INSTITUTO DE ENSINO E PESQUISA - IEP Programa de Pós-Graduação em Medicina e Biomedicina HUGO VIEIRA FRÓES APLICAÇÃO DAS TÉCNICAS DE REAÇÃO EM CADEIA POLIMERASE (PCR) E ELISA NA DETECÇÃO DA PARACOCCIDIOIDOMICOSE EM BOVINOS BELO HORIZONTE 2012 HUGO VIEIRA FRÓES APLICAÇÃO DAS TÉCNICAS DE REAÇÃO EM CADEIA POLIMERASE (PCR) E ELISA NA DETECÇÃO DA PARACOCCIDIOIDOMICOSE EM BOVINOS Dissertação apresentada ao programa de pós-graduação do Instituto de Ensino e Pesquisa – IEP do Grupo Santa Casa de Belo Horizonte, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Medicina e Biomedicina. Orientadora: Rachel Basques Caligiorne Co-orientador: Alfredo Miranda Góes BELO HORIZONTE 2013 FOLHA DE APROVAÇÃO APLICAÇÃO DAS TÉCNICAS DE REAÇÃO EM CADEIA POLIMERASE (PCR) E ELISA NA DETECÇÃO DA PARACOCCIDIOIDOMICOSE EM BOVINOS ___________________________________________________________________ Aluno: Hugo Vieira Fróes Prof(a). Orientador: Dra. Rachel Basques Caligiorne Prof. Co-Orientador : Dr. Alfredo Miranda Góes ___/___/_____ Data BANCA EXAMINADORA: Dra. Clara Araujo Veloso Amaral Dra. Viviane Cristina Fernandes dos Santos "Crescer não é evoluir, crescer é ficar maior. Evoluir é ficar melhor." (autor desconhecido) AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus, por me ajudar em todos os dias de minha vida, me dando força e vontade para vencer todos os desafios que surgem. À minha orientadora Dra. Raquel Basques Caligiorne, por acreditar e confiar em mim, no meu trabalho e me apoiar em todos os momentos que precisei. Ao Dr. Alfredo Miranda Góes, por me abrir as portas do seu laboratório para a minha pesquisa e e estar sempre disponível para tirar minhas duvidas. Ao Dr. Dawidson Assis Gomes, pela amizade e orientação. À Dra. Giliane e seus alunos, que me ajudaram a enriquecer meu projeto. À minha esposa Eliane e meu filho Davi, por todo o amor, carinho e alegria que trouxeram a minha vida. Por estarem ao meu lado durante todo este processo e me ajudarem a me divertir quando era possível e trabalhar quando era necessário. Ao meu pai Hugo e minha mãe Conceição, por serem a fonte da minha inspiração e felicidade, por me darem tanto amor e bom exemplo e me tornarem alguém capaz de seguir meu próprio caminho com tranquilidade e responsabilidade. Aos meus familiares Marconi, Francinele, Solange e Lenda, por todo o carinho e suporte quando precisei. À Lilian , pela paciência, amizade e ajuda em todos os momentos. À Viviane, Elis, Elisa, Daniela, Laura, Fabiana, Pedro, Humberto, Catherine e Betinha, por toda a ajuda no laboratório e pela amizade. Aos amigos Diogo, Enéas, Aline, Dr. Ronaldo Nagem, Dr. Ricardo Fujiwara. Ao Dr. Rodrigo Resende e à Dra. Silvia Guatimosim por todo o suporte e ajuda. À Fabiana, Cidiane e Claudia, pela amizade e por me auxiliarem sempre durante o mestrado. Aos professores da pós-graduação que foram muito importantes para chegar até aqui, pelo conhecimento adquirido e pela qualidade das disciplinas. A todos os funcionários da pós-graduação da Santa Casa que de alguma forma contribuíram para o meu sucesso. Aos meus colegas de curso Marcos, Catharina, Ludmilla, Sthefanie, Bryele, Pollyana, Raquel, Odilon, Breno, Patricia, Nibia, Claudio, Leonardo, Adriana. Ao Rodrigo Bimbati da Exon Biotec por reconhecer a importância desse titulo e me dar a liberdade para buscá-lo. A todos vocês muito obrigado. RESUMO A paracoccidioidomicose (PCM) é uma micose crônica, causada pelo fungo Paracoccidioides brasiliensis, um organismo sapróbio e termodimórfico. É endêmico da América Latina, sendo mais prevalente no Brasil, nos Estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. Este fungo foi isolado pela primeira vez por Adolpho Lutz, em 1908. No entanto, apresenta-se como um assunto de relevante preocupação e desafio para os micologistas no que se refere ao conhecimento de seu nicho ecológico, uma vez que o conhecimento da ecologia, reprodução e do micro-habitat ocupado pelo organismo em questão, em ambiente natural, ainda são incertos. Há poucos estudos que demonstram a possibilidade do fungo de infectar bovinos. Dessa forma, o presente trabalho teve como finalidade discutir sobre as metodologias adequadas para o diagnóstico eficiente e seguro para a PCM em bovinos, entre eles, ELISA (Enzyme-lynked immunosorbent assay) e PCR (Reação em cadeia de polimerase), utilizando como antígenos a proteína recombinante Pb27r e antígeno MEXO, que são excretados pelo fungo. Para a realização deste estudo considerou-se a importância da pecuária na economia brasileira e mundial e, principalmente, a importância em saúde pública pela possível disseminação da PCM em produtos derivados de bovinos. A partir dos resultados preliminares, utilizando 136 amostras biológicas de bovinos, o presente trabalho demonstrou a possibilidade de aplicação dos testes utilizados como ferramenta para estudos epidemiológicos da PCM e na identificação dos animais infectados. Porém, para que isso se torne realidade, há de se considerar a necessidade de maiores estudos quanto ao assunto, principalmente pelo fato de que 65% (n= 61) das amostras de soro bovino adulto apresentaram reação positiva no teste de ELISA realizado, enquanto os soros fetais bovinos não apresentaram tal reatividade. Assim maiores estudos que levem em consideração o real estado de saúde dos animais e o seu real contato com P. brasiliensis são necessários para melhor padronização e confiabilidade dos testes. Palavras-chave: Paracoccidioidomicose, diagnósticos, bovinos. Paracoccidioides brasiliensis, ABSTRACT Paracoccidioidomycosis (PCM) is a chronic mycosis caused by Paracoccidioides brasiliensis, a saprobic and dimorphic fungus. It is prevalent in rural workers in several Latin American countries, mainly in Brazil, the country with the most endemic areas for this disease in the world. This fungus was isolated for the first time by Adolpho Lutz in 1908. However, it appears as a relevant concern and challenge for the mycologists, because of the lack of knowledge of their ecology, reproduction and the micro-habitats occupied by this fungus on environment, since despite several searches. There are few studies that demonstrate the ability of the fungus to infect cattle. Thus, this project aims to discuss the appropriate methodology for effective and safe diagnosis for PCM in cattle, among ELISA (Enzyme-lynked immunosorbent assay), Western blotting (Eletrotransference protein) and PCR (polymerase chain reaction), using as antigen the recombinant antigen Pb27r, and PbAg. To achieve this objective we considered the importance of livestock in Brazilian economy and around the world, besides the importance of public health by the possible spread of PCM by milk. Based on preliminary results, using 136 biological materials, this study demonstrates the potential application of the tests used as a tool for epidemiological studies of PCM and for the identification of infected animals. For this, we should also consider the need for further studies on the subject, especially by the fact that all serum samples showed a positive reaction to the tests, including serum that was considered negative for this mycosis. So, for the improvement of methodologies used in this study we need to search more about this issue, mainly because 65% (n= 61) of the adult bovine serum samples presented positive reaction on realized tests, while the fetal bovine serum samples didn’t present reactivity on the realized tests. So, more studies are necessary to know more about the real health state of the animals and if they are really infected with this mycosis, with this knowledge we will be able to improve the standardization and the reliability of the tests. Keywords: Paracoccidioidomycosis, Paracoccidioides brasiliensis, diagnostic, cattle. LISTA DE FIGURAS Figura 1: Esquema representando o ciclo evolutivo e as formas de infecção pelo P. brasiliensis ......................................................................................................................... 16 Figura 2: Lesões em mucosa de boca, olhos e nariz, típicas da PCM................................16 Figura 3: Distribuição geográfica da PCM na América Latina ............................................17 Figura 4: Foto do tatu galinha, Dassypus novemcytus .......................................................19 Figura 5: Foto do tatu-bola, Cabassous centralis ...............................................................20 Figura 6: Observação microscópica da levedura com múltiplos brotamentos. Aumento 1000x ................................................................................................................................. 21 Figure 7: Amplificação exponencial dos genes na PCR .................................................... 22 Figura 8: Quadro demonstrando a comparação da reatividade ao antígeno Pb27r em soros de pacientes com diferentes micoses e tuberculose ......................................................... 