ANVISA quando o relatório técnico for submetido, e o valor depende dos seguintes fatores: (i)
natureza da petição (registo, cadastramento, revalidação, alteração, entre outros); (ii) tipo de petição
(agrupamento de produtos ou produto único); (iii) receita anual da empresa.
Passo 4: Peticionamento eletrónico
Após a regularização da empresa junto aos órgãos competentes, a mesma deverá proceder ao pedido
eletrónico no site da ANVISA.
Passo 5: Protocolo
Após a regularização da empresa junto aos órgãos competentes e efetuado o pedido eletrónico, o
pedido deverá ser protocolado junto da Unidade de Atendimento e Protocolo (UNIAP) na sede da
ANVISA (ou outra instituição com finalidade semelhante). Alternativamente, a documentação poderá
ser enviada pelos correios, conforme estabelece a Resolução RDC n° 25, de 16 de junho de 2011 121. A
petição primária, após protocolizada, recebe um número de expediente dando origem ao
Processo-mãe. Todos os procedimentos posteriores devem referir essa identificação.
O registo do produto corresponde a uma sequência numérica composta por 11 números. Os sete
primeiros correspondem ao número da Autorização de Funcionamento da Empresa e os quatro últimos
são sequenciais, obedecendo à ordem crescente de registos concedidos para a mesma empresa. Desta
forma, cada registo concedido será representado por uma sequência numérica única.
No atendimento presencial serão protocolizados apenas documentos encaminhados pelos responsáveis legais das
empresas ou procuradores devidamente constituídos. É necessário que o representante da empresa tenha em seu
poder algum documento de identificação.
Prioridade
Os produtos identificados como prioritários pelo Ministério da Saúde podem solicitar prioridade na análise.
120
121
http://www.emergogroup.com/pt/services/brazil/registro-anvisa [último acesso: junho 2012]
http://www.brasilsus.com.br/legislacoes/anvisa/108481-25.html [último acesso: junho 2012]
9 9
CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL
iii | Distribuição e promoção
A distribuição e promoção de dispositivos médicos são enquadrados pela ANVISA.
Distribuição
A Resolução RDC n.º 59 de 27 de junho de 2000 122 ; estabelece as “Boas Práticas de Fabricação,
Armazenamento e Distribuição”. O distribuidor tem de cumprir com os procedimentos de modo a
controlar a qualidade e a localização do produto (tracking) na distribuição utilizando o número de
série. Cada produtor deve manter o registo de distribuidores, clientes e dispositivos enviados. Os
distribuidores necessitam obter um certificado de boas práticas junto da ANVISA para poderem operar
legalmente.
Publicidade
Não há restrições à publicidade e promoção dos dispositivos médicos, desde que o produto esteja em
conformidade com a lei. A ANVISA pode intervir se a publicidade puser em risco a saúde do indivíduo ou
a saúde pública.
3.7.8.1 | Importações e exportações
Os oito principais exportadores de dispositivos médicos para o mercado brasileiro representam cerca de
80% da quota de mercado. Os Estados Unidos lideram o grupo dos países com aproximadamente 36% do
mercado seguidos da China (19%) e da Alemanha (15%) (Figura 3.7.30).
Figura 3.7.30 | Quota de mercado dos maiores exportadores para o mercado brasileiro de dispositivos
médicos
E.U.A.
19,3%
Alemanha
35,8%
2,9%
China
Japão
3,6%
Suíça
4,2%
Irlanda
5,3%
França
5,7%
8,7%
14,6%
Holanda
Resto do Mundo
Fonte: ITC. Dados de junho de 2012.
As importações de dispositivos médicos cresceram entre 2001-2011 a uma taxa anual de 9,15% e
representam atualmente cerca de 1,09% do total das importações brasileiras. Os produtos com
classificação pautal de 9018123 representam cerca de metade das importações de dispositivos médicos
(Quadro 3.7.39). As importações nesta posição pautal são muito concentradas geograficamente; apenas
122
123
http://www.anvisa.gov.br/legis/resol/2000/59_00rdc.htm [último acesso: junho 2012]
A descrição das posições pautais encontra-se no Anexo 2.
1 0 0
INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL
NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA
3 países (EUA, Alemanha e China) têm perto de 70% do mercado (Figura 3.7.31).
Quadro 3.7.39 | Importações totais brasileiras de dispositivos médicos
Dispositivos
médicos
Valor 2001
(mil Euros)
%
Taxa crescimento anual*
2001 – 2011
3005
37898,24
2,1%
6,1%
9018
898361,09
50,6%
9,4%
9019
59748,63
3,4%
17,3%
9020
10044,98
0,6%
3,5%
9021
472635,22
26,6%
15,6%
9022
251818,01
14,2%
2,5%
9025
23791,76
1,3%
4,4%
9402
22953,18
1,3%
8,2%
1777251,11
100%
9,3%
Total
Nota: A descrição das posições pautais encontra-se no Anexo 2. *Taxa de crescimento anual composta. Fonte: ITC. Dados de
junho de 2012.
Figura 3.7.31 | Quota de mercado dos maiores exportadores para o mercado brasileiro de dispositivos
médicos – Posição pautal 9018
E.U.A.
19,3%
Alemanha
35,8%
2,9%
China
Japão
3,6%
Suíça
4,2%
Irlanda
5,3%
França
5,7%
Holanda
8,7%
14,6%
Resto do Mundo
Nota: A descrição das posições pautais encontra-se no Anexo 2. Fonte: ITC. Dados de junho de 2012.
O segmento que mais cresce é o dos produtos com classificação pautal 9019, mas o seu peso nas
importações totais não é relevante. Já os produtos ortopédicos, classificados em 9021 cresceram a uma
taxa composta de 15,6% e representam atualmente cerca de 29% do mercado. Em ambas as posições
pautais a exportação portuguesa é inexistente.
Considerando a agregação da ABIMO 124 as importações assentam em produtos para laboratórios e
124
A ABIMO adota uma classificação baseada nos mercados atendidos, nas seguintes categorias: odontologia, laboratório,
radiologia, equipamentos médico-hospitalares, implantes e material de consumo. Note-se que os valores apresentados pela
ABIMO não coincidem com os dados do ITC.
1 0 1
CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL
consumíveis, representando quase metade da exportação (48%). Os restantes mercados, com exceção
da radiologia, têm menor expressão mas apresentam ritmos de crescimento importantes. Entre 2006 e
2010 o segmento de implantes foi o que mais se destacou tendo aumentado as suas vendas em 122%
(ABIMO, online). O Quadro 3.7.40 detalha os produtos importados entre 2006 a 2011. Reagentes e
material de consumo são os principais produtos importados.
Quadro 3.7.40 | Importações por grupo (milhares de Dólares)
2006
2007
2008
2009
2010
2011
Odontologia
26.545
36.158
44.339
45.821
59.271
79.916
Laboratório
359.533
558.063
697.130
719.974
883.758
1.035.864
Radiologia
381.061
504.884
589.504
539.200
681.398
717.854
Equipamento Médico-Hospitalar
232.735
297.656
443.771
439.262
726.193
684.127
Implantes
266.065
344.221
418.304
452.951
550.486
628.646
Consumíveis
324.923
426.896
542.374
575.659
765.969
919.935
1.590.862
2.167.879
2.735.424
2.772.865
3.667.075
4.066.342
Total
125
Fonte: ABIMO, Online .
Com o crescimento do setor privado no Brasil é esperado que as importações possam crescer, apesar
dos incentivos à substituição das importações. Há poucos produtores de alta qualidade em dispositivos
avançados e o mercado cresce baseado nas importações. Mais de 80% dos produtos hospitalares não
têm similar produzido no Brasil e têm de ser importados (US Department of Commerce, 2004). Em
2009, 68% das importações de dispositivos médicos de alta tecnologia foram importados da Europa e
dos EUA. Alguns dos segmentos dos dispositivos são parte do conjunto de setores incluídos no subsetor
de tecnologias de informação e comunicação e podem habilitar-se ao conjunto dos benefícios previstos
na legislação de informação126 (Quadro 3.7.41).
Quadro 3.7.41 | Produtos importados
Item
Milhões de Dólares
Outros reagentes de uso laboratorial ou diagnóstico
111,8
Sondas, cateteres e cânulas (material de consumo)
82,5
Ressonância magnética
74,5
Outros instrumentos de medição, análise ou ensaio
69,8
Ultrassom com Doppler
69,1
Stent revestido de aço
67,8
Luvas de borracha vulcanizada – não endurecida
66,8
Aparelhos de uso geral em medicina
