PRÁTICAS GESTORAS NA SALA DE AULA: REFLETINDO SOBRE
AS ATIVIDADES DOCENTES
Manuelli Cerolini Neuenfeldt1
Resumo:
O referente trabalho é um recorte da monografia desenvolvida durante o Curso de
Especialização em Gestão Educacional, na UFSM. A nossa pesquisa trata da importância do
papel do professor gestor no processo de ensino-aprendizagem dos alunos, bem como a
melhoria da qualidade de ensino através de práticas pedagógicas que considerem a
participação e envolvimento em todo o contexto do cotidiano escolar. Para tanto, o estudo se
deu através de uma abordagem sócio-cultural, a partir de uma pesquisa qualitativa, com
professoras de uma escola particular do município de Santa Maria, RS. Os achados que
permitiram a análise deste estudo foram conseguidos através de entrevistas semi-estruturadas
e abertas, conversas informais com os sujeitos em questão e observações do cotidiano da
escola e das salas de aula dessas professoras. A partir das entrevistas realizadas, questionamos
as professoras sobre suas concepções de gestão democrática, como tinha acontecido a
construção do projeto pedagógico na escola em que atuam, se a equipe diretiva abria espaços
para participação e tomada de decisões da comunidade escolar, bem como, sobre suas
concepções sobre o que é ser gestor e como poderia se dar esse tipo de prática na sala de aula.
Percebemos em seus discursos uma intenção em participar das atividades da escola de forma
mais participativa, mas são “barradas” por uma equipe diretiva que não permite um maior
envolvimento na tomada de decisões. A respeito das concepções sobre ser gestor, as
entrevistadas revelaram em suas falas/vozes que tentam assumir esse papel em sala de aula,
porém não se consideram gestoras nas suas práticas, deixando explícito que acreditam que
essa é uma atitude que se restringe de uma forma geral à equipe diretiva. Por outro lado,
apesar das narrativas levantarem esses aspectos, observamos em suas práticas que essas
professoras têm atitudes gestoras, mesmo que não se assumam como tais. Elas atuam de
forma que instiga os alunos a participar do processo de ensino-aprendizagem, são reflexivas
quanto ao trabalho que desenvolvem na escola, trabalham de forma coletiva com a
comunidade escolar e vários outros aspectos que foram possíveis perceber nesse
acompanhamento que fizemos de suas realidades.
Palavras-chave: Gestão Escolar. Práticas pedagógicas. Ensino-aprendizagem
1
Especializanda do Curso de Gestão Educacional/CE/UFSM – e-mail: [email protected]
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A gestão democrática no contexto da escola
As mudanças vividas na atualidade (décadas de 80 e 90) em nível mundial, nos
termos econômicos, sociais e culturais, através das novas tecnologias da comunicação, entre
outros fatores, têm provocado uma nova atuação dos Estados na organização das políticas
públicas, por meio de um movimento de repasse de poderes e responsabilidades dos governos
centrais para as comunidades locais. Segundo Ferreira e Aguiar (2001, p.43)
Inúmeros fenômenos sociais novos passam a disputar a cena, tais
como o surgimento de novos postos de trabalho, perda de outros,
novos grupos organizados e arrefecimento de outros, novas tendências
políticas e grande diversificação institucional. Tais fatos passam a
influenciar as instituições escolares até porque as exigências do
mundo do trabalho, da vida sociopolítica e cultural se tornam mais e
mais articuladas com os conhecimentos e as capacidades aprendidos
nas escolas.
Dessa maneira, a educação sofre os efeitos diretos dessas mudanças, tendo como um
primeiro movimento de transformação a descentralização da gestão escolar, hoje percebido
como uma das mais importantes tendências das reformas educacionais em nível mundial e um
tema importante na formação continuada dos docentes e nos debates educacionais com toda a
sociedade.
Assim, a visão que se tinha de uma escola sem participação de seus componentes,
deixando o poder na mão de poucos, abre espaço para que se discutam todas as atividades
escolares e que sua comunidade, de maneira geral, faça parte dessa tomada de decisão.
Partindo dessa idéia mais ampla, podemos nos remeter a algumas questões
específicas às quais nos interessam particularmente: Como essa tendência é vivida nas escolas
e nos sistemas educacionais? Que desafios precisam ser enfrentados, considerando a tradição
de uma escola autoritária e centralizadora? Qual a relação entre a democracia na escola e a
qualidade do ensino? O que se entende por gestão democrática na educação? Essas são
algumas das preocupações que surgem quando se busca entender este processo que a escola
procura construir ao tentar descentralizar o poder e dar mais autonomia aos professores, aos
alunos e à comunidade escolar em geral.
