EstudoExperimentalda Instabilidadede ChamasDifusivas ENIZETE A. GONÇALVES GABRIELA S. MOURA LUIZ E M. LIMA FERNANDOF. FACHINI InstÌttttoi'acíonal de PesqttìsasEspacíais(l\PE), 12630-000,Cachoeira Po'ulísta,SãoPaulo, Bt'asÌ1. S u m ári o Este trabalho apresentaa verificaçãoexperimentalda multiplicidade dos regimesde queimae da estabilidadede chamasdifusivas.Paraisso utiliza-seda queima parciaimenteconfinada de uma vela. O confinamentoé alcançadopor meio de um duto de vidro. Através da variaçãona distânciaentre a base do pavio da vela e a saídado duto consegue-se variar a quantidadedisponívelde oxigênio à chama.Quandoo pavio estácompletamente fora do duto, observa-se uma chamacompletamenteestável.A medidaque a vela entrano duto, nota-se um regime oscilatório de queima, visualmente a chama passa de um estado visível a um invisível e assim sucessivamente. Se a distânciaentrea posiçãoda vela com relação à saída do duto aumentar,observa-seo regime instável de queima:e a extinçãoda chama. Introdução Em geral, chamaspodem ser divididas em duas classes:Chamasprémisturadase chamasdifusivas. A chamapré-misturadaé caractenzadapela pré,mistura do combustívelgasosoe ar antesque ocoÍïa a ignição. Por outro lado, a chama difusiva é caractenzada pelo encontro do ar e combustível coincidentemente com a ocorrênciada combustão.Como exemplove1a,fósforo, queimadortipo turbina a gás e outros. A queima da vela é um processode combustãoque é freqüentemente utilizadapara a visualizaçãoimediatadasmais diversascaracterísticas fenomenológicasda chamadifusiva.Tem sido utilizada por pesquisadores para estudarestrutura,efeitosde camposelétricos,oscilação espontânea,fenômenode variaçãona luminosidadee extinçãoda chama li]. Nestetrabalhoa multiplicidadedo regimede queimae a estabiiidadede chamas difusivas são analisadasexperimentalmentecom a utilizacão de uma vela parcialmenteconfinadanum duto de vidro. A multiplicidade do regime de queima e a estabilidadede chamas difusivas foram estudadasoriginalmenteem meadosda décadade 60 l2). A geometriaé retangularporqueo duto utilizadoé retangular.A posiçãodo duto é Nestesistemao combustívelé adiabáticas. vertical e suasparedesconsideradas injetado pela parte inferior do duto e o oxigênio é presenteno ambientefora simples,pode-seanalisarnumericamente deste.Com estemodelorelativamente o re-Eimeinstávelde queima e a extinçãoda chama quando a condiçãode fronteiras adiabáticasé alterada ou o número de Lewis Le (tazão das yelocidades de conduçãode calore de difusãode massa)ercedea unidade. com o empregode O mesnto problemafoi estudadoanaliticamente métodos assimptóticost3.1] Os resultadosconfirmaram aqueles obtidos previamentee conse-quiramdeterminar faixas de influência do número de Damkohler D (razão do tempo mecânico e o tempo químico). Foram identificadosdois valorespara o númerode Damkohler,Da e Do. ParaD<Da. chama se extingue.Entretanto,para as condiçõestais que Da < D < Do, os resultadosmostrarammúltiplas soluçõespara o regime de queima.E para D> Do, o regimede queimaé estável.Expressandoa taxa de queimaem funçãodo número de Damkohler obtem-securvas em forma de S, na volta inferior do S a extinção. coÍrespondea igniçãoe na volta superiordo S corresponde Com o empregodo método da continuação,apropriadopara o estudode soluçõesinstáveis,todos os regimesde queimaforam descritoscompletamente [5,6]. Até então, todas as análises trataram da estabilidadedas soluções estacionárias.Entretanto,mais recentemente,o problema da chama difusiva confinadafoi resolvidode forma a mostraro regimeoscilatório[7] e tambérno regimede chamascelulares[8]. Nesteestudoexperimentalbusca-seuma forma simplificadade observar descritos.O queimadorde Kirkbey e Schmitz [2] é os fenômenosanteriormente substituídopor uma vela dentro de um duto cilíndrico. Ao variar a posiçãoda variar a quantidadede oxigênioque chegaa vela no interiordo duto consegue-se chama.Com isso