64,6
Tomografia computadorizada
47,7
Aparelho auditivo – circuito eletrónico
32,7
Fonte: Leão et al., 2008.
125
http://www.abimo.org.br/modules/content/content.php?page=dados-economicos [último acesso: junho 2012]
http://www.brasil.gov.br/noticias/arquivos/2012/02/16/governo-vai-utilizar-poder-de-compra-para-beneficiar-setor-detecnologia-da-informacao [último acesso: junho 2012]
126
1 0 2
INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL
NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA
O mercado brasileiro apresenta oportunidades importantes em produtos médicos avançados, de diagnóstico,
implantes e componentes.
Portugal tem um valor residual no mercado brasileiro, com as vendas a não atingirem os €2 milhões.
Em termos de volume de vendas, não representam mais do que 0,04% do total das exportações
portuguesas para o mercado e 0,01% das exportações portuguesas do setor. A quota de mercado de
Portugal no setor é, em consequência, pequena não ultrapassando os 0,11%. As (poucas) exportações
portuguesas correspondem essencialmente a materiais elétricos (9018) e de materiais consumíveis
(3005) (Quadro 3.7.42).
Quadro 3.7.42 | Exportações portuguesas de dispositivos médicos para o Brasil
Dispositivos
médicos
Valor
(mil Euros)
Quota de mercado
Taxa de crescimento anual*
2001 – 2011
3005
66,05
0,17%
25,7%
9018
1889,67
0,21%
28,4%
9019
0
0
-
9020
0
0
-
9021
0
0
-
9022
0
0
-
9025
2,15
9402
0
0
-
1957,87
0,11%
28,2%
Total
6,7%
Nota: A descrição das posições pautais encontra-se no Anexo 2. *Taxa de crescimento anual composta. Fonte: ITC. Dados de
junho de 2012.
No âmbito do CIS, a Portaria nº 1.284 de 26 de maio de 2010, lista os dispositivos médicos,
considerados prioritários (Quadro 3.7.43). Os critérios de inclusão na lista incluíram os custos elevados
para o SUS, a dependência de importações e o desafio tecnológico. Tal como nos produtos
farmacêuticos, além do apoio à investigação, os produtos incluídos na lista têm processos de compra
pública e importação simplificados. A Vinheta refere o exemplo de uma empresa portuguesa que foi
bem-sucedida na sua abordagem ao mercado brasileiro.
Há oportunidades claras para a realização de parcerias para a investigação e produção de dispositivos prioritários.
1 0 3
CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL
VINHETA
PRONEFRO: Contornar dificuldades no processo de internacionalização
Setor de atividade: Empresa especializada no fabrico de dispositivos médicos para hemodiálise
Localização: Maia
Dimensão (2011): 81 colaboradores
Mercados: Com filiais no Brasil e em Espanha, a Pronefro tem como objetivo expandir a sua atividade na Europa
(nomeadamente na Polónia, Áustria e Hungria), América do Sul e África.
Outra informação relevante: Foi criada em 1983, tendo posteriormente sido adquirida em maio de 2006 por um
grupo de investidores portugueses.
Como plataforma de atuação, a Pronefro dedica especial atenção aos padrões de qualidade em todos os níveis de
produção. O seu sistema de qualidade está certificado com a NP EN ISO: 9001:2008 e ISO 13485:2003.
No que se refere à estratégia de internacionalização da empresa, há um elemento marcante neste processo
quando, em 1999, uma ex-colaboradora de um cliente da Pronefro foi convidada a montar a Pronefro Brasil,
tendo sido o projeto concretizado em 2001. No entanto, só a partir de 2006 é que esta filial provou ser uma
aposta sólida da casa. Desde 2006, a filial brasileira tem vindo a crescer a um ritmo significativo sobretudo
devido à sua capacidade de armazenamento e às crescentes solicitações de um mercado em pleno crescimento.
Uma das primeiras dificuldades com que se deparou no Brasil foi a aprovação pela Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (ANVISA) para a comercialização dos produtos para hemodiálise em território brasileiro. Para
ultrapassar esta dificuldade, levou a cabo a aquisição temporária de licenças de empresas brasileiras de modo a
introduzir o seu produto no mercado de forma bastante expedita, enquanto a aprovação decorria na ANVISA.
Adicionalmente, a Pronefro contratou um despachante para dar apoio aos assuntos relacionados com alfândega
(verificação da fatura; cadastro na ANVISA; licença de importação, etc.) evitando deste modo que as mercadorias
ficassem retidas no porto. Em 2012, o Brasil passou a representar 55% das vendas, sem necessidade de unidade
de produção local.
A entrada num mercado como o brasileiro tornou necessária a identificação de parceiros locais que inspirassem
alguma confiança e, sobretudo, como foi referido, que dessem apoio nos portos de desembarque, onde as
mercadorias poderiam ficar retidas durantes meses.
Fontes: Dados primários; site da empresa.
1 0 4
INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL
NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA
Quadro 3.7.43 | Dispositivos estratégicos prioritários (Portaria 1.284 de 2010)
Categoria I – Dispositivo médico
Grupo
1
1.1
Produto médico
Produto médico ativo para diagnóstico
Equipamento de diagnóstico por imagem
1.1.1
Aparelho de Endoscopia, flexível ou rígido
1.1.2
Aparelho de Ultrassom para diagnóstico
1.2
1.2.1
2
2.1
2.1.1
2.2
2.2.1
3
3.1
Equipamento para diagnóstico in vitro
Equipamento que gere diretamente resultados de diagnóstico in vitro
Produto médico ativo para terapia
Equipamento de Diálise
Equipamento para hemodiálise e acessórios
Equipamento para terapia em geral
Aparelhos de Amplificação Sonora Individual – AASI (aparelho auditivo)
Produto médico implantável
Equipamento implantável
3.1.1
Implante coclear com gerador elétrico
3.1.2
Marcapasso, Cardioversor e Desfibrilador
3.2
Material/artigo/dispositivo implantável
3.2.1
Dispositivo Intrauterino - DIU
3.2.2
Filtro de veia cava
3.2.3
Implantes cocleares com componentes apenas mecânicos
3.2.4
Próteses de quadril e joelho com tecnologia de recobrimento poroso
aplicado na sua superfície
3.2.5
Stent coronariano
4
Produto médico ativo de apoio médico-hospitalar
4.1
Centrífuga refrigerada para bolsa de sangue
4.2
Freezer/Conservador de ultrabaixa temperatura para amostras, sangue,
vacinas
4.3
Simuladores para equipamentos de diagnóstico por imagem
5
Produto médico não ativo de apoio médico-hospitalar
5.1
Bolsa para coleta e armazenamento de sangue humano
5.2
Dialisadores, agulhas de fístulas e linhas para hemodiálise
5.3
Dispositivos médicos utilizados na contraceção ou para prevenção da
transmissão de doenças sexualmente transmissíveis
5.4
Luvas sintéticas de procedimento e cirúrgicas
1 0 5
CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL
Quadro 3.7.43 | Dispositivos estratégicos prioritários (Portaria 1.284 de 2010) (cont.)
Categoria I – Dispositivo médico
Grupo
6
6.1
Produto médico
Produtos para Diagnóstico de Uso in vitro
Conjuntos diagnósticos para deteção das doenças e insumos para sua
produção
6.1.1
AIDS
6.1.2
Botulismo
6.1.3
Dengue
6.1.4
Difteria
6.1.5
Doença de chagas aguda (DCA)
6.1.6
Febre do Nilo Ocidental (FNO)
6.1.7
Febre Maculosa Brasileira (FMB)
6.1.8
Hanseníase
6.1.9
Hantavirose
6.1.10
Hepatites
6.1.11
Influenza
6.1.12
Leishmaniose tegumentar
6.1.13
Leishmaniose visceral
6.1.14
Malária
6.1.15
Tuberculose
Categoria II – Dispositivo em geral de apoio à saúde
7.1
Equipamentos para testes e avaliação da segurança e desempenho de
equipamentos elétricos sob regime de vigilância sanitária, conforme
especificações das normas da série ABNT NBR IEC 60601
Apesar da evolução registada em matéria de promoção do setor, o país apresentava em 2010 um défice
comercial de cerca de US$3 mil milhões. O défice cresce a um ritmo de 27% ano. Apesar da
persistência do défice, os produtos brasileiros começam a ganhar afirmação no mercado mundial. De
acordo com os dados da ABIMO (online
127
), mais de metade das empresas (57%) exporta e dessas 82%
tem uma estrutura de exportação montada. Entre 2006 e 2011 o volume de exportação aumentou