25 Figura 9: Coleta de fragmentos de tecidos das 14 vacas da fazenda do município de Itabirito,MG...........................................................................................................................31 Figura 10: Gel corado pela prata, apresentando os fragmentos amplificados pela técnica de PCR–out. ........................................................................................................................43 Figura 11: Gel corado pela prata, apresentando os fragmentos amplificados pela técnica de PCR–nested....................................................................................................................44 LISTA DE QUADROS Quadro 1: Ciclos de amplificação da PCR-OUT e nested-PCR .........................................35 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1: Comparação da leitura das densidades óticas, frente ao antígeno Pb27r, nas diferentes diluições dos soros bovinos................................................................................36 Gráfico 2: Comparação da leitura das densidades óticas, frente ao antígeno MEXO, nas diferentes diluições dos soros bovinos................................................................................37 Gráfico 3: Comparação da leitura das densidades óticas para todas as 136 amostras de soros bovinos, comparando os antígenos MEXO e Pb27r..................................................38 Gráfico 4: Comparação da leitura das densidades óticas para todas as 136 amostras de soros bovinos, comparando os antígenos MEXO e Pb27r. Resultado em porcentagem........................................................................................................................39 Gráfico 5: Comparação da porcentagem de animais positivos e negativos para o teste de ELISA utilizando o antígeno Pb27r......................................................................................40 Gráfico 6 : Porcentagem de animais positivos para o teste de ELISA utilizando a proteína Pb27r e Mexo.......................................................................................................................41 Gráfico 7: Porcentagem de animais positivos para os testes de ELISA ( utilizando a proteína Pb27r e Mexo) e PCR............................................................................................42 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Protocolo da reação de amplificação do DNA.....................................................34 ABREVIATURAS E SÍMBOLOS PCM .................................................................................................. Paracoccidioidomicose BSA............................................................................................................. Soro fetal bovino PCR........................................................................................ Reação em cadeia polimerase CF....................................................................................................Fixação de complemento CIE ..................................................................................................Contraimunoeletroforese DNA ................................................................................................Ácido desoxirribonucleico DNTP ................................................................................................ Dinucleotideo trifosfato ELISA .....................................................................Ensaio imunoenzimático de absorbância Gp43............................................................................................................. Proteína 43 KDa H2SO4 2N ......................................................... .............................. Ácido sulfúrico 2 Normal ID ...................................................................................................................... Imunodifusão IgG ............................................................................................................ Imunoglobulina G kDa .................................................................................................................... Kilo dawtons KOH ..................................................................................................... Hidróxido de potássio nm ...................................................................................................................... Nanômetros mL ............................................................................................................................. Mililitros MgCl2 .................................................................................................... Cloreto de magnésio Pb27r ..................................................................................... Proteina 27 kDa recombinante Taq .....................................................................Enzima Termus aquáticos DNA polimerase L ............................................................................................................................. Microlitro SUMÁRIO 1.Introdução.........................................................................................................................15 1.1 O fungo Paracoccidioides brasiliensis...........................................................................18 1.2 Diagnóstico da PCM .....................................................................................................20 1.3 Sorologia da PCM..........................................................................................................23 1.4 A Proteína recombinante - Pb27r e o antígeno MEXO..................................................25 1.5 A PCM em bovinos........................................................................................................26 2. Justificativa.......................................................................................................................28 3. Objetivos.........................................................................................................................29 3.1. Objetivo geral................................................................................................................29 3.2. Objetivos específicos....................................................................................................29 4. Metodologia......................................................................................................................30 4.1. Obtenção das amostras................................................................................................30 4.2. ELISA (enzyme-lynked immunosorbent assay)…………………………........................31 4.3. Padronização das diluições dos soros para o ensaio com o antígeno Pb27r e MEXO................................................................................................................................33 4.4. Extração de DNA de amostras de tecidos...................................................................33 4.5. Reação em cadeia da polimerase (PCR).....................................................................34 4.6. Eletroforese em gel de Acrilamida...............................................................................35 5. Resultados.......................................................................................................................36 5.1. Padronização das diluições dos soros para o ensaio com o antígeno Pb27r...............36 5.2. Padronização das diluições dos soros para o ensaio com o antígeno MEXO..............37 5.3. Comparação dos resultados de ELISA, utilizando os antígenos MEXO e Pb27r.........38 5.4.Comparação dos resultados da PCR nas diferentes amostras....................................43 6. Discussão.........................................................................................................................45 7. Conclusões......................................................................................................................49 8. Estudos prospectivos.......................................................................................................50 9. Referências bibliográficas................................................................................................51 10. Apêndice 1.....................................................................................................................57 10.1 Banco de dados de ELISA (cut-off)..............................................................................59 10.2 Banco de dados de ELISA...........................................................................................59 11. Anexo 1..........................................................................................................................63 12. Anexo 2..........................................................................................................................68 15 1.INTRODUÇÃO A paracoccidioidomicose (PCM) é uma micose crônica, causada pelo fungo Paracoccidioides brasiliensis. Este fungo é um organismo sapróbio, ou seja, vive no solo absorvendo nutrientes oriundos da matéria orgânica em decomposição. O ar é o veículo de dispersão de seus esporos. A transmissão se dá quando a terra contaminada é revolvida, permitindo assim que os esporos fúngicos sejam inalados pelo indivíduo que está em contato direto com o solo (LACAZ, 1991). Após a inalação, os esporos vão se alojar nos pulmões. O período de incubação pode variar de um mês até muitos anos. Há formação de um granuloma em torno das leveduras constituído por células gigantes e células epitelióides (MARTINEZ, 1997; QUEIROZ-TELLEZ & ESCUISSATO, 2011). A maioria dos linfócitos presente no granuloma é do tipo T-auxiliares (CD4+), com poucas células T-citotóxicas (CD8+), sugerindo um maior envolvimento das T-auxiliares na patogênese das lesões e no controle da doença (MOSCARDI-BACCHI et al., 1989), o que justifica o destaque da PCM como uma das importantes micoses oportunistas em pacientes imunossuprimidos. Uma vez estabelecida, a PCM pode se apresentar-se sob duas formas clínicas distintas (FIGURA 1): A forma aguda ou subaguda (juvenil) que se caracteriza pela rápida disseminação do fungo para órgãos do sistema retículo-endotelial, com hipertrofia do baço, fígado, linfonodos e disfunção da medula óssea. 