Universalização do acesso, com permanência e aprendizagem em
tempo adequado no ensino fundamental: possibilidades a partir do
espaço escolar e do espaço habitado
ELSIO J. CORÁ
JUNHO/ 2015
Universalização do acesso, com permanência e aprendizagem em
tempo adequado no ensino fundamental: possibilidades a partir do
espaço escolar e do espaço habitado
1. Cidade
2. Espaço habitado
3. Qual espaço para educação integral?
Eu acredito na educação, talvez ela não consiga
fazer o urso dançar (Leibniz), mas sei que ela muda
o mundo.
- Quando penso não é para seduzir, mas por que já me encontro
seduzido por esta realidade;
- O mundo (a educação e a escola) é assim, mas pode ser
pensado (a) de outro modo (Rancieire);
- Todos pensamos, mas não do mesmo modo (pensar colorido);
- O outro coloca em xeque o que acredito. Por exemplo, quando
nos apaixonamos, nos apaixonamos pela ideia da pessoa, com
o passar do tempo descobrimos o OUTRO.
- Alter/ego - alteridade - comunidade - cidade - pensar o nós!!!
Um
dos
desafios
que
se
precisa
enfrentar
no
que
diz
respeito a universalização do acesso, com permanência e
aprendizagem em tempo adequado no ensino fundamental é, ainda,
a questão curricular.
Nesse sentido, um documento de base para qualquer discussão de
currículo são as DCNEF/CNE
Uma
outra
questão
à
universalização
do
acesso,
com
permanência e aprendizagem em tempo adequado no ensino
fundamental é assegurar a alfabetização para todas as crianças
de 6 a 8 anos de idade.
- Mobilizar a comunidade escolar;
- Otimizar e articular as diversas ações e programas;
- Necessidade de diálogo constante entre MEC, ESTADOS E
MUNICÍPIOS.
O que é uma cidade?
Variação de escala
 “Diversidade: uma cidade, uma campo, de longe são uma cidade e um
campo; mas, à medida que nos aproximamos, são casas, árvores, telhas,
folhas, plantas, formigas, pernas de formigas, até o infinito”. (PASCAL,
Pensamentos).
O que é uma cidade?
a) Cidade é um espaço marcado pela diversidade étnica, linguística, racial, religiosa,
econômica e geracional;
b) É na tensão entre a dinâmica da cidade contemporânea e a crise civilizatória, que
conduz os que vivem na cidade a construírem novas identidades e novas formas de
relação com seus territórios (MOLL, s/d).
c) urbanização x urbanidade
O que é uma cidade?
• Pólis Grega - espaço da democracia nascente, da palavra, do discurso e da praça pública.
• Cidade Medieval com suas muralhas protetoras em relação aos “bárbaros” e, por conseguinte de
todos os “diferentes”.
• Cidade Moderna forjada sob a égide das demandas do capitalismo nascente, da revolução
industrial e dos potenciais trabalhadores-operários (homens e mulheres, crianças, jovens e velhos).
Sabemos que as cidades nasceram a partir que a “humanidade optou por
deixar de ser nômade e passou a cultivar seu alimento”.
Mudamos nossa essência (existência)
ecoLOGIA
ecoNOMIA
Questões postas:
• Superpopulação e Megalopolização;
• Migração para os grandes centros urbanos;
• Desenraizamento;
• Desigualdade Socioeconômica;
• Déficits estruturais de habitação, saneamento, mobilidade, acesso
aos espaços públicos para lazer, cultura, esporte, entre outros.
• Perda de sentido do viver coletivo;
• Falência do modelo vivido de ‘democracia’.
Triunfo da cidade sobre as pessoas?
O espaço habitado
 “ As lembranças de ter morado em tal casa de tal cidade ou ter viajado a
tal parte do mundo são particularmente eloquentes e preciosas; elas
tecem ao mesmo tempo uma memória íntima
e uma memória
compartilhada entre pessoas próximas.” ( RICOEUR, 2007, p. 157)
O espaço habitado
 “Se a imaginação nos projeta além de nós enquanto que a memória nos
reconduz para trás de nós, o lugar nos apoia e nos ambienta,
permanecendo embaixo e em torno de nós”. (RICOEUR, 2007, p. 157).
O espaço habitado
 “(...) meu lugar é ali onde está o meu corpo. Mas colocar-se e deslocar-se são atividades
primordiais que fazem do lugar algo a ser buscado. Seria assustador não encontrar
nenhum. Seríamos nós mesmos devastados. A inquietante estranheza – ligada ao
sentimento de não estar no seu lugar mesmo em sua própria casa nos assombra, e isso
seria o reinado do vazio. (...) Para dizer a verdade, é sempre possível, e frequentemente
urgente, deslocar-se, com o risco de ser esse passageiro, esse caminheiro, esse
passeador, esse errante que a cultura contemporânea estilhaçada põe em movimento e
ao mesmo tempo paralisa”. (Ricoeur, 2007, p. 158).
