UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MATERIAIS PARA ENGENHARIA ANÁLISE CONFORMACIONAL E PROPRIEDADES ELETRÔNICAS DE NANOESTRUTURAS BxCyNz THIAGO AUGUSTO DE SOUZA Março de 2012 Itajubá – MG UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MATERIAIS PARA ENGENHARIA THIAGO AUGUSTO DE SOUZA ANÁLISE CONFORMACIONAL E PROPRIEDADES ELETRÔNICAS DE NANOESTRUTURAS BxCyNz Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Materiais para Engenharia da Universidade Federal de Itajubá como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Materiais para Engenharia. Área de Concentração: Não metais Orientadora: Prof.a Dra Ana Claudia Monteiro Carvalho Co-orientadora: Prof.a Apolinário da Silva Março de 2012 Itajubá – MG Dra Milady Renata Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Mauá – Bibliotecária Cristiane N. C. Carpinteiro- CRB_6/1702 S729a Souza, Thiago Augusto de Análise conformacional e propriedades eletrônicas de nanoestruturas BxCyNz. / por Thiago Augusto de Souza -- Itajubá (MG) : [s.n.], 2012. 102 p. : il. Orientadora: Profa. Dra. Ana Cláudia Monteiro Carvalho . Coorientadora: Profa. Dra. Milady Renata Apolinário da Silva. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Itajubá. 1. Nanotubos. 2. BCN. 3. Propriedades eletrônicas. I. Carvalho, Ana Cláudia Monteiro, orient. II. Silva, Milady Renata Apolinário da, coorient. III. Universidade Federal de Itajubá. IV. Título. Agradecimentos À Prof. Dra Ana Claudia Monteiro Carvalho pela orientação, paciência, dedicação e ensinamentos que foram de extrema importância para que este trabalho tomasse forma. À Prof. Dra Milady Renata Apolinário da Silva pela co-orientação. Ao professor Dr Fernando Sato da UFJF pelas contribuições. À professora Dra Juliana Fedoce Lopes pelas contribuições. Aos Professores da UNIFEI do Programa de Mestrado em Materiais para Engenharia e dos cursos de Física Bacharelado e Física Licenciatura que direta ou indiretamente contribuíram pra realização deste trabalho. À mais que amiga e colega de curso Luciana Veríssimo Militão pela participação e apoio nestes dois anos de mestrado. À minha família cujo o apoio foi fundamental para a continuação dos meus estudos. Aos professores membros da banca examinadora pela atenção e contribuição dedicadas a este trabalho. À CAPES pelo apoio nanceiro. i Resumo Desde a descoberta dos nanotubos desses materiais ternários B−C −N B x Cy N z em 1994, vários estudos teóricos e experimentais têm sido relatados. Os nanotubos de carbono são geralmente tratados como semicondutores ou metais unidimensionais, dependendo de seu diâmetro e quiralidade. Trabalhos teóricos e experimentais têm mostrado gap que os nanotubos de nitreto de boro são semicondutores caracterizados por um largo de energia de cerca de 5,5 eV, independente de seu raio e de sua helicidade. Cálculos de química quântica da estabilidade estrutural e das propriedades eletrônicas dessas estruturas ternárias revelaram que as propriedades eletrônicas de nanotubos Bx Cy Nz podem ser ajustadas simplesmente mudando sua composição e conguração atômica. Estas caracterísitcas fazem com que nanotubos Bx Cy Nz pos- sam ser úteis em aplicações tecnológicas onde os nanotubos de carbono e de nitreto de boro são inadequados. No presente trabalho, usando o método de química quântica semiempiríco Austin Method 1 (AM 1), foi calculada a geometria de nanotubos Bx Cy Nz , com diferentes quiralidades, estequiome- trias e diâmetros. Alguns arranjos atômicos e composições químicas (BCN , estruturas tubulares Bx Cy Nz ada à incorporação de pares BC2 N ) de BN , em função do diâmetro do nanotubos, indicaram que essa energia tubulares. Nossos resultados sugerem que tubos BN e propostas na literatura foram analisados. Análises da entalpia associ- depende fortemente do diâmetro do tubo e da distribuição atômica dopados pelos pares B3 C2 N3 B x Cy N z B−C−N nas estruturas de pequeno diâmetro são mais facilmente do que os nanotubos maiores. Mudanças nas propriedades eletrônicas, devidas à incorporação de boro-nitrogênio na rede hexagonal de carbono também foram analisadas. As estruturas eletrônicas das moléculas otimizadas foram obtidas através da Teoria do Funcional da Densidade (DFT) com o funcional BLYP na base 6-31-G. band átomos B , Comparando os resultados para a densidade de estados eletrônicos (DOS), concluímos que o gap dos nanotubos Bx Cy Nz dependem C , e N na estrutura tubular. da composição química e do arranjo atômico de Palavras-chave: nanotubos, BCN, propriedades eletrônicas. ii Abstract Since the discovery of boron carbonitride nanotubes (Bx Cy Nz ) in 1994, various theoretical and experimental studies of these B-C-N ternary material have been reported. Carbon nanotubes are usually treated as one-dimensional semiconductors or metals, depending on their diameter and chirality. Theoretical and experimental works have shown that BN nanotubes are semiconductors characterized by wide band gap energy, of about 5.5 eV, that is independent of radius and helicity. Quantum chemical calculations of the structural stability and electronic properties of boron carbonitride systems have revealed that the electronic properties of Bx Cy Nz nanotubes can be tuned simply by changing their atomic compositions and congurations. This characteristic means that carbon and BN Bx Cy Nz nanotubes could be useful in technological applications where nanotubes are unsuitable. In the present work, using semi-empirical quantum chemical method Austin Method 1 (AM1), we calculated the geometry of Bx Cy Nz nanotubes, with dierent chiralities, stoichiometries and diameters. Some atomic arrangements and chemical compositions (BCN , of Bx Cy Nz B3 C2 N3 , and BC2 N ) tubular structures proposed in the literature were analyzed. Analyzes of the enthalpy associated with BN-pair incorporation, as a function of nanotube diameter, indicates that this energy depends strongly upon the tube diameter and atomic structures. Our results suggest that small diameter B x Cy N z B−C−N distribution on tubular tubes are more easily doped by BN- pairs than larger nanotubes. Changes in the electronic properties due to boron-nitrogen incorporation in carbon hexagonal network were also analyzed. Electronic structures of the optimized molecules were obtained through Density Functional Theory (DFT) adopting BLYP functional on 6-31-G basis set. Comparing the density of states results (DOS), we concluded that the band gap energy of B x Cy N z nanotubes depends on chemical composition and atomic arrangement of atoms in the tubular structure. Keywords: nanotubes, BCN, electronic properties. iii B, C , and N Sumário 1 Introdução 1 2 Nanotubos 4 2.1 O carbono . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 2.1.1 Formas Alotrópicas do Carbono . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 2.1.2 Hibridização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 2.1.3 Ligações 7 2.2 Nitreto de Boro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 2.3 Nanotubos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 2.3.1 A estrutura dos Nanotubos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 2.3.2 Nanotubos de Carbono . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 2.5 Tight-binding para o Grafeno . . . Aproximação Zone-folding para Nanotubos de Descrição 2.5.1 12 Carbono . . . . . . . . . . . . . . . . 16 Nanotubos de Nitreto de Boro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 2.7 2.8 Simulação Computacional de Nanotubos de Descrição Estudos da Geometria de Nanotubos 3.1 3.2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 BN 4.2 e B x Cy N z . . . . . . . . . . . . . . 29 Procedimentos Metodológicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29 3.1.1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33 Geração das e Otimização das Estruturas Resultados e Discussões 42 Bx Cy Nz Procedimentos Métodológicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42 4.1.1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42 Resultados e Discussão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43 Cálculo das Estruturas Eletrônicas B 3 C2 N 3 4.2.1 Nanotubo 4.2.2 Nanotubos e BCN armchair . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . BCN , BC2 N , B3 C2 N3 e B5 C2 N5 zigzag . . . . . . . . . . . . . . Conclusão Átomos com mais de dois Elétrons A.1.1 43 54 62 A Métodos Computacionais A.1 25 Bx Cy Nz Estudos da Estrutura Eletrônica de Nanotubos 4.1 5 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Tight-binding do Nitreto de Boro 2.6.1 Nanotubos de Bx Cy Nz . . . . . . . . Síntese de Nanotubos Bx Cy Nz . . . . . . . 2.6 4 e π . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.4 3 σ 65 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65 Funções de onda anti-simétricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65 iv SUMÁRIO v A.2 Aproximação Hartree-Fock . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66 A.3 Equação de Hartree-Fock . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67 A.3.1 Unidades Atômicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67 A.3.2 Método de Hartree-Fock . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68 A.3.3 Teoria LCAO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71 A.3.4 Hartree-Fock Roothan . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73 Métodos Semi-empirícos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75 A.4.1 Método semi-empíríco CNDO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76 A.4.2 Método semi-empírico NDDO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77 A.4.3 Método semi-empírico INDO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78 Teoria do Funcional da Densidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78 A.5.1 Fundamentos da Teoria do Funcional da Densidade . . . . . . . . . . . . . . . 78 A.5.2 Equações de Kohn-Sham . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81 A.5.3 Aproximação LDA para o termo A.5.4 O autovalor na Equação de Kohn-Sham A.4 A.5 A.6 Funções de Base B Artigo Exc . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85 88 vi SUMÁRIO Capítulo 1 Introdução A preocupação da ciência em estudar e compreender os elementos constituintes da matéria, para a partir desses elementos controlar e compreender seu comportamento macroscópico, vem se acumulando ao longo de séculos. Desde a antiguidade, o homem já se preocupava em entender o comportamento da matéria que constitui os corpos [1]. American Physical Society no 1 Instituto de Tecnologia da Califórnia, intitulada Theres plenty of room at bottom . Nesta palestra, Em 1959 o físico Richard Feynman proferiu uma palestra na Feynman sugeria que átomos poderiam ser organizados em estruturas com propriedades diferentes daquelas que são encontradas na natureza, desde que as leis da natureza não fossem violadas. Isso abria a possibilidade de criar novos materiais com propriedades inteiramente novas. Esta palestra foi considerada o marco inicial da nanotecnologia. No entanto, o termo nanotecnologia surgiria somente em 1974, quando um pesquisador da universidade de Tóquio, Nório Taniguchi, fez a distinção entre engenharia em escala micrométrica e o novo campo da engenharia em escala submicrométrica que estava começando a surgir [1, 2]. O domínio da nanotecnologia encontra-se entre 0, 1 e 100 nm, região onde as propriedades dos materiais são determinadas e podem ser controladas. A nanotecnologia é uma área multidisciplinar. Esta utiliza-se de vários tipos de materiais (polímeros, cerâmicas, metais, semicondutores, compósitos e biomateriais) estruturados em escala nanométrica de modo a formar blocos de construção (building blocks ) como clusters, nanopartículas, nanotubos e nanobras. A síntese controlada desses blocos de construção e seu arranjo para formar materiais e/ou dispositivos nanoestruturados são objetivos da nanotecnologia [1]. Tahan [3] dene nanotecnologia como a pesquisa da matéria e de suas propriedades fundamentais, incluindo seus fenômenos quânticos, em uma pequena escala de comprimento. Recentemente, técnicas de medidas e fabricação alcançaram um ponto onde essas propriedades podem ser exploradas. Para Roco [4] a nanotecnologia é a habilidade em entender, controlar e manipular a matéria ao nível de átomos individuais e moléculas, bem como o nível supramolecular envolvendo clusters de moléculas. O ponto chave é criar materiais, dispositivos e sistemas com novas propriedades e funções devidas à sua estrutura atômica. Avanços signicativos na nanotecnologia surgiram na década de 1980, graças a instrumentos de manipulação como o microscópio de varredura por sonda (SPM), de varredura por tunelamento (STM) (1981), de campo próximo (NFM) e de força atômica (AFM) (1986) [2]. Ball [5] em seu trabalho publicado na revista 1 Há mais espaços lá embaixo em uma tradução livre. 1 Nature buscou identicar quais são as grandes 2 INTRODUÇÃO questões da química na atualidade. Das seis questões principais, a primeira e a terceira questão estão intimamente ligadas à nanotecnologia. São elas: (i) como projetar moléculas com funções e dinâmicas especícas; (ii) como fazer os materiais necessários para o futuro, nas áreas de energia, aeronáutica e medicina. Segundo Mnyusiwalla e colaboradores [6] os principais países industrializados têm inserido a nanotecnologia em seus programas de inovação. Uma importante vertente da nanotecnologia, é o estudo das nanoformas do carbono. Kroto e colaboradores [7] descobriram os fulerenos, o que lhes rendeu o prêmio Nobel de 1996. O fulereno é uma molécula de alta simetria semelhante a uma bola de futebol composta por pentágonos e hexágonos com diâmetro de poucos nanômetros [2, 6]. A descoberta dos fulerenos incentivou a busca de outras estruturas fechadas de carbono e Iijima [8], em 1991, apresentou uma estrutura de carbono em formato tubular de dimensões nanométricas que foi chamada de nanotubo de carbono. Devido à combinação de sua dimensionalidade, estrutura e topologia, os nanotubos apresentam propriedades especiais, que causaram euforia nos pesquisadores que trabalham na área de química e física de materiais. Este fato pode ser comprovado pelo crescimento de publicações cientícas anuais relacionadas a tais nanoestruturas [2]. Baseado na analogia entre a rede hexagonal do nitreto de boro e do grate, a existência de nanotubos de carbono sugeriu a investigação da existência de nanotubos de nitreto de boro, que foram previstos teoricamente por Rubio e colaboradores [9] e sintetizados experimentalmente por Chopra e colaboradores [10]. Diferente do nanotubo de carbono, os nanotubos de nitreto de boro possuem um gap de 5, 5 eV característico de materiais isolantes, independente de seu raio e helicidade. Outros materiais em formato tubular compostos de carbono (C), boro (B) e nitrogênio (N) foram propostos teoricamente [1114] e sintetizados experimentalmente [1522]. Estas nanoestruturas são conhecidas como nanotubos Bx Cy Nz [11]. Graças ao seu grande potencial de aplicabilidade e por serem candidatos à fabricação de novos dispositivos em nanoescala, os estudos de compostos Bx Cy Nz têm se intensicado [23]. Alguns resultados sugerem uma segregação do C e BN formando estruturas em faixas ou tipo ilha [24], enquanto outros sugerem modelos em que átomos de C, B e N estão misturados [25, 26]. A nanociência está apenas começando a aprender a manipular e construir nanodispositivos de forma eciente e economicamente viável. Devido ao desenvolvimento nas áreas de microeletrônica e de softwares, que permitiram uma grande evolução na capacidade de processamento dos computadores e nos softwares, a simulação do comportamento dos materiais em nanoescala tem ajudado aos cientistas descobrir e entender novos comportamentos dos materiais nanoestruturados, sem a necessidade de gastar com atividades e equipamentos laboratoriais que, em muitos casos, podem ser dispendiosos [1]. O interesse no estudo das propriedades dos nanotubos B x Cy N z está no fato destes materiais possuírem propriedades intermediárias aos nanotubos de carbono e nitreto de boro, possibilitando o seu uso como novos tipos de semicondutores. Além disso, estes materiais apresentam variadas formas de aplicações como condutores elétricos leves, reticadores, transistores, diodos emissores de luz, dispositivos óticos, armazenadores de gás e lasers [2]. Pesquisas também têm mostrado que nanotubos do tipo Bx Cy Nz são uma alternativa melhor que os nanotubos de carbono no armazenamento de hidrogênio [27]. Todos os exemplos citados anteriormente, mostram a necessidade de um melhor entendimento 3 das propriedades desses materiais e sua relação com sua composição e estrutura. Neste trabalho, investigaram-se teoricamente a geometria e as propriedades eletrônicas de nanotubos Bx Cy Nz . Partindo dos compostos mais comumente encontrados na literatura, realizaram-se permutações dos átomos de B, C e N na estrutura tubular. Através de cálculos semiempirícos obtiveram-se as energias de incorporação de pares BN em estruturas de carbono. A partir das estruturas energeticamente mais estáveis, investigaram-se as propriedades eletrônicas através de métodos baseados na Teoria do Funcional da Densidade (DFT). No segundo capítulo deste trabalho, serão apresentadas as teorias que procuram descrever a formação de nanotubos de carbono, nitreto de boro e Bx Cy Nz , bem como a nomenclatura necessária para a classicação dessas nanoestruturas. No terceiro capítulo é apresentado o estudo da geometria dos nanotubos Bx Cy Nz , enquanto que no quarto capítulo é apresentado o estudo das propriedades eletrônicas dessas estruturas. Por m, no quinto capítulo apresentam-se as conclusões. Capítulo 2 Nanotubos Segundo Duran e colaboradores [1], devido ao seu enorme potencial de aplicação, a nanotecnologia tem atraído o interesse de inúmeros grupos de pesquisas em todo o mundo e existe uma innidade de áreas onde ela pode oferecer uma contribuição signicativa. De acordo com Herbst e Macêdo [28], esforços estão sendo feitos no sentido de atingir o tão desejado controle em nível atômico e molecular sobre os processos industriais. A descoberta dos fulerenos [7] e dos nanotubos de carbono (NC) [8], com suas intrigantes propriedades eletrônicas, despertou o interesse dos pesquisadores que trabalham na área de física e química dos materiais. Segundo Souza Filho e Fagan [29], os nanotubos são sistema modelo para a nanociência e a nanotecnologia, pois são versáteis o bastante para integrarem as diferentes áreas do conhecimento, além de promover uma inter/mutidisciplinaridade muito forte. As características únicas dos nanotubos aliadas ao desenvolvimento da química destes sistemas têm despontado com um número considerável de aplicações e promessas revolucionárias em diversas áreas de atividade humana, como a medicina, a farmacologia, eletrônica, computação, robótica, indústria química, petroquímica e meio ambiente. Algumas aplicações propostas são a obtenção de compósitos condutores ou de alta resistência mecânica, dispositivos para armazenamento e conversão de energia, sensores, dispositivos semicondutores em escala nanométrica, entre outras. Como exemplos de aplicações diretas, os nanotubos podem ser usados como peneiras moleculares, como material para armazenamento de hidrogênio, como aditivos para materiais poliméricos e como suporte em processos catalíticos [28]. Segundo Herbst e colaboradores [28], por se tratarem de estruturas quasi-unidimensionais, o transporte eletrônico nos NC metálicos ocorre de forma balística, isto é, sem espalhamento, possibilitando a condução de correntes através de grandes extensões do nanotubo sem aquecimento. Os autores ainda reforçam as interessantes propriedades dos NC, como alta resistência mecânica, capilaridade, além de apresentar estrutura única, apontando diversas aplicações no futuro. Os nanotubos têm sido usados na confecção de diferentes tipos de dispositivos, como sensores de gás e sensores biológicos, pontas para microscópio de força atômica e, quando combinados a outros materiais como polímeros e bras atuam como elementos de reforço formando compósitos com excelentes propriedades mecânicas [29]. Segundo Nalwa [30] desde a sua descoberta, até os dias de hoje, os NC vêm fascinando químicos, físicos e cientistas dos materiais. No entanto, devido ao seu alto custo de fabricação, faz-se necessário que novos métodos de síntese sejam desenvolvidos. 4 5 O CARBONO 2.1 O carbono 2.1.1 Formas Alotrópicas do Carbono Inicialmente identicaram-se duas formas alotrópicas do carbono, o grate e o diamante. Porém, a capacidade do carbono de formar ligações covalentes com não-metais sugeria que outros alótropos pudessem ser encontrados [31]. O diamante apresenta a hibridização carbono se liga a outros quatro próximos por ligações covalentes sp2 , pois forma três ligações covalentes de ligações σ σ sp3 , na qual um átomo de σ . Já o grate possui a hibridização no plano e mais uma ligação π, perpendicular ao plano [32]. Os buckminsterfulerenos foram descobertos em 1985, durante experimentos que visavam enten- der o mecanismo pelo qual moléculas de carbono com cadeias muito longas são formadas no espaço interestelar e atmosferas estelares. Um arranjo de 60 átomos foi produzido evaporando-se o grate por irradiação a laser [7, 33]. O primeiro fulereno a ser descoberto foi o ball. C60 , conhecido como Sua forma estrutural foi proposta por Kroto e colaboradores em seu artigo de sugeriram que o C60 possui a forma de uma bola de futebol com o 60 1985. buck- O autores átomos de carbono ligados em pentágonos e hexágonos [7, 31, 34]. Utilizando o método de evaporação por descarga em arco, similar ao usado para a síntese de fulerenos, Iijima [8] relatou um novo tipo de estrutura tubular denominada posteriormente como nanotubo de carbono. Dois anos depois da descoberta dos nanotubos de carbono de paredes múltiplas (NCPM), Iijima e Ichihashi [35] e Bethune e colaboradores [36] sintetizaram os nanotubos de carbono de parede simples (NCPS) simultaneamente e independentemente. Os NCPS são formados por uma folha constituída por átomos de carbono enrolada em torno do eixo do tubo. Estas folhas têm uma estrutura com átomos dispostos numa rede hexagonal denominada grafeno ou simplesmente grate 2D [32]. Os NCPS obtidos por Iijima possuíam seus diâmetros variando entre longo possuía 700 nm de comprimento e diâmetro de 0, 9 0, 70 e 1, 65 nm. O mais nm. Neste modelo proposto por Iijima, a extremidade dos nanotubos é aberta apresentando valências livres, com o crescimento axial dominando sobre o crescimento da camada [35]. Segundo Machado [32], os nanotubos também podem ter suas extremidades fechadas por hemisférios de fulerenos. 