16 Figura 1. Esquema representando o ciclo evolutivo e as formas de infecção pelo P. brasiliensis. A forma crônica, que representa mais de 90% dos casos em adultos, sendo mais frequente em indivíduos do sexo masculino na faixa etária de 29 a 49 anos, envolve um lento e progressivo envolvimento pulmonar (FRANCO et al., 1987; RESTREPO et al., 1989; BRUMMER, CASTANEDA e RESTREPO, 1993). Foto: Rachel B.Caligiorne Figura 2: Paciente com lesões em mucosa de boca, olhos e nariz, típicas da PCM. Anteriormente denominada de blastomicose Sul-Americana, a PCM foi descrita pela primeira vez no Brasil em 1908, por Adolpho Lutz, com contribuições posteriores de Splendore e Almeida (LACAZ, 1982; HAMDAN & ROCHA, 1987; LONDERO & MELO, 1998). Diversos outros termos foram utilizados para descrever esta doença, como 17 blastomicose sul-americana, doença de Lutz-Splendore-Almeida, granulomatose paracoccidióidica, granuloma paracoccidióidico, granulomatose blastomicóide tropical, granuloma ganglionar maligno de origem blastomicótica (LACAZ, 1991). A PCM é considerada a mais importante micose profunda da América Latina (AGUDELO et al., 2009) e a oitava mais comum causa de morte por doenças infecciosas e parasitarias (TOBÓN et al., 2012). Há uma estimativa da incidência da doença entre um a três por 100.000 habitantes de áreas endêmicas da América Latina (MARTINEZ, 1997). Apesar da notável importância desta doença, aqui no Brasil, ela é de Notificação Compulsória somente nos Estados de Mato Grosso, Minas Gerais e São Paulo (TOBÓN et al., 2012). O Brasil acumula 80% dos casos descritos da doença (QUEIROZ-TELLEZ & ESCUISSATO, 2011), seguido da Colômbia, Venezuela e Guatemala (Figura 03) (MARTINEZ, 1997; LONDERO & MELO, 1998). Figura 3: Distribuição geográfica da PCM na América Latina. Fonte: SHIKANAI-YASSUDA et al. (2006) As áreas endêmicas situam-se em regiões de florestas tropicais ou subtropicais com temperaturas médias entre 14–20ºC, precipitações pluviométricas entre 800mm a 2.000mm e umidade relativamente alta (HAMDAN & ROCHA, 1987; LONDERO & MELO, 1998). A doença apresenta uma distribuição regional heterogênea, destacando Minas Gerais como área endêmica de elevada incidência, assim como São Paulo e Rio de Janeiro (FAVA & FAVA-NETO, 1998; LACAZ, 1991; NOGUEIRA et al., 2006). Sugere-se 18 que nas áreas endêmicas haja uma taxa de prevalência de infecção pelo P. brasileinsis de 50 a 75% na população adulta (QUEIROZ-TELLEZ & ESCUISSATO, 2011). Segundo Shikanai-Yasuda e colaboradores (2006) é possível observar notáveis alterações na frequência, nas características demográficas da população atingida e na distribuição geográfica da PCM, principalmente pelas decorrentes aberturas de novas fronteiras agrícolas, com a derrubada de florestas, sobretudo nas regiões Centro-Oeste e Norte, atingindo marcadamente a Amazônia. Ajello & Polonelli (1985) apontaram casos de paracoccidioidomicose em países não endêmicos, como Estados Unidos, Japão e Europa. Isto se deve ao aumento de viagens internacionais, imigração e ecoturismo nos últimos anos. 1.1 O fungo Paracoccidioides brasiliensis O fungo Paracoccidioides brasiliensis apresenta comportamento dimórfico, desenvolvendo-se sob a forma miceliana à temperatura ambiente (entre 14 e 28ºC) e sob a forma leveduriforme a 37ºC. Nos tecidos humanos, o fungo tem forma esférica, medindo de 2 a 30 µm de diâmetro, com parede duplamente refringente (LACAZ, 1991). Sua esporulação múltipla resulta no típico aspecto de “roda de leme”, considerado patognomônico da doença. As características do fungo sugerem que o micélio seja a sua forma de vida saprofítica, podendo sugerir que sua produção de esporos infectantes ocorre em solo e em detritos vegetais (OLIVEIRA et al., 1997; MARTINEZ, 1997; BAGAGLI et al., 2006 e 2008). Atualmente, o uso de métodos moleculares demonstrou que o P. brasiliensis pode não ser uma espécie simples e sim, um complexo de subespécies, dentre elas a: PS1 (presente no Brasil, Argentina, Paraguai, Peru e Venezuela); PS2 (P. lutzzi, no Brasil e Venezuela); PS3 (restrito à Colombia) (QUEIROZ-TELLEZ & ESCUISSATO, 2011). O homem era tido como o único hospedeiro do P. brasiliensis, até o reconhecimento de tatus (Dasypus novemcitus), naturalmente infectados em regiões endêmicas para esta micose (LACAZ, 1991; LONDERO & MELO, 1998; CONTI-DÍAZ, 2007). Vidal e colaboradores (1995), através dos métodos de imunodifusão dupla, SDS-PAGE e imunoeletroforese, verificaram a presença da glicoproteína 43kDa, específica do fungo, no baço e fígado do tatu (Dassypus novemcinctus) (Figura 4). 19 Figura 4: Foto do tatu galinha, Dassypus novemcytus Fonte: (http://www.brasilescola.com/animais/tatu-galinha.htm O fungo também foi isolado de restos de origem vegetal (LACAZ, 1949), de comida de cachorro no Brasil e a partir do trato intestinal de morcegos (MONTENEGRO et al., 1996). Segundo TOBÓN et al. (2012), já foi possível isolar P. brasilienses de forragem animal e fezes de morcegos. De acordo com Neves et al., (2006) há possibilidades de que o habitat do P. brasiliensis seja o solo, entretanto, desde o primeiro relato de PCM por Lutz (1908), há poucos isolados a partir dessa fonte. Para Nishikaku et al. (2008), os tatus possuem uma alta incidência de infecção com PCM e poderia, portanto, ser um reservatório para o fungo, desempenhando um papel importante no ciclo biológico do patógeno (Figura 5). Além da relação confirmada entre o tatu e o P. brasiliensis, Garcia e colaboradores (1993) também conseguiram isolar o fungo a partir de fezes de pingüins da Antártica uruguaia e, em 2002, foi relatado o primeiro achado confirmado de PCM em um cão da raça Doberman, de vida estritamente urbana. O diagnóstico baseou-se no exame histopatológico e, posteriormente confirmou-se por técnica imunohistoquímica, utilizando-se anticorpo policlonal específico anti P. brasiliensis (MARQUES, 2003). Costa e colaboradores (1995) capturaram 96 animais silvestres e comprovou com valores estatisticamente significantes que os maiores índices de positividade para paracoccidioidina foram observados em animais de hábitos terrestres, das famílias Felidaee, Procyonidae, da ordem Carnivora, em relação àqueles de hábitos de vida arbórea da ordem Primates. Em outros estudos, também utilizando a paracoccidioidina 20 intradermica, observou-se reatividade em humanos, ovelhas, vacas e cavalos, demonstrando que o fungo P. Brasiliensis pode estar bem mais disseminado na natureza do que se sabe (QUEIROZ-TELLEZ & ESCUISSATO, 2011). Entre os vários relatos de PCM em animais, observa-se uma falta de reprodutibilidade nos estudos impedindo, portanto, a confirmação dos casos (NEVES et al., 2006). Cabe ressaltar que os estudos epidemiológicos da PCM em diferentes espécies de animais silvestres e domésticos podem contribuir de maneira significativa para a elucidação do verdadeiro habitat do P. brasiliensis. Figura 5: Foto do tatu-bola, Cabassous centralis Fonte: (http://animalesdelmundo.wordpress.com/) 1.2 Diagnóstico da PCM Para que um diagnóstico seja considerado eficiente, ele deve apresentar elevada sensibilidade e especificidade e o mínimo de resultados falso-positivos e falso-negativos (DEL NEGRO et al., 1991). O diagnóstico para a PCM pode ser cruzado com leishmaniose, lupus eritrematoso, tuberculose, sífilis e câncer, além de ser confundida com outras micoses como a coccidioidomicose, a esporotricose e a blastomicose (LOPES et al. 2009). Portanto, os exames histopatológicos e o cultivo do agente causal são importantes para a conclusão do diagnóstico. Pode-se coletar o material proveniente de biópsia de pele, mucosa, de aspirados ganglionares, escarros e outros. A biópsia deve ser dividida 21 em três fragmentos. O primeiro deve ser conservado em formol a 10% para os exames histopatológicos; o segundo é cultivado em ágar-Sabouraud contendo cloranfenicol, incubado ás temperaturas de 28 e 37ºC; o terceiro fragmento deve ser tratado com Hidróxido de potássio (KOH) para observação à fresco de formas leveduriformes com múltiplos brotamentos nos tecidos, como demonstrado na Figura 6 (SIDRIM & MOREIRA, 1999). Figura 6: Observação microscópica da levedura com múltiplos brotamentos. Aumento 1000x. Fonte: http://www.doctorfungus.org A biologia molecular tem sido cada vez mais utilizada para o diagnóstico de micoses sistêmicas, principalmente nos casos em que os pacientes são imunossuprimidos, onde não é possível de se detectar anticorpos específicos para o diagnóstico dessas doenças. A Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) tem sido uma importante ferramenta de diagnóstico, uma vez que é capaz de