UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS CÂMPUS ANÁPOLIS DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS ENGENHARIA AGRÍCOLA UNIFORMIDADE DE DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA DE IRRIGAÇÃO PELO SISTEMA DO TIPO PIVÔ CENTRAL NO MUNICÍPIO DE SILVÂNIA - GO Elaine de Fatima Miranda Freitas ANÁPOLIS – GO 2015 ELAINE DE FATIMA MIRANDA FREITAS UNIFORMIDADE DE DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA DE IRRIGAÇÃO PELO SISTEMA DO TIPO PIVÔ CENTRAL NO MUNICÍPIO DE SILVÂNIA - GO Monografia apresentada à Universidade Estadual de Goiás – CCET, para obtenção do título de Bacharel em Engenharia Agrícola. Área de concentração: Engenharia de Água e Solo. Orientadora: Profª. Drª. Sandra Máscimo da Costa e Silva. ANÁPOLIS – GO 2015 Aos meus pais Joaquim e Deuseli, meus exemplos de vida, a vocês só devo respeito e dedicação por sempre acreditar em meu potencial. Além de Deus ninguém mais mereceria a dedicação desde, que faço integralmente a vocês. iii AGRADECIMENTOS Em primeiro lugar quero agradecer a Deus, de infinita misericórdia, por me conceder saúde e força para correr atrás de meus objetivos e por sempre iluminar meus caminhos. Aos meus amados pais, Joaquim Cardoso de Freitas e Deuseli de Fatima Miranda de Freitas, por terem dedicado integralmente suas vidas, por terem me educado ensinando-me a ser uma pessoa honesta, pela paciência de todas as vezes que ligava com saudades, no desespero em busca de um consolo e pelo apoio financeiro e moral em todos os meus projetos. Aos meus avós paternos Olinda e Sebastião e maternos Maria e José, por todas as orações intercedidas a mim pedindo a Deus proteção sempre nesta caminhada. A minha irmã Aline e meu cunhado Wender pelo apoio incondicional e por terem me dado o maior presente na época da graduação, meu lindo sobrinho Pedro Henrique que tornou nossa família muito mais alegre e unida. A meu namorado Hiago Felipe, pelo apoio incondicional, estímulo e pela oportunidade de crescimento comum. Pois não foi por acaso que nos conhecemos no 1º período e teremos o prazer de concluir esse curso juntos após 5 anos. A Universidade Estadual de Goiás - UEG, pela oportunidade de realizar um curso de graduação de qualidade. A minha orientadora Profª. Drª. Sandra Máscimo da Costa e Silva, pelas sábias orientações, pela oportunidade de trabalhar nesse projeto e pela amizade. A meu avaliador Prof. Dr. Sebastião Avelino Neto, pelas sábias orientações e por aceitar o convite de trabalhar conosco nesse projeto. A todos os professores, pelas valiosas informações que eles me transmitiram e principalmente pelo empenho do qual exerceram suas atribuições, principalmente aos professores Ródney Couto, Alzirene Milhomem, Sandra Máscimo, Elton Fialho, Maria Joselma, Neander Berto, Ricardo Rezende, Augusto Fleury, Roberta Passini, João Maurício, André Luiz, Hélio Souza, André Campos, Sueli Freitas, Flávia Martins,Itamar e Ivano Devilla. Aos meus grandes amigos Cássia de Oliveira, Dryele Flores, Jéssica Flores, Jéssica Cardoso, Vanessa Cardoso, Valquiria Cardoso, Daniel Cunha, Cristiane Lisboa, Carlos Nathan, Renara Cardoso, Janaína Cardoso, Márcia Cardoso, Luana Lopes, Gabriela Goulart, Marcos Paulo, Rafael Porto, Cristiani França, Kelly França e Lúbina Patrícia pelo incondicional suporte cotidiano e principalmente pela amizade. iv Aos meus amigos e companheiros de sala Hiago Felipe, Cíntia Cristina, Micaele Lula, Andriele Dantas, Mayara Paiva, Bruna Barros, Jéssica Fernandes, Lucas Rodrigues, Hugo Fernando, José Maria, Samuel Carlos, Halley Regis, Matheus Fagundes, André Luis, Loane de Oliveira, pelo incondicional suporte cotidiano durante estes 5 anos. A todos meus amigos da Fazenda Ponte Alta – Granol: o Gerente: Adalberto e demais funcionários: Júnior, Seu Josa, João Bosco, Miguel, Dionattas, Aldir, Marcos, Leandro, Eraldo, Camila e Marina que me receberam tão bem e me ajudaram muito na realização do teste no pivô central, pelo apoio cotidiano, paciência, brincadeiras, desabafos e também pelos sábios conselhos A proprietária da fazenda Granol: Yula Cristina Gomes Cadette, pela oportunidade e confiança. A todos que me ajudaram diretamente e indiretamente para realização deste trabalho bem como de toda minha graduação. A conclusão deste trabalho esteve condicionada a colaboração de minha família e de diversos amigos dos quais guardo grande apreço e carinho. A eles minha eterna gratidão. Muito Obrigada! v Que vossos esforços desafiem as impossibilidades, lembrai-vos de que as grandes coisas do homem foram conquistadas do que parecia impossível. Charles Chaplin vi SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS .................................................................................................................... VIII LISTA DE TABELAS...................................................................................................................... IX RESUMO ........................................................................................................................................... X 1. INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................11 2. OBJETIVOS ................................................................................................................................13 2.1. GERAL ......................................................................................................................................13 2.2. ESPECÍFICOS ...........................................................................................................................13 3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...................................................................................................14 3.1. SISTEMA DE IRRIGAÇÃO POR PIVÔ CENTRAL ................................................................14 3.2. AVALIAÇÃO HIDRÁULICA ..................................................................................................16 3.2.1. Coeficiente de Uniformidade de Christiansen (CUC) ...................................................17 3.2.2. Coeficiente de Uniformidade de Distribuição (CUD)....................................................18 3.2.3. Coeficiente de Uniformidade Estatístico (CUE) ............................................................18 3.2.4. Coeficiente de Uniformidade Absoluta (CUA) ..............................................................19 3.2.5. Coeficiente de Uniformidade de Hart (CUH) ................................................................19 3.3. QUANDO O TESTE É REALIZADO COM CULTURA DE GRANDE PORTE.....................20 4. 5. MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................................................21 4.1. LOCALIZAÇÃO E DESCRIÇÃO DA ÁREA ..................................................................21 4.2. DESCRIÇÃO DO SISTEMA DE IRRIGAÇÃO POR PIVÔ CENTRAL.........................21 4.3. LEVANTAMENTO DOS DADOS DE CAMPO ..............................................................21 4.4. AVALIAÇÃO DA UNIFORMIDADE DE DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA .......................24 4.5. ANÁLISE ESTATÍSTICA ................................................................................................25 RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................................................................26 5.1. CARACTERIZAÇÃO E CONDIÇÕES DE OPERAÇÃO DO PIVÔ CENTRAL ....................26 5.2. DADOS CLIMÁTICOS NOS DIAS DAS AVALIAÇÕES .......................................................28 5.3. UNIFORMIDADE DE DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA ...............................................................28 6. CONCLUSÕES............................................................................................................................31 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................32 vii LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 - Coletores instalados para realização do teste de uniformidade...........................22 FIGURA 2 - Esquema de posicionamento radial dos coletores para avaliação da água aplicada em sistemas irrigados por pivô-central.....................................................................................22 FIGURA 3 - Leituras das lâminas coletadas com o auxílio de uma proveta graduada............23 viii LISTA DE TABELAS TABELA 1 - Classificação do sistema de aspersão quanto aos coeficientes de uniformidade.............................................................................................................................24 TABELA 2 - Classificação quanto ao coeficiente de uniformidade absoluta..........................24 TABELA 3 - Caracterização do pivô central nas condições em estudo...................................26 TABELA 4 - Lâmina aplicada e tempo de irrigação para cada regulagem do percentímetro............................................................................................................................27 TABELA 5 - Dados de temperatura (ºC), umidade relativa do ar (%) e velocidade do vento (m.s-1)........................................................................................................................................28 TABELA 6 - Cálculos dos coeficientes de uniformidade de aplicação das lâminas de água...........................................................................................................................................28 TABELA 7 - Estimativa do quadrado médio (QM) da análise de variância para cinco coeficientes de uniformidade de distribuição de água num pivô central no município de Silvânia - GO............................................................................................................................29 TABELA 8 - Valores médios dos coeficientes de uniformidade de distribuição de água e classificação dos ensaios de uniformidade de lâminas de irrigação num pivô central no município de Silvânia - GO......................................................................................................29 ix RESUMO No mundo, a agricultura irrigada é a maior usuária de água, por isso, com o aumento na escassez de recursos hídricos, criado pelo acréscimo nas demandas em outros setores e pela redução na produção de novas fontes hídricas, a agricultura irrigada sofre pressão para que reduza o consumo de água. São importantes os meios de constatar acontecimentos em cada instalação, como por exemplo, o aumento do consumo de água, falhas na irrigação da cultura, dimensionamento deficiente, acompanhamento do equipamento, para que estes tipos de ações não interfiram no correto funcionamento do sistema. Em sistemas de irrigação por pivô central, a eficiência de aplicação em campo está diretamente relacionada com a uniformidade de distribuição, quando essa uniformidade de irrigação é baixa pode estar afetando o desenvolvimento normal das plantas e acarretando encharcamentos, erosão, perdas de água por percolação e lavagem de nutrientes. Para isso este trabalho avaliou os parâmetros de uniformidade de distribuição de água na irrigação que podem modificar o desempenho do sistema de irrigação por pivô central, a fim de mostrar aos usuários que utilizam este equipamento, informações sobre as modificações do seu desempenho, ao longo de sua vida útil, relacionado ao parâmetro de medição do coeficiente de uniformidade de distribuição de água, o Coeficiente de Uniformidade de Christiansen (CUC), Coeficiente de Uniformidade de Distribuição (CUD), Coeficiente de Uniformidade Estatístico (CUE), Coeficiente de Uniformidade Absoluta (CUA) e Coeficiente de Uniformidade de Hart (CUH) que se baseou em cinco diferentes autores, onde cada um deles utiliza de parâmetros diferentes. Os resultados obtidos para os coeficientes de uniformidade da lâmina de irrigação foram CUH (81,20%), CUC (80,70%), CUE (76,43%), CUD (73,50%) e CUA (71,97%). Os coeficientes de uniformidade CUC, CUH e CUD foram classificados como bons, enquanto CUE e o CUA, classificados como regulares. Estatisticamente CUC foi igual à CUH indicando que a lâmina aplicada pelo pivô tem distribuição normal. CUC, proposto por Chistiansen (1942), o CUH, proposto por Hart (1961), foram os coeficientes menos sensíveis a mudanças operacionais. Palavras - chave: Lâmina de irrigação, coeficiente de uniformidade, aspersão mecanizada. x 1. INTRODUÇÃO A água é um dos principais fatores do desenvolvimento das culturas e a irregularidade do