A gestão democrática da educação está associada ao estabelecimento de mecanismos
legais e institucionais e à organização de ações que desencadeiem a participação, através da
formulação de políticas educacionais, no planejamento, na tomada de decisões, na definição
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do uso de recursos e necessidades de investimento, na execução das deliberações coletivas,
nos momentos de avaliação da escola e da política educacional. Segundo Santos, Silva e
Ketzer (1994, p.88)
(...) não ocorrem mudanças pedagógicas quando as alterações
propostas ficam em nível de programas estruturados, métodos e
avaliação sem levar em conta a prática dos mestres e sua participação
no processo. Todos os agentes implicados precisam colaborar, sem
que sejam marcadas diferenças entre membros, para que as relações
sejam de mútuo enriquecimento, através de um trabalho em equipe.
Nesse sentido, apontada a necessidade de uma reestruturação da instituição escolar,
as propostas pedagógicas aparecem como um ponto de partida para essa nova organização e
começam a ser entendidas como um documento singular e único de cada escola, onde, além
de caracterizar a realidade em questão (seus sujeitos, sua cultura, etc), deve ser um norteador
de todas as práticas pedagógicas e administrativas. Assim, segundo Santiago (1995, p.17)
...o projeto pedagógico ultrapassa a concepção de reorientação
curricular ou metodológica com finalidades especificamente
cognitivo-instrumentais para incorporar, na práxis educativa,
permeando os conteúdos do ensino e as relações pedagógicas,
elementos ético-normativos, subjetivos e culturais do mundo concreto,
onde os sujeitos, mediados pela comunicação, organizam-se e
interagem produzindo saber, cultura e condições necessárias à
existência, através do trabalho.
Dessa forma, a proposta pedagógica não pode ser vista como um documento pronto
e inflexível. Ela precisa ser construída coletivamente, desde o planejamento, diretrizes,
objetivos e metas até a sua avaliação, para que realmente tenha um significado real para todos
os membros da instituição, podendo ser constantemente repensada e adaptada às novas
situações que vão surgindo e, assim, guiando também as reflexões tão necessárias ao processo
como um todo. Para que isso aconteça, a equipe escolar deve abrir espaços para discussões e
o acompanhamento de todas as atividades pedagógicas e administrativas, a fim de tornar o
projeto um documento dinâmico e acessível para todos.
Realidade escolar e práticas pedagógicas na escola: um contexto que exige reflexão
Não é difícil percebermos que a sociedade de hoje impõe um novo modelo de
educação. O mercado de trabalho, as novas e cada vez mais acessíveis tecnologias e o mundo
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globalizado fazem com que todo o processo de ensino-aprendizagem e as relações dentro da
escola e na sociedade em geral sejam revistos.
A escola precisa estar cada vez mais preparada para lidar com questões que fazem
parte desta nova visão da sociedade, através do trabalho coletivo de toda a equipe escolar, a
fim de que não haja distinção entre o político e o pedagógico, mas que ambos estejam unidos
na busca da qualidade do ensino.
Porém, frente à incapacidade da escola de reduzir os índices de reprovação, de
aproximar a família da escola, a dificuldade de conseguir profissionais com uma boa
formação e que consigam articular os conteúdos com a realidade existente, entre outras tantas
situações que hoje percebemos, faz com que se chegue a uma conclusão: o sistema
educacional não está preparado para lidar com essa nova realidade.
Assim, segundo Aranha (2005, p.76)
As transformações que o mundo em geral, a sociedade brasileira e a
escola em particular têm vivenciado apontam para o aguçamento
dessas dimensões [política e pedagógica] e desconhecê-las pode ser,
além de um grave erro político-pedagógico, um entrave real ao avanço
da escola e do processo de ensino-aprendizagem por ela desenvolvido.
Nesse sentido, acreditamos que para atender a essa nova demanda social, buscando
uma educação de qualidade, aquelas velhas práticas de reprodução, tanto na sala de aula
quanto na administração da escola, devem ser revistas. A reflexão, a participação, o diálogo, o
preparo dos profissionais para atender às novas exigências que são impostas são pontos
essenciais e obrigatórios se quisermos pensar na escola como parte integrante desse novo
modelo de sociedade. Hengemühle (2004, p.35) propõe que os docentes, para chegar a uma
prática de qualidade, devem levar em conta quem é o indivíduo que vão ensinar, “Quem é
esse ser humano para o qual preparamos aulas? Como esse ser humano aprende? A partir do
que e como ele se motiva?”.
Assim, um ensino que anteriormente se limitava a ensinar a ler, escrever e fazer
contas, hoje deve se preocupar em ampliar a visão de mundo dos educandos, trabalhando com
a diversidade, com os conhecimentos prévios, com a capacidade de lidar com a informação,
de dialogar, de refletir e de construir, seus próprios conhecimentos, através da mediação do
docente.
Mas, para que tudo isso se torne efetivo, um ponto é fundamental nesse processo: os
professores. E estes serão, a partir de agora, o nosso foco neste estudo.
