PADRÕES DE HERANÇA Complicações nos Padrões Clássicos Genética II Profa. Dra. Ana Elizabete Silva ETIOLOGIA DAS DOENÇAS GENÉTICAS CROMOSSÔMICAS >400 (7:1000nativivos) Numéricas: Ex. Trissomias Monossomias Estruturais: Ex. Deleções Inversões Translocações GÊNICAS (Mendelianas) (2% população) HERANÇA AUTOSSÔMICA: (20.910) DOMINANTE RECESSIVA HERANÇA LIGADA AO X (1.206) LIGADA AO Y (59) MULTIFATORIAIS >100(6% pediátrico; 60% adultos) Não Clássicos Herança Mitocondrial (65) “Imprinting Genômico” Dissomia Uniparental Teratogênicas DOENÇAS MONOGÊNICAS -mendelianas -padrões de transmissão •Autossômica: dominante (20.910) recessiva •Ligadas ao X: dominante (1.206) recessiva •Ligadas ao Y Qual o risco ? (59) •história familial •Heredograma •Cada indivíduo carrega ~ 10 alelos mutantes (heterozigose) Qual a doença ? Exemplo de variabilidade em uma família. (Desenho de Iuri Tavares de Souza Casaes). http://www.qualibio.ufba.br/txt072.html HEREDOGRAMA: representação de indivíduos relacionados por ascendência comum, através de símbolos HERANÇA AUTOSSÔMICA DOMINANTE homens = mulheres transmissão de pais para filhos presente em todas as gerações afetados têm pais afetados não afetado não transmite o caráter risco - 50% Acondroplasia; Neurofibromatose; Doença de Huntington; S. Marfan; S. Ehlers Danlos afetado normal Acondroplasia Tipo de nanismo (defeito no Crescimento ósseo – matriz de colágeno) - 4p16.3: Gene FGFR3 (receptor 3 do fator de crescimento) Incidência 1 em 10.000 •membros curtos •macrocefalia •nariz em sela •tórax achatado •lordose lombar Homozigoto - fenótipo mais grave 80%-mutações novas (idade paterna avançada) Variações de dominância Dominância incompleta ou semidominante: o fenótipo do heterozigoto é intermediário aos dos dois homozigotos. Ex.: acondroplasia – o homozigoto afetado é mais grave e morre (letal) Codominância:a expressão de cada alelo pode ser detectada Ex.: grupo sanguíneo ABO (A e B: codominantes e dominantes sobre O) -Traço falcêmico: HbAS Quase-dominante ou Pseudo-dominante: progênie de um casamento de um portador heterozigoto (Aa) de uma doença recessiva com um homozigoto afetado (aa) → 50% afetados → imita uma doença AD Herança Quase Dominante OU Herança Pseudo-dominante Haploinsuficiência x Efeito Negativo Dominante Haploinsuficiência: -o efeito da haploinsuficiência ocorre quando a quantidade total do produto é crucial na determinação do fenótipo; ou seja: quando a dosagem reduzida do gene normal não é suficiente para produzir um fenótipo normal -os 50% produzidos pelo heterozigoto não seriam suficientes para o funcionamento normal (mutação de perda de função) Efeito Negativo Dominante: -o alelo mutante interferiria na ação do alelo normal, -Há a produção de um produto gênico alterado que age de forma antagônica ao alelo selvagem; -esse efeito ocorre em proteínas multiméricas Ex. p53, APC, colágeno Um único alelo normal não seria capaz de produzir quantidade suficiente de proteínas normais : apenas ¼ dos dímeros seriam completamente normais Osteogênese imperfeita - Modelo Dominante Negativo Mutação do alelo alfa1 pró-colágeno acarreta em 75% das moléculas com tripla hélice incorporam pelo menos uma proteína mutante e são degradadas na célula HERANÇA AUTOSSÔMICA RECESSIVA homens = mulheres afetados com genitores normais risco - 25% genitores freqüentemente consagüíneos casais afetados 100% de filhos afetados portador portador Fenilcetonúria Hemocromatose Albinismo D. Tay-Sachs Fibrose cística Aconselhamento Genético para Primos em 1o. Grau Casamento consanguíneo (A – E) favorece homozigose de um gene recessivo → compartilham um par de avós (C e F) 1/16 + 1/16 a P de que o casal A – E compartilhe o mesmo alelo de uma possível doença é 1/8 → este é o coeficiente de parentesco para primos em 1o. Grau ALBINISMO pele clara e rosada, olhos azuis acinzentados ou róseoclaros e cabelos esbranquiçados Tirosina → Dopamina tirosinase ↓ MELANINA HERANÇA RECESSIVA LIGADA AO X homem > mulher afetados são filhos de mulheres portadoras afetados têm 100% de filhas portadoras e nenhum filho afetado portadoras têm 50% de filhos afetados e 50% de filhas portadoras afetados são ligados por elo feminino Exemplos •Daltonismo verde-vermelho - genes em Xq28 • Hemofilia -gene do fator VIII em Xq28 •Síndrome do X Frágil -gene FRAXA em Xq28 •Distrofia Muscular Duchenne -gene em Xp21.2 Distrofia Muscular Duchene (DMD) •Incidência: 1 em 3.500 meninos •gene distrofina: Xp21 proteína da fibra muscular •1/3 mutações novas (deleções) •3-5 anos: fraqueza muscular, dificuldade de correr e subir escadas •progressão da doença: lordose lombar, pseudo-hipertrofia das panturrilhas •falha respiratória e cardíaca •morte na segunda década (18 anos) Gene DMD: 2,4Mb 79 éxons 14 Kb transcrito 2/3 deleção: mutação frameshift (altera módulo de leitura) Hot spots: primeiros 20 éxons, e 45-53 Distrofina: músculo e neurônios do córtex cerebral Ligador entre a laminina extracelular e actina intracelular Imuno-histoquímica para Distrofina Padrão Normal Distrofia Muscular Duchene HERANÇA DOMINANTE LIGADA AO X mulheres > homens pai afetado tem 100% de filhas afetadas e nenhum filho afetado mãe afetada heterozigota tem 50% de filhos de ambos os sexos afetados mãe afetada homozigota tem 100% de filhos afetados Raquitismo Hipofosfatêmico Incontinência pigmentar Raquitismo hipofosfatêmico resistente à vitamina D ligado ao X •retardo do crescimento: ossificação anormal •baixa estatura •raquitismo grave •arqueamento inferiores dos membros •absorção renal de fosfato •fenótipo + suave em mulheres Herança ligada ao Y • genes herdados apenas pelos homens, com os pais passando para seus filhos • Ex: bordas cabeludas das orelhas – hipertricose auricular (homem porcupine) Caracteres Limitados ao Sexo: são transmitidos autossomicamente, porém só se expressam em um sexo. Ex: Puberdade precoce limitada ao sexo masculino (AD) → não penetrante em mulheres heterozigotas -meninos afetados → caracteres sexuais secundários e surto de crescimento aos 4 anos - mutação no gene do receptor de hormônio luteinizante → ativa a ação sinalizadora dos receptores mesmo na ausência do hormônio Caracteres Influenciados pelo Sexo: se expressam em ambos os sexos, mas com frequências bem diferentes Exemplos: Hemocromatose (AR) (defeito no metabolismo do ferro) Calvície mais comum nos homens Alopécia feminina: Autossômica recessiva Alopécia masculina: Autossômica dominante com penetrância variável http://www.sandro.com.br/Calvicie/body_calvicie.html COMPLICAÇÕES NOS PADRÕES GENEALÓGICOS CLÁSSICOS Penetrância Expressividade Pleiotropia Heterogeneidade genética Mosaicismo Germinativo Mosaicismo Somático Antecipação – Expansão de Trinucleótídeos Imprinting genômico PENETRÂNCIA (P) % de indivíduos com o gene e que manifesta a doença Penetrância completa – NF1 (P = 100%) Penetrância incompleta ou reduzida: - Síndrome da mão fendida - (P = 70%) - Retinoblastoma - (P = 90%) EXPRESSIVIDADE VARIÁVEL intensidade da expressão do fenótipo da doença fenótipos de gravidade variável com genótipos iguais causas: efeitos ambientais, interação de outros genes (modificadores), tipos diferentes de mutações (alelos diferentes) NEUROFIBROMATOSE TIPO I neurofibromas http://home.t-online.de/home/dr.katalinic/home_eng.htm http://www.bium.univ-paris5.fr/sfhd/musee/image19.htm manchas café com leite Outros exemplos de expressividade variável: Osteogênese imperfeita: defeito do colágeno tipo I tipo I (AD): forma mais leve tipo II (AR): forma mais grave (morte intra-uterina) tipo III (AD): forma rara (não é letal) tipo IV (AD) S. Marfan Osteogêneses Imperfeita Penetrância x Expressividade • Frequência de expressão de um fenótipo é inferior a 100%; • A manifestacao de um fenótipo difere em pessoas que apresentam o mesmo genótipo; • Nem todos os indivíduos que possuem o gene exibem o defeito; • Mesmo dentro de uma familia a expressão clínica de um distúrbio pode variar; • Ex: sindrome do X frágil – penetrância de 80% dos homens. • Exs: sindrome de Marfan e distrofia miotônica PLEIOTROPIA → um gene mutante diversos Síndrome de Marfan sistema ocular miopia e descolamento da retina sistema esquelético membros longos e finos peito escavado escoliose aracnodactilia sistema cardiovascular prolapso de válvula mitral defeito: fibras elásticas tecido conjuntivo (gene FBN-1: fibrilina 1 – 15q21) Osteogênese imperfeita: ossos, dentes e esclerótica → efeitos fenotípicos HETEROGENEIDADE GENÉTICA: Fenótipos similares, mas determinados por diferentes genótipos Osteogênese Imperfeita defeitos na formação dos ossos fraturas ósseas desenvolvimento anormal dos dentes escleróticas azuis diferentes genes (cromossomos 8 e 17) →subunidades