CRIATIVIDADE
UM MERGULHO NO “SER” LÍDER
Silvana Maria de Carvalho Roma
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO
LIBERTAS CONSULTORIA E TREINAMENTO
CENTRO DE PESQUISA E PÓS GRADUAÇÃO
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO DE EQUIPES
(FOCO EM DINÂMICA DE GRUPO)
CRIATIVIDADE
UM MERGULHO NO “SER” LÍDER
Silvana Maria de Carvalho Roma
RECIFE
2007
CRIATIVIDADE
UM MERGULHO NO “SER” LÍDER
Apresento
esta
monografia
ao
Libertas
Consultoria e Treinamento e à Universidade Católica
de Pernambuco, como requisito para a obtenção do
título de especialista em Gestão de Equipes, sob a
orientação professor José Ricardo Paes Barreto.
“Os golfinhos ocupam todas as águas
com graça, alegria e vida. Comem somente
quando têm fome e só os peixes pequenos.
São organizados, cooperativos e se
comunicam o tempo todo. São amáveis,
sábios e inteligentes. Somente atacam para
defesa própria. São necessários apenas cinco
golfinhos para se defenderem de noventa
tubarões. Ao se verem ameaçados, se
organizam de uma forma que, um grupo
distrai alguns tubarões, enquanto um dos
golfinhos dá um bote certeiro no peito de um
tubarão que, por ter respiração frágil cai no
fundo das águas e morre. Ou então, mordem
um tubarão, que por sangrar, começa a ser
devorado pelos outros tubarões, permitindo
com isso que os golfinhos possam escapar.
Vivem uma vida longa, saudável e feliz.
Para
eles,
carpas
e
tubarões
são
completamente diferentes. Passemos a
imitar os golfinhos, que são cooperativos,
amigos, alegres, ativos, organizados,
atentos, observadores, não gananciosos,
comunicativos, criativos, vivendo uma vida
tranqüila e feliz”.
Fonte Internet.
Dedico esta monografia aos meus amados
filhos, Rogério e Rômulo, que são minha vida e
inspiração maior e aos meus irmãos; Suely, Simone,
Silvia e Sávio, pela compreensão e colaboração que
sempre me dispensaram.
Aos meus mestres e amigos de curso
agradeço por proporcionarem e compartilharem
momentos de saberes tão importantes e construtivos
para minha vida pessoal e profissional, em especial
aos Mestres José Ricardo Paes Barreto, por sua
dedicação, metodologia, autenticidade e paciência, e
Alex Peña por sua maestria em sala de aula,
despertando ainda mais a minha vontade de
aprender e ter a inspiração de estudar e escrever
sobre o tema Criatividade.
RESUMO
Este trabalho foi fundamentado em pesquisa de referencial teórico e o
objetivo principal foi estudar aprofundando em como a Criatividade interfere
positivamente na atuação de um “ser” líder. Estudando conceitos de Criatividade
e Liderança e pesquisando as características mais marcantes com pontos de
integração entre personalidade criativa e a personalidade do líder, percebi que
mergulhar nos estudos da Criatividade é uma ousadia e ao mesmo tempo uma
necessidade. Necessidade para se buscar o autoconhecimento, pois só olhando
para dentro de nós e procurando um conhecimento real e verdadeiro de nosso
“eu”, é que iremos obter conhecimento suficiente para ir fundo ao encontro
positivo da energia instintiva, da espontaneidade e da vitalidade, que são fontes
principais da nossa criatividade. Exercer o papel de líder, ser um líder criativo
requer habilidades, competências e comportamentos amadurecidos.
O líder
criativo é essencial na realidade atual das organizações que precisam ter uma
visão e atuações mais integradas, estratégicas e competitivas. Neste estudo de
liderança e criatividade, a cada “mergulho” fui buscar o que eu já tinha em
mente, vivido como líder e como pessoa criativa. Busquei entender a dinâmica
determinante do profissional e do ser humano neste papel e observei que a
personalidade, estilo e caráter são pontos extremamente relevantes e
interligados para a edificação e consolidação profissional e pessoal desse “ser”.
Palavras – Chave: Criatividade.Liderança.Personalidade. Autoconhecimento.
ABSTRACT
This project was based on theoretical referencial research and its main aim
was to fundamentaly study how ceativity positivily impacts the performance of a
leader. Focusing on creativity and leadership concepts and researching the
most striking carachteristics and connections between creative personality and
the leader’s personality, i realized that emersing myself in the study of creativity
is a chalenge and a necessity simultaneously. Necessity to achieve self
knowledge, for only through looking inside and trying to find true knowledge of
ourselves can we acomplish enough knowledge to sucsessfully find our
instictive energy, spontaneity and vitality, wich are the main sources of our
creativity To play the role of a leader, to be a creative leader, requires skills,
habilities and experienced behavior. The creative leader is crucial to the current
reality of companies that need to have a more integrated, strategic and
competitive vision and operation. In this study of leadership and creativity, i
tryed to find what i already had in mind, experienced as a leader and as a
creative person every step of the way. I tryed to figure out the determining
dynamic of professionals and human beings in this role and realized that
personality, style and charachter are extremely relevant and interconnected
steps for the professional and personal creation and consolidation of such
individual.
Key-Word: Creativity.Leadership.Personality.Selfknowledge.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...................................................................................1
CAPÍTULO 1
1.JUSTIFICATIVA..............................................................................2
CAPÍTULO 2
2.LIDERANÇA...................................................................................4
CAPÍTULO 3
3.CRIATIVIDADE.............................................................................12
CAPÍTULO 4
4.UM MERGULHO NO “SER” LÌDER..............................................21
CONCLUSÃO..................................................................................25
REFERÊNCIAS...............................................................................26
INTRODUÇÃO
O presente trabalho está focado em uma pesquisa de referencial teórico,
estudando os temas; Criatividade e Liderança, com objetivo de encontrar o ponto
de integração da personalidade criativa e a personalidade do líder e de que
maneira esta criatividade interfere positivamente na atuação de um “Ser” Líder.
Foi dividido em capítulos que procuram seguir os passos da pesquisa,
onde observamos que todas as características, habilidades e atitudes
necessárias para um líder da atualidade está intimamente ligada às
características de uma personalidade criativa.
Num primeiro momento apresentamos uma justificativa que esta baseada
no estudo da liderança e suas nuances e da criatividade como sendo uma
característica fundamental para o alcance de resultados positivos e também
apontada como sendo uma vantagem competitiva.