detectar o DNA circulante do agente causal a níveis baixíssimos, chegando a picogramas/mL de DNA da amostra clínica (GOLDANI e SUGAR, 1998; BIALEK et al., 2000; LINDSLEY et al., 2001). Além disso, trata-se de uma técnica menos invasiva, pois pode detectar o DNA do agente em pequenos fragmentos de biopsia, ou escarro ou mesmo pouca quantidade de sangue total. De forma simplificada, a PCR constitui-se de três fases. Inicia-se o processo da separação térmica da cadeia dupla do DNA, à temperatura de 94 graus Celcius (0C), resultando em duas cadeias complementares; assim separadas, à temperatura de 58680C, elas são aneladas com os iniciadores específicos, os quais correspondem às curtas 22 sequências de DNA complementar ao trecho específico de DNA da cadeia alvo. A partir deste anelamento inicial, a enzima DNA polymerase continua a extensão da cadeia cópia à temperatura de 720C. As cópias "filhas", assim obtidas passam a constituir-se em modelo para a obtenção de milhões de cópias, que poderão ser vistas pela eletroforese em gel de agarose. Essa metodologia oferece maior sensibilidade diagnóstica que métodos histológicos de rotina (MARQUES, S.A. 2003, p.144) (Figura 7). Figure 7: Amplificação exponencial dos genes na PCR. Fonte: http://users.ugent.be/~avierstr/principles/pcr.html Vários grupos de pesquisas, no Brasil e em toda a América latina, vêm se empenhando na padronização da PCR para o diagnóstico da PCM. Alguns autores vêm utilizando diferentes regiões do DNA ribossômico (MOTOYAMA et al., 2000), outros têm demonstrado que é possível utilizar regiões do gene que expressa a proteína Gp43 como alvo específico para a PCR (GOMES et al., 2000; MORAIS et al., 2000; SANO ET AL., 2002; SEMIGHINIA et al., 2002; CHARBEL, LEVI e MARTINS, 2006). E ainda, NASCIMENTO e colaboradores (2004) demonstraram que os microsatélites podem ser importantes marcadores para a detecção do DNA do P. brasiliensis. 23 1.3 Sorologia da PCM Testes sorológicos têm servido, por várias décadas, como auxílio no diagnóstico e tratamento da paracoccidioidomicose. São utilizados para diagnóstico de PCM os seguintes testes sorológicos: tubo de precipitação, imunodifusão, fixação de complemento (CF), imunodifusão dupla, contraimunoeletroforese (CIE), imunofluorescência, radioimunoensaio, inibição da hemaglutinação passiva, ensaios imunoenzimáticos, como o ELISA, Melisa, Dot-Blot, Western-Blot e, mais recentemente inibição de ELISA (CAMARGO, 2008). Os métodos sorológicos são extremamente importantes para o diagnóstico das micoses sistêmicas. A sorologia tem sido relevante no diagnóstico de candidíase, aspergilose, histoplasmose, coccidioidomicose, blastomicose e, principalmente na PCM, onde tem sido bem desenvolvida (CAMARGO & ALBORNOZ, 1990; CAMARGO et al., 1991). Em 1961, o pesquisador FAVA-NETO extraiu o primeiro antígeno polissacarídeo do P. brasiliensis, demonstrando a utilidade de provas sorológicas e cutâneas no diagnóstico da PCM. Em 1994, TABORDA & CAMARGO padronizaram um diagnóstico sorológico utilizando a glicoproteína de 43 kDaltons, ou gp43. Inúmeras publicações têm explorado o diagnóstico da paracoccidioidomicose através de ensaios sorológicos, como a imunodifusão, hemaglutinação, ELISA e WesternBlot, utilizando o antígeno gp43 (ALMEIDA et al.,2002; MALUF et al.,2003; MARQUES-DASILVA et al., 2003). Em 2008, REIS e colaboradores demonstraram a aplicabilidade do antígeno recombinante Pb27r, tanto na proteção quanto no diagnóstico da PCM. A paracoccidioidina, assim como a histoplasmina e a cromomicina, é uma preparação de antígenos brutos específicos para PCM e pode ser bem aplicada nas pesquisas de levantamento epidemiológico em regiões endêmicas, sem valor de diagnóstico das doenças. De acordo com SARAIVA et al. (1996), pacientes com PCM podem não responder ao teste intradérmico com paracoccidioidina, isso reflete o estado de anergia do paciente. Esta anergia é parcialmente revertida após alguns meses de tratamento, porém, a persistência de negatividade tem sido associada à gravidade da doença. Pacientes com testes intradérmicos positivos têm melhor prognóstico e o teste torna-se um bom parâmetro para o acompanhamento do tratamento. 24 Dos métodos imunoenzimáticos, o enzyme linked immunosorbent assay (Elisa) tem obtido espaço à medida que o domínio da técnica se dissemina (MARQUES, 2003). A técnica imunoenzimática – ELISA, utilizado pela primeira vez por PONS et al. (1972), é um sistema de elevada sensibilidade, relativamente simples de se executar, que resulta em dados quantitativos e é altamente sensível (CAMARGO, 2008). Com o objetivo de detectar anticorpos contra o P. brasiliensis em cães soropositivos e soronegativos para leishmaniose, utilizou-se as técnicas de ELISA e o teste de imunodifusão utilizando gp43 e exoantígeno, respectivamente. A maior positividade foi observada no teste de ELISA, devido a sua maior sensibilidade (SILVEIRA et al., 2006). FAGUNDES (2002) citado por Marques, S.A. (2003), investigou pelas técnicas sorológicas tipo Elisa e por imunodifusão, 282 cães. Detectou-se 35% de positividade sorológica que foram submetidas à confirmação com a técnica de Western-blot, demonstrando-se bandas bem definidas e específicas. Outro método utilizado para diagnóstico da PCM é o Western-Blot (CAMARGO et al., 1989; BLOTTA & CAMARGO, 1993). Esta técnica utiliza a transferência das bandas dos antígenos de interesse para uma membrana de nitrocelulose. Dessa forma, após a incubação individual com os soros diluídos e com os conjugados marcados com peroxidase, lêem-se visualmente as bandas que foram gravadas (MARTINS et al. 1997). Apesar de grandes avanços nas técnicas sorológicas para PCM, que apresentam grande sensibilidade ou especificidade, existem problemas de ordem econômica que impedem a implantação destas técnicas em laboratórios da rede pública de saúde com a finalidade de fornecer resultados à população carente, principal alvo da doença. Desta forma, o teste de imunodifusão (ID) representa o teste mais acessível e, portanto, exeqüível em qualquer laboratório de rotina. A ID tem sido amplamente utilizada nos laboratórios, tanto no Brasil como em toda a América Latina, pois trata-se de um método de grande especificidade (em torno de 98%) e de uma sensibilidade razoável (em torno de 84%), além de um baixo custo operacional (SIDRIM & MOREIRA, 1999). Entretanto, o teste apresenta uma limitação: a preparação do antígeno por diferentes laboratórios sem uma padronização de antígeno de referência pode gerar conflitos ao comparar resultados de diferentes laboratórios. Além disso, a técnica pode apresentar resultados falso-negativos (NEVES et al., 2003) e em caso de suspeita da doença é preciso realizar outros testes que possam fechar o diagnóstico, como o exame direto e o cultivo do fungo. 25 1.4 A Proteína recombinante - Pb27r e o antígeno MEXO Antígenos derivados de P. brasiliensis podem induzir uma atividade policlonal de linfócitos B, a qual é caracterizada pelo aumento do número de células secretoras de imunoglobulinas, hipergamaglobulinemia e aumento de imunocomplexos (CHEQUER-BouHABIB et al., 1989). Nos estudos de Ortiz (1996), a análise da proteína recombinante de 27kDa, por Immunoblot, mostrou reatividade específica contra soros de 40 dos 44 (91%) pacientes com paracoccidioidomicose. Segundo o autor, não houve reação cruzada com os soros de pacientes com outras micoses, nem soros dos pacientes com tuberculose, como pode ser observado na figura baixo (Tabela 1). Figura 8: Quadro demonstrando a comparação da reatividade ao antígeno Pb27r em soros de pacientes com diferentes micoses e tuberculose. Fonte: ORTIZ, 1996. DI´EZ et al. (2003) utilizaram os antígenos 87kDa e 27kDa recombinante e perceberam que em termos de especificidade do ELISA, quando utilizados individualmente, a 27kDa foi muito superior ao 87kDa. Em relação aos soros de pacientes com outras doenças e de indivíduos saudáveis, a combinação 27kDa-87kDa provou ser específica no ELISA como a 27kDa quando utilizada isoladamente. SANTOS et al. (2012), utilizando os antígenos MEXO e Pb27r observaram uma variação nas imunoglobulinas de pacientes com paracoccidioidomicose crônica, antes, durante e após o tratamento. O antígeno MEXO é um antígeno de superfície, específico de P. brasiliensis que é secretado. Embora seja considerado menos específico que o antígeno Pb27, os 26 autores observaram que os ensaios de ELISA, utilizando o MEXO separaram o grupo de pacientes positivos do grupo de pacientes negativos para a paracoccidioidomicose. 