regime pluviométrico de algumas regiões pode tornar-se uma restrição ao desenvolvimento agrícola. A irrigação tem sido uma das técnicas mais utilizadas na agricultura, visando acréscimos nas produtividades. Um bom sistema de irrigação deve aplicar água no solo uniformemente, até determinada profundidade, propiciando umidade necessária ao desenvolvimento normal das espécies vegetais (DRUMOND, 2003). A irrigação era vista como uma técnica que visava basicamente à luta contra a seca. Em uma visão mais atual, dentro do foco empresarial do agronegócio, a irrigação é uma estratégia para elevar a rentabilidade da propriedade agrícola por meio do aumento da produção e da produtividade, de forma sustentável (preservando o meio ambiente) e com maior geração de emprego e renda, com enfoque nas cadeias produtivas (BERNARDO et al., 2006). A necessidade de conservação dos recursos hídricos e redução nos custos de produção, principalmente de energia e de insumos, devem, por meio dos sistemas de irrigação e manejo, proporcionar aplicação de água uniforme e eficiente (REZENDE et al., 2002). A utilização de sistemas de irrigação mais eficientes é uma meta a ser atingida na agricultura irrigada. Por melhor que seja o sistema de irrigação, a distribuição da água aplicada dificilmente será plenamente uniforme, e a mensuração dessa variabilidade é fundamental na avaliação do desempenho da irrigação (SILVA et al., 2004). Santos et al. (2003) sustentam que a uniformidade influenciará o custo da irrigação, assim como o desempenho da cultura. Áreas irrigadas que apresentam baixa uniformidade de aplicação de água favorecerão o desenvolvimento desuniforme das plantas cultivadas, pois algumas receberão mais água que outras. Esse fato está relacionado ao excesso de água no solo, que provoca a lixiviação de nutrientes, a redução na concentração de oxigênio disponível para as raízes, o aumento na incidência de pragas e doenças, enquanto a escassez de água aumenta os riscos de salinização do solo e inibe o potencial produtivo da planta. A uniformidade de distribuição consiste na diferença de variação de aplicação da água em toda a parcela, ou seja, depende da variação de vazão e pressão de serviço em toda a parcela irrigada. Segundo Bastos et al. (2009), se a uniformidade da irrigação é baixa significa que algumas áreas recebem menos água e outras mais água que a quantidade necessária, causando prejuízos para o desenvolvimento normal das plantas e acarretando encharcamentos, erosão, perdas de água por percolação e lavagem de nutrientes. De acordo com Mantovani et al. (2009), apesar de o controle da pressão ser uma tarefa simples, a falta de conscientização 11 sobre a sua importância faz que a maioria dos sistemas tenha deficiência ou total falta de infraestrutura para medidas, ajustes e controle da pressão. A avaliação da operação dos sistemas de irrigação está ligada a diversos parâmetros no desempenho, definidas em determinações de campo, como vazão, tempo de irrigação e uniformidade de aplicação de água, nos quais são considerados fundamentais para tomadas de decisões em relação ao diagnóstico do sistema. Porém, aos produtores é considerada uma tarefa de pouca importância, mesmo quando disponibilizam de tecnologia, mas lhes faltam orientação e conhecimento (SILVA e SILVA, 2005). O processo ou metodologia de controle da irrigação é a garantia de sucesso do empreendimento. Nesse contexto, é necessário conhecer a lâmina de água realmente aplicada e a sua uniformidade de distribuição, o que é realizado por avaliação a nível de campo. Segundo Vieira (1989), tal avaliação consiste na análise das condições operacionais da instalação, por meio de medições do desempenho do equipamento no campo. Para Bernardo et al. (2006), muitos coeficientes são usados para expressar a variabilidade de distribuição da água aplicada por um sistema de irrigação por aspersão, na superfície do solo. O primeiro deles foi proposto por Christiansen (1942) e adota o desvio médio absoluto como medida de dispersão é o Coeficiente de Uniformidade de Aplicação (CUC). Wilcox e Swailes (1947) propuseram um coeficiente de uniformidade utilizando o desvio-padrão como medida de dispersão, para o qual se aceitam valores de Coeficiente de Uniformidade Estatístico (CUE) acima de 75%. Já Criddle et al. (1956) introduziram outra medida da uniformidade denominado de Coeficiente de Uniformidade de Distribuição (CUD), considerando a razão entre a média do menor quartil e a lâmina média coletada. Karmeli e Keller (1975) propuseram uma medida de uniformidade que inclui as razões das vazões máxima e mínima dos emissores com a média, Coeficiente de Uniformidade Absoluto (CUA). Já Hart (1961) propôs um coeficiente de uniformidade usando, também o desvio-padrão como medida de dispersão, Coeficiente de Uniformidade de Hart (CUH). Quando a lâmina de água aplicada pelos aspersores tem distribuição normal, tem-se que o CUC é igual ao CUH. É de grande importância o conhecimento dos fatores que interferem nas características de eficiência dos equipamentos de irrigação ao longo do uso do equipamento. O produtor deve saber o quanto as características de projeto, ou as práticas de uso do equipamento de irrigação modificam a aplicação de água (SCHONS, 2006). 12 2. OBJETIVOS 2.1. GERAL Avaliar a uniformidade de distribuição de água de irrigação pelo sistema do tipo pivô central no município de Silvânia – GO. 2.2. ESPECÍFICOS Realizar o ensaio de uniformidade de distribuição de água pelos métodos Coeficiente de Uniformidade de Christiansen (CUC), Coeficiente de Uniformidade de Distribuição (CUD), Coeficiente de Uniformidade Estatístico (CUE), Coeficiente de Uniformidade Absoluta (CUA) e Coeficiente de Uniformidade de Hart (CUH); Comparar a eficácia dos métodos de determinação de uniformidade de distribuição de água avaliados. 