aproximadamente 60%. Os implantes foram a área com maior crescimento, representando atualmente
cerca de 17% das exportações brasileiras. Os consumíveis representam, no entanto, mais de metade
das exportações (Quadro 3.7.44).
127
http://www.abimo.org.br/modules/content/content.php?page=dados-economicos [último acesso: junho 2012]
1 0 6
INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL
NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA
Quadro 3.7.44 | Exportação (milhares de Dólares)
2006
2007
2008
2009
2010
2011
Odontologia
64.476,00
82.867,60
82.509,44
70.434,18
84.457,55
86.204,25
Laboratório
30.916,00
29.459,05
37.487,15
31.988,01
55.836,25
63.248,96
Radiologia
24.258,00
22.027,38
28.817,77
22.610,05
25.220,71
24.055,63
Equipamento
médico-hospitalar
40.756,00
58.948,88
61.489,22
45.998,47
47.256,11
71.578,31
Implantes
55.219,00
80.572,58
88.397,99
94.754,61
103.576,05
122.772,45
Consumíveis
226.264,00
254.853,46
282.163,59
275.324,54
316.709,96
339.210,27
441.889,00
528.728,95
580.865,16
541.109,86
633.056,63
707.069,87
Total
128
Fonte: ABIMO, online .
3.7.8.2 | Identificação de oportunidades e desafios: dispositivos médicos
O setor de dispositivos médicos brasileiro apresenta várias oportunidades e desafios. A Figura 3.7.32
resume oportunidades e desafios identificados relativos ao setor. Salientam-se, em particular, os
produtos ortopédicos, a saúde da mulher e os equipamentos tecnologicamente avançados.
A classificação pautal 9021 engloba “Artigos e aparelhos ortopédicos, incluindo as cintas e ligaduras
médico-cirúrgicas e as muletas; talas, goteiras e outros artigos e aparelhos para fraturas; artigos e
aparelhos de prótese; aparelhos para facilitar a audição e outros aparelhos para compensar
deficiências ou enfermidades, que se destinam a ser transportados à mão ou sobre as pessoas ou a ser
implantados no organismo”. Este é o segundo maior segmento do mercado que mais cresce. Cerca de
19 empresas portuguesas já exportam para o mercado (Lista das maiores exportadoras).
Adicionalmente, o mercado relativo à saúde da mulher tem vindo a aumentar, como evidencia o
crescimento do número de mamografias e citologias129. No âmbito do SUS, em 2008, 2,68 milhões de
mulheres fizeram rastreio ao cancro da mama, correspondendo a uma despesa de R$ 129,22 milhões.
Existem 3.877 equipamentos de mamografia em todas as regiões do país, tanto do SUS, quanto em
clínicas privadas (Ministério da Saúde, online130). O Ministério da Saúde também anunciou a meta de
estruturar 50 novos centros para tratamento do cancro de mama até 2014, além de um programa
nacional de mamografia móvel131.
128
http://www.abimo.org.br/modules/content/content.php?page=dados-economicos [último acesso: junho 2012]
http://www.shavconsulting.com/?categoryId=8833[último acesso: junho 2012]
130
http://portal.saude.gov.br/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=33891 [último acesso: junho 2012]
131
http://www.sbmastologia.com.br/cancer-de-mama/cirurgia-cancer-de-mama/situacao-dos-mamografos-sus-54.htm [último
acesso: junho 2012]
129
1 0 7
CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL
Por fim, destacam-se também os equipamentos tecnologicamente avançados. A resolução normativa
pela Agência Nacional de Saúde Suplementar RN 211, de janeiro de 2010 e a resolução RN Nº 262, de 1
de agosto de 2011132, atualizaram o conjunto de procedimentos e eventos que os planos de saúde são
obrigados a cobrir. Estes incluem itens com preços elevados. A cobertura englobou exames como o
PET-scan, oxigenoterapia-hiperbárica, capilaroscopia periungueal, procedimentos realizados por laser,
radiofrequência, robótica, neuronavegação e endoscopias, entre outros
133
. Estas atualizações
potenciam as oportunidades do setor.
Produtos inovadores direcionados a nichos de mercado têm forte potencial no mercado brasileiro. Os responsáveis
do setor percecionam como barreiras a dificuldade em atingir escala e a dificuldade de acesso ao financiamento.
Fonte: dados primários
132
Disponível em http://www.ans.gov.br/texto_lei.php?id=1575/ [último acesso: junho 2012]. Parcialmente revogada pela
Resolução Normativa - RN Nº 262, de 1 de agosto de 2011.
http://www.ans.gov.br/index2.php?option=com_legislacao&view=legislacao&task=TextoLei&format=raw&id=1786 [último
acesso: junho 2012]
133
Para uma listagem organizada dos procedimentos autorizados ver
http://www.abramge.com.br/conteudo.aspx?conteudoID=135 [último acesso: junho 2012]
1 0 8
INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL
NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA
Figura 3.7.32 | Oportunidades e desafios do setor de dispositivos médicos
1 0 9
CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL
3.7.9 | Medicina personalizada
A definição dos limites da medicina personalizada e do seu setor de actividade e empresarial não é
consensual. Duas das mais importantes consultoras da área (PricewaterhouseCoopers e Renub Research 134)
consideram nos seus relatórios sobre medicina personalizada as áreas de cuidados personalizados
(telemedicina, Tics, serviços de gestão da doença nutrição e bem-estar). Na organização deste relatório,
optámos por considerar esta definição ampla.
A medicina personalizada é, ainda, uma atividade incipiente no Brasil. De facto, não há muitos dados
sobre os desenvolvimentos na área. No entanto, notícias publicadas na internet sugerem um interesse
crescente dos centros de investigação e das empresas pela medicina personalizada. Destacam-se as
Tecnologias de Informação na Saúde e a Bioinformática.
3.7.9.1 | Tecnologias de Informação na Saúde: telemedicina e e-health
Embora difícil de quantificar, a situação atual das aplicações de Tecnologia de Informação (TI) em saúde
tem, de um modo geral, apresentado desenvolvimentos consideráveis
135
. O Brasil é um dos maiores
mercados de TI entre os países emergentes (US Department of Commerce, 2011a). O crescimento do setor
aplicado à saúde é potenciado pela extensão do país e pela baixa cobertura de médicos em algumas
regiões (estando grande parte concentrados nas 20 maiores cidades). No entanto, a baixa informatização e
alfabetização das populações em algumas regiões associadas a custos de entrada, criam barreiras
importantes à difusão do setor.
A maioria dos grandes hospitais utiliza alguma forma de telemedicina. Empresas produtoras de
equipamentos de imagem de diagnóstico fomentam soluções de integração de sistemas, sendo este um
mercado crescente. Empresas fornecedoras nacionais incluem Tecso Informática 136, Quasar137, ITMS138. Os
grandes concorrentes internacionais incluem a Siemens, Toshiba, Philips e GE Medical Systems. Esta é uma
área em que Portugal tem possibilidades de crescer.
O mercado de e-health também está em crescimento. As aplicações mais comuns no Brasil são nas áreas
da Cardiologia, Radiologia, Psicologia Clínica e Patologia.
134
http://www.marketresearch.com/Renub-Research-v3619/Personalized-Medicine-Worldwide-Segments-Technologies-6130367/
[último acesso: junho 2012]
135
O segmento da TI movimentou US$ 81 bilhões em 2010; número equivalente a 4% do PIB [International Data Corporation (IDC)].
Para 2020, a projeção da Brasscom é que o mercado interno de TI alcançará entre US$ 150 bilhões e US$ 200 bilhões, o que elevará a
participação do setor no PIB entre 5,5% e 6%. Ver http://www.empreendedor.com.br/noticias/brasil-%C3%A9-o-sexto-maior-em-tidiz-idc [último acesso: junho 2012]
136
http://www.tecso.com.br/aempresa.htm [último acesso: junho 2012]
137
http://www.quasartm.com.br/index.htm [último acesso: junho 2012]
138
http://www.itms.com.br/sitio/ [último acesso: junho 2012]
1 1 0
INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL
NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA
i | Projetos de telemedicina e e-health
Ainda em fase de crescimento, multiplicam-se no país iniciativas privadas, governamentais e conjuntas de
telemedicina e e-health. Listam-se de seguida alguns exemplos:








Cartão Único de Saúde (SUS);
Programa de Telemedicina na saúde da família;
Projeto Telesaúde Amazon (SIVAM)139;
Projeto Telesaúde Rondônia;
Oncopediatria: Projeto de Telesaúde em Oncologia Pediátrica;
Telecardio – Telecardiologia;
Minas Telecardio;
Consórcio de Edumed.net.
Antecipando o surgimento de Tecnologias de Informação as instituições mais envolvidas criaram mecanismos de
suporte institucional para o setor. De realçar:

Regulação ética e profissional da telemedicina e ficheiro eletrónico do paciente pelo Conselho Federal de
Medicina em 2002;

Criação de um departamento para a informação e informatização da saúde, no Ministério da Saúde em 2002.
Fonte: http://www.sabbatini.com/renato/slides/telehealth-brazil.pdf [último acesso: junho 2012]
ii | Associações
Existe algum associativismo empresarial na área.
Associações empresariais da área (exemplos)

Sociedade Brasileira de Informática em Saúde: http://www.sbis.org.br/

Rede Universitária de Telemedicina (RUTE): http://rute.rnp.br/

Conselho Brasileiro de Telemedicina e Telessaúde (CBTms):
http://www.cbtms.org.br/institucional/default.aspx
Sites com interesse para consulta:
139

Instituto Edumed: http://www.edumed.net/

Telemedicina: http://www.telemedicina.org.br

Telesaúde: http://www.telesaude.org.br

Telemedicine Newsletter: http://www.yahoogroups.com/group/telemednewsletter
[último acesso: junho 2012]
http://www.edumed.net/Paginas/amazon/index-p.html [último acesso: junho 2012]
1 1 1
CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL
iii | Programas públicos
Política nacional de informatização
Em 2004, o Ministério da Saúde definiu a elaboração da política de informação e informática em saúde
como um dos seus objetivos setoriais prioritários. A principal consequência dessa política foi a criação do
cartão de saúde.
A Política Nacional de Informação e Informática em Saúde pode ser consultada em:

http://www2.datasus.gov.br/DATASUS/APRESENTACAO/PoliticaInformacaoSaude29_03_2004.pdf
acesso: junho 2012]
[último
Em paralelo, nos últimos anos, tem-se aprofundado o quadro legal e os apoios do Estado ao setor de
Tecnologias da Informação com aplicação aos cuidados de saúde. A principal peça legislativa é a Lei de
Informática que apesar de não ser apenas para produtos informáticos aplicados à saúde, tem um grande
impacto neste setor.
A Lei de Informática140 (lei nº Lei nº 10.176, de 11 de janeiro de 2001) é a principal fonte de estímulo
fiscal para as empresas que fabricam no Brasil produtos com tecnologia informática, incluindo produtos
com aplicações médico-hospitalares. As indústrias que atendem às exigências de fabricação de acordo com
um “Processo Produtivo Básico” recebem incentivos fiscais federais, de redução do imposto sobre os
produtos industrializados (IPI). Em contrapartida, estas indústrias investem 5% das suas receitas líquidas
em atividades de I&D em laboratórios próprios ou em instituições de investigação externas. Muitos estados
complementam os incentivos federais com incentivos estaduais de redução do imposto sobre circulação de
mercadorias.
Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade em Software
O Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade em Software141 visa o aumento da competitividade
estimulando a adoção de normas, métodos, técnicas e ferramentas da qualidade e da Engenharia de
Software.
Informações detalhadas sobre o programa podem ser encontradas no site do Ministério da Ciência e Tecnologia em:

