CRIATIVIDADE UM MERGULHO NO “SER” LÍDER Silvana Maria de Carvalho Roma UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO LIBERTAS CONSULTORIA E TREINAMENTO CENTRO DE PESQUISA E PÓS GRADUAÇÃO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO DE EQUIPES (FOCO EM DINÂMICA DE GRUPO) CRIATIVIDADE UM MERGULHO NO “SER” LÍDER Silvana Maria de Carvalho Roma RECIFE 2007 CRIATIVIDADE UM MERGULHO NO “SER” LÍDER Apresento esta monografia ao Libertas Consultoria e Treinamento e à Universidade Católica de Pernambuco, como requisito para a obtenção do título de especialista em Gestão de Equipes, sob a orientação professor José Ricardo Paes Barreto. “Os golfinhos ocupam todas as águas com graça, alegria e vida. Comem somente quando têm fome e só os peixes pequenos. São organizados, cooperativos e se comunicam o tempo todo. São amáveis, sábios e inteligentes. Somente atacam para defesa própria. São necessários apenas cinco golfinhos para se defenderem de noventa tubarões. Ao se verem ameaçados, se organizam de uma forma que, um grupo distrai alguns tubarões, enquanto um dos golfinhos dá um bote certeiro no peito de um tubarão que, por ter respiração frágil cai no fundo das águas e morre. Ou então, mordem um tubarão, que por sangrar, começa a ser devorado pelos outros tubarões, permitindo com isso que os golfinhos possam escapar. Vivem uma vida longa, saudável e feliz. Para eles, carpas e tubarões são completamente diferentes. Passemos a imitar os golfinhos, que são cooperativos, amigos, alegres, ativos, organizados, atentos, observadores, não gananciosos, comunicativos, criativos, vivendo uma vida tranqüila e feliz”. Fonte Internet. Dedico esta monografia aos meus amados filhos, Rogério e Rômulo, que são minha vida e inspiração maior e aos meus irmãos; Suely, Simone, Silvia e Sávio, pela compreensão e colaboração que sempre me dispensaram. Aos meus mestres e amigos de curso agradeço por proporcionarem e compartilharem momentos de saberes tão importantes e construtivos para minha vida pessoal e profissional, em especial aos Mestres José Ricardo Paes Barreto, por sua dedicação, metodologia, autenticidade e paciência, e Alex Peña por sua maestria em sala de aula, despertando ainda mais a minha vontade de aprender e ter a inspiração de estudar e escrever sobre o tema Criatividade. RESUMO Este trabalho foi fundamentado em pesquisa de referencial teórico e o objetivo principal foi estudar aprofundando em como a Criatividade interfere positivamente na atuação de um “ser” líder. Estudando conceitos de Criatividade e Liderança e pesquisando as características mais marcantes com pontos de integração entre personalidade criativa e a personalidade do líder, percebi que mergulhar nos estudos da Criatividade é uma ousadia e ao mesmo tempo uma necessidade. Necessidade para se buscar o autoconhecimento, pois só olhando para dentro de nós e procurando um conhecimento real e verdadeiro de nosso “eu”, é que iremos obter conhecimento suficiente para ir fundo ao encontro positivo da energia instintiva, da espontaneidade e da vitalidade, que são fontes principais da nossa criatividade. Exercer o papel de líder, ser um líder criativo requer habilidades, competências e comportamentos amadurecidos. O líder criativo é essencial na realidade atual das organizações que precisam ter uma visão e atuações mais integradas, estratégicas e competitivas. Neste estudo de liderança e criatividade, a cada “mergulho” fui buscar o que eu já tinha em mente, vivido como líder e como pessoa criativa. Busquei entender a dinâmica determinante do profissional e do ser humano neste papel e observei que a personalidade, estilo e caráter são pontos extremamente relevantes e interligados para a edificação e consolidação profissional e pessoal desse “ser”. Palavras – Chave: Criatividade.Liderança.Personalidade. Autoconhecimento. ABSTRACT This project was based on theoretical referencial research and its main aim was to fundamentaly study how ceativity positivily impacts the performance of a leader. Focusing on creativity and leadership concepts and researching the most striking carachteristics and connections between creative personality and the leader’s personality, i realized that emersing myself in the study of creativity is a chalenge and a necessity simultaneously. Necessity to achieve self knowledge, for only through looking inside and trying to find true knowledge of ourselves can we acomplish enough knowledge to sucsessfully find our instictive energy, spontaneity and vitality, wich are the main sources of our creativity To play the role of a leader, to be a creative leader, requires skills, habilities and experienced behavior. The creative leader is crucial to the current reality of companies that need to have a more integrated, strategic and competitive vision and operation. In this study of leadership and creativity, i tryed to find what i already had in mind, experienced as a leader and as a creative person every step of the way. I tryed to figure out the determining dynamic of professionals and human beings in this role and realized that personality, style and charachter are extremely relevant and interconnected steps for the professional and personal creation and consolidation of such individual. Key-Word: Creativity.Leadership.Personality.Selfknowledge. SUMÁRIO INTRODUÇÃO...................................................................................1 CAPÍTULO 1 1.JUSTIFICATIVA..............................................................................2 CAPÍTULO 2 2.LIDERANÇA...................................................................................4 CAPÍTULO 3 3.CRIATIVIDADE.............................................................................12 CAPÍTULO 4 4.UM MERGULHO NO “SER” LÌDER..............................................21 CONCLUSÃO..................................................................................25 REFERÊNCIAS...............................................................................26 INTRODUÇÃO O presente trabalho está focado em uma pesquisa de referencial teórico, estudando os temas; Criatividade e Liderança, com objetivo de encontrar o ponto de integração da personalidade criativa e a personalidade do líder e de que maneira esta criatividade interfere positivamente na atuação de um “Ser” Líder. Foi dividido em capítulos que procuram seguir os passos da