pode-seestudaralgunsregimesinstáveisde queima:a queima no regimeoscilatórioe a extinçãoda chama. Formulaçãodo Modelo Esquemado transportede combustívele oxidanteparaa chama. òYn òX E:Coúrl-ÌÈoìrr Steian òY,, 'òx Ov" pavlo --- l+L Chama rA Convecçãonatlrral n L_l onde ó = espessura da chama Pavio. Duto de vidro Coryo inene . ... e m b r a n sac m ip e r m e d v e l +-Combustível T=To Figural: Configuraçãodo modelo Figura 2: Configuraçãodo modelo de Kirkbey e Schmitz propostonestepresentetrabalho A configuraçãoconsiderada no desenvolvimento do modelode Kirkbey e Schmitz,mostradana Figura l, consisteem uma chamadifusiva estruturada numa câmara de comprimento finito. O combustír'elé injetado pela parte inferior da câmara,por convecção,a uma taxa Ìr{ constante.Temperaturae concentrações são assumidasconstantes.Na parte superiorda câmara,um escoamentotransversalde ar está cruzandoa saída do duto permitindo um processodifusivo do oxidante na câmara.O modelo proposto neste trabalho como mostraa Figura 2, consisteem uma vela comum com um bastãomóvel inseridosem um duto cilíndricode vidro. O combustívelentrapela parteinferior do duto por convecçãoe o oxidante,por difusão,pela partesuperiordo duto. O foi realizadoem condiçõesatmosféricas. experimento Note que quandoa Velaé acesa.o calor (vindo de um fósforoou fontede pesado.na basedo pavio.Devido ignição)derretea paratìna.um hiclrocarboneto o par.io\er uÌn rnaterialporo\o.a parafinalíquidasobepor açãoda capilaridade e enrão\e \ aporiza.Der ido à ntudançada faseda parafina.de faselíquidapara e c<por ele que a parafina fa:e -sa:o:a.um e\coamentodo tipo Stefané -uerado _sasosaé Ievada para a chama (transporteconvectivo). Entretanto nas por levar proximidadesda chamao transportedifusivo é o principalresponsável o combustívelao encontrodo oxigêniotambémtrazidopelo transportedifusivcl no lado do ambienteparaa chama. Foram assumidasas seguintescondiçõespara o modelo matemático: escoamentolaminar,estacionárioe unidimensional.Paredesdo duto adiabáticas fração mássica com as variáveisconsideradas,YO, Y, e T (respectivamente do oxidantefração mássicado combustívele temperatura)adimensionalizadas. Densidade,p, difusividade, D, viscosidade,F, calor específico à pressão constante,co, e condutividadetérmica,1",são assumidosconstantes,e pressão atmosférica. Com as suposiçõesacima, o estado estacionárioé governadopelas seguintesequaçõesdiferenciaisadimensionalizadas: * Y; + MY; - -D YoYoe-t/' , - Le + MY: - - DY re-olr , relo,r[ "Y "Y! - Le DY oYoe-olr, oT" + MT' (l) com condicõesde contorno: - te"YiQ)= 0, MT(O)-LerT'(0)= ME MYr(O)-Y;(0) - M, ÌvlY"(O) (2) e =Y,o, T(1trT , Ír(1)-g X,(1) (3) Y,,, é onde Tn. T, sãotemperaturasfornecidasna entradae na saídado duto , a fraçãomássicado oxidantena partesuperior,6 é a energiade ativaçãona Ler,é o do reação.Le n éo numerode Lewis do combustível,enquanto geralment"Luo L", - I .O problema oxidante.Em várioscasosobserva-se do problema ( I ) decresce de 3 para 1 equação. em termosda temperatura t e m o s: -T-\fí=D\),€= \tTr0r-T'(0)=\lT T(l)=Tr . (4) pela em funçãoda temperatura enquantoYu e )l podemserexpressadas relaçãode Schvab-Zeldovich: M ( *- t r Y n G ) - T o - T ( x ) + ( Y o , + T , - T o) s , ( 5) Y oQ)- To -T(x) + 1- ( 1+ To - T, )ett*-'r. Os dois parâmetrosdo problemasãoa taxade injeçãoM do combustível' e o númerode DamkohlerD. O objetivodessaanáliseé a resoluçãofísicaR, taxa de combustívelnão queimado,em funçãodestesdois parâmetrosM e D. R é definido Por: R - -Y;(r) t M (6r Materiais e Métodos Para a reahzaçáodesseexperimentoforam utilizados uma vela comum de parafina,um duto de vidro, com diâmetropróximo ao da vela, um bastãode ,uri.ntução fixado na base da vela, um suportepara segurafo duto, fósforos, uma réguade metal,escala,e uma câmeradigital. A metodologia utilizada consistiu de observaçõesna forma. cor. luminosidadeda chama em diferentesdistânciasL. entre a base do pavio e