PORTUGUÊS - 2o ANO MÓDULO 50 MODERNISMO: PRIMEIRA GERAÇÃO — PARTE 2 Como pode cair no enem Leia atentamente o poema transcrito e assinale a opção incorreta. Antologia A vida Não vale a pena e a dor de ser vivida. Os corpos se entendem mas as almas não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino. Vou-me embora p’ra Pasárgada! Aqui eu não sou feliz. Quero esquecer tudo: — A dor de ser homem... Este anseio infinito e vão De possuir o que me possui. Quero descansar Humildemente pensando na vida e nas mulheres [que amei... Na vida inteira que podia ter sido e que não foi. Quero descansar. Morrer. Morrer de corpo e de alma. Completamente. (Todas as manhas o aeroporto em frente me dá lições de partir) Quando a Indesejada das gentes chegar Encontrará lavrado o campo, a casa limpa. A mesa posta, Com cada coisa em seu lugar. (BANDEIRA, Manuel, Estrela da vida inteira. 20 ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993. Texto da 4a capa.) a) Pode-se considerar Antologia como uma paródia dos poemas mais significativos da obra de Manuel Bandeira. b) A técnica da colagem, aqui utilizada, só foi possível pela temática comum aos poemas selecionados. c) Manuel Bandeira foi bem sucedido ao integrar formas de língua coloquial à linguagem poética e ao “exprimir com grande simplicidade conteúdos humanos profundos” (Infante). d) Os senso de humor e a ironia, característicos do poeta, estão presentes em Antologia, marcadamente no 4o verso. Fixação F 1) 2 t Meu avô foi buscar prata mas a prata virou índio. Meu avô foi buscar índio mas o índio virou ouro. Meu avô foi buscar ouro mas o ouro virou terra. Meu avô foi buscar terra e a terra virou fronteira. Meu avô, ainda intrigado, foi modelar a fronteira: E o Brasil tomou forma de harpa. Metamorfose (CASSIANO, Ricardo. A literatura brasileira através dos textos.) a) Identifique os dados da história do Brasil presentes no texto. b) Cassiano Ricardo chegou a participar do Movimento Verde-Amarelo. Explique que características desse movimento encontramos no poema. Fixação 2) Leia o texto abaixo e reconheça nele dois traços próprios da poética modernista: (...) A vista renasce na manhã bonita Pauliceia lá embaixo epiderme áspera Ambarizada pelo Sol vigoroso, Com o sangue do trabalho correndo nas veias das ruas Fumaça bandeirinha Torres Cheiros Barulhos E fábricas... Naquela casa mora, Mora, ponhamos: Guaraciaba... A dos cabelos fogaréu!... Os bondes meus amigos íntimos Que diariamente me acompanham pro trabalho... Minha casa... É tão grande a manhã! É tão respirar! É tão gostoso gostar da vida!... A própria dor é uma felicidade! Fixação 3) F 4 Irene no céu Irene preta Irene boa Irene sempre de bom humor. Imagino Irene entrando no céu: — Licença, meu branco! E São Pedro bonachão: — Entra, Irene. Você não precisa pedir licença! (Libertinagem. In Poesia Completa e prosa) a) Indique os elementos mais próprios da prosa e mais próprios da poesia presentes no texto. b) Indique três características da 1a fase do Modernismo presentes no poema. Fixação 4) Mulher, Irmã, escuta-me: não ames. Quando a teus pés um homem terno e curvo Jurar amor, chorar pranto de sangue. Não creias, não, mulher, ele engana! As lágrimas são gotas da mentira E o juramento manto da perfídia. (Joaquim M. de Macedo) Teresa, se algum sujeito bancar o sentimental em cima de você e te jurar uma paixão do tamanho de um bonde se ele chorar se ele se ajoelhar se ele se rasgar todo não acredita não Teresa é lágrima de cinema é tapeação CAI FORA. (Manuel Bandeira) a) Observe a retomada realizada por Manuel