1.5 A PCM em bovinos O sistema imunológico de bezerros encontra-se completamente desenvolvido ao nascimento, mas só funcionará eficientemente depois de algumas semanas de vida. A elevada incidência de doenças nesse período é atribuída às particularidades do sistema imunológico desses animais, com a necessidade de ingestão de imunoglobulinas colostrais para obtenção de resistência no início da vida (COSTA et al 2004). Segundo BITTAR et al. (2004), a imunidade protetora dos bovinos não está diretamente relacionada aos níveis de anticorpos, porque os anticorpos totais são produzidos contra antígenos do parasita e contra antígenos do hospedeiro como resultado de resposta inflamatória. Neste estudo os autores avaliaram o perfil fenotípico de linfócitos de bovinos de três raças distintas, com o intuito de observar a existência de variações de CD4, CD8 e CD21. Os autores observaram que a existência de um perfil fenotípico diferencial de linfócitos circulantes deve ser considerada nos estudos da imunidade celular desencadeada por doenças infecto-parasitárias em bovinos, uma vez que essas diferenças podem ser relevantes para o padrão de resposta imune apresentado por esses animais. GUTIERREZ et al. (1974), realizaram reação intradérmica com antígeno polissacarídico de P. brasiliensis em 293 bovinos na Colômbia e relataram positividade em apenas 6 animais. As amostras de soro dos bovinos não apresentaram reatividade nos exames de fixação de complemento e precipitação. Após induzirem à PCM em três bovinos por via intra-testicular, da COSTA et al. (1978), durante um período de 5 meses de observação, perceberam que os bovinos revelaram-se suscetíveis à PCM e a doença experimental não revelou tendência à disseminação ou cura espontânea. Além disso, perceberam também que a resposta imunológica, tanto celular quanto humoral, foi mais tardia que a verificada em outros animais experimentalmente infectados. Ao tentarem padronizar técnicas de diagnóstico, notaram que a resposta imunológica humoral foi revelada principalmente pela reação de fixação do complemento, portanto, não foi possível demonstrar a presença de anticorpos humorais pela reação de dupla difusão em gel de ágar. 27 SILVEIRA e colaboradores (2005) avaliaram a resposta imune humoral em bovinos imunizados com P. brasiliensis e realizaram um estudo soro-epidemiológico da paracoccidioidomicose em bovinos. Para avaliar a resposta imune humoral das amostras de sangue, utilizaram as técnicas de imunodifusão e ELISA, utilizando o exoantígeno e gp43, respectivamente. Com este estudo concluiu-se que bovinos imunizados com P. brasiliensis podem provocar resposta imune humoral contra a gp43, permanecendo com títulos elevados de anticorpos. 28 2. JUSTIFICATIVA Apesar da existência de estudos que demonstrem a presença do fungo no ambiente e a possibilidade de infectar bovinos, ainda existem poucos trabalhos em torno da detecção do fungo em sangue e soro de bovinos, para fins de diagnóstico da paracoccidioidomicose. Ainda não temos publicações que esclareçam sobre os parâmetros sorológicos dos bovinos infectados, assintomáticos para a PCM, ou mesmo aqueles normais, que receberam o antígeno e que podem apresentar resultados positivos para a doença. Estes dados poderiam nos orientar no momento da padronização de sorologia e de biologia molecular para fins de diagnóstico. O presente estudo teve a finalidade de discutir sobre as metodologias adequadas para o diagnóstico eficiente e seguro para a PCM em bovinos, tendo em vista a importância da pecuária na economia brasileira e mundial e, principalmente, a importância em saúde pública. A motivação partiu do diagnóstico confirmado de PCM em uma vaca de uma fazenda da região de Itabirito, MG. A vaca apresentava lesões de feridas na região mamária e o exame histológico apresentou a levedura típica de P. brasiliensis. Infelizmente, quando foi confirmado o diagnóstico da PCM a vaca já havia sido sacrificada, o que dificultou a coleta de amostras biológicas para posteriores estudos. Este episódio motivou o estudo da PCM nesta mesma fazenda, com coletas de sangue e soro de outras 14 vacas com sintomas semelhantes de PCM. Este estudo apresenta alguns testes, imunológicos e moleculares, com a finalidade de padronizar os diagnósticos para a PCM em bovinos. Além de se considerar os poucos estudos científicos da doença nesse grupo de animais, levou-se em conta, principalmente, a sua importância para a saúde pública e para a economia do país, já que o consumo de carne e leite bovinos pela sociedade brasileira e mundial é elevado e cresce a cada ano. 29 3. OBJETIVOS 3.1. Objetivo geral Avaliar a aplicação das técnicas de ELISA e PCR no diagnóstico da PCM em bovinos. 3.2. Objetivos específicos . Desenhar os iniciadores que se anelam em regiões dos genes da proteína Pb27r; . Extrair DNA de tecidos de vacas com suspeita de paracoccidioidomicose da fazenda no município de Itabirito, MG, para realização da PCR específica para esta espécie; . Realizar a técnica de ELISA em amostras de soro de todos os bovinos, para detecção do anticorpo específico, utilizando o antígeno recombinante Pb27 e MEXO; . Analisar os resultados. 30 4. METODOLOGIA 4.1. Obtenção das amostras Este estudo iniciou-se a partir da confirmação de uma mastite causada pelo P. brasiliensis em uma vaca da raça holandesa, de uma fazenda do município de Itabirito, MG. Não houve como coletar nenhum material desta vaca, uma vez que ela foi sacrificada antes da realização das coletas. Desta forma, foram obtidas amostras de soro e tecidos de outras 14 vacas da mesma fazenda, que também foram sacrificadas por estarem doentes, mas sem confirmação do diagnóstico da paracoccidioidomicose. As coletas dos tecidos foram realizadas no Frigorifico da Fazenda, pelos próprios veterinários da fazenda, no momento do abate das vacas (Figura 8). Esta coleção de soros e tecidos foi estocada no Banco de amostras de bovinos do Laboratório de Micologia da Santa Casa de Belo Horizonte. Estas amostras estão armazenadas a 20ºC negativos. Para a realização de um inquérito sorológico por ELISA de vacas de outras fazendas dentro do Estado de Minas Gerais, foram obtidos 122 soros de bovinos, gentilmente cedidos pela coleção de soros bovinos do Laboratório de Virologia, do ICB/UFMG. Esta soroteca foi formada a partir de coletas em todo o Estado de Minas Gerais, para pesquisa soro-epidemiológica de viroses que acometem o rebanho do Estado. As amostras de soros foram divididas em alíquotas de 3mL e congeladas a 20ºC negativos, para análises de ELISA. Para a padronização da técnica de ELISA foram utilizadas 10 amostras de soro das vacas da fazenda no município de Itabirito, MG. Para a padronização da técnica de PCR foram utilizadas 14 amostras de tecidos das vacas da fazenda no município de Itabirito, MG. 31 Figura 9: Coleta de fragmentos de tecidos das 14 vacas da fazenda do município de Itabirito, MG. 4.2. ELISA (enzyme-lynked immunosorbent assay) Conforme técnica descrita em SANTOS et al (2012), as placas de microtitulação MaxiSorpTM Surface (NUNCTM Brand Products, Rochester, NY, USA) contendo 96 poços foram sensibilizadas com 1μg/100μl dos antígenos Pb27r e MEXO, solúveis em tampão carbonato/bicarbonato 0,05M pH 9.6, overnight à 4ºC. Em seguida, as placas foram lavadas por 5 vezes com PBS-tween e bloqueadas através da incubação durante 1 hora a 37ºC com 200μl de solução de PBS-caseína 1,6%. Obs: Os antígenos MEXO e PB27r são produzidos no Laboratório de Imunologia, do Departamento de Bioquimica e Imunologia, ICB-UFMG e foram fornecidos para o desenvolvimento deste estudo. Após o bloqueio, as placas foram novamente lavadas por 5 vezes e, posteriormente foram adicionados nos poços, 100μL das diluições (em PBS-caseína 0,25%) dos soros teste, controle negativo e controle positivo dos bovinos. Acrescentado o anticorpo primário, as placas foram incubadas por 1 hora a 37ºC e, em seguida, lavadas por 10 vezes para posterior adição de 100μl do anticorpo secundário marcado com a enzima peroxidase (Anti-bovine IgG –whole molecule – peroxidase antibody produced in rabbit, Sigma, Missouri, USA) na diluição de 1:10.000 de PBS-caseína 0,25%. As placas, após novamente serem incubadas por 1 hora a 37ºC e lavadas 10 vezes, passaram pelo processo de revelação, no qual foram adicionados 100 μL da solução reveladora contendo TMBplus. As revelações foram interrompidas em 10 minutos com 50μL de H2SO4 2N. A leitura dos resultados foi realizada no aparelho leitor de ELISA utilizando o filtro de 450nm. Todos os ensaios realizados foram acompanhados de controles sem antígenos, sem soros e apenas com o conjugado. Foi utilizado o programa GraphPad Prism 5 para análise dos dados obtidos através do leitor de ELISA. 32 Nestes ensaios preliminares da padronização da técnica de ELISA, não houve nenhum parâmetro clinico ou histológico para determinar os animais positivos ou negativos para a paracoccidioidomicose. Desta forma os resultados da PCR, conjuntamente com as médias dos maiores e menores valores de absorbância do teste de ELISA foram considerados para determinar os valores de Cut-off para os antígenos Pb27r e MEXO. 33 4.3. Padronização das diluições dos soros para o ensaio com o antígeno Pb27r e MEXO Para a determinação das diluições dos soros bovinos para o ensaio de ELISA usando os antígenos MEXO e Pb27r, os soros de 10 vacas da fazenda do município de Itabirito foram diluídos nas proporções 1/50; 1/100 e 1/200 em PBS-caseína 0,25%. 