http://www.mct.gov.br/index.php/content/view/2867.html [último acesso: junho 2012]
Financiamentos públicos
Os financiamentos públicos aos setores advêm em particular de três fundos:
a) Fust: Fundo de universalização das telecomunicações. Imposto de 1% em todas as contas de
telecomunicações. Para ser aplicada em várias áreas incluindo e-health. [Informações adicionais
em: http://www.finep.gov.br/pagina.asp?pag=30.46.10 [último acesso junho de 2012];
b) FUNTTEL: Fundo de desenvolvimento das telecomunicações: 0,5% de imposto em todas as contas
de telecomunicações;
c) CT-INFO - Fundo Setorial para Tecnologia da Informação.
140
141
http://www.mct.gov.br/index.php/content/view/4644.html [último acesso: junho 2012]
http://www.mct.gov.br/index.php/content/view/2867.html [último acesso: junho 2012]
1 1 2
INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL
NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA
Entre 2008 e 2009 foram investidos mais R$36 milhões de dinheiros públicos, resultando numa cobertura de 20% dos
municípios brasileiros e envolvendo aproximadamente 30 mil profissionais de saúde (ABDI,2010).
3.7.9.1 | Bioinformática
A Bioinformática foi introduzida no Brasil em 1999 por meio do sequenciamento do DNA da bactéria
XYLELLA pelo Laboratório de Bioinformática (LBI) do Instituto de Computação da Universidade Estadual de
Campinas (Unicamp) (ABDI, 2010). Contrariamente ao prevalecente no resto do mundo, no Brasil a
bioinformática encontra-se mais associada à indústria agrícola e à pecuária do que à saúde (ABDI, 2010).
O país apresenta um potencial elevado na área. Existe um considerável número de laboratórios de
bioinformática (Quadro 3.7.45). Grande parte destes está ligado a universidades e o setor tem registado
um grande interesse comercial. Nas empresas destaca-se a Scylla Bioinformática que tem uma parceria
com a StabVida 142 . O Quadro 3.7.46 apresenta uma lista de outros atores de interesse na área da
bioinformática.
142
http://scylla.com.br/ [último acesso: junho 2012]
1 1 3
CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL
1 1 4
INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL
NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA
Quadro 3.7.45 | Principais laboratórios de bioinformática do Brasil
Laboratórios
Sites
Pólo de Biologia Computacional e Sistemas- Fiocruz
http://pbcs.ioc.fiocruz.br/
Centro APTA Citros "Sylvio Moreira" (IAC)
Laboratório de Bioinformática - Centro APTA Citros
http://www.centrodecitricultura.br/
http://biotecnologia.centrodecitricultura.br/
Centro de Pesquisas René Rachou - FIOCRUZ-MG (CPqRR)
Laboratório de Bioinformática do CPqRR - Dr. Guilherme Oliveira's Lab
CEBio - Centro de Excelência em Bioinformática
http://www.cpqrr.fiocruz.br/
http://bioinfo.cpqrr.
http://www.cebio.org/
Instituto Ludwig de Pesquisa sobre o Câncer (ILPC)
Laboratório de Biologia Computacional
http://www.ludwig.org.br/
http://www.compbio.ludwig.org.br/
Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC)
http://www.lncc.br/
Laboratório de Bioinformática do LNCC
http://www.labinfo.lncc.br/
Núcleo de Genómica e Bioinformática (NUGEN) - Universidade
Estadual do Ceara (UECE)
Laboratório de Bioinformática e Biologia Computacional,
NUGEN/UECE
http://nugen.uece.br/
http://nugen.uece.br/?p=labbioinfo/
Universidade de Brasília (UnB)
Laboratório de Bioinformática
http://www.unb.br/
http://www.biomol.unb.br/bl
Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE)
Laboratório de Bioinformática - LABI
http://www.unioeste.br/
http://www.labi.pti.org.br/
Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) Laboratório de
Bioinformática da UESC
http://www.uesc.br/
http://labbi.uesc.br/
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Laboratório de Biodados
http://www.ufmg.br/
http://biodados.icb.ufmg.br/
Universidade Federal do Pará (UFPA)
Laboratório de Genética Humana e Médica
http://www.ufpa.br/
http://www.lghm.ufpa.br/bioinformatica
Bioinformática da UFPR
Instituto de Biologia Molecular do Paraná - Curitiba-PR(IBMP)
Laboratório de Bioinformática e Biologia Computacional
http://www.bioinfo.ufpr.br/
http://www.ibmp.org.br/
http://www.ibmp.org.br/bioinfo.php/
Laboratório de Bioinformática da UTFPR
http://bioinfo.cpgei.ct.utfpr.edu.br/
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
Núcleo de Bioinformática do Laboratório de Imunogénica
Grupo de Bioinformática Estrutural
http://www.ufrgs.br/ufrgs/
http://imunoinfo.blogspot.com/
http://www.cbiot.ufrgs.br/bioinfo/
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Laboratório de
Biotecnologia Sustentável e Bioinformática Microbiana, IMPPG, (UFRJ)
http://www.ufrj.br/
Universidade Federal de Viçosa (UFV)
Laboratório de Bioinformática do Bioagro
http://www.ufv.br/
http://www.ufv.br/dbg/genes/genes.htm
Universidade de São Paulo (USP)
Laboratório de Genética Molecular e Bioinformática
LabPIB - Laboratório de Processamento de Informação Biológica
http://lgmb.fmrp.usp.br/
http://lgmb.fmrp.usp.br/
http://labpib.fmrp.usp.br/
Universidade de São Paulo - Ribeirão Preto(USP)
Grupo de Bioinformática, Laboratório de Bioinformática Departamento de Genética
Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto
http://www.ribeirao.usp.br/
http://gbi.fmrp.usp.br/
http://www.fmrp.usp.br
[último acesso: junho 2012]
http://www.lbsbm.microbiologia.ufrj.br/
Fonte: Adaptado de ABDI 2010.
1 1 5
CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL
Quadro 3.7.46 | Outros atores nacionais do setor
Atores
Projetos/produtos
Site
LNSL- Laboratório Nacional de Luz
Síncrotron
Redes de Proteómica
http://www.lnls.br
UFRJ/FAPERJ
Redes de Proteómica
http://www.faperj.br/interna.p
html?obj_id=219
Cooperation for Analysis of Gene
Expression(CAGE)
DNA Chips e Microarrays - projetos de
ESTs e de microarray
http://bioinfo.iq.usp.br/ e
http://www.vision.ime.usp.br/~
cage/
Projeto Genoma Raízes da Embrapa
Soja
DNA Chips e Microarrays - projetos de
ESTs e de microarray
http://www.cnpab.embrapa.br/
pesquisas/gp.html
Laboratório de Bioinformática LABINFO
(LNCC)
O Laboratório de Bioinformática
pertencente ao Ministério da Ciência e
Tecnologia
http://www.labinfo.lncc.br/
Congresso Brasileiro de Genética
Congresso Nacional
Sociedade Brasileira de Genética
http://www.sbg.org.br
Simpósio Brasileiro em Bioinformática
Congresso Nacional
Sociedade Brasileira de Computação
http://www.unisinos.br/simposi
o/bsb/index_port.php
BIT
Bit é um Laboratório do Hemocentro da
Fundação (Hemocentro) e é dedicado à
Bioinformática.
http://lgmb.fmrp.usp.br/bit/?pt
itle=Home
[último acesso: junho 2012]
Fonte: Adaptado de ABDI 2010.
3.7.9.2 | Identificação de oportunidades: medicina personalizada
A medicina personalizada é ainda uma atividade incipiente no Brasil. No entanto, há um interesse
crescente dos centros de investigação e das empresas pela área. O mercado da medicina personalizada no
Brasil tem um grande potencial e está em crescimento. Trata-se de uma área que tem apresentado um
forte apoio do setor público. No entanto, e de um modo semelhante aos restantes subsetores, este
mercado apresenta desafios, tais como: as fortes barreiras protecionistas, a competitividade do mercado
interno, um sistema regulatório ainda insuficiente, custos de entrada e barreiras de infraestrutura, e
utilização limitada de tecnologia pela população em geral.
O mercado da medicina personalizada poderá constituir uma oportunidade relevante para as empresas portuguesas
pois existe a possibilidade de entrada sem necessidade de grande escala.
1 1 6
INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL
NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA
3.7.10 | Ambient assisted living
Atualmente o mercado de Ambient Assisted Living brasileiro é pequeno pela relativa juventude da
população e falta de cobertura do SUS em soluções mais tecnológicas. No entanto, o envelhecimento da
população, o aumento de famílias unipessoais e sem filhos (IBEP, 2010), assim como, o desenvolvimento e
uso de tecnologias, deverão contribuir para o desenvolvimento do setor AAL. Em particular, o setor dos
cuidados de saúde domiciliários cresce com base na elevada cobertura dos seguros privados.
3.7.10.1 | Mercado dos cuidados domiciliários
A prevalência de doenças crónicas torna o mercado dos cuidados de saúde em casa um segmento atraente.
De acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Medicina Domiciliar (ABEMID) cerca de 5000
brasileiros recebem tratamentos domiciliários143, o que é um número relativamente pequeno. O número
de empresas que opera no mercado é igualmente pequeno (Wilson, 2011; PwC, online). Com o
envelhecimento da população, é esperado que o mercado cresça significativamente nos próximos anos a
uma média de 15 a 25% ao ano (Wilson, 2011).
Um dos fatores de estímulo é a recente regulamentação do setor. Em 2003, o Conselho Federal de
Medicina aprovou a resolução que estabelece as regras para o funcionamento das empresas do setor de
cuidados domiciliários. No mesmo ano, a ANVISA abriu a consulta pública para criação de normas técnicas
para a atividade. Em 2006 (Resolução RDC nº11 de 26 de janeiro de 2006144) a ANVISA publicou a primeira
regulamentação do setor.
Um segundo fator de estímulo é a elevada comparticipação dos seguros. As seguradoras privadas cobrem
praticamente todos os custos (99%)145 associados aos cuidados domiciliários (Moti, 2010; US Department of
Commerce, 2011a). Em 2011 o SUS ampliou a assistência a pacientes com a possibilidade de terminarem
em casa a recuperação do tratamento hospitalar. O Governo Federal garante recursos para o
financiamento de 80% dos custos do serviço (Portaria 2.020 de 24 de agosto de 2011)146.
143
http://dgi.unifesp.br/sites/comunicacao/index.php?c=Noticia&m=ler&cod=4691de03 [último acesso: junho 2012]
http://www.saude.mg.gov.br/atos_normativos/legislacao-sanitaria/estabelecimentos-de-saude/atencao-domiciliar/ANVISA11.pdf
[último acesso: junho 2012]
145
http://www.elhospital.com/eh/secciones/EH/ES/MAIN/IN/ESTUDIOS_CASO/doc_83893_HTML.html?idDocumento=83893 [último
acesso: junho 2012]
146
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt2029_24_08_2011.html [último acesso: junho 2012]
144
1 1 7
CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL
3.7.10.2 | Identificação de oportunidades: Ambient Assisted Living
O AAL é ainda uma área emergente no Brasil. Atualmente o mercado é pequeno pela relativa juventude da
população e falta de cobertura do SUS em soluções mais tecnológicas. No entanto, espera-se que o
envelhecimento da população, o aumento de famílias unipessoais e sem filhos e o desenvolvimento e uso
de tecnologias, contribuam para o desenvolvimento de soluções de AAL.
Em particular, o setor dos cuidados de saúde domiciliários cresce com base na elevada prevalência de
doenças crónicas, cobertura dos seguros privados e a recente regulamentação do setor. O mercado dos
cuidados de saúde em casa é um segmento atraente, embora ainda um número relativamente pequeno de
brasileiros recebam tratamentos domiciliários. O SUS ampliou a assistência a pacientes com a
possibilidade de terminarem em casa a recuperação do tratamento hospitalar.
Este setor poderá constituir uma oportunidade relevante para as empresas portuguesas uma vez que não
exige a necessidade de grande escala. O número de empresas brasileiras a operar no mercado é
relativamente pequeno e com pouca concorrência, havendo um forte potencial para parcerias.
1 1 8
INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL
NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA
3.7.11 | Oportunidades e desafios do setor da saúde no Brasil
O Brasil apresenta oportunidades e também desafios à entrada das empresas portuguesas do setor da
saúde. Tendo em linha de conta a apreciação realizada sobre os players da saúde em Portugal e neste
caderno, a Figura 3.7.33 traça algumas das oportunidades e desafios que podem surgir na abordagem ao
mercado Brasileiro.
Figura 3.7.33 | Oportunidades e desafios do setor da saúde brasileiro
1 1 9
CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL
Salientam-se os seguintes pontos relativos ao mercado brasileiro da saúde com maior pormenor.