Bandeira do texto romântico. Qual o recurso empregado nessa intertextualidade? b) Faça uma comparação entre a postura do eu lírico romântico e a do modernista. Fixação Com base no texto, responda as questões de 5 a 7. — Xi, Gaetaninho, como é bom! Gaetaninho ficou banzando bem no meio da rua. O Ford quase o derrubou e ele não viu o Ford. O carroceiro disse um palavrão e ele não ouviu o palavrão. — Eh! Gaetaninho! Vem pra dentro. Grito materno sim: até filho surdo escuta. Virou o rosto tão feio de sardento, viu a mãe e viu o chinelo. — Subito! Foi-se chegando devagarinho, devagarinho. Fazendo beicinho. Estudando o terreno. Diante da mãe e do chinelo parou. Balançou o corpo. Recurso de campeão de futebol. Fingiu tomar a direita. Mas deu meia volta instantânea e varou pela esquerda porta adentro. Êta salame de mestre! Ali na Rua Oriente a ralé quando muito andava de bonde. De automóvel ou carro só mesmo em dia de enterro. De enterro ou de casamento. Por isso mesmo o sonho de Gaetaninho era de realização muito difícil. Um sonho. O Beppino por exemplo. O Beppino naquela tarde atravessara de carro a cidade. Mas como? Atrás da tia Peronetta que se mudava para o Araçá. Assim também não era vantagem. Mas se era o único meio? Paciência. Gaetaninho enfiou a cabeça embaixo do travesseiro. Que beleza, rapaz! Na frente quatro cavalos pretos empenachados levavam a tia Filomena para o cemitério. Depois o padre. Depois o Savério noivo dela de lenço nos olhos. Depois ele. Na boleia do carro. Ao lado do cocheiro. Com a roupa marinheira e o gorro branco onde se lia: ENCOURAÇADO SÃO PAULO. Não. Ficava mais bonito de roupa marinheira mas com a palhetinha nova que o irmão lhe trouxera de fábrica. E ligas pretas segurando as meias. Que beleza, rapaz! Dentro do carro o pai os dois irmãos mais velhos (um de gravata vermelha, outro de gravata verde) e o padrinho Seu Salomone. Muita gente nas calçadas, nas portas e nas janelas dos palacetes, vendo o enterro. Sobretudo admirando o Gaetaninho. Mas Gaetaninho ainda não estava satisfeito. Queria ir carregando o chicote. O desgraçado do cocheiro não queria deixar. Nem por um instantinho só. Gaetaninho ia berrar mas a tia Filomena com a mania de cantar o “Ahi, Mari!” todas as manhãs o acordou. — Traga a bola! Gaetaninho saiu correndo. Antes de alcançar a bola um bonde o pegou. Pegou e matou. No bonde vinha o pai do Gaetaninho. A gurizada assustada espalhou a notícia na noite. — Sabe o Gaetaninho? — Que é que tem? — Amassou o bonde! A vizinhança limpou com benzina suas roupas domingueiras. Às dezesseis horas do dia seguinte saiu um enterro da Rua do Oriente e Gaetaninho não ia na boleia de nenhum dos carros do acompanhamento. Ia no da frente dentro de um caixão fechado com flores pobres por cima. Vestia a roupa marinheira, tinha as ligas, mas não levava a palhetinha. Quem na boleia de um dos carros do cortejo mirim exibia soberbo terno vermelho que feria a vista da gente era o Beppino. (MACHADO, Antônio de Alcântara) 5) De acordo com o texto há mobilidade social? F 6 Fixação 6) Que elementos futuristas estão presentes no texto? Fixação 7) O verbo “amassar” assemelha-se ao verbo “matar” em italiano (ammazzare). De que forma o autor explorou essa semelhança? F Fixação São Paulo 10 de Novembro, 1924 Meu caro Carlos Drummond (...) Eu sempre gostei muito de viver, de maneira que nenhuma manifestação da vida me é indiferente. Eu tanto aprecio uma boa caminhada a pé até o alto da Lapa como uma tocata de Bach e ponho tanto entusiasmo e carinho no escrever um dístico que vai figurar nas paredes