pesquisa, onde observamos que todas as características, habilidades e atitudes necessárias para um líder da atualidade está intimamente ligada às características de uma personalidade criativa. Num primeiro momento apresentamos uma justificativa que esta baseada no estudo da liderança e suas nuances e da criatividade como sendo uma característica fundamental para o alcance de resultados positivos e também apontada como sendo uma vantagem competitiva. Em seguida nos deteremos em conceitos e afirmações inerentes à liderança, onde enfocamos o potencial que um líder deve ter para desenvolver e saber utilizar suas habilidades e características pessoais. No terceiro capítulo procuramos apresentar as várias nuances da criatividade mostrando que a criatividade é um produto de rupturas e de desbloqueios que nos levam a outros caminhos e novas realizações. No quarto e último capítulo ressaltamos que a liderança e a criatividade estão associadas as características pessoais do “ser” líder. CAPÍTULO 1 1. Justificativa A motivação para este trabalho está sustentada em nossa crença e paixão por criar e de que a criatividade é componente principal para o crescimento e desenvolvimento das pessoas e conseqüentemente líderes e equipes mais produtivas. Encontramos ao longo dos anos, na evolução e revoluções histórica do mundo, que a criatividade existe como sendo o ponto principal para grandes mudanças e descobertas, e que continua presente nos dias atuais através da revolução tecnológica e do conhecimento. A criatividade é uma forma da inteligência, que acreditamos ser possível desenvolvê-la em todos os seres humanos, acredito que todos nós somos dotados desta dádiva, mas precisamos ter consciência e nos preparar, aperfeiçoar este dom, estimulá-la, pensar na frente, ter visão de futuro e sonhar. Numa entrevista do sociólogo Domenico De Masi - Revista Você S/AMaio/ 2003 (pág. 73 a 75) sobre “Ócio Criativo”, encontramos pontos relevantes focados no comportamento pessoal e do profissional moderno, sobre criatividade, trabalho e características de profissionais tão presentes nos tempo de hoje e que naquele momento ele já estudava a sua importância considerando o progresso atual tecnológico e a globalização como fatores novos na relação das pessoas com o trabalho. Nessa entrevista Masi coloca duas características essenciais ao profissional atual que é a flexibilidade e a criatividade, como sendo principais para se vivenciar um mundo no trabalho voltado para mais conhecimento e saberes do que àqueles que trabalhadores vivenciaram na era dos trabalhos repetitivos e banais da era industrial, ou seja, os cargos criativos associam imaginação com capacidade de realização, tão exigida atualmente. Para isso, além da exigência de especialização, é necessário que o profissional tenha uma vasta cultura geral, o que hoje podemos traduzir em gestão do conhecimento. Assim, observamos que todas as características, habilidades e atitudes necessárias para um líder da atualidade está intimamente ligada as características de uma personalidade criativa. Em um artigo publicado no Jornal do Commercio – Caderno Gestão de Pessoas, em 04/09/2005 de autoria de Regina Drumond, ela relata que; ”paixão em criar não é um privilégio de poucos, é uma vantagem competitiva sobre a qual toda sociedade pode se alavancar e ter progresso, assim como as organizações precisam de pessoas que sejam capazes de apoiar seus valores, crescer, ser competentes, ter relacionamentos e paixão pelo que fazem, apreciando as oportunidades, os desafios, criando condições de prosperidade”. Portanto, aqui neste trabalho queremos trazer um olhar mais profundo para as características essenciais de um ser humano que atua como líder e quando “mergulharmos” intimamente neste “ser” encontramos traços marcantes de sua personalidade que vão nos revelar a cada “braçada” pontos de um ser sensível, intuitivo, original, espontâneo, inteligente, produtivo e assim muito criativo. CAPÍTULO 2 2. LIDERANÇA Não ande atrás de mim, talvez eu não saiba liderar. Não ande na minha frente, talvez eu não queira segui-lo. Ande ao meu lado, para podermos caminhar juntos. Provérbio Utê. Falar de liderança é essencialmente falar do “ser humano líder”, pessoas que possuem esta habilidade, mas que são pessoas “normais”, com sonhos, desejos, frustrações, ansiedade, ficam tristes e alegres, possuem momentos de insegurança, são pessoas que amam, passam também por momentos de dificuldades, mas demonstram acima de tudo serem resilientes. No mundo corporativo o líder precisa muitas vezes seguir normas e padrões que termina por moldar sua forma de ser, fazendo com que muitas vezes este líder não seja autêntico, tendo que “parecer” ao invés de “ser”. É como se nessas organizações existissem um código onde o líder não deve demonstrar seus sentimentos e emoções, parece que ele não pode ser “gente”, embora seu papel principal seja lidar com gente, com pessoas como ele, que pensam, sentem e querem se expressar, se desenvolver e crescer profissionalmente. Liderança é compartilhamento, dedicação ao outro e conhecimento de cada membro de sua equipe. Não existe liderança sem o conhecimento das pessoas e sem este líder também se fazer conhecer, é uma troca, onde a confiança e credibilidade deverão permear o relacionamento. Liderança também é maestria, é saber reunir todas as habilidades de uma equipe, desenvolvê-las e trabalhar juntos as potencialidades de cada um. Estudar liderança só nos faz pensar cada vez mais quão intenso e profundo é este tema. Com tantos conceitos, e com uma literatura vasta sobre o assunto, ele é ainda instigante, não importa em que tempo ou há quanto tempo estejamos a estudá-lo, pois o homem evoluiu e continuará evoluindo e nesta evolução ele se transformou, no seu interior, a sua essência foi tocada por vários aspectos singulares e ao mesmo tempo subjetivos, provocados por fatores externos, como o constante desenvolvimento tecnológico, o contexto sócioeconômico e cultural mundial. Buscar entender liderança ou defini-la é “mergulhar” nos estudos da Administração, da Sociologia, da Filosofia e da Psicologia, como cita Vera Lúcia da Conceição Neto, em artigo no caderno - Gestão de Pessoas, do Jornal do Commercio, publicado em 17/12/2006. É ver o ser humano de forma holística. Segundo definição de Jack Welch (2004 pg.164 a 167)”Liderança é a habilidade de lidar com pessoas, de