1 ESTUDO DE CASO: PLANEJAMENTO DE RECURSOS HUMANOS Desenvolvido por: Prof. Luiz Felipe Quel Era inverno no Reino Unido quando a Houted Tea Inc. iniciou aquela que seria a mais importante reunião de toda a sua história. Na sala de reuniões, gelavam, não apenas a água e o café mas também os corações dos principais executivos convocados. É uma empresa tradicional mas que privilegia o desenvolvimento humano. Sabe da importância das pessoas para os negócios e por isso destina quase que 20% de seus resultados em ações de qualificação. Apesar disso, é uma empresa com posicionamento estratégico voltado à excelência operacional. Quase 6 horas da tarde e o imponente espaço já recebia um número considerável de pessoas. A mais agitada era a secretária que se apressava em deixar o material disponível em cada um dos lugares da mesa oval que tomada o centro do ambiente. Em seu lugar já estava o Diretor de Recursos Humanos, Donald Sutter. Jovem executivo, havia se formado com louvor na principal escola de negócios de Londres, e no auge de seus 27 anos, já ocupava um cargo cobiçado por muitos dentro da organização. Com semblante apreensivo, parecia olhar para os demais colegas com preocupação incomum. Em sua frente, do outro lado da mesa, estava o Diretor Financeiro, apelidado apenas de Jack, pois costumava sempre utilizar a metáfora da “divisão em partes” dos problemas mais sério. Ao seu lado, Michael Burns, Diretor de Marketing, já remexendo o material impresso que lhe foi colocado à frente. Os demais membros do comitê executivo entraram na sala exatamente no horário marcado, segundos antes da chegada do presidente. Eram sete gerentes de operações das fábricas espalhadas pela Europa. Todos, também, apreensivos. Mesmo não sabendo ao certo a pauta da reunião, todos à mesa, especulavam uma possível mudança nas estratégias da organização e isso levaria a grandes transformações. Mr. George Macbernstein, o presidente, pediu silêncio e iniciou a reunião. Não parecia preocupado. Ao contrário, estava eufórico. Disse a todos que uma excelente oportunidade para a empresa estava se configurando na América Latina e que havia um pedido especial do conselho diretor da Houted Tea para que se formasse um grupo de trabalho para a abertura de uma planta na fronteira entre o Brasil e o Paraguai. Mais especificamente em Foz do Iguaçú. Foram destacados para a atividade, dois dos gerentes de operações, Carl Standtford e Rachel Laurel, liderados pelo Diretor de Recursos Humanos iriam partir para o Brasil e iniciar as atividades. Carl tinha 54 anos e um currículo invejável na implantação de novos negócios, embora fosse visto como pessoa extremamente metódica. Já Rachel era demasiadamente emocional e agia por instinto na maior parte das vezes. Possui a confiança do presidente da empresa pois, com esse perfil, conquistou novos espaços no mercado acirrado de chá, no leste europeu. Apesar do susto inicial, não havia como negar que a oportunidade, explanada em detalhes pelo presidente, era sensacional, tanto do ponto de vista do negócio como também para o desenvolvimento das carreiras dos três escolhidos. Em data definida na reunião, a comitiva desembarcou em solo brasileiro. Rapidamente iniciaram uma série de reuniões sobre as estratégias locais, principalmente em relação à mão-de-obra e metas esperadas pela matriz. Eles sabiam que a produção de chá seria de aproximadamente 120.000 unidades por semana e que boa parte desta produção deveria seguir para o Paraguai. Também sabiam que a qualidade do produto deveria ser a mesma que aquela controlada e mantida no Reino Unido. Por questões de espaço físico, a empresa, no Brasil, precisaria de pessoal operacional qualificado e em pequena quantidade, com habilidades para trabalharem em diversas fases da linha de produção. Como os membros da comitiva somente falavam inglês, já havia alguma necessidade específica de contratação mas embora os salários oferecidos para chefe de operações locais fossem muito acima da média da cidade, as pessoas que se apresentavam não possuíam condições de assumir a vaga. Donald decidiu, então, elaborar o planejamento de recursos humanos, baseado em seu ideal de empresa, tomando extremo cuidado em atentar para a realidade local. Ele sabia que precisava de um número de pessoas para assumirem postos imediatamente e que precisava incluir nos planos, necessidades futuras, inclusive de substituições. Pensou até mesmo em buscar profissionais nas capitais brasileiras e paraguaias. Apesar de todo seu esforço e da equipe, Donald não possuía um modelo de gestão que se adequasse àquela realidade e isso fez com que seus pares, Carl e Rachel lhe apresentassem, por diversas vezes, propostas operacionais que não se mostravam compatíveis com o Planejamento de Recursos Humanos. Por outro lado, Copyright to Luiz Felipe Quel. Proibida a reprodução sem autorização expressa do autor 2 mesmo à distância, precisava do apoio de Jack, o Diretor Financeiro que nunca estava satisfeito com as planilhas apresentadas por Donald. A realidade daquele local era bem diferente daquela que eles vivenciaram em suas carreiras na Europa e os fatores que dificultavam o processo de implantação eram muitos. Copyright to Luiz Felipe Quel. Proibida a reprodução sem autorização expressa do autor