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A prática dos professores
A grande maioria das escolas ainda possuem uma visão de educação que perpetua a
idéia de que o professor é o “detentor” de todo o conhecimento, sujeitando o aluno a um papel
secundário e totalmente passivo na sala de aula. Os professores são os que transmitem
informações para os alunos que apenas servem de receptores (quando isso realmente
acontece), não abrindo espaços para os diálogos e interação, o que ocasionaria uma
aprendizagem efetiva dos educadores e educandos. Freire (1992, p.71 e 72), traz uma
passagem muito interessante que retrata o que explicitamos anteriormente:
Não há como não repetir que ensinar não é pura transmissão mecânica
do perfil do conteúdo que o professor faz ao aluno, passivo e dócil.
Como não há também como repetir que partir do saber que os
educandos tenham não significa ficar girando em torno desse saber.
Partir significa pôr-se a caminho, ir-se, deslocar-se de um ponto a
outro e não ficar, permanecer.
Dessa forma, o professor deve estar o tempo todo em movimento, não no sentido
físico que a palavra possa dar a entender, mas no sentido de ação. A ação coletiva, conjunta
com alunos, pais, demais professores, enfim, comunidade escolar. O docente deve sair da sua
passividade, da mera transmissão para ser um mediador de um ambiente agradável,
propiciador de trocas, de reflexões que sozinhas não teriam a riqueza e o sentido que o
trabalho conjunto favorece.
Porém, o que vem se vivenciando na escola é o desinteresse e falta de participação
dos professores no seu cotidiano profissional. A grande maioria dos docentes não se interessa
em participar das decisões, atividades, reflexões que são realizadas, alegando falta de tempo
ou mesmo motivação para tanto.
Como resultado disso, evidencia-se, também, o fato de que os professores ficam
totalmente a parte do processo de construção da proposta pedagógica da escola,
transformando o desinteresse em uma total despreocupação e descomprometimento com a
instituição da qual fazem parte.
Dessa forma, os professores acabam se excluindo de um processo que deveria ser
coletivo dentro da escola e tornam a proposta pedagógica um documento que não cumpre sua
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função que é a de ser o norteador de todas as atividades e decisões da escola, inclusive de
embasar e de guiar o trabalho docente. Segundo Benincá (2002, p.30),
A proposta pedagógica é aqui entendida como metodologia da práxis.
Construir e gerir uma proposta político-pedagógica participativa na
escola passa, no nosso entendimento, pela mediação da práxis, sendo
gerada de forma dialógica e gerida pelo poder mediado na proposta.
Assim, seguindo essa idéia, o professor deve ser parte integrante do processo para
que sua prática seja realmente condizente com aquilo que a escola se propõe fazer e não se
torne uma ação isolada dentro da sala de aula. Tomar decisões conjuntas, refletir sobre o
funcionamento, objetivos da escola e conseguir fazer disto o ponto de partida para acabar com
a dicotomia entre teoria e prática torna-se necessário para a qualidade das nossas instituições
escolares.
Nesse sentido, o docente deve ter claro o seu papel de gestor, não remetendo essa
idéia apenas para a parte burocrática da escola e tampouco se excluindo dessa parte
administrativa, mas transpondo esse conceito para o cotidiano. Pensar na idéia de gestão como
fazendo parte do seu fazer pedagógico, acreditando que ser professor é também ser gestor,
aquele que trabalha mediando os processos e tornando estes mais significativos para seus
alunos, dando espaço para os diálogos, para a reflexão, para a participação de seus alunos são
fatores que, sem dúvida, irão influenciar positivamente a sala de aula. Assim, segundo Aranha
(2005,p.81)
(...) a questão do diálogo, do clima de troca e cumplicidade se fazem
importante numa escola radicalmente democrática. Reconhecer os
docentes como sujeitos do processo de ensino-aprendizagem, como
educadores em toda a dimensão do termo, é essencial. Mas,
reconhecê-los também como gestores ou co-gestores do seu trabalho é
a linha divisória entre uma mudança real ou fictícia no interior das
escolas.
Sentir-se parte integrante da escola, participando efetivamente de tudo o que cerca a
instituição, faz com que o professor possa ter mais consciência do seu papel, perceba-se não
como unidade da escola, mas como integrante de uma grande equipe que trabalha
coletivamente por um único objetivo: a educação. Dessa forma, o professor conseguirá sentir
o seu trabalho mais dinâmico, integrante de um processo juntamente com os demais
professores, trocando experiências, sendo auxiliado na solução de problemas e na diversidade
de sua realidade.
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O trabalho se tornará mais sólido e significativo, tanto para o docente que fazendo
parte do processo será “amparado” pela grande equipe, quanto para os alunos que sentirão o
trabalho coletivo também dentro da sala de aula, onde o seu professor, antes “dono” do
conhecimento, agora passa a ser o mediador de uma aprendizagem realizada por todos, pais,
professores, alunos e funcionários da instituição.
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