saber cuidar de valores, ser um coach, de saber “cultivar” as pessoas dando-lhes a chance de atingir seus sonhos” Sendo a liderança um conjunto de fatores, podemos afirmar que o líder precisa continuamente se desenvolver, saber utilizar de suas habilidades e características pessoais para levar sua equipe a atingir melhores resultados e desafios e formar novos líderes. Welch (2004, pg.165) também ressalta que; “um líder deve ter uma visão e ser capaz de articulála, impulsionando sua implementação na organização. Sendo capaz de articular esta visão que “é de onde vem a energia”. Nunca é demais repetir a visão, pois é preciso fazê-lo até cansar”. Muitos gerentes fazem tudo, menos impulsionar a implementação. É aí que entra a vanguarda. Estar na dianteira é tomar decisões. Podemos ter uma grande visão, mas é preciso ter coragem para estar na vanguarda. Se as pessoas adotam valores certos, podemos dar-lhes uma segunda chance. É um selo de aprovação. Permite ver as coisas de outro ângulo. Esta é uma cultura voltada para o desempenho. O grande líder sem qualidades gerenciais está fadado a ter problemas. Muita coisa é reciclagem. Não há nada pior do que um gerente que senta contando centavos e pegando no pé das pessoas...Não falamos “Espero fazer isto”. Você vai lá e faz. Você faz as coisas acontecerem. Está cada vez mais claro que a capacidade de energizar é o que conta”. É interessante que Welch faça esta colocação de que “cada vez mais está claro que a capacidade de energizar é o que conta”, pois consideramos ser um ponto de ligação à capacidade de um líder ter em “energizar” sua equipe, ou seja, promover motivação e daí abrir espaço para a criatividade. Ser líder exige princípios, valores e compromisso com as pessoas que colaboram com o nosso dia a dia. Encontramos no livro; “Como se tornar um Líder Servidor – Os Princípios de Liderança de O Monge e o Executivo” – James Hunter (2006, pg. 51 a 62) o que consideramos como princípios básicos para quem atua como líder. Ele trás definições dos principais princípios de liderança, como; a paciência, humildade, respeito, altruísmo, perdão, honestidade e compromisso. É importante ressaltar, que para liderar não basta apenas o líder apresentar esses princípios ou simplesmente ocupar um cargo de comando ou ser o chefe de pessoas. Segundo (Paul E Spector - pg. 494) ele ressalta; “o fato de que, em uma abordagem da liderança nas organizações, existir alguém no comando, isso não quer dizer que as pessoas irão ouvi-lo ou fazer o que ele(a) diz. Alguns estudiosos da liderança propuseram muitas definições diferentes a respeito e nenhuma delas foi universalmente aceita. A idéia comum que faz parte de várias definições diz que liderança envolve influenciar as atitudes, crenças, comportamentos e sentimentos de outras pessoas. Mesmo quem não é líder pode influenciar outras pessoas, mas os líderes exercem uma influência desproporcional; ou seja o líder tem mais influência do que aquele que não é líder”. Observamos neste aspecto que a influência é inerente a habilidade de cada um que exerce o papel de líder e que por mais habilidades que este líder possua para estar à frente de uma equipe o que o determinará ser um líder mais eficaz será seu poder em influenciar e como o faz,de que forma ele atua, que recursos utiliza,etc No âmbito organizacional(Paul Spector-pg.494) faz referência que; “a liderança esta freqüentemente associada a cargos de supervisão, coordenação ou gerência, porém ser um supervisor não garante que ele será capaz de influenciar os outros. Além disso, muitos líderes nas organizações não tem um título formal , ou seja surgem os líderes informais nos grupos de trabalho e podem “esses” ter maior influência sobre o comportamento dos membros do grupo do que seus supervisores, ou seja o que vai diferenciar a liderança formal de uma possível informal, será a interação que o indivíduo desenvolverá com seus colegas, portanto apesar de existir a liderança formal, muitos recorrem ao líder informal pelo simples fato deste ter habilidades interativas mais determinantes”. Ressalto do mesmo autor que; “Existem vários estilos liderança e com estes estilos temos que considerar o ambiente organizacional e a cultura do país que tanto a influenciam, bem como qual modelo é mais eficaz e que características são percebidas e desenvolvidas nestes líderes”. Em estudo realizado por Franco Noce – A importância dos processos psicossociais: Um enfoque na liderança, ele ressalta que “o processo histórico do estudo liderança aponta para três grandes momentos dominados por diferentes teorias: traços da personalidade, estilos de liderança e liderança situacional”. Neste estudo de Noce encontro uma definição de Chellladurai (1999:16) do que é personalidade: “Organização dinâmica do indivíduo dos sistemas psicofisiológicos que determina um ajuste no ambiente”. “Tem sua importância, pois predispõe um indivíduo a reagir de uma forma específica e assim, compreendendo-a facilitará as relações humanas e conseqüentemente o processo da liderança”. Ele ainda ressalta que: “as características da personalidade criam parâmetros para o comportamento das pessoas, nas quais permitem o estabelecimento de uma rede de informações ou parâmetros para predizer o comportamento”. Existe visões diferentes para definir a personalidade, uma delas é mais tradicional onde aponta amplamente que a personalidade é determinada geneticamente e para outros pesquisadores apontam que traços de personalidade podem ser aprendizagem cognitiva e social (Bandura, 1986; Mischel, 1973). Outras determinantes apontam que a personalidade também é modificada através da exposição à cultura, família e grupos de referência (ex: influências ambientais). Diversos autores (Barrick e Mount, 1991; Goldeberg, 1990: Mchrae e Costa, 1987) tentaram agrupar o que seriam os “cinco grandes domínios da personalidade”. Eles buscaram uma forma de agrupar os muitos traços individuais em domínios ou dimensões significantes: a) Extroversão; espirituoso, expressivo, sociável, ativo. b) Aceitação; cooperativo, útil, amável, amigo. c) Conscientização; organizado, eficiente, auto-disciplinado. d) Estabilidade emocional; defensivo, inseguro, nervoso, etc. e por fim, e) Intelecto; contemplativo, perceptivo, esperto, curioso, sofisticado, criativo. Noce ressalta também que “é importante os esforços de Eysenck & Eysenck (1963) no