13 3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3.1. SISTEMA DE IRRIGAÇÃO POR PIVÔ CENTRAL Em 1952, criou-se o sistema de irrigação por pivô central, em Colorado (EUA), mas, até 1960, seu uso ainda não estava consolidado. A partir de 1961 é que começou a ser empregado com mais frequência. Em 1973, somente nos EUA, já se irrigavam 800.000 ha por pivô central. Atualmente, seu uso já está difundido na maioria dos países, existindo mais de quatro milhões de hectares irrigados por este sistema. No Brasil, estima-se uma área de cerca de 650.000 ha irrigados pelo pivô central (BERNARDO et al., 2005). A prática de irrigação pode ser definida como sendo “a aplicação artificial de água ao solo, em quantidades adequadas, visando proporcionar a umidade adequada ao desenvolvimento normal das plantas nele cultivadas, a fim de suprir a falta ou a má distribuição das chuvas” (MELO e SILVA, 2007). A irrigação por pivô central tipo aspersão é tecnologia recente no campo. No Brasil esse sistema de irrigação chegou na década de 1970 (SCHMIDT et al., 2004). Todavia, segundo Testezlaf (1998) foi somente na década de 1980, que houve um aumento significativo da área cultivada com pivô central no Brasil. É justamente nessa década, que de acordo com Olitta (1987) foram comercializados no Brasil, entre 1982 e 1989, em torno de 3000 pivôs. Dados da Federação da Agricultura do Estado de Goiás apontam que em 1990, existiam no estado 378 pivôs centrais instalados e em 2013, esse número aumentou para 2895, o que corresponde a 0,62% do território goiano (FAEG, 2013). O pivô central é, segundo Vilela (2002), o sistema de irrigação por aspersão mais automatizado que existe no mercado, podendo essa automação variar desde um simples acessório a controladores que permitem o seu acionamento a distância por meio de ondas de rádio ou telefone celular. Existem também pivôs centrais que são totalmente controlados por estações computadorizadas capazes de coletar dados (umidade do solo, evapotranspiração, pluviometria), analisá-los e avaliar o momento ideal e a quantidade de água que deverá ser aplicada para suprir a demanda da cultura. Segundo Klemp e Zeilhofer (2009) a grande aceitação do pivô central deve-se a vários fatores, entre eles pode se destacar a necessidade mínima de mão-de-obra, a simplicidade de operação, a adaptação a terrenos planos e moderadamente ondulados (até 15%), a possibilidade de aplicação de fertilizantes via água, fato este que propicia ganho de tempo e reduz mão de obra e, consequentemente, maximiza os lucros. 14 Dentre os métodos de irrigação, o de aspersão por pivô central tem se expandido de forma mais significativa pelas seguintes razões: boa uniformidade de distribuição de água, quando bem planejado fácil controle de lâmina d’água aplicada, grande versatilidade para as diversas condições de topografia e tipos de solo, menor dispêndio de mão de obra e maior divulgação por parte de fabricantes e vendedores (BERNARDO et al., 2006). Os sistemas de irrigação por aspersão mecanizada surgiram com o intuito de obter maior eficiência no uso de água e redução de mão-de-obra. Atualmente, o pivô central é o sistema mais automatizado que existe é constituído de uma linha lateral de aspersores montados sobre armações com rodas, denominadas de torres, tendo uma das extremidades fixada em uma estrutura piramidal (ponto-pivô), enquanto as outras torres se movem continuamente em torno desse ponto durante a aplicação de água (RAMOS e MANTOVANI, 1994). Pereira (2001) informa que o deslocamento de toda linha lateral do pivô central no campo é comandado pelo andamento da torre mais externa. Segundo o autor, supondo-se inicialmente que todas as torres encontram-se alinhadas e apenas a última se movimente, o acionamento do motoredutor da torre subsequente processa-se quando o vão em movimento deflete-se em relação aos demais. Continuando o processo entre todos os vãos adjacentes, promove-se a movimentação de toda a linha de irrigação pelo funcionamento intermitente dos motoredutores das torres. O autor comenta ainda que embora a velocidade angular de deslocamento do pivô central seja constante, a velocidade média de deslocamento de cada torre deve ser progressivamente maior a partir do ponto central do pivô, de maneira a induzir o movimento circular do equipamento na área. Como a área irrigada é progressivamente maior, aumenta-se também a vazão dos emissores ao longo da linha lateral do equipamento, de modo que toda a área irrigada receba a mesma lâmina de água de maneira uniforme. Dessa forma, têm-se elevadas intensidades de aplicação de água na extremidade final do pivô e menores intensidades de aplicação nas proximidades do centro do equipamento. Lima et al. (2003) afirmam que os equipamentos precisam ser bem projetados, principalmente em áreas de topografia bem acidentada, onde ocorre uma variação acentuada na pressão do sistema, causando significativas diferenças de vazão, reduzindo a uniformidade de distribuição de água com consequente diminuição da eficiência de aplicação, além de aumentar as perdas de água por escoamento superficial. Dentre as principais vantagens do pivô central, tem-se: i) a possibilidade de controlar a direção do equipamento; ii) baixa exigência de mão de obra; iii) bom potencial de uniformidade de aplicação de água; iv) possibilidade de aplicação de fertilizantes e outros 15 produtos químicos; v) após completar uma irrigação, o sistema estará posicionado para início de uma nova irrigação. As limitações da irrigação por esse sistema são: i) há existência de grande diferença de nível entre as posições do fim da lateral à medida que o sistema se movimenta, resultando em elevada variação na vazão devido à topografia do terreno; ii) para reduzir ou eliminar problemas de deflúvio superficial associados a estas altas taxas de aplicação de água, é possível utilizar irrigações mais frequentes com menores lâminas. Assim, pode ser necessário operar o sistema em mais de uma vez por dia, o que pode não ser ideal para a cultura ou para o uso eficiente da água; iii) a intensidade de aplicação de água na extremidade da linha de irrigação varia muito, tornam-se necessárias práticas de conservação de solo para reduzir ou mesmo evitar o escoamento superficial como plantio em nível, terraços, plantio direto (FERREIRA, 2011). 