4.4. Extração de DNA de amostras de tecidos Para extração de DNA das amostras de tecidos das vacas foi utilizado o kit EZ-10 Spin Column Genomic DNA minipreps kit for blood (Ludwig, Porto Alegre, Brasil), seguindo as especificações do fabricante. O procedimento seguiu os seguintes passos: Um fragmento de tecido foi incubado em um microtubo contendo 300 uL de tampão TBP (definição do fabricante) e 2μL de proteinase K a 10 mg/mL, a 370C por 16 horas. Em seguida a amostra foi homogeneizada no vortex e centrifugada a 3000g por 3 minutos. O sobrenadante foi descartado e lavado por 3 vezes com TBP (definição do fabricante). Após a ultima lavagem com TBP e descarte do sobrenadante, adicionou-se 500 μL do tampão TBM (definição do fabricante). Homogeneizou-se 1 minuto no vórtex e adicionou novamente 3μL de proteinase K a 10 mg/mL. Foi realizado um período de incubação de 30min a 55 oC no banho seco. Em seguida foi centrifugado por 2 minutos a 5000g; O sobrenadante foi recuperado em um novo microtubo limpo, contendo 260 μL de etanol absoluto e transferido todo o conteúdo obtido anteriormente para a coluna do kit encaixada no tubo coletor; A mostra coletada foi centrifugada a 8000g por 1 minuto e o filtrado foi descartado. Foram adicionados 500μL do tampão de lavagem, em seguida foi realizada uma centrifugação a 8000rpm por 1 min; A coluna foi centrifugada por 1 min a 8000g para retirar o restante do tampão e secar a membrana da coluna. Foram adicionados 50μL do tampão de eluição aquecido a 500C, incubado por 2 min e centrifugado por 1 minuto a 10000g. A amostra final foi identificada e armazenada a -20 C; 34 4.5. Reação em cadeia da polimerase (PCR) Com a finalidade de amplificar um fragmento de 156 pares de bases do gene da proteína Pb27r, foi realizada a reação de nested-PCR, utilizando iniciadores desenhados pelo programa Primer3 (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/tools/primer-blast/) e descritos abaixo: Primer PB227 (P1) - 5’ – CCG ACT TTG AAG GAG TCA GC – 3’ Primer PB225 (P2) - 5’ – GCA CAC CAT TCC CGC ATA CA – 3’ Primer PB411: (P3) - 5’ – TTT GAC CTT CTG ACC GTT GA – 3’ Primer PB444: (P4) - 5’ – CTT TTC ACG CAG GAT CCA TT – 3’ Inicialmente foi realizada a PCR-Out utilizando os iniciadores PB227 e PB444, amplificando uma região de 217pb. Em seguida, utilizando o fragmento gerado pela PCROut como alvo do anelamento dos iniciadores PB255 e PB411, foi realizada a NestedPCR, que amplifica um fragmento de 156pb. A concentração dos reagentes e os ciclos de amplificação para as duas reações de PCR são idênticas (Tabela 2 e Quadro 1). Tabela 1: Protocolo da reação de amplificação do DNA. Reagentes H2O ultrapura estéril Tampão MgCl2 DNTP P1 ou P2 P4 ou P3 Taq DNA Volume TOTAL Iniciadores: Conc. Inicial - Conc. Final - X1 13,9L X 20 264,1uL 10X 50 mM 10 mM 12Mol 12Mol 5UI/L - 1X 1,0 mM 0,2 mM 0,3 Mol 0,3 Mol 1,5UI/L - 2,0L 0,4L 0,4L 0,5L 0,5L 0,3L 2,0L 20,0L 38L 7,6L 7,6L 9,5L 9,5L 5,7L P1 foward P4 reverse - PCR out P2 forward P3 reverse – PCR in (nested) 342L 35 Obs: A PCR-nested foi realizada utilizando 1 μL do produto da amplificação (amplicon) da PCR out de cada amostra, diluído a 1:10 (5 μL do amplicon em 45 μL de H2O ultrapura estéril). Quadro 1: Ciclos de amplificação da PCR-OUT e nested-PCR. Nº DE ETAPA DA CICLOS AMPLIFICAÇÃO 1 35 1 PCR – OUT nested - PCR Desnaturação 95ºC - 5 minutos 95ºC - 5 minutos Anelamento 60ºC – 30 segundos 60ºC – 30 segundos Extensão 72ºC – 30 segundos 72ºC – 30 segundos Desnaturação 95ºC – 30 segundos 95ºC – 30 segundos Extensão 72ºC – 7 minutos 72ºC – 7 minutos As reações de amplicação foram realizadas na máquina MJ Research, Programable thermal controller - Inc. PTC – 100TM . As amostras amplificadas, segundo a programação acima, foram visualizadas em gel de agarose a 1% em tampão TAE 1X, juntamente com corante SYBR Safe (DNA gel stain, Invitrogen, Eugene, Oregon, USA). A corrida foi realizada em 30 minutos a 85 volts. Para marcação do peso molecular, foram os marcadores de peso molecular de 1000 e 100 bp (Invitrogen, Eugene, Oregon, USA). 4.6. Eletroforese em gel de Acrilamida Para o preparo do gel, foram utilizados 8 mL de Gel de Bis Acrilamida 7% , 240 L persulfato de potássio e 10 L Temed. A corrida eletroforética foi realizada a 220 v, 150 W por 1 hora e meia, em cuba, contendo tampão TBE (Tris- Borato EDTA) 1X, e o gel foi corado com Nitrato de Prata 2%. 36 5. RESULTADOS 5.1. Padronização das diluições dos soros para o ensaio com o antígeno Pb27r. Conforme apresentado na figura 10, os soros diluídos na proporção de 1/50 em PBS apresentaram leituras de absorbância mais definidas, com picos de densidade ótica acentuados. Comparação das diluições dos soros utilizando o antígeno recombinante Pb27r OD (450NM) 0.3 1/50 1/100 1/200 0.2 0.1 0.0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 Amostras Legenda: Soro nas diluições 1:50, 1:100, 1:200 – conjugado na diluição 1:30 - Gráfico 1: Comparação da leitura das densidades óticas, frente ao antígeno Pb27r, nas diferentes diluições dos soros bovinos. 37 5.2. Padronização das diluições dos soros para o ensaio com o antígeno MEXO Conforme apresentado na figura 11, os soros diluídos na proporção de 1/50 em PBS apresentaram leituras de absorbância mais definidas, com picos de densidade ótica acentuados. Comparação das diluições dos soros utilizando o antígeno MEXO OD (450NM) 0.4 1/50 1/100 1/200 0.3 0.2 0.1 11 9 10 8 7 6 5 4 3 2 1 0 0.0 Amostras Legenda: Soro nas diluições 1:50, 1:100, 1:200 - conjugado na diluição 1:30 Gráfico 2: Comparação da leitura das densidades óticas, frente ao antígeno MEXO, nas diferentes diluições dos soros bovinos. 38 5.3. Comparação dos resultados de ELISA, utilizando os antígenos MEXO e Pb27r A figura 12 representa a distribuição das densidades óticas dos soros das 136 vacas, analisados pelo método de ELISA, utilizando os antígenos MEXO e Pb27r. 2.5 OD (450NM) 2.0 1.5 1.0 0.5 27 rP b M ex o 0.0 Gráfico 3: Comparação da leitura das densidades óticas para todas as 136 amostras de soros bovinos, comparando os antígenos MEXO e Pb27r. 39 A figura 13 representa a distribuição das densidades óticas dos soros das 136 vacas analisados pelo método de ELISA, utilizando o antígeno MEXO. Os dados são representados em porcentagem. Dentre as 136 amostras testadas, 64% (n= 87) apresentaram uma leitura acima do Cut-off e 36% (n= 49) apresentaram uma leitura abaixo do Cut-off. MEXO 2.5 OD (450NM) 2.0 1.5 1.0 64% 0.5 36% 0.0 MEXO positivo cutoff MEXO negativo Gráfico 4: Comparação da leitura das densidades óticas para todas as 136 amostras de soros bovinos, comparando o antígeno MEXO. Resultado em porcentagem. 40 A figura 14 representa a distribuição das densidades óticas dos soros das 136 vacas analisados pelo método de ELISA, utilizando o antígeno Pb27r. Os dados são representados em porcentagem. Dentre as 136 amostras testadas, 45% (n= 61) apresentaram uma leitura acima do cut-off e 55% (n= 75) apresentaram uma leitura abaixo do cut-off. Pb27r 2.5 OD (450NM) 2.0 1.5 1.0 0.5 45% 55% pb 27 r- cu to ff pb 27 r+ 0.0 Gráfico 5: Comparação da leitura das densidades óticas para todas as 136 amostras de soros bovinos, comparando o antígeno Pb27r. Resultado em porcentagem. 41 A figura 15 representa a distribuição das amostras de soros positivos (acima do cut-off), dentre as 136 vacas analisados pelo método de ELISA, utilizando os antígenos Pb27r e MEXO. Os dados são representados em porcentagem. Dentre as 136 amostras testadas, 65% (n= 88) apresentaram resultados positivos (leitura acima do cut-off ) para os testes de ELISA utilizando os antigenos Pb27r ou Mexo. 35% (n= 48) apresentaram uma leitura negativa (abaixo do cut-off). Gráfico 6: Porcentagem de amostras positivas para Mexo e Pb27r. n=136. 42 A figura 16 representa a distribuição das amostras de soros positivos (acima do cut-off), utilizando o antígeno Pb27r e Mexo e positivas para a PCR. Dentre as 14 amostras testadas 64% (n= 9) apresentaram resultados positivos para os três métodos. Os dados são representados em porcentagem. Gráfico 7: Porcentagem de amostras positivas para os tres métodos Mexo, Pb27r e PCR. n=14. 43 5.4. PPM Comparação dos resultados da PCR nas diferentes amostras. 1 2 3 4 5 6 7 8 PCR-Out 9 1- Controle Positivo – amostra de P.brasiliensis padrão (código 31 AMS) 2- Controle Negativo 217pB 3456789- vaca A1 – Total vaca A2 – Total vaca A3 – Total vaca A4 – Total vaca A5 – Total vaca A6 – Total vaca A7 – Total Figura 17: gel corado pela prata, apresentando os fragmentos amplificados pela técnica de PCR–out. A PCR-out, que amplifica o fragmento de 217 pares de base apresentou amplificação na amostra padrão de P. brasiliensis – controle positivo da reação, confirmando a amplificação do fragmento desejado. O controle Negativo não amplificou, confirmando que não houve contaminação na reação. 44 1 PPM 2 3 4 5 6 7 8 9 Nested 1- vaca A2 - Total 2- vaca A2 – 1:10 3- vaca A4 - Total 4- vaca A9 - Total 5- vaca A13 - Total 6- vaca A14 – Total 7- Aspergillus flavus 8- Controle Negativo 156p B 9- Controle Positivo – amostra de P.brasiliensis padrão (código 31 AMS) Figura 18: gel corado pela prata, apresentando os fragmentos amplificados pela técnica de PCR–nested. A PCR-nested, que amplifica o fragmento de 156 pares de base, apresentou amplificação na amostra padrão de P. brasiliensis – controle positivo da reação, confirmando a amplificação do fragmento desejado. O controle Negativo não amplificou, confirmando que não houve contaminação na reação. A amostra de DNA do fungo A. flavus não amplificou. 