desenvolvimento de um modelo, que baseado nos dois fatores primários de personalidade (estabilidade-instabilidade e extroversãointroversão), descreve a variação da personalidade. Em suma as características gerais da personalidade, tanto do líder quanto do grupo sob sua responsabilidade, provocam um fator de incerteza no processo inerente ao comportamento humano e devem ser considerados para uma maior eficiência da tomada de decisão”. Percebo aqui quanto o estilo e a personalidade de cada líder é importante, são diferenciais e que devemos considerá-los, pois são através destas características que podemos avaliar a eficácia do papel do líder. Identifico aqui um ponto comum já encontrado em outras literaturas aqui citadas, sobre a qual retrata que “a decisão sobre as formas de liderança passará pela competência e credibilidade do líder”. No artigo: (Dês) fazendo o mito sobre liderança: Traçados e limites da atuação do profissional da informação na função de líder de autoria de Edna Pinheiro e Mª Helena Macieira,elas ressaltam os estilos de liderança mais encontrados em ambientes organizacionais: Autoritário, Democrático, Liberal, Situacional e Emergente. LÍDER AUTORITÁRIO “Aquele que determina as idéias e o que será executado pelo grupo, e isso implica na obediência por parte dos demais. É extremamente dominador e pessoal nos elogios e nas criticas ao trabalho de cada membro do grupo. Muitos condenam esta postura, e acham inválido este tipo de comportamento. Sua origem remonta da antigüidade. Apesar deste comportamento ser considerado inadequado, o seu uso tem provado certa eficiência em algumas ocasiões, e com certo tipo de pessoas lideradas. Pensemos, por exemplo, em um grupo relutante no cumprimento de seus deveres e que não quer colaborar nem assumir responsabilidades”. LÍDER DEMOCRÁTICO “Aquele que determina, junto com o grupo, as diretrizes, permitindo o grupo esboçar as técnicas para alcançar os objetivos desejados. É impessoal e objetivo em suas críticas e elogios. Para ele, o grupo é o centro das decisões. Acreditamos que a ação do líder democrático é de suma importância par a o progresso da organização”. LÍDER LIBERAL “Aquele que participa o mínimo possível do processo administrativo. Dá total liberdade ao grupo para traçarem diretrizes. Apresenta apenas alternativas ao grupo”. LÍDER SITUACIONAL “É aquele que assume seu estilo de liderança dependendo mais da situação do que da personalidade. A postura deste líder brota ante as diferentes situações que ele detecta no dia-a-dia. Possui um estilo adequado para cada situação”. LÍDER EMERGENTE “Diz respeito àquele que surge e assume o comando por reunir mais qualidades e habilidades para conduzir o grupo aos objetivos diretamente relacionados a uma situação especifica. Por exemplo, num caso extraordinário, onde determinadas ações devem ser traçadas de imediato”. Observamos que o estilo de um líder está ligado a sua personalidade, o seu jeito de ser, que sempre é único, porém podendo ser flexível e adaptável a vários contextos. Ainda neste artigo as autoras dizem que “todo líder deve procurar refletir sobre qual estilo ele adotará de acordo com a situação, os propósitos comuns de sua equipe, de como são seus colaboradores e a sua realidade”. Goldsmith(pg.121 a 124) by Richard J.Leider aborda que; “para liderar antes é preciso autoliderança e que uma grande diferença entre o sucesso ou o fracasso dos líderes pode ser atribuída ao seu caráter – quão eficazmente eles lideram a si próprios. O caráter “autêntico” geralmente acompanha a grandeza em qualquer coisa, e é em grande parte responsável pela energia e unidade encontradas nas organizações de alta performance”. Ele ainda acrescenta: “o principal papel dos líderes novo mundo do trabalho é saber as respostas à perguntas que muitos seguidores fazem: Porque eu deveria segui-lo? E Porque eu deveria confiar a você meu sustento? Os líderes devem primeiramente olhar no espelho para responder essa questão para si próprios. Eles precisam entender que liderança se conquista de dentro para fora. Logo ele conclui que, o comprometimento genuíno e seguidores engajados surgem quando se fazem primeiramente a si próprio as duras questões de caráter”. Entendemos, na medida em que “mergulhamos”, que os pontos característicos de um “ser líder” convergem para sua essência, ou seja, se baseiam na sua personalidade e caráter. Características essas que geram confiança e é através do cultivo desta confiança que o líder terá mais sucesso. Leider (pg.122) trás que “dadas às realidades atuais do local de trabalho, a maioria dos ”seguidores” estão famintos por uma liderança com propósito – líderes que tenham valores, visão e coragem”. “A liderança com propósito exige confiança. A confiança se baseia no caráter”. Ressalto também do mesmo autor; “quando um líder se prende mais a forma e não o suficiente na essência percebe-se que neste momento ele perde a confiança das pessoas”. Em estudos de Claudiney Fullmann(Google,2007) ele ressalta três características do ser líder como sendo uma formação sólida para seu desempenho profissional e pessoal. É o que ele denominou de “triplo C”, ou seja, o início da competência do líder que hoje é requisito nas organizações modernas. São elas: Cabeça - Rigor intelectual, compreensão da organização e idéias que possam vencer no mercado, e ainda Habilidade para Conceituar, Conhecimento do Negócio e uma Visão. Coração - Compaixão, empatia e justiça acrescidas de amor e absoluta franqueza, e ainda, Sinceridade,Integridade e Piedade. Coragem - Capacidade de fazer apelos difíceis, assumir posições impopulares, correr riscos e ter autoconfiança para ser simples, e ainda, Realidade, Autoconhecimento, Simplicidade e Velocidade. Segundo Fullmann, o “ser líder funciona como catalisador e promotor da felicidade. Ele estabelece a harmonia da orquestra, como um maestro, o estímulo para a vitória, como um coach, a educação para o futuro, como um mentor, a disciplina confiante, como um pai, e a produtividade elevada como um conselheiro”. CAPÍTULO 3 3. CRIATIVIDADE Ao Criar, a pessoa encontra seu Eu, seu Mundo, seu Deus. ( Erich Fromm) Criatividade é uma forma de inteligência, é uma maneira de se desenvolver vendo outras possibilidades, é não ser limitado. Assim, como diz Cortella, Mário Sérgio (pg.13) em seu livro: Não Nascemos Prontos, que “Gente não nasce pronta e vai se