3.2. AVALIAÇÃO HIDRÁULICA A avaliação da operação dos sistemas de irrigação esta ligada a diversos parâmetros do desempenho, definidas em determinações de campo, como vazão, tempo de irrigação e uniformidade de aplicação de água, os quais são considerados fundamentais para tomadas de decisões em relação ao diagnóstico do sistema. Com a avaliação dos sistemas de irrigação tem-se o conhecimento da qualidade da irrigação que esta sendo implementada, a partir de uma gama de coeficientes de uniformidade de aplicação de água, os quais expressam a variabilidade de distribuição aplicada pelo sistema de irrigação (FERREIRA, 2011). Bernardo et al. (2006) citam parâmetros que qualificam a uniformidade de aplicação de água dos sistemas de irrigação, os quais consideram excelente a uniformidade quando apresenta coeficientes acima de 90%, bom de 80-90%, regular de 70-80%, ruim 70-60% e inaceitável abaixo de 60%. A utilização de sistemas de irrigação mais eficientes é uma meta a ser atingida na agricultura irrigada. Por melhor que seja o sistema de irrigação, a distribuição da água aplicada dificilmente será plenamente uniforme, e a mensuração dessa variabilidade é fundamental na avaliação do desempenho da irrigação (SILVA et al., 2004). O desempenho de qualquer método de irrigação pode ser medido utilizando-se parâmetros de uniformidade e de eficiência da água aplicada pelo sistema de irrigação. Segundo Hart et al. (1980), quando as perdas por escoamento superficial na área de cultivo e as perdas por condução no trajeto entre o ponto de captação e a área irrigada são desconsideradas, o desempenho da irrigação pode ser determinado utilizando-se um índice de uniformidade e dois índices de eficiência. O índice de uniformidade expressa à variabilidade espacial da água aplicada e os dois índices de eficiência refletem o percentual da área 16 adequadamente irrigada e a eficiência alcançada na aplicação da água. Esses indicadores de desempenho podem ser obtidos diretamente dos valores de lâmina de água, medidos pontualmente, ou por meio de modelos matemáticos (SILVA et al., 2004). Conceitualmente, considera-se área adequadamente irrigada a porcentagem da área que, durante uma irrigação, recebe lâmina d’água igual ou superior à lâmina real necessária (KELLER e BLIESNER, 1990). A eficiência de irrigação para área adequadamente irrigada é um parâmetro que combina os valores obtidos para uniformidade de aplicação de água, a adequação da irrigação e as perdas que normalmente ocorrem no sistema. Assim, a eficiência de irrigação para área adequadamente irrigada congrega os efeitos associados às perdas por desuniformidade de aplicação, por percolação, por evaporação e deriva e na condução, representadas pelas eficiências de distribuição, aplicação e condução, respectivamente. Existem alguns fatores que afetam a uniformidade de distribuição da água podem ser classificados em climáticos e não climáticos. Os fatores climáticos são evaporação, temperatura do ar, umidade relativa e condições locais do vento. Os fatores não climáticos são os relacionados ao equipamento e ao método de avaliação. Quanto ao equipamento, os fatores são: pressão de operação do emissor, velocidade e alinhamento da linha lateral do equipamento e altura do emissor. A redução da altura do emissor em relação à cultura é uma técnica muito utilizada para reduzir as perdas por evaporação e deriva (FERREIRA, 2011). Segundo Souza (2001), uma das etapas básicas quanto, da implantação ou manejo de um projeto de irrigação é a determinação da uniformidade de distribuição de água de irrigação, pois ela é o melhor indicativo da qualidade da irrigação. Via de regra, a uniformidade de aplicação da água de irrigação é quantificada por meio dos coeficientes de uniformidade. 3.2.1. Coeficiente de Uniformidade de Christiansen (CUC) Segundo Rezende et al. (1998), vários coeficientes de uniformidade têm caracterizado a distribuição da água em sistemas de irrigação por aspersão. Christiansen (1942) foi o primeiro pesquisador a estudar a uniformidade de distribuição em aspersão, quantificando-a através de um índice estatístico, denominado coeficiente de uniformidade de Christiansen (CUC) este índice faz uso do desvio médio absoluto, para expressar a dispersão das lâminas e pode ser obtido pela equação (1): 17 Em que: CUC – coeficiente de uniformidade de distribuição de água de Christiansen, (%); Xi – precipitação coletada no pluviômetro de ordem i, (mm); – média geral das precipitações coletadas nos pluviômetros, (mm); n – número de pluviômetros. 3.2.2. Coeficiente de Uniformidade de Distribuição (CUD) Criddle et al. (1956), introduziram outra medida da uniformidade, considerando a razão entre a média do menor quartil e a lâmina média coletada (CUD), que são mais recomendados para quantificar a uniformidade de distribuição de água para sistemas do tipo pivô central. Outra medida de uniformidade é o Coeficiente de Uniformidade de Distribuição (CUD), que foi recomendado pelo Serviço de Conservação do Solo dos Estados Unidos, a razão pela média de 25% dos menores valores de lâmina de irrigação e a lâmina média a ser aplicada na superfície do solo, sendo a eficiência-padrão. Kruse (1978), a denominou de uniformidade de distribuição, mas conhecida como Coeficiente de Uniformidade de Distribuição (CUD), que pode ser obtido pela equação (2): Em que: CUD – coeficiente de uniformidade de distribuição, (%); – média geral das precipitações coletadas nos pluviômetros, (mm); 25% – média de 25% do total de coletores com as menores precipitações, (mm). 3.2.3. Coeficiente de Uniformidade Estatístico (CUE) Wilcox e Swailes (1947) propuseram um coeficiente de uniformidade utilizando o desvio-padrão como medida de dispersão, para o qual se aceitam valores acima de 75% (CUE), expressos pela equação (3): Em que: CUE – coeficiente de Uniformidade Estatístico, (%); Sd – Desvio-padrão dos valores de precipitação, (mm); – Lâmina média de todas as observações, (mm). 18 3.2.4. Coeficiente de Uniformidade Absoluta (CUA) Karmeli e Keller (1975) propuseram uma medida de uniformidade que inclui as razões das vazões máxima e mínima dos emissores com a média, Coeficiente de Uniformidade Absoluta (CUA), expresso pela equação (4): Em que: CUA – coeficiente de uniformidade absoluto, (%); 25% – média de 25% do total de coletores, com as menores precipitações, (mm); 12,5% – média de 12,5% do total de coletores, com as maiores precipitações, (mm); – média das precipitações, (mm). 