2011
SUMÁRIO
Cooperação Industrial entre Brasil e Suécia
é tema de encontro
7
Conexões com a indústria
11
Incubação de negócios e iniciativas
bilaterais
19
Indústria e pesquisa no setor de saúde
25
Investimentos na Copa do Mundo e
Olimpiadas
31
Conclusões do Laboratório
37
“A ABDI e a VINNOVA têm obtido
muito sucesso em encontrar meios
para estimular a cooperação prática e
concreta em pesquisa e inovação, com
visitas de delegações, laboratórios de
inovação, apoio a diferentes projetos,
enfim, estão constantemente buscando
formas concretas de fortalecer essa
cooperação.”
_ Sylvia Schwaag Serger
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Março . 2011 . São José dos Campos . São Paulo
Março . 2011 . Anhembi . São Paulo
INDÚSTRIA DA INOVAÇÃO
COOPERAÇÃO INDUSTRIAL ENTRE BRASIL
E SUÉCIA É TEMA DE ENCONTRO
No 2º Laboratório de Inovação, promovido pela Agência Brasileira de Desenvolvimento
Industrial (ABDI) e a Agência Sueca de Inovação (Vinnova), representantes dos dois países
discutiram sobre possibilidades de novos projetos industriais
O grande número de cadeiras do confortável auditório teve que ser ampliado a cada momento,
desde o início dos trabalhos, por conta do interesse despertado pelos debates do 2º Laboratório
de Aprendizagem em Inovação Brasil-Suécia, que aconteceu no dia 8 de abril, no Parque
Tecnológico de São José dos Campos, São Paulo. Ao todo, cerca de 150 representantes da
indústria e do governo, de universidades e incubadoras, além de especialistas em diferentes
áreas, se reuniram para identificar oportunidades de novos projetos em conjunto e mostrar o
que a parceria já rendeu. O evento foi promovido pela Agência Brasileira de Desenvolvimento
Industrial (ABDI) e pela Agência Sueca de Inovação (VINNOVA).
Em maio de 2010, aconteceu a primeira edição do laboratório, em que temas como transporte
e energia, coincubação e internacionalização de empresas estavam presentes. O objetivo,
neste segundo laboratório, foi relatar as experiências que se concretizaram desde então
nessas áreas e o que mais pode ser feito em conjunto entre Brasil e Suécia. Os dois países
têm uma parceria de longa data. De acordo com a Câmara de Comércio Sueco-Brasileira,
tudo começou com o fornecimento do primeiro telefone pela Ericsson em 1891. E até mesmo
a monarquia do país escandinavo tem relação com nosso povo. A rainha Silvia, casada com
o rei Carlos Gustavo, da Suécia, é filha de mãe brasileira, fala português fluentemente e está
sempre visitando o Brasil por conta de seu engajamento em projetos sociais.
Atualmente, a inovação está na pauta dessa cooperação bilateral. Em 1986, foi assinado entre
os dois países o Acordo sobre Cooperação Econômica, Industrial e Tecnológica. Em 2009, foi
assinado o Protocolo Adicional sobre Cooperação em Alta Tecnologia Industrial Inovadora,
no qual consta, em seu artigo 3 sobre o Grupo de Trabalho Bilateral, a ABDI como membro
pelo lado brasileiro.Desde então, a ABDI e a VINNOVA coordenam esse processo. Uma das
atividades são justamente eventos como os laboratórios de aprendizado em inovação.
2º Laboratório de Aprendizagem em Inovação
|
Brasil - Suécia
| 7
“O país tem progredido em biotecnologia,
nanotecnologia, bioetanol, tecnologias de
comunicação e informação, áreas de grande
interesse para nós. Um bom exemplo dessa
colaboração está no Centro de Pesquisa e
Desenvolvimento Brasil – Suécia, inaugurado em
São Bernardo do Campo, com o objetivo de ajudar
a identificar e apoiar possibilidades de cooperação
bilateral em tecnologias de ponta para uma
sociedade sustentável.”
_Mikael Ståhl
Primeiro Secretário da Embaixada da
Suécia no Brasil
O dia de debates do 2º Laboratório começou com
as boas-vindas de Clayton Campanhola, diretor da
ABDI, aos participantes brasileiros e suecos. Em
seguida, ele passou a palavra a Mikael Ståhl, primeirosecretário da Embaixada da Suécia no Brasil, que
fez um breve resumo sobre o que já tem sido feito
em termos de cooperação entre os dois países. Um
dos exemplos é a colaboração entre universidades
brasileiras e suecas, o que resultou em um centro
de pesquisa e desenvolvimento no Brasil. “O país
tem progredido em biotecnologia, nanotecnologia,
bioetanol, tecnologias de comunicação e
informação, áreas de grande interesse para nós. Um
bom exemplo dessa colaboração está no Centro de
Pesquisa e Inovação Sueco-Brasileiro, inaugurado
em São Bernardo do Campo, com o objetivo de
ajudar a identificar e apoiar possibilidades de
cooperação bilateral em tecnologias de ponta para
uma sociedade sustentável”, disse Ståhl.
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Março . 2011 . São José dos Campos . São Paulo
Segundo o secretário, o centro tecnológico será
um canal para criar oportunidades de parcerias
e uma rede de intercâmbio entre instituições de
pesquisa, desenvolvimento e inovação, empresas,
universidades e governos. “Espero que, com o
crescimento da colaboração entre pesquisadores
e empreendedores, ocorra um acréscimo no fluxo
de investimentos e de comércio bilateral entre os
países. Como resultado, também se pode esperar
a introdução de novos e inovadores produtos no
mercado mundial. Acredito que, com o evento,
surjam boas e frutíferas discussões que, certamente,
deverão levar a projetos e produtos de sucesso”,
afirmou Ståhl.
Sylvia Schwaag Serger, Diretora Executiva de Redes e
Estratégia Internacional, disse que encontros como
esse são importantes no fortalecimento de vínculos
entre os países. “A ABDI e a VINNOVA têm obtido
INDÚSTRIA DA INOVAÇÃO
muito sucesso em encontrar meios para estimular
a cooperação prática e concreta em pesquisa e
inovação, com visitas de delegações, laboratórios
de inovação, apoio a diferentes projetos, enfim,
estão constantemente buscando formas concretas
de fortalecer essa cooperação”. Paulo Goulart
de Miranda, Diretor de Planejamento do Parque
Tecnológico de São José dos Campos, lembrou
que o relacionamento da instituição com os suecos
começou com a visita do rei Carlos Gustavo e da
rainha Silvia a São José dos Campos alguns meses
antes. Para ele, a parceria só tem a dar certo. “A
Suécia prima especialmente por qualidade, o que
interessa muito ao Parque Tecnológico, cujos
objetivos são a inovação e o empreendedorismo”,
acrescentou.
Agentes de inovação de Brasil e Suécia avaliaram as experiências já existentes e
discutiram o futuro da colaboração entre os dois países.
2º Laboratório de Aprendizagem em Inovação
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Brasil - Suécia
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“O Brasil tem evoluído muito nos últimos anos e
acumulou recursos econômicos, humanos e em
pesquisas que permitem ao país estabelecer novos
caminhos para relações comerciais com o mundo e
com a Suécia, em particular.”
_Roberto dos Reis Alvarez
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Março . 2011 . São José dos Campos . São Paulo
CONEXÕES COM
A INDÚSTRIA
O primeiro painel destacou projetos de tecnologia aplicados à indústria, parques tecnológicos
e suas vantagens. O primeiro a falar foi Roberto Alvarez, Gerente de Assuntos Internacionais
da ABDI. Depois de explicar a dinâmica do evento – uma conversa moderada, distribuída por
quatro painéis, e com a participação de todos -, ele fez um breve histórico das relações entre
os dois países no campo da inovação.