dum bailarico e morrer no lixo depois como um romance a que darei a impassível eternidade da impressão. Eu acho, Drummond, pensando bem, que o que falta pra certos moços de tendência modernista brasileiros é isto: gostarem de verdade da vida. Como não atinaram com o verdadeiro jeito de gostar da vida, cansam-se, ficam tristes ou então fingem alegria o que ainda é mais idiota do que ser sinceramente triste. Eu não posso compreender um homem de gabinete e vocês todos, do Rio, de Minas, do Norte me parecem um pouco de gabinete demais. Meu Deus! se eu estivesse nessas terras admiráveis em que vocês vivem, com que gosto, com que religião eu caminharia sempre pelo mesmo caminho (não há mesmo caminho pros amantes da Terra) em longas caminhadas! Que diabo! estudar é bom e eu também estudo. Mas depois do estudo do livro e do gozo do livro, ou antes vem o estudo e gozo da ação corporal. (...) E então parar e puxar conversa com gente chamada baixa e ignorante! Como é gostoso! Fique sabendo duma coisa, se não sabe ainda: é com essa gente que se aprende a sentir e não com a inteligência e a erudição livresca. Eles é que conservam o espírito religioso da vida e fazem tudo sublimemente num ritual esclarecido de religião. Eu conto no meu Carnaval carioca um fato a que assisti em plena Avenida Rio Branco. Uns negros dançando o samba. Mas havia uma negra moça que dançava melhor que os outros. Os jeitos eram os mesmos, mesma habilidade, mesma sensualidade mas ela era melhor. Só porque os outros faziam aquilo um pouco decorado, maquinizado, olhando o povo em volta deles, um automóvel que passava. Ela, não. Dançava com religião. Não olhava pra lado nenhum. Vivia a dança. E era sublime. Este é um caso em que tenho pensado muitas vezes. Aquela negra me ensinou o que milhões, milhões é exagero, muitos livros não me ensinaram. Ela me ensinou a felicidade. (ANDRADE, Mário de. A lição do amigo: cartas de Mário de Andrade a Carlos Drummond de Andrade. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1982, pp. 3-5.) Inúmeros são os casos de troca de correspondência entre artistas, escritores, músicos, cineastas, teatrólogos e homens comuns em nossa tradição literária. Mário de Andrade, por exemplo, foi talvez o maior de nossos missivistas. Escreveu e recebeu cartas de Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, Tarsila do Amaral, Câmara Cascudo, Pedro Nava, Fernando Sabino, só para citar alguns. O conjunto de sua correspondência não só nos ajuda a conhecer o seu pensamento, seus valores e sua própria vida, como também entender boa parte da história e da cultura brasileira do século XX. (DINIZ, Júlio. “Cartas: narrativas do eu e do mundo” In Leituras compartilhadas cartas. Fascículo especial 2, ano 4. Rio de Janeiro: Leia Brasil / Petrobras, 2004, p.10. ) 8) A partir da leitura do trecho da carta de Mário a Drummond e do comentário acima, responda aos seguintes itens: a) Percebe-se na carta uma crítica direta a uma certa postura elitista em relação à arte e à vida de grande parte da intelectualidade brasileira da época. Retire do texto duas passagens que comprovam tal afirmação. b) Comente, com suas próprias palavras, a visão que Mário de Andrade possui das manifestações estéticas oriundas do povo. Fixação F 9) Mário de Andrade, ao comentar um trecho de seu poema Carnaval Carioca, demonstra en-1 canto por uma moça que, segundo ele, “dançava com religião”. Explique, com suas palavras,i o que seria, na visão do autor, “dançar com religião”. p a b Fixação 10) Retirado do contexto, o trecho “não há mesmo caminho pros