Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto Departamento de Engenharia Civil - MIEC ESTRUTURAS DE BETÃO 1 04 de Fevereiro de 2010 Recurso Duração: 3 horas IMPORTANTE: − Responda com precisão e de forma concisa às questões formuladas, justificando as respostas. − Em caso de dúvida na interpretação de qualquer questão tome uma opção e explicite-a com clareza. Não consulte o docente. 0.25 1) (4 valores) Na figura está representada a secção quadrada de um tirante de betão armado pré-esforçado, armada com 4φ20 de aço S500 e com um cabo de pré-esforço com 4 cordões de 0.5” (Ap = 4cm2). É ainda fornecido o gráfico do comportamento instantâneo do tirante N (kN) (idade t0 = 28 dias), expresso em termos do esforço axial N e da correspondente deformação média ε = Δl/l (Ncr representa o Nu = 1360 esforço de fissuração e Nu o esforço de rotura do tirante, em valores médios). Após o esticamento do cabo, na idade t0, instalou-se um pré-esforço inicial P0, que conduziu a um encurtamento do tirante ε0 = −0.2×10−3 (ver gráfico). O tirante destina-se a suportar as seguintes acções (valores característicos): NGk = +400kN (tracção), NQ1k = +350kN (tracção, ψ0 = 0.5) e NQ2k = −50kN (compressão, ψ0 = 0.7). Materiais: Ap1870/1680 Ncr = 673 (fpk = 1870MPa, fp0.1k = 1680MPa, Ep = 200GPa), S500, C30/37. 4φ20 a) Determine o valor do pré-esforço inicial P0, após retirada do macaco de esticamento. Supondo que o macaco aplicou uma A p=4cm2 força máxima de P’0 = 1.1P0, verifique se a tensão σ’po 0.25m instalada no cabo na fase de esticamento satisfaz o limite especificado no EC2. b) Determine as tensões de tracção na armadura ordinária e no ε εo= −0.2×10−3 aço de pré-esforço para a combinação característica de acções. Os limites de tensões do EC2 são satisfeitos? Justifique. c) Verifique a segurança da peça em relação ao estado limite último de resistência. 2) (4 valores) A secção transversal indicada, referente a um pilar de betão armado com 8φ25, está submetida a flexão composta, caracterizada por pares de esforços (N, M) no centro de 4φ25 gravidade G da secção de betão. Dados: C25/30, S500, ambiente da classe 0.055 de exposição XF. a) Recorrendo a equações de equilíbrio, e para o estado limite último em flexão composta, determine o valor do momento flector de cálculo MEd que actuando em simultâneo com NEd = 970kN conduz à rotura da secção. Admita as seguintes hipóteses: (i) o eixo neutro está localizado entre as duas camadas de armaduras longitudinais; (ii) todas armaduras longitudinais estão em cedência. Nota: no final da resolução confirme que as hipóteses (i) e (ii) estão correctas. 0.40 M G × N 0.055 4φ25 0.35m b) Justifique que as armaduras longitudinais adoptadas para a secção respeitam as disposições construtivas do EC2 relativas a pilares. Especifique o diâmetro e espaçamento a adoptar para as armaduras transversais, e justifique se a disposição adoptada para as cintas é adequada. c) Na combinação característica de acções a secção está submetida ao seguinte par de esforços: Ncc = 650kN, Mcc = 40kNm. Demonstre que nesta combinação a secção de betão não fissura (considere Es/Ec = 8). A tensão de compressão máxima no betão respeita o limite recomendado no EC2 para um ambiente da classe de exposição XF? Justifique. Pág. 1 de 4 Estruturas de Betão 1 (MIEC) Recurso – 04 Fev. 2010 3) (4 valores) A pala de cobertura à entrada de um edifício, representada na planta, é constituída por uma laje em consola apoiada na viga V (ver corte A-B), estando esta viga ligada monoliticamente a dois pilares P. A secção S-S’ da viga V, com uma secção transversal de 0.30×0.70m2 e as armaduras longitudinais indicadas, está submetida aos seguintes esforços de cálculo (simultâneos): MEd = 160kNm, VEd = 90kN e TEd = 80kNm. Materiais: C25/30, S500. S Pilar P Viga V A Pilar P S’ 2.0m Laje Planta B 1.5m 5.0m 1.5m Corte A-B Secção S-S’ 4Ø20 0.70 V Laje 0.70 3Ø16 0.05 3Ø16 4Ø16 0.30 0.30 a) Estabeleça a diferença entre torção de equilíbrio e torção de compatibilidade. Indique em qual destas situações se enquadra o caso da viga V. Justifique. b) Para a actuação conjunta de VEd e TEd determine o menor ângulo θ que é possível adoptar para as escoras inclinadas de betão (pode considerar que as armaduras longitudinais não condicionam o valor de θ). Para o