De acordo com Alvarez, o Brasil tem evoluído muito e acumulou recursos econômicos,
humanos e em pesquisas que permitem ao país estabelecer novos caminhos para relações
comerciais com o mundo e com a Suécia, em particular. “É exatamente por isto que estamos
aqui hoje, no Parque Tecnológico de São José dos Campos. Um bom exemplo das parcerias
já estabelecidas é o trabalho da Vale Soluções em Energia com a sueca Scania, para
desenvolvimento, produção e comercialização de motores a etanol e suas aplicações.” (Saiba
mais sobre o projeto na página 18). Depois dessa breve introdução, Alvarez passou a palavra
a Ciro Vasquez, gerente de Cooperação Bilateral entre Brasil e Suécia na VINNOVA. Ele relatou
quais as perspectivas do lado sueco em relação ao Brasil e o que a sua delegação fez na
semana anterior. “Conhecemos a Fundação Instituto Oswaldo Cruz, a Universidade Federal
do Rio de Janeiro (UFRJ), a Fundação Certi, o parque tecnológico do instituto, e a Anprotec
(Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores). Tudo isso
resultou em bons contatos. Vemos ótimas oportunidades de colaboração positiva, assim como
desafios em alta tecnologia nas áreas de sistemas de transporte, segurança e logística. Nosso
objetivo é conectar pesquisadores, instituições, autoridades governamentais e empresas do
Brasil e da Suécia para concretizar colaborações e descobrir o que as pessoas precisam”,
finalizou.
2º Laboratório de Aprendizagem em Inovação
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Brasil - Suécia
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Logo em seguida, Sylvia Schwaag Serger afirmou
que a sessão proporcionaria tempo suficiente
para examinar exemplos concretos de cooperação
entre o Brasil e a Suécia e de como isso pode
avançar. “Acredito que todos aqui concordam que
o fortalecimento da colaboração entre os dois
países em ciência, tecnologia e inovação será
extremamente importante para ambos, não só
para sua competitividade, para seu bem-estar
futuro, mas também para encarar desafios globais
juntos. E como faremos isto? Ainda não sabemos,
mas é por isso que chamamos esse laboratório de
aprendizado”, disse Sylvia.
Pontus De Laval, CTO da Saab, falou sobre um centro
de pesquisa e desenvolvimento recém-inaugurado.
“Poderíamos ter montado um laboratório fechado,
para usar o conhecimento gerado no Brasil, mas
pensamos em fazer um pouco diferente. Já tínhamos
boas experiências na Suécia em arenas mais abertas
em termos de ideias de inovação, de forma que, com
base na experiência de um dos parques de ciência
de Gotemburgo, juntamos todos os interessados
em determinadas áreas de pesquisa. E não apenas
empresas e universidades, mas também agências
e autoridades governamentais”, destacou De Laval.
Elso Alberti Junior, diretor de Programas da Vale
Soluções em Energia (VSE), descreveu o perfil da
empresa, criada pela Vale, maior mineradora do
Brasil, e considerado um dos projetos mais efetivos
no que diz respeito à parceria com a Suécia (saiba
mais no box da página 18). Alberti Junior disse que,
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Março . 2011 . São José dos Campos . São Paulo
Alberti Junior, diretor de Programas da Vale Soluções em Energia
(VSE), destacou a importância de se discutir a cooperação entre
indústrias brasileiras.
para atingir seus objetivos, foi preciso desenvolver
sistemas de geração de energias elétrica e termal, o
que envolve, segundo ele, tecnologia, profissionais
qualificados e cooperação.
Em seguida a essa apresentação, Alberti Junior
passou a enumerar alguns dados que justificam
a importância de se discutir a cooperação entre
indústrias brasileiras. Segundo ele, o Brasil está na
11ª posição no mundo em termos de publicações
científicas (2,4% dos artigos publicados) e na 24ª
posição em aplicações de patentes (0,25% do total
no mundo). Cinco das maiores universidades do
país, localizadas em São Paulo, como Universidade
de São Paulo (USP), Universidade Federal de São
Paulo (Unifesp), Universidade Estadual de São
Paulo (Unesp), Universidade Estadual de Campinas
(Unicamp) e Universidade Federal de São Carlos
(Ufscar), geraram cerca de 800 patentes entre
2008 e 2010, das quais 57,7% foram produzidas em
parcerias com a indústria.
Ele ainda lembrou que, em 2009, o país tinha
aproximadamente 5 mil doutorandos e mestrandos
em ciências e aproximadamente 6 milhões de
estudantes universitários, dos quais apenas 420
mil faziam cursos de engenharia. “Temos bons
instrumentos para dar suporte a P&D e à geração
de conhecimento no Brasil para a cooperação entre
universidades e indústrias. Temos a Lei da Inovação,
a Lei do Bem (que prevê incentivos fiscais a empresas
que realizam projetos inovadores), uma política para
desenvolvimento produtivo e, além disso, o Finep
(agência financiadora de estudos e projetos do
governo brasileiro) ampliou seu orçamento de R$
100 milhões, em 2000, para R$ 3 bilhões em 2010”,
ressaltou Alberti. Ele citou ainda as parcerias que
já estão em andamento, entre Brasil e Suécia. Uma
delas é a formação de especialistas no Instituto
Tecnológico de Aeronáutica (ITA) na área de
motores de combustão interna e turbinas a gás, uma
cooperação com a Universidade Federal de Itajubá
(Unifei) para promover educação especializada,
além de colaborações com empresas. Um dos
casos é o acordo com a Scania, estabelecido em
2009, e que tem o objetivo de desenvolver motores
a etanol comercial, sem aditivos, com rendimento
comparável aos motores diesel e com baixíssimas
emissões de CO² orgânico.
Outro exemplo de ação concreta foi destacado
pelo professor Antonio Ferreira da Silva, do
Departamento de Física da Universidade Federal
da Bahia (UFBA), que conta com uma tradicional
cooperação em pesquisa acadêmica com a Suécia.
“Fizemos um acordo entre a UFBA e o Instituto
Real de Tecnologia Sueco para o estabelecimento
de intercâmbios. Isso aumentou o volume da
colaboração mútua na área de terapia fotodinâmica
e suas aplicações clínicas, como no tratamento de
células tumorais, por exemplo. Além disso, a UFBA
tem programas de cooperação muito próximos com
o Uppsala Innovation Centre, principalmente para
o desenvolvimento de novos materiais e sensores
para janelas inteligentes, entre outros”, disse Silva.
Como professor convidado em programas de
verão, ele já foi ao Uppsala e afirma que a visita foi
muito importante para o seu trabalho no Nordeste,
em que atua com tecnologias estratégicas para
a região, como cerâmica, nanotecnologia, saúde
e agricultura. “Queremos continuar com essa
cooperação de sucesso em outras áreas. Já estamos
buscando o desenvolvimento de um novo tipo de
2º Laboratório de Aprendizagem em Inovação
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Brasil - Suécia
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sim um projeto de pesquisa com uma plataforma
de três anos que, no final, vai gerar um novo tipo de
cooperação, mais estruturado e sólido. Esse projeto
foi estimulado com recursos do BNDES, por meio
de seu Fundo Tecnológico (Funtec).
Pontus De Laval, CTO da Saab
célula solar na Bahia, por exemplo”, concluiu.
José Fiates, diretor Fundação Certi e do Sapiens
Parque, de Florianópolis, destacou que a fundação
conta com escritório de negócios internacionais
para apoiar suas atividades de cooperação,
incubação de negócios e parque de ciência. Para
ele, o melhor é desenvolver projetos antes de atrair
unidades de empresas para dentro dos parques
tecnológicos. Para justificar seu ponto de vista, ele
citou um exemplo da Certi com a Phillips. “Não há
uma unidade da empresa em nosso parque, mas
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Março . 2011 . São José dos Campos . São Paulo
Fernando Coelho Ferraz, engenheiro-chefe da
Akaer, empresa de engenharia especializada no
desenvolvimento de aeroestruturas e gestão
de projetos, também falou sobre a questão
da cooperação entre indústria e pesquisa. Ele
comentou sobre barreiras que o Brasil ainda tem de
enfrentar. “São detalhes técnicos de requisitos de
segurança, tamanho de arquivos e outros desafios
em TI, como bases de dados com fluxos otimizados
do processo, ‘paperless design’. Para isso é preciso
existir comunicação segura permanente, em todos
os níveis”, disse o professor, que ainda destacou um
grupo de projetos que a Akaer está desenvolvendo.