amantes da Terra” pode ser interpretado de duas maneiras distintas, considerando-se diferentes acepções atribuídas à palavra mesmo. a) Quais são as interpretações possíveis? b) Qual é interpretação mais adequada à carta de Mário de Andrade? Justifique a sua resposta. Proposto A sociedade — Filha minha não casa com filho de carcamano! A esposa do Conselheiro José Bonifácio de Matos e Arruda disse isso e foi brigar com o italiano das batatas. Teresa Rita misturou lágrimas com gemidos e entrou no seu quarto batendo a porta. O Conselheiro José Bonifácio limpou as unhas com o palito, suspirou e saiu de casa abotoando o fraque. O esperado grito do cláxon fechou o livro de Henri Ardel e trouxe Teresa Rita do escritório para o terraço. O Lancia passou como quem não quer. Quase parando. A mão enluvada cumprimentou com o chapéu Borsalino. Uiiiiia uiiiiia! Adriano Melli calcou o acelerador. Na primeira esquina fez a curva. Veio voltando. Passou de novo. Continuou. Mais duzentos metros. Outra curva. Sempre na mesma rua. Gostava dela. Era a Rua da Liberdade. Pouco antes do número 259-C, já sabe: uiiiiia — uiiiiia! — O que você está fazendo aí no terraço, menina? — Então nem tomar um pouco de ar eu posso mais? Lancia Lambda, vermelhinho, resplendente, pompeando na rua. Vestido do Camilo, verde, grudado à pele, serpejando no terraço. — Entre já para dentro ou eu falo com seu pai quando ele chegar! — Ah meu Deus, meu Deus, que vida, meu Deus! Adriano Melli passou outras vezes ainda. Estranhou. Desapontou. Tocou para a Avenida Paulista. Na orquestra o negro de casaco vermelho afastava o saxofone da beiçorra para gritar: Dizem que Cristo nasceu em Belém... Porque os pais não a haviam acompanhado (abençoado furúnculo inflamou o pescoço do Conselheiro José Bonifácio) ela estava achando um suco aquela vesperal do Paulistano. O namorado ainda mais. Os pares dançarinos maxixavam colados. No meio do salão eram um bolo tremelicante. Dentro do círculo palerma de mamães, moças feias e moços enjoados. A orquestra preta tonitroava. Alegria de vozes e sons. Palmas contentes prolongaram o maxixe. O banjo é que ritmava os passos. — Sua mãe me fez ontem uma desfeita na cidade. — Não! — Como não? Sim senhora. Virou a cara quando me viu. ...mas a história se enganou! As meninas de ancas salientes riam porque os rapazes contavam episódios de farra muito engraçados. O professor da Faculdade de Direito citava Rui Barbosa para um sujeitinho de óculos. Sob a vaia do saxofone: turururu-turururum! — Meu pai quer fazer um negócio com o seu. — Ah sim? Cristo nasceu na Bahia, meu bem... O sujeitinho de óculos começou a recitar Gustave Le Bon mas a destra espalmada do catedrático o engasgou. Alegria de vozes e sons. ... e o baiano criou! — Olhe aqui, Bonifácio: se esse carcamano vem pedir a mão de Teresa para o filho, você aponte o olho da rua para ele, compreendeu? — Já sei, mulher, já sei. Caetano. Cousas de herança. Não lhe davam renda alguma. O Cav. Uff. tinha a sua fábrica ao lado. 1.200 teares. 36.000 fusos. Constituíam uma sociedade. O conselheiro entrava com os terrenos. O Cav. Uff. com o capital. Arruavam os trinta alqueires e vendiam logo grande parte para os operários da fábrica. Lucro certo, mas que certo, garantidíssimo. — É. Eu já pensei nisso. Mas sem capital o senhor compreende é impossível... — Per Bacco, doutor! Mas io tenho o capital. O capital sono io. O doutor entra com o terreno, mais nada. E o lucro se divide no meio. O capital acendeu um charuto. O Conselheiro coçou os joelhos disfarçando a emoção. A negra de broche serviu o