gastando; gente nasce não – pronta e vai se fazendo”. Cortella enfatiza dizendo; “O grande desafio humano é resistir à sedução do repouso, pois nascemos para caminhar e nunca para nos satisfazer com as coisas como estão. A insatisfação é um elemento indispensável para quem, mais do que repetir, desejar, criar, inovar, refazer, modificar, aperfeiçoar. Assumir esse compromisso é aceitar o desafio de construir uma existência menos confortável, porém ilimitada e infinitamente mais significativa e gratificante”. Estudando este tema, encontramos no simples, original e inteligente livro de José Predebom, mais do que definições ou explicações. Constatamos muita vivência e habilidade para escrever e discorrer sobre criatividade e como não poderia ser diferente um “ser” muito criativo. Sua abordagem é perfeita e concordamos plenamente quando ele relata que “Temos em nós um pouco da criança que fomos, alegre e descondicionada. É bom dar mais espaço a ela atenuando nossa parte adulta, compenetrada e pouco criativa”. “Ser” criativo é ser como criança, pois através dela transparece a leveza, alegria, doçura, brincadeira, que é muito séria, uma construção de idéias, muita energia liberada, nada muito lógico. Oscilante, talvez, na própria lógica e em sua compulsão própria, assim podendo fazer escolhas, buscar novas alternativas. Criatividade é manifestação de vida, de ética. “Se o homem nunca fugisse da norma, teria um comportamento repetitivo e seria só um mamífero a mais na terra”. Predebom (pg.31), analisando criatividade como sendo universal, inicia esta análise partindo do assunto de “raciocínio associativo” de animais, como o cachorro de Pavlov, ou da “reação associativa” de plantas, principalmente das chamadas sensitivas. Ele verifica que as ações provocadas por associações sempre se processam pelo aproveitamento de experiências anteriores e se constituem em um tipo de reação a estímulos. Já o homem soma a esse tipo de raciocínio associativo sua capacidade de “ir além”, construindo hipóteses, conjecturando, sonhando, enfim. Experiências anteriores são, portanto, processadas por nós de forma definitivamente única. Podemos afirmar que a espécie humana tem capacidade inata e exclusiva de raciocinar construtivamente. Essa capacidade produz o que tranqüilamente pode ser chamado de criatividade. Quando ele cita “capacidade inata’ se refere ao potencial que todo ser humano possui, que lhe é próprio. Daí a afirmação de que todos nós somos criativos, podendo-se dizer que é uma dádiva da natureza”. Também se chega a essa convicção pelo fato aceito de que “todas as crianças são criativas” e que seu potencial inato vai depois sendo bloqueado no processo de socialização”. (Predebon, 2005) “A forma de que cada um utiliza e desenvolve para ser criativo vai variar de acordo com seu meio social, seus estímulos, de suas limitações apresentadas e dos bloqueios que impõe. Pode-se afirmar que existem muitas limitações, porém “independente do potencial de cada pessoa, o simples rompimento dos bloqueios ou a prática pela tentativa, que tende a desenvolver a capacidade, já serão suficientes para que o comportamento criativo se destaque da média”. Entendemos que criatividade é produto de rupturas, de desbloqueios que desfazemos à medida que vamos percebendo novas possibilidades, buscando soluções e descobrindo outros caminhos para realizações de novos projetos e sonhos. Conseguimos nos libertar e desabrochar em uma nova realidade, até em uma nova fase de vida e com certeza mais completos e felizes. De que maneira os seres humanos desenvolvem um comportamento criativo? Tomando como base o que estudamos, com experiência e vivência, o desenvolvimento do comportamento criativo se dá basicamente através do conhecimento, da busca por informações, pesquisas, aprendizado, através de um processo cultural. Porém, como trás Predebon (pg. 35 e 36) “sempre há expectativa de mudança própria, como produto das informações recebidas. Mas a criatividade pessoal não eclode com o conhecimento de recursos e receitas, que é o que traz a maioria dos conjuntos de informações. O exercício do potencial de criatividade liga-se à psicologia do indivíduo, como o comportamento se liga à personalidade. Adianta pouco adotar novas práticas, se elas se constituem tão-somente em “estruturas”. Ele frisa tão-somente porque as estruturas podem ser muito úteis, se forem aplicadas pela pessoa também engajada em um processo de desenvolvimento de seu comportamento criativo”. Aqui ele faz referência “em ser o “X” da questão: ele não tem conhecimento de qualquer técnica(nem acredita que exista) que possa tornar a pessoa “mais criativa”. O comportamento criativo “é produto de uma visão de vida, de um estado permanente de espírito, de uma verdadeira opção pessoal quanto a desempenhar um papel no mundo. Essa base mobiliza no indivíduo seu potencial imaginativo e desenvolve suas competências além da média, nos campos dependentes da criatividade”. Aqui ele defende “o princípio de que criatividade é uma característica de nossa espécie e como tal ela está presente em nosso comportamento normal, em um nível às vezes até imperceptível para a maioria” (Predebon, pg. 36). Neste ponto percebo quanto o homem ainda tem a descobrir de suas potencialidades, principalmente no tocante a criatividade, estar mais atento, apurar os sentidos, ligar as “antenas”, entender e aceitar o novo, o diferente e aprender principalmente com os erros. Neste estudo identificamos que é essencial que as pessoas que querem ou pretendem desenvolver sua criatividade, busquem trabalhar no que Predebon denominou de “Aberturas”. “As aberturas são fundamentais para se descobrir uma pessoa criativa. O que caracteriza essa idéia de abertura é o que ele desenvolveu para gerar o comportamento criativo por meio de um posicionamento “aberto/dinâmico” do indivíduo diante do ambiente”. “Toda base de sua teoria nasceu de uma atitude prospectiva que ele manteve durante o tempo em que se dedicou a criação publicitária. Além disso, todo desafio que teve que enfrentar quando ministrava no curso de comunicação como “criar”, ele foi levado a desenvolver uma didática e também a pesquisar “por que alguns criam com mais facilidade”. A conclusão desse estudo incluiu a descoberta de que um dos acessos rápidos ao comportamento criativo é uma posição conciliada e, mais ainda, articulada às variáveis do