Dimensão do mercado
O Brasil representa um mercado na área da saúde com grande potencial e em crescimento. Por um lado, o
Brasil tem uma grande dimensão física (geográfica, populacional, etc.). Por outro lado, a sua economia
tem apresentado um crescimento do PIB com capacidade de investimento e desenvolvimento do setor
industrial. No âmbito da saúde, e apesar dos padrões de consumo serem ainda muito desequilibrados, tem
havido nos últimos anos um aumento generalizado do acesso aos cuidados de saúde. Em termos de
mercado potencial corresponde a uma população de cerca de 190 milhões de pessoas.

Ocidentalização do quadro demográfico e epidemiológico
O quadro demográfico e epidemiológico brasileiro é muito semelhante ao dos países ocidentais, incluindo
Portugal. Tal aspeto traz familiaridade por parte das empresas com o tipo de questões e problemas
levantados. Por exemplo, o envelhecimento da população implicará a necessidade de recurso a um
conjunto de produtos e serviços que se encontram em franca expansão nas economias desenvolvidas. Em
setores como a medicina personalizada e o AAL, um mercado emergente como o brasileiro com parca
resposta industrial poderá constituir uma oportunidade relevante.

Investimento no setor e acesso ao crédito diferenciado
Tem-se verificado um crescimento do investimento público crescente em I&D. Apesar de maioritariamente
destinado a empresas nacionais, este pode representar uma oportunidade para as empresas portuguesas
que optem por estabelecer parcerias com as nacionais brasileiras. As universidades através dos seus
centros de investigação também deverão considerar a sua entrada neste mercado. De notar que há crédito
diferenciado disponível.

Entrada para outros mercados da América Latina
No quadro das relações multilaterais o Brasil é membro da Organização Mundial de Comércio e signatário
de diversos acordos, incluindo o Technical Barriers to Trade. Destaque-se a participação no Mercosul. A
localização geográfica e o acordo regional tornam o país atrativo como plataforma de acesso à América
Latina. Assim, os exportadores/investidores no Brasil devem ver o país no contexto do Mercosul e como
porta de entrada para outros países do Mercosul.

Outros fatores
O conhecimento da língua e da cultura podem tornar o mercado brasileiro atrativo para os empresários
portugueses. A comunicação facilitada juntamente com a familiaridade cultural podem facilitar a
aproximação entre ambas as partes envolvidas. No entanto, estes fatores por si só não criam
necessariamente trocas bem-sucedidas.
Outros fatores circunstanciais podem, ainda, constituir pontos de atração do mercado. Por exemplo, a
1 2 0
INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL
NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA
sobrevalorização da moeda torna este período oportuno para a exportação de produtos para o Brasil
beneficiando de taxas de câmbio favoráveis.
O mercado também apresenta desafios. De facto, alguns fatores criam barreiras à entrada de empresas
estrangeiras tornando o ambiente de negócios complexo. A economia é, ainda, informal em alguns
segmentos e há uma forte presença do Estado. O mercado, por seu lado, é muito assimétrico persistindo
uma grande desigualdade socioeconómica e demográfica, e deficiência de qualificações no trabalho em
algumas áreas. Destacam-se um conjunto de desafios a vários níveis:




Protecionismo do Estado: excesso de envolvimento do Estado no setor, estrutura administrativa
pesada, complexidade do sistema fiscal e do sistema judiciário, sistema regulatório dispendioso,
rigidez na organização e financiamento do sistema de saúde público;
Financiamento limitado: acesso limitado e condições de acesso a capitais desfavoráveis (taxas de
juro são muito elevadas), crédito privado disponível mas com elevada taxa de juro;
Ambiente de negócios: forte concorrência externa e interna - concorrência de empresas de
países com custos baixos (p. ex., empresas indianas já estão no país a produzir), aumento do
controlo de custos dos seguros públicos e privados, contenção de custos, baixo nível de
comparticipação dos medicamentos e dos dispositivos, concentração de serviços nas regiões sul e
sudeste, falta de cobertura nacional, custos diretos da exportação e de investimento elevados;
Mercado: baixos rendimentos e baixa despesa per capita; elasticidade de rendimento da procura
elevada.
As oportunidades e desafios destacados merecem reflexão por parte dos empresários. Face aos
constrangimentos do mercado importa perceber o Brasil como um mercado para compromissos de longo
prazo. De facto, a abordagem ao mercado requer paciência e persistência. Destacam-se algumas
recomendações/reflexões:




A complexidade do sistema regulatório e os custos associados, exigem capacidade de
investimento e perspetiva de longo prazo, uma vez que os benefícios da entrada no mercado
poderão ocorrer somente no longo prazo. Convém salientar que os procedimentos do sistema e o
seu funcionamento relevam, ainda, a necessidade de um bom aconselhamento legal. A proteção
de patentes e marcas é importante.
O desenvolvimento de parcerias é vital para o sucesso no mercado brasileiro. Seja por questões
regulamentares, seja por opções de entrada no mercado, as parcerias são fundamentais. Os
empresários necessitam investir na auscultação de parceiros e no desenvolvimento de
relacionamentos de confiança com os parceiros escolhidos.
A grande dimensão do mercado brasileiro (populacional, económica e geográfica) é um fator de
atratividade mas, igualmente, uma dificuldade. A dimensão do mercado requer capacidade
produtiva e investimentos elevados podendo, assim, apresentar desafios às empresas que
querem exportar ou investir. No caso da exportação envolve a necessidade de gerir
distribuidores e outros recursos. No caso do investimento, a dimensão do mercado implica custos
avultados.
O mercado brasileiro é muito assimétrico, com uma forte concentração da produção e do
1 2 1
CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL
consumo na região do sudeste e do sul. De facto, pode fazer mais sentido falar em vários
mercados, do que no mercado brasileiro, dadas as diferenças socioeconómicas, de
infraestruturas e culturais entre as diferentes regiões. Assim, uma abordagem regional poderá
ser a melhor opção para algumas empresas. No caso dos setores de medicina personalizada e
AAL, a capacidade de segmentação regional parece adequada, sendo as empresas atraídas pela
presença de grandes instituições de saúde ou centros de investigação. No entanto, para os
setores mais tradicionais onde é necessário registo, dificilmente permitirá recuperar
rapidamente os custos de entrada. Também, no setor farmacêutico é difícil reduzir a prescrição
a regiões.
1 2 2
INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL
NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA
3.7.12 | Referências
ABDI (2010), Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial - Cadernos Temáticos - Tecnologias de
informação
e
comunicação
–TIC.
Sistemas
aplicados
à
saúde
Humana.
Disponível
em
http://www.abdi.com.br/Estudo/Caderno%20Tem%C3%A1tico%20TIC%20%204%20%28Vers%C3%A3o%20Final%29-%20Sistemas%20Aplicados%20a%20Sa%C3%BAde%20Humana.pdf
[último acesso: junho 2012].
ABDI (2010a), Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial - Manual para registro de equipamentos
médicos na ANVISA. Disponível em:
http://www.abdi.com.br/Estudo/Manual%20de%20Equipamentos%20M%C3%A9dicos%20e%20Hospitalares.pd
f [último acesso: junho 2012].
ANVISA (2004), Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Política Vigente para a Regulamentação de
Medicamentos no Brasil. Disponível em:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/públicacoes/anvisa/manual_politica_medicamentos.pdf[último acesso:
junho 2012].
ANVISA (2010), Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Manual para regularização de equipamentos
médicos na ANVISA. Disponível em:
http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/991239804745928e9ae1de3fbc4c6735/manual_EquipMed_
Anvisa_abr_10.pdf?MOD=AJPERES [último acesso: junho 2012].
ANVISA (2010b), Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Manual de registo e cadastramento de
materiais de Uso em Saúde Disponível em:
http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/704a838049f2dd85974ebfaa19e2217c/Manual+de+registo+
e+cadastramento+de+materiais+de+uso+em+sa%C3%BAde.pdf?MOD=AJPERES [último acesso: junho 2012].
ANVISA (2011), Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Registro de produtos biológicos:Bases gegais e
guias – Coletânea. Disponível em:
http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/935aed0048bd2755a7cdaf9a6e94f0d0/Registro_Produtos_B
iologicos_Hemoterapicos_10102011_WEB.pdf?MOD=AJPERES [último acesso: junho 2012].
ANVISA (2011a),. Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Guia para elaboração de relatórios de estudos
clínicos para fins de registo e/ou alterações pós-registo de produtos biológicos. Disponível em
http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/13542f0048bd2498a79daf9a6e94f0d0/produtos_biologicos.
pdf?MOD=AJPERES [último acesso: junho 2012].
AICEP (2010a), Brasil – Oportunidades e dificuldades do mercado. AICEP. Portugal global. Disponível em
http://www.chooseportugal.com.pt/files/_BrasilOportunidadeseDificuldadesdoMercado_4d9f1f9668b23.p
df [último acesso: junho 2012].
1 2 3
CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL
AICEP( 2010a), Brasil: Guia prático de negócios Disponível em http://www.portugalglobal.pt [último
acesso: junho 2012].
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1 3 0
INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL
NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA
3.7.13 | Anexo 1 – Método do estudo
O método envolveu a recolha exaustiva de dados secundários e primários.
Dados secundários
Com vista ao diagnóstico e identificação de fatores de competitividade da fileira da saúde nos mercados em estudo,
foi realizada a recolha de dados caracterizadores dos subsetores e mercados em estudo, em Portugal e nos países em
análise. Tal englobou a consulta bibliográfica e análise de dados estatísticos englobando indicadores macroeconómicos
relevantes; principais indicadores estatísticos (e.g., demografia; oferta de serviços de saúde; despesas em saúde;
fontes de informação); análise contextual do setor da saúde nos quatro mercados (etc.). As fontes utilizadas são de
natureza diversa, incluindo fontes nacionais (e.g., AICEP, INE, Banco de Portugal, Ministério da Saúde) e
internacionais (e.g., OCDE, ONU, Banco Mundial).
Dados primários
A informação primária recolhida envolveu entrevistas semiestruturadas, realização de grupos-foco, entrevistas de
benchmarking e a aplicação de um questionário.
Entrevistas semiestruturadas
O recurso a entrevistas semiestruturadas permitiu identificar as experiências concretas por parte dos diferentes
atores que vivenciam no seu quotidiano problemas associados ao processo de internacionalização do setor da saúde.
Os key informants foram pessoas ligadas a agentes económicos e sociais associados à fileira da saúde (e.g., pessoas
ligadas a associações empresariais, AICEP, Health Cluster de Portugal e empresários). Foram realizadas 23 entrevistas
com uma duração média de 100 minutos.
Grupos-foco
A realização de grupos foco teve como objetivo proporcionar a discussão e debate entre os stakeholders (com
prevalência de empresários) dos quatro subsetores em estudo. A discussão nos grupos foco foi organizada em função
de cada subsetor e centrou-se em três pontos: (i) Identificação de problemas, dificuldades, limitações, ameaças,
(etc.) no âmbito do desenvolvimento e internacionalização das empresas portuguesas e respetivo subsetor; (ii)
oportunidades, soluções, boas práticas e exemplos de sucesso de empresas portuguesas na internacionalização; (iv)
sugestões de ações, medidas concretas, ou alterações, que as empresas, as associações empresariais, ou as
instituições públicas possam tomar para promover a internacionalização do respetivo subsetor.
Benchmarking
A análise de benchmarking envolveu instituições e experiências relevantes na área da saúde. Para o efeito, foram