“A ideia é usar a base industrial brasileira para um
novo modelo de negócios. Hoje, sabemos que temos
muitas lacunas, que estamos tentando preencher e
criar um novo modelo de produção descentralizada,
mas, para isso, precisamos ter um sistema gerencial
global forte e unificado, online, conectado aos
nossos parceiros nacionais e ao redor do mundo
para sabermos o que está acontecendo todos os
dias, de ambos os lados”, afirmou.
Por
fim,
Per-Arne
Eriksson,
diretor
de
Desenvolvimento de Produtos da Scania Latin
America, discorreu sobre planos em andamento.
“Talvez muitos de vocês não saibam, mas já estamos
comercializando ônibus movidos a etanol no país,
para uma operadora em São Paulo, assim como
temos feito outros testes de campo em caminhões
com esse combustível no Brasil, há dois anos, com
sucesso. Em relação à cooperação Scania-Vale, já
estamos trabalhando numa cooperação que inclui a
VINNOVA, na próxima geração de motores a etanol
e gás”, disse Eriksson.
O professor Carlos Pereira, da Universidade Federal
do Rio Grande do Sul, por sua vez, chamou a
atenção para uma questão a ser resolvida no
que diz respeito a parcerias e pesquisas. “Estou
preocupado com a falta de sincronização no que
se refere ao financiamento de pesquisas, já que há
mais recursos do que se pode usar, e também à
falta de engenheiros qualificados no país”, disse. Ele
acrescentou que não apenas a UFRGS, mas também
outras universidades no Brasil, frequentemente,
buscam estágios no exterior. “Isso é muito
interessante para as empresas, mas hoje é mais
fácil conseguir estágios na França e na Alemanha
do que na Suécia. Acredito que seja importante
estabelecer acordos formais com o país. Entendo
que a mobilidade dos universitários não seja uma
missão específica da VINNOVA ou da ABDI, mas
a noção de educação em inovação deveria ser
incorporada”, concluiu.
“O melhor é desenvolver
projetos antes de atrair unidades
de empresas para dentro dos
parques tecnológicos”
_José Fiates
2º Laboratório de Aprendizagem em Inovação
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Brasil - Suécia
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ENTREVISTA | CIRO VASQUEZ e SYLVIA SCHAAG SERGER
Entrevista com Ciro Vasquez, Gerente de Cooperação Bilateral entre Brasil e Suécia
na VINNOVA, e Sylvia Schwaag Serger, Diretora de de Colaboração Internacional e
Redes da VINNOVA (Agência do Governo da Suécia para Sistemas de Inovação)
Quais foram suas impressões sobre o laboratório?
CIRO VASQUEZ: Muito boas!
SYLVIA SCHWAAG SERGER: Fiquei bem impressionada com o
nível da participação, tanto em relação ao grande número de
inscritos (o que reflete interesse significativo no evento e nos
temas abordados), quanto à competência e experiência. As
discussões foram muito interessantes, com participação ativa de
um número grande de profissionais, revelando que a Suécia e o
Brasil têm muitos interesses em comum em processos e políticas
de inovação e que há potencial para partilhar experiências e para
trabalharmos juntos em assuntos e projetos concretos.
De que maneira acreditam que o evento poderá
contribuir para a construção de uma ponte sólida de
comunicação e colaboração entre os dois países?
Ciro Vasquez, gerente de Cooperação
Bilateral entre Brasil e Suécia na VINNOVA
CIRO VASQUEZ: Creio que já está acontecendo! Temos exemplos concretos de colaborações resultantes
destes laboratórios e iniciativas.
SYLVIA SCHWAAG SERGER: Uma importante função do evento foi estabelecer e reforçar contatos e
interfaces entre atores-chave tanto do Brasil como da Suécia, incluindo empresas, universidades e o setor
público. Acredito que esse laboratório e o anterior representam uma contribuição valiosa para criar redes
entre o sistema brasileiro e sueco de inovação. Esperamos que os contatos estabelecidos possam levar a
projetos concretos de cooperação em inovação entre os dois países.
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Como viu a participação dos brasileiros no laboratório?
Ciro Vasquez: Muito ativa e interessada, com participantes qualificados e engajados.
SYLVIA SCHWAAG SERGER: Achei muito expressivo o grande número de participantes de alto nível, que
ofereceram visões de grande valor sobre processos de inovação, experiências de cooperação com a
Suécia, e que proporcionaram sugestões úteis sobre como fortalecer a colaboração em inovação entre a
Suécia e o Brasil. Muitos dos participantes brasileiros combinam significativa experiência internacional com
excelentes resultados acadêmicos ou corporativos, que deixaram uma impressão muito forte. O evento
e a excelente participação brasileira permitiram aos participantes suecos aprender muito sobre o Brasil
durante o encontro, assim como estabelecer contatos estratégicos para futuras cooperações.
Quais foram suas percepções gerais do evento? Há acordos e novas colaborações já
acertadas para o futuro?
CIRO VASQUEZ: Estamos estudando várias possibilidades, mas nada acontece tão rápido. Não tenho dúvida,
entretanto, de que teremos resultados concretos em um futuro
próximo!
SYLVIA SCHWAAG SERGER: O laboratório é uma excelente
oportunidade e o ambiente ideal para fortalecer a cooperação
entre o Brasil e Suécia em tecnologia de ponta e inovação.
Apreciamos muito a excelente colaboração com nossa parceira,
a ABDI, que foi vital para o sucesso do evento. O próximo
Laboratório de Inovação está agendado para acontecer na Suécia
durante o outono de 2011.
Sylvia Schwaag Serger, diretora de
International Collabboration & Networks da
VINNOVA
2º Laboratório de Aprendizagem em Inovação
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Brasil - Suécia
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COOPERAÇÃO
Centro de P&D em São Paulo
Durante o Laboratório, Pontus De Laval, CTO da Saab, anunciou que o primeiro centro de pesquisa e
desenvolvimento (P&D) no Brasil da empresa sueca Saab seria inaugurado em maio, em São Bernardo do
Campo (SP). “Já temos 15 empresas e universidades participando do projeto. Nossa meta é inaugurar a
unidade com pelo menos 20 parceiros”, afirmou. Segundo De Laval, a iniciativa da Saab tem como objetivo
focar tanto o conhecimento, na forma de pesquisa, quanto os negócios. O centro de P&D para o Brasil foi
desenvolvido a partir de um modelo utilizado na Suécia, baseado na cooperação entre indústria, academia
e governo. “A ideia é instalar a unidade, identificar as necessidades da sociedade brasileira e desenvolver
as soluções a partir deste diagnóstico”, completou. Entre as áreas de pesquisa estão defesa, segurança,
transporte, logística, energia e meio ambiente. A previsão de investimento para financiar os projetos é de
US$ 50 milhões.
Combustível mais ecológico
Outro exemplo de cooperação Brasil-Suécia é o da sueca Scania, que também tem um centro de P&D no
Brasil, na parceria firmada com a brasileira Vale Soluções em Energia (VSE). O objetivo é viabilizar o uso de
motores para ônibus e caminhões movidos a etanol comercial, sem aditivos, com rendimento comparável
aos motores diesel e com baixa emissão de CO² orgânico. O diretor da Scania Latin America, Per-Arne
Ericksson, afirmou que o Brasil é o melhor mercado do mundo para a empresa. “Já estamos vendendo
nossos primeiros ônibus movidos a etanol para São Paulo e planejando uma nova geração de motores
movidos a etanol e a gás”, disse.
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Março . 2011 . São José dos Campos . São Paulo
INCUBAÇÃO DE NEGÓCIOS E
INICIATIVAS BILATERAIS
O segundo painel do dia retomou um tema amplamente debatido no 1º Laboratório de
Aprendizagem, que aconteceu em maio de 2010: a possibilidade de projetos conjuntos para a
coincubação de empreendimentos – ou seja, utilização de serviços e instalações disponíveis
em incubadoras e parques tecnológicos do Brasil e da Suécia. Nesse quesito, a atuação dos
dois países tem suas diferenças. Enquanto a Suécia é líder global em inovação e teve sucesso
ao implementar parques tecnológicos e incubadoras de negócios, o Brasil tem experimentado
uma significativa expansão desses ‘ambientes de inovação’ apenas na última década.