3.2.5. Coeficiente de Uniformidade de Hart (CUH) Já Hart (1961) propôs um coeficiente de uniformidade usando, também o desviopadrão como medida de dispersão, Coeficiente de Uniformidade de Hart (CUH), expresso pela equação (5): Em que: CUH – coeficiente de uniformidade de Hart, (%); Sd – desvio-padrão dos dados de precipitação, (mm); – Lâmina média de todas as observações, (mm). O conhecimento do desempenho do equipamento, principalmente em relação à uniformidade de distribuição de água e lâmina de água aplicada, é imprescindível para se tomar medidas que permitam economizar água e energia. Quando se aplica somente lâmina de irrigação necessária numa área (sendo que esta lâmina corresponde à lâmina média), devido à falta de uniformidade, uma fração dessa área é irrigada com excesso, enquanto que em outra fração ocorre déficit de água. Na fração com excesso, uma parte fica armazenada na zona das raízes para uso das plantas e a outra é perdida por percolação profunda, transportando também parte dos nutrientes daquela camada. Na fração com déficit, toda água infiltrada é considerada armazenada na zona radicular, porém, em quantidade inferior às necessidades hídricas das plantas. Por outro lado, se a lâmina média de irrigação aplicada for maior que a necessária, pode-se até eliminar a fração com déficit em irrigação, porém o custo da irrigação sobe, 19 podendo até se tornar inviável economicamente, além de agravar a lixiviação dos nutrientes (ZOCOLER et al., 2004; LIMA, 2009). Keller e Bliesner (1990), citados por Mundim (1996), apresentam uma compreensão prática das implicações da uniformidade de distribuição de água. Citam uma combinação de uniformidade de distribuição com área adequadamente irrigada para fornecer a eficiência de distribuição, apresentando as relações, válida para valores de CUC quando a distribuição de água segue um padrão normal. Por exemplo: para um CUC de 80%, supondo-se que se deseje irrigar adequadamente 75% da área, tem-se que a eficiência de distribuição seria 83%, ou seja, para cada 1 mm de lâmina que se deseja aplicar ao solo, deve-se aspergir 1/0,83 = 1,2 mm de água. Já com um sistema que forneça CUC de 70%, para irrigar adequadamente o mesmo percentual da área, ter-se-ia uma eficiência de aplicação de 75%, ou seja, seriam necessários 1/0,75 = 1,33 mm de água, ou aproximadamente 11% a mais. Bernardo et al. (2005), afirmam que a uniformidade tem efeito no rendimento das culturas, sendo considerado um dos fatores mais importantes na operação dos sistemas de irrigação. 3.3. QUANDO O TESTE É REALIZADO COM CULTURA DE GRANDE PORTE A norma estabelecida pela Hahn e Rosentreter (1989) preconiza que os coletores devem ser localizados de modo a não sofrer interferência da cultura, por isso, recomenda-se realizar o teste antes do plantio ou no máximo quando a cultura ainda estiver com uma altura inferior a do coletor. Quando isso não for possível, ainda existe a possibilidade da disposição dos coletores na estrada de acesso ao ponto pivô. A entrada dos coletores deve ser nivelada e localizada entre 30 e 125 cm acima do solo, respeitando o limite de máximo de 150 cm entre a saída do aspersor e entrada do coletor. É desejável que a velocidade de teste do equipamento seja regulada objetivando coletar pelo menos 12,5 mm de água em média. É claro, que outras velocidades com lâminas menores podem ser utilizadas, desde que as coletas de água sejam realizadas com rapidez suficiente para minimizar as perdas por evaporação. Quando o teste for realizado utilizando apenas uma única linha de coletores, que seja dada preferência para a posição da lateral em aclive, pois, nesta situação, o sistema de bombeamento será mais exigido em relação ao suprimento da pressão necessária para operação adequada dos aspersores localizados na extremidade da lateral. 20 4. MATERIAL E MÉTODOS 4.1. LOCALIZAÇÃO E DESCRIÇÃO DA ÁREA O presente trabalho foi conduzido na Fazenda Ponte Alta (Granol), localizada no município de Silvânia, na região sul do Estado de Goiás, cujo ponto central apresenta latitude de 16°38’35’’ Sul, longitude de 48°36’15’’ Oeste e altitude média de 877 m. O solo é classificado como Franco-argilo-arenoso e o relevo é suavemente ondulado. O clima, segundo Koppen e Geiger, é do tipo Aw, verão chuvoso e inverno seco. A temperatura média anual é de 22,5 °C e a média anual de pluviosidade de 1370 mm (SEPIN, 2009). 4.2. DESCRIÇÃO DO SISTEMA DE IRRIGAÇÃO POR PIVÔ CENTRAL O sistema de irrigação que foi avaliado é o pivô central caracterizado como 8500P da Zimmatic By Lindsay, composto de 6 torres, distanciadas umas das outras de 54,6 m e um vão em balanço de 27,1 m, com um raio total irrigado de 355,2 m abrangendo uma área circular irrigada de 39,65 ha. Os emissores, da marca Senninger modelo super spray, são constituídos com bocais que variam de 1,59 a 10,32 mm, defletores com 36 estrias com ranhuras e placa plana, e estão a uma altura de aproximadamente 2,40 m do solo e montados com regulados de pressão de 10 PSI. A água é bombeada por meio de um motor elétrico da marca WEG W22 Plus de 125 cv, com 1785 rpm e rendimento nominal efetivo de 94,9%. 4.3. LEVANTAMENTO DOS DADOS DE CAMPO Para a determinação da uniformidade de distribuição de água do sistema de irrigação foi utilizado um kit composto de 50 pluviômetros (cada coletor tem 80 mm de diâmetro e 102 mm de altura), da marca Fabrimar, fixados radialmente, em hastes metálicas a 0,7 m de altura do solo, direcionados para a parte de maior aclive da área, pois, é o ponto crítico de dimensionamento hidráulico do pivô central e proveta graduada. Os coletores foram numerados em ordem crescente, a partir do centro e espaçados entre si de 7 em 7 m (BERNARDO et al., 2005). Foi utilizada apenas uma única linha de coletores, sendo estes localizados em linha reta, não sendo recomendado espaçamento inferior a 4,5 m conforme ilustrado nas (Figuras 1 e 2). 21 FIGURA 1 - Coletores instalados para realização do teste de uniformidade. FIGURA 2 - Esquema de posicionamento radial dos coletores para avaliação da água aplicada em sistemas irrigados por pivô-central. Fonte: HAHN e ROSENTRETER (1989). 