Em seguida nos deteremos em conceitos e afirmações inerentes à
liderança, onde enfocamos o potencial que um líder deve ter para desenvolver e
saber utilizar suas habilidades e características pessoais.
No terceiro capítulo procuramos apresentar as várias nuances da
criatividade mostrando que a criatividade é um produto de rupturas e de
desbloqueios que nos levam a outros caminhos e novas realizações.
No quarto e último capítulo ressaltamos que a liderança e a criatividade
estão associadas as características pessoais do “ser” líder.
CAPÍTULO 1
1. Justificativa
A motivação para este trabalho está sustentada em nossa crença e
paixão por criar e de que a criatividade é componente principal para o
crescimento e desenvolvimento das pessoas e conseqüentemente líderes e
equipes mais produtivas.
Encontramos ao longo dos anos, na evolução e revoluções histórica do
mundo, que a criatividade existe como sendo o ponto principal para grandes
mudanças e descobertas, e que continua presente nos dias atuais através da
revolução tecnológica e do conhecimento.
A criatividade é uma forma da inteligência, que acreditamos ser possível
desenvolvê-la em todos os seres humanos, acredito que todos nós somos
dotados desta dádiva, mas precisamos ter consciência e nos preparar,
aperfeiçoar este dom, estimulá-la, pensar na frente, ter visão de futuro e sonhar.
Numa entrevista do sociólogo Domenico De Masi - Revista Você S/AMaio/ 2003 (pág. 73 a 75) sobre “Ócio Criativo”, encontramos pontos relevantes
focados no comportamento pessoal e do profissional moderno, sobre
criatividade, trabalho e características de profissionais tão presentes nos tempo
de hoje e que naquele momento ele já estudava a sua importância considerando
o progresso atual tecnológico e a globalização como fatores novos na relação
das pessoas com o trabalho. Nessa entrevista Masi coloca duas características
essenciais ao profissional atual que é a flexibilidade e a criatividade, como sendo
principais para se vivenciar um mundo no trabalho voltado para mais
conhecimento e saberes do que àqueles que trabalhadores vivenciaram na era
dos trabalhos repetitivos e banais da era industrial, ou seja, os cargos criativos
associam imaginação com capacidade de realização, tão exigida atualmente.
Para isso, além da exigência de especialização, é necessário que o profissional
tenha uma vasta cultura geral, o que hoje podemos traduzir em gestão do
conhecimento. Assim, observamos que todas as características, habilidades e
atitudes necessárias para um líder da atualidade está intimamente ligada as
características de uma personalidade criativa.
Em um artigo publicado no Jornal do Commercio – Caderno Gestão de
Pessoas, em 04/09/2005 de autoria de Regina Drumond, ela relata que;
”paixão em criar não é um privilégio de poucos, é
uma vantagem competitiva sobre a qual toda
sociedade pode se alavancar e ter progresso, assim
como as organizações precisam de pessoas que
sejam capazes de apoiar seus valores, crescer, ser
competentes, ter relacionamentos e paixão pelo que
fazem, apreciando as oportunidades, os desafios,
criando condições de prosperidade”.
Portanto, aqui neste trabalho queremos trazer um olhar mais profundo
para as características essenciais de um ser humano que atua como líder e
quando “mergulharmos” intimamente neste “ser” encontramos traços marcantes
de sua personalidade que vão nos revelar a cada “braçada” pontos de um ser
sensível, intuitivo, original, espontâneo, inteligente, produtivo e assim muito
criativo.
CAPÍTULO 2
2. LIDERANÇA
Não ande atrás de mim, talvez eu não saiba liderar.
Não ande na minha frente, talvez eu não queira
segui-lo. Ande ao meu lado, para podermos
caminhar juntos.
Provérbio Utê.
Falar de liderança é essencialmente falar do “ser humano líder”, pessoas
que possuem esta habilidade, mas que são pessoas “normais”, com sonhos,
desejos, frustrações, ansiedade, ficam tristes e alegres, possuem momentos de
insegurança, são pessoas que amam, passam também por momentos de
dificuldades, mas demonstram acima de tudo serem resilientes.
No mundo corporativo o líder precisa muitas vezes seguir normas e
padrões que termina por moldar sua forma de ser, fazendo com que muitas
vezes este líder não seja autêntico, tendo que “parecer” ao invés de “ser”. É
como se nessas organizações existissem um código onde o líder não deve
demonstrar seus sentimentos e emoções, parece que ele não pode ser “gente”,
embora seu papel principal seja lidar com gente, com pessoas como ele, que
pensam,
sentem
e
querem
se
expressar,
se
desenvolver
e
crescer
profissionalmente.
Liderança é compartilhamento, dedicação ao outro e conhecimento de
cada membro de sua equipe. Não existe liderança sem o conhecimento das
pessoas e sem este líder também se fazer conhecer, é uma troca, onde a
confiança e credibilidade deverão permear o relacionamento. Liderança também
é maestria, é saber reunir todas as habilidades de uma equipe, desenvolvê-las e
trabalhar juntos as potencialidades de cada um.
Estudar liderança só nos faz pensar cada vez mais quão intenso e
profundo é este tema. Com tantos conceitos, e com uma literatura vasta sobre o
assunto, ele é ainda instigante, não importa em que tempo ou há quanto tempo
estejamos a estudá-lo, pois o homem evoluiu e continuará evoluindo e nesta
evolução ele se transformou, no seu interior, a sua essência foi tocada por vários
aspectos singulares e ao mesmo tempo subjetivos, provocados por fatores
externos, como o constante desenvolvimento tecnológico, o contexto sócioeconômico e cultural mundial.
Buscar entender liderança ou defini-la é “mergulhar” nos estudos da
Administração, da Sociologia, da Filosofia e da Psicologia, como cita Vera Lúcia
da Conceição Neto, em artigo no caderno - Gestão de Pessoas, do Jornal do
Commercio, publicado em 17/12/2006. É ver o ser humano de forma holística.
Segundo definição de Jack Welch (2004 pg.164 a 167)”Liderança é a
habilidade de lidar com pessoas, de saber cuidar de valores, ser um coach, de
saber “cultivar” as pessoas dando-lhes a chance de atingir seus sonhos”
Sendo a liderança um conjunto de fatores, podemos afirmar que o líder precisa
continuamente
se
desenvolver,
saber
utilizar
de
suas
habilidades
e
características pessoais para levar sua equipe a atingir melhores resultados e
desafios e formar novos líderes.