2.1.2 Hibridização O modelo de hibridização de orbitais é usado para explicar as diversas formas alotrópicas dos compostos de carbono. O carbono possui número atômico 6. 2 2 2 estável é 1s 2s 2p . O estado excitado assume a conguração (2s, 2px , 2py , 2pz ) Sua conguração eletrônica mais 1s2 2s1 2p3 . Os 4 últimos orbitais podem combinar-se formando orbitais híbridos que podem ser do tipo sp, sp2 e sp3 [32]. Mais detalhadamente, as hibridizações se formam das seguintes maneiras. Sendo a conguração eletrônica do estado fundamental do carbono: C : 1s2 2s2 2p2 (2.1) as seguintes hibridizações podem ser formadas: (a) Hibridização sp3 : Um orbital s se mistura com três orbitais p, formando quatro orbitais 6 NANOTUBOS híbridos denominados forma quatro ligações sp3 σ (Figura 2.1). A geometria dos quatro orbitais sp3 é tetraédrica e ◦ com ângulo de 109, 5 entre eles (Figura 2.2). Figura 2.1: A conguração do estado fundamental do átomo de carbono é obtida pela acomodação de pares de elétrons nos orbitais atômicos de menor energia. Na gura, representa-se a formação dos orbitais híbridos sp3 para o átomo de carbono a partir de seus orbitais atômicos. Figura 2.2: Distribuição espacial da hibridização sp3 . Note a distribuição tetraédrica do orbital 3 ◦ atômico híbrido sp . O ângulo entre as ligações é de 109,5 . 7 O CARBONO (b) Hibridização sp2 : É uma mistura de um orbital s com dois orbitais p que resulta em três novos orbitais híbridos sp2 (Figura 2.3). Os três orbitais situam-se num mesmo plano formando ◦ ângulos de 120 entre eles (Figura 2.4). Figura 2.3: Na gura, representa-se a formação dos orbitais híbridos sp2 para o átomo de carbono a partir de seus orbitais atômicos. Figura 2.4: Representação dos três orbitais híbridos dois orbitais p. sp2 constituídos pela mistura do orbital ◦ O ângulo entre os dois orbitais híbridos é de 120 . O orbital perpendicularmente ao plano formado pelos três orbitais híbridos (c) Hibridização sp: É a mistura de um orbital s 2p s com restante localiza-se sp2 . com um orbital p formando dois orbitais sp ◦ (Figura 2.5) com um ângulo de 180 entre eles. Figura 2.5: Na gura, representa-se a formação dos orbitais híbridos sp para o átomo de carbono a partir de seus orbitais atômicos. 2.1.3 Ligações σ e π A ligação sigma (σ ) corresponde à representação de orbitais atômicos no mesmo eixo formando uma ligação simples, enquanto que as ligações pi (π ) localizam-se em eixos paralelos e ocorrem em ligações duplas e triplas (Figura 2.6). Ligações fracas que as ligações são π. σ. π só podem ser formadas por orbitais Nas ligações duplas e triplas do carbono, uma ligação é σ p e são mais e as restantes 8 NANOTUBOS Figura 2.6: Representação das ligações sp2 híbrido formam a ligação 2.2 σ e π numa ligação dupla carbono-carbono. Um orbital em cada carbono contribui na ligação σ. Os dois orbitais 2p restantes em cada átomo π. Nitreto de Boro O boro e o nitrogênio são os vizinhos mais próximos do carbono na tabela periódica. O número de elétrons de dois carbonos é igual à soma do número de elétrons do boro e do nitrogênio. Em 1957, Wentorf [37] supôs teoricamente a possibilidade da existência da estrutura cúbica do nitreto de boro semelhante à estrutura do diamante. Os compostos de BN apresentam quatro fases cristalinas diferentes: a hexagonal (h-BN) e a romboédrica (r-BN), compostas de ligações através de orbitais hibridizados sp2 ; e as cúbico (c-BN) 3 e wurtzítico (w-BN), que apresentam ligações através de orbitais sp [38, 39] As propriedades físico-químicas de cada fase são semelhantes às do composto correspondente formado por carbonos. O h-BN possui estrutura em camadas, semelhante à do grate. A diferença é que os anéis hexagonais em um plano basal do h-BN se localizam diretamente uns sobre os outros rodados de 180o , o que leva a uma alternância do tipo ABAB com átomos de boro e nitrogênio se alternando nos vértices dos anéis. Estes planos são ligados através de forças de van der Waals [3840]. A analogia entre os compostos de BN e os de carbono não é verdadeira quando se trata de propriedades elétricas. O h-BN por exemplo, é isolante enquanto que o composto correspondente de carbono, o grate, é um bom condutor. As pesquisas com o grafeno (uma folha de grate) estimularam a investigação de outras folhas em escalas atômicas proveniente de materiais em camadas, como o BN [39, 4143]. 2.3 2.3.1 Nanotubos A estrutura dos Nanotubos Os nanotubos de carbono de parede simples são estruturas em forma de uma folha de grate enrolada. Estas estruturas podem ser simétricas (ou nanotubos aquirais) ou assimétricos (nanotubos quirais 1 ). Entre os nanotubos aquirais temos os nanotubos zigzag e armchair. Os nanotubos quirais exibem uma simetria espiral ao longo do eixo de simetria (Figura 2.8) [44]. 1 Uma molécula quiral é uma molécula que não se superpõe à sua imagem especular. 9 NANOTUBOS Ch O vetor quiral (Figura 2.7) é denido como o vetor que determina a circunferência na superfície do tubo e conecta dois átomos equivalentes, determinando a direção do enrolamento [45, 46]. ~a1 e ~a2 C~h , o qual indica como o nanotubo Figura 2.7: Na gura tem-se o plano do grafeno. Neste plano indicam-se os vetores de base do grafeno. A partir desses dois vetores, pode-se denir um vetor é enrolado. Sendo a~1 0 ≤ m ≤ n, e a~2 vetores unitários da rede hexagonal do grafeno e o vetor Ch n e m números inteiros com é denido como C~h = na~1 + ma~2 . (2.2) Qualquer conguração do nanotubo pode ser obtida pela superposição do hexágono do ponto original armchair A para o hexágono indicado por (n, m) são caracterizado pelo vetor quiral na forma Nanotubos quirais, são aqueles onde Os parâmetros de rede a~1 e a~2 n 6= m 6= 0 A0 (n, n) (Figura 2.7). Nanotubos do tipo e nanotubos do tipo zigzag por (Figura 2.8) [45, 46]. - dados em termos das coordenadas x e y - são escritos como √ 3 1 a~1 = ( , )a 2 2 e (n, 0). (2.3) √ a~2 = ( Fazendo o produto interno dos vetores a~1 e 3 1 , − )a. 2 2 a~2 , (2.4) temos √ √ 3 1 3 1 3 1 1 a~1 • a~2 = [( , )a] • [( , − )a] = ( − )a2 = a2 2 2 2 2 4 4 2 Usando (2.5) podemos calcular o módulo do vetor quiral, q p p ~ Ch = C~h • C~h = (na~1 + ma~2 ) • (na~1 + ma~2 ) = n2 + m2 + 2mn(a~1 • a~2 ) (2.5) 10 NANOTUBOS Figura 2.8: Nanotubos zigzag (13,0); quirais (13,1),(10,4),(8,6); e armchair (8,8) . r p 1 ~ Ch = n2 + m2 + 2mn( a2 ) = a n2 + m2 + mn. 2 (2.6) A partir de (2.6), podemos determinar o diâmetro do tubo: √ |Ch | a n2 + m2 + mn dt = = , π π onde a (2.7) é o parâmetro de rede. O ângulo quiral θ é o ângulo entre os vetores Ch e a~1 e varia de 0 ≤ θ ≤ 30◦ devido à simetria hexagonal da folha de grate. O ângulo quiral é denido como C~h • a~1 = C~1 |a~1 | cosθ. Usando (2.6) e sabendo que |a~1 | = a, (2.8) temos (na~1 + ma~2 ) • a~1 n |~a|2 + m(a~2 • a~1 ) C~1 • a~1 √ = cosθ = = √ 2 n2 + m2 + mn ~ a a2 n2 + m2 + mn | a ~ | C h 1 (2.9) e, usando (2.5), 2 cosθ = na2 + m a2 2n + m √ = √ . 2 2 2 2 a n + m + mn 2 n + m2 + mn (2.10) Um outro vetor importante é o que dene a direção paralela ao eixo do tubo. Este vetor, chamado de vetor de translação T~ , é denido em termos dos vetores unitários do plano do grate como T~ = t1 a~1 + t2 a~2 . Como os vetores os valores de t1 e t2 C~h e T~ (2.11) são perpendiculares, através de operações vetoriais podemos determinar em termos dos índices m e n: 11 NANOTUBOS t1 = 2m + n dR e t2 = − onde dR (2.12) 2n + m , dR é o máximo divisor comum (MDC) entre 2m + n (2.13) e 2n + m. A célula unitária do nanotubo no espaço real pode ser denida através dos vetores Dividindo o valor da área da célula unitária denida por (|a~1 × a~2 |) ~ Ch × T~ C~h e T~ . pela área de um hexágono podemos determinar o número de hexágonos por célula unitária para cada nanotubo. C~h × T~ 2 2 = (n + n.m + m2 ) = N. a~1 × a~2 dR (2.14) As expressões para os vetores da rede recíproca ao longo do eixo do tubo direção circunferencial (k~1 ) (k~2 ) e ao longo da são obtidos da relação Ri .kj = 2πδij . (2.15) Usando as expressões 2.12 e 2.13 e as relações C~h .k~1 = 2π, (2.16) C~h .k~2 = 0, (2.17) T~ .k~1 = 0 (2.18) T~ .k~2 = 2π. (2.19) e chegamos às expressões para os vetores da rede recíproca dos nanotubos: e Os vetores C~h e T~ 1 k~1 = (t1 b~2 − t2 b~1 ) N (2.20) 1 k~2 = (mb~1 − nb~2 ). N (2.21) serão úteis no desenvolvimento do método Zone Folding que será visto mais adiante. 2.3.2 Nanotubos de Carbono Estudos baseados na teoria Tight-binding mostraram que nanotubos de carbono podem ser metálicos ou semicondutores, dependendo de seu raio e quiralidade [47, 48]. A estrutura eletrônica de nanotubos de parede simples pode ser determinada em termos da quiralidade (n, m). Para 2n+m 3 = inteiro, o nanotubo é metálico. Para outros casos é semicondu- tor [49]. Para diâmetros grandes, nanotubos de carbono do tipo armchair são sempre metálicos. Nanotubos de carbono zig zag, são semicondutores quando n 3 6= inteiro [50]. 12 NANOTUBOS Os nanotubos de carbono têm recebido considerável interesse das pesquisas devido às suas notáveis propriedades eletrônicas, mecânicas e térmicas. No entanto a síntese controlada dos nanotubos de carbono, com helicidade especíca, ainda apresenta diculdades, o que impede a produção controlada de dispositivos [51]. Descrição Tight-binding para o Grafeno 2.4 Para entender as propriedades eletrônicas dos nanotubos de carbono de parede simples o modelo Zone-folding é frequentemente usado. Este modelo descreve as propriedades eletrônicas dos nanotubos de carbono de acordo com sua quiralidade. Para aplicar este modelo é necessário antes conhecer a estrutura eletrônica do grafeno. Uma das abordagens em relação a estrutura eletrônica do grafeno é a aproximação Tight-binding. Este modelo produz bons resultados para a banda de valência e para a banda de condução do grafeno. Cada carbono possui quatro elétrons de valência: um elétron 2s e três elétrons 2p. Quando os átomos de C estão arranjados na forma de uma folha de grafeno, as funções de onda destes elétrons se sobrepõem. No entanto, a sobreposição entre a função de onda ou px e py é nula. Então podemos tratar os elétrons valência. Estes elétrons formam as ligações π pz pz com as funções de onda s independentemente dos outros elétrons de do grafeno. Para encontrar as estruturas de banda dos orbitais π do grafeno, vamos resolver a equação de Schrödinger HΨ(k) = E(k)Ψ(k), onde H é a Hamiltoniana, E (2.22) são os autovalores no vetor de onda k e Ψ(k) são as autofunções. As autofunções podem ser escritas como uma combinação linear de funções de Bloch Ψ(k) = X Cl Φl (k). 2 Φl (k): (2.23) l Na aproximação Tight-bindng as funções de Bloch Φl são escritas como combinações lineares de funções de ondas atômicas. A célula unitária do grafeno contém dois átomos de carbono (átomo A e átomo B). Com o orbital 2pz normalizado de um dos átomos de carbono ϕ(r) podemos construir a função de Bloch para o átomo A: 1 X ik.RA ΦA = √ e ϕ(r − RA ). N R (2.24) A Uma função equivalente pode ser escrita para sólido e RA ΦB . Aqui N é o número de células unitárias no é um vetor da rede. A soma é feita sobre todas as células unitárias. Resolvendo a equação de Schrödinger 2.22, substituindo e multiplicando ambos os lados por ΦA e ΦB , Ψ pela combinação linear dada em 2.23 encontramos CA [HAA (k) − E(k)SAA (k)] + CB [HAB (k) − E(k)SAB (k)] = 0 CA [HBA (k) − E(k)SBA (k)] + CB [HBB (k) − E(k)SBB (k)] = 0 2 Quando a energia potencial V (r) k (2.25) for uma função periódica com a periodicidade da rede cristalina, as soluções Ψk (r) = eik.r uk (r) onde uk (r) é uma função periódica chamada função de da equação de Schrodinger tem a forma Bloch que depende de . e tem a mesma periodicidade da rede. 13 DESCRIÇÃO TIGHT-BINDING PARA O GRAFENO CA e SIJ e CB são denidos através da equação 2.23. HIJ são os elementos de matriz da Hamiltoniana é a matriz de sobreposição entre as funções de Bloch HIJ = hΦI | H |ΦJ i , SIJ = hΦI | ΦJ i . (2.26) O sistema da equação 2.25 tem uma solução não trivial se o determinante det|H − ES| é nulo. Como para o grafeno os átomos A e B são os mesmos (ambos são carbono), os elementos de matriz HAA e HBB são os mesmos e o elemento secular para os orbitais π HBA é o complexo conjugado de HAB . Portanto, a equação do grafeno é H (k) − E(k)S (k) − H (k) − E(k)S (k) AA AA AB AB ∗ ∗ (k) − H HAB (k) − E(k)SAB (k) − E(k)S AA AA (k) = 0. (2.27) Resolvendo este determinante temos ± E(k) = −(−2E0 + E1 ) ∓ p (−2E0 + E1 )2 − 4E2 E3 , 2E3 (2.28) com E0 = HAA (k)SAA (k) ∗ ∗ (k) + H E1 = SAB (k)HAB AB (k)SAB (k) 2 (k) − H ∗ E2 = HAA AB (k)HAB (k) 2 (k) − S ∗ E3 = SAA AB (k)SAB (k) E(k)+ . (2.29) são os autovalores para a combinação simétrica de funções de ondas atômicas e cor- responde a energia da banda de valência. E(k)− é o autovalor da combinação antissimétrica e corresponde a banda de condução. Algumas aproximações podem ser feitas nas equações 2.29. Desconsiderando a sobreposição entre as funções de onda centradas em átomos diferentes (SAA SAB = 0) E1 se anula e E3 =1 e é igual 1. Então a equação 2.28 se torna ES=0 (k)± = HAA (k) ∓ |HAB (k)| (2.30) A equação 2.28 pode ser simplicada ainda mais, assumindo que somente átomos próximos interagem entre si. Mais precisamente, cada átomo de carbono interage somente com seus mais próximos. Assim HAA Sabendo que as bandas 3 vizinhos se torna constante e reete somente a propriedade do átomo A. π e π∗ se cruzam no ponto K no nível de Fermi HAA − |HAB (K)| = HAA + |HAB (K)| = EF = 0 (2.31) ou para a energia da aproximação dos vizinhos mais próximos nn ES=0 (k)± = ± |HAB (k)| (2.32) Nesta aproximação as bandas de valência e de condução do grafeno são simétricas em relação ao nível de Fermi. Os elementos de matriz HIJ e as integrais de sobreposição SIJ das funções de Bloch 2.24. Para o átomo A o elemento de matriz são calculadas explicitamente HAA é 14 NANOTUBOS E 1 X X D ik.RA HAA = ΦA H Φ0A = e ϕ(r − RA ) H eik.RA0 ϕ(r − RA0 ) N (2.33) RA RA0 A primeira soma é sobre todos os N átomos do tipo A no grafeno. Queremos que seja incluída somente a interação com os vizinhos mais próximos de cada átomo, então a segunda soma tem somente um termo, HAA = RA0 − RA . 1 1 X ik.(RA −RA0 ) e hϕ(r − RA )| H |ϕ(r − RA )i = N hϕ(r − RA )| H |ϕ(r − RA )i = 2p N N RA (2.34) Como mencionado, o elemento de matriz O termo 2p HAA não é a energia exata para o estado é constante para interações de vizinhos próximos. 2pz de cada átomo de carbono isolado por causa do potencial periódico do cristal. Conhecendo a Hamiltoniana e os orbitais atômicos calcular 2p . ϕA nós podemos Frequentemente, constantes como esta são ajustada empiricamente através dos resul- tados experimentais ou resultados de cálculos mesma forma que ab-initio. O elemento de matriz SAA é encontrado da HAA . Os elementos de matriz entre os átomos A e B são dados pela expressão HAB (k) = hΦA | H |ΦB i = 1 X X ik(RB −RA ) e hϕA (r − RA )| H |ϕB (r − RB )i N (2.35) RA RB A segunda soma é feita sobre todos os três vizinhos mais próximos do átomo A. Os vetores R1i = RB1i RA com (i = 1, 2, 3) apontam na direção dos vizinhos B1i e podem ser encontrados através das expressões 1 1 1 R11 = (2a1 − a2 ), R12 = (−a1 − 2a2 ), R13 = (−a1 − a2 ) 3 3 3 (2.36) Inserindo as equações 2.36 em 2.35 e fazendo o somatório, temos três integrais do tipo na equação 2.35. Como os hϕA | H |ϕB1i i ϕ são radialmente simétricos no plano do grafeno e as integrais só depen- dem da distância entre os átomos A e B que são as mesmas para os três átomos vizinhos, pode-se denir um parâmetro ajustável γ0 HAB = hϕA (r − RA )| H |ϕB (r − RA − R11 )i (eik.R11 + eik.R12 + eik.R13 ) = (2.37) 1 γ0 (e− 3 ik(a1 +a2 ) )(eik.a1 + eik.a2 + 1) γ0 é chamado de energia de interação carbono-carbono. O mesmo tratamento feito para é aplicado para obter os elementos de matriz invés de γ0 a integral s0 = hϕA | ϕB1i i SAB que possui a mesma dependência em 1 HAB e SAB mas ao aparece como SAB (k) = s0 (e− 3 ik(a1 +a2 ) )(eik.a1 + eik.a2 + 1). Os termos k, HAB são funções complexas de k. No entanto, as energias (2.38) Ei na equação 2.29 dependem somente dos produtos dos elementos de matriz com seu complexo conjugado. Por 15 DESCRIÇÃO TIGHT-BINDING PARA O GRAFENO exemplo, da equação 2.29 podemos obter para E2 E2 = 2p − γ02 [3 + 2cosk.a1 + 2cosk.a2 + 2cosk.(a1 − a2 )] de maneira semelhante, termos com cosseno aparecem nos outros (2.39) Ei . Para simplicar a notação, introduziremos as funções u(k) = 2cosk.a1 + 2cosk.a2 + 2cosk.(a1 − a2 ) (2.40) f (k) = 3 + u(k). (2.41) e Os vetores de onda k do grafeno são dados em unidades de vetores da rede recíproca k1 e k2 ou coordenadas cartesianas da rede recíproca. Para este dois sistemas de coordenadas podemos calcular os produtos escalares em 2.40 e 2.41 u12 (v, w) = 2cos(2πv) + 2cos(2πw) + 2cos(2π(v − w)) (2.42) f12 (v, w) = 3 + u(v, w) (2.43) e √ uxy (x, y) = 2cos(a0 y) + 4cos( 3a0 a0 x)cos( y) 2 2 (2.44) fxy (x, y) = 3 + uxy (x, y). (2.45) A forma geral das equações 2.40 e 2.41 é válida independente do sistema de coordenadas para k. Inserindo os elementos de matriz nas equações 2.28 e 2.29 temos os autovalores p 2p ± γ0 f12 (k1 , k2 ) p E (k1 , k2 ) = . 1 ± s0 f12 (k1 , k2 ) ± (2.46) A equação 2.46 fornece uma forma geral da estrutura de bandas e é amplamente utilizada como a aproximação Tight-binding para o grafeno. Esta equação no ponto K (k1 = 1 3 ,k2 = − 13 ), f12 se anula. A diferença de energia entre as bandas de condução e de valência é zero em relação ao nível de Fermi neste ponto, portanto 2p = 0. O valor de soluções simétricas da equação secular são o estado π s0 é zero ou um, e γ0 é negativo porque as (ligante). Utilizando as equações 2.44, 2.45 e a relação trigonométrica cos(2x) = 2cos2 x − 1, podemos escrever a equação 2.46 como √ s E = 0 ± 1+ a0 y 4cos2 ( ) 2 + 4cos( 3a0 x a0 y )cos( ) 2 2 (2.47) A relação de dispersão 2.46 é calculada ao longo do perímetro do triângulo formado pelos pontos de alta simetria Γ, K e M da primeira Zona de Brillouin para o grafeno (Figura 2.9). 16 NANOTUBOS Figura 2.9: Zona de Brillouin para o grafeno com os pontos de alta simetria da rede recíproca k1 e k2 em coordenadas cartesianas são k1 = Γ, K e M√. Os vetores k2 = ( 1 2 3 , − 12 ) √4π 3a e (0, 1) √4π 3a0 0 [52]. A Figura 2.10 mostra a comparação do resultado obtido para a estrutura de bandas do grafeno pelo método Tight-binding comparado aos resultados obtidos por cálculos ab-initio. Tight-binding. (a) Linhas (γ0 = −2, 84eV , s0 = 0, 07). Figura 2.10: Estruturas de bandas para o grafeno através da aproximação π com sobreposição nita γ0 = 2, 7eV . Os parâmetros foram obtidos por ajustes de mínimos quadrados com resultados de métodos ab-initio próximos ao ponto K. A estrutura de bandas obtida pelo método ab-initio é mostrada nas linhas pontilhadas [52]. cheias mostram o melhor ajuste das bandas (b) Sobreposição 2.5 s0 zero e Aproximação Zone-folding para Nanotubos de Carbono Nesta seção, será feita uma breve explicação do modelo Tight-binding Zone-folding com base no método visto na seção anterior. Este método explica razoavelmente bem as características eletrônicas dos nanotubos de carbono de acordo com sua quiralidade. Ao longo do eixo do tubo, que denimos como o eixo z, o vetor da rede recíproca kz tem comprimento kz = 2π . a (2.48) kz é contínuo. A primeira zona de Brillouin na direção π π (− a , a ]. Ao longo da circunferência C do tubo, qualquer vetor k⊥ é quantizado de como o tubo é innitamente longo, o vetor z 3 é o intervalo 3 Na representação do intervalo, os parênteses () representam um intervalo aberto e o colchetes [] representam um intervalo fechado. 17 APROXIMAÇÃO ZONE-FOLDING PARA NANOTUBOS DE CARBONO acordo com a condição de contorno m.λ = |C| = π.d ⇐⇒ k⊥,m = onde m é inteiro é pode ter os valores 2π 2π 2 = .m = .m, λ |C| d − 2q + 1, , 0, 1, ..., 2q , célula unitária do nanotubo. Uma função de onda com vetor |k⊥,m | circunferência. O máximo (2.49) onde q é o número de hexágonos na k⊥,m = d2 .m tem 2m nós em volta da (comprimento de onda mínimo) segue o número de átomos (2q) da célula unitária (uma projeção dos átomos de carbono na circunferência do tubo leva à pares equidistantes de átomos de carbono). Então, pelo menos 4 átomos são necessários para denir um comprimento de onda (|m| ao eixo z separadas por ≤ k⊥ = q 2 ). A primeira zona de Brillouin então, consiste em 2 π π d e k ∈ (− a , a ]. q linha paralelas Projetando os vetores de onda permitidos de um nanotubo na Zona de Brillouin do grafeno, encontramos uma série de linhas paralelas. O comprimento, o número e a orientação dessas linhas dependem da quiralidade do tubo. A ideia por trás do modelo Zone-folding é que a estrutura de bandas eletrônica de um nanotubo é dada pela energia eletrônica do grafeno ao longo das linhas permitidas. Vimos na seção anterior que a banda de valência e de condução do grafeno se cruzam no ponto K da zona de Brillouin. Se o ponto K do grafeno pertence aos estados permitidos do nanotubo, ele é metálico. Se não pertence, o nanotubo é um semicondutor de gap moderado. Para quanticar este argumento, consideramos um nanotubo de quiralidade (n, m). A gura 2.11 mostra os estados quantizados de um nanotubo. Os estados eletrônicos são restritos aos vetores que k.Ch = 2πq , onde Ch é o vetor quiral do nanotubo e q k é inteiro. Para o nanotubo representado na Figura 2.11, o ponto K não é um estado permitido e o nanotubo é um semicondutor. O ponto K do grafeno está localizado em 1 3 (k1 − k2 ), então um nanotubo é um metal se 1 2π K.Ch = 2πq = (k1 − k2 )(na1 + ma2 ) = (n − m) 3 3 (2.50) 3q = n − m. (2.51) ou se Figura 2.11: (a)Estados permitidos k de um nanotubo na zona de Brillouin do grafeno. (b)Vista expandida do vetores de onda k permitido no ponto K do grafeno. k⊥ é um vetor de onda permitido kz é contínuo. Os pontos abertos são os pontos que correspondem em volta da circunferência do tubo; ao ponto Γ do tubo [52]. 