Roberto Alvarez, gerente de Assuntos Internacionais da ABDI, abriu os debates lembrando
aos participantes que o potencial de soft-landing seria um dos temas a abordar durante o
painel. O primeiro participante a falar sobre o tema foi Paulo Goulart de Miranda, diretor do
Parque Tecnológico de São José dos Campos. “Ainda não temos nenhuma experiência real
de soft-landings, mas temos muitas empresas prontas para sair do país e com dúvidas sobre
como proceder. O soft-landing é algo que requer, antes de tudo, um estado de prontidão e
preparação dos dois lados, tanto do pretendente quanto de quem recebe a empresa”, advertiu
Miranda, que não acredita que seja um processo fácil. Segundo ele, há poucas instituições
brasileiras capazes de fazer o soft-landing, apesar de apresentarem um nível de maturidade
suficiente para atingir esse objetivo. Os motivos, segundo ele, estariam na habilidade do
parque ou da incubadora em proporcionar meios de acesso a novos mercados a empresas
que querem ir para fora do país. “É por isso que esse modelo tem muito sucesso nos Estados
Unidos, por se tratar de um país muito orientado ao mercado. Na Europa, acredito que os
países escandinavos estejam à frente, mais do que Espanha, Portugal e Itália”, afirmou. Outra
2º Laboratório de Aprendizagem em Inovação
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Brasil - Suécia
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Diretor do Parque Tecnológico de São José dos Campos,
Paulo Goulart de Miranda
coisa também necessária para o soft-landing,
segundo Miranda, é a reciprocidade de empenho
de ambos os lados.
Em seguida, o diretor do Parque Tecnológico
conduziu os participantes em uma visita às
instalações da instituição (confira na página 24).
Logo depois, Sten Gunnar Johansson, CEO do
Mjärdevi Science Park, de Linköping, na Suécia,
destacou a importância de espaços como os
parques tecnológicos para a economia de um país.
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Março . 2011 . São José dos Campos . São Paulo
Para Johansson, parques tecnológicos e incubadoras
são excelentes ferramentas para as universidades,
a indústria, o comércio e as empresas. No que diz
respeito à internacionalização, Johansson disse
que a Suécia não tem grande extensão territorial
e, por isso, as empresas de lá são internacionais
desde o início – já que não há como crescer de
outra forma. “Trabalhamos com soft-landing há
pelo menos 15 anos em nosso parque, com o
deslocamento de cerca de 15 empresas, algumas
com sucesso, outras nem tanto. Aquelas que não
se deram tão bem não estavam preparadas para
a fase de internacionalização. E eu acredito que a
responsabilidade de preparar a empresa está em
nossas mãos, os gerentes de incubação”, disse. Para
ele, as pequenas e médias empresas brasileiras têm
potencial para o soft-landing ao se associarem às
grandes. “Se olharmos para as empresas suecas
em operação no Brasil até o momento, veremos
que a maioria é grande. Além disso, nós, suecos,
precisamos entender que o Brasil não se resume
a São Paulo e Rio de Janeiro. Viajamos pelo país
durante essa semana e, só para dar um exemplo,
Porto Alegre é duas vezes o tamanho da Suécia.
Por que não pensamos nessa cidade? Acho
que temos também muita lição de casa a fazer”,
afirmou. Por fim, Johansson também destacou
outro aspecto fundamental para uma boa parceria
entre empresas: construir um clima de confiança
entre os envolvidos, a fim de somar a criatividade
brasileira com a capacidade de inovação sueca - o
que levará, segundo ele, a um ambiente propício à
cooperação mútua.
“Ainda não temos nenhuma experiência real
de soft-landings, mas temos muitas empresas
prontas para sair do país e com dúvidas sobre
como proceder. O soft-landing é algo que
requer, antes de tudo, um estado de prontidão e
preparação dos dois lados, tanto do pretendente
quanto de quem recebe a empresa”
_Paulo Goulart de Miranda
2º Laboratório de Aprendizagem em Inovação
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“Temos estabelecido há dois anos o nosso Centro Internacional
de Inovação, cuja proposta é incentivar a inovação no Paraná”,
destacou Wikings Machado, diretor da Federação das Indústrias
do Estado do Paraná (Fiep)
Guilherme Ary Plonsky, presidente da Associação
Nacional
de
Entidades
Promotoras
de
Empreendimentos Inovadores (Anprotec), lembrou
que há incubadoras e parques tecnológicos de
diferentes níveis de influência estratégica no
Brasil. “Eu acredito que um dos processos a ser
considerado é o bilateral (país A e país B, como
no caso entre Brasil e Suécia), e o outro é de nível
regional e nacional”, disse. Para ele, é necessário
avaliar o tamanho de cada mercado. “Na Europa,
se você estiver em Portugal e atravessar a
fronteira para a Espanha e de lá para a França,
por exemplo, vai levar pouco mais de meia hora,
menos tempo do que gastaria de ir daqui, São
José dos Campos, até São Paulo (especialmente
na hora do trânsito intenso). Então, para nós, a
questão da internacionalização é mais complicada,
por que mesmo em relação aos países vizinhos há
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Março . 2011 . São José dos Campos . São Paulo
problemas de distância, mobilidade e diferenças
culturais”, disse. Para enfrentar desafios como esse,
Plonsky disse que é preciso avaliar as condições
do ponto de vista da indústria. Um exemplo é o
European Space Incubators Network, que congrega
30 incubadoras, 15 países, 500 empresas, além do
European Business Innovation Network (EBINet).
“Fomos profundamente inspirados por esse modelo
e, a partir dele, conversamos com a Agência
Espacial Brasileira para tentar desenvolver, já com
incubadoras como a Incubaer trabalhando no setor,
formas de conexão no setor de negócios espaciais”,
afirmou Plonsky.
Quem também citou um exemplo de projeto já
em andamento foi Wikings Machado, diretor da
Federação das Indústrias do Estado do Paraná
(Fiep), que está se preparando para lançar um
Para Guilherme Ary Plonsky, presidente da Associação Nacional
de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores
(Anprotec), “a questão da internacionalização é mais complicada,
por que mesmo em relação aos países vizinhos há problemas de
distância, mobilidade e diferenças culturais.”
centro de incubação e de tecnologia no Estado.
“Temos estabelecido há dois anos o nosso Centro
Internacional de Inovação, cuja proposta é incentivar
a inovação no Paraná. O objetivo foi reunir em um
único local tudo que uma empresa precisa para ser
inovadora. A resposta que encontramos foi que a
inovação é representada por valores agregados
e, portanto, seria necessário fazer alguma coisa
que agregasse valor a alguém, em algum lugar,
em determinado momento”, afirmou Machado.
Segundo ele, a empresa precisa, para isso, ter acesso
a capital, bom conhecimento do seu mercadoalvo, dominar sua tecnologia, ser empreendedora
e priorizar a inovação e se preocupar com o
próprio design. “Passamos a trabalhar em uma
área de 30 mil metros quadrados em Curitiba
para onde levamos diversas organizações que
apoiam a inovação, como a Endeavour, uma ONG
americana, a GCI, o Design Center, e lá estamos
para dar apoio a empresas em outras áreas. Creio
que temos um ambiente muito interessante e seria
ótimo se pudéssemos ter uma incubadora naquele
contexto, de forma que ampliássemos a oferta dos
nossos serviços, de forma subsidiada”, afirmou.
Entre os planos do centro de inovação, Machado
disse que há 10 empresas a serem incubadas. Seis
serão destinadas à incubação residente, ou seja,
terão instalações e equipamentos disponíveis.
Quatro serão incubadoras virtuais, o que significa
que não estarão presentes fisicamente, mas terão
acesso a todos os serviços oferecidos pelo Centro
Internacional de Inovação.