Welch (2004, pg.165) também ressalta que;
“um líder deve ter uma visão e ser capaz de articulála,
impulsionando sua implementação na
organização. Sendo capaz de articular esta visão que
“é de onde vem a energia”. Nunca é demais repetir a
visão, pois é preciso fazê-lo até cansar”. Muitos
gerentes fazem tudo, menos impulsionar a
implementação. É aí que entra a vanguarda. Estar na
dianteira é tomar decisões. Podemos ter uma grande
visão, mas é preciso ter coragem para estar na
vanguarda. Se as pessoas adotam valores certos,
podemos dar-lhes uma segunda chance. É um selo de
aprovação. Permite ver as coisas de outro ângulo.
Esta é uma cultura voltada para o desempenho. O
grande líder sem qualidades gerenciais está fadado a
ter problemas. Muita coisa é reciclagem. Não há nada
pior do que um gerente que senta contando centavos
e pegando no pé das pessoas...Não falamos “Espero
fazer isto”. Você vai lá e faz. Você faz as coisas
acontecerem. Está cada vez mais claro que a
capacidade de energizar é o que conta”.
É interessante que Welch faça esta colocação de que “cada vez mais está
claro que a capacidade de energizar é o que conta”, pois consideramos ser um
ponto de ligação à capacidade de um líder ter em “energizar” sua equipe, ou
seja, promover motivação e daí abrir espaço para a criatividade.
Ser líder exige princípios, valores e compromisso com as pessoas que
colaboram com o nosso dia a dia. Encontramos no livro; “Como se tornar um
Líder Servidor – Os Princípios de Liderança de O Monge e o Executivo” – James
Hunter (2006, pg. 51 a 62) o que consideramos como princípios básicos para
quem atua como líder. Ele trás definições dos principais princípios de liderança,
como; a paciência, humildade, respeito, altruísmo, perdão, honestidade e
compromisso. É importante ressaltar, que para liderar não basta apenas o líder
apresentar esses princípios ou simplesmente ocupar um cargo de comando ou
ser o chefe de pessoas. Segundo (Paul E Spector - pg. 494) ele ressalta;
“o fato de que, em uma abordagem da liderança nas
organizações, existir alguém no comando, isso não
quer dizer que as pessoas irão ouvi-lo ou fazer o que
ele(a) diz. Alguns estudiosos da liderança propuseram
muitas definições diferentes a respeito e nenhuma
delas foi universalmente aceita. A idéia comum que
faz parte de várias definições diz que liderança
envolve
influenciar
as
atitudes,
crenças,
comportamentos e sentimentos de outras pessoas.
Mesmo quem não é líder pode influenciar outras
pessoas, mas os líderes exercem uma influência
desproporcional; ou seja o líder tem mais influência
do que aquele que não é líder”.
Observamos neste aspecto que a influência é inerente a habilidade de
cada um que exerce o papel de líder e que por mais habilidades que este líder
possua para estar à frente de uma equipe o que o determinará ser um líder
mais eficaz será seu poder em influenciar e como o faz,de que forma ele atua,
que recursos utiliza,etc No âmbito organizacional(Paul Spector-pg.494) faz
referência que;
“a liderança esta freqüentemente associada a cargos
de supervisão, coordenação ou gerência, porém ser
um supervisor não garante que ele será capaz de
influenciar os outros. Além disso, muitos líderes nas
organizações não tem um título formal , ou seja
surgem os líderes informais nos grupos de trabalho e
podem
“esses” ter maior influência sobre o
comportamento dos membros do grupo do que seus
supervisores, ou seja o que vai diferenciar a liderança
formal de uma possível informal, será a interação que
o indivíduo desenvolverá com seus colegas, portanto
apesar de existir a liderança formal, muitos recorrem
ao líder informal pelo simples fato deste ter
habilidades interativas mais determinantes”.
Ressalto do mesmo autor que;
“Existem vários estilos liderança e com estes estilos
temos que considerar o ambiente organizacional e a
cultura do país que tanto a influenciam, bem como
qual modelo é mais eficaz e que características são
percebidas e desenvolvidas nestes líderes”.
Em estudo realizado por Franco Noce – A importância dos processos
psicossociais: Um enfoque na liderança, ele ressalta que “o processo histórico do
estudo liderança aponta para três grandes momentos dominados por diferentes
teorias: traços da personalidade, estilos de liderança e liderança situacional”.
Neste estudo de Noce encontro uma definição de Chellladurai (1999:16) do que
é personalidade: “Organização dinâmica do indivíduo dos sistemas psicofisiológicos que determina um ajuste no ambiente”. “Tem sua importância, pois
predispõe um indivíduo a reagir de uma forma específica e assim,
compreendendo-a facilitará as relações humanas e conseqüentemente o
processo da liderança”. Ele ainda ressalta que: “as características da
personalidade criam parâmetros para o comportamento das pessoas, nas quais
permitem o estabelecimento de uma rede de informações ou parâmetros para
predizer o comportamento”. Existe visões diferentes para definir a personalidade,
uma delas é mais tradicional onde aponta amplamente que a personalidade é
determinada geneticamente e para outros pesquisadores apontam que traços de
personalidade podem ser aprendizagem cognitiva e social (Bandura, 1986;
Mischel, 1973). Outras determinantes apontam que a personalidade também é
modificada através da exposição à cultura, família e grupos de referência (ex:
influências ambientais). Diversos autores (Barrick e Mount, 1991; Goldeberg,
1990: Mchrae e Costa, 1987) tentaram agrupar o que seriam os “cinco grandes
domínios da personalidade”. Eles buscaram uma forma de agrupar os muitos
traços individuais em domínios ou dimensões significantes:
a) Extroversão; espirituoso, expressivo, sociável, ativo.
b) Aceitação; cooperativo, útil, amável, amigo.
c) Conscientização; organizado, eficiente, auto-disciplinado.
d) Estabilidade emocional; defensivo, inseguro, nervoso, etc. e por fim,
e) Intelecto; contemplativo, perceptivo, esperto, curioso, sofisticado,
criativo.
Noce ressalta também que “é importante os esforços de Eysenck &
Eysenck (1963) no desenvolvimento de um modelo, que baseado nos dois
fatores primários de personalidade (estabilidade-instabilidade e extroversãointroversão), descreve a variação da personalidade. Em suma as características
gerais
da
personalidade,
tanto
do
líder
quanto
do
grupo
sob
sua
responsabilidade, provocam um fator de incerteza no processo inerente ao
comportamento humano e devem ser considerados para uma maior eficiência da
tomada de decisão”.