45 6. DISCUSSÃO De acordo com os resultados obtidos, podemos observar que o teste de ELISA, para detecção de anticorpos anti- P. brasiliensis em bovinos forneceu dados relevantes sobre o comportamento imunológico dos mesmos. Neste estudo, observaram-se os altos níveis de anticorpos para os antígenos Pb27r e MEXO de P. brasiliensis, corroborando com os estudos de SILVEIRA e colaboradores (2005), no qual concluíram que bovinos imunizados com P. brasiliensis induzem resposta imune humoral com altos índices de anticorpos, porém contra o antígeno gp43. Os ensaios do teste ELISA foram realizados diluindo-se os soros dos bovinos em 50, 100, e 200 vezes. Nesta titulação dos soros, observamos que a diluição de 1:50 foi a que apresentou melhor resolução (Figuras 10 e 11). Verificou-se nas diluições 100 e 200 vezes uma diminuição acentuada dos valores de absorbância, com tendência de aproximação dos valores. Assim, optou-se pela diluição de 50 vezes, pelo fato de apresentar melhor visualização e diferença significativa entre os grupos. O mesmo ocorreu no trabalho de MINOZZO e colaboradores (2004), que utilizaram a técnica para diagnóstico da cisticercose bovina. A partir da definição dos valores de “cut off” (UPTON 2005), 36% dos animais foram considerados negativos para a paracoccidioidomicose e 64% animais foram considerados positivos para a paracoccidioidomicose. Estes dados demonstraram a presença de anticorpos contra os antígenos de P. brasiliensis o que poderia significar que animais com PCM poderiam estar escapando às metodologias de rotina. Essa conclusão corrobora com os estudos de MINOZZO et al. ( 2004) em que, no mesmo método de diagnóstico, os bovinos negativos para a cisticercose demonstraram a presença de anticorpos. Estes autores concluíram que os dados da inspeção de rotina poderiam não estimar a real incidência da cisticercose bovina, após observarem presença de cisticercos através de cortes paralelos em animais considerados negativos nessa inspeção. Dessa forma, a técnica utilizada para diagnóstico individual, poderia não detectar alguns animais em fase crônica. Segundo a Organização Mundial da Saúde (1994), o ensaio de ELISA para diagnóstico da tuberculose bovina deve ser utilizado como um exame complementar aos ensaios baseados na imunidade celular e se mostra útil para identificar a infecção em animais anérgicos. Porém, mesmo sendo um método simples, rápido e de fácil execução, 46 tanto a sua especificidade quanto a sua sensibilidade precisariam ainda ser aperfeiçoadas RUGGIERO et al. (2007), o que podemos extrapolar para a paracoccidioidomicose. A partir dos resultados, observa-se a necessidade de obtenção de um maior número de amostras confirmadamente negativas e positivas, dando-nos maior confiabilidade aos testes e resultados. Assim, talvez, a absorbância seria mais bem discriminada entre os diferentes grupos possibilitando a criação de um “cut off” que diferenciaria melhor os controles negativos dos positivos. Será necessária também a inclusão de antígenos específicos para outras doenças, como a esquistossomose, por exemplo, nos testes de ELISA e Western-Blotting. Com a inclusão destes antígenos será possível observar se os soros controles negativos não reagem para uma doença pouco comum entre bovinos, descartando assim, as reações cruzadas. Infelizmente, devido ao curto espaço de tempo, não foi possível adquirir estes antígenos antes da finalização do prazo de entrega desta dissertação. Tendo em vista que a técnica de ELISA, embora relativamente simples, não identifica os antígenos reconhecidos na resposta imune do animal examinado, em um estudo anterior, desenvolvido no laboratório de imunologia do Departamento de Bioquimica e imunologia, ICB-UFMG, utilizou-se a técnica de Western-blotting, como ferramenta confirmativa e comprobatória de diagnóstico (ANEXO 1). Conforme os dados apresentados neste estudo, para a confirmação da presença de anticorpos anti-P. brasiliensis utilizou-se como antígenos a proteína recombinante Pb27r e MEXO nos soros dos bovinos. A reação mais intensa foi contra a Pb27r pura. O mesmo ocorreu nos estudos de GONZÁLEZ et al. (1999) e CORREA et al., (2007), no qual os autores utilizaram Westernblotting para detecção de anticorpos contra o vírus da leucose em soros de 233 bovinos naturalmente e experimentalmente infectados. Neste estudo, observaram diferentes níveis de reatividade para as proteínas específicas da doença. Ainda neste estudo, foram testados, com a mesma técnica, dois soros fetais bovinos (BSF) distintos – o primeiro proveniente de fazendas do Brasil e o segundo proveniente de fazendas dos Estados Unidos (Gibko, USA), para verificar se esses soros também apresentariam reatividade, uma vez que por se tratar de soros de fetos, esperava-se que fossem bons controles negativos, observando que os soros fetais não foram positivos. A partir dos resultados de ELISA, pode-se considerar que a maioria (64%) dos bovinos testados possuem anticorpos que reajam com o antígeno MEXO e com as 47 proteínas específicas e puras do fungo P. brasiliensis (Pb27r). Isto pode estar ocorrendo devido a uma reação cruzada com outras doenças, pelo contato direto desses animais com o solo e a vegetação, ou pelo fato de que possa ocorrer a passagem dos anticorpos da mãe para bezerro logo após o nascimento. A proteína recombinante de 27kDa também tem sido detectada pelas técnicas de biologia molecular. RESTREPO et al. (2001), utilizaram sondas capazes de detectar gene específico de 27kDa na tentativa de isolamento do fungo diretamente de amostras de solo experimentalmente contaminados pelo P. brasiliensis. De acordo com os resultados gerados pela técnica de nested-PCR, podemos observar que dentre as 14 vacas, 10 vacas apresentaram amplificação para a região do gene da Pb27r. Para todas estas vacas que apresentaram resultados positivos para a nested-PCR também apresentaram uma alta leitura de absorbância nos testes de ELISA. A técnica de nested-PCR é muito importante quando se deseja amplificar um fragmento de poucas cópias no genoma, em material biológico, sendo uma das alternativas para aumentar a sensibilidade da reação de PCR no diagnóstico molecular ZANDEN (2002). Esta técnica consiste na re-amplificação, com iniciadores internos, de um fragmento amplificado em uma primeira reação. Esta técnica tem sido utilizada por outros autores, com sucesso para a amplificação de outras regiões no genoma de P. brasiliensis (BIALEK et al., (2000); RUGGIERO et al. (2007). Entretanto, utilizando os pares de iniciadores desenhados neste estudo, observamos que a nested-PCR pode ser uma ferramenta muito importante nos estudos de diagnóstico e epidemiológico da PCM em bovinos. De acordo com as figuras 17 e 18 foram amplificados fragmentos de 217 pb, pela PCR-out e de 156 pb pela PCR-in, confirmando o tamanho esperado pelo desenho de iniciadores. Embora a reação de PCR tenha se apresentado muito bem padronizada no laboratório, ainda será necessário confirmar se o produto da amplificação, de 156 pb é realmente a região do gene da proteína Pb27r. Esta confirmação seria realizada pelo sequenciamento nucleotídico deste amplicon. Infelizmente, devido ao curto espaço de tempo, não foi possível de realizar este sequenciamento nucleotíco para confirmação da amplificação do fragmento do gene da Pb27r. Levando-se em conta a extrema importância da agropecuária na economia brasileira, já descrita por alguns autores (VERCESI FILHO, 2000; GEHLEN, 2001; FREITAS et al., 2007), este estudo vem demonstrar que os programas de controle da PCM 48 em animais domésticos carecem de ensaios rápidos e sensíveis para diagnóstico da doença, principalmente em regiões onde a doença é endêmica. 49 7. CONCLUSÕES De acordo com os dados apresentados pode-se concluir que: Que a técnica de ELISA, utilizando o antígeno MEXO e Pb27r de P. brasiliensis, apresentou bons resultados e pode ser aplicada em estudos de diagnóstico sorológico e epidemiologia da paracoccidioidomicose; Que a técnica de PCR, utilizando os iniciadores desenhados para detecção do gene da proteína Pb27r pode ser aplicada em estudos de diagnóstico sorológico e epidemiologia da paracoccidioidomicose. 50 8. ESTUDOS PROSPECTIVOS A partir dos resultados preliminares, o presente trabalho demonstra a possível aplicação do teste ELISA como ferramenta para estudos epidemiológicos da PCM e na identificação dos animais infectados. Maiores ajustes da técnica poderão auxiliar no esclarecimento da resposta imunológica em bovinos para a PCM e ainda, esclarecer sobre os aspectos epidemiológicos da distribuição da doença em animais domésticos. Há de se considerar a necessidade de maiores estudos quanto ao assunto, pela sua importância para a economia brasileira e mundial e, principalmente para a saúde pública. Vários problemas ainda precisam ser solucionados, tais como a identificação do micro habitat exato do Paracoccidioides brasilienses, o modo de viver saprofítico na natureza e a relação do fungo com o seu ambiente e se há possibilidades de infecção humana a partir do uso de produtos de origem animal. Estas questões são importantes e, até que elas se esclareçam, a prevenção da paracoccidioidomicose continuará sendo uma tarefa difícil. 51 9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGUDELO, C.A.; MUÑOZ, C.; RAMÍREZ, A.; GUTIERREZ, J.; VELEZ, S.; PEREZ, J.C.; VELEZ, A.; TOBON, A.M. & RESTREPO, A. 2009. Identification of Paracoccidioides brasiliensis in drenal glands biopsies of two patients with paracoccidioidomycosis and adrenal insufficiency. Rev. Inst. Med. trop. S. Paulo, 51(1): 45-48. AJELLO L, POLONELLIi L. 1985. 