realizadas quatro entrevistas em profundidade. Na análise de benchmarking cobriram-se os seguintes aspetos: (i)
práticas empresariais de internacionalização nos mercados em análise e/ou noutros mercados de referência; (ii)
práticas de desenvolvimento de projetos envolvendo I&D, a colaboração interdisciplinar e em rede (o papel das
instituições universitárias e centros de investigação); (iii) práticas de auxílio às empresas desempenhadas por
organismos nacionais ligados ao comércio e investimento; (iv) Práticas de políticas nacionais integradas de apoio ao
desenvolvimento e internacionalização da área da saúde.
1 3 1
CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL
Questionário
Como complemento à informação qualitativa foi ainda aplicado um questionário. O instrumento de pesquisa
apresentava uma breve secção introdutória de apresentação do estudo e posteriormente dividiu-se em 3 partes. Numa
primeira parte abordaram-se questões relativas à internacionalização empresarial. Na segunda parte reportaram-se
aspetos referentes aos mercados. Por fim, na terceira parte, incluíram-se itens de caracterização da empresa e perfil
do entrevistado.
O questionário foi enviado através de um link numa mensagem eletrónica dirigida a uma lista de empresas
previamente identificadas ao cuidado da pessoa da empresa envolvida na internacionalização do negócio.
Posteriormente foram enviadas 3 mensagens com os reminders a reiterar o pedido de preenchimento do questionário.
O Quadro abaixo apresenta a ficha técnica do estudo.
Ficha técnica do Estudo
Universo de Análise
Universo por setor
Setores (CAE)
Âmbito geográfico do estudo
Unidade de análise
Procedimento amostral
Nº de respostas obtidas
Nº de respostas válidas
Taxa de resposta global
Taxa de resposta por setor
Nível de confiança
299 empresas
Farmacêutico: 104
Dispositivos Médicos: 68
AALiving: 22
Medicina Personalizada: 17
Outros: 88
13130, 21221, 22220, 32502 (…)
Continente e ilhas
Empresas
Recenciamento
60
45
15%
Farmacêutico: 14%
Dispositivos Médicos: 22%
Medicina Personalizada: 23%
Outros: 17%
95%; z=1,96
Análise dos dados
Os dados qualitativos foram analisados através de uma análise de conteúdo estabelecendo-se os principais temas
emergentes. Os dados quantitativos foram codificados, inseridos e tratados através do software estatístico SPSS.
Foram utilizadas técnicas descritivas de análise e análise bivariada.
1 3 2
INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL
NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA
3.7.14 | Anexo 2 – Lista das posições pautais
Posições pautais – Farmacêutica
Posição
Definição
3001
Glândulas e outros órgãos para usos opoterápicos, dissecados, mesmo em pó; extractos de glândulas
ou de outros órgãos ou das suas secreções, para usos opoterápicos; heparina e seus sais; outras
substâncias humanas ou animais preparadas para fins terapêuticos ou profilácticos, não
especificadas nem compreendidas em outras posições
3002*
Sangue humano; sangue animal preparado para usos terapêuticos, profilácticos ou de diagnóstico;
anti-soros, outras fracções do sangue, produtos imunológicos modificados, mesmo obtidos por via
biotecnológica; vacinas, toxinas, culturas de microrganismos (excepto leveduras) e produtos
semelhantes
3003
Medicamentos (excepto os produtos das posições 3002, 3005 ou 3006) constituídos por produtos
misturados entre si, preparados para fins terapêuticos ou profilácticos, mas não apresentados em
doses nem acondicionados para venda a retalho
3004
Medicamentos (excepto os produtos das posições 3002, 3005 ou 3006) constituídos por produtos
misturados ou não misturados, preparados para fins terapêuticos ou profilácticos, apresentados em
doses (incluindo os destinados a serem administrados por via percutânea) ou acondicionados para
venda a retalho
3006 20*
Reagentes destinados à determinação dos grupos ou dos factores sanguíneos.
3006 30*
Preparações opacificantes para exames radiográficos; reagentes de diagnóstico concebidos para
serem administrados ao paciente
3006 40
Cimentos e outros produtos para obturação dentária; cimentos para reconstituição óssea
3006 50
Estojos e caixas de primeiros socorros, guarnecidos
3006 60
Preparações químicas contraceptivas à base de hormonas, de outros produtos da posição 2937 ou de
espermicidas
3006 70
Preparações sob a forma de gel, concebidos para uso em medicina humana ou veterinária, como
lubrificante para determinadas partes do corpo em intervenções cirúrgicas ou exames médicos, ou
como meio de ligação entre o corpo e os instrumentos médicos
Nota: *Comum à farmacêutica e medicina personalizada.
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CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL
Posições pautais dos dispositivos médicos
Posição
Definição
3005
Pastas (ouates), gazes, ataduras e artigos análogos (por exemplo, pensos, esparadrapos, sinapismos),
impregnados ou recobertos de substâncias farmacêuticas ou acondicionados para venda a retalho
para usos medicinais, cirúrgicos, dentários ou veterinários
3006 10
Categutes esterilizados, materiais esterilizados semelhantes para suturas cirúrgicas (incluindo os fios
absorvíveis esterilizados para cirurgia ou odontologia) e adesivos esterilizados para tecidos
orgânicos, utilizados em cirurgia para fechar ferimentos;laminárias esterilizadas; hemostáticos
absorvíveis esterilizados para cirurgia ou odontologia; barreiras antiaderentes esterilizadas para
cirurgia ou odontologia, absorvíveis ou não
9018
Instrumentos e aparelhos para medicina, cirurgia, odontologia e veterinária, incluindo os aparelhos
de cintilografia e outros aparelhos electromédicos, bem como os aparelhos para testes visuais
9019
Aparelhos de mecanoterapia; aparelhos de massagem; aparelhos de psicotécnica; aparelhos de
ozonoterapia, de oxigenoterapia, de aerossolterapia, aparelhos respiratórios de reanimação e outros
aparelhos de terapia respiratória:
9020
Outros aparelhos respiratórios e máscaras contra gases, excepto as máscaras de protecção
desprovidas de mecanismo e de elemento filtrante amovível
9021
Artigos e aparelhos ortopédicos, incluindo as cintas e ligaduras médico-cirúrgicas e as muletas; talas,
goteiras e outros artigos e aparelhos para fracturas; artigos e aparelhos de prótese; aparelhos para
facilitar a audição dos surdos e outros aparelhos para compensar deficiências ou enfermidades, que
se destinam a ser transportados à mão ou sobre as pessoas ou a ser implantados no organismo
9022
Aparelhos de raios X e aparelhos que utilizem as radiações alfa, beta ou gama, mesmo para usos
médicos, cirúrgicos, odontológicos ou veterinários, incluindo os aparelhos de radiofotografia ou de
radioterapia, os tubos de raios X e outros dispositivos geradores de raios X, os geradores de tensão,
as mesas de comando, as telas de visualização, as mesas, poltronas e suportes semelhantes para
exame ou tratamento
9025
Densímetros, areómetros, pesa-líquidos e instrumentos flutuantes semelhantes, termómetros,
pirómetros, barómetros, higrómetros e psicrómetros, registadores ou não, mesmo combinados entre
si
9402
Mobiliário para medicina, cirurgia, odontologia ou veterinária (por exemplo, mesas de operação,
mesas de exames, camas dotadas de mecanismos para usos clínicos, cadeiras de dentista); cadeiras
para salões de cabeleireiro e cadeiras semelhantes, com dispositivos de orientação e de elevação;
suas partes
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