Percebo aqui quanto o estilo e a personalidade de cada líder é importante,
são diferenciais e que devemos considerá-los, pois são através destas
características que podemos avaliar a eficácia do papel do líder. Identifico aqui
um ponto comum já encontrado em outras literaturas aqui citadas, sobre a qual
retrata que “a decisão sobre as formas de liderança passará pela competência e
credibilidade do líder”.
No artigo: (Dês) fazendo o mito sobre liderança: Traçados e limites da
atuação do profissional da informação na função de líder de autoria de Edna
Pinheiro e Mª Helena Macieira,elas ressaltam os estilos de liderança mais
encontrados em ambientes organizacionais: Autoritário, Democrático, Liberal,
Situacional e Emergente.
LÍDER AUTORITÁRIO
“Aquele que determina as idéias e o que será executado pelo grupo, e isso
implica na obediência por parte dos demais. É extremamente dominador e
pessoal nos elogios e nas criticas ao trabalho de cada membro do grupo. Muitos
condenam esta postura, e acham inválido este tipo de comportamento. Sua
origem remonta da antigüidade. Apesar deste comportamento ser considerado
inadequado, o seu uso tem provado certa eficiência em algumas ocasiões, e com
certo tipo de pessoas lideradas. Pensemos, por exemplo, em um grupo relutante
no cumprimento de seus deveres e que não quer colaborar nem assumir
responsabilidades”.
LÍDER DEMOCRÁTICO
“Aquele que determina, junto com o grupo, as diretrizes, permitindo o grupo
esboçar as técnicas para alcançar os objetivos desejados. É impessoal e objetivo
em suas críticas e elogios. Para ele, o grupo é o centro das decisões.
Acreditamos que a ação do líder democrático é de suma importância par a o
progresso da organização”.
LÍDER LIBERAL
“Aquele que participa o mínimo possível do processo administrativo. Dá total
liberdade ao grupo para traçarem diretrizes. Apresenta apenas alternativas ao
grupo”.
LÍDER SITUACIONAL
“É aquele que assume seu estilo de liderança dependendo mais da situação do
que da personalidade. A postura deste líder brota ante as diferentes situações
que ele detecta no dia-a-dia. Possui um estilo adequado para cada situação”.
LÍDER EMERGENTE
“Diz respeito àquele que surge e assume o comando por reunir mais qualidades
e habilidades para conduzir o grupo aos objetivos diretamente relacionados a
uma situação especifica. Por exemplo, num caso extraordinário, onde
determinadas ações devem ser traçadas de imediato”.
Observamos que o estilo de um líder está ligado a sua personalidade, o
seu jeito de ser, que sempre é único, porém podendo ser flexível e adaptável a
vários contextos.
Ainda neste artigo as autoras dizem que “todo líder deve procurar refletir
sobre qual estilo ele adotará de acordo com a situação, os propósitos comuns de
sua equipe, de como são seus colaboradores e a sua realidade”.
Goldsmith(pg.121 a 124) by Richard J.Leider aborda que;
“para liderar antes é preciso autoliderança e que uma
grande diferença entre o sucesso ou o fracasso dos
líderes pode ser atribuída ao seu caráter – quão
eficazmente eles lideram a si próprios. O caráter
“autêntico” geralmente acompanha a grandeza em
qualquer coisa, e é em grande parte responsável pela
energia e unidade encontradas nas organizações de
alta performance”.
Ele ainda acrescenta:
“o principal papel dos líderes novo mundo do trabalho
é saber as respostas à perguntas que muitos
seguidores fazem: Porque eu deveria segui-lo? E
Porque eu deveria confiar a você meu sustento? Os
líderes devem primeiramente olhar no espelho para
responder essa questão para si próprios. Eles
precisam entender que liderança se conquista de
dentro para fora. Logo ele conclui que, o
comprometimento genuíno e seguidores engajados
surgem quando se fazem primeiramente a si próprio
as duras questões de caráter”.
Entendemos, na medida em que “mergulhamos”, que os pontos
característicos de um “ser líder” convergem para sua essência, ou seja, se
baseiam na sua personalidade e caráter. Características essas que geram
confiança e é através do cultivo desta confiança que o líder terá mais sucesso.
Leider (pg.122) trás que “dadas às realidades atuais do local de trabalho, a
maioria dos ”seguidores” estão famintos por uma liderança com propósito –
líderes que tenham valores, visão e coragem”. “A liderança com propósito exige
confiança. A confiança se baseia no caráter”. Ressalto também do mesmo autor;
“quando um líder se prende mais a forma e não o suficiente na essência
percebe-se que neste momento ele perde a confiança das pessoas”.
Em estudos de Claudiney Fullmann(Google,2007) ele ressalta três
características do ser líder como sendo uma formação sólida para seu
desempenho profissional e pessoal. É o que ele denominou de “triplo C”, ou seja,
o início da competência do líder que hoje é requisito nas organizações
modernas. São elas:
Cabeça - Rigor intelectual, compreensão da organização e idéias que
possam vencer no mercado, e ainda Habilidade para Conceituar, Conhecimento
do Negócio e uma Visão.
Coração - Compaixão, empatia e justiça acrescidas de amor e absoluta
franqueza, e ainda, Sinceridade,Integridade e Piedade.
Coragem - Capacidade de fazer apelos difíceis, assumir posições
impopulares, correr riscos e ter autoconfiança para ser simples, e ainda,
Realidade, Autoconhecimento, Simplicidade e Velocidade.
Segundo Fullmann, o
“ser líder funciona como catalisador e promotor da
felicidade. Ele estabelece a harmonia da orquestra,
como um maestro, o estímulo para a vitória, como um
coach, a educação para o futuro, como um mentor, a
disciplina confiante, como um pai, e a produtividade
elevada como um conselheiro”.
CAPÍTULO 3
3. CRIATIVIDADE
Ao Criar, a pessoa encontra seu Eu, seu Mundo,
seu Deus.
( Erich Fromm)
Criatividade é uma forma de inteligência, é uma maneira de se
desenvolver vendo outras possibilidades, é não ser limitado. Assim, como diz
Cortella, Mário Sérgio (pg.13) em seu livro: Não Nascemos Prontos, que “Gente
não nasce pronta e vai se gastando; gente nasce não – pronta e vai se fazendo”.
Cortella enfatiza dizendo;
“O grande desafio humano é resistir à sedução do
repouso, pois nascemos para caminhar e nunca para
nos satisfazer com as coisas como estão. A
insatisfação é um elemento indispensável para quem,
mais do que repetir, desejar, criar, inovar, refazer,
modificar, aperfeiçoar. Assumir esse compromisso é
aceitar o desafio de construir uma existência menos
confortável, porém ilimitada e infinitamente mais
significativa e gratificante”.