18 NANOTUBOS 2.5.1 Nanotubos de Nitreto de Boro Pesquisadores têm se dedicado ao estudo de outros tipos de materiais na forma de nanotubos, como é o caso do nanotubo de nitreto de boro (BN), o qual possui um gap característico de semicondutores [51]. Segundo Machado [53] compostos III-V 4 encontrados, formando uma estrutura hexagonal se- melhante à do grate, podem resultar em estruturas tubulares microscópicas. O material III-V com maior similaridade ao carbono é o nitreto de boro (BN). O nitreto de boro, similarmente ao carbono, é encontrado em estruturas sp2 e sp3 . Sendo assim, combinações estequiométricas de C, B, e N também podem ser usadas para criar híbridos grate e BN. Devido à ionicidade do BN e ao seu gap (cerca de 5, 8 eV na fase hexagonal), os nanotubos constituídos desse material apresentam maior uniformidade nas propriedades eletrônicas do que os nanotubos de carbono. Tecnologicamente isso pode ser vantajoso pois amostras contendo nanotubos de muitos tamanhos, quiralidades e diâmetros diferentes, podem ser crescidos com propriedades determinadas. Devido à ionicidade do BN levar a abertura de um gap de energia na banda da estrutura hexagonal - quando comparada ao grate semimetálico - os tubos de BN serão sempre semicondutores quasi-unidimensionais. As características semicondutoras dos nanotubos de BN também são ressaltadas por Ishigami e colaboradores [51]. Diferente dos nanotubos de carbono, para os quais as propriedades eletrônicas podem ser metálicas ou semicondutoras, dependendo de sua quiralidade, os autores apontam que os nanotubos de BN apresentam características semicondutoras para diâmetros acima de gap acima de 4 1 nm, com eV. O cálculo da estrutura eletrônica de nanotubos de BN foi realizado pela primeira vez por Rubio e colaboradores [9]. Através da aproximação Tight-binding mostrou-se que os nanotubos de BN são provavelmente mais estáveis do que os nanotubos de carbono e que suas propriedades eletrônicas independem da conguração geométrica do tubo. No entanto, por causa da limitação no cálculo da energia total com a TB, nenhuma evidência para a estabilidade do nanotubo de BN foi encontrada, pois efeitos de hibridização podem causar uma forte inuência na estrutura eletrônica de nanotubos de diâmetro reduzido. Em seguida a este trabalho inicial, Blase e colaboradores [54] mostraram através de cálculos ab initio, com uso de aproximações do tipo Local Density Approximation (LDA), que os nanotubos de BN realmente possuem caráter estável e um comportamento semelhante ao de um material semicondutor com gap de aproximadamente 5, 5 eV. Segundo Coutinho [55] as propriedades físicas, em especial as eletrônicas, dos nanotubos BN podem ser alteradas com a inuência de agentes externos, tais como: processo de dopagem, aplicação de campos elétricos e deformações estruturais. As propriedades físicas apresentadas pelos nanotubos BN, como alta estabilidade química, resistência à oxidação, maior exibilidade e características semicondutoras, fazem dos nanotubos BN, um material com propriedades únicas, podendo ser utilizados em revestimentos de cabos coaxiais, desenvolvimento de dispositivos ópticos-eletrônicos, equipamentos de armazenamento de dados, sensores de pressão e temperatura e fabricação de nano-osciladores que operam numa freqüência de GHz [55]. 4 Compostos III-V são aqueles formados por elementos das colunas III-A e V-A da Tabela Periódica 19 DESCRIÇÃO TIGHT-BINDING DO NITRETO DE BORO Descrição Tight-binding do Nitreto de Boro 2.6 A diferença mais importante entre o h-BN e o grate é o forte caráter iônico das ligações B-N resultante da grande anidade eletrônica do nitrogênio quando comparada com a do boro. Apesar da folha de grafeno ser semimetálica, o caráter iônico do nitreto de boro resulta numa grande abertura do gap para o h-BN. Esta abertura do gap pode ser compreendida através do modelo Tight-binding. A relação de dispersão obtida na seção anterior pode ser escrita como s E(k) = ±γ onde ∆ = EA − EB ( ∆ 2 ) + α(k)2 , 4γ (2.52) e √ ky a ky a kx a 3 1 + 4cos( )cos( ) + 4cos2 2 2 2 s α(k) = γ Pode ser mostrado que são carbono e por isso α(k) anula-se em EA = EB e ∆ = 0. k=K= (2.53) 2a1 +a2 . No caso do grafeno os átomos A e B 3 Isto explica o comportamento semimetálico do grafeno. No entanto, no caso do h-BN, como os átomos A e B são átomos diferentes, k = K e toma o valor de EBN (k = K) = 2∆. da estrutura cristalina e do fator γ. Portanto o Este gap gap ∆ independe do fator não zera no ponto α(k), que depende de compostos BN não depende da estrutura atômica. 2.6.1 Nanotubos de Bx Cy Nz Outros materiais na forma de tubos e compostos por elementos além do carbono foram propostos teoricamente e sintetizados experimentalmente [2]. Entre esses materiais encontram-se os nanotubos compostos por átomos de C, B e N, que podem ser obtidos devido à similaridade estrutural entre o grate e a rede hexagonal de nitreto de boro (BN) e o fato de ambos os materiais poderem formar estruturas tubulares. Estes compostos são conhecidos por nanotubos do tipo B x Cy N z . A estabilidade e as propriedades eletrônicas podem variar entre a homogeneidade dos nanotubos de nitreto de boro e a heterogeneidade dos nanotubos de carbono. Segundo Liao e colaboradores [56], o interesse pelos nanotubos Bx Cy Nz vem crescendo devido às suas propriedades únicas e suas potenciais aplicações tecnológicas. Uma das principais vantagens dos nanotubos Bx Cy Nz em relação aos nanotubos de carbono é a sua relativa simplicidade na manipulação de suas propriedades eletrônicas. Estudos teóricos mostraram que a largura do para nanotubos Bx Cy Nz gap pode variar através de uma ampla faixa, de acordo com a sua composição química. Enquanto os nanotubos de carbono podem apresentar caráter metálico ou semicondutor dependendo de seu diâmetro e quiralidade e os nanotubos de com uma gap de energia da ordem de lidade os compostos envolvendo C BN são praticamente semicondutores 5, 5 eV praticamente independente do diâmetro e da quirae BN foram postulados para terem uma estrutura de bandas intermediárias a esses dois extremos. A vantagem prática de utilizar tubos do tipo B x Cy N z se deve à facilidade em controlar suas propriedades eletrônicas, dependentes apenas da sua composição, ao contrário do tubo de grate que possui um gap pequeno e do tubo de BN que possui um gap grande, restringindo a sua aplicação na área tecnológica. A partir disto, vários compostos semelhantes foram 20 NANOTUBOS sintetizados e vêm sendo estudados [2]. Dentre as estruturas Bx Cy Nz , tudo indica que a mais estável seja a moto e colaboradores [11]. Segundo Rossato e colaboradores [2] o ao do grate e do BC2 N BC2 N , proposta por Miya- apresenta gap intermediário BN , em torno de 1, 6 eV, o que o caracteriza como semicondutor. Outra vantagem é apresentar geometria anisotrópica, ou seja, por ser um composto ternário, o plano hexagonal do BC2 N apresenta diferentes possibilidades para formar um tubo quando comparado com os planos de grate e BN . Figura 2.12: Três modelos estruturais para a camada BC2 N . Em cada caso a célula unitária mos- trada contém 8 átomos. Também é mostrada a zona de Brillouin correspodente a camada BC2 N [57]. Três tipos de estruturas diferentes para a camada de BC2 N foram propostas por Liu e colabo- radores [57]. Estas estruturas são chamadas de estruturas do tipo I, II e III. No tipo I, cada átomo de C está ligado a outro átomo de está ligado a dois átomos de C e um de de B B. B. C e um átomo de N; cada átomo de B N; cada B C N; B e a um átomo de e cada átomo de C C cada átomo de B está ligado a dois átomos de N; liga a um outro átomo de C e a um átomo de C e a um átomo e cada átomo de N e a dois átomos de N; e cada N a dois B ou a se liga a dois (Figura 2.12). Miyamoto e colaboradores [11] mostraram que os nanotubos de enquando os nanotubos N N; está ligado a outros dois átomos de se liga a dois átomos de e um átomo de B está ligado a dois átomos de No tipo III cada átomo de dois átomos de átomos de a um átomo de No tipo II cada átomo de ou a um de átomos de C C, BC2 N (4, 4) BC2 N (4,4) tipo I são metálicos tipo II são semicondutores. Assim como nos nanotubos de SÍNTESE DE NANOTUBOS carbono, é esperado que os nanotubos de BC2 N 21 BX CY NZ do tipo I possam ser metálicos ou semicondutores, dependendo do diâmetro e da quiralidade. Já para os nanotubos de BC2 N do tipo II, espera-se que sejam semicondutores similares aos BN. Lee [58] aponta aplicações dos nanotubos Bx Cy Nz como dispositivos nanoeletrônicos e sensores em fotoluminescência e fotônica. 2.7 Síntese de Nanotubos Bx Cy Nz Redlich e colaboradores [59] sintetizaram nanotubos do tipo dopados por B (1 a 5 % de B) B x Cy N z e nanotubos de carbono por descarga em arco elétrico entre um ânodo feito de homogêneo e um catodo feito de grate. O ânodo de BC4 N BC4 N foi preparado por pirólise usando um polímero precursor. O efeito da dopagem por boro aumenta o comprimento dos tubos para 100 micrômetros e melhora a gratização. A estrutura observada de concêntricos de BC2 N Bx Cy Nz consiste em cilindros e de carbono puro. O mecanismo de crescimento de nanotubos heterogêneos é discutido por Zhang e colaboradores [60]. Os autores sintetizaram nanotubos de paredes múltiplas por ablação a laser de um compósito de BN e C , em um forno aquecido de 1000◦ C a 1200◦ C e com uxo constante de gás de nitrogênio. O produto foi caracterizado através de técnicas de microscopia eletrônica de varredura e energy loss spectroscopy electron (EELS). Nenhum nanotubo de parede simples foi encontrado. A amostra apresentou nanotubos mais nos com algumas camadas frequentemente compostas de carbono puro. Na mesma amostra encontraram-se camadas de BCN externas em nanotubos de maior diâmetro. O número de camadas e a composição química variam ao longo do eixo do tubo. Bx Cy Nz , ◦ Cy Nz e Bx Nz preparados por pirólise, por volta de 1000 C em atmosfera de argônio. A composição Sen e colaboradores [16] examinaram, através de microscopia eletrônica, nanotubos dos nanotubos foi analisada através de EELS e espectroscopia fotoeletrônica de raio-X. Existe uma variação signicativa na composição dos nanotubos Bx Nz Bx Cy Nz e Cy Nz . A ausência de nanotubos durante a pirólise indicou o papel desempenhado pelo carbono nas nucleações iniciais e no crescimento dos nanotubos. Através de tratamento químico de uma mistura de trióxido de boro e nanotubos de carbono, Golberg e colaboradores [61] prepararam nanotubos de carbono de parede simples dopados por boro (Bx C1−x ), taxa (Bx C1−x + Bx C1−x−y Ny )/BN por boro e nitrogênio (Bx C1−x−y Ny ) e nanotubos de nitreto de boro (BN ). A aumentou com a diminuição da temperatura de reação. Os nanotubos foram caracterizados usando microscopia eletrônica de transmissão de alta resolução (HRTM) e EELS. O diâmetro dos nanotubos resultantes foram de diâmetros dos nanotubos de carbono iniciais. A taxa onde os nanotubos BN apresentaram a razão B/N B/C de 1.2 − 1.4 nm, que é similar aos de nanotubos dopados por 1.0 (Figura 2.13). B foi de ≤ 0.1 22 NANOTUBOS Figura 2.13: Imagens HRTEM dos nanotubos NTPS iniciais e dos nanotubos (a) (c) e BN (e) preparados através de substituição parcial (a 1523 K (c)) ou completa (a 1623 K(e)). Bx C1−x (d) e dos nanotubos ∗ 2 também são mostrados. Os picos característicos π indicando a hibridização sp nas Os espectros correspondentes dos nanotubos iniciais de de Bx C1−x resultantes BN (f ) nanoestruturas e a taxa B/C e B/N C (b), dos estão indicadas [61]. Yu e colaboradores [18] preparam nanotubos Bx Cy Nz através de deposição química a vapor ativada através de lamento quente e examinaram o material resultante através de microscopia ótica de varredura eletrônica, de microscopia de transmissão eletrônica e espectroscopia Raman. A composição dos nanotubos foi analisada por espectroscopia eletrônica Auger e EELS. O resultado mostrou que a composição pode ser controlada mudando a concentração de B2 H6 na mistura do gás reativo. Terrones e colaboradores [23] revisaram os métodos de produção, a estrutura e propriedades eletrônicas de nanotubos Bx Cy Nz , em particular os BC2 N , BN , BC , e CNx e citam suas apli- SÍNTESE DE NANOTUBOS 23 BX CY NZ cações na fabricação de nanotransistores, nanocompósitos, polímeros condutores, dispositivos de armazenamento e fontes emissoras de campo. Guo e colaboradores [20] fabricaram através da técnica HFCVD heterojunções nanométricas de maneira controlada, simplesmente variando a concentração do gás precursor entre dois estágios do processo de crescimento dos tubos (Figura 2.14). Este processo é chamado de two-stage (PRTS). Uma mistura de N2 puro, H2 , CH4 e B2 H6 (diluído em N2 pause-reactivation a uma concentração de 10 vol %) é adotada como precursor com taxa de uxo a 50 sccm, 5 sccm, 35 sccm e 0-3 sccm, respectivamente. A composição do nanotubo é controlada simplesmente variando o uxo de B2 H6 . Para obter as nanojunções, inicialmente o nanotubo é preparado a uma certa concentração B2 H6 . Então, o crescimento é pausado e o segundo estágio é iniciado com uma concentração diferente de B2 H6 . Figura 2.14: Imagens da TEM de nanotubos BCN com diferentes composições: um nanotubo de carbono puro (a), B0,08 C0,76 N0,16 (b) e B0,45 C0,29 N0,26 (c) [20]. Terrones e colaboradores [22] descreveram a produção de nanotubos da forma através da reação de nanotubos CNx com ◦ 1800 C . Analisando o material através de Microscopia com distribuição uniforme da concentração de B2 O3 e CuO em uma atmosfera de N2 a BCx N (1 ≤ x ≤ 5) B, C , e N Eletrônica de Transmissão de Alta Resolução (HRTEM), difração eletrônica (DE), espectroscopia de perda de energia de elétrons de alta resolução (HREELS) e autores mostraram que nanotubos BCx N energy ltered elemental mappings se comportam como semicondutores. Segundo os autores, essa é a primeira vez que nanotubos com concentração homogênea de B, C e N foram produzidos, enquanto que no passado somente nanotubos que apresentam uma segregação de camadas de BCN , ou C os BN , foram observados. Piazza e colaboradores [62] zeram o crescimento de nanotubos Bx Cy Nz através de descarga em arco DC, sem partículas catalíticas ou nanoestruturas pré-crescidas como modelo. Foram formados dois tipos de nanotubos, uns mais nos com diâmetros de 10 − 15 nm e outros mais grossos com 24 NANOTUBOS diâmetro de 25 − 50 nm. Através de TEM, EELS, e espectroscopia Raman, os resultados indicaram que os nanotubos mais nos são nanotubos de carbono, enquanto que os mais grossos são nanotubos de Bx Cy Nz enrolados por nanotubos de carbono. A cinética do crescimento aparentemente é mais rápida para nanotubos de carbono do que para os substituição de átomos de C por átomos de B N e Bx Cy Nz . Segundos esses autores, através da Bx Cy Nz em nanotubos de carbono, os nanotubos seguem o crescimento de nanotubos de carbono sem causar mudanças topológicas. Yin e colaboradores [21] sintetizaram um novo tipo de bra tubular porosa com distribuição homogênea de B, C e N e estudaram as propriedades ópticas e o spatially resolved cathodoliminescence (CL). Bx Cy Nz usando HRTEM, EELS, difração de gap de energia através da técnica Em paralelo, os autores examinaram os nanotubos elétron e espectroscopia de energia dispersiva (EDS). band gap de 3.89 eV. BCN/C através de método As medidas através de CL revelaram características semicondutoras, com Liao e colaboradores [56] fabricaram junções de nanotubos do tipo deposição química a vapor (CVD). As medidas de transporte elétrico feitas através de microscópio de força atômica (AFM) mostraram um comportamento semelhante ao de um diodo para essas junções, o que, segundo os autores, possibilita a aplicação dessas nanoestruturas no campo da eletrônica e da optoeletrônica. Kim e colaboradores [63] sintetizaram nanotubos CVD. Uma das estruturas possui (B0.45 C0.1 N0.45 ). 10 Bx Cy Nz com duas estruturas diferentes, via BN por cento de átomos de carbono em um nanotubos de A outra possui um nanotubo BN embalado com uma estrutura de carbono. As propriedades eletrônicas foram medidas através de espectroscopia fotoeletrônica de raio-X. A estrutura B0.45 C0.1 N0.45 reduzem as ligações π contém uma quantidade signicativa de ligações de átomos de B e N. O band gap B−C e C − N, foi estimado em cerca de 2.8 as quais eV. Usando métodos de primeiros princípios, os autores investigaram a estabilidade e a estrutura eletrônica de vários isômeros de parede dupla. Segundo esses autores, a estrutura com camada externa de isômero mais estável, pois quando isso ocorre não existem defeitos nos tubos com considerável diminuição do band gap devido aos 10 por cento de dopagem por C C, B/N = 1.0. é o Uma foi observada e é consistente com os resultados experimentais. Luo e colaboradores [64] descrevem a síntese de nanotubos ternários (Bx Cy Nz ) utilizando-se de boro em pó, óxido de zinco em pó e etanol a 1150◦ C sob uma mistura de gás de nitrogênio e hidrogênio. Como substrato, foi usada uma placa de aço inoxidável com espessura de 0.05 mm. Os nanotubos foram caracterizados através de SEM, TEM, EDX e EELS. Os resultados indicaram que estes apresentam morfologia do tipo bamboo-like e que os elementos B, C e N estão distribuídos homogeneamente através dos nanotubos. Mo e colaboradores [65] sintetizaram nanotubos ternários (Bx Cy Nz ) pelo aquecimento de mis- tura em pó de boro amorfo e carvão vegetal com uma pequena quantidade de óxido de ferro (F e2 O3 ) ◦ a 1000 − 1200 C sob uma mistura de nitrogênio (N2 ) e hidrogênio (H2 ). Os nanotubos sintetizados ◦ a 1100 C apresentaram duas morfologias. Uma com compartimentos mais espessos (bamboo-like ) e outra quasi -cilindricas com compartimentos estreitos. Os autores mostram que a temperatura tem grande inuência na morfologia, diâmetro e produção de nanotubos ◦ altas (1200 C) são favoráveis à formação de nanotubos enquanto temperaturas mais baixas (1000o C) quasi -cilíndricos Bx Cy Nz . Temperaturas com grandes diâmetros, favorecem a formação do tipo bamboo-like com diâ- metros menores. A produção de nanotubos diminui com a ascensão da temperatura de reação. Como podemos ver, nanotubos do tipo Bx Cy Nz com estequiometrias variadas têm sido sin- SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL DE NANOTUBOS DE BN E BX CY NZ 25 tetizados experimentalmente. Os resultados mostram que estes tubos apresentam características intermediárias aos nanotubo de C e BN e que a razão B/N obtida para as estruturas mais estáveis é igual 1. Entretanto, a relação entre a estequiometria, a distribuição de átomos e as propriedades eletrônicas ainda não foram entendidas pelos autores. 2.8 Simulação Computacional de Nanotubos de BN e Bx Cy Nz Rubio e colaboradores [9] com base nas similaridades das propriedades do carbono e dos materiais baseados em nitreto de boro, analisaram a estabilidade e as propriedades eletrônicas dos Slater-Koster Tight-binding [66] simples foi aplicado. Todos os nanotubos calculados se mostraram semicondutores e o band gap encontrado foi maior que 2 eV para todos os tubos. Em geral, quando maior o diâmetro do tubo, maior o gap com um valor de saturação correspondente ao calculado para a rede hexagonal do BN . Os autores armam que a alta ionicidade do BN é importante para explicar a diferença na estrutura eletrônica entre estes tubos nanotubos BN . Um esquema e os nanotubos de carbono. Blase e colaboradores [54] realizaram extensivos cálculos LDA e de BN quase-particle em nanotubos de paredes simples e de paredes múltiplas. A energia de curvatura encontrada foi menor para nanotubos BN do que para nanotubos de carbono com mesmo raio (Figura 2.15), devido aos efeitos da curvatura que estabilizam a estrutura tubular BN . A curva desta deformação obedece 1 à lei de prevista para nanotubos de carbono. Para tubos com diâmetros maiores que 9,5 Å a R2 base da banda de condução é prevista como um modelo de elétron livre com a densidade de carga eletrônica localizada dentro do tubo. Para estes tubos, esta banda tem uma energia constantemente acima do topo da banda de valência, o que torna os nanotubos múltiplas materiais com gap BN de parede simples e de paredes constante, independente do raio e da helicidade. Figura 2.15: Energia total dos nanotubos em eV/átomos em função do diâmetro (em Å). Os círculos escuros representam a energia do nanotubo BN até a energia de uma folha hexagonal de BN. Círculos abertos representam nanotubos de carbono até a energia de uma folha de grate [54]. Blase e colaboradores [12] estudaram a estabilidade e as propriedades eletrônicas de nanotubos BxCyN z usando métodos ab initio e semi-empíricos. Eles concluiram que estas estruturas são energeticamente estáveis e sua grande variedade de propriedades eletrônicas podem ser previstas de acordo com sua estequiometria. 