ângulo θ encontrado dimensione as armaduras transversais a dispor na secção S-S’. Nota: se não determinou o ângulo considere θ = 35º. c) Considerando o ângulo θ utilizado em b) verifique se as armaduras longitudinais indicadas na figura são suficientes para fazer face à actuação conjunta do momento flector de cálculo MEd e do momento torsor de cálculo TEd. Pág. 2 de 4 Estruturas de Betão 1 Época Normal – 12 Jan. 2010 4) (4 valores) A viga AD representada, apoiada em B e D sem continuidade com os pilares, recebe em A e C cargas concentradas com os valores característicos a seguir indicados: (i) em A pode actuar exclusivamente a acção variável Qk1 = 60kN (ψ0 = 0.7); (ii) em C uma viga secundária introduz uma acção permanente Gk = 70kN e pode fazer actuar a acção variável Qk2 = 40kN (ψ0 = 0.5). O peso próprio da viga AD já está simplificadamente incluído no valor da carga permanente Gk; as acções Qk1 e Qk2 são independentes. Na figura representam-se também os diagramas de cálculo MEd, tendo em vista o dimensionamento das armaduras longitudinais da viga. Materiais: C25/30, S400. Secção transversal ( d = 0.60m) A Qk 1= 60kN 0.65 0.30 B 0.30 2.00 Qk 2= 40kN Gk = 70kN C D 0.30 4.00 0.30 4.00 MEd [kN.m] Combinação 1 Combinação 2 -180 50 309 a) Em esquemas estruturais represente as cargas concentradas (com os correspondentes coeficientes parciais de segurança) que conduzem às combinações 1 e 2 assinaladas nos diagramas de cálculo MEd (não é necessário desenhar diagramas de momentos flectores). b) Considerando uma cotg θ = 2.5 para as diagonais comprimidas do modelo de treliça, justifique (com apoio num desenho esquemático) por que razão é necessário considerar uma translação al no diagrama de MEd para dimensionar as armaduras longitudinais de uma viga. Para a viga AD trace o diagrama de momentos flectores envolvente de cálculo resultante desta translação. c) Dimensione uma solução de armaduras longitudinais inferiores para o vão BD da viga utilizando varões φ25, e proceda a um escalonamento em que esta armadura seja reduzida para 50%. Desenhe à escala a solução final de armaduras inferiores para este vão BD, cotando devidamente as correspondentes interrupções. d) Calcule o comprimento de amarração estritamente necessário para a armadura inferior no apoio D. Demonstre que é possível realizar esta amarração sem recurso a dobragem de varões. Pág. 3 de 4 Estruturas de Betão 1 (MIEC) Recurso – 04 Fev. 2010 5) (4 valores) O edifício industrial cuja planta se encontra representada, de um único piso, está contraventado nas direcções X e Y. Os efeitos de 2ª ordem no pilar P1, em que se pretende estudar o fenómeno da encurvadura, são desprezáveis na direcção X, mas têm de ser considerados na direcção Y. As fundações de P1 e P2 não asseguram transmissão de momentos flectores, sendo o pórtico P1-P2 solicitado por uma carga de cálculo uniformemente distribuída pEd = 60kN/m aplicada na viga, e por duas forças concentradas de cálculo FEd = 990kN aplicadas nos nós (ver figura). O diagrama de momentos flectores de cálculo de 1ª ordem M0Ed,x do pórtico P1-P2 encontra-se representado na figura (admita M0Ed,y = 0); o esforço axial de cálculo em P1 vale NEd = 1200kN. Dados: C20/25, S500, cnom=25mm, ϕef = 2.5. 0.3 0.4 1.0 FEd=990 kN 0.3 FEd=990 kN pEd=60 kN/m P1 -138 -138 138 Y Z 229.5 kN.m viga (0.25x0.5) X 5.0 7.0 -138 P2 1.0 0.3 6.0 6.0 m P1 M0Ed,X 7.0 Z P2 x X Y a) Determine a esbelteza do pilar P1 segundo a direcção Y. Recorrendo ao método do EC2 baseado numa curvatura nominal avalie os efeitos de 2ª ordem deste pilar na direcção Y. Identifique, justificando, a localização da correspondente secção crítica de encurvadura. b) Considerando que na direcção Y o efeito das imperfeições geométricas na secção crítica de encurvadura de P1 pode ser representado por uma excentricidade de 0.01m, determine os esforços finais para o dimensionamento do pilar P1. Justifique. c) Dimensione a armadura a dispor no pilar P1 (A’/A=1.0). Desenhe a secção final à escala 1/10, assinalando todas as armaduras necessárias. Nota: se não tiver resolvido as alíneas anteriores dimensione o pilar atendendo apenas aos esforços de 1ª ordem. Área dos varões: φ6 φ8 φ10 φ12 φ16 φ20 φ25 φ32 2 2 2 2 2 2 2 0.28cm 0.50cm 0.79cm 1.13cm 2.01cm 3.14cm 4.91cm 8.04cm2 Pág. 4 de 4