22 Foram utilizados também alguns critérios da metodologia, atendendo os requesitos descritos na norma ABNT NBR 14244 (1998), sobre a Determinação da Uniformidade de Distribuição de água para pivôs centrais, que segue: Foram verificadas, visualmente, as condições de funcionamento dos motoredutores, redutores de roda e pneus em toda extensão do equipamento. Após o sistema ser ligado foram avaliados os possíveis problemas e vazamentos na parte aérea, adutora, sucção e kit de aspersão. Foi aferido o relé percentual que controla o tempo de funcionamento da última torre, onde o equipamento foi regulado com o relé percentual em 35%, o qual apresenta uma lâmina de irrigação de 13,57 mm conforme o catálogo fabricante. O teste foi realizado no período da manhã por volta das 9 horas, devido à incidência do sol ser menor, (Figura 3). Os dados de temperatura, umidade relativa do ar e velocidade do vento, foram adquiridos no site da (SIMEHGO, 2015). FIGURA 3 - Leituras das lâminas coletadas com o auxílio de uma proveta graduada. Para determinar as perdas por evaporação que ocorreram durante o teste foram separados dois coletores com volume de água conhecido, próximo à área do pivô central onde foi medido o volume de água e a diferença correspondeu à perda de água por evaporação. Assim, este valor foi acrescido às leituras em todos os coletores sob o pivô. 23 4.4. AVALIAÇÃO DA UNIFORMIDADE DE DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA Os coeficientes utilizados para o cálculo da uniformidade de distribuição foram o coeficiente de uniformidade de Christiansen (CUC), o coeficiente de uniformidade de distribuição (CUD), o coeficiente de uniformidade estatístico (CUE), o coeficiente de uniformidade absoluta (CUA) e o coeficiente de uniformidade de Hart (CUH), conforme descritos nas equações 1, 2, 3, 4 e 5 respectivamente, onde os coletores de água foram dispostos radialmente e cada coletor representa uma faixa irrigada circular que é função de sua distância radial. A interpretação dos valores dos coeficientes de uniformidade (CUC, CUD e CUE) foi baseada na metodologia adaptada por Mantovani (2001) que está apresentada na Tabela 1, enquanto o valor do coeficiente de uniformidade (CUA) na metodologia de Bralts (1986), conforme Tabela 2. TABELA 1 - Classificação do sistema de aspersão quanto aos coeficientes de uniformidade. * CLASSIFICAÇÃO CUC (%)* CUD (%) CUE (%) Excelente >90 >84 100 – 95 Bom 80 – 90 68 – 84 90 – 85 Razoável 70 – 80 52 – 68 80 – 75 CUC (%): Coeficiente de uniformidade de Christiansen; CUD (%): Coeficiente de uniformidade de Distribuição; CUE (%): Coeficiente de uniformidade Estatístico. Fonte: Mantovani (2001). TABELA 2 - Classificação quanto ao coeficiente de uniformidade absoluta. CLASSIFICAÇÃO CUA (%)* Excelente >90 Bom 80 – 90 Regular 70 – 80 Ruim <70 *CUA (%): Coeficiente de uniformidade Absoluta. Fonte: Bralts (1986). 24 4.5. ANÁLISE ESTATÍSTICA Os dados coletados foram submetidos à análise de variância através do Teste F. Foi utilizado o delineamento experimental inteiramente casualizado (DIC), com 5 tratamentos e 4 repetições, foi aplicado o Teste de Tukey para a comparação das médias, ao nível de 5% de probabilidade, utilizando-se o pacote estatístico SISVAR (FERREIRA, 2011). 25 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 5.1. CARACTERIZAÇÃO E CONDIÇÕES DE OPERAÇÃO DO PIVÔ CENTRAL Na Tabela 3, encontram-se os dados coletados e calculados referentes às condições de operação do pivô no campo nos dias das avaliações. Os dados de caracterização nos dias de avaliação foram: área irrigada (AI), raio total (RT), regulagem do percentímetro (P), tempo de operação (To), tempo por volta com o percentímetro regulado a 35% (T/V), lâmina bruta (Lb), vazão total (QT) e vazão por hectare (Q/ha). TABELA 3 - Caracterização do pivô central nas condições em estudo. Equipamento Pivô AI RT P To T/V Lb QT Q/ha (ha) (m) (%) (h) (h:min) (mm) (m3.h-1) (m3.h-1) 39,65 355,2 35 21 21:55 13,57 247,80 6,25 26 A Tabela 4 apresenta as lâminas de água aplicadas e o tempo de irrigação necessário para cada regulagem do percentímentro. TABELA 4 - Lâmina aplicada e tempo de irrigação para cada regulagem do percentímetro. Percentímetro Lâmina Bruta Tempo/Volta ½ volta (%) (mm) (h:min) (h:min) 100 4,75 7:40 3:50 95 5,00 8:5 4:2 90 5,28 8:32 4:16 85 5,59 9:2 4:31 80 5,94 9:36 4:48 75 6,33 10:14 5:7 70 6,79 10:58 5:29 65 7,31 11:48 5:54 60 7,92 12:47 6:24 55 8,64 13:57 6:59 50 9,50 15:21 7:40 45 10,56 17:3 8:32 40 11,88 19:11 9:36 35 13,57 21:55 10:58 30 15,83 25:35 12:47 25 19,00 30:42 15:21 20 23,75 38:22 19:11 15 31,67 51:9 25:35 10 47,50 76:44 38:22 5 95,00 153:28 76:44 27 5.2. DADOS CLIMÁTICOS NOS DIAS DAS AVALIAÇÕES O teste foi realizado no período da manhã por volta das 9 horas, devido à incidência do sol ser menor. Os dados de temperatura, umidade relativa do ar e velocidade do vento, estão descritos na Tabela 5. TABELA 5 - Dados de temperatura (ºC), umidade relativa do ar (%) e velocidade do vento (m.s-1). * Dias de avaliações Temp. Méd*. (ºC) Umd. Relat. Ar Méd. (%) Vel. Vento (m.s-1) 12/05/2015 18,4 91,5 3,4 27/05/2015 22,3 60,5 5,6 28/05/2015 22,4 77,5 6,4 01/06/2015 23,4 62,5 4,2 Temp. Méd. (°C): Temperatura média do ar; Umd. Relat. Ar Méd. (%): Umidade relativa do ar média; Vel. Vento (m.s-1): Velocidade do vento. Fonte: SIMEHGO (2015). 5.3. UNIFORMIDADE DE DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA Na Tabela 6 encontram-se os valores dos coeficientes de uniformidade CUC por Christiansen (1942); CUE por Wilcox e Swailes (1947); CUD pelo serviço de Conservação do Solo dos Estados Unidos, Kruse (1978); CUA por Karmeli e Keller (1975) e CUH por Hart (1961). TABELA 6 - Cálculos dos coeficientes de uniformidade de aplicação das lâminas de água. * Pivô Central Teste 1 CUC (%)* 80,18 CUE (%) 76,13 CUD (%) 74,16 CUA (%) 72,17 CUH (%) 80,95 Teste 2 81,41 77,16 73,93 72,39 81,78 Teste 3 80,61 76,38 73,17 71,78 81,15 Teste 4 80,61 76,06 72,75 71,55 80,90 CUC (%): Coeficiente de uniformidade de Christiansen; CUE (%): Coeficiente de uniformidade Estatístico; CUD (%): Coeficiente de uniformidade de Distribuição; CUA (%): Coeficiente de uniformidade Absoluta; CUH (%): Coeficiente de uniformidade de Hart. Pelo resultado da análise de variância pode-se constatar que os cinco tratamentos estudados (coeficientes de uniformidade de distribuição de água) em relação à porcentagem de uniformidade de distribuição de água, tiveram diferença significativa entre si, conforme a Tabela 7. 