Estudando este tema, encontramos no simples, original e inteligente livro
de José Predebom, mais do que definições ou explicações. Constatamos muita
vivência e habilidade para escrever e discorrer sobre criatividade e como não
poderia ser diferente um “ser” muito criativo. Sua abordagem é perfeita e
concordamos plenamente quando ele relata que “Temos em nós um pouco da
criança que fomos, alegre e descondicionada. É bom dar mais espaço a ela
atenuando nossa parte adulta, compenetrada e pouco criativa”.
“Ser” criativo é ser como criança, pois através dela transparece a leveza,
alegria, doçura, brincadeira, que é muito séria, uma construção de idéias, muita
energia liberada, nada muito lógico. Oscilante, talvez, na própria lógica e em
sua compulsão própria, assim podendo fazer escolhas, buscar novas
alternativas. Criatividade é manifestação de vida, de ética. “Se o homem nunca
fugisse da norma, teria um comportamento repetitivo e seria só um mamífero a
mais na terra”.
Predebom (pg.31), analisando criatividade como sendo universal, inicia
esta análise partindo do assunto de “raciocínio associativo” de animais, como o
cachorro de Pavlov, ou da “reação associativa” de plantas, principalmente das
chamadas sensitivas. Ele verifica que as ações provocadas por associações
sempre se processam pelo aproveitamento de experiências anteriores e se
constituem em um tipo de reação a estímulos. Já o homem soma a esse tipo
de raciocínio associativo sua capacidade de “ir além”, construindo hipóteses,
conjecturando, sonhando, enfim. Experiências anteriores são, portanto,
processadas por nós de forma definitivamente única. Podemos afirmar que a
espécie
humana
tem
capacidade
inata
e
exclusiva
de
raciocinar
construtivamente. Essa capacidade produz o que tranqüilamente pode ser
chamado de criatividade.
Quando ele cita “capacidade inata’ se refere ao potencial que todo ser
humano possui, que lhe é próprio. Daí a afirmação de que todos nós somos
criativos, podendo-se dizer que é uma dádiva da natureza”. Também se chega a
essa convicção pelo fato aceito de que “todas as crianças são criativas” e que
seu potencial inato vai depois sendo bloqueado no processo de socialização”.
(Predebon, 2005) “A forma de que cada um utiliza e desenvolve para ser
criativo vai variar de acordo com seu meio social, seus estímulos, de suas
limitações apresentadas e dos bloqueios que impõe. Pode-se afirmar que
existem muitas limitações, porém “independente do potencial de cada pessoa, o
simples rompimento dos bloqueios ou a prática pela tentativa, que tende a
desenvolver a capacidade, já serão suficientes para que o comportamento
criativo se destaque da média”.
Entendemos que criatividade é produto de rupturas, de desbloqueios que
desfazemos à medida que vamos percebendo novas possibilidades, buscando
soluções e descobrindo outros caminhos para realizações de novos projetos e
sonhos. Conseguimos nos libertar e desabrochar em uma nova realidade, até
em uma nova fase de vida e com certeza mais completos e felizes.
De que maneira os seres humanos desenvolvem um comportamento
criativo? Tomando como base o que estudamos, com experiência e vivência, o
desenvolvimento do comportamento criativo se dá basicamente através do
conhecimento, da busca por informações, pesquisas, aprendizado, através de
um processo cultural. Porém, como trás Predebon (pg. 35 e 36) “sempre há
expectativa de mudança própria, como produto das informações recebidas. Mas
a criatividade pessoal não eclode com o conhecimento de recursos e receitas,
que é o que traz a maioria dos conjuntos de informações. O exercício do
potencial
de
criatividade
liga-se
à
psicologia
do
indivíduo,
como
o
comportamento se liga à personalidade. Adianta pouco adotar novas práticas, se
elas se constituem tão-somente em “estruturas”. Ele frisa tão-somente porque as
estruturas podem ser muito úteis, se forem aplicadas pela pessoa também
engajada em um processo de desenvolvimento de seu comportamento criativo”.
Aqui ele faz referência “em ser o “X” da questão: ele não tem conhecimento de
qualquer técnica(nem acredita que exista) que possa tornar a pessoa “mais
criativa”.
O comportamento criativo “é produto de uma visão de vida, de um estado
permanente de espírito, de uma verdadeira opção pessoal quanto a
desempenhar um papel no mundo. Essa base mobiliza no indivíduo seu
potencial imaginativo e desenvolve suas competências além da média, nos
campos dependentes da criatividade”.
Aqui ele defende “o princípio de que
criatividade é uma característica de nossa espécie e como tal ela está presente
em nosso comportamento normal, em um nível às vezes até imperceptível para
a maioria” (Predebon, pg. 36).
Neste ponto percebo quanto o homem ainda tem a descobrir de suas
potencialidades, principalmente no tocante a criatividade, estar mais atento,
apurar os sentidos, ligar as “antenas”, entender e aceitar o novo, o diferente e
aprender principalmente com os erros.
Neste estudo identificamos que é essencial que as pessoas que querem
ou pretendem desenvolver sua criatividade, busquem trabalhar no que
Predebon denominou de “Aberturas”. “As aberturas são fundamentais para se
descobrir uma pessoa criativa. O que caracteriza essa idéia de abertura é o que
ele desenvolveu para gerar o comportamento criativo por meio de um
posicionamento “aberto/dinâmico” do indivíduo diante do ambiente”. “Toda base
de sua teoria nasceu de uma atitude prospectiva que ele manteve durante o
tempo em que se dedicou a criação publicitária. Além disso, todo desafio que
teve que enfrentar quando ministrava no curso de comunicação como “criar”, ele
foi levado a desenvolver uma didática e também a pesquisar “por que alguns
criam com mais facilidade”.
A conclusão desse estudo incluiu a descoberta de
que um dos acessos rápidos ao comportamento criativo é uma
posição
conciliada e, mais ainda, articulada às variáveis do meio. Assim, tomava forma
uma teoria transformada em tese e em linha de trabalho após ter sido testada na
prática. Daí surge um curso de criatividade que Predebon resume na seguinte
proposição:” aprenda a ser uma pessoa mais aberta e passe automaticamente a
ser uma pessoa mais criativa”.