meio. Assim, tomava forma uma teoria transformada em tese e em linha de trabalho após ter sido testada na prática. Daí surge um curso de criatividade que Predebon resume na seguinte proposição:” aprenda a ser uma pessoa mais aberta e passe automaticamente a ser uma pessoa mais criativa”. Predebon (pg. 68 e 69), trás “de forma um tanto experimental, que a abertura pessoal é uma “chave” no processo criativo e que as pessoas abertas são as que, dentro de um contexto comportamental sempre complexo, apresenta a prevalência de algumas características, tais como: Flexibilidade, articulação, comunicabilidade, inquietude e leveza. No caso das pessoas mais “fechadas” encontramos o contrário, ou seja características opostas, tais como; Preocupadas, espectadoras, duras, refratárias e acomodadas. Ele registra que a tese das aberturas não pretende, com essa classificação, defender uma posição maniqueísta no que toca à personalidade, ninguém é totalmente isso ou aquilo, mas geralmente tende, muito ou pouco, para um dos lados, o das pessoas abertas ou das fechadas. Ele ainda faz mais uma ressalva onde a confirmação da tese das aberturas passa por uma plena conciliação com as exceções, ou seja existe criatividade também sem aberturas, pois encontra-se apesar de minorias, pessoas menos abertas e mais criativas e assim como mais abertas e menos criativas. A partir dessa base, chegou-se a conclusão prática de que seria extremamente proveitoso, para o indivíduo desejoso de melhor exercer seu potencial criativo, adotar uma posição dinâmica em direção a um comportamento mais “aberto”. Predebon (pg. 71 e 72) enfoca, “que consciente da interdependência e sobreposição dos vários aspectos do assunto, organiza o estudo seqüencial de três ângulos e divide-os em três seguimentos; Abertura da Emoção, dos Sentidos e da Mente. Essa divisão obedeceu a incidências detectadas na análise de situações e comportamentos e permite um estudo de atitudes e reações; a partir daí, chegou-se a uma espécie de treinamento para o aperfeiçoamento pessoal, com o objetivo de melhor exercer nosso potencial criativo sem qualquer tentativa de modificação de personalidade”. Sob um outro olhar, Navega, Sérgio (2000) ressalta que Criatividade “ é uma das características mais marcantes dos “seres inteligentes” que habitam este planeta, é a habilidade de aprender e antever conseqüências de atos imaginados. Isto nos permite fazer “modelos” do mundo”. Aborda também que a criatividade pode ser conceituada e analisada sob vários pontos de vista, entre os quais: - “Sob o ponto de vista humano – Criatividade é a obtenção de novos arranjos de idéias e conceitos já existentes formando novas táticas ou estruturas que resolvam um problema de forma incomum, ou obtenham resultados de valor para um indivíduo ou sociedade”. - “Sob o ponto de vista cognitivo – Criatividade é o nome dado a um grupo de processos que procura variações em um espaço de conceitos de forma a obter novas e inéditas formas de agrupamento, em geral selecionada por valor”. - “Sob o ponto de vista neurocientífico – É o conjunto de atividades exercidas pelo cérebro na busca de padrões que provoquem a identificação perceptual de novos objetos que, mesmo usando “pedaços” de estruturas perceptuais antigas, apresentem uma peculiar ressonância, caracterizadora do “novo valioso”, digno de atenção”. - “Sob o ponto de vista computacional - É o conjunto de processos cujo objetivo principal é obter novas formas de arranjo de estruturas conceituais e informacionais de maneira a reduzir (em tamanho) a representação de novas informações, através da formação de blocos coerentes e previamente inexistentes”. Focando no conceito que Sérgio Navega aborda, principalmente sob o ponto de vista humano, identifico que criatividade é também uma maneira estratégica de desenvolver e buscar soluções de melhorias em processos organizacionais, o que hoje é fator determinante na consolidação das empresas em um mercado tão competitivo no tocante a concorrência e a constantes mudanças. É notório que cada vez mais as empresas precisam disponibilizar ambientes e condições apropriadas e estimulantes para o desenvolvimento do processo criativo, pois só assim teremos pessoas mais felizes e produtivas em suas atividades, bem como produtos e serviços com mais qualidade. Propiciar um ambiente criativo é dar abertura às novas idéias, é promover discussões de formas de pensamento divergentes e também dos convergentes, de não seguir padronização e sim de deixar o novo sobressair, de quebrar paradigmas, de conseguir ver outras possibilidades e formas de fazer diferente. Valorizar o pensar, conhecendo as competências e habilidades das pessoas e não tolhendo seu envolvimento e participação. Predebon (pg. 118) sugere que “em termos de comportamento criativo efetivo, a educação e o ambiente são muito mais relevantes do que o próprio nível do potencial inato no indivíduo”. “No campo da criatividade, importa menos como nascemos do que como nos educamos” (Predebon, 2005). Dentre as características mais importantes, Predebon (pg. 119 e 120) identifica como favorecedoras ao comportamento criativo, as seguintes; Independência – quase sempre produto da autoconfiança, ousadia e iniciativa e conjugada a um espírito aventureiro. Curiosidade – característica inata, freqüentemente castrada na educação e quase sempre conjugada ao espírito questionador e especulativo, Flexibilidade – caracteriza-se pela disposição de rever valores, Sensibilidade - muitas vezes conjugada à emoção mais liberada. Além, destas características ele destaca que a leveza, no sentido do senso de humor é um fator positivo, ligado ao otimismo, para um comportamento criativo”. “Outra característica pessoal, que constam nos estudos da personalidade criativa, é da boa fluência, tanto da verbal quanto de raciocínio. Apesar desta qualidade esta mais ligada à capacidade de comunicação. Ela também deve ser ligada ao comportamento criativo”. Mais interessante ainda, é que ele relata uma pesquisa da Universidade da Califórnia, realizada com pessoas notoriamente criativas, onde foram estudadas a formação e a maneira de ser e pensar de cientistas, profissionais e artistas.Chegaram até a entrevistar pais,professores e amigos. Dos dados obtidos, comprovados em todos os estudos do gênero, além de confirmar todas as características já citadas acima, acrescentaram outras: Interesse variado, estética diferenciada, percepção, valorização do intuitivo e sensibilidade “feminina”(emoção mais acessível aos estímulos e aos valores cultivados pelo sexo feminino). Neste ponto, identificamos que o desenvolvimento da personalidade criativa vai se associando as características já citadas aqui no que se refere as pessoas mais abertas, não querendo aqui afirmar que só as abertas conseguiriam ser mais criativas, porém a facilidade e habilidades desses seres tendem propiciar seus desenvolvimento muito mais destacadamente dos demais. Se faz necessário lembrar, segundo Predebon (pg.121) que “não se deve estabelecer critérios de “certo/errado” quanto às variáveis da personalidade. Em cada caso e até em cada ocasião, somos levados a ser de uma ou de outra forma”. Aqui ele sugere, o que concordo plenamente, que o mais certo seja “conhecer-se bem para poder mobilizar as competências necessárias, explorar as possibilidades de desenvolvimento do comportamento criativo, o que levará ao aperfeiçoamento da própria personalidade”. Então, para aqueles que desejam buscar este desenvolvimento, nada melhor que trabalhar as “aberturas; da emoção, dos sentidos e da mente, que são sem dúvida o melhor caminho para o desenvolvimento do comportamento criativo, pois isso irá incluir o aperfeiçoamento da própria personalidade”. Todo esse caminho percorrido só nos leva ou revela como diz Predebon, “a crescermos como indivíduos e passarmos a exercer melhor nossa individualidade, com enormes ganhos na vida prática e na própria auto-estima”. “Mergulhando” mais um pouco nos estudos da criatividade através do livro de Pedrebon, (pg.122), encontramos o que ele denominou de comportamentos pré-criativos, ou seja “são princípios(nunca dogmáticos), direções (nunca excludentes) a adotar, somados a uma pequena disciplina, em iniciativas que permeiam nossas decisões no dia a dia”. Assim, ele divide esse comportamento pré-criativo em duas vertentes que se complementam, apesar de parecerem antagônicas, dividem-se da seguinte forma: o Ligar-se e o Soltar-se. Estes dois grupos não são estanques, pois muitos desses comportamentos pré-criativos têm um pé em cada vertente, definindo-se muitas vezes só por uma predominância, muito presa às circunstâncias de momento. “O Ligar-se é principalmente manter um alto e permanente nível de atenção e aplicar às suas atividades no dia a dia um bom nível de concentração disciplinada. Dentre os vários exemplos cito; “manter um bom nível de atenção no dia a dia, próprio de quem sempre valoriza informações, como um policial nato. Seu segredo é ficar alerta para a parte nova e/ou relevante de todas as experiências”. E o Soltar-se, é principalmente dar valor não absoluto a normas e ao certo/lógico, abrindo terreno para a exploração de hipóteses. Exemplo: “Fugir da rotina sistematicamente, alternando atividades e cultivando vários campos de interesse, como provavelmente fomos quando adolescentes, seres até inconstantes, porque desejam muitas coisas. Sem nos tornar dispersivos, manteremos um grande campo de ação mental”. Da mesma forma que temos pontos e características positivas e que devemos explorar, desenvolver e praticar para exercer a criatividade mais e melhor, também podemos observar que existem bloqueios para o não exercício da criatividade com mais plenitude. Predebon (pg.132) aponta como principais bloqueios à criatividade os seguintes: Acomodação, Miopia Estratégica, Imediatismo, Insegurança, Pessimismo, Timidez, Prudência demais(já no alcance do medo), Desânimo e Dispersão. Como ponto fundamental para evitarmos esses bloqueios e conseqüentemente não conseguirmos nos desenvolver em nossos comportamentos mais criativos, é muito importante nos livrarmos desses “fantasmas” inibidores, nada melhor que refletirmos sobre eles e ao detectarmos que alguns deles nos rondam, buscar ajuda e se libertar. CAPÍTULO 4 4. UM MERGULHO NO “SER” LÍDER O “Ser” líder é um ser especial, geralmente são pessoas carismáticas, que possuem uma força interior muito grande, com alicerces firmes em suas crenças e valores. Normalmente são corajosos, conseguem influenciar pessoas apenas com suas habilidades natas ou até mesmo pelo seu coração, pois disseminam o amor com base no respeito ao outro e integra toda uma equipe com a visão de colaboração e união. Para ter uma base sólida o “ser” líder deve construí-la com foco no desenvolvimento contínuo, uma vez que liderança também é um eterno aprendizado. Esta base segundo Fullman,Claudiney(Google),”deve ser firmada em alguns requisitos fundamentais, tais como; caráter, humildade, responsabilidade, estabilidade emocional, capacidade de decisão, carisma e de uma visão”. “Todos esses requisitos devem ser interligados pela integridade e autoconfiança, não esquecendo ser necessária a habilidade em todo processo de comunicação, que deverá ser assertiva e de muita clareza para que facilitem o dia a dia profissional e pessoal”. Tudo que o “ser” líder é está na sua essência, na sua personalidade, no seu jeito de ser e viver. Seres líderes são antes de qualquer outra referência, facilitadores, pessoas que desenvolvem pessoas e que devem estar sempre abertos para aprender através de outras vivências e influenciando pelo exemplo. Voltando a Fullmann,Claudiney ele descreve a funcionalidade do “ser” líder de forma assertiva na qual concordo com ele, ressaltando que “o “ser” líder deve está automotivado permanente, sempre preparado para motivar sua equipe, mesmo nos momentos mais difíceis. Ele enfrenta a realidade como ela é, não como ela foi ou gostaria que fosse. Seus atos, decisões e posturas são dirigidos por um conjunto de crenças e valores básicos que o tornam um ser desejado e enaltecido, sem arrogância nem prepotência. Todos os líderes têm oportunidades, mas serão escolhidos apenas aqueles que se engajarem na construção de um mundo melhor, os que se comprometerem com os valores comuns e tiverem a audácia de liderar para o engrandecimento de todos que o cercam. Essa audácia é alimentada pela confiança em si mesmo, pela coragem de assumir riscos, de errar e corrigir, de criticar e aceitar críticas com naturalidade, de ter medo sem padecer de ansiedade, de amar e ser amado, de ser sincero, de enfrentar a realidade, de manter suas metas mesmo diante de fracassos, de pedir ajuda, de rir e chorar, mas manter sempre seu alto astral e extravasar seu