28 TABELA 7 – Estimativa do quadrado médio (QM) da análise de variância para cinco coeficientes de uniformidade de distribuição de água num pivô central no município de Silvânia – GO. Fonte de variação G.L. S.Q. Q.M. Fc F Tratamento 4 275,4936 68,8734 274,4560 0,0000* Resíduo 15 3,7641 0,2509 Total 19 279,2578 CV (%) = 0,65 Média Geral (%) = 76,7615 *significativo a 1% de probabilidade (p<0,01). Na Tabela 8 estão os valores médios dos coeficientes de uniformidade onde, verificou-se que houve diferença significativa a 1% de probabilidade. TABELA 8 – Valores médios dos coeficientes de uniformidade de distribuição de água e classificação dos ensaios de uniformidade de lâminas de irrigação num pivô central no município de Silvânia – GO. * Tratamentos CUH* Médias 81,20 a* Classificação Bom CUC 80,70 a Bom CUE 76,43 b Razoável CUD 73,50 c Bom CUA 71,97 d Regular CUH (%): Coeficiente de uniformidade de Hart; CUC (%): Coeficiente de uniformidade de Christiansen; CUE (%): Coeficiente de uniformidade Estatístico; CUD (%): Coeficiente de uniformidade de Distribuição; CUA (%): Coeficiente de uniformidade Absoluta. * Médias seguidas da mesma letra não diferem estatisticamente, pelo teste de Tukey (p<0,01). Observou-se que os coeficientes de uniformidade CUH e CUC não diferiram significativamente, apresentando valores bem próximos, indicando que a lâmina aplicada pelo pivô tem distribuição normal. Segundo Coelho (1990), caso os valores coletados tenham uma distribuição normal, então o valor de CUC é igual ao valor de CUH. Rodrigues et al. (1997), realizaram uma pesquisa visando avaliar a sensibilidade de alguns coeficientes de uniformidade aos fatores operacionais, como por exemplo, o número de coletores, as lâminas coletadas nos pluviômetros, etc., concluíram que o CUC, proposto por Christiansen (1942), o CUH, proposto por Hart (1961) foram os coeficientes menos sensíveis a essas mudanças. Conforme a Tabela 6 os valores dos coeficientes de uniformidade variaram de 80,90 a 81,78% para CUH e de 80,18 a 81,41% para CUC, enquanto, as médias foram 81,20% e 29 80,70% respectivamente (Tabela 8), sendo estes valores considerados bons, conforme a classificação proposta por Mantovani (2001), conforme a Tabela 1. Valores de CUC acima de 80% são aceitáveis para uma adequada distribuição de lâminas de água ao longo da linha lateral do sistema de irrigação tipo pivô central. Contudo, estes valores de CUC estão abaixo do recomendado por Bernardo et al. (2005) que para pivô central, consideram apropriados somente valores acima de 90%, quando a cultura apresenta alto valor comercial e sistema radicular pouco desenvolvido. O valor médio encontrado para CUD foi de 73,50%, considerado bom, conforme a classificação proposta por Mantovani (2001), o fato de ser um valor menor quando comparado aos demais e ter uma classificação considerada como boa, pode ser devido ao critério de cálculo que considera apenas 25% da área que recebeu menos água. Comparando-se os coeficientes calculados, verifica-se como o CUD é sensível às variações na distribuição de água de um sistema de irrigação, essa observação foi realizada por Souza et al. (2006) em avaliações de sistemas de irrigação por aspersão. Para CUE encontrou-se um valor médio de 76,43%, considerado como regular por Mantivani (2001), que assemelha-se aos estudos realizados por Paulino et al. (2009) onde ao analisar quatro diferentes métodos de coeficiente de uniformidade que utilizam o sistema de irrigação por aspersão encontraram resultados que se enquadravam na classificação como regular. Para CUA encontrou-se um valor médio de 71,97% considerado como regular, conforme a classificação proposta por Bralts (1986), conforme a Tabela 2, sendo o menor coeficiente encontrado. Este fato pode ter ocorrido devido o modelo considerar apenas 25% da área que recebeu menos água e 12,5% da área que recebeu mais água. Diversos trabalhos apresentados na literatura mostram que o CUC e o CUH quando iguais proporciona maior valor de uniformidade que o CUD (COSTA, 2006; ROCHA et al., 1999; REZENDE et al., 1998). Rezende (1992) afirma que o fato do CUD ser sempre menor que CUC é inerente às variáveis das equações utilizadas na determinação desses coeficientes, pois no cálculo de CUD consideram-se apenas 25% da área que recebeu menos água. Rocha et al. (1999), trabalhando com o sistema de irrigação por aspersão e avaliando a uniformidade de aplicação de água utilizando diferentes equações, observaram, em três testes, que os valores calculados se apresentaram na seguinte ordem decrescente: CUC, CUH, CUE, CUD , respectivamente, muito semelhante ao valores encontrados nesse estudo que foram, CUH, CUC, CUE, CUD E CUA em ordem decrescente. 30 6. CONCLUSÕES Os coeficientes de uniformidade, Coeficiente de Uniformidade de Christiansen, Coeficiente de Uniformidade de Hart e Coeficiente de Uniformidade de Distribuição foram classificados como bons, enquanto o Coeficiente de Uniformidade Estatístico e o Coeficiente de Uniformidade Absoluta, classificados como regulares. Estatisticamente o Coeficiente de Uniformidade de Christiansen foi igual ao Coeficiente de Uniformidade de Hart indicando que a lâmina aplicada pelo pivô tem distribuição normal. CUC, proposto por Christiansen (1942), o CUH, proposto por Hart (1961), foram os coeficientes menos sensíveis a mudanças operacionais. Nenhum dos coeficientes de uniformidade encontrados apresentou-se na faixa de classificação como excelente, devendo realizar identificação dos erros atuais neste funcionamento. 31 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14244: Equipamentos de irrigação mecanizada – Pivô central e lateral móvel providos de emissores fixos ou rotativos – Determinação da uniformidade de distribuição de água. Rio de Janeiro, 1998. BASTOS, E. A.; ANDRADE JÚNIOR, A. S.; SOUSA, V. F. Manejo de Irrigação. Águas do São Francisco, 2009. 36p. BERNARDO, S.; SOARES, A. A.; MANTOVANI, E. C. Manual de irrigação. 7. ed. Viçosa: Editora UFV, 2005. 611p. BERNARDO, S.; SOARES, A. A.; MANTOVANI, E. C. Manual de irrigação. 8. ed. Viçosa: Editora UFV, 2006. 625p. BRALTS, V. F. Field performance and evaluation. In: NAKAYAMA, F. S.; BUCKS, D. A. (Ed.) 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