café. — Dopo o doutor me dá a resposta. Io só digo isto: pense bem. O capital levantou-se. Deu dois passos. Parou. Meio embaraçado. Apontou para um quadro. — Bonita pintura. Pensou que fosse obra de italiano. Mas era de francês. — Francese? Não é feio non. Serve. Embatucou. Tinha qualquer coisa. Tirou o charuto da boca, ficou olhando para a ponta acesa. Deu um balanço no corpo. Decidiu-se. — Ia dimenticando de dizer. O meu filho fará o gerente da sociedade... Sob minha direção, si capisce. — Sei, sei... O seu filho? — Si. O Adriano. O doutor... mi pare... mi pare que conhece ele? O silêncio do Conselheiro desviou os olhos do Cav. Uff. na direção da porta. — Repito un’altra vez: o doutor pense bem. O Isotta Fraschini esperava-o todo iluminado. — E então? O que devo responder ao homem? — Faça como entender, Bonifácio... — Eu acho que devo aceitar. — Pois aceite... E puxou o lençol. A outra proposta foi feita de fraque e veio seis meses depois. O Conselheiro José Bonifácio de Matos e Arruda e senhora O Cav. Uff. Salvatore Melli e senhora têm a honra de participar a V. Exa. e Exma. família o contrato de casamento de sua filha Teresa Rita com o Sr. Adriano Melli. Rua da Liberdade, no 259-C. têm a honra de participar a V. Exa. e Exma. família o contrato de casamento de seu filho Adriano com a Senhorita Teresa Rita de Matos Arruda. Rua da Barra Funda, no 427. S.Paulo, 19 de fevereiro de 1927. Mas era cousa muito diversa. O Cav. Uff. Salvatore Melli alinhou algarismos torcendo a bigodeira. Falou como homem de negócios que enxerga longe. Demonstrou cabalmente as vantagens econômicas de sua proposta. No chá do noivado o Cav. Uff. Adriano Melli na frente de toda a gente recordou à mãe de sua futura nora os bons tempinhos em que lhe vendia cebolas e batatas. Olio di Lucca e bacalhau português, quase sempre fiado e até sem caderneta. — O doutor... — Eu não sou doutor, Senhor Melli. — Parlo assim para facilitar. Non é para ofender. Primo o doutor pense bem. E poi me dê a sua resposta. Domani, dopo domani, na outra semana, quando quiser. Io resto à sua disposição. Ma pense bem! Renovou a proposta e repetiu os argumentos pró. O conselheiro possuía uns terrenos em São (MACHADO, Antônio de Alcântara. Brás, Bexiga e Barra Funda e outros contos. São Paulo. Moderna, 1997.) P 1 Proposto 1) Que rivalidade social está presente no conto? Proposto 2) Que influência futurista o texto apresenta? Proposto 3) (PUC) Pensão familiar Jardim da pensãozinha burguesa. Gatos espaçados ao sol. A tiririca sitia os canteiros chatos. O sol acaba de crestar as boninas que murcharam. Os girassóis amarelo! resistem. E as dálias, rechonchudas, plebeias, dominicais. Um gatinho faz pipi. Com gestos de garçom de restaurante - Palace Encobre cuidadosamente a mijadinha. Sai vibrando com elegância a patinha direita: — É a única criatura fina na pensãozinha burguesa. O poema acima é de Manuel Bandeira e integra a obra Libertinagem. Do ponto de vista de sua construção, não se pode afirmar que: a) é enfaticamente descritivo na primeira parte e caracteriza o cenário natural, valendo-se, principalmente, de frases nominais; b) sugere atmosfera afetuosa e terna caracterizada pelo uso expressivo do diminutivo; c) opera o procedimento narrativo de tal forma a conciliá-lo com o descritivo, sem, no entanto, reduzi-lo a um mero pano de fundo; d) carece de exploração visual e perde poeticidade em deslizes semânticos e sintáticos; e) ilumina e colore o poema e a página, que se contaminam pela força invasora do amarelo. Proposto Com base no texto abaixo, responda às