26 NANOTUBOS Blase e colaboradores [13] também estudaram a estrutura, estabilidade e propriedades eletrônicas de nanoestruturas initio Bx Cy Nz e heterojunções relacionadas. Neste estudo utilizaram-se métodos e semi-empíricos. Os autores mostram que para o composto ab BC2 N , no limite termodinâmico, BN . o sistema caminha no sentido da segregação do carbono e seções Segundo os autores, essa segregação afeta as propriedades eletrônicas do material. O mesmo processo de segregação acontece no composto de carbono dopado por B, formando ilhas BC3 . Esta segregação conduz à formação de pontos quânticos e heterojunções. Blase [14] vericou a estabilidade e as propriedades eletrônicas de nanotubos os BN , BC2 N a estrutura e nanotubos de carbono dopado por átomos de BC2 N , apresenta uma segregação entre BC3 segregação em ilhas de C BxCyN z , incluindo B . O autor mostra que em particular e seções de BN . O mesmo processo de é evidenciado no caso de nanotubos de carbono dopado por B. Essa segregação espontânea conduz à formação de pontos quânticos ou heterojunções com importantes aplicações tecnológicas. Azevedo [67] estudou a estabilidade e a estrutura eletrônica de compostos BC2 N usando mé- todos de primeiros princípios. As estruturas investigadas têm a topologia do grate com átomos de carbono, boro e nitrogênio (Figura 2.16). Os cálculos mostraram que estruturas mais estáveis são aquelas que apresentam maior número de ligações ligações N −N dos átomos de e B − B. B, C e N O gap C −C das estruturas varia de 0.0 gap B − N, 1.62 minimizando o número de eV dependendo da distribuição na célula unitária. As propriedades eletrônicas dependem fortemente do arranjo atômico. A estrutura de bandas das duas estruturas e apresentaram um a e de 1, 6 BC2 N eV para a estrutura (b) e de 1, 1 mais estáveis foram calculadas eV para a estrutura (q)(Figura 2.17). Figura 2.16: Estruturas testadas por Azevedo [67] onde boro, carbono e nitrogênio são estão representados em branco, cinza e preto respectivamente. As estruturas mais estáveis são as (b) e (q) SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL DE NANOTUBOS DE BN E 27 BX CY NZ BC2 N Figura 2.17: Estrutura de bandas calculada por Azevedo [67] para as duas estruturas mais estáveis. A linha pontilhada indica o nível de Fermi Pan e colaboradores [68] realizaram cálculos DFT para investigar as propriedades óticas de nanotubos chair. BC2 N . Foram usados dois tipos de nanotubos zigzag e dois tipos de nanotubos Os autores concluíram que as propriedades óticas dos nanotubos BC2 N arm- estão intimamente relacionadas com sua quiralidade e diâmetro. Guo e colaboradores [69] estudaram as propriedades estruturais e eletrônicas de nanotubos armchair CX (BN )Y usando DFT com aproximação de gradiente generalizado (CGA). Os resultados mostraram que as propriedades são intermediárias entre nanotubos de carbono e nanotubos de BN e podem ser ajustadas pelo raio, taxa de carbono e conguração. Azevedo e colaboradores [70] aplicaram um método de primeiros princípios baseado na DFT para calcular a estabilidade estrutural e as propriedades eletrônicas de nanotubos Bx Cy Nz e acom- panharam a evolução dessas propriedades em função da composição, estrutura atômica e diâmetro do nanotubo. Os resultados indicaram que as propriedades eletrônicas dependem fortemente destes parâmetros. A energia de formação decresce com o diâmetro e tem uma forte dependência com a estequiometria do tubo. Tight-binding e algumas abordagens e métodos baseados na Teoria das Funções de Green, no formalismo Landauer, investigaram numericamente a condutância e as características da curva corrente-tensão (I-V) dos nanotubos zigzag de parede simples e quiralidades (n, 0) na junção C/BCN/C . Os cálculos mostraram que a condutância é sensível ao índice n. As curvas I-V mostraram que o sistema é um possível candidato a dispositivo Moghaddam [71] utilizando um modelo de chaveamento nanoeletrônico. Matos e colaboradores [72] aplicaram cálculos de primeiros princípios para avaliar a estabilidade estrutural de nanotubos zigzag. BC2 N armchair Bx Cy Nz e compararam os resultados aos obtidos para nanotubos Analisando as energias de curvatura, os autores conrmaram que para nanotubos armchair esta energia não dependem da quiralidade e estes possuem menor energia de curvatura do que nanotubos de estequiometria BCN e do que nanotubos de C. Os resultados indicaram que a energia de formação decresce com o diâmetro do tubo e as estruturas mais estáveis têm maior número de ligações B−N e C − C. Ivanovskaya e colaboradores [73] estudaram a forma e o arranjo de domínios BN incorporados em nanotubos de carbono de paredes simples. Uma forte tendência à formação de hexágonos de BN nas paredes dos nanotubos de carbono foi mostrada na inclusão simultânea de B e N. Os 28 NANOTUBOS autores sugerem que interfaces BN −C são formadas preferencialmente com participação de ligações N − C . Os autores apresentam uma comparação entre os resultados teóricos obtidos e os resultados experimentais. A situação espelhada é proposta pelos autores, como a inclusão de pacotes de carbono em um nanotubo pacotes de BN BN de parede simples. Os autores ainda concluem que a inclusão de nos nanotubos de carbono, alteram o caráter eletrônico inicial abrindo o band gap atribuindo características mais próximas à de materiais isolantes. Wang e colaboradores [74] investigaram nanotubos dopados por (8, 0), BCy N (y = 1 − 4, 6, 8), B3 Cy N3 (y = 2, 4) concluíram que átomos de BCy N , B3 Cy N3 de e BeN B2 CN2 . e BN B e N, com quiralidade através do método (4, 4), B3LY P/6 − 31G∗ e dopam os nanotubos de carbono de baixo para cima, nas estruturas Entretanto para os BN . Os autores também relatam que o gap C(4, 4)i a dopagem depende do número de câmaras de energia dos BN (4, 4)i , BN (8, 0)i , BC2 N e BCN encontrados estão de acordo com os resultados experimentais. Koós e colaboradores [75] investigaram o efeito dos parâmetros de reação na estrutura de nanotubos de carbono de paredes múltiplas contendo diferentes concentrações de boro e nitrogênio. Os autores mostraram que a dopagem por B e N em nanotubos de carbono pode ser usada para contro- lar o diâmetro do nanotubo, mudar a densidade de defeito e manipular sua resistência à oxidação. Os autores também mostraram ser possível ajustar estas propriedades e produzir nanotubos com propriedades relativamente bem denidas em quantidades satisfatórias para sua caracterização viabilizando suas aplicações como em materiais compósitos, sensores de gás, capacitores e componentes eletrônicos. Machado e colaboradores [76] estudaram nanotubos com a estequiometria BN e de C BC2 N com faixas de dispostas de forma paralela, perpendicular e com padrão helicoidal ao longo do eixo do tubo. Os autores encontraram diferentes energias de curvatura dos arcos de C e BN que pode desviar signicativamente a geometria da forma circular usual. Uma forma senoidal foi prevista para o nanotubo BC2 N com arranjos helicoidais devido a diferenças nas ligações C −B e C −N paralelas ao eixo do tubo, o que mostra que a segregação de fase é energeticamente favorável. Os autores também encontraram um tipo de nanotubo BN que apesar de apresentar uma estrutura zigzag, BC2 N , com padrão helicoidal de faixas de exibe caráter metálico. C e Capítulo 3 Estudos da Geometria de Nanotubos BxCy Nz 3.1 3.1.1 Procedimentos Metodológicos Geração das e Otimização das Estruturas Inicialmente testaram-se formas tubulares com o maior número de arranjos atômicos possível, mantendo as estequiometrias mais comumente encontradas na literatura, que são: 25, 57, 59, 60, 68, 76, 77] e BC4 N BC2 N (Figura 3.1) e [2, 9, 11, [59, 78]. Para isto, realizaram-se permutações entre os átomos de única restrição foi evitar ligações BC2 N B−B 12 do tipo BC4 N e N − N. B, C Construíram-se e 14 N em estruturas planas. A permutações possíveis com (Figura 3.2) que foram dobradas nas congurações zigzag. Considerando também outras possibilidades de arranjo atômico, no total, 57 diferentes arranjos entre os tubos dobrados com quiralidades armchair e zigzag. e 29 armchair foram gerados 30 ESTUDOS DA GEOMETRIA DE NANOTUBOS BX CY NZ (a) Permutação 01 (b) Permutação 02 (c) Permutação 03 (d) Permutação 04 (e) Permutação 05 (f ) Permutação 06 (g) Permutação 07 (h) Permutação 08 (i) Permutação 09 (j) Permutação 10 (k) Permutação 11 (l) Permutação 12 (m) Permutação 13 (n) Permutação 14 Figura 3.1: Permutações na estrutura plana com a estequiometria BC2 N utilizadas para a constru- ção das estruturas tubulares. Átomos de carbono estão representados em cinza, átomos de boro em branco e átomos de nitrogênio em preto. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS (a) Permutação 01 (b) Permutação 02 (c) Permutação 03 (d) Permutação 04 (e) Permutação 05 (f ) Permutação 06 (g) Permutação 07 (h) Permutação 08 (i) Permutação 09 (j) Permutação 10 (k) Permutação 11 (l) Permutação 12 Figura 3.2: Permutações na estrutura plana com a estequiometria BC4 N 31 utilizadas para a constru- ção das estruturas tubulares. Átomos de carbono estão representados em cinza, átomos de boro em branco e átomos de nitrogênio em preto. A geometria das estruturas anteriormente citadas, em forma tubular, foi otimizada através do método semiempírico AM 1. Um método semiempírico utiliza aproximações em relação ao cálculo das integrais restringindo ao cálculo de integrais de 1 e 2 centros a m de facilitar o cálculo no método Hartree-Fock (HF) 1 . Para compensar estas aproximações, são introduzidos parâmetros empíricos para o ajuste das propriedades obtidas experimentalmente. O método Hartree-Fock busca uma solução aproximada para o estado fundamental de um sistema de elétrons em um átomo, uma molécula ou um sólido. Considerando o problema de resolver a equação Ĥ |Φi = E |Φi 1 (3.1) Mais detalhes sobre o método Hartree-Fock e sua resolução através do método variacional pode ser encontrado no Apêndice A.3 32 ESTUDOS DA GEOMETRIA DE NANOTUBOS com Ĥ BX CY NZ em unidades atômicas dado por: Ĥ = X 1X 1 2 rµν (3.2) ∇2µ X 1 − . 2 rµA (3.3) ĥ(µ) + µ µ6=ν onde ĥ(µ) = − A O primeiro termo da equação 3.2 é a hamiltoniana de uma partícula (dada explicitamente por 3.3), com o primeiro termo referente à energia cinética do elétron, e o segundo termo referente à interação coulombiana com o núcleo. O segundo termo da equação 3.2, representa a interação entre os elétrons. Como podemos ver o potencial é determinado pela própria função de onda que ele gera, o que faz com que a solução desta equação tenha que ser obtida através do método variacional que garante que existe um ponto mínimo onde δE = 0. Aplicando o método variacional obtemos o que é conhecido como a equação de Hartree-Fock, dada por F̄ C̄ = S̄ C̄ com a matriz S̄ conhecida como a matriz de sobreposição (overlap ) Z Spq = onde χ∗p (rµ ) é o orbital atômico p e χ∗p (rµ )χq (rµ )dυ, χq (rµ ) é o orbital atômico Os métodos semiempirícos atuais são baseados no método lap 2 (NDDO) , onde a matriz de sobreposição O método (3.4) S (3.5) q. Neglect of Diatomic Dierential Over- é substituída por uma matriz unitária. Modied Neglect of Diatomic Overlap (MNDO) é o mais antigo método baseado no NDDO e fornece bons resultados para muitos sistemas orgânicos. No entanto, há propriedades que este método poder gerar resultados incorretos, como a energia de excitação eletrônica [79]. No método MNDO as integrais de um centro e dois elétrons são parametrizadas com base em resultados espectroscópicos de átomos isolados. Este método usa apenas orbitais s e p como funções de base. O Austin Model 1 (AM1) é um método baseado no NDDO que corrige algumas falhas do método MNDO, em particular os referentes às ligações do hidrogênio, sem acrescentar tempo computacional aos cálculos. O método foi proposto por Dewar e colaboradores [80] e é muito popular para modelar compostos orgânicos fornecendo resultados de calor de formação (∆Hf ) mais precisos do que o método MNDO - apesar de algumas exceções envolvendo átomos de Br terem sido documentadas. Dependendo da natureza do sistema e da informação desejada, o método AM1 fornece ótimos resultados para moléculas orgânicas [79]. Alguns autores relatam a eciência do uso do método AM1 para obter a geometria e calor de formação [8183], que justicam a nossa escolha pelo método. Com os 10 tubos de menor energia de formação obtidos através da otimização da geometria, aumentamos os seus diâmetros e novamente otimizamos a geometria para cada tubo. Como para 2 A.4 Mais detalhes sobre os métodos semiempíricos e as aproximações do método NDDO pode ser obtidos no Apêndice 33 RESULTADOS E DISCUSSÕES cada arranjo atômico, somente algumas quiralidades são permitidas obedecendo à periodicidade armchair (4, 4), (6, 6), (8, 8), (12, 12) - e zig zag - (6, 0), (8, 0), (9, 0), (10, 0), (12, 0), (16, 0), (18, 0). Outras estequiometrias também foram testadas além daquelas iniciais, tais como B3 C2 N3 , B4 CN3 , BCN , B3 CN4 e B5 C2 N5 . Estes tubos foram otimizados através do método AM 1. do arranjo, várias quiralidades diferentes foram obtidas ao aumentar o diâmetro, como Como as estruturas possuem números de átomos diferentes, para ser possível a comparação entre elas calculou-se a energia de incorporação de pares BN utilizando a Equação 3.6 ∆Hf (BN ) = onde ∆Hf (Bx Cy Nz ) − ∆Hf (C) , n(BN ) (3.6) ∆Hf (Bx Cy Nz ) é o calor de formação obtido pelo método semiempírico para os nanotubos Bx Cy Nz , ∆Hf (C) carbono, e é calor de formação para o tubo de mesma quiralidade formado apenas por n(BN ) o número de pares BN encontrados no tubo Bx Cy Nz . Assim pretendemos analisar quais estruturas tubulares seriam mais energeticamente favoráveis à incorporação de átomos B e N. Também foi avaliada a relação entre o aumento da energia de incorporação de pares BN com a diminuição da energia de formação. Para esta análise foram dispensados tubos com diâmetros maiores do que 15 Å. Tightátomos de B Em muitos de nossos resultados utilizamos os diâmetros médios obtidos através da teoria binding e N na para o nanotubos de carbono [84] a título de comparação. A introdução de estrutura de carbono resulta em distorções na rede, como foi observado por Machado e colaboradores [76] gerando regiões de maior (ou menor) diâmetro. Entretanto, fazendo uma média entre os valores superiores e inferiores, verica-se que o valor sugerido para os nanotubos de C pode ser utilizado para ns de comparação das diferentes estruturas. Os tubos que apresentaram as menores energias de incorporação de pares BN e as menores energias de formação foram os escolhidos para serem realizados os cálculos da estrutura eletrônica. 3.2 Resultados e Discussões Nas Figuras 3.3 e 3.4 apresentamos um resumo dos resultados para a energia de incorporação de pares BN . Para as estequiometrias analisadas nesse trabalho encontraram-se mais tubos com a quiralidade zigzag do que armchair. Na Figura 3.3 comparamos a energia de incorporação de pares função do diâmetro, para nanotubos armchair zigzag. BN em O mesmo tipo de análise foi feito para os nanotubos na Figura 3.4. Durante todo estudo mantivemos a seguinte notação: símbolos abertos representam nanotubos zigzag e símbolo fechados representam nanotubos armchair. Símbolos par- cialmente fechados foram usados para representar geometrias propostas na literatura [70] mas que não foram encontradas em nossa seleção de geometrias proposta na seção 3.1.1. Estas estruturas propostas na literatura são todas zigzag. 34 ESTUDOS DA GEOMETRIA DE NANOTUBOS BX CY NZ zigzag com diferentes estequiometrias. Em nossa notação símbolos abertos representam nanotubos zigzag. SímFigura 3.3: Resultados obtidos da energia de incorporação de pares BN para nanotubos bolos parcialmente fechados foram usados para representar geometrias propostas na literatura [70] mas que não foram encontradas em nossa seleção de geometrias proposta na seção 3.1.1. Note que juntamente com as estruturas BC2 N temos novas estequiometrias que apresentam-se tão favoráveis quanto as anteriores no que diz respeito a incorporação de pares BN . Figura 3.4: Resultados obtidos para a energia de incorporação de pares notubos armchair BN para o grupo de na- considerados nesse estudo. Note que a energia de incorporação depende da este- quiometria do tubo. Com relação a esses resultados gostaríamos de destacar os relacionados à estequiometria B3 C2 N3 . Na Figura 3.5 podemos ver as diferentes distribuições dos átomos para uma mesma estequiometria B3 C2 N3 . Comparando esse fato aos resultados mostrados nos grácos das Figuras 3.3 e 3.4, pode- mos sugerir que há uma inuência do arranjo atômico sobre a energia de incorporação dos pares BN . RESULTADOS E DISCUSSÕES (a) Distirbuição 1 (b) Distribuição 2 Figura 3.5: Diferentes distribuições encontradas para a estequiometria foram usadas para construir os nanotubos 35 armchair Não se conclui o mesmo para os tubos (a) e armchair, átomos não é tão ampla quanto no caso dos nanotubos zigzag B3 C2 N3 que posteriormente (b). já que a possibilidade de distribuição dos zigzag. Analisando os grácos das Figuras 3.3 e 3.4 vericamos que a energia de incorporação dos pares BN diminui com a diminuição do diâmetro do nanotubos independente de sua estequiometria. Para os nanotubos Bx Cy Nz considerados nesta dissertação vericou-se que a energia de formação diminui com o aumento do diâmetro do tubo. Da mesma forma a energia de formação nos nanotubos de carbono diminui com o aumento diâmetro. Este fato pode ser explicado da seguinte forma: efeitos de curvatura resultam num grande estresse estrutural em nanotubos de carbono. O aumento do diâmetro diminui esse estresse estrutural, diminuindo também a energia de formação. Note que a geometria de nanotubos de grande diâmetro assemelha-se à da folha de grate, material considerado a forma alotrópica mias estável do carbono. Considerando os resultados obtidos, seria possível obter uma relação entre a energia de formação e a energia de incorporação de pares BN ? Na Figura 3.6 apresentamos a relação entre essas energias. Para esta análise não foram considerados tubos de diâmetros maiores do que 15 Å, já que a estabilidade destes é uma consequência de suas características estruturais, pois a medida que o diâmetro aumenta, os tubos de diferentes quiralidades apresentam cada vez mais características próximas à do grate, como anteriormente citado. Na Figura 3.6, vemos que alguns tubos apresentaram comportamentos semelhantes em relação à sua energia de formação e à energia de incorporação de pares tequiometrias B3 C2 N3 armchair, BCN armchair, B5 C2 N5 zigzag. BN . Estes tubos são os de es- Através da inclinação da curva destes 3 tubos, nota-se uma certa estabilidade na relação entre energia de formação e energia de incorporação de pares BN . Entre os tubos propostos por Azevedo e colaboradores [70], os dois modelos de BC2 N propostos obtiveram uma inclinação da curva e energia de incorporação de pares semelhantes aos tubos citados anteriormente, porém com uma maior energia de formação. Este resultado sugere-nos que estes sejam alguns dos tubos mais facilmente produzidos experimentalmente. 36 ESTUDOS DA GEOMETRIA DE NANOTUBOS BX CY NZ Figura 3.6: O gráco mostra a relação entre a energia de incorporação de pares BN com a energia de formação para os nanotubos calculados. Neste gráco é mantida a notação onde símbolos abertos representam nanotubos zigzag e símbolos fechados representam nanotubos zigzag propostos na BCN apresentam menor parcialmente fechados são os nanotubos estequiometrias B3 C2 N3 ,B5 C2 N5 e armchair. Símbolos literatura [70]. Note que os tubos de energia de formação e menor energia de incorporação de pares BN em relação aos outros tubos. Pelos resultados desse gráco (Figura 3.6), vemos que no caso das estruturas com estequiometria BC2 N , podemos ter três diferentes relações entre a energia de incorporação e a energia de formação dependendo do arranjo dos átomos. O mesmo ocorre para as estequiometrias BCN e B3 C2 N3 . Este resultado é mais um indício da inuência da distribuição atômica na estabilização energética e estrutural dos nanotubos. Apresentamos na Figura 3.7 as estruturas dos três nanotubos com menor energia de incorporação de pares BCN , BN e menor energia de formação para os grupos com estequiometrias B3 C2 N3 ,B5 C2 N5 e respectivamente. As estruturas B3 C2 N3 armchair (Figura 3.7(b)), B5 C2 N5 zigzag (Figura 3.7(d)) e BCN arm- chair (Figura 3.7(f )) apresentaram uma boa relação entre as energias de incorporação e de formação, bem como as menores energias de formação encontradas, sendo considerado bons candidatos para as estruturas Bx Cy Nz . Os modelos de BC2 N propostos por Azevedo e colaboradores [70] (Figura 3.8) apresentaram boa relação entre as energias, porém com uma energia de formação um pouco acima dos tubos anteriormente citados. Por m a molécula B3 C2 N3 zigzag da Figura 3.9, apresen- tou energia de formação intermediária aos dois grupos de estruturas anteriores apresentando sua energia de incorporação levemente maior. RESULTADOS E DISCUSSÕES (a) Estrutura B3 C2 N3 (3) (c) Estrutura B5 C2 N5 (e) Estrutura BCN(2) (b) Estrutura (d) Estrutura B3 C2 N3 armchair B5 C2 N5 zigzag 37 (f ) Estrutura BCN armchair Figura 3.7: À esquerda destacamos a estrutura plana do arranjo atômico correspondente às estruturas mais estáveis de acordo com a análise feita através do gráco da Figura 3.6. À direita mostramos a estrutura correspondente enrolada em forma de tubo 38 ESTUDOS DA GEOMETRIA DE NANOTUBOS (a) Estrutura BX CY NZ BC2 N (b) Estrutura (c) Estrutura (d) Estrutura (e) Estrutura BCN BC2 N (1) zigzag BC2 N BC2 N (2) zigzag (f ) Estrutura BCN (1) zigzag Figura 3.8: Estruturas propostas na literatura [70] como sugestão para a distribuição atômica das estequiometrias BC2 N e BCN . Note B − N. que a distribuição proposta para o nanotubo BCN possui um menor número de ligações Analisando as Figuras 3.7, 3.8 e 3.9, verica-se que uma das características em comum entre essas estruturas, é que a distribuição dos átomos diminui o número de ligações entre os átomos de boro e átomos de carbono. Segundo trabalhos de Blase [14] as estruturas que minimizam o número de ligações B − C. B x Cy N z mais estáveis seriam as Os resultados apresentados nesse trabalho levam-nos às mesmas conclusões. Resultados experimentais obtidos por Suenaga [85] também mostram uma 39 RESULTADOS E DISCUSSÕES (a) Estrutura B3 C2 N3 (b) Estrutura Figura 3.9: Estruturas segregação de fase de carbono e BN B3 C2 N3 (1) B3 C2 N3 zigzag ao longo da direção radial do tubo. Analisando estruturalmente as ligações entre átomos de C−C na rede de grate, vemos que as mesmas apresentam valores de aproximadamente 1,42 Å. Já as ligações 1,56 Å. As ligações C −N zigzag em torno de 1,39 Å e as B −N B−C são da ordem de em torno de 1,48 Å. Logo, ligações B −C distorcem muito a estrutura do anel hexagonal, o que levaria a um aumento na energia de formação da mesma. Diminuindo o número de ligações B−C e aumentando o de ligações B − N, chegamos mais próximo de uma estrutura com ligações da ordem de 1,42 Å que mostram-se mais estáveis no caso de nanoestruturas tubulares. Das três estruturas BCN e B3 C2 N3 . tubos armchair armchair Bx Cy Nz analisadas, duas delas estão entre as mais estáveis Resultado que aponta na direção do que foi observado por Faria [86], onde nano- e quirais são mais estáveis que os nanotubos zig zag de aproximadamente mesmo diâmetro. Apesar do BC2 N ser considerado a estrutura mais provável de acordo com a literatura, em nossos estudos as estruturas BN . B3 C2 N3 e B5 C2 N5 se