Parque tecnológico de São José dos Campos recebe a visita dos participantes do Laboratório Brasil-Suécia
2º Laboratório de Aprendizagem em Inovação
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Brasil - Suécia
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IN LOCO
Parque Tecnológico de São José dos Campos
Durante a visita ao Parque Tecnológico de São José dos Campos, os participantes se dividiram em dois
grupos para conhecer as instalações. O instituto está localizado em um prédio de 30.000m2, distribuídos
em um terreno de 188.000m² ao longo da Via Dutra, a 12 quilômetros de São José dos Campos. A missão
do parque tecnológico é promover a interação entre instituições de ensino e pesquisa, empresas, governos
e entidades de fomento e investimento, sempre com foco na inovação tecnológica, criação de novas
empresas de tecnologia, melhoria da competitividade industrial, revitalização de economias locais e
regionais e também geração de novos empregos. Nos próximos anos, a estimativa é de crescimento por
meio de parcerias em segmentos como aeronáutica, espaço, defesa, energia e meio ambiente. Espera-se
que sejam criados 20 mil novos postos de empregos especializados.
O parque tecnológico de São José dos Campos nasceu de uma parceria da Prefeitura Municipal com o Governo do Estado de São Paulo
e abriga centros de pesquisa, desenvolvimento, universidades, incubadoras, indústrias e empresas de base tecnológica.
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INDÚSTRIA E PESQUISA
NO SETOR DE SAÚDE
Se, por um lado, a prestação de serviços em saúde é um desafio para os países, por outro
gera oportunidades para novas tecnologias e negócios. Enquanto a Suécia é líder no
desenvolvimento tecnológico nos setores de fármacos e de equipamentos médicos, o Brasil
tem feito esforços para desenvolver o seu complexo industrial. O Ministério da Saúde iniciou
investimentos na área e criou uma nova estrutura legal e institucional para dar suporte à
inovação e ao aprimoramento de tecnologias locais.
O terceiro painel começou com Eduardo Jorge Oliveira, que já atuou na cooperação VINNOVAABDI na Suécia e hoje é Coordenador-Geral de Equipamentos Médicos do Ministério da Saúde
no Brasil. Para explicar a importância de uma discussão sobre desenvolvimento de tecnologias
no setor, Oliveira informou alguns dados sobre o sistema de saúde no país. Segundo ele,
desde 2007 o Ministério da Saúde passou a considerar mais as possibilidades de inovação
científica no país. “A ideia foi mostrar ao mercado que há um grande volume de serviços a
serem prestados, em exames e procedimentos mantidos pelo Estado, já que 70% da população
dependem dos serviços públicos de saúde”, afirmou. Ao todo, de acordo com o Oliveira, há
cerca de 6 mil hospitais no país, 64 mil unidades básicas de saúde, 12 milhões de internações
anuais e são feitos aproximadamente 300 milhões de exames laboratoriais por ano. “Estamos
trabalhando com parceiros diversos, fazendo audiências e concorrências públicas para
pesquisas e desenvolvimento de inovações com financiamentos e subvenções específicas”,
disse. Outro paradigma a romper foi o da produção estatal de medicamentos e produtos
farmacêuticos, que estava atrasada comparando-se a padrões modernos de produção. A partir
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de então, como disse Oliveira, o Ministério da Saúde
estabeleceu uma lista de produtos farmacológicos
e equipamentos médicos estratégicos e de alto
valor agregado que passaram a ser prioridade.
Para uma iniciativa como essa, foram investidos
R$ 50 milhões em P&D e inovação, assim como no
fomento ao desenvolvimento de produtos. Já em
relação à produção de fármacos e à infraestrutura
de produção, foi necessário um investimento de
R$ 300 milhões durante cinco anos. A ideia, agora,
segundo Oliveira, é negociar a transferência de
tecnologias e acordos que especifiquem a compra
do produto e royalties. “Já em relação ao setor
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privado, estamos trabalhando para regulamentar
um modelo de preferência, que foi estabelecido
por lei, no ano passado, sob o qual se pode pagar
um spread de até 25% por produtos desenvolvidos
e manufaturados dentro do país. Nesse contexto,
acreditamos que temos condições de estabelecer
cooperações tecnológicas”, concluiu.
Vicente Barbosa, da Associação Brasileira da
Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos,
Odontológicos, Hospitalares e de Laboratório
(Abimo), apresentou sugestões de negócios que
poderiam gerar parcerias com os suecos. Um
dos exemplos citados por Barbosa é a discussão,
com a Ericsson, de soluções em bioengenharia
para a fabricação de órgãos artificiais. Ele também
citou que a associação tem grande interesse em
nanotecnologia. “O Brasil tem demonstrado talento
para absorver novas tecnologias e é um pais que
busca igualdade social”, disse Barbosa. No ano
passado, a entidade criou o Prêmio Inovação em
Saúde, destinado a empresas que apresentem
novidades em processos, produtos ou serviços.
“O empresário brasileiro é muito receptivo às
inovações. Esperamos, com isso, melhorar a
qualidade de vida dos pacientes e a competitividade
dos produtos. A introdução de mecanismos
inovadores traz benefícios aos pacientes e colabora
para o desenvolvimento da indústria de artigos e
equipamentos médicos”, afirmou.
Barbosa também acredita que a adoção de
políticas de incentivos para encorajar pesquisa
e desenvolvimento no setor da saúde faz com
que a indústria nacional se torne competitiva.
No entanto, segundo ele, ainda há obstáculos a
superar. “Precisamos continuar lutando contra as
barreiras burocráticas que atrapalham as empresas
brasileiras. Não se pode esperar um ano para que
as autoridades sanitárias aprovem um produto ou
equipamento médico, ou esperar, por causa da
legislação, seis meses para que se possa liberar
a importação de produtos científicos”, afirmou
Oliveira. Ele destacou ainda áreas em que a Abimo
pode colaborar no que diz respeito à parceria
Brasil-Suécia, como empresas flexíveis, parceiros
confiáveis, um grande mercado comprador interno
e investimentos públicos na forma de benefícios
fiscais.
Por fim, Barbosa também informou aos participantes
sobre uma parceria entre a Lifemed, empresa em
que também atua, a Fiocruz, e a Universidade
Federal do Rio Grande do Sul. O resultado foi a
produção de reagentes para a detecção de bactérias
e vírus, além de alguns medicamentos. Segundo
ele, a Fiocruz tem uma estrutura similar à do
Karolinska Institutet Science Park, da Suécia. “Para
diversificar o nosso portfólio, temos, também, uma
unidade para desenvolvimento de monitores para
uso multiparamédico, de um sistema de telemetria
para aplicações médicas, e outros para aplicações
cardiovasculares – um trabalho que começamos há
oito anos”, disse.
O professor Ícaro dos Santos, da Universidade de
Brasília (UnB), informou que trabalha com pesquisas
na área de engenharia biomédica há mais de 15
anos e que, apenas há cerca de 10 o investimento
financeiro deixou e ser um problema. Segundo ele,
a partir de então tornou-se possível desenvolver
uma ideia, fazer um projeto, encaminhá-lo para
uma agência governamental e, se aprovado,
conseguir o dinheiro. “Atualmente, também
conseguimos financiamentos da indústria para
desenvolver soluções específicas”, afirmou Santos.
Logo depois, foi a vez de Märit Johansson, CEO do
parque de ciência do Karolinska Institutet (KI), na
Suécia, apresentar a instituição, que desenvolve
2º Laboratório de Aprendizagem em Inovação
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“Na Suécia já foram avaliadas mais de
1,2 mil projetos ou invenções pelo
sistema de inovação e 30 acordos de
licenciamento foram fechados”
_Märit Johansson
pesquisas principalmente em tecnologia médica
e diagnóstica. Segundo ela, o KI é considerado
a maior escola de medicina do país e conta,
atualmente, com 57 empresas (em um campus de
20 mil km²), 600 unidades de pesquisa e 1,3 mil
pesquisadores. “A Suécia é um país muito pequeno.