Predebon (pg. 68 e 69), trás “de forma um tanto experimental, que a
abertura pessoal é uma “chave” no processo criativo e que as pessoas abertas
são as que, dentro de um contexto comportamental sempre complexo,
apresenta a prevalência de algumas características, tais como: Flexibilidade,
articulação, comunicabilidade, inquietude e leveza. No caso das pessoas mais
“fechadas” encontramos o contrário, ou seja características opostas, tais como;
Preocupadas, espectadoras, duras, refratárias e acomodadas. Ele registra que a
tese das aberturas não pretende, com essa classificação, defender uma posição
maniqueísta no que toca à personalidade, ninguém é totalmente isso ou aquilo,
mas geralmente tende, muito ou pouco, para um dos lados, o das pessoas
abertas ou das fechadas. Ele ainda faz mais uma ressalva onde a confirmação
da tese das aberturas passa por uma plena conciliação com as exceções, ou
seja existe criatividade também sem aberturas, pois encontra-se apesar de
minorias, pessoas menos abertas e mais criativas e assim como mais abertas e
menos criativas. A partir dessa base, chegou-se a conclusão prática de que
seria extremamente proveitoso, para o indivíduo desejoso de melhor exercer seu
potencial
criativo,
adotar
uma
posição
dinâmica
em
direção
a
um
comportamento mais “aberto”. Predebon (pg. 71 e 72) enfoca, “que consciente
da interdependência e sobreposição dos vários aspectos do assunto, organiza o
estudo seqüencial de três ângulos e divide-os em três seguimentos; Abertura da
Emoção, dos Sentidos e da Mente. Essa divisão obedeceu a incidências
detectadas na análise de situações e comportamentos e permite um estudo de
atitudes e reações; a partir daí, chegou-se a uma espécie de treinamento para o
aperfeiçoamento pessoal, com o objetivo de melhor exercer nosso potencial
criativo sem qualquer tentativa de modificação de personalidade”.
Sob um outro olhar, Navega, Sérgio (2000) ressalta que Criatividade “ é
uma das características mais marcantes dos “seres inteligentes” que habitam
este planeta, é a habilidade de aprender e antever conseqüências de atos
imaginados. Isto nos permite fazer “modelos” do mundo”.
Aborda também que
a criatividade pode ser conceituada e analisada sob vários pontos de vista, entre
os quais:
- “Sob o ponto de vista humano – Criatividade é a obtenção de novos
arranjos de idéias e conceitos já existentes formando novas táticas ou estruturas
que resolvam um problema de forma incomum, ou obtenham resultados de valor
para um indivíduo ou sociedade”.
- “Sob o ponto de vista cognitivo – Criatividade é o nome dado a um grupo
de processos que procura variações em um espaço de conceitos de forma a
obter novas e inéditas formas de agrupamento, em geral selecionada por valor”.
- “Sob o ponto de vista neurocientífico – É o conjunto de atividades
exercidas pelo cérebro na busca de padrões que provoquem a identificação
perceptual de novos objetos que, mesmo usando “pedaços” de estruturas
perceptuais antigas, apresentem uma peculiar ressonância, caracterizadora do
“novo valioso”, digno de atenção”.
- “Sob o ponto de vista computacional - É o conjunto de processos cujo
objetivo principal é obter novas formas de arranjo de estruturas conceituais e
informacionais de maneira a reduzir (em tamanho) a representação de novas
informações, através da formação de blocos coerentes e previamente
inexistentes”.
Focando no conceito que Sérgio Navega aborda, principalmente sob o
ponto de vista humano, identifico que criatividade é também uma maneira
estratégica de desenvolver e buscar soluções de melhorias em processos
organizacionais, o que hoje é fator determinante na consolidação das empresas
em um mercado tão competitivo no tocante a concorrência e a constantes
mudanças. É notório que cada vez mais as empresas precisam disponibilizar
ambientes e condições apropriadas e estimulantes para o desenvolvimento do
processo criativo, pois só assim teremos pessoas mais felizes e produtivas em
suas atividades, bem como produtos e serviços com mais qualidade.
Propiciar um ambiente criativo é dar abertura às novas idéias, é promover
discussões de formas de pensamento divergentes e também dos convergentes,
de não seguir padronização e sim de deixar o novo sobressair, de quebrar
paradigmas, de conseguir ver outras possibilidades e formas de fazer diferente.
Valorizar o pensar, conhecendo as competências e habilidades das pessoas e
não tolhendo seu envolvimento e participação. Predebon (pg. 118) sugere que
“em termos de comportamento criativo efetivo, a educação e o ambiente são
muito mais relevantes do que o próprio nível do potencial inato no indivíduo”.
“No campo da criatividade, importa menos como nascemos do que como nos
educamos” (Predebon, 2005).
Dentre as características mais importantes, Predebon (pg. 119 e 120)
identifica como favorecedoras ao comportamento criativo, as seguintes;
Independência – quase sempre produto da autoconfiança, ousadia e
iniciativa e conjugada a um espírito aventureiro.
Curiosidade – característica inata, freqüentemente castrada na educação
e quase sempre conjugada ao espírito questionador e especulativo,
Flexibilidade – caracteriza-se pela disposição de rever valores,
Sensibilidade - muitas vezes conjugada à emoção mais liberada. Além,
destas características ele destaca que a leveza, no sentido do senso de humor é
um fator positivo, ligado ao otimismo, para um comportamento criativo”. “Outra
característica pessoal, que constam nos estudos da personalidade criativa, é da
boa fluência, tanto da verbal quanto de raciocínio. Apesar desta qualidade esta
mais ligada à capacidade de comunicação. Ela também deve ser ligada ao
comportamento criativo”. Mais interessante ainda, é que ele relata uma pesquisa
da Universidade da Califórnia, realizada com pessoas notoriamente criativas,
onde foram estudadas a formação e a maneira de ser e pensar de cientistas,
profissionais e artistas.Chegaram até a entrevistar pais,professores e amigos.
Dos dados obtidos, comprovados em todos os estudos do gênero, além de
confirmar todas as características já citadas acima, acrescentaram outras:
Interesse variado, estética diferenciada, percepção, valorização do intuitivo
e sensibilidade “feminina”(emoção mais acessível aos estímulos e aos valores
cultivados pelo sexo feminino).