mostraram também favoráveis à incorporação de pares As estruturas mais estáveis calculadas neste trabalho mostram uma tendência a segmentação de faixas de C. Esta tendência pode ser conrmada realizando cálculos de otimização da geometria destes mesmos tubos trocando um átomo de carbono por um átomo de boro, e trocando um átomo de carbono com um átomo de nitrogênio (Figuras 3.10 e 3.11). Os resultados mostraram um aumento da energia de formação em ambas as estruturas (Tabela 3.1). A troca de lugar entre átomos de e C causaram um maior aumento de energia de formação. Essa troca cria duas ligações três ligações B − C, evidenciando que ligações B−C N −C são energeticamente menos favoráveis. B e 40 ESTUDOS DA GEOMETRIA DE NANOTUBOS BX CY NZ (a) Estrutura BCN com um átomo de B no lugar (b) Estrutura BCN com um átomo de N no lugar de um átomo de C de um átomo de C Figura 3.10: Estruturas usadas para o cálculo da diferença energia de formação trocando um átomo de carbono de lugar com um átomo de boro (a), e com um átomo de nitrogênio (b) para a estrutura de estequiometria (a) Estrutura BCN B3 C2 N3 com um átomo de B no lugar (b) Estrutura de um átomo de C B3 C2 N3 com um átomo de N no lugar de um átomo de C Figura 3.11: Estruturas usadas para o cálculo da diferença energia de formação trocando um átomo de carbono de lugar com um átomo de boro (a), e com um átomo de nitrogênio (b) para a estrutura de estequiometria B 3 C2 N 3 Tabela 3.1: Diferença de energia de para os nanotubos com átomos de boro e nitrogênio trocado de lugar com átomos das faixas de carbono. Note que a troca de lugar entre átomos de um maior aumento de energia de formação. Essa troca cria duas ligações B − C, evidenciando que ligações B−C BCN B3 C2 N3 N −C são energeticamente menos favoráveis. B-C (eV) N-C (eV) 3,11 2,22 3,46 2,06 B e C causou e três ligações 41 RESULTADOS E DISCUSSÕES zigzag Figura 3.12: Relação entre energia de formação e a estequiometria para os nanotubos (6,0). Nota-se que o nanotubo proposto por Azevedo e colaboradores [70] e mostrado na Figura 3.8 causa um aumento de energia de formação, apesar de possuir uma maior concentração de tubos BC2 N . Este fato sugere que são as ligações B−N BN que os que diminuem a energia de formação destes nanotubos O gráco da Figura 3.12 mostra que a quantidade de átomos de boro e nitrogênio em geral diminui a energia de formação do nanotubo ao nanotubo de BN . Bx Cy Nz , No entanto o nanotubo BC2 N (1) apresenta uma energia de formação maior que o a estrutura BC2 N (2) aproximando de um mínimo que corresponde BC2 N (2). apresenta um número de ligação nanotubo com a estequiometria BCN proposto por Azevedo e colaboradores [70] Analisando a Figura 3.8 verica-se que B−C menor que a estrutura BC2 N (1). O também proposto por Azevedo e colaboradores [70] apesar de apresentar uma maior concentração de BN que a estrutura BC2 N (2) possui uma energia de formação maior que esta. Analisando novamente a Figura 3.8, verica-se novamente que a estrutura BC2 N (2) apresenta um número de ligações B−C menor que a estrutura BCN . Concluímos com os resultados da Figura 3.8 que as estruturas de menor energia de formação apresentam um maior número de ligações B −N , o que evidencia que o caráter iônico das ligações B −N diminui a energia de formação dos tubos. Com os resultados dessa seção, concluímos que o arranjo atômico inuencia na energia de formação e na energia de incorporação de pares BN . Os arranjos atômicos que levam a menor energia de formação são aqueles que apresentam uma segregação dos átomos de carbono, maximizando o número de hexágonos B − N. Capítulo 4 Estudos da Estrutura Eletrônica de Nanotubos BxCy Nz 4.1 4.1.1 Procedimentos Métodológicos Cálculo das Estruturas Eletrônicas Dentre as estruturas analisadas no Capítulo anterior, separaram-se as que apresentaram as menores energias de incorporação de pares BN . Acrescentaram-se algumas camadas a essas moléculas modelo a m de que fosse obtida uma região tubular central onde os efeitos de ponta as estruturas são nitas e saturadas nas pontas com átomos de hidrogênio não distorcessem sua geometria. Estas foram re-otimizadas via método semi-empírico AM1 e, a partir dos tubos obtidos, calcularam-se as propriedades eletrônicas através 1 utilizando o funcional BLYP na base 6-31G. 2 propostos por Hohenberg e Kohn em 1964. A DFT está fundamentada em dois teoremas da Teoria do Funcional da Densidade (DFT) Estes teoremas são: (i) O potencial externo sentido pelos elétrons é um funcional da densidade eletrônica. (ii) A energia do estado fundamental E D E[ρ] = ψ T̂ + Û + V̂ ψ , interação elétron-eléton e V̂ onde T̂ E0 [ρ] é mínima para a densidade é o operador energia cinética, Û ρ(r) exata, é o operador energia de é o operador energia potencial. Basicamente, a Teoria do Funcional da Densidade transforma o problema de resolver a equação do funcional de resolver a equação do funcional E[ρ]. E[ψ] para o problema Este fato diminui o esforço computacional necessário à realização do cálculo. Outra vantagem é o fato de a entidade básica da teoria a densidade eletrônica ser um observável, o que possibilita uma formulação conceitual mais acessível em termos de química descritiva, ao contrário da função de onda total que aparece no outros métodos. O funcional utilizado BLYP é obtido adicionando correções ao método LDA 3 . Especi- camente são adicionadas as correções de Becke [87] e a função de correlação de Lee, Yang e Parr [88]. As funções de base utilizadas 6-31G 4 são construídas da seguinte forma: uma gaussiana contraída composta de seis primitivas é usada para representar os orbitais da camada interna e 1 2 3 4 Mais detalhes sobre a Teoria do Funcional da Densidade pode ser encontrado no Apêndice A.5 A prova destes teoremas pode ser encontrada no Apêndice A.5.1 Mais detalhes sobre a aproximação LDA pode ser encontrado no Apêndice A.5.3 Mais detalhes sobre as funções de base pode ser encontrado no Apêndice A.6 42 RESULTADOS E DISCUSSÃO 43 cada orbital de valência é representado por duas funções, uma contraída de três primitivas e uma primitiva não contraída Para efeito de comparação, calcularam-se a geometria e a estrutura eletrônica de nanotubos de carbono e de nitreto de boro (BN ) com a mesma quiralidade que as estruturas Bx CyNz utilizando os mesmos métodos de química-quântica. Com esse estudo, procurou-se analisar a possível relação entre as distorções estruturais causadas pela incorporação dos pares BN e as propriedades eletrônicas dos nanotubos Bx Cy Nz . Na primeira seção serão analisados os nanotubos armchair e na segunda seção os nanotubos zigzag com diferentes estequiometrias. 4.2 4.2.1 Resultados e Discussão Nanotubo B3 C2 N3 e BCN armchair Nesta seção analisaram-se nanotubos armchair com estequiometrias B3 C2 N3 e BCN . Estes nanotubos estão entre os energeticamente mais estáveis de acordo com os resultados do Capítulo 3. Segundo o modelo Tight Binding para nanotubos de carbono [44], nanotubos do tipo armchair são considerados metálicos independentemente de sua quiralidade e diâmetro. Já nanotubos zigzag podem apresentar características metálicas ou semicondutoras de acordo com sua quiralidade. Trabalhos teóricos demonstram que nanotubos de nitreto de boro com quiralidade e diâmetros análogos aos nanotubos de carbono são sempre semicondutores [9]. Com base nesses resultados, espera-se que nanotubos Bx Cy Nz apresentem um comportamento intermediário aos nanotubos de carbono puro e os nanotubos de nitreto de boro. Para iniciar nossa análise, apresentamos na Figura 4.1 os resultados obtidos nessa dissertação para a geometria do nanotubo (6,6) de carbono distintas B3 C2 N3 (6,6) e BCN (6,6) C(6,6) , e nitreto de boro B x Cy N z BN(6,6) . em duas estequiometrias 44 ESTUDOS DA ESTRUTURA ELETRÔNICA DE NANOTUBOS (a) Comprimentos de ligação para o nanotubo de quiralidade (6,6). BCN de quiralidade (6,6) com simetria S4 B3 C2 N3 de quiralidade (6,6) com simetria C3 . (b) Comprimentos de ligação para o nanotubo (c) Comprimento de ligação para o nanotubo C BX CY NZ (d) Comprimento de ligação para o nanotubo BN de quiralidade (6,6). Figura 4.1: Geometrias obtidas utilizando o método semi-empírico AM1 para o nanotubo de quirali- C(6,6) ; b) B3 C2 N3 (6,6) ; c) BCN (6,6) ; e d) BN(6,6) . Note que a presença dos átomos de nitrogênio e boro distorcem a estrutura dade (6,6) com as seguintes composições: a) somente átomos de carbono tubular gerando regiões de grande estresse estrutural. Esse estresse pode ser reduzido variandose a distribuição desses átomos como discutido no capítulo anterior. As moléculas modelo acima correspondem às estruturas de menor energia de incorporação dos pares BN. RESULTADOS E DISCUSSÃO 45 No capítulo anterior, os resultados mostraram que dependendo do arranjo atômico, as ligações entre os átomos B, N e C, podem gerar um estresse estrutural que aumenta a energia de formação do nanotubo. Considera-se que, para nanotubos de carbono puros, o comprimento das ligações C−C deve ser da ordem de 1,42 Å. Comprimentos de ligação muito maiores ou muito menores que este padrão geram estresse estrutural o que aumenta a energia de formação do tubo. Ligações B−C da ordem de 1,52 Å e C − N, da ordem de 1,39 Å, mostram-se portanto não favoráveis. Segundo os resultados do Capítulo anterior, as moléculas modelo mais favoráveis são aquelas que minimizam o número de ligações B−C e geram um grande número de ligações B−N e C − C. Sendo essas estruturas tão sensíveis em sua geometria no que diz respeito ao arranjo atômico de suas espécies químicas, espera-se que o mesmo ocorra com relação às propriedades eletrônicas desses materiais. Dentre as estequiometrias mais estudadas na literatura, encontram-se BC2 N , BCN , BC4 N [11, 57, 67, 69, 70, 72, 74, 76, 78, 8991]. Há uma grande discussão nesses trabalhos sobre qual o papel de quatro importantes parâmetros na estrutura eletrônica dos nanotubos 2) diâmetro; 3) estequiometria; e 4) distribuição dos átomos B, C e N Bx Cy Nz : 1) quiralidade; na rede hexagonal. Segundo esses trabalhos e também mostrado nesta dissertação para uma mesma estequiometria pode-se obter nanotubos com diferentes diâmetros, quiralidades e arranjo atômico. Há um consenso que nanotubos Bx Cy Nz apresentam uma estrutura eletrônica intermediária, como citado anteriormente. Encontram-se também nesses trabalhos resultados que indicam que o valor para o gap de energia varia com a quiralidade e o diâmetro dos tubos [68, 69]. Miyamoto e colaboradores [11] e Liu e colaboradores [57] sugerem que os nanotubos e diâmetros variados que apresentam menor gap, BC2 N correspondem às estruturas tubulares mais simétricas. Azevedo e colaboradores apresentam resultados para nanotubos mostram a variação do gap - de quiralidades de energia em função do arranjo dos átomos B, C e BC2 N N e BCN que na rede hexagonal [67, 70]. Pode-se ainda encontrar resultados que sugerem que em vez dos pares carbono que agem como dopantes em nanotubos BN . BN , são os átomos de Sendo assim, a concentração dos átomos de carbono e sua distribuição na estrutura tubular seriam os responsáveis pelas modicações nas propriedades eletrônicas de nanotubos BN [11, 76, 91, 92]. Conclui-se que ainda existem muitas dúvidas sobre o papel dos quatro parâmetros acima citados na determinação da estrutura eletrônica de nanotubos Na Tabela 4.1 apresentam-se os resultados para o B x Cy N z . gap de energia calculado nesta dissertação para nanotubos (4,4), (6,6) e (8,8) de carbono, com estequiometrias B3 C2 N3 , BCN e BN , respecti- vamente. Esses resultados foram obtidos calculando-se as energias dos orbitais moleculares através do funcional BLYP na base 6-31G. 46 ESTUDOS DA ESTRUTURA ELETRÔNICA DE NANOTUBOS BX CY NZ Tabela 4.1: Resultados para os gap de energia para nanotubos armchair com diferentes estequiometrias. Esses resultados foram calculados via funcional BLYP/6-31G. Note que o valor do gap varia Bx Cy Nz . O gap do nanotubo (8,8) foi calculado por Carvalho gap das estruturas de carbono se devem ao fato do cálculo ter com a estequiometria para nanotubos [84] utilizando o mesmo método. O sido realizado em estruturas nitas. C BCN B3 C2 N3 BN (4,4) (6,6) (8,8) 0,59 0,28 0,04 [84] 0,80 0,98 1,09 0,04 0,02 0,14 4,80 4,70 - Como pode ser vericado na Tabela 4.1, os resultados obtidos para nanotubos boa concordância com os obtidos por Blase e colaboradores [54] onde nanotubos gaps BN (n, n) estão em apresentam da ordem de 4 eV, independentemente de seu diâmetro. Na Figura 4.2, mostramos os resultados para a densidade de estados (DOS) calculada para os nanotubos dois tubos BCN , B3 C2 N3 Bx Cy Nz e BN . Comparando os resultados para a estrutura eletrônica dos com a estrutura eletrônica do nanotubo BN , vemos claramente a mudança do aspecto da densidade de estados eletrônicos. Como esperado temos a diminuição do para os nanotubos Bx Cy Nz se comparado aos resultados para os tubos BN . gap de energia 47 RESULTADOS E DISCUSSÃO (a) Densidade de estados para o nanotubo (6,6) (c) Densidade de estados para o nanotubo (6,6) C (b) Densidade de estados para o nanotubo (6,6) B3 C2 N3 (d) Densidade de estados para o nanotubo (6,6) Figura 4.2: Densidade de Estados calculadas para nanotubo (6,6) constituído por átomos N com as estequiometrias a) C; b) BCN ; c) Bx Cy Nz e d) BN . B, C e Note que a presença de átomos de carbono na estrutura deste nanotubo armchair provoca modicações na região de gap se comparada ao nanotubo de nitreto de boro. No caso das estruturas estudadas nesta dissertação, ao inserir pares BN no lugar de pares CC não se varia o número de elétrons disponíveis na estrutura. Portanto, ao calcularem-se as DOS para os nanotubos Bx Cy Nz e BN , verica-se que a inclusão dos heteroátomos não cria novos estados na gap. A inserção de elétrons extras, criando estados no meio do gap, pode ser vericado no nanotubos de nitreto de carbono (nanotubos CNx ) [84]. região de caso de Comparando a densidade de estados calculada para o nanotubo de nitreto de boro (6,6), com as DOS dos nanotubos Bx Cy Nz BCN de mesma quiralidade, verica-se que, mesmo com a quantidade de estados disponíveis constante, há um deslocamento de alguns desses estados para a região de gap após a inserção de átomos de carbono. Na Figura 4.3, temos a representação dos orbitais de fronteira para o nanotubo BCN(6,6) . O resultado mostra que os orbitais localizam-se predominantemente sobre os átomos de carbono. Note que esses átomos encontram-se distribuídos em faixas na direção perpendicular ao eixo do tubo. BN 48 ESTUDOS DA ESTRUTURA ELETRÔNICA DE NANOTUBOS BX CY NZ (a) Homo-2 (b) Homo-1 (c) Homo (d) Lumo (e) Lumo+1 (f ) Lumo+2 Figura 4.3: Representação dos orbitais de fronteira calculados via funcional BLYP/6-31G para o nanotubo BCN (6,6) . Note que os átomos de carbono encontram-se distribuídos em faixas perpendi- culares à direção do eixo do tubo. Na Figura também podemos vericar que os orbitais de fronteira localizam-se predominantemente sobre os átomos de carbono e aos átomos de boro e nitrogênio ligados aos átomos C. Átomos de carbono estão representados na cor cinza, átomos de boro na cor amarela e átomos de nitrogênio na cor azul. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Figura 4.4, temos os resultados para seis primeiros orbitais de fronteira do nanotubo 49 B3 C2 N3 (6,6) . Novamente têm-se os orbitais localizados predominantemente sobre as faixas de carbono. Note que, neste caso, as faixas são paralelas ao eixo do tubo. BC2 N Segundo Pan e colaboradores [90] e Zahedi [91], para nanotubos os orbitais p, perpendicu- lares à superfície tubular, localizados em átomos de carbono próximo a átomos de boro, contribuem para os estados no topo da banda de valência; enquanto que os orbitais p dos átomos de carbono ligados a nitrogênios contribuem para modicações nos estados próximos à banda de condução. Observando as Figuras 4.3 e 4.4, verica-se que os orbitais localizam-se sobre os carbonos que encontram-se ligados aos átomos de boro e nitrogênio. Pode-se concluir então que átomos de carbono agiriam como dopantes no caso de nanotubos bono fazem com os átomos B e N BN . O número de ligações que os átomos de car- inuencia a redistribuição dos estados na região de gap podendo diminuir o mesmo, resultando num comportamento metálico. Segundo Azevedo e colaboradores [70], para nanotubos BC2 N há um valor limite para o diâmetro dos nanotubos (aproximadamente gap 11 Å) onde o valor da energia de torna-se constante independentemente da distribuição atômica. Antes desse valor limite, a estrutura eletrônica pode apresentar valores variando de um comportamento metálico a semicondutor, dependendo do diâmetro e da distribuição atômica. Como as moléculas modelo estudadas apresentam diâmetros inferiores ao valor considerado por Azevedo, nossos resultados demonstram a grande dependência da estrutura eletrônica com a estequiometria e distribuição eletrônica para nanotubos de diâmetro reduzido. Com relação às propostas de Miyamoto e colaboradores [11] e Liu e colaboradores [57], que sugerem que estruturas com maior simetria apresentam um gap reduzido, os resultados apresen- tados nesta dissertação não conrmam a conclusão desses autores. Tem-se que a molécula modelo BCN (6,6) C3 . apresenta simetria S4 enquanto que a molécula modelo B3 C2 N3 (6,6) apresenta simetria Comparando os resultados para as densidades de estado calculadas via funciona BLYP/6-31G, nota-se pela Tabela 4.1 que a estrutura mais simétrica apresentou um gap superior à estrutura menos simétrica. Na Figura 4.5 apresentam-se os resultados das DOS para o nanotubo (4,4) de carbono puro, com estequiometrias BCN , B3 C2 N3 e o seu representante de nitreto de boro. Na Figura 4.7 apresentam- se os resultados para as DOS do nanotubo (8,8) de carbono e com estequiometria BCN e B 3 C2 N 3 . Tanto os resultados para as densidades de estado quanto para a localização dos orbitais de fronteira (Figura 4.8), mostram-se similares às do nanotubo (6,6), levando-nos às mesmas conclusões com relação à inuência da distribuição atômica nas propriedades eletrônicas dos nanotubos Bx Cy Nz . 50 ESTUDOS DA ESTRUTURA ELETRÔNICA DE NANOTUBOS BX CY NZ (a) Homo-2 (b) Homo-1 (c) Homo (d) Lumo (e) Lumo+1 (f ) Lumo+2 Figura 4.4: Representação dos orbitais de fronteira calculados via funcional BLYP/6-31G para o nanotubo B3 C2 N3 (6,6) . Note que os átomos de carbono encontram-se distribuídos em faixas para- lelas à direção do eixo do tubo. Na Figura também podemos vericar que os orbitais de fronteira localizam-se predominantemente sobre os átomos de carbono e aos átomos de boro e nitrogênio ligados aos átomos C. Átomos de carbono estão representados na cor cinza, átomos de boro na cor amarela e átomos de nitrogênio na cor azul. 51 RESULTADOS E DISCUSSÃO (a) Densidade de estados para o nanotubo (4,4) (c) Densidade de estados para o nanotubo (4,4) C B3 C2 N3 (b) Densidade de estados para o nanotubo (4,4) BCN (d) Densidade de estados para o nanotubo (4,4) BN Figura 4.5: Densidade de Estados calculadas para nanotubo (4,4) constituído por a) átomos de carbono; átomos B, C e N com as estequiometrias b) B3 C2 N3 e c) BCN ; d) por átomos B e N constituindo o nanotubo de nitreto de boro. Note que a presença de átomos de carbono na estrutura deste nanotubo armchair provoca modicações na região de nitreto de boro. gap se comparada ao nanotubo de 52 ESTUDOS DA ESTRUTURA ELETRÔNICA DE NANOTUBOS BX CY NZ (a) Homo-2 (b) Homo-1 (c) Homo (d) Lumo (e) Lumo+1 (f ) Lumo+2 Figura 4.6: Representação dos orbitais de fronteira calculados via funcional BLYP/6-31G para o nanotubo B3 C2 N3 (4,4) . Note que os átomos de carbono encontram-se distribuídos em faixas para- lelas à direção do eixo do tubo. Na Figura também podemos vericar que os orbitais de fronteira localizam-se predominantemente sobre os átomos de carbono e aos átomos de boro e nitrogênio ligados aos átomos C. Átomos de carbono estão representados na cor cinza, átomos de boro na cor amarela e átomos de nitrogênio na cor azul. RESULTADOS E DISCUSSÃO (a) Densidade de estados para o nanotubo (8,8) C 53 (b) Densidade de estados para o nanotubo (8,8) (c) Densidade de estados para o nanotubo (8,8) B3 C2 N3 Figura 4.7: Densidade de Estados calculadas para nanotubo (8,8) constituído por a) átomos de carbono; b) átomos N B, C e N com a estequiometria BCN . Note que a presença de átomos de na estrutura deste nanotubo armchair provoca modicações na região de nanotubo de carbono. gap B e se comparada ao BCN 54 ESTUDOS DA ESTRUTURA ELETRÔNICA DE NANOTUBOS BX CY NZ (a) Homo-2 (b) Homo-1 (c) Homo (d) Lumo (e) Lumo+1 (f ) Lumo+2 Figura 4.8: Representação para os orbitais de fronteira calculados via funcional BLYP/6-31G para o nanotubo BCN (8,8) . Note que os átomos de carbono encontram-se distribuídos em faixas perpendi- culares à direção do eixo do tubo. Na Figura também podemos vericar que os orbitais de fronteira localizam-se predominantemente sobre os átomos de carbono e aos átomos de boro e nitrogênio ligados aos átomos C. Átomos de carbono estão representados na cor cinza, átomos de boro na cor amarela e átomos de nitrogênio na cor azul. 4.2.2 Nanotubos BCN , BC2 N , B3 C2 N3 e B5 C2 N5 zigzag Nesta seção analisaram-se nanotubos zigzag com estequiometrias B5 C2 N5 . BCN , BC2 N , B3 C2 N3 e Estes nanotubos estão entre os energeticamente mais estáveis de acordo com os resul- tados do Capítulo 3. Como previsto por Blase e colaboradores [54] os gaps de energia para nanotubos ∗ ∗ são reduzidos pela hibridização π − σ . Este efeito é mais presente em tubos de C. Os resultados dessa dissertação para tubos BN , do que em tubos concordam razoavelmente com Blase e colaboradores [54] que através de cálculos com LDA obtiveram um veja Tabela 4.2. BN (n, 0) pequenos gap de 2, 5 eV para o tubo (6, 0) 55 RESULTADOS E DISCUSSÃO Tabela 4.2: Resultado para as energias de gap para nanotubos zig-zag com diferentes estequiometrias. Esses resultados foram calculados via funcional BLYP/6-31G. Note que o valor do gap varia com a estequiometria para nanotubos (6,0) com estequiometria C BC2 N (I) BC2 N (II) BCN B3 C2 N3 B5 C2 N5 BN De acordo com o modelo lidade (6, 0) e (9, 0) Zone-folding Bx Cy Nz . (6,0) (8,0) (9,0) 0,01 0,02 