questões 4 e 5: Teresa A primeira vez que vi Teresa Achei que ela tinha pernas estúpidas Achei também que a cara parecia uma perna Quando vi Teresa de novo Achei que os olhos eram muito mais velhos que o [resto do corpo (Os olhos nasceram e ficaram dez anos esperando [que o resto do corpo nascesse) Da terceira vez não vi mais nada Os céus se misturaram com a terra E o espírito de Deus voltou a se mover sobre a [face das águas. (Manuel Bandeira) 4) O tratamento romântico desse poema afasta-se de que forma do que era comum no Romantismo? Proposto 5) Na terceira estrofe, continua sendo grotesca a visão de Teresa? - Proposto Carnaval carioca Eu mesmo... Eu mesmo, Carnaval... Eu te levava uns olhos novos Pra serem lapidados em mil sensações bonitas, Meus lábios murmurejando de comoção assustada Haviam de ter puríssimo destino... É que sou poeta E na banalidade larga dos meus cantos Fundir-se-ão de mãos dadas alegrias e tristuras, [bens e males, Todas as coisas finitas Em rondas aladas sobrenaturais. Ânsia heroica dos meus sentidos Pra acordar o segredo de seres e coisas. Eu colho nos dedos as rédeas que param o infrene [das vidas, Sou o compasso que une todos os compassos, E com a magia dos meus versos Criando ambientes longínquos e piedosos Transporto em realidades superiores A mesquinhez da realidade. Eu bailo em poemas, multicolorido! Palhaço! Mago! Louco! Juiz! Criancinha! Sou dançarino brasileiro! Sou dançarino e danço! E nos meus passos [conscientes Glorifico a verdade das coisas existentes Fixando os ecos e as miragens. Sou um tupi tangendo um alaúde E a trágica mixórdia dos fenômenos terrestres Eu celestizo em eurritmias soberanas, Ôh encantamento da Poesia imortal!... Onde que andou minha missão de poeta, Carnaval? Puxou-me a ventania, Segundo círculo do Inferno, Rajadas de confetes Hálitos diabólicos perfumes Fazendo relar pelo corpo da gente Semiramis Marília Helena Cleópatra e Francesca. Milhares de Julietas! Domitilas fantasiadas de cow-girls, Isoldas de pijama bem francesas, Alzacianas portuguesas holandesas... Geografia Êh liberdade! Pagodeira grossa! É bom gozar! Levou a breca o destino do poeta, Barreei meus lábios com o carmim doce dos dela... (...) Carnaval ... Porém nunca tive intenção de escrever sobre ti... Morreu o poeta e um gramofone escravo Arranhou discos de sensações... (ANDRADE, Mário de. Poesias completas. São Paulo & Belo Horizonte: Martins & Itatiaia, 1980.) Glossário: 1) infrene: desenfreado. 2) alaúde: instrumento musical. 3) mixórdia: confusão. 4) eurritmia: harmonia. 5) barrear: untar. 6) O fragmento do poema de Mário de Andrade expressa um tipo de proposta que difere do projeto parnasiano de trabalhar com temas sérios, clássicos ou grandiosos. É que sou poeta E na banalidade larga dos meus cantos Fundir-se-ão de mãos dadas alegrias e tristuras, bens e males, Todas as coisas finitas Em rondas aladas sobrenaturais. (texto I – versos 6 a 10) a) Redigindo sua resposta em, no máximo, duas frases completas, aponte a diferença entre o projeto parnasiano e o que está expresso no fragmento acima. b) Explique, em uma frase completa, a atitude do autor quanto à metrificação e relacione-a ao estilo de época a que pertence este texto. Proposto s Arte de amar Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a [tua alma. A alma é que estraga o amor. Só em Deus ela pode encontrar satisfação. Não noutra alma. Só em Deus — ou fora do mundo. As almas são incomunicáveis. Deixa teu corpo entender-se com outro corpo. Porque os corpos se entendem, mas as almas não. (BANDEIRA, Manuel. Estrela