Neste ponto, identificamos que o desenvolvimento da personalidade
criativa vai se associando as características já citadas aqui no que se refere as
pessoas mais abertas, não querendo aqui afirmar que só as abertas
conseguiriam ser mais criativas, porém a facilidade e habilidades desses seres
tendem propiciar seus desenvolvimento muito mais destacadamente dos
demais. Se faz necessário lembrar, segundo Predebon (pg.121) que “não se
deve
estabelecer
critérios
de
“certo/errado”
quanto
às
variáveis
da
personalidade. Em cada caso e até em cada ocasião, somos levados a ser de
uma ou de outra forma”. Aqui ele sugere, o que concordo plenamente, que o
mais certo seja “conhecer-se bem para poder mobilizar as competências
necessárias, explorar as possibilidades de desenvolvimento do comportamento
criativo, o que levará ao aperfeiçoamento da própria personalidade”. Então, para
aqueles que desejam buscar este desenvolvimento, nada melhor que trabalhar
as “aberturas; da emoção, dos sentidos e da mente, que são sem dúvida o
melhor caminho para o desenvolvimento do comportamento criativo, pois isso irá
incluir o aperfeiçoamento da própria personalidade”.
Todo esse caminho
percorrido só nos leva ou revela como diz Predebon, “a crescermos como
indivíduos e passarmos a exercer melhor nossa individualidade, com enormes
ganhos na vida prática e na própria auto-estima”.
“Mergulhando” mais um pouco nos estudos da criatividade através do livro
de Pedrebon, (pg.122), encontramos o que ele denominou de comportamentos
pré-criativos, ou seja “são princípios(nunca dogmáticos), direções (nunca
excludentes) a adotar, somados a uma pequena disciplina, em iniciativas que
permeiam nossas decisões no dia a dia”.
Assim, ele divide esse comportamento pré-criativo em duas vertentes que
se complementam, apesar de parecerem antagônicas, dividem-se da seguinte
forma: o Ligar-se e o Soltar-se. Estes dois grupos não são estanques, pois
muitos desses comportamentos pré-criativos têm um pé em cada vertente,
definindo-se muitas vezes só por uma predominância, muito presa às
circunstâncias de momento.
“O Ligar-se é principalmente manter um alto e permanente nível de
atenção e aplicar às suas atividades no dia a dia um bom nível de concentração
disciplinada. Dentre os vários exemplos cito; “manter um bom nível de atenção
no dia a dia, próprio de quem sempre valoriza informações, como um policial
nato. Seu segredo é ficar alerta para a parte nova e/ou relevante de todas as
experiências”. E o Soltar-se, é principalmente dar valor não absoluto a normas e
ao certo/lógico, abrindo terreno para a exploração de hipóteses. Exemplo: “Fugir
da rotina sistematicamente, alternando atividades e cultivando vários campos de
interesse, como provavelmente fomos quando adolescentes, seres até
inconstantes, porque desejam muitas coisas. Sem nos tornar dispersivos,
manteremos um grande campo de ação mental”.
Da mesma forma que temos pontos e características positivas e que
devemos explorar, desenvolver e praticar para exercer a criatividade mais e
melhor, também podemos observar que existem bloqueios para o não exercício
da criatividade com mais plenitude. Predebon (pg.132) aponta como principais
bloqueios à criatividade os seguintes: Acomodação, Miopia Estratégica,
Imediatismo, Insegurança, Pessimismo, Timidez, Prudência demais(já no
alcance do medo), Desânimo e Dispersão. Como ponto fundamental para
evitarmos esses bloqueios e conseqüentemente não conseguirmos nos
desenvolver em nossos comportamentos mais criativos, é muito importante nos
livrarmos desses “fantasmas” inibidores, nada melhor que refletirmos sobre eles
e ao detectarmos que alguns deles nos rondam, buscar ajuda e se libertar.
CAPÍTULO 4
4. UM MERGULHO NO “SER” LÍDER
O “Ser” líder é um ser especial, geralmente são pessoas carismáticas,
que possuem uma força interior muito grande, com alicerces firmes em suas
crenças e valores. Normalmente são corajosos, conseguem influenciar pessoas
apenas com suas habilidades natas ou até mesmo pelo seu coração, pois
disseminam o amor com base no respeito ao outro e integra toda uma equipe
com a visão de colaboração e união.
Para ter uma base sólida o “ser” líder deve construí-la com foco no
desenvolvimento contínuo, uma vez que liderança também é um eterno
aprendizado.
Esta base segundo Fullman,Claudiney(Google),”deve ser firmada em alguns
requisitos fundamentais, tais como; caráter, humildade, responsabilidade,
estabilidade emocional, capacidade de decisão, carisma e de uma visão”.
“Todos esses requisitos devem ser interligados pela integridade e autoconfiança,
não esquecendo ser necessária a habilidade em todo processo de comunicação,
que deverá ser assertiva e de muita clareza para que facilitem o dia a dia
profissional e pessoal”.
Tudo que o “ser” líder é está na sua essência, na sua personalidade, no
seu jeito de ser e viver. Seres líderes são antes de qualquer outra referência,
facilitadores, pessoas que desenvolvem pessoas e que devem estar sempre
abertos para aprender através de outras vivências e influenciando pelo exemplo.
Voltando a Fullmann,Claudiney ele descreve a funcionalidade do “ser”
líder de forma assertiva na qual concordo com ele, ressaltando que “o “ser” líder
deve está automotivado permanente, sempre preparado para motivar sua
equipe, mesmo nos momentos mais difíceis. Ele enfrenta a realidade como ela
é, não como ela foi ou gostaria que fosse.
Seus atos, decisões e posturas são dirigidos por um conjunto de crenças
e valores básicos que o tornam um ser desejado e enaltecido, sem arrogância
nem prepotência.
Todos os líderes têm oportunidades, mas serão escolhidos apenas
aqueles que se engajarem na construção de um mundo melhor, os que se
comprometerem com os valores comuns e tiverem a audácia de liderar para o
engrandecimento de todos que o cercam.
Essa audácia é alimentada pela
confiança em si mesmo, pela coragem de assumir riscos, de errar e corrigir, de
criticar e aceitar críticas com naturalidade, de ter medo sem padecer de
ansiedade, de amar e ser amado, de ser sincero, de enfrentar a realidade, de
manter suas metas mesmo diante de fracassos, de pedir ajuda, de rir e chorar,
mas manter sempre seu alto astral e extravasar seu interior através do sorriso”.
Neste ponto percebo claramente que a resiliência é premissa básica para que o
líder desempenhe muito bem o seu papel, pois “ser” líder é dispor de uma força
maior que só é encontrada em pessoas que possuem vontade de realizar, de
vencer, de compartilhar e assim, desenvolver toda sua equipe e a si próprio.
Cada vez mais o mercado e o mundo precisam de pessoas de valores íntegros e
fortes, dispostos a utilizar todo seu talento e potencial em prol de uma vida
melhor para todos. James Hunter, coloca muito bem a questão da vontade,
quando ele fala do modelo de liderança servidora, ele diz que” intenções sem
ações não nos acrescenta nada e o contrário, ou seja a intenção somada a ação
é igual a vontade de realizar” .