da tripla hélice do pró-colágeno HETEROGENEIDADE GENÉTICA Surdez (S. Usher): mutações em 8 locus diferentes- AR Casamento de dois afetados (mutações em genes diferentes) → prole normal (heterozigotos compostos) S. Ehlers-Danlos: defeito da estrutura do colágeno Formas: 10 tipos (AD, AR e XL) MOSAICISMO Duas ou mais linhagens celulares geneticamente diferentes: mutações pószigóticas mosaicismo somático: mutação somática clone de células mutantes → anomalia segmentar Ex: Neurofibromatose segmentar tipo II MOSAICISMO Mosaicismo Germinativo genitor não afetado transmitindo uma doença para os descendentes → doença hereditária de novo mutação em uma célula da linhagem germinativa ou precursora → atingindo parcela dos gametas Ex: Acondroplasia; Neurofibromatose Hemofilia A (20%); DMD (15%) ANTECIPAÇÃO – EXPANSÃO DE TRINUCLEOTÍDEOS • Expansões instáveis de trincas no gene • Número de trincas aumenta a cada geração anomalias na expressão e no funcionamento do gene → Antecipação • Tendência que algumas condições dominantes e variáveis têm de se tornarem mais graves em gerações sucessivas (Mutação Dinâmica) ANTECIPAÇÃO – EXPANSÃO DE TRINUCLEOTÍDEOS A gravidade ou a idade de início têm correlação com o número de repetições: tende a aumentar à medida que o gene vai sendo transmitido às novas gerações Mecanismo: pareamento desalinhado Síndrome do X Frágil (CGG) →região 5’ não traduzida (cr. X) Distrofia Miotônica (CTG) → região 3’ (cr. 19) Doença de Huntington (CAG) →região codificante (cr. 4) Localização de repetições de trincas de nucleotídeos Obs.: cada uma dessas síndromes é devido a expansão repetida em genes diferentes Síndrome do Cromossomo X Frágil Principal causa de RM hereditário Frequência: 1:1250 RN masculinos Quadro Clínico: RM, orelhas grandes em abano, face alongada, prognatismo, macroorquidismo, hiperatividade Síndrome do Cromossomo X Frágil Marcador Citogenético: fra(X)(q27.3) Síndrome do Cromossomo X Frágil Molecular: Gene FMR1 (Fragile X Mental Rertadation 1) – FRAXA Expansão de trinucleotídeos CGG: região 5’ do primeiro éxon Número de cópias de CGG: polimórfica -normal: 7 – 52 repetições -pré-mutação: 60 – 200 repetições -mutação completa: > 200 – 1000 repetições Doença de Huntington (4p16) •repetições CAG (região codificante do gene huntingtinacromossomo 4p16.3) poliglutaminas 10-26 normal, 27-35 pré-mutação, 36-41 penetrância reduzida, > 40 (média 46) afetados •idade de manifestação inversamente proporcional ao nº repetições antecipação •Precoce: herança paterna •Tardia: herança materna •demência progressiva; • movimentos coréicos Repetições GTC Alça na cadeia recém sintetizada Introdução: 3 repetições GTC PAREAMENTO DESALINHADO POR DESLIZE DAS FITAS: provoca variação na extensão das repetições em tandem → causa IMPRINTING GENÔMICO Processo em que genes específicos são diferencialmente “marcados” durante a gametogênese parental → expressão diferencial de alelos dependendo da origem materna ou paterna. Alteração Epigenética: alterações herdáveis na expressão gênica sem modificações na seqüência de bases do DNA Imprinting confirmado: ~200 genes Materno: 7, 14 e 15 Paterno: 6, 11, 14 e 15 Apenas um alelo (materno ou paterno) é ativo e o outro transcricionalmente inativado) → expressão monoalélica ONDE OS PROCESSOS EPIGENÉTICOS OCORREM? DNA METILAÇÃO Promotor Silenciamento Gene Como ocorre: - Adição covalente de um grupo metil no carbono 5´ da citosina na molécula de DNA (ilhas CpG) 5-metilcitosina IMPRINTING GENÔMICO Síndrome de Prader-Willi Hipotonia - Baixa estatura Mãos e pés pequenos Obesidade severa Polifagia RM brando a moderado Gene ?? SNRPN*m del(15q11q13)pat (70%) Dissomia materna:upd(15)mat (25%) Defeito de metilação http://www.aafp.org/afp/20050901/827.html IMPRINTING GENÔMICO Síndrome de Angelman Síndrome da criança feliz RM grave Retardo do desenvolvimento Boca grande – língua protusa Convulsões Surtos de riso gene UBE3A*p Expressão monoalélica no cérebro del(15q11q13)mat (70%) Dissomia paterna: upd(15)pat (7%) http://www.scielo.cl/scielo.php?pid=S0370-41062004000500011&script=sci_arttext Em cada geração: o imprinting herdado do genitor do sexo oposto deve ser apagado e restabelecido novo imprinting nas células germinativas conforme o sexo do indivíduo. Forma reversível de inativação gênica Metilação pré-existente apagada → desmetilação