da vida inteira: poesias reunidas. Rio de Janeiro: José Olympio, 1974) 7) O texto é representativo de um movimento estético literário que rompe com a tradição lírica dominante no Brasil até as duas primeiras décadas do século XX. Identifique esse movimento estético literário e aponte um aspecto temático do texto que caracteriza a referida ruptura. . Proposto 8) Leia: Os modernistas de 1922 nunca se consideraram componentes de uma escola, nem afirmaram ter postulados rigorosos em comum. O que os unificava era um grande desejo de expressão livre e a tendência para transmitir, sem os embelezamentos tradicionais do academismo, a emoção pessoal e a realidade do país. (CANDIDO, Antonio e CASTELLO, José Aderaldo. Presença da literatura brasileira. Modernismo. São Paulo: Difel, 1981, p. 9). Considerando as informações apresentadas no texto e os estudos sobre o modernismo brasileiro, identifique a(s) proposição(ões) verdadeira(s): (01) A ausência de “postulados rigorosos” contribuiu para que autores como Manuel Bandeira e Mário de Andrade não se tornassem representativos no cenário da literatura brasileira. (02) Os “embelezamentos tradicionais do academismo”, mencionados no texto, estão associados à poesia de Cassiano Ricardo e de Oswald de Andrade. (04) A “tendência para transmitir (...) a realidade do país” significava, para os modernistas de 1922, realizar uma leitura crítica das nossas tradições culturais, como ocorre em Macunaíma, de Mário de Andrade. (08) O “desejo de expressão livre” não se manifesta na poesia de Mário de Andrade, pois o poeta não adota as inovações formais, presentes na obra de outros autores modernistas. (16) A “tendência para transmitir (...) a emoção pessoal” manifesta-se em poemas de Manuel Bandeira, que resgata o lirismo poético. A soma dos valores atribuídos à(s) proposição(ões) verdadeira(s) é igual a ( ). Proposto s Andorinha Andorinha la fora está dizendo: “Passei o dia à toa, à toa!” e Andorinha, andorinha, minha cantiga é mais triste! Passei a vida à toa, à toa... 9) (UFSM) Assinale verdadeira (V) ou falsa (F) em cada uma das afirmativas que se relacionam com o poema de Manuel Bandeira. -( ) Nos versos 2 e 4, há uma reiteração da expressão “à toa”. No verso 4, essa reiteração, relacionada ao poeta, intensificada o sentido da primeira, no verso 2, referente à andorinha. ( ) A escolha da andorinha revela a preferência do poeta por imagens que, até então, eram restritas ao período romântico. ( ) Na primeira e segunda estrofes, percebe-se um jogo entre “dizendo” e “cantiga”, palavras )aplicadas de forma cruzada ao pássaro e ao poeta. A sequência correta é: a) V - V - V b) V - F - V c) F - V - F d) F - F - V e) V - F - F Proposto mística religiosa tradicional; comemoração da alegria de viver. c) Versos livres; técnica modernista do ready made; expressão do desejo de morte. d) Versos livres, repetições que conferem musicalidade; conflito entre o poeta e a natureza. e) Estrofes com versos de cinco sílabas; religiosidade popular; comemoração da alegria de viver. 10) (PUC) Leia o poema: Cantiga Nas ondas da praia Nas ondas do mar Quero ser feliz Quero me afogar. Nas ondas da praia Quem vem me beijar? Quero a Estrela D’alva Rainha do mar. Quero ser feliz Nas ondas do mar Quero esquecer tudo Quero descansar. (Manuel Bandeira) Considerando o poema Cantiga, identifique a opção em que todos os elementos são verdadeiros: a) Quadras com versos de cinco sílabas, encadeamentos e paralelismos; visão da morte como estágio mais tranquilo do que a vida. b) Quadras com versos de cinco sílabas,