0,02 0,02 - - 0,02 - - 0,01 - - 1,12 1,54 - 0,01 - 0,01 2,16 - 3,56 [44] para nanotubos de carbono, os tubos com quira- devem apresentar características metálicas. Enquanto que o tubo (8, 0) ser semicondutor. No entanto, medidas via microscopia de tunelamento (STM) mostram deve gaps de energia de algumas dezenas de meV para nanotubos zigzag [93]. Carvalho [84] explica esse resultado cis -poliacetileno. No um gap intrínseco à sua comparando a distribuição das ligações ao longo do eixo do tubo à estrutura caso do cis -poliacetileno a alternância entre as ligações estrutura. Segundo Carvalho, a origem do gap C −C dá origem a em nanotubos zigzag deve-se ao mesmo motivo. Cálculos de densidade de estados realizados nessa dissertação demonstraram que há uma relação entre a estequiometria e as estruturas eletrônicas também para os nanotubos zigzag. O tubo de quiralidade (6, 0), com estequiometria do calculado para o mesmo nanotubo do nanotubo B3 C2 N3 (8,0) B3 C2 N3 , (6, 0) com estequiometria B5 C2 N5 gap de energia diferente (veja Tabela 4.2). No caso os resultados DFT para a estrutura eletrônica mostraram um valor de superior ao calculado para tubo de carbono (9, 0) apresenta um valor para o (8, 0). No caso do nanotubo Bx Cy Nz com quiralidade os resultados para a estrutura eletrônica mostram que o tubo com estequiometria pode ser considerado metálico se comparado ao seu análogo semicondutoras, com gap BN (9,0) gap B5 C3 N5 que apresenta características de valor igual a 3,56 eV. Com base nos resultados até agora obtidos para os nanotubos zigzag, verica-se que as conclusões referentes às propriedades eletrônicas dos nanotubos armchair também se aplicam para os representantes da quiralidade (n, 0). Ou seja, as propriedades eletrônicas desses nanotubos variam dependendo da estequiometria e de como os átomos B, C e N estão distribuídos ao longo da rede hexagonal. Na Figura 4.9 têm-se as estruturas planas para o nanotubo (6,0) com estequiometrias e B3 C2 N3 . gap B5 C2 N5 Pelos resultados da Tabela 4.2, vericam-se diferenças entre os valores obtidos para o de energia nas duas estequiometrias citadas. Observando a Figura 4.9, verica-se que ao tentarmos obter o nanotubo (6,0) com estequiometria B3 C2 N3 , repetimos a camada B −C −N três vezes. Considerando o que já sabemos sobre os vetores de base da rede de grafeno, (ver seção 2.3.1) vericamos que o vetor unitário para essa estrutura é o dobro do vetor a~1 . Portanto, a estequiometria B3 C2 N3 permite quiralidades (n, 0) múltiplas de dois. No caso da estequiometria triplo do vetor B5 C2 N5 , vericamos que o vetor unitário para esta estrutura é o a~1 . Portanto, a estequiometria B5 C2 N5 permite quiralidades (n, 0) múltiplas de três. 56 ESTUDOS DA ESTRUTURA ELETRÔNICA DE NANOTUBOS (a) Estrutura plana do nanotubo B3 C2 N3(6,0) BX CY NZ com destaque para a camada B − C − N. (b) Estrutura plana do nanotubo mada B5 C2 N5(6,0) com destaque para a ca- B − C − N. Figura 4.9: Dois exemplos de estruturas planas para o nanotubo (6,0), com as camadas B−C −N destacadas. Segundo o modelo apresentado nessa dissertação, dependendo da estequiometria, a camada B−C −N repete-se três Na análise através do modelo (B3 C2 N3 ) ou duas vezes (B5 C2 N5 ). Zone Folding, o que dene a característica eletrônica do nanotubo de carbono é a quantização imposta pelas condições de contorno na direção circunferencial do tubo (n − m = 3q). Pode-se propor, então que, da mesma forma que para os nanotubos de carbono, a periodicidade da célula unitária para os nanotubos Bx Cy Nz pode indicar características metálicas ou semicondutoras para essas nanoestruturas. A mesma conclusão não cou evidente para o caso dos nanotubos armchair analisados na seção anterior. Na Figura 4.10 apresentamos os resultados para a densidade de estados do nanotubo (6, 0) com diferentes estequiometrias. Nas Figuras Nas Figuras 4.11, 4.12 e 4.13 têm-se a representação dos orbitais de fronteira para o tubo (6, 0) nas diferentes estequiometrias apresentadas nas Figuras 4.10. Note que também para esta nanoestrutura, os orbitais encontram-se predominantemente, localizados sobre os átomos de carbono. RESULTADOS E DISCUSSÃO (a) Densidade de estados para o nanotubo (6,0) (c) Densidade de estados para o nanotubo (6,0) BCN 57 (b) Densidade de estados para o nanotubo (6,0) B5 C2 N5 (d) Densidade de estados para o nanotubo (6,0) Figura 4.10: Densidade de estados calculada para o nanotubo de (6,0) com estequiometrias (a) BCN , (b) B3 C2 N3 , (c) B5 C2 N5 e (d) BN com quiralidade. B3 C2 N3 BN 58 ESTUDOS DA ESTRUTURA ELETRÔNICA DE NANOTUBOS BX CY NZ (a) Homo-2 (b) Homo-1 (c) Homo (d) Lumo (e) Lumo+1 (f ) Lumo+2 Figura 4.11: Representação para os orbitais de fronteira calculados via funcional BLYP/6-31G para o nanotubo BCN (6,0) . Note que os orbitais de fronteira localizam-se predominantemente sobre os átomos de carbono. Átomos de carbono estão representados na cor cinza, átomos de boro na cor amarela e átomos de nitrogênio na cor azul. RESULTADOS E DISCUSSÃO 59 (a) Homo-2 (b) Homo-1 (c) Homo (d) Lumo (e) Lumo+1 (f ) Lumo+2 Figura 4.12: Representação para os orbitais de fronteira calculados via funcional BLYP/6-31G para o nanotubo B5 C2 N5 (6,0) . Note que os átomos de carbono encontram-se distribuídos em faixas paralelas à direção do eixo do tubo. Na Figura também podemos vericar que os orbitais de fronteira localizam-se predominantemente sobre os átomos de carbono e aos átomos de boro e nitrogênio ligados aos átomos C. Átomos de carbono estão representados na cor cinza, átomos de boro na cor amarela e átomos de nitrogênio na cor azul. 60 ESTUDOS DA ESTRUTURA ELETRÔNICA DE NANOTUBOS BX CY NZ (a) Homo-2 (b) Homo-1 (c) Homo (d) Lumo (e) Lumo+1 (f ) Lumo+2 Figura 4.13: Representação para os orbitais de fronteira calculados via funcional BLYP/6-31G para o nanotubo B3 C2 N3 (6,0) . Note que os átomos de carbono encontram-se distribuídos em faixas paralelas à direção do eixo do tubo. Na Figura também podemos vericar que os orbitais de fronteira localizam-se predominantemente sobre os átomos de carbono e aos átomos de boro e nitrogênio ligados aos átomos C. Átomos de carbono estão representados na cor cinza, átomos de boro na cor amarela e átomos de nitrogênio na cor azul. Na Figura 4.14 apresentamos a densidade de estados para os nanotubos estequiometrias B3 C2 N3 e B5 C2 N5 , respectivamente. (8, 0) e (9, 0), com RESULTADOS E DISCUSSÃO (a) Densidade de estados para o nanotubo (8,0) B3 C2 N3 61 (b) Densidade de estados para o nanotubo de B5 C2 N5 quiralidade (9,0) Figura 4.14: Densidade de estados calculadas para o nanotubo (8,0) e (9,0) com estequiometrias (a) B3 C2 N3 e (b) B5 C2 N5 respectivamente. Da mesma forma que no caso de nanotubos armchair, para os nanotubos zigzag analisados, concluímos que a estequiometria e a distribuição dos átomos interferem na estrutura eletrônica. Essa característica comum para os nanotubos Bx CyNz faz deles ótimos candidatos para a fabricação de nanodispositivos com aplicações na eletrônica e na fotônica. com Capítulo 5 Conclusão O interesse no estudo das propriedades dos nanotubos Bx Cy Nz está no fato destes materiais apresentarem propriedades intermediárias aos nanotubos de carbono e de nitreto de boro. Estas características fazem dos nanotubos Bx Cy Nz candidatos à fabricação de novos dispositivos eletrô- nicos. De acordo com os resultados obtidos, nota-se que as propriedades estruturais e eletrônicas dos nanotubos Bx Cy Nz dependem de sua quiralidade, estequiometria e distribuição atômica. Para uma mesma estequiometria foi possível obter nanotubos com diferentes diâmetros, quiralidades e arranjos atômicos. Com os resultados obtidos para a estequiometria B3 C2 N3 , nota-se que as diferentes distribuições atômicas e quiralidades inuenciaram no resultado obtido para a energia de incorporação de pares BN . Os resultados mostraram que a energia de incorporação de pares BN aumenta com o aumento do diâmetro e dependem do arranjo atômico. Esta energia se estabiliza depois de um certo diâmetro pois a estrutura tubular se aproxima de uma estrutura plana para diâmetros muito grandes. Estes resultados mostraram ainda, que assim como para nanotubos de carbono, a energia de formação dos nanotubos Bx Cy Nz também diminui com o aumento do diâmetro. Através de uma análise da relação entre a energia de incorporação de pares BN e da energia de formação, foram escolhidos os tubos considerados mais energeticamente estáveis. Com estes resultados teóricos concluiu-se que estes tubos energeticamente mais estáveis são aqueles que minimizam o número de ligações B −C e N −C priorizando ligações B −N e C −C criando uma segmen- tação que leva a formação de faixas de carbono. Foram obtidos nanotubos com faixas de carbono paralelas e perpendiculares ao eixo do tubo, dependendo de sua quiralidade e estequiometria. Através dos resultados dos cálculos semiempirícos nota-se que ligações B−C são energeticamente menos favoráveis. Esta ligação aumentou a energia de formação para as estruturas em um valor maior que o aumento causado pela ligação N − C. BCN e B3 C2 N3 O aumento de energia de formação causado por essas ligações conrma o fato de que a segregação de átomos de carbono leva à estruturas energeticamente mais estáveis. Apesar da estequiometria quiometrias como a BC2 N ser frequentemente citada como a mais estável, outras este- B5 C2 N5 , B3 C2 N3 e BCN apresentaram resultados similares aos da acordo com a análise feita usando a relação entre a energia de incorporação de pares BN BC2 N de e a energia de formação. Com o cálculo da energia de formação para nanotubos (6, 0) com diferentes estequiometrias, conclui-se que a distribuição atômica inuencia na energia de formação mais do que a concentração 62 63 de átomos de B e N B e N . Através destes resultados nota-se que o aumento da concentração de átomos de podem levar a um aumento das ligações a estequiometria BC2 N (2), BCN B −N diminuindo a energia de formação. No entanto proposta, aumenta a energia de formação em relação à estequiometria apesar de uma maior concentração de átomos de B e N. Conclui-se que este aumento de energia se deve à distribuição atômica desta estrutura que reduz o número de ligações B -N . Os resultados obtidos com os cálculos da estrutura eletrônica, mostram que as propriedades eletrônicas dependem da estequiometria e da distribuição atômica, mais do que do diâmetro do tubo. De acordo com os resultados obtidos, sugere-se que átomos de carbono agem como dopantes, modicando a estrutura eletrônica do nanotubo de nitreto de boro. Essa modicação gera uma diminuição do gap eletrônico atribuindo características metálicas a estes tubos. Como através da substituição de um par B−N por um par C −C a quantidade de elétrons se mantém constante, não há criação de novos estados eletrônicos, portanto a diminuição do gap de energia é devida a uma redistribuição dos estados eletrônicos já existentes. Para os tubos considerados neste estudo armchair e zigzag com quiralidades diversas os orbitais de fronteira HOMO e LUMO localizam-se nos átomos de carbono, evidenciando seu gap papel com agente dopante e responsável pela diminuição do eletrônico. Para nanotubos zigzag, destacamos os resultados obtidos para os nanotubos ometria B3 C2 N3 gap de 1,12 eV e B5 C2 N5 gap (6, 0) com estequi- de 0,01 eV. Uma análise da distribuição atômica destes tubos mostra que ambos possuem faixas de carbono paralelas ao seu eixo. No entanto, a periodicidade em que essas faixas aparecem são diferentes Devido à grande diferença entre os valores do essa periodicidade e o fechamento do com o modelo Zone-folding gap gap levando a estequiometrias diferentes. para estes tubos, investigamos a relação entre em relação à estrutura de nitreto de boro. De acordo para nanotubos de carbono, as propriedades eletrônicas destes tubos são decorrentes da quantização através da direção circunferencial do tubo, o que faz com que suas propriedades dependam de sua quiralidade. Como os orbitais de fronteira dos nanotubos Bx Cy Nz se localizam predominantemente nos átomos de carbono, sugere-se que suas propriedades eletrônicas sejam dependentes da periodicidade dessas faixas. Nota-se que na estrutura unitário tem o dobro do tamanho do vetor unitário tura só permite tubos com quiralidades B5 C2 N5 , (n, 0) (n, 0) com a~1 n n múltiplos de dois. Já para a estequiometria múltiplos de três. Devido a estequiometria estequiometria B5 C2 N5 permitir pode explicar porque nanotubos o vetor do grafeno. Devido a este fato, esta estru- o vetor unitário têm o triplo do tamanho do vetor com B3 C2 N3 a~1 do grafeno, permitindo quiralidades B 3 C2 N 3 permitir n múltiplos de dois e a n múltiplos de três, ambas permitem a quiralidade (6,0). Este fato Bx Cy Nz de mesma quiralidades segundos os resultados DFT desta dissertação - apresentam propriedades eletrônicas diferentes. No entanto outros estudos se fazem necessários para a conrmação dessa hipótese. Como sugestão para estudos futuros, podem ser calculados tubos com quiralidades (12,0) e (18,0) as próximas quiralidades onde n é múltiplo de dois e de três com as estequiometrias e distribuição atômica correspondentes. Como perspectivas de trabalhos futuros, sugere-se ainda a realização de cálculos de estruturas periódicas a m de conrmar essas relações e propriedades. Com os resultados obtidos neste estudo, conclui-se que as propriedades de nanotubos de Bx Cy Nz dependem tanto de sua estequiometria como da distribuição atômica. De acordo com os resultados obtidos, vericamos que a energia de formação depende da distribuição atômica, e que existem 64 CONCLUSÃO então, aquelas que são mais favoráveis energeticamente. Yu e colaboradores [94] mostraram que é possível obter experimentalmente estequiometrias diferentes de maneira controlada. Isto sugere que Bx Cy Nz as propriedades eletrônicas dos nanotubos que dependem da distribuição atômica podem ser controladas experimentalmente. Como perspectivas para trabalhos futuros, podemos citar também o estudo das nanojunções formadas a partir de nanotubos Bx Cy Nz com diferentes estequiometria. A combinação das dife- rentes propriedades destes tubos constitui um vasto campo de pesquisa e de desenvolvimento de nanodispositivos eletrônicos, entretanto, ainda pouco explorado. Apêndice A Métodos Computacionais A.1 Átomos com mais de dois Elétrons Em um átomo de hélio, a energia coulombiana para Z = 2 contém dois termos de atração elétron-núcleo e um termo de repulsão elétron-elétron. V =− 2e2 e2 2e2 − + 4π0 r1 4π0 r2 4π0 |r1 − r2 | (A.1) A equação de Schrodinger independente do tempo ca − ~2 (∇2 + ∇22 )ψ + V ψ = Eψ 2m 1 Observa-se que a contribuição elétron-elétron para V (A.2) não tem uma forma central e o método de separação de variáveis não pode ser aplicado para obter a solução exata. A.1.1 Funções de onda anti-simétricas De acordo com Vianna e colaboradores [95], considerando os elementos do espaço de Hilbert para duas partículas indistinguíveis, |aµ aν i, |aµ bν i, ..., |j µ k ν i, |k µ j ν i como o operador que representa a permutação das partículas µ e ν, e denindo o operador então: E E P̂(µν) j (µ) , k (ν) = j (ν) , k (µ) Por questões físicas Pµν (A.3) (ν) (µ)) (µ) (ν)) j , k , só pode diferir de j ,k por um fator de fase, pois por se tratar de partículas indistinguíveis, a probabilidade de cada partícula ser encontrada em cada um dos estados é a mesma. Ou seja, (ν) (µ)) j , k = eia j (µ) , k (ν)) , e aplicando P̂( µν) sobre esta igualdade, temos que: E E P̂( µν) j (ν) , k (µ)) = eia P̂( µν) j (µ) , k (ν)) (A.4) E E E (µ) (ν)) ia (ν) (µ)) 2ia (µ) (ν)) = e j , k = e j , k j , k (A.5) 65 66 APÊNDICE A o que leva a e2ia = 1, ou ei a = ±1. Então E E P̂(µν) j (µ) , k (ν) = ± j (µ) , k (ν) ou seja +1 e −1 (A.6) são autovalores do operados permutação. Portanto, para que o vetor de estado tenha signicado físico, este tem que ser simétrico ou anti-simétrico com relação à permutação de partículas indistinguíveis. Podemos construir esses vetores de estado da seguinte maneira: • • No caso anti-simétrico No caso simétrico 1 O fator √ 2 E E E 1 (µ) (ν) A = √ (j (µ) , k (ν) − j (ν) , k (µ) ) j , k 2 (A.7) E E E 1 (µ) (ν) S = √ (j (µ) , k (ν) + j (ν) , k (µ) ) j , k 2 (A.8) é a constante de normalização. De acordo com estas equações, podemos ver que apesar de ambos os estados estarem ocupados por uma partícula, não é possível dizer qual das partículas ocupa cada estado. Nota-se ainda que, para o caso anti-simétrico, se 0. A |ji ≡ |ki, então o vetor de estado j (µ) , k (ν) ≡ Isso signica que sistemas de partículas indistinguíveis são descrito por vetores de estados anti- simétricos e somente uma partícula pode ocupar cada estado. Este resultado é conhecido como o Princípio de Exclusão de Pauli. (µ) (ν) de estado anti-simétrico pode ser escrito como um determinante da forma j ,k A= Ovetor j (µ) j (ν) √1 (ν) generalizando, para N elétrons, temos: 2 k (µ) k E (N ) (1) (2) a , b , . . . , j (µ),...,k , , A = X 1 1 (1) (2) (µ) (N ) λP P̂ (|ai |bi . . . |ji . . . |ki ) = √ N! N! P ... . . . . . . . . . . . . (N ) (N ) (N ) a b . . . k (1) a (2) a (1) b (2) b ... e sendo M (1) k (2) k (A.9) conhecido como determinante de Slater. Então para o caso de N partículas indistinguíveis, com N >2 o número de estados |ai , |bi , . . . , |ji , |ki , . . . , |mi as bases totalmente anti (1) (2) S e totalmente simétricas a , b , . . . , j (µ) , k (ν) , . . . são 1 P 1 P projeção  = P λP P̂ e Ŝ = N ! P P̂ onde P̂ é o N! de uma partícula linearmente independentes simétricas (1) (2) a , b , . . . , j (µ) , k (ν) , . . . A construídas através dos operadores de operador permutação de λP N elementos, a soma é sobre todas as é a paridade da permutação A.2 N! permutações das N partículas e P̂ . Aproximação Hartree-Fock Como primeira aproximação, considere somente as atrações coulombianas entre elétrons e o núcleo do átomo. Cada elétron é blindado do núcleo por outros Z−1 elétrons, de maneira que a 67 EQUAÇÃO DE HARTREE-FOCK atração nuclear sentida pelo elétron é atribuída a uma carga nuclear efetiva menor que Ze − (Z − 1)e = e Ze. (A.10) Assim, podemos estabelecer um potencial central da forma Ze2 − 4π0 r VC = e2 − 4π0 r r→0 (A.11) r→∞ Assim a equação independente do tempo para cada elétron é dada por − ~2 (∇2 )ψi + Vc ψi = Ei ψi 2m i (A.12) A energia potencial total é dada pela soma da energia potencial de cada elétron. V = Z X Vc (ri ) (A.13) i=1 A autofunção ψ que satisfaz a equação de Schrodinger do problema é dada por ψ(r~1 , . . . , r~z ) = ψ1 (r~1 ) . . . ψz r~z (A.14) e o autovalor de energia é dado pela soma da energia de cada elétron. E= z X Ei (A.15) i=1 Através da função de onda, é possível calcular o potencial eletrostático clássico que deve ser comparado ao valor de Vc utilizado. Caso o critério de convergência não seja alcançado, o cálculo é refeito utilizando o novo valor de A.3 Vc Equação de Hartree-Fock A.3.1 Unidades Atômicas Para facilitar a notação, usaremos a notação atômica. A equação de Schrödinger para o átomo de hidrogênio, utilizando o Sistema Internacional (SI) é dado por −[ onde ~ ~2 2 e2 ∇ − ]φ = Eφ 2me 4π0 r é a constante de Planck dividida por π , me é massa do elétron e (A.16) e é a carga do elétron. De acordo com Szabo e Ostlund [96], usando as seguintes substituições x, y, z → λx0 , λy 0 , λz 0 (A.17) 68 APÊNDICE A obtemos −[ ~2 e2 02 ∇ − ]φ0 = Eφ0 2me λ2 4π0 λr0 podemos fatorar essa equação, se encontrarmos um λ (A.18) tal que ~2 e2 = = Ea me λ2 4π0 λ portanto isolando λ 4π0 ~2 = a0 me e2 λ= onde λ A.3.2 (A.19) é o raio de Bohr (A.20) a0 Método de Hartree-Fock É um método que busca uma solução aproximada para o estado fundamental de um sistema de elétrons em um átomo, uma molécula ou um sólido, considerando apenas um determinante de Slater. Através do método variacional são escolhidas as funções de estado de um partícula que irão compor este determinante. Considerando o problema de resolver a equação Ĥ |Φi = E |Φi com Ĥ (A.21) em unidades atômicas dado por: Ĥ = X ĥ(µ) + µ 1X 1 2 rµν (A.22) µ6=ν onde ĥ(µ) = − ∇2µ X 1 − 2 rµA (A.23) A onde o primeiro termo da equação (A.22) é a hamiltoniana de uma partícula, com o primeiro termo referente à energia cinética do elétron, e o segundo termo referente à interação coulombiana com o núcleo. O segundo termo da equação (A.22), representa a interação entre os elétrons. A desigualdade µ 6= ν evita que seja contabilizada a interação do elétron com ele mesmo, e termo 1 2 evita que cada par seja contabilizado mais de uma vez. De acordo com a abordagem dada por [95], considerando a classe de monodeterminantes dada pelo produto anti-simétrico 1 Φ = [(2n)!] 2 Â[(ϕ1 α)1 (ϕ1 β)2 . . . (ϕn α)2n−1 (ϕn β)2n ] para N = 2n (A.24) elétrons, com spin-orbitais a determinar, o funcional a ser estudado é então Z Φ∗ ĤΦdτ ≡ E[Φ] E= O primeiro termo de A.25, utilizando A.24 é Z Φ X µ ĥ(µ)Φdτ = (A.25) 69 EQUAÇÃO DE HARTREE-FOCK Z = ( X 1 [(2n)!] 2 [Â{(ϕ1 α)1 (ϕ1 β)2 . . . (ϕn α)2n−1 (ϕn β)2n }]† 1 ĥ(µ))[(2n)!] 2 [Â{(ϕ1 α)1 (ϕ1 β)2 . . . (ϕn α)2n−1 (ϕn β)2n }]dτ (A.26) µ Sabemos que † =  pois  é um operador hermitiano e que Â2 = Â, pois é um operador de projeção. Podemos então, escrever esta equação como: (2n)! XZ {(ϕ∗1 α)1 (ϕ∗1 β)2 . . . (ϕ∗n α)2n−1 (ϕ∗n β)2n }ĥ(µ)Â{(ϕ1 α)1 (ϕ1 β)2 . . . (ϕn α)2n−1 (ϕn β)2n } µ (A.27) A única permutação em que este termo não se anula, é a permutação unitária, pois os ortogonais. Portanto aplicando o operador (2n)! X (2n)! µ Z Â Φ são considerando apenas esta permutação, temos que {(ϕ∗1 α)1 (ϕ∗1 β)2 . . . (ϕ∗n α)2n−1 (ϕ∗n β)2n }ĥ(µ){(ϕ1 α)1 (ϕ1 β)2 . . . (ϕn α)2n−1 (ϕn β)2n } (A.28) 1 1 onde o termo (2n)!) aparece devido ao fator de N ! do operador de permutação. Como os elétrons são partículas indistinguíveis, podemos escrever este termo como XZ {(ϕ∗1 α)1 (ϕ∗1 β)2 . . . (ϕ∗n α)2n−1 (ϕ∗n β)2n }ĥ(µ){(ϕ1 α)1 (ϕ1 β)2 . . . (ϕn α)2n−1 (ϕn β)2n } = 2 µ X hi i (A.29) onde Z ∗ ϕµi ĥ(µ)ϕµi dυ µ hi = e o fator 2 (A.30) aparece por dois elétrons de spin opostos ocuparem o mesmo orbital. O segundo termo de A.25 utilizando o determinante dado em A.24 resulta em 1 2 X 1 = (2n)! 2 Z Z Φ† ( X 1 )Φdτ = rµν µ6=ν [Â{(ϕ1 α)1 (ϕ1 β)2 . . . (ϕn α)2n−1 (ϕn β)2n }]† µ6=ν 1 [Â{(ϕ1 α)1 (ϕ1 β)2 . . . (ϕn α)2n−1 (ϕn β)2n }]dτ rµν (A.31) † Usando novamente o fato de que  X 1 (2n)! 