Por isso, nós nos conhecemos pessoalmente, de
forma que podemos trabalhar juntos. Até agora,
já foram avaliadas mais de 1,2 mil projetos ou
invenções pelo sistema de inovação e 30 acordos
de licenciamento foram fechados”, disse. O instituto
ainda tem outros projetos em curso nas áreas de
oncologia e dermatologia.
os especialistas suecos para participar”, disse
Rigobello. Wikings Machado, da FIEP, pediu para fazer
um último comentário, sobre um tópico levantado
por Märit Johansson, a respeito de financiamento,
venture capital e seed money. Ele disse que a
indústria de venture capital (VC) no Brasil não para de
crescer e que, na semana seguinte, seria realizado,
em São Paulo, o Fórum Brasileiro de Venture Capital
& Seed Money, um evento nacional. “Os números da
indústria são expressivos. No momento, há US$ 10
bilhões disponíveis para investimento e o número
de fundos de investimentos dobra a quase cada
segundo no país”, disse.
Em seguida, Gilberto Rigobello, diretor da Spin
- Serviços em Projetos de Inovação, disse que a
empresa atua, voluntariamente, com um grupo que
presta assistência a crianças com câncer em um
hospital de São José dos Campos. O objetivo da
Spin nessa parceria é encontrar financiamento para
desenvolver o projeto, o que está buscando com a
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São
Paulo (Fapesp) e a Finep. “Já firmamos parceria
com alguns especialistas dos Estados Unidos, da
Alemanha e do Japão. Gostaria, então, de convidar
Quem também falou sobre possibilidades de
interação na área da saúde foi Leandro de
Lemos, gerente do Tecnopuc - Parque Científico e
Tecnológico da PUC do Rio Grande do Sul. Ele disse
que o espaço se caracteriza como um “cluster” na
área de saúde. “O Tecnopuc é um projeto importante
e, no futuro, deverá ser o mais importante parque
tecnológico da América Latina, pois contamos com
uma enorme área física perto de Porto Alegre, com
quase 100 empresas engajadas”, disse.
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VINNOVA
Inovação sueca
A VINNOVA faz parte do Ministério de Empreendimento, Energia e Comunicações do país e foi estabelecida
em janeiro de 2001. Seu objetivo é ampliar a competitividade dos pesquisadores e empresas suecas.
A agência também tem a missão de promover o crescimento sustentável na Suécia, apoiar e financiar
pesquisas e desenvolver sistemas eficientes de inovação. Para isso, conta com 220 milhões de euros por
ano para projetos novos e já em andamento. Mas, como geralmente a VINNOVA requer cofinanciamento
para todos os projetos, os investimentos anuais podem chegar a 440 milhões de euros.
Uma parte importante das atividades da agência consiste em ampliar a cooperação entre empresas,
universidades, institutos de pesquisa e outras organizações do sistema de inovação sueco. Todos os
programas são continuamente monitorados, assim como avaliados depois de finalizados. Para que seja
possível entender os impactos de longo prazo de suas atividades, são feitas, também, análises regulares.
Ao todo, 200 profissionais trabalham nas unidades de Estocolmo e Bruxelas.
2º Laboratório de Aprendizagem em Inovação
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Março . 2011 . São José dos Campos . São Paulo
INVESTIMENTOS NA
COPA DO MUNDO E
OLIMPIADAS
A Copa do Mundo em 2014 e as Olimpíadas de 2016, ambas no Brasil, vão exigir o
desenvolvimento de uma série de novas soluções. Além do investimento em estádios,
infraestrutura urbana em geral e tudo o mais que envolve a preparação para os jogos, ainda
há o fato de que o evento pode ser uma vitrine para novas tecnologias. Em pouco tempo, o
Brasil ampliou o uso da tecnologia da informação, o que incluiu a banda larga e adesão às
redes sociais. E, atualmente, o português é a segunda língua mais usada no twitter.
Nesse cenário, o mercado se abre para soluções de TI, redes sociais e de mídia interativa.
É possível desenvolver maneiras com que os espectadores narrem e comentem os jogos, e
que estejam conectados com amigos e parentes ao redor do mundo. E é com base nessas
possibilidades que surgiu o Projeto 14 Bis. Neste último painel do laboratório, os participantes
apresentaram suas ideias de como usar os jogos para desenvolver e dar visibilidade a novas
tecnologias e negócios, além de discutirem como Brasil e Suécia podem promover conexões
entre suas empresas e centros de pesquisas.
O professor Reginaldo Arcuri, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), ex-presidente da
ABDI, explicou que a ideia do Projeto 14 Bis surgiu ainda durante a Copa da África do Sul, em
2010. O Finep lançou um programa chamado 2014 Bis, aproveitando a imagem e o nome do
primeiro avião a voar, o 14 Bis, em 1906, em Paris. O slogan da iniciativa também foi inspirado
no avião e seu criador, o brasileiro Alberto Santos Dumont: “Encantar, surpreender e mover
o mundo em 2014”. “A ideia é mostrar que o Brasil não é feito só de belezas naturais, mas
que, por ser um país em desenvolvimento, pode estar na ponta em termos de alguns tipos de
inovação”, afirmou Arcuri.
2º Laboratório de Aprendizagem em Inovação
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Em seguida, José Fiates, diretor de Inovação da
Fundação Certi e do Sapiens Parque, de Florianópolis,
reforçou o que Arcuri disse ser o objetivo do
projeto – criar um legado no país em termos de
inovação e criatividade. Apesar de ter sido criado
pelo Finep, o Projeto 14 Bis tem vários parceiros no
governo federal, como os ministérios do Esporte e
do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior,
além de agências governamentais, universidades
e empresas (sendo um dos parceiros a Fundação
Certi). Segundo ele, os valores atualmente discutidos
envolvem mais de R$ 100 bilhões, a maior parte a
ser investida em infraestrutura, estádios, mobilidade,
transportes e comunicações. “Foram definidas 10
áreas prioritárias, como redes sociais, educação,
empreendedorismo, tecnologias limpas, cidades
inteligentes, marketing, mídia, design universal,
além do gerenciamento e governança de tudo isso.
Em cada um, foi definido um plano de ação para
estimular parcerias, projetos e seu desenvolvimento.
Em termos de infraestrutura, alguns investimentos
estão sendo estimulados para agregar tecnologia.
O BNDES, por exemplo, está oferecendo melhores
taxas de juros e prazos para quem construir hotéis
usando tecnologia verde”, disse Fiates. Segundo
ele, depois da Copa de 2010, na África do Sul, foi
feito um workshop com empresas brasileiras e
multinacionais com filiais no Brasil para fechar um
plano geral, mais adiante, com a participação de
todos os envolvidos. “Em breve, lançaremos um
portal de inovação para oferecer probabilidades de
parcerias entre as instituições envolvidas. A Finep,
em particular, está trabalhando para estimular
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Jackson De Toni, gerente de planejamento da Agência
Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI)
iniciativas por meio de financiamentos específicos,
com investimentos da ordem de R$120 milhões,
em 2010, com mais R$ 100 milhões este ano para
projetos de inovação e tecnologia envolvendo as
competições. Até agora, chegaram mais de 100
projetos, dos quais 60 foram pré-selecionados”,
afirmou.
Outro aspecto ainda destacado por Fiates foi
o incentivo a projetos de cooperação entre
universidades e empresas orientadas para o
mercado. Para isso, está em andamento a criação
“Acreditamos que haverá oportunidades para
empresas de todos os portes, desde a manufatura de
componentes e aparelhos até o desenvolvimento de
tecnologias para comunicações sem fio, tecnologias
3G e 4G, network sharing, vídeo para a internet,
pagamentos móveis, ferramentas multicanal para
publicidade em aparelhos móveis, TV e internet,
soluções para segurança digital, entre outros”.
_ Marcos Vinicius de Souza
de um LabShowroom, um tipo de sede onde estarão
expostas as ideias para o projeto.