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APÊNDICE 1 10.1 Banco de dados de ELISA (cut-off) Os cutt-offs foram estabelecidos da seguinte forma: Das 14 amostras em que foram realizados os testes de ELISA ( Pb27r e Mexo) e PCR, foram selecionadas as amostras V3 e V14 como controle positivo (pois deram positivo para todos os testes ) e V1 e V7 como controle negativo ( pois deram negativo para todos os testes ). Uma vez verificados os resultados para todos os testes, o procedimento foi o seguinte: Foram obtidas as medias positivas e negativas para MEXO Resultados positivos do MEXO V3 Leituras Média 0,586 0,5495 0,513 V14 0,613 0,489 0,551 Média dos resultados (0,5495 + 0,551)/2 = 0,55025 Resultados negativos do MEXO V1 Leituras Média 0,341 0,3475 0,354 V7 0,353 0,471 0,412 Média dos resultados (0,3475 + 0,412)/2 = 0,37975 Uma vez estabelecidas as medias de controle do MEXO, foi tirada a media desses valores e assim obtido o Cutt-off positivo para o MEXO. Média dos resultados (0,55025 + 0,37975)/2 = 0,465 58 O mesmo procedimento foi realizado com o Pb27r Foram obtidas as medias positivas e negativas para Pb27r Resultados positivos do Pb27r V3 Leituras Média 0,588 0,518 0,448 V14 0,411 0,451 0,531 Média dos resultados (0,518 + 0,531)/2 = 0,5155 Resultados negativos do Pb27r V1 Leituras Média 0,349 0,279 0,209 V7 0,178 0,163 0,1705 Média dos resultados (0,279 + 0,1705)/2 = 0,22475 Uma vez estabelecidas as medias de controle do Pb27r, foi tirada a media desses valores e assim obtido o Cutt-off para o Pb27r. Média dos resultados (0,5155 + 0,22475)/2 = 0,3701 59 10.2 Banco de dados de ELISA 14:50:01 ID-P20120920-9 MEXO 0,547 1,194 0,57 0,513 0,414 0,336 0,594 0,933 0,599 0,182 0,047 0,512 0,756 0,538 0,469 0,44 0,302 0,381 0,659 0,485 0,309 0,051 0,322 0,475 0,25 0,367 0,427 0,453 0,514 0,553 0,358 0,186 0,061 0,845 1,146 0,418 0,636 0,514 0,451 0,743 0,979 0,553 0,215 0,052 0,502 0,978 0,326 0,717 0,475 0,645 0,418 0,535 0,241 0,38 0,062 0,615 0,974 0,463 1,047 0,566 0,696 0,261 0,58 0,22 0,694 0,064 0,349 0,91 0,282 0,46 0,427 0,326 0,399 0,473 0,378 0,606 0,064 0,302 0,763 0,418 0,185 0,359 0,447 0,431 0,243 0,393 0,293 0,07 0,28 0,314 0,299 0,42 0,239 0,623 0,176 0,05 14:59:58 PB27 0,41 0,496 0,344 0,419 0,475 0,378 0,27 0,316 0,408 0,385 0,357 0,724 0,206 0,055 0,321 0,202 0,247 0,412 0,39 0,288 0,238 0,243 0,618 0,153 0,066 0,276 0,426 0,384 0,167 0,481 0,29 0,386 0,413 0,522 0,179 0,053 0,271 0,179 0,204 0,607 0,262 0,248 0,334 0,212 0,193 0,277 0,068 0,272 0,212 0,235 0,491 0,222 0,294 0,329 0,209 0,211 0,183 0,077 0,395 0,279 0,303 0,306 0,242 0,18 0,277 0,253 0,208 0,266 0,075 0,245 0,333 0,331 0,193 0,227 0,171 0,335 0,362 0,183 0,313 0,067 60 MEXO 18/10/2012 18/10/2012 coluna 1 16:31:57 coluna 2 coluna 3 coluna 4 coluna 5 coluna 6 coluna 7 coluna 8 coluna 9 coluna 10 coluna 11 coluna 12 0,076 0,304 0,442 0,688 0,327 0,252 0,512 0,586 0,353 0,689 0,073 0,077 0,072 0,31 0,305 0,371 0,45 0,503 0,619 0,513 0,471 0,634 0,083 0,072 0,086 1,246 0,464 0,694 0,165 0,625 0,464 0,599 0,442 0,879 0,076 0,818 0,081 1,239 0,467 0,526 0,252 0,913 0,424 0,728 0,973 0,943 0,063 0,587 0,196 0,569 0,997 0,595 0,915 0,609 0,341 0,972 0,745 0,974 0,073 0,072 0,088 0,478 1,108 0,435 0,898 0,774 0,354 0,942 0,424 1,406 0,068 0,062 0,136 0,512 0,523 0,77 1,311 1,538 0,902 0,886 1,168 0,613 0,097 0,072 0,107 0,606 0,543 0,881 0,778 1,132 0,697 0,643 0,899 0,489 0,072 0,067 0,133 0,164 PB 18/10/2012 18/10/2012 16:39:48 0,062 0,306 0,244 0,725 0,278 0,211 0,237 0,588 0,178 0,238 0,099 0,186 0,146 0,946 0,294 0,251 0,196 0,448 0,163 0,267 0,07 0,236 0,117 0,302 0,183 0,19 0,137 0,179 0,259 0,404 0,285 0,33 0,108 0,521 0,082 0,197 0,156 0,223 0,12 0,187 0,257 0,381 0,236 0,321 0,059 0,568 0,109 0,183 0,274 0,167 0,62 0,507 0,349 0,766 0,264 0,381 0,115 0,296 0,445 0,152 0,456 0,232 0,646 0,821 0,209 0,754 0,484 0,57 0,07 0,178 0,255 0,208 0,216 0,177 0,343 0,263 0,155 0,418 0,177 0,411 0,081 0,102 0,361 0,206 0,277 0,176 0,59 0,24 0,237 0,506 0,277 0,651 0,093 0,116 61 MEXO1 23/11/2012 23/11/2012 19:02:04 0,064 1,683 1,61 1,606 0,816 0,747 1,084 0,043 0,99 1,066 0,061 0,051 0,09 1,765 2,117 2,305 1,839 2,065 2,016 0,053 1,432 1,664 0,067 0,052 0,088 2,232 2,073 2,149 0,067 2,053 1,44 0,056 1,76 1,651 0,065 0,058 0,066 2,386 2,273 2,352 0,062 2,314 1,549 0,048 1,449 1,489 0,053 0,049 0,099 2,555 2,737 1,797 1,913 1,742 1,824 0,074 2,158 2,493 0,084 1,359 0,152 1,904 1,837 1,154 1,175 1,759 1,307 0,049 1,253 1,746 0,083 0,907 0,114 2,174 1,418 1,035 1,195 1,455 1,396 0,084 0,918 1,443 0,11 1,255 0,081 1,025 0,843 0,843 0,652 1,231 0,864 0,07 0,674 0,966 0,068 0,818 PB27 1 23/11/2012 23/11/2012 19:36:27 0,081 0,41 1,399 1,831 0,789 0,731 0,557 0,053 0,787 0,992 0,063 0,087 0,068 0,823 1,643 2,088 1,065 1,054 0,645 0,067 0,93 0,949 0,069 0,056 0,068 1,944 1,118 1,178 1,318 1,026 1,031 0,058 0,893 0,995 0,075 0,071 0,061 2,086 1,067 1,247 1,176 0,962 0,951 0,054 0,78 0,841 0,082 0,077 0,055 1,172 1,16 0,721 0,746 1,177 0,761 0,103 0,661 1,135 0,061 0,515 0,072 1,022 1,016 0,649 0,716 1,072 0,767 0,062 0,599 1,088 0,064 0,455 0,067 1,5 1,365 0,75 0,47 0,909 0,631 0,064 0,597 0,944 0,061 1,13 0,055 1,216 1,292 0,791 0,705 0,908 0,782 0,083 0,573 0,882 0,055 1,257 62 pb27 02 23/11/2012 23/11/2012 19:33:50 0,046 0,363 0,442 0,244 0,236 0,256 0,442 1,424 0,075 0,049 0,054 0,052 0,053 0,591 0,558 0,364 0,355 0,244 0,513 1,321 0,063 0,078 0,053 0,049 0,081 0,351 0,285 0,382 0,353 0,202 0,362 1,585 0,155 0,082 0,062 0,117 0,054 0,344 0,939 0,345 0,438 0,366 0,531 1,947 0,065 0,087 0,059 0,119 0,055 1,825 0,876 0,985 0,629 0,291 1,529 1,915 0,213 0,137 0,073 1,087 0,052 0,864 1,272 0,654 0,51 0,326 1,518 1,61 0,09 0,126 0,07 0,99 0,18 0,742 1,261 0,543 0,704 0,672 0,119 0,924 0,062 0,125 0,074 0,708 0,056 0,573 0,649 0,579 0,534 0,411 0,105 0,43 0,113 0,051 0,073 0,486 MEXO 02 23/11/2012 23/11/2012 19:40:01 0,046 0,379 0,327 0,578 0,39 0,418 0,272 0,939 0,046 0,043 0,048 0,069 0,055 1,824 1,154 0,433 0,752 0,413 0,499 1,194 0,051 0,05 0,051 0,048 0,061 0,675 2,397 1,97 0,719 1,262 0,958 1,79 0,13 0,145 0,062 0,057 0,097 0,824 1,161 1,171 1,408 1,058 0,971 1,803 0,144 0,088 0,055 0,052 0,066 1,423 2,06 1,961 0,449 1,142 0,717 1,538 0,175 0,162 0,07 1,011 0,053 1,727 1,635 1,793 1,61 0,57 0,409 1,162 0,176 0,057 0,06 0,824 0,077 2,225 1,455 1,042 0,342 0,947 0,199 1,026 0,112 0,086 0,076 0,972 0,122 0,763 0,753 2,406 0,612 2,112 0,13 0,972 0,083 0,129 0,097 1,095 63 11. ANEXO 1 Resultados apresentados pela técnica de Western-blot, desenvolvida em um projeto de Iniciação científica. 64 Francine Carla de Souza Silveira PADRONIZAÇÃO DAS TÉCNICAS DE ELISA, PCR E WESTERN-BLOTTING NO DIAGNÓSTICO DA PARACOCCIDIOIDOMICOSE EM BOVINOS Monografia apresentada ao Departamento de Ciências Biológicas Licenciatura e Bacharelado com ênfase em Gestão Ambiental da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Orientadora: Dra. Rachel Basques Caligiorne Núcleo da Pós-Graduação da Santa Casa de Belo Horizonte Colaboradores: Dr. Alfredo Miranda de Góes M. Viviane Cristina Fernandes Depto de Bioquímica e Imunologia - UFMG 65 Resultados e discussão apresentados na monografia: 4.2 Western-Blotting Tendo em vista que a técnica de ELISA, embora relativamente simples, não identifica os antígenos reconhecidos na resposta imune do animal examinado, utilizou-se a técnica de Western-blotting, como ferramenta confirmativa e comprobatória de diagnóstico. Para a confirmação da presença de anticorpos anti-P. brasiliensis utilizou-se como antígenos a proteína recombinante Pb27r e o antígeno bruto PbAg. As membranas de nitrocelulose, após a transferência dos marcadores e dos antígenos, foram expostas a um pool de soros, diluídos 1/50 e divididos em três grupos, sendo eles, controle positivo, controle negativo e teste. O conjugado foi diluído 1:30.000, como também utilizado no ELISA. As figuras 5, 6 e 7 identificam as reações dos soros considerados, controles positivos, controles negativos e testes, respectivamente, com os antígenos bruto e específico de P. brasiliensis. A reação mais intensa foi contra a Pb27r pura. Já a reação contra o PbAg apresentou diferentes padrões de reconhecimento de antígenos, que variou de acordo com os diferentes grupos de soros utilizados, como pode ser observado na figura 7 em comparação as figuras 5 e 6. 66 Para se entender os níveis elevados de anticorpos presentes em todos os três grupos de amostras, inclusive no grupo composto por soros de animais aparentemente saudáveis, foram testados, com a mesma técnica, dois soros fetais bovinos (BSF) distintos – o primeiro proveniente de fazendas do Brasil (figura 8) e o segundo proveniente de fazendas dos Estados Unidos (Gibko, USA) (figura 9), para verificar se esses soros também apresentariam reatividade, uma vez que por se tratar de soros de fetos, esperavase que fossem bons controles negativos. Para esse teste levou-se em consideração a falta de um controle conhecidamente negativo e o endemismo da doença no território brasileiro. Nas figuras 8 e 9, observa-se que os soros fetais brasileiro e estrangeiro, não reagiram com os antígenos utilizados na reação. 67 Pelo exposto pode-se concluir que o Western-blotting é uma técnica que tem potencial emprego no diagnóstico da PCM, precisando ser mais amplamente avaliada. 68 12. ANEXO 2 Artigo revisão sobre a paracoccidioidomicose, publicado em 2011.