2 Z =  2 e  = Â, reescrevemos este termo como {(ϕ∗1 α)1 (ϕ∗1 β)2 . . . (ϕ∗n α)2n−1 (ϕ∗n β)2n } µ6=ν 1 rµν Â{(ϕ1 α)1 (ϕ1 β)2 . . . (ϕn α)2n−1 (ϕn β)2n } (A.32) Considerando nesta equação, o caso em que não há permutação e analisando o termo envolvendo os elétrons µ e ν que estão nos estados l e k ,respectivamente {. . . (ϕ∗l α)µ . . . (ϕ∗k α)ν } 1 {. . . (ϕl α)µ . . . (ϕk α)ν } rµν (A.33) Existem mais três termos com a mesma energia {. . . (ϕ∗l α)µ . . . (ϕ∗k β)ν+1 } 1 rµν+1 {. . . (ϕl α)µ . . . (ϕk β)ν+1 } (A.34) 70 APÊNDICE A {. . . (ϕ∗l β)µ+1 . . . (ϕ∗k α)ν } {. . . (ϕ∗l β)µ+1 . . . (ϕ∗k β)ν+1 } Devido ao somatório duplo em , o que resulta em um total de 8 µ e ν 1 {. . . (ϕl β)µ+1 . . . (ϕk α)ν } rµ+1ν (A.35) 1 {. . . (ϕl β)µ+1 . . . (ϕk β)ν+1 } rµ+1ν+1 µ 6= ν com (A.36) aparacerão em (A.32) os termos l e e (ν, µ) termos com a mesma energia. Outra situação em que (A.32) é diferente de zero, é aquela na qual o operador partículas entre dois estados (µ, ν) k de mesmo spin, neste caso (−1) P = −1 pois  P permuta as sempre será ímpar {. . . (ϕ∗l α)µ . . . (ϕ∗k α)ν } que é igual a {. . . (ϕ∗l β)µ+1 . . . (ϕ∗k β)ν+1 } (−1)P {. . . (ϕl α)µ . . . (ϕk α)ν } rµν (−1)P {. . . (ϕl β)µ+1 . . . (ϕk β)ν+1 } rµ+1ν+1 como no caso anterior, devido ao somatório duplo, teremos 4 (A.37) (A.38) termos e a expressão (A.25) pode ser escrita como E=2 X i Z Z Z Z 1 (2n)! X 1 (2n)! X ∗µ ∗ν µ ν 1 µν ∗ν ν µ 1 8 4 ϕi ϕj ϕi ϕj µν dυ − ϕ∗µ hi + i ϕj ϕi ϕj µν 2 (2n)! r 2 (2n!) r i,j,i>j i,j,i>j (A.39) Denindo os operadores Z ∗ν ν ϕi ϕi µ µ µ ˆ Ji ϕ = ( )ϕ rµν (A.40) Z ∗ν ν ϕi ϕ )ϕµi =( µν r (A.41) K̂iµ ϕµ e usando Jˆij e K̂ij de modo que Jˆij = Z Z K̂ij = ˆ µ ϕ∗µ i Jj ϕi dυ µ ϕ∗µ i K̂j ϕi dυ Z = Z = ˆ µ ϕ∗µ j Ji ϕj dυ (A.42) µ ϕ∗µ j K̂i ϕj dυ (A.43) podemos reescrever a expressão (A.39) como E[ψ1 , ψ2 , . . . , ψ N ] = 2 2 X ĥi + i onde a soma é feita nos orbitais ocupados. O termo as densidades ou troca. |ϕi | 2 e 2 |ϕj | X (2Jˆij − K̂ij ) (A.44) i,j Jˆij representa a interação coulombiana entre e o termo não tem análogo clássico e representa a energia de exchange EQUAÇÃO DE HARTREE-FOCK A.3.3 71 Teoria LCAO Para o caso de moléculas, a maioria dos cálculos de estrutura eletrônica é baseada na teoria de orbitais moleculares, em que os ϕi são escritos como uma combinação linear de orbitais atômicos. ϕi = X χp Cpi (A.45) p onde χp ϕi representa o p-ésimo orbital atômico e representa o i-ésimo orbital molecular, conside- rando que Z χ∗p χp dτ = 1 (A.46) Utilizaremos uma notação matricial, onde χ = (χ1 , χ2 , . . . , χp , . . . , χs ) Sendo M̂ C1i C2i Ci = .. . Csi (A.47) (A.48) C11 C12 . . . C1n C21 C22 . . . C21 C= . . . .. . . . . . . . Cs1 Cs2 . . . Csn (A.49) um operador de uma partícula então Z χ∗p M̂ χq dυ Mpq = (A.50) com a representação em matriz M11 M12 . . . M1n M21 M22 . . . M21 M = . . . .. . . . . . . . Ms1 Ms2 . . . Mss (A.51) Segue de A.30 e A.45 que Z hi = ϕ∗i ĥϕi dυ Z X X = ( χp Cpi )∗ ĥ( χq Cqi )dυ p (A.52) q ou seja hi = XX p com (A.53) q Z hpq = ∗ Cpi Cqi hpq χ∗p ĥχq dυ (A.54) 72 APÊNDICE A De mesmo modo Z Jˆij = ∗ν ϕ∗µ i ϕj 1 µ ν ϕ ϕ rµν i j (A.55) pode ser escrito como Jij = XXXX p q r ∗ ∗ Cpi Crj Cqi Csj Z ∗ν µ ν χ∗µ p χr ĝµν χq χs dυ (A.56) s ou Jij = XXXX p q r ∗ ∗ Cpi Crj Cqi Csj hpr| qsi (A.57) s ou ainda, em notação da química quântica X Jij = ∗ ∗ Cpi Crj Cqi Csj (pq|rs) (A.58) ∗ ∗ Cpi Crj Cqi Csj (ps|rq) (A.59) p,q,r,s Da mesma maneira X Kij = p,q,r,s Em notação matricial, usando a (A.50) temos para o operador de um elétron Z µ ϕ∗µ i M̂ ϕj dυ = XX q Z ∗ Cpi ( µ χ∗µ p M̂ χq dυ)Cqj (A.60) p ou, usando (A.48) Z Como os Z ϕ ϕ∗i ϕj dυ = S̄ (A.61) formam um conjunto ortonormal Z X Z X XX ∗ ∗ ∗ ∗ ( Cpi χp )( Cqj χq )dυ = Cpi Cqj χ∗p χq dυ = Ci† S̄Cj = δij p onde µ † ϕ∗µ i M̂ ϕj = Ci M Cj q p (A.62) q é a matriz de sobreposição, cujo os elementos são dados por Z Spq = χ∗p χq dυ (A.63) Portanto, a partir de (A.53), obtemos hi = Ci† hCi Da mesma maneira Jij e Kij pode ser escritos como Z Jij = (A.64) ϕ∗i Jˆj ϕi = XX p ∗ Cpi [ Z χ∗p Jˆj χq dυ]Cqi (A.65) q Jij = Ci† Jj Ci = Cj† Ji Cj (A.66) Kij = Ci† Kj Ci = Cj† Ki Cj (A.67) e EQUAÇÃO DE HARTREE-FOCK 73 O funcional a ser considerado, passa a ser então E[C1 , C2 , . . . , Cl ] = 2 X Ci† hCi + i A.3.4 X (2Ci† Jj Ci − Ci† Kj Ci ) (A.68) i.j Hartree-Fock Roothan Aplicando o teorema variacional ao funcional dado por (A.68) usando a variação da multiplicação (e lembrando que Jj e Kj incluem os orbitais por uma quantidade innitesimal δE = 2 X δϕi (δCi† )hCi + for modicado a energia sofre uma variação de i Xh (δCi† )(2Jj − Kj )Ci + (δCj† )(2Ji − Ki )Cj + i +2 ϕj ), temos que se o orbital molecular ϕi ij X Ci h(δCi ) + i Xh † Ci (2Jj − Kj )(δCi ) + Cj† (2Ji − Ki )(δCj ) i (A.69) i,j Como os somatórios dentro das chaves são idênticos, X X X X δE = 2 (δCi† ) h + (2Jj − Kj ) Ci + 2 Ci† h + (2Jj − Kj ) (δCi ) j i e considerado que as matrizes i h̄, Jj e Kj (A.70) j são hermitianas, então ∗ Jij = Jji e ∗ Kij = Kji podemos fazer δE = 2 X X X X (δCi† ) h + (Jj − Kj ) Ci + 2 (δCit ) h∗ + (2Jj∗ − Kj∗ ) Ci∗ i j i (A.71) j Ci também precisam ser transpostas para t∗ Ci então ao transpor esta linha para coluna lembrando que ao trocar as linhas por colunas as matrizes † preservar a multiplicação de matrizes. Como Ci ∗ teremos Ci = Sendo o operador de Hartree-Fock-Roothan, na base matricial dos orbitais moleculares, dado por F =h+ X (2Jj − Kj ) (A.72) j podemos reescrever a equação (A.71) como δE = 2 X X (δCi† )F Ci + 2 (δCit )F ∗ Ci∗ i (A.73) i Os orbitais moleculares são ortogonais, o que signica que Ci† SCj = δij Portanto, a variação dos δϕi (A.74) nos dá que (δCi† )SCj + Ci† S(δCj ) = 0 (A.75) 74 APÊNDICE A ou, usando que o operador S é hermitiano (δ C̄i† )S̄ C̄j + (δCjt )S̄ ∗ C̄i∗ = 0. Para que (A.76) E seja um extremo, é necessário, porém não suciente que δE = 0 . Para determinarmos essa condição, iremos usar o método dos multiplicadores de Lagrange. Multiplicando a equação (A.76) por um fator a ser determinado −2 X (δCi† )SCj ij − 2 −2ij e somando sobre X (δCjt )S ∗ Ci∗ ij = 0 ij i e j, (A.77) ij ou, trocando i por j no segundo termo −2 X (δCi† )SCj ij − 2 X ij (δCit )S ∗ Cj∗ ji = 0 (A.78) ij Adicionando (A.78) à equação (A.73), temos que δE 0 = 2 X (δCi† )(F Ci − i X SCj ij ) + 2 X X (δCi† )(F ∗ Ci∗ − S ∗ Cj∗ ji ). j Portanto a condição para que i δE 0 = 0 pra uma escolha da variação F Ci = X (A.79) j δCi ou δCit é satisfeita se SCj ij (A.80) S ∗ Cj ji (A.81) j e F ∗ Ci∗ = X j Usando o fato de que existe uma transformação unitária que torna diagonal, podemos escrever a equação (A.80) como F̄ C̄ = S̄ C̄ (A.82) que é conhecida como equação de Hartree-Fock-Roothan. Desta equação, temos que (F − S)C = 0 (A.83) Assim, temos um conjunto de equações S X (Fqp − i Sqp )Cpi = 0 com i = 1, 2, . . . , n; q = 1, 2, . . . , S (A.84) p=1 onde os autovalores são raízes da equação secular det |Fqp − Sqp | = 0 que resolvendo, obtemos (A.85) e seus autovetores ortogonais tais que, Ci† SCj = δij (A.86) 75 MÉTODOS SEMI-EMPIRÍCOS Os elementos da matriz Fpq podem ser escritos como X Fpq = hpq + rs 1 Prs (pq|rs) − (ps|rq) 2 (A.87) onde a matriz dada por Prs = 2 X ∗ Cri Csi (A.88) i é conhecida como matriz população. equação canônica de Hartree-Fock. quando os ϕi forem determinados. Por denominada solução autoconsistente. A equação (A.82) é conhecida como depende dos ϕi , ele só é conhecido equação é feita de forma iterativa, e A.4 Como o operador F̂ isso, a solução desta Métodos Semi-empirícos Cálculos utilizando as equações de Hartree-Fock-Roothan, em geral cam limitados a uma classe de problemas mais simples, pois o tempo computacional necessário é muito elevado. Outra diculdade, está associada no cálculo das integrais hpq| rsi [95]. Diante destas diculdades, é natural que se procurem métodos que sejam aplicáveis a sistemas com vários átomos. Uma dessas linhas de pesquisa é a dos métodos semi-empíricos onde todo o formalismo autoconsistente da teoria de orbitais moleculares usando expansão em orbitais atômicos (SFC-LCAO-MO) é mantido e as diculdades são resolvidas através da introdução de parâmetros. Complete Neglect Dierential Overlap (CNDO), o Intermediate Neglect Dierential Overlap (INDO) e o Neglect of Diatomic Dierential Overlap (NDDO), todos eles baseados na aproximação Zero Dierential Overlap (ZDO). Alguns dos métodos semi-empíricos utilizados são o A aproximação ZDO, matematicamente consiste em impor que χ∗p (rµ )χq (rµ )dυ ≡ 0 para p 6= q (A.89) ou seja, usando (A.46) e (A.89) Z Spq = χ∗p (rµ )χq (rµ )dυ = δpq (A.90) Portanto a equação de Hartree-Fock-Roothan se torna: X Fpq Cqi = i Cpi (A.91) q e as integrais de dois elétrons são dadas por integrais de um e dois centros. Mais precisamente não são consideradas as integrais de três e quatro centros: hpq| rsi = hpq| pqi δpr δqs (A.92) Assim os elementos de matriz do operador Fock dados por Fpq = hpq + X rs 1 Prs hpr| qsi − hpr| sqi 2 (A.93) 76 APÊNDICE A Se tornam X 1 Pqq hpq| pqi Fpp = hpp − Ppp hpp| ppi + 2 q 1 Fpq = hpq − Ppq hpq| pqi 2 A.4.1 p 6= q. (A.94) (A.95) Método semi-empíríco CNDO Esta aproximação compreende as aproximações usadas na ZDO e as seguintes aproximações hpq : para os termos (a) Os elementos das diagonais da matriz do caroço é fracionado em um termo atômico e uma soma de termos de dois centros sobre os outros átomos da molécula. Z hqq = χ∗q (µ)(−∇2 − VA )χq (µ)dυ µ − XZ χ∗q (µ)VB χq (µ)dυ µ (A.96) B6=A onde χq pertence ao átomo A. Então os termos da diagonal dados por hqq , podem ser escritos como hqq = Uqq − X VAB (A.97) B6=A onde Uqq é o elemento da diagonal referente ao q-ésimo orbital no átomo A e mede a energia do elétron descrito por χq no campo do caroço do seu próprio átomo; e a interação de um orbital com centro no átomo A e o caroço do átomo B é dado por Z χ∗q (µ)VB χq (µ)dυ = VAB (A.98) para todos os orbitais centrados no átomo A. (b) Os elementos fora da diagonal, envolvendo orbitais do mesmo átomo são descritos como hqr = Uqr − XZ χ∗q (µ)VB χr (µ)dυ µ , (A.99) B6=A onde χq e χr estão centrados no átomo A. O termo Uqr é o elemento de matriz do operador energia cinética e do potencial esférico-simétrico do caroço do átomo A e é nulo se os orbitais χq e χr são orbitais puros. Para orbitais híbridos, isso nem sempre é verdade. O segundo termo pela aproximação ZDO, pode ser desprezado. Já os elementos fora da diagonal envolvendo orbitais centrados em átomos diferentes são fracionados como Z hqr = χ∗q (µ)(−∇2 − VA − VB )χr (µ)dυ − X Z C6=A,B com χq ∈ A e χr ∈ B χ∗q (µ)VC χr (µ)dυ (A.100) 77 MÉTODOS SEMI-EMPIRÍCOS De acordo com a aproximação ZDO, o último termo pode ser desprezado, sobrando apenas o primeiro, que é conhecido como integral de ressonância βqr e é responsável pelo abaixamento de energia devido ao compartilhamento de elétrons no campo eletrostático de dois átomos. No método CNDO, βqr é proporcional à integral de sobreposição: 0 βqr = −βAB Sqr 0 βAB e o parâmetro (A.101) hqr é determinado semi-empiricamente. Portanto 0 hqr = −βAB Sqr com é dado por: χq ∈ A, χr ∈ B (A.102) 1 Dadas as aproximações,os elementos da diagonal da matriz do operador de Fock, são dados por : X 1 Fqq = Uqq + (PAA − Pqq )γAA + (PBB γAB − VAB ) 2 (A.104) B6=A PAA γAA , P B6=A −VAB vêm da aproximação (1) da CNDO para o termo 1 B6=A PBB γAB e 2 Pqq γAA são decorrentes da aproximação ZDO. Onde os termo Uqq e hqq e os termos P Os termos fora da diagonal são dados por: 1 0 Fqr = −βAB Sqr − Pqr γAB 2 com o termo 0 S βAB qr q 6= r com decorrente da aproximação (2) para o termo hqr (A.105) e o termo − 12 Pqr γAB da aproximação ZDO. A energia total pelo método CNDO é: E= X ZA ZB 1X ). Pqr (hqr + Fqr + 2 q,r rAB (A.106) B<A A.4.2 Método semi-empírico NDDO Nesta aproximação apenas os orbitais centrados em diferentes átomos tem a integral de sobreposição nula. Portanto integrais do tipo hpq| rsi, para orbitais pertencentes ao mesmo átomo são mantidas. Com isto os termos do operador de Fock se tornam: Fqr = hqr + B XX B u,v A 1X Pu,v hqu| rvi − Pu,v hqu| vri 2 u,v e B Fqr = hqr − 1 As integrais do tipo hpq| rsi para q e r∈A (A.107) A 1 XX Puv hqu| vri 2 u v q∈A são consideradas nulas a menos que p=q e e q=s r∈B (A.108) (aproximação ZDO). Neste caso tem que hpq| rsi = hpq| pqi = γpq γpq depende γpq = γAB Para garantir a invariância da teoria, assume que do tipo de orbital em si, portanto consideramos (A.103) somente do átomo ao qual o orbital pertence, e não 78 APÊNDICE A E o termo hqr é escrito como hqr = Uqr − X hq| VB |ri . (A.109) B6=A mantendo os termos para para q∈A A.4.3 e q e r pertencentes ao átomo A e usando a mesma aproximação do CNDO r∈B Método semi-empírico INDO O método CNDO tem como desvantagem a exclusão das integrais de exchange de um centro. Já no NDDO essa limitação não aparece, mas este método requer o cálculo de um número muito grande de integrais de dois centros. O método INDO surge como uma solução intermediária, no qual os produtos χ∗p (µ)χq (µ)dυ são considerados apenas para integrais de um centro. Os termos do operador de Fock são dados por: Fpp = Upp + A X rs para χq (A.110) A X 1 = Upq + (Prs hpr| qsi − Prs hpr| sqi) 2 rs (A.111) B6=A centrado no átomo A Fpq para X 1 (Prs hpr| psi − Prs hpr| spi) + (PBB − ZB )γAB 2 χp 6= χq , e χp e χq centrado no átomo A 1 0 Fpq = −βAB Spq − Ppq γAB 2 para χp 6= χq , A.5 e χp centrado no átomo A e χq (A.112) centrado no átomo B. Teoria do Funcional da Densidade A equação de Schrodinger de N elétrons com uma função de onda de 3N variáveis (se desconside- rarmos o spin), pode ser escrita com uma equação da densidade eletrônica com somente A solução foi dada por Hohenberg e Kohn em 1964 e é conhecida como Teoria do Funcional da Densidade (DFT), o que lhes rendeu o prêmio Nobel de Química em A.5.1 3 variáveis. 1998 [95]. Fundamentos da Teoria do Funcional da Densidade A Teoria do Funcional da Densidade está fundamentada em dois teoremas, propostos por Hohenberg e Kohn. Considerando um sistema com N elétrons, com o vetor posição do i-ésimo elétron, os teoremas são: (a) Teorema 1: O potencial externo sentido pelos elétrons é um funcional único da densidade eletrônica Prova Sendo o estado fundamental do sistema, caracterizado por um Hamiltoniano Ĥ com 79 TEORIA DO FUNCIONAL DA DENSIDADE um potencial externo v(r) dado por Ĥ = T̂ + Û + V̂ onde é o e V̂ T̂ operador energia cinética, Û (A.113) o operador energia de interação elétron-elétron o operador energia potencial. Suponhamos então, que exista um outro potencial externo v 0 (r) resultando em Ĥ 0 e um estado fundamental ψ0: Ĥ 0 = T̂ + Û + V̂ 0 (A.114) Por hipótese consideraremos que os dois potenciais levam a mesma densidade acordo com o teorema variacional, temos que, para o estado fundamental potencial ψ .De referente ao v(r) E E D D E = ψ T̂ + Û + V̂ ψ < ψ 0 T̂ + Û + V̂ ψ 0 e para o estado fundamental ψ0 referente ao potencial E D E D 0 0 0 0 ˆ ˆ E = ψ T̂ + Û + V ψ < ψ T̂ + Û + V ψ Subtraindo (A.114) de (A.113), podemos escrever (A.115) v 0 (r) 0 E Vˆ0 ψ 0 ρ (A.116) E D D E D ψ 0 Ĥ ψ 0 como ψ 0 Ĥ 0 ψ 0 + ψ 0 V̂ − e reescrevermos (A.115) da seguinte maneira: E D E D E D E D ψ Ĥ ψ < ψ 0 Ĥ ψ 0 = ψ 0 Ĥ 0 ψ 0 + ψ 0 V̂ − Vˆ0 ψ 0 (A.117) Lembrando que a densidade eletrônica é dado por + * N X ρ(r) = ψ δ(r − ri ) ψ (A.118) i=1 e o operador energia potencial total é V̂ = N X v(ri ) (A.119) i=1 então, o valor esperado do potencial pode ser escrito como Z N Z D E X 3 d r1 . . . d3 rN ψ ∗ (r1 , . . . , rN )v(ri )ψ(r1 , . . . , rN ) ψ V̂ ψ = (A.120) i=1 ou, usando a função Delta de Dirac para que v(r) seja calculado em cada ponto denição da densidade eletrônica dada por (A.118), D E ψ V̂ ψ = ri e a 80 APÊNDICE A N Z X 3 Z d r Z 3 Z 3 d ri v(r)δ(r − ri ) d r1 . . . Z 3 ∗ 3 d ri+1 . . . Z d rN ψ ψ = ρ(r)v(r)d3 r i=1 (A.121) Então, podemos reescrever (A.117) como: E < E0 + Z Se repetirmos este procedimento para E D 0 0 0 ψ Ĥ ψ , Z 0 E <E+ (v(r) − v 0 (r))ρ(r)d3 r (A.122) teremos (v 0 (r) − v(r))ρ(r)d3 r (A.123) Ou seja E + E0 < E0 + E (A.124) podemos ver que, ao assumirmos a mesma densidade absurdo decorrente do fato que ψ= onda para ψ 0 . Portanto a unicidade de v 6= v 0 , ρ(r) obtemos um exige considerar ψ 0 . Isso signica que a densidade contém as mesmas informações que a função de ψ do estado em questão. D A energia E[ρ] = ψ T̂ + Û + V̂ (b) Teorema 2: doEestado fundamental E0 [ρ] é mínima para a densidade ρ(r) exata, ψ . Prova Sendo a densidade de ψ 6= ρ(r) Ĥ = T̂ + Û + V̂ O teorema diz que ρ(r) de um determinado estado ψ ; não necessariamente a densidade que é ρ0 . Então ρ 6= ρ0 ⇒ ψ 6= ψ0 ou seja, E > E0 (A.125) ρ = ρ0 ⇒ ψ = ψ0 ou seja, E = E0 (A.126) E[ρ] é um funcional de ρ, cujo o valor mínimo é obtido através da densidade eletrônica do estado fundamental. Escrevendo E[ρ] como: E D D E[ρ] = ψ T̂ + Û ψ + ψ V̂ E ψ (A.127) ou D E E[ρ] = F [ρ] + ψ V̂ ψ (A.128) E D F [ρ] = ψ T̂ + Û ψ (A.129) onde é um funcional universal, válido pra qualquer sistema coulombiano e o termo D E ψ V̂ ψ depende do sistema em questão. Da mesma forma, podemos escrever E[ρ0 )] como D E[ρ0 ] = F [ρ0 ] + ψ0 V̂ E ψ0 (A.130) 81 TEORIA DO FUNCIONAL DA DENSIDADE onde ψ0 Como ρ0 é a função de onda do estado fundamental. determina ψ0 e ρ ψ determina e assumindo que tanto ρ0 quanto todos os ρ são determinados por um potencial externo, então podemos aplicar o teorema variacional, isto é D E[ψ0 ] < E[ψ] E D E E D E D ψ0 T̂ + Û ψ0 + ψ0 V̂ ψ0 < ψ T̂ + Û ψ + ψ V̂ ψ D E D E F [ρ0 ] + ψ0 V̂ ψ0 < F [ρ] + ψ V̂ ψ (A.131) (A.132) (A.133) ou E[ρ0 ] < E[ρ] A.5.2 (A.134) Equações de Kohn-Sham Como as interações de Coulomb são de longo alcance, é conveniente separar a parte coulombiana clássica do funcional universal F [p] dado por (A.129) 1 F [ρ] = 2 assim, o funcional da energia E[ρ] Z E[ρ] = onde G[ρ] Z Z ρ(r)ρ(r0 ) 3 3 0 d rd r + G[ρ] |r − r0 | se torna 1 v(r)ρ(r)d r + 2 3 Z Z ρ(r)ρ(r0 ) 3 3 0 d rd r + G[ρ] |r − r0 | e T0 [ρ] Exc [ρ] (A.137) é a energia cinética de um sistema de elétrons não interagentes com densidade contém a energia de densidade (A.136) também é um funcional universal e pode ser escrito na forma G[ρ] ≡ T0 [ρ] + Exc [ρ] onde (A.135) exchange ρ(r) e energia de correlação de um sistema interagente com ρ(r) Considerando então, o funcional de energia Z E[ρ] = 1 v(r)ρ(r)d r + 2 3 Z Z ρ(r)ρ(r0 ) 3 3 0 d rd r + T0 [ρ] + Exc [ρ] |r − r0 | (A.138) e o vínculo de que a carga eletrônica total é xa Z ou Z ρ(r)d3 r = N (A.139) ρ(r)d3 r − N = 0 (A.140) Então, podemos multiplicar a equação (A.140) por um fator da energia. a determinar e somar ao funcional 82 APÊNDICE A Assim, aplicando o teorema variacional em E[ρ], com a condição de extremo temos, Z δ(E[ρ] − [ ρ(r)d3 r − N ]) = 0 Portanto onde vxc Z δT0 δρ(r)[ + v(r) + δρ é o potencial de Z exchange-correlação, ρ(r0 ) 3 0 d r + vxc − ]d3 r = 0 |r − r0 | T0 [ρ] = 1 2 P R i (A.142) dado por vxc [ρ] = Escrevendo (A.141) δExc δρ (A.143) ψi∗ ∇2 ψi d3 r e dada a densidade de carga auxiliar ρ(r) = 2 i=1 |ψi (r)| PN a solução pode ser obtida resolvendo a equação de Schrodinger de uma partícula. onde v KS 1 (− ∇2 + v KS [ρ])ψi (r) = ψi (r) 2 (A.144) ĥKS ψi (r) = i ψi (r) (A.145) é o potencial efeito de Kohn-Sham dado por v Observe que v KS depende de ρ KS Z = v(r) + ρ(r0 ) 3 0 d r + vxc (ρ) |r − r0 | que dependerá de v KS , (A.146) portanto a solução é obtida através de um cálculo autoconsistente. A.5.3 Aproximação LDA para o termo Note que para termos v KS Exc é preciso fazer uma escolha a priori exhcangeLocal Density do funcional de correlação, Exc [ρ] . Existem várias aproximações para este termo. Na aproximação Approximation (LDA), a energia de exchange-correlação para um sistema de gás de elétrons homogêneo de densidade ρ(r) no ponto r é assumida igual à energia de exchange-correlação de um gás de elétrons homogêneos com a mesma densidade [95]. Supõe-se ainda que ρ(r) varie suavemente nas proximidades do ponto r. Assim, Z Exc [ρ] = onde hxc é a energia de densidade exchange-correlação ρ(r)hxc (ρ(r))d3 r (A.147) por elétron de um gás de elétrons homogêneos de ρ = ρ(r). Segue que vxc [ρ] ≡ Existem várias propostas para o d (ρ(r)hxc [ρ(r)]) dρ(r) hxc Independente da parametrização, na aproximação LDA, Exc [ρ] ≈ (A.148) LDA Exc [ρ] Z = Exc [ρ] é dado por ρ(r)[x (ρ(r)) + c (ρ(r))]d3 r (A.149) TEORIA DO FUNCIONAL DA DENSIDADE exchange onde se separa o termo de 83 e o termo de correlação que é complexo e não pode ser deter- minado exatamente. A energia total do sistema, pode ser obtida em função dos autovalores i . Considerando a equação de KS 1 (− ∇2 + v(r) + 2 e multiplicando a esquerda por ψi∗ , ρ(r0 ) + vxc [ρ])ψi = i ψi |r − r0 | Z (A.150) integrando em todo o espaço e somando sobre todos os orbitais ocupados, teremos. Z T0 [ρ] + Z Z 3 v(r)ρd r + ρ(r0 )ρ(r) 3 3 0 d rd r + |r − r0 | Z 3 vxc [ρ]ρ(r)d r = N X i (A.151) i=1 Comparando (A.151) com o funcional de energia, dado por (A.138), teremos que E[ρ] = N X i=1 1 i − 2 ρ(r0 )r 3 3 0 d rd r + |r − r0 | Z Z que é a energia total escrita em função dos autovalores A.5.4 Z ρ(r)[xc [ρ] − vxc (ρ)]d3 r (A.152) i . O autovalor na Equação de Kohn-Sham Pode se mostrar que a variação da derivada da energia total com respeito a ocupação orbital é igual ao autovalor da equação de Kohn-Sham. A prova sem se restringir à forma do funcional Exc foi feita por Janak. Denindo o funcional da energia cinética T0 [ρ] T0 [ρ] = como N X ti (A.153) i onde usando (A.162), constrói-se Z ti = Portanto T0 [ρ] ti para um sistema de N elétrons. Z 1 ψi∗ (− ∇2 )ψi dr = i − 2 ψi∗ (v KS [ρ])ψi dr (A.154) é obtido em termos das N soluções da equação KS, com hamiltoniano efetivo de um elétron. A densidade de cargas ρ(r) em termos do número de ocupação ni de cada orbital ψi , é dada por ρ(r) = X ni |ψi (r)|2 (A.155) i onde consideramos Ainda usando ni como um parâmetro que pode assumir valores não inteiros. ni podemos introduzir uma forma generalizada para o funcional da energia cinética T̃ ≡ X ni t i (A.156) obtendo uma energia total generalizada Ẽ ≡ T̃ + U [ρ] + Exc [ρ] (A.157) 84 APÊNDICE A U [ρ] onde e Exc [ρ] dependem do valor de Considerando a derivada de Ẽ ni através da densidade ρ ni com relação a um dos ∂ Ẽ = ti + ∂ni e substituindo ti X nj j ∂tj + ∂ni Z 2 v KS |ψi |2 + nj j ∂|ψj | dr ∂ni (A.158) pela quação (A.154) Z X ∂tj ∂ Ẽ = i + nj ( + ∂ni ∂ni ∂ |ψj |2 dr) ∂ni (A.159) ∂ψj 1 dr ψj∗ (− ∇2 ) 2 ∂ni (A.160) v KS j Notando que X ti = R ψ ∗ (− 12 ∇2 )ψi dr ∂tj = ∂ni Z então ∂ψj∗ 1 2 (− ∇ )ψj dr + ∂ni 2 Z Portanto X ∂ Ẽ = i + nj ∂ni Z j ∂ψj∗ 1 2 (− ∇ + v KS )ψj dr + ∂ni 2 ou ainda, usando (A.162) e o fato que de o operador Z ĥKS 1 ψj∗ (− ∇2 2 +v KS ∂ψj ) dr ∂ni (A.161) é hermitiano, e portanto 1 (− ∇2 + v KS [ρ])ψi∗ (r) = ψi∗ (r) 2 (A.162) então X ∂ Ẽ ∂ = i + j nj ∂ni ∂ni Z 2 |ψj |2 dr (A.163) j Como ∂ ∂ni Z |ψj |2 dr = 0 (A.164) obtém-se ∂ Ẽ = i ∂ni (A.165) Através desta relação, com o estado fundamental de um sistema de associando para n=0 (0 ≤ n ≤ 1) e n = 1, N ao orbital mais baixo desocupado, e considerando que e N +1 Ẽ é a energia exata, partículas, teremos: 1 Z EN +1 − EN = i (n)dn (A.166) 0 que exige o conhecimendo de (n) para valores de n entre 0 e 1. Slater introduziu uma aproximação que é conhecida como estado de transição e corresponde a um cálculo de (n) de aproximação. Nesta aproximação, como a função varia linearmente com n, a diferença de energia total pode ser obtida considerando o ponto médio,n = em primeira ordem 1 2 , ou seja, determinando ( 12 ) 85 FUNÇÕES DE BASE A.6 Funções de Base Um conjunto completo de funções de base precisa ser usado para representar os spin-orbitais corretamente. O uso de um número innito de funções de base resultaria na energia de HartreeFock. Este limite, conhecido como limite de Hartree-Fock, não é exatamente a energia do estado fundamental da molécula, pois o efeito de correlação eletrônica continua não sendo levado em conta. No entanto, um conjunto innito de funções de base é computacionalmente impossível e uma base nita precisa ser usada, o que acarreta um erro conhecido. Este erro é chamado de erro de truncamento do conjunto de base. A medida desse erro é a diferença entre o limite de Hartree-Fock e o valor computado de menor energia. A escolha do conjunto de base deve ter o cuidado de manter um número de funções pequeno (para evitar o número de integrais de dois elétrons), minimizar o esforço computacional em calcular cada integral, e manter um pequeno erro de truncamento. A base escolhida é frequentemente real. Uma escolha de base são os orbitais de Slater, ou Slater-type orbitals 2 (STO) . Para cálculos atômicos, as funções de base STO estão centradas em cada átomo. No entanto para cálculos com moléculas de três ou mais átomos, o cálculo das integrais de mais do que dois elétrons (ab|cd) é impraticável. A introdução dos orbitais do tipo gaussiana, ou (Gaussian-type orbitals GTO) por S.F. Boys em 1950 foi uma importante contribuição no sentido que tornou cálculos ab initio computacionalmente possíveis. Gaussianas são funções da forma: θijk (r1 − rc ) = (x1 − xc )i (y1 − yc )j (z1 − zc )k e−α|r1 −rc | onde 2 (A.167) (xc , yc , zc ) são coordenadas cartesianas do centro das funções gaussianas em rc ; (x1 , y1 , z1 ) são coordenadas cartesianas de um elétron em expoente positivo. Quando tipo p; quando i = j = k = 0, i+j+k =2 r1 ; i, j e k são inteiros não negativos e as Gaussianas são do tipo s; quando α é um i+j+k = 1 é do é do tipo d. A principal vantagem do GTOs é que o produto de duas gaussianas centradas em diferentes átomos é equivalente a uma gaussiana centrada no ponto médio entre estes dois átomos. Portanto, integrais de dois, três e quatro centros podem ser reduzidas a integrais de dois centros, tornando o cálculo computacionalmente mais rápido. No entanto, uma desvantagem deste tipo de função, é que as GTOs dão uma representação muito pobre do orbital próximo ao núcleo, e por isso é necessário uma base grande de funções pra atingir a acurácia obtida pelas funções STOs. Para amenizar esse problema, algumas GTOs são frequentemente agrupadas para formar o que é conhecido como funções gaussianas contraídas. Cada gaussiana, χ é tomada com uma combinação linear xa das gaussianas originais, ou primitivas, g, centrada no mesmo núcleo atômico: χj = X dij gi (A.168) i com os coecientes de contração 2 dij e os parâmetros g xos durante os cálculos. Os orbitais são Mais detalhes podem ser encontrados no capítulo 7.14 Slater atomic orbitals de [97] 86 APÊNDICE A então expressados através de uma combinação linear de Gaussianas contraídas. ψi = X cji χj (A.169) j O uso de funções contraídas no lugar de Gaussianas primitivas reduz o número de coecientes cji desconhecidos a serem determinados no cálculo HF. Por exemplo, se cada Gaussiana contraída é composta de três primitivas de um conjunto de que envolveria 30 coecientes cji 30 funções de bases primitivas, então a expansão desconhecidos, com a expansão correspondente usando funções contraídas envolve somente 10 coecientes, o que economiza esforço computacional, com pouca perda de acurácia se as funções contraídas forem bem escolhidas. As gaussianas primitivas e contraídas são construídas através do cálculo atômico com um conjunto de funções previamente escolhidas. Através desse resultado um conjunto de expoentes α otimizados é usado para os cálculos moleculares. O conjunto mais simples de funções de base é chamado de conjunto mínimo de base e é aquele no qual uma função é usada para representar cada orbital da teoria de valência. No entanto, um conjunto mínimo de base fornecem energia e funções de onda que não são muito próximas do limite de Hartree-Fock e por isso cálculos mais precisos precisam de bases mais extensas. Uma melhora signicativa é alcançada adotando um conjunto de base double-zeta (DZ) no qual cada função de base do conjunto mínimo é substituído por duas funções de base, o número de funções de base é duplicado e com ele o número de coecientes a serem determinados. Na base triple-zeta (TZ), três funções de base são usadas para representar cada orbital da teoria de valência. Entre a inadequação da base mínima e a demanda computacional das bases DZ e TZ surgem o conjunto de base split-valence (SV). Cada orbital atômico de valência é representado por duas funções de base enquanto cada orbital atômico da camada interna é representado por apenas uma função de base. As bases descritas até aqui ignoram contribuições de funções de base que representem orbitais para quais o valor do número quântico l é maior que o valor máximo considerado pela teoria de valência. Porém, quando ligações são formadas em moléculas, os orbitais atômicos são distorcidos (ou polarizados) pelos átomos adjacentes. Esta distorção pode ser representada incluindo funções que representem valor mais alto de l. Por exemplo, a inclusão de um orbital do tipo razoavelmente bem a distorção de um orbital resulta na double-zeta plus polarization basis 1s. p pode modelar A adição dessas funções polarizadas à base DZ (DZP). Existem inúmeras maneiras de construir o conjunto de base com gaussianas contraídas. Uma abordagem é ajustar os quadrados mínimos das N gaussianas primitivas para um conjunto de STOs otimizados através de cálculos atômicos para o carbono. A expansão de STO em termos de N gaussianas primitivas é designado STO-NG. Uma escolha comum é a de N=3 e designada STO-3G. Uma outra abordagem consiste em realizar cálculos atômicos usando uma base relativamente grande de primitivas. Este procedimento resulta em coecientes cji determinados através de um cálculo SCF para as primitivas de cada orbital, que serão usados para obter as gaussianas contraídas para o cálculo molecular. Outro comum esquema de contração é o 3 − 21G, onde uma gaussiana contraída composta de três primitivas é usada para representar os orbitais da camada interna e cada orbital de valência é representado por duas funções, uma contraída de duas primitivas e uma primitiva não contraída. As FUNÇÕES DE BASE 87 primitivas são otimizadas anteriormente através de cálculos SCF atômico e os conjuntos contraídos são usados no cálculo molecular. A base 6 − 31G∗ é a base 6 − 31G com a adição de funções polarizadas na forma de funções do tipo d para cada átomo que não seja o H. Já a base é adicionada um conjunto de três funções do tipo p, para cada átomo de H. 6 − 31G ∗ ∗ Apêndice B Artigo 88 Physics Procedia 00 (2010) 000–000 www.elsevier.com/locate/procedia 15th Brazilian Workshop on Semiconductor Physics Theoretical study of atomic arrangement in BXCYNZ nanotubular structures T.A. Souzaa, M.R.A. Silvaa, A.C.M. Carvalhoa* a GDENB: Grupo de Desenvolvimento de Estruturas Nanométricas e Materiais Biocompatíveis Departamento de Física e Química – ICE – Universidade Federal de Itajubá, CEP 37500-970, Itajubá, MG, Brazil Abstract A theoretical approach was used to study the atomic arrangements of boron carbonitride nanotubes with diameters from 4 to 16 Å. The role played by nitrogen and boron doping in the structural stabilization of these molecular systems was evaluated, and the geometry of carbon and boron carbonitride nanotubes was investigated using quantum chemical methods. The atomic arrangements and chemical compositions of B-C-N tubular structures proposed in the literature (BCN, B3C2N3, and BC2N) were analyzed. The results showed that the energy associated with boron and nitrogen incorporation depends strongly on tube diameter and the B-C-N atomic distribution in the tubular structures. © 2010 Published by Elsevier B.V. Keywords: boron carbonitride nanostructures, nanotubes, semi-empirical, structural stabilization, enthalpy of formation 1. Introduction The outstanding mechanical and electronic properties of carbon nanotubes (CNT) [1] have led to the investigation of analogous materials such as boron nitride (BN), boron carbonitride (B XCYNZ), and boron carbide (BC) nanotubes. The electronic properties of carbon nanotubes depend only on their diameter and chirality [1]. These systems are usually treated as one-dimensional semiconductors or metals, depending on the geometry of the tubes [1]. The classification of single-walled carbon nanotubes (SWNTs) is based on two chiral indices (n, m), which give the geometry of the graphene ribbon that is rolled to form a nanotube. According to the usual nomenclature, nanotubes are said to be achiral when one of the indices is zero (zigzag) or when n = m (armchair), while all the other variants are chiral. It has been proposed that CNTs behave as 1-D conductors when the difference between the chiral indices is a multiple of 3: n – m = 3q, where q is an integer [1]. * Corresponding author. Tel.: +55-35-3629-1138; fax: +55-35-3629-1140. E-mail address: [email protected]. T.A. Souza, M.R.A. Silva, A.C.M. Carvalho / Physics Procedia 00 (2012) 000–000 Semiconducting nanotubes are of interest in the fabrication of electronic devices as they offer the mechanical properties of small band gap semiconductors in systems of nanoscopic dimensions. Metallic nanotubes are the prototypes of mechanically robust molecular wires. However, the development of experimental techniques to precisely synthesize carbon nanotubes with uniform helicity and electronic properties remains a challenge, and imposes limitations on the technological applications of these nanostructures. Theoretical [2] and experimental [3-5] studies have shown that it is possible to modify the electronic properties of the nanotubes by replacing some of the carbon atoms with heteroatoms [6]. Since the incorporation of these heteroatoms can also alter the structure [7, 8], chemical reactivity [9], and mechanical characteristics [10] of the nanotubes, it follows that it should be possible to control nanotube properties. Following the discovery of BXCYNZ nanotubes in 1994 [11], various methods to synthesize ternary boron carbonitride nanotubes have been reported, including arc discharge [12-16], laser ablation [17], pyrolysis [18, 19], hot-filament chemical vapor deposition [20], plasma rotating electrode process [21], and others. Quantum chemical calculations of the structural stability and electronic properties of boron carbonitride systems have been reported by several authors [11, 22-26]. BN nanotubes are semiconductors characterized by wide band gap energy, of about 5.5 eV, that is independent of radius and helicity [27]. Theoretical studies have revealed that the electronic properties of BXCYNZ nanotubes can be tuned simply by changing their atomic compositions and configurations [28-32]. This characteristic means that BXCYNZ nanotubes could be useful in technological applications where carbon and BN nanotubes are unsuitable. Goldberg et al. [5] reported that multi-walled BN nanotubes have preferentially zigzag type chirality along their circumference, based on their diffraction patterns. In the case of B XCYNZ nanotubes, experimental measurements have revealed B-C-N compounds with distinct stoichiometries [22-41]. An important member of the BXCYNZ family is the BC2N nanotube [29-31, 40, 41]. Experimental and theoretical results have indicated that the BC2N nanotube is the most probable structure [31], although other possible atomic arrangements and chemical compositions (BCN, B3C2N3, BC4N, and B5CN5) of B-C-N tubular structures have also been studied. Although the general chemical characterization of B-C-N materials is well established, and routinely performed using electron energy loss spectroscopy, determining the spatial distributions of B, C, and N species in the structures still remains problematic. In the present work, we report a quantum chemical study of BXCYNZ nanotubes with diameters varying from 4 to 16 Å. We analyze the role played by boron and nitrogen doping (BN-pair doping) in the energetic stabilization of these molecular systems. In our previous theoretical work [42, 43], it was analyzed nitrogen incorporation energy in carbon nitride nanotubes with diameters from 5 to 10 Å. It was concluded that carbon atoms are more easily substituted by nitrogen atoms in small diameter nanotubes than in larger ones. In the case of BXCYNZ nanostructures, our theoretical results revealed that the energy of incorporation of the BN-pair also depends on nanotube diameter. Determination of the heat of formation after BN doping showed that the BN-pair incorporation energy depended on tube diameter, as well as on the atomic arrangement within the tubular structure. 2. Computational details The geometries of tubular structures composed of carbon and boron-carbon-nitrogen (B-C-N) atoms were fully optimized using the semi-empirical Austin Method 1 (AM1) quantum chemical technique [44], which is based on Hartree-Fock theory. The advantages of semi-empirical calculations are that they are much faster than ab initio calculations, and that they can be used for large organic molecules. A disadvantage of semi-empirical methods is that certain properties cannot be confidently predicted. In the case of the properties analyzed in this study, the AM1 technique is very reliable for prediction of the molecular geometries and heats of formation of carbon materials. The error in heats of formation determined using AM1 is about 8.0 Kcal/mol [45], compared to experimental values. The average error in estimation of bond length is 0.05 Å [45]. Terminal bonds at tube ends were saturated with hydrogen atoms. Certain carbon atoms were substituted by boron and nitrogen atoms, and the geometries were re-optimized. In contrast to our earlier work, boron-nitrogen pair (BN-pair) substitution was not random, with sites being chosen in order to give various stoichiometric configurations. The energy associated with the incorporation of boron and nitrogen was calculated as the difference between the formation enthalpies of BN-doped and pure carbon systems, divided by the number of BN-pairs. These calculations were performed within the Spartan quantum chemical package [46]. T.A. Souza, M.R.A. Silva, A.C.M. Carvalho / Physics Procedia 00 (2012) 000–000 3. Results and Discussion Schematic models of possible BXCYNZ nanotube structures are shown in Figure 1. These correspond to the optimized conformations of tubes with B3C2N3, B4CN3, BCN, B3CN4, B5C2N5, and BC2N stoichiometries (other BXCYNZ stoichiometries were also investigated). The diameters of these model molecules range from 4 to 16 Å. After BN-doping, the theoretical results showed some distortion in the tube walls, which generated variations in the BXCYNZ tube diameter. The diameters considered corresponded to the average values calculated for nanostructures with the same chirality. Over 50 model molecules were constructed, considering armchair ((4,4), (6,6), (8,8), and (12,12)) and zigzag ((6,0), (8,0), (9,0), (10,0), (12,0), (16,0), and (18,0)) nanotube helicitie. The graphene sheet formed the basis for construction of the model molecules, with BN-pair substitution being dependent on the desired BXCYNZ stoichiometry. This approach enabled analysis of the structural stabilization of different BN-pair tubular distributions, for the same nanotube chirality and/or BXCYNZ stoichiometry. (a) (b) (c) (g) (d) (h) (e) (f) (i) Figure 1. Fully relaxed model molecules studied in this work: (a) B3C2N3, (b) B4CN3, (c) BCN, (d) B3CN4, (e) B2xCx-2Nx+2, (f) BC2N, (g) B5C2N5, (h) B3C2N3, and (i) B3C2N3. Other BXCYNZ stoichiometries, not shown in this picture, were also considered. In this ball-tube scheme, yellow balls represents boron atoms, grey balls are carbon, blue balls are nitrogen, and white balls are hydrogen atoms. Theoretical studies concerning the energetic stability and electronic structures of BXCYNZ nanotubes and nanojunctions have been performed using ab initio density functional theory (DFT) and semi-empirical methods [23, 28, 35, 40, 47, 48]. The geometries and electronic structures of double-walled boron carbonitride nanotubes have also been calculated [26]. In these studies, the formation energy of the nanotubes was determined according to an earlier model [29] that employed a zero-temperature thermodynamic approach based on the prior determination of the chemical potentials of BB- and CC-pairs [49, 50]. In the present work, determination of the formation energy of BXCYNZ nanotubes, and the incorporation energy of BN-pairs, was based on calculation of Enthalpy of Formation using the semi-empirical AM1 method. Figures 2 and 3 show the evolution of the enthalpy associated with BN-pair incorporation, as a function of nanotube diameter, for BXCYNZ zigzag (dark symbols) and armchair (open symbols) nanotubes, respectively. The enthalpy of incorporation was calculated as the relative enthalpy per added BN-pair ([ Hf(BXCYNZ) Hf(C)]/n(BN)), where Hf is the heat of formation obtained from AM1 calculations. Analysis of the energy of incorporation of BN-pairs in the model molecules suggests that small diameter nanotubes are more easily doped by BN-pairs than large nanotubes. Theoretical comparisons of the energy of incorporation for zigzag boron carbonitride nanotubes showed that, for the same BXCYNZ stoichiometry, the atomic arrangement affected the formation enthalpy of the model molecules. In summary, it can be concluded that the energy associated with the incorporation of BNpairs is influenced by both tube diameter and the atomic arrangement. T.A. Souza, M.R.A. Silva, A.C.M. Carvalho / Physics Procedia 00 (2012) 000–000 Figure 2. Heat of Formation results for zigzag BXCYNZ nanotubes with different diameters. The B3C2N3 and B5C2N5 stoichiometries correspond to the model molecules shown in Figure 1 (see text). B3C2N3 (1) and B3C2N3 (2) have different atomic arrangements for the same stoichiometry. The black and white symbols correspond to zigzag tubes with BCN and BC2N stoichiometry, as proposed by Azevedo et al. [31] Figure 3. Heat of Formation results for armchair BXCYNZ nanotubes with different diameters. B3C2N3, BCN, and BC2N stoichiometries correspond to the model molecules shown in Figure 1 (see text). T.A. Souza, M.R.A. Silva, A.C.M. Carvalho / Physics Procedia 00 (2012) 000–000 Hf(BxCyNz)- Hf(C)/n(BN) (eV) A summary of the results obtained for several of the BXCYNZ nanotubes analyzed in this work is presented in Figure 4. It can be concluded from comparison of the calculated energies of incorporation for these model molecules that the BC2N nanotube is not the most stable structure in terms of its chirality. It has been suggested that B and N atoms have a strong preference to exist as neighbors in boron carbonitride nanotubes. The B3C2N3 armchair nanotubes showed the lowest formation energy because there are a greater number of B-N bonds in this atomic arrangement [27]. In the case of zigzag nanotubes, the incorporation energy results indicated that tubes with B5C2N5 stoichiometry are the most energetically stable. This configuration also maximizes the number of B-N bonds. -1.4 B 3C 2N 3 -1.6 BCN BC2N B3C2N3 (1) -1.8 B 5C 2N 5 B3C2N3 (2) -2.0 -2.2 -2.4 -2.6 -2.8 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 Diameter ( ) Figure 4. Heat of Formation results for zigzag (dark symbols) and armchair (open symbols) BXCYNZ nanotubes of different diameters and stoichiometries. The BXCYNZ stoichiometries indicated in the legend correspond to the model molecules shown in Figure 1 (see text). Although BC2N stoichiometry is considered to be the most probable nanotubular structure [31], it can be concluded from the results shown in Figures 2 and 4 that BXCYNZ nanotubes with B3C2N3 and B5C2N5 stoichiometries can be also stable structures as BC2N. These stoichiometries result in the lowest BN-pair incorporation energies, because the atomic arrangements minimize the number of B-C and C-N bonds. 4. Conclusions Semi-empirical methods were used to investigate the energetic and structural stability of BXCYNZ nanotubes. The results of formation enthalpy analyses suggested that for zigzag nanotubes, the energy of incorporation of BN-pairs depends more on atomic arrangements than on nanotube diameter and helicity. As with carbon nitride nanotubes, small diameter boron carbonitride nanotubes are more easily doped by BN-pairs than large diameter tubes. The most stable structures are those that minimize the number of B-C and C-N bonds, such as B3C2N3 and B5C2N5 structures. 5. Acknowledgements The authors acknowledge financial support from Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). 6. References 1. Saito, R., et al., Physical Properties of Carbon Nanotubes. London: Imperial College Press; 1998. T.A. Souza, M.R.A. 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