Para Marcos Vinicius de Souza, Diretor de Inovação
do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e
Comércio Exterior (MDIC), o Brasil tem dois grandes
desafios nos próximos dois anos. “Um deles está
no fato de que temos 12 cidades-sede, entre
as quais Porto Alegre e Manaus, localizadas nos
extremos geográficos do país. Para encarar desafios
como esse, o governo criou um grupo de trabalho
para coordenar esforços, reunindo ministérios e
agências federais, como o Finep e o BNDES, entre
outros. Esse grupo foi dividido em 12 subgrupos
de trabalho, dentre os quais turismo, segurança,
estádios e transportes”, lembrou Souza. Para ele, há
três níveis de oportunidades de negócios para os
dois eventos esportivos. Um desses níveis é o direto,
que envolve infraestrutura, transportes, estádios,
nível gerenciado por grandes consórcios. Outro é o
indireto, que inclui o consumo, como comunicação,
alimentação e hotelaria, entre outros. Por fim, o
terceiro nível, segundo Souza, está relacionado
a oportunidades de demonstração, como as
indústrias de cosméticos e de moda, artesanato,
comidas e bebidas tradicionais, por exemplo.
“Pretendemos que todos apresentem a inovação
como componente principal; não queremos apenas
que vendam seu produto. Todos apresentam algum
tipo de dificuldade com a qual teremos que lidar,
mas eu gostaria de destacar a área de tecnologia
da informação e da comunicação (TIC). Estimase que serão investidos US$ 3,3 bilhões apenas
em TIC para a Copa e as Olimpíadas”, destacou.
2º Laboratório de Aprendizagem em Inovação
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Uma das tendências em TIC apontadas por Souza
é o conceito de “em qualquer lugar, a qualquer
momento”, com ênfase em comunicações móveis e
internet. Para justificar o foco na área, ele informou
alguns números do setor: o faturamento das
operadoras de celulares no Brasil, em 2008, foi de
US$ 2 bilhões e deve chegar a US$ 8,9 bilhões em
2014 (com 30% desse volume representados por
smartphones).
Outro desafio será o de levar a banda larga a
todas as regiões do país, oferecendo o serviço aos
consumidores de baixa renda, que, hoje, ainda não
têm acesso. Para isso, o investimento, de acordo com
Souza, foi estimado em US$ 13 bilhões. “Acreditamos
que haverá oportunidades para empresas de todos
“Estima-se que serão investidos US$ 3,3 bilhões apenas em TIC
para a Copa e as Olimpíadas”, afirmou Marcos Vinícius de Souza,
diretor de Inovação do Ministério do Desenvolvimento, Indústria
e Comércio Exterior (MDIC)
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os portes, desde a manufatura de componentes e
aparelhos até o desenvolvimento de tecnologias
para comunicações sem fio, tecnologias 3G
e 4G, network sharing, vídeo para a internet,
pagamentos móveis, ferramentas multicanal para
publicidade em aparelhos móveis, TV e internet,
soluções para segurança digital, entre outros”,
afirmou. “Esperamos, ainda, desenvolvimento em
tecnologias 3D e em holografia, que não sabemos
se será suficientemente maduro ou não. Teremos
muitas soluções para painéis touch screen, e, para
gerenciar tudo isso, precisaremos de sistemas
realmente robustos de inteligência comercial para
as empresas. Desta forma, imaginamos que o setor
de desenvolvimento de softwares irá crescer muito
para administrar tudo isso, em qualquer lugar, a
qualquer momento”, afirmou.
A terceira tendência, citada por Souza, foi o conceito
da TI verde. Isso significa que, para o setor de
TIC, os equipamentos deverão ser mais eficientes
e emissões de poluentes menores. “Para isso,
deverão ser criadas soluções específicas como data
centers mais eficientes e centros de imprensa mais
econômicos e eficazes, com grandes oportunidades
para fabricantes de servidores e sistemas de
armazenamento de dados. Esperamos também
muito desenvolvimento na área de realidade virtual.
A nossa bola de cristal prevê as oportunidades que
surgirão financiadas pelo BNDES e pelo Finep. A
nossa mensagem é que tentaremos fazer o máximo
possível aqui no Brasil, mas sabemos que não
“O Brasil não é feito só de
belezas naturais. Por ser um país
em desenvolvimento, pode estar
na ponta em termos de alguns
tipos de inovação”
_Reginaldo Arcuri
conseguiremos fazer tudo. Portanto, vamos precisar
de muita ajuda externa”, concluiu.
Em seguida, foi a vez de Hans Moller, CEO do IDEON
Science Park. Ele disse que o IDEON, fundado em
1983, faz parte da história do desenvolvimento do
telefone celular. A primeira empresa a se instalar
no local foi a Ericsson, que, com um grupo de 12
engenheiros, desenvolveu um aparelho telefônico
que poderia ser carregado no bolso. “Aquele
pequeno grupo se tornou, hoje, um time de
cerca de 6 mil profissionais, apenas na cidade de
Lund, sede do Parque, trabalhando com telefones
móveis e aplicações correlatas, assim como no
desenvolvimento de plataformas de hardwares e
softwares para a tecnologia”, disse. Atualmente,
o parque conta com mais de 500 empresas
associadas em Lund, desenvolvendo aplicações
móveis. Também existem instalações em Estocolmo,
com mais de mil empresas, e em outros locais na
Suécia. “Acredito que se pode dizer que a Suécia é
famosa pelo desenvolvimento de telefones móveis.
Então, com base nesse projeto e nas oportunidades
descritas, tenho uma proposta a fazer. Ao pensar
em telefones móveis e nos smartphones, podemos
dizer que, hoje, eles são muitas coisas: carteira, TV,
rádio, cartão de identidade, carteira de motorista,
ou seja, quase que qualquer coisa. Minha ideia é
substituir o ingresso pelo celular e desenvolver
serviços com o aparelho, tanto para durante o
evento (como ao comprar algo para comer, ao
fotografar a partida), como em serviços para préevento – ao comprar o ingresso, por exemplo, o
aparelho vai junto, carregado com diversos tipos
de aplicativos, informações sobre os times, para se
comunicar com outros jogadores”, disse Moller. No
entanto, segundo o CEO do IDEON, o segredo para
essa inovação não está nos agentes de governo
e pesquisadores reunidos no laboratório. “Quem
pode desenvolver essas funções são os jovens de
2º Laboratório de Aprendizagem em Inovação
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“Dependendo da localização do
espectador no estádio, seria possível
obter diferentes serviços, como
informações sobre vários aspectos
da competição. Trata-se de um
futuro emocionante!”
_Carl Wickman
15 a 18 anos. Portanto, uma proposta seria conectar
estudantes (jovens suecos e brasileiros) que, junto
com os técnicos, trabalhariam em novas ideias para
que todas essas coisas fantásticas sejam criadas”,
afirmou.
Carl Wickman, diretor da Divisão de Serviços e TIC
da VINNOVA, acredita que as empresas suecas
podem se envolver em infraestrutura também. “Sei
que a Ericsson esteve envolvida na última Copa do
Mundo. Ao olhar para o lado das inovações, com as
excelentes previsões da ‘bola de cristal’ de como o
mundo ficará com a sua concretização, eu acredito
que sensores e outros itens serão úteis não só para
os jogos, como para outras aplicações”, disse. Outro
tópico citado por Wickman foi a possibilidade de
desenvolverem um serviço de posicionamento.
“Dependendo da localização do espectador no
estádio, seria possível obter diferentes serviços,
como informações sobre vários aspectos da
competição. Trata-se de um futuro emocionante!”,
afirmou. Um projeto que a VINNOVA já desenvolveu,
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segundo ele, foi um serviço de posicionamento
em tempo real - que não foi feito para grandes
competições, porém -, e que poderia ser escalado
para qualquer evento. “É possível obter pelo celular
todas as informações em tempo real, saber onde
seus amigos estão e o que acontece nas outras
arenas”, explicou o diretor, que ainda deu mais
uma sugestão: um sistema para localizar todos
os jogadores em campo, durante todo o tempo,
e que serviria para construir quadros estatísticos
sobre o que faz cada atleta. “Esse produto faz muito
sucesso e já foi exportado para cerca de 100 países.
E também pode ser usado em combinação com o
networking social”, sugeriu.
No que diz respeito à colaboração da VINNOVA,
Wickman ressaltou que a agência poderia identificar
fontes suecas de recursos e receber as propostas
adequadas, já que esse tipo de colaboração está
alinhado com os propósitos da instituição. “Espero
que a Suécia participe desse projeto excitante, pois
há ótimas oportunidades”, concluiu.