O “ser” líder está intimamente ligado as suas características principais, o
que me leva a citá-las em conformidade com sua personalidade, bem como
perceber como elas estão interligadas com as características da personalidade
criativa, ou seja, o líder também pode ser muito criativo se ele se conscientizar e
trabalhar todo seu potencial.
Assim, tento aqui traçar um paralelo com essas características
encontradas em minhas pesquisas e observadas por mim no meu dia a dia, no
desempenho de minhas atividades como gestora de equipes.
PERSONALIDADE CRIATIVA
PERSONALIDADE DO LÍDER
(Características)
(Características)
↕
↕
Independência
Segurança
Interesse variado
Desapego
Curiosidade
Estabilidade Emocional
Flexibilidade
Intelecto
Sensibilidade
Extroversão
Estética Diferenciada
Conscientização
Percepção e Intuição
Aceitação
↔
“SER HUMANO LÍDER”
↕
↔
↕
COMPORTAMENTO CRIATIVO
COMPORTAMENTO DO LÍDER
Flexibilidade
Visão
Articulação
Facilitador
Comunicabilidade
Caráter
Inquietude
Carisma
Leveza
Comunicativo
Observo
que
é
possível
desenvolvermos
excelentes
líderes
se
aproveitarmos o conjunto das características e focarmos no exercício constante
de seu papel, para que este líder possa atuar de forma mais produtiva e com
mais comprometimento, ciente que é possível utilizar da criatividade para inovar
sempre e agregar valor ao trabalho de sua equipe e de sua organização.
A tarefa de ser líder não é fácil e também não é tão simples como alguns
pensam, lidar com pessoas é muito complexo, desafiante, mas também é muito
gratificante.
Pelas características aqui apresentadas podemos verificar que o “ser”
líder
ainda
tem
muito
a
evoluir
e
procurar
buscar
autodesenvolvimento, estimulando sua equipe para o mesmo.
sempre
seu
Encontro no
artigo de Claudiney Fullmann, aspectos importantes que ele destaca para o
“ser” líder e que vale a pena citar como reforço:
- Se alguém quer ser um líder de fato, saiba também que é uma atividade
“full-time”, ou seja, ser líder não é estar líder, é viver em todos os instantes sua
plenitude;
- Nada mais tranqüilizador do que a sua integridade absoluta – honesto sempre,
em tudo e em quaisquer circunstâncias;
- Líder tem um ponto de vista educativo impregnado de Idéias, Valores, Energia
Emocional e Edge – termo que engloba as qualidades de coragem, ousadia,
determinação, energia, têmpera, garra, eficácia, fibra, pulso firme, força
moral,vitalidade, realismo e entusiasmo;
- Líder articula e mentaliza sempre o sucesso; uma eventual derrota serve de
trampolim para novas vitórias;
- Um grande líder tem a humildade de valorizar sua equipe e formar novos
líderes e substitutos;
- Um líder exemplar comunica-se por palavras, ações e sentimentos refletindo
uma energia emocional positiva, sempre coerente;
- Um líder é um missionário que tem o foco no futuro, sem perder a pressão de
vencer hoje;
- O grande líder fica feliz ao ver seus liderados serem também vencedores.
CONCLUSÃO
Finalizamos este trabalho, ciente de que se tem muito a estimular e
desenvolver nos líderes para que utilizem todo seu potencial criativo como
forma de melhorar seu desempenho profissional e conseqüentemente sua vida
pessoal.
Criatividade é essencial na vida de todo ser humano e para um líder nos
dias atuais ela é fundamental, pois trata-se de um diferencial competitivo
altamente exigido nas organizações.
Entre
as
comportamento
características
criativo
mais
ressalto
a
relevantes
sensibilidade,
da
a
personalidade
flexibilidade
e
e
a
comunicabilidade como sendo ponto de interligação à personalidade e
comportamento do “ser” líder.
Na
liderança
criativa
encontramos
e
vivenciamos
melhores
oportunidades, novas possibilidades, pois tudo pode e deve ser pensado e
realizado de maneira diferente. Sempre é possível fazer melhor, inovar,
pensando positivo, acreditando, arriscando, não tendo medo, sendo autêntico.
Procurar “olhar o que ninguém olhou”, ver os detalhes, estar atento a “sinais” e
partir para ação. Caso não se acerte de primeira, deve-se aceitar o feedback,
ter iniciativa para rever o planejado, realizar nova ação, checar mais uma vez,
acompanhar e nunca desistir. Persistência e disciplina são fatores muito
importantes para consolidação da atuação de um líder.
Fechar os olhos e deixar a mente aberta, assim se permite criar. O
sonho é uma ponte que leva à criatividade e conseqüentemente às concretas
realizações.
REFERÊNCIAS
SLATER, Robert . Jack Welch – Os segredos da liderança. Rio de Janeiro:
Editora Campus, 2004
HUNTER, James C. – Como se tornar um líder servidor – os princípios de
liderança de o monge e o executivo . Rio de Janeiro: Editora Sextante, 2004
PREDEBON, José – Criatividade – Abrindo o lado inovador da mente.São
Paulo: Editora Atlas, 2005
SPECTOR, Paul E. – Psicologia nas organizações . São Paulo: Editora
Saraiva, 2006
GOLDSMITH, Marshall – Coaching: O exercício da liderança. Rio de Janeiro:
Editora Campus – 5ª edição , 2003
CORTELLA, Mário Sérgio – Não nascemos prontos. Petrópolis: Editora
Vozes, 2006
DRUMOND, Regina – Jornal do Commercio: Caderno Gestão de Pessoas Recife – 04/09/2005
DE MASI, Domenico – Ócio Criativo . Revista Você S/A – Pg. 73 a 75,
Maio/2003.
PINHEIRO,Edna; MACIEIRA, Maria Helena – (Dês) Fazendo o mito sobre
liderança: Traçados e limites da atuação do profissional da informação na
função de líder. Internet (Google)
NAVEGA, Sérgio – Criatividade – Outubro, 2000. [email protected]
NOCE, Franco – Revista Brasileira de Psicologia do Esporte e do
Exercício, v.0.55-67,2006 – Internet
NETO, Vera Lúcia da Conceição – Jornal do Commercio - Caderno Gestão de
Pessoas - Recife 17/12/2006
FULLMANN, Claudiney – Artigo – Ser Líder – Internet –(Google).
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Criatividade: um mergulho no "ser" líder