 - Lugar: deslocamento, localização, experiências vivas do corpo próprio e do habitar.
O espaço habitado
 Entre o espaço vivido do corpo próprio e do ambiente e o espaço público
intercala-se o espaço geométrico. Com relação a este, não há mais
lugares privilegiados, mas locais quaisquer. É nos confins do espaço vivido
e do espaço geométrico que se situa o ato de habitar. Ora, o ato de
habitar não se estabelece senão pelo ato de construir. Portanto, é a
arquitetura que traz à luz a notável composição que formam em conjunto
o espaço geométrico e o espaço desdobrado pela condição corpórea.
O espaço habitado
 “O espaço construído é também espaço geométrico, mensurável e calculável.
(...) seja ele espaço de fixação no qual permanecer, ou espaço de circulação
a percorrer, o espaço construído consiste em um sistema de sítios para as
interações mais importantes da vida. (...) cada novo edifício inscreve-se no
espaço urbano como uma narrativa em um meio de intertextualidade.
 - Narrativa e construção operam um mesmo tipo de inscrição, uma na
duração, a outra na dureza do material.
 - A narrativa impregna mais diretamente ainda o ato arquitetural na medida
em que este se determina em relação com uma tradição estabelecida e se
arrisca a fazer com que se alternem renovação e repetição.
 - É na escala do urbanismo que melhor se percebe o trabalho do tempo no
espaço”. (Ricoeur, 2007, 159).
O espaço habitado
 “Uma cidade confronta no mesmo espaço épocas diferentes, oferecendo
ao olhar um história sedimentada dos gostos e das formas culturais.
 - A CIDADE SE DÁ AO MESMO TEMPO A VER E A LER.
 - O tempo narrado e o espaço habitado estão nela mais estreitamente
associados do que o edifício isolado”.
O espaço habitado
 “A cidade também suscita paixões mais complexas que a casa, na
medida em que oferece um espaço de deslocamento, de aproximação e
de distanciamento. É possível ali sentar-se extraviado, errante, perdido,
enquanto
que
seus
espaços
públicos,
suas
praças,
justamente
denominadas, convidam ás comemorações e às reuniões ritualizadas”
O Espaço Escolar
• O contexto hodierno de massificação urbana crescente e de complexificação das questões
relacionadas a vida cotidiana torna impraticável a linearidade e as polarizações das
categorias de análise, dos tempos e espaços de aprendizagem.
• A instituição escolar, enquanto espaço privilegiado para educação das novas gerações, vai
perdendo seu monopólio. Cada vez mais nos damos conta de que os sujeitos se educam e
são educados em diversos e distintos espaços sociais.
• Nesta perspectiva, a cidade é potencialmente educadora tanto pelo conjunto de relações
sociais, políticas e culturais que perpassam a vida cotidiana de seus cidadãos e cidadãs,
quanto pela densidade de seus territórios físicos - arquitetônicos, históricos, narrativos e
naturais. (MOLL, s/d).
O Espaço Escolar
• A escola segue sendo o principal espaço de socialização e aprendizagens. Ela ainda é o principal
espaço comunitário que reflete a cidade, e se torna a ponte com o universo urbano em suas
múltiplas possibilidades:
• espaço de convivência;
• espaço de construção identitária;
• espaço de possibilidade e de novos olhares sobre o mundo;
• território para inclusão cidadã numa perspectiva ampla e democrática.
Espaço habitado e espaço escolar
“A questão é que quando optamos por uma vida na
cidade, passamos a ter novas necessidades para
as novas Instituições que criamos”. (Malinowski)
Jovens e Trilhas Educadoras na Cidade
Reconceitualização da esfera público-governamental como instância
educadora
“A principal característica do tirano era que ele
privava o cidadão de ter acesso à esfera pública,
onde ele poderia se mostrar, ver e ser visto, ouvir e
ser ouvido, que ele proibia o espaço da pólis,
confinava os cidadãos à privacidade da vida de seus
lares... De acordo com os gregos, ser banido para a
privacidade dos lares era equivalente a estar
destituído das potencialidades da vida
especificamente humanas”.
Hannah Arendt
Universalização do acesso, com permanência e aprendizagem
em tempo adequado no ensino fundamental: possibilidades a
partir do espaço escolar e do espaço habitado
 Prof. Dr. ELSIO J. CORÁ (UFFS/MEC)
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Junho, 2015
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