interior através do sorriso”. Neste ponto percebo claramente que a resiliência é premissa básica para que o líder desempenhe muito bem o seu papel, pois “ser” líder é dispor de uma força maior que só é encontrada em pessoas que possuem vontade de realizar, de vencer, de compartilhar e assim, desenvolver toda sua equipe e a si próprio. Cada vez mais o mercado e o mundo precisam de pessoas de valores íntegros e fortes, dispostos a utilizar todo seu talento e potencial em prol de uma vida melhor para todos. James Hunter, coloca muito bem a questão da vontade, quando ele fala do modelo de liderança servidora, ele diz que” intenções sem ações não nos acrescenta nada e o contrário, ou seja a intenção somada a ação é igual a vontade de realizar” . O “ser” líder está intimamente ligado as suas características principais, o que me leva a citá-las em conformidade com sua personalidade, bem como perceber como elas estão interligadas com as características da personalidade criativa, ou seja, o líder também pode ser muito criativo se ele se conscientizar e trabalhar todo seu potencial. Assim, tento aqui traçar um paralelo com essas características encontradas em minhas pesquisas e observadas por mim no meu dia a dia, no desempenho de minhas atividades como gestora de equipes. PERSONALIDADE CRIATIVA PERSONALIDADE DO LÍDER (Características) (Características) ↕ ↕ Independência Segurança Interesse variado Desapego Curiosidade Estabilidade Emocional Flexibilidade Intelecto Sensibilidade Extroversão Estética Diferenciada Conscientização Percepção e Intuição Aceitação ↔ “SER HUMANO LÍDER” ↕ ↔ ↕ COMPORTAMENTO CRIATIVO COMPORTAMENTO DO LÍDER Flexibilidade Visão Articulação Facilitador Comunicabilidade Caráter Inquietude Carisma Leveza Comunicativo Observo que é possível desenvolvermos excelentes líderes se aproveitarmos o conjunto das características e focarmos no exercício constante de seu papel, para que este líder possa atuar de forma mais produtiva e com mais comprometimento, ciente que é possível utilizar da criatividade para inovar sempre e agregar valor ao trabalho de sua equipe e de sua organização. A tarefa de ser líder não é fácil e também não é tão simples como alguns pensam, lidar com pessoas é muito complexo, desafiante, mas também é muito gratificante. Pelas características aqui apresentadas podemos verificar que o “ser” líder ainda tem muito a evoluir e procurar buscar autodesenvolvimento, estimulando sua equipe para o mesmo. sempre seu Encontro no artigo de Claudiney Fullmann, aspectos importantes que ele destaca para o “ser” líder e que vale a pena citar como reforço: - Se alguém quer ser um líder de fato, saiba também que é uma atividade “full-time”, ou seja, ser líder não é estar líder, é viver em todos os instantes sua plenitude; - Nada mais tranqüilizador do que a sua integridade absoluta – honesto sempre, em tudo e em quaisquer circunstâncias; - Líder tem um ponto de vista educativo impregnado de Idéias, Valores, Energia Emocional e Edge – termo que engloba as qualidades de coragem, ousadia, determinação, energia, têmpera, garra, eficácia, fibra, pulso firme, força moral,vitalidade, realismo e entusiasmo; - Líder articula e mentaliza sempre o sucesso; uma eventual derrota serve de trampolim para novas vitórias; - Um grande líder tem a humildade de valorizar sua equipe e formar novos líderes e substitutos; - Um líder exemplar comunica-se por palavras, ações e sentimentos refletindo uma energia emocional positiva, sempre coerente; - Um líder é um missionário que tem o foco no futuro, sem perder a pressão de vencer hoje; - O grande líder fica feliz ao ver seus liderados serem também vencedores. CONCLUSÃO Finalizamos este trabalho, ciente de que se tem muito a estimular e desenvolver nos líderes para que utilizem todo seu potencial criativo como forma de melhorar seu desempenho profissional e conseqüentemente sua vida pessoal. Criatividade é essencial na vida de todo ser humano e para um líder nos dias atuais ela é fundamental, pois trata-se de um diferencial competitivo altamente exigido nas organizações. Entre as comportamento características criativo mais ressalto a relevantes sensibilidade, da a personalidade flexibilidade e e a comunicabilidade como sendo ponto de interligação à personalidade e comportamento do “ser” líder. Na liderança criativa encontramos e vivenciamos melhores oportunidades, novas possibilidades, pois tudo pode e deve ser pensado e realizado de maneira diferente. Sempre é possível fazer melhor, inovar, pensando positivo, acreditando, arriscando, não tendo medo, sendo autêntico. Procurar “olhar o que ninguém olhou”, ver os detalhes, estar atento a “sinais” e partir para ação. Caso não se acerte de primeira, deve-se aceitar o feedback, ter iniciativa para rever o planejado, realizar nova ação, checar mais uma vez, acompanhar e nunca desistir. Persistência e disciplina são fatores muito importantes para consolidação da atuação de um líder. Fechar os olhos e deixar a mente aberta, assim se permite criar. O sonho é uma ponte que leva à criatividade e conseqüentemente às concretas realizações. REFERÊNCIAS SLATER, Robert . Jack Welch – Os segredos da liderança. Rio de Janeiro: Editora Campus, 2004 HUNTER, James C. – Como se tornar um líder servidor – os princípios de liderança de o monge e o executivo . Rio de Janeiro: Editora Sextante, 2004 PREDEBON, José – Criatividade – Abrindo o lado inovador da mente.São Paulo: Editora Atlas, 2005 SPECTOR, Paul E. – Psicologia nas organizações . São Paulo: Editora Saraiva, 2006 GOLDSMITH, Marshall – Coaching: O exercício da liderança. Rio de Janeiro: Editora Campus – 5ª edição , 2003 CORTELLA, Mário Sérgio – Não nascemos prontos. Petrópolis: Editora Vozes, 2006 DRUMOND, Regina – Jornal do Commercio: Caderno Gestão de Pessoas Recife – 04/09/2005 DE MASI, Domenico – Ócio Criativo . Revista Você S/A – Pg. 73 a 75, Maio/2003. PINHEIRO,Edna; MACIEIRA, Maria Helena – (Dês) Fazendo o mito sobre liderança: Traçados e limites da atuação do profissional da informação na função de líder. Internet (Google) NAVEGA, Sérgio – Criatividade – Outubro, 2000. [email protected] NOCE, Franco – Revista Brasileira de Psicologia do Esporte e do Exercício, v.0.55-67,2006 – Internet NETO, Vera Lúcia da Conceição – Jornal do Commercio - Caderno Gestão de Pessoas - Recife 17/12/2006 FULLMANN, Claudiney – Artigo – Ser Líder – Internet –(Google).