a saída do duto, bem como as osctlaçõesnas bordas de charna e tambérn a extinçãoda chama. Resultadose Discussão O processode transportedo oxidantedependedas escalascaracterísticas espaciaisconsideradas. Paraa maior escala,muitasvezesa espessura da chama. a convecçãoé a responsár'el por trazeroxidantepaÍa a proximidadeda chama. Nestare-sião. numaescalaespacialda ordemda espessura da chama,a difusão se encarre_ca de transportaro oridanteparaa chama.A convecção é geradapelo p rodutosda combustão e m p u\od o s sa se sq u e n te s: e o iner lediluente.Quand oa r ela e introduzidano duto. o confinamentolimita o processode transpoÌtepor c o n re ccã o ..\ p a n i r d e u ma por içãoda vela no duto. a convecção cessae o oridanteé lerado somentepeladitusão.Entretanto. processo este de transporte é rápido \oÌnentena condiçãoencontrada apenasna proximidadeda chamade A -erande distância,o transportepor difusãoé ,erandegradienteda concentração. muito lento. Portanto, a gradual introdução da vela no duto reduz o transporte convectivo e o transportedifusivo não conseguesuprir todo o oxidantepara a combustão.Ao mesmotempo que o transporteconvectivode oxidantediminui com a introduçãoda vela no duto, o numerode DamkohlerD diminui também. A combinaçãoda reduçãodo transportede oxidante à chama e do número de Damkohler D faz o problemaapresentarmúltiplas soluções.Um indicadorda multiplicidadedas soluçõesé o regime oscilatórioda chama e a extinçãoda combustão.Esseprocessodescritoacima,da oscilaçãodo regimede combustão, pode ser observadopela seqüênciade figuras3(a) a 3(i). Nestasfiguras,pode-se notar tambéma distorçãoda chama.Isto se deve a interaçãodo campo fluido (vórtices)externoa saídado duto com o topo da chama. A luminosidadeda chamaé geradapelaspartículasde fuligem emitindo na bandada radiaçãotérmica. Fig. 3. Oscilaçãoe Extinçãoda chamada vela devido à variaçãoda distânciaentrea basedo pavio e a saídado duto. Na próxima figura, fotos 4(a) a 4(e), pode-seapreciara seqüênciado regime de combustão sem oscilação periódica. Neste caso, a introdução sucessivado vela no duto causa a reduçãona combustãoaté a extinção da chama. Notar que o ambientetem oxidante suficientepara consumir toda a parafina da vela, porem o exinticao ocoÍre porque o processode transporle difusivo não é rápidoo suficienteem escalasespaciais-urandes. Importanteobservaro comportamentoda fuligem. Com a diminuiçãoda taxa de reação,a temperaturada chamadiminui e nestascondiçõesa formação de fuligem é reduzida.A cor azuladada chamaé um indicativode chamalimpa. ?4,:, ó",;i Fig. 4. Oscilaçãona cor e luminosidadeda chamada vela devido à variaçãoda distânciaentrea base do pavio e a saídado duto. Fig" t. Oscilaçãona cor e luminosidadeda chamada vela devido à variaçãoda distânciaentrea basedo pavio e a saídado duto. C o n cl u sã o Devido a introduçãoda vela no duto, o número de Damkohlere a concentração de oxi_eêniodiminuíram. Oscilações,mudançasna cor e luminosidade. bem como a extinçãoda chamapuderamser observadas. Neste modelo o principaÌ transpoftede oxidante para a chama é realizad,opelo processode difusão.O resultadoerperimentalconcordoucom a teoria. R e f erê n ci aB s i b l i o g rá fica s I' Burke. S.P.e Schumann.T. E. \\'. DitfustonFlames.ContbttçtionLItÌlities Corporatìon. 2. Kirkbel'.L.L.. Schmitz.R.A.. (1966)AnanalyticalStudyof the Stablityof a LaminarDiffusion Flame,Combustionand Frame,I0'205-220. 3. Alsairafi, A., Lee, S., T'ien, J. s., (2004), Modeling Gravie e.ffecton dfusion flames stabilízed around a cylindrícal wick saturatecJwíth lÌqttict fuel. Combust.Sci. andTech. 176.2165-219l. 4. Mansurov,Z. A. (2005) Sootformatíon in combustionprocesses.4l:727144. 5. Heitor, M.v, Taylor, A.M.K.p e whitelaw, J.H.(19g4).Influence o.f confinement on combustion instabílities of premixed flames stabilizeclon axisymmetric bffies. 6. Mitchell, R. E. 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