CONCLUSÕES DO
LABORATÓRIO
Depois do quarto e último painel, Roberto Alvarez, Gerente de Assuntos Internacionais da
ABDI, resumiu algumas das principais ideias e oportunidades de negócios discutidas durante
todo o dia. Segundo ele, a maioria das oportunidades foram identificadas no setor de energia
e, principalmente, no complexo industrial da saúde, em possibilidades de soft-landings e na
coincubação de empresas. Além disso, Alvarez ressaltou que a ABDI recebeu uma oferta do
Ministério da Saúde para um projeto em conjunto. “Também aprendemos muito sobre o setor
de TIC, ao ouvir Marcos Vinicius falar sobre itens que serão criados para os dois eventos
esportivos, Copa do Mundo e Olimpíadas, e o Projeto 14 Bis”, disse.
O gerente da ABDI ainda destacou dois cases em andamento, como o da Scania/VSE e o da
Saab, esse último referente à iniciativa da empresa em estabelecer um centro de pesquisa
no país. Alvarez também destacou as conexões acadêmicas e suas relações com a indústria,
o intercâmbio de alunos. “Reunir estudantes dos dois países é algo em que não tínhamos
pensado ainda”, disse.
No primeiro painel, sobre projetos de tecnologia aplicados à indústria, o ponto mais
importante, para Alvarez, foi a questão do alinhamento de interesses e ferramentas. Já no
segundo painel, sobre iniciativas bilaterais, ele destacou os ambientes de inovação, como
incubadoras de negócios e parques tecnológicos. Para Alvarez, a conversa resultou em
quatro condições essenciais. A primeira é a necessidade de prontidão e preparação, já que os
ambientes de inovação precisam estar prontos e preparados. Em segundo lugar, os parques e
2º Laboratório de Aprendizagem em Inovação
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as incubadoras devem ser agentes de conexão para
criar relacionamentos com as grandes empresas. Já
em termos da criação de valores, uma ideia adicional
levantada por Wikings Machado, a qual Alvarez
acredita estar intimamente ligada à prontidão e à
preparação, é o desenvolvimento de um sistema
que inclua relacionamentos e serviços. “Essa última
ideia está conectada a um importante conceito, que
todos nós devemos manter em mente: há muitas
oportunidades, mas é difícil alcançar os resultados.
É difícil fazer as coisas acontecerem, mas com um
pool de talentos, é possível ter sucesso”, afirmou o
gerente da ABDI, que ainda destacou a questão dos
mercados. “E não apenas o mercado interno, que
deve ser utilizado para desenvolver soluções que
podem ser aplicadas em outros países”, lembrou.
No terceiro painel, que abordou a área da saúde,
Roberto Alvarez acredita que o mais importante
foi o fato de que é necessário ter um processo
sistematizado. “Deveríamos trabalhar juntos, o
Ministério da Saúde, a VINNOVA e a ABDI, assim
como também o Ministério de Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior deve ser convocado.
O ministério tem cumprido um grande e importante
papel na atração de P&D de fora para o Brasil e
penso que podemos e devemos atuar juntos. Afinal,
a combinação de processos e financiamentos
continuados são itens-chave, pois há muitas
oportunidades disponíveis”, observou. Eduardo
Jorge, representante do MDIC, afirmou que o
ministério está disposto a estudar o cofinanciamento
de iniciativas para o desenvolvimento do complexo
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Ao final do evento, Alvarez destacou os pontos a serem trabalhados:
o desenvolvimento de um processo para a transformação de ideias
em projetos, o mapeamento de alternativas de financiamento
para projetos, a continuidade do diálogo e a sistematização e
distribuição de informações sobre o que já foi realizado e discutido
até o momento.
industrial da saúde”, afirmou. Ele ainda lembrou
aos suecos que a indústria de venture capital tem
crescido mais de 50% ao ano no país, nos últimos
6 anos.
Em relação à ultima sessão, sobre o Projeto 14
Bis e as oportunidades para a Copa do Mundo e
Olimpíadas, Alvarez disse que, para ele, o foco foi
a criatividade. “Algo indispensável em qualquer
processo, formando e colocando gente jovem e
talentosa no mesmo ambiente, para criar soluções
e gerar inovações. Creio que o IDEON está
trabalhando nisso: soluções criativas”, afirmou.
Sobre os próximos passos, Alvarez destacou quatro
pontos sobre os quais emergiu consenso entre
os participantes do Laboratório de Aprendizagem
em Inovação e que devem ser trabalhados a
frente. Primeiro, é necessário formatar processos
de referência e trabalho que possam orientar os
participantes do diálogo de inovação Brasil-Suécia.
Uma das ideias discutidas diz respeito à montagem
de um processo de referência que indique a
pesquisadores, executivos e empreendedores
suecos e brasileiros quais são os instrumentos
disponíveis para apoiar projetos bilaterais de
inovação em cada etapa, da pesquisa básica à
entrada no mercado; na mesma linha, discutiuse a formatação de um processo de trabalho que
oriente os participantes sobre como ABDI, Vinnova
e os parceiros públicos de ambos os lados poderão
fomentar a estruturação e implantação de projetos
bilaterais de inovação, encaminhando desde o
surgimento das ideias até a eventual implantação
de tais projetos. Segundo, a ABDI e a Vinnova irão
estudar formas de fomentar a formatação de projetos
bilaterais de inovação, apoiando viagens e conexões
entre empresas e instituições de pesquisa. Terceiro,
deve-se dar continuidade à realização de conexões
com organizações suecas e brasileiras e trabalhar
no desenho de eventuais novos instrumentos para
suportar especificamente projetos bilaterais. Por
fim, sistematizar informações sobre as iniciativas já
desenvolvidas e as ideias de projetos apresentadas
e discutidas, dando visibilidade a oportunidades e
ao trabalho realizado – em breve serão publicados
relatórios dos dois Laboratórios de Aprendizagem
em Inovação realizados em 2010 e 2011.
Entre as sugestões de Sylvia, está a necessidade
de todos se manterem focados e com objetivos
concretos, tanto nos laboratórios quanto na escolha
de tópicos de interesse e benefícios comum. Ela
ainda destacou a questão do envolvimento precoce
de parcerias e a necessidade de sincronização
entre os países. “O que também me impressionou
muito, quando se observa os níveis de prontidão
e preparação para a internacionalização, é que há
grandes diferenças entre as duas culturas. E, por
isso, algo que deve ser necessário é lembrar que, se
os suecos pretendem fazer soft-landings no Brasil,
têm que conhecer bem os pré-requisitos locais”,
afirmou. Para Sylvia, principalmente em relação à
Copa do Mundo e às Olimpíadas, os focos seriam
buscar a sincronização, estimular os estudantes e
ser bem concreto. “Acho que isto mostra o que eu
acredito que possa ser feito no 3º Laboratório de
Inovação – que deve acontecer durante o próximo
outono, na Suécia”, finalizou.
“Há uma série de oportunidades que foram aqui identificadas e comentadas ao longo do
dia. Transformá-las em projetos concretos irá requerer muito esforço e a continuidade do
diálogo. O nosso desafio é transformar as ideias que discutimos em ação e resultados. Para isso,
podemos combinar recursos e competências de ambos os países.”
2º Laboratório de Aprendizagem em Inovação
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Lista de Participantes
ABDI
Adriane Aragão
Bianca Schnaider Smolarek
Carlos Nogueira
Clayton Campanhola
Eduardo Rodrigues de Rezende
Jackson D Toni
Joana Wightman
Patricia Lima Favaretto
Patricia Vicentini
Roberto Alvarez
Wilker Ribeiro Filho
Associação Brasileira da Indústria de Artigos
e Equipamentos Médicos, Odontológicos,
Hospitalares e de Laboratórios - ABIMO
Vicente Barbosa
BNDES
Flávia Kickinger
Centro de Pesquisa e Inovação Sueco-Brasileiro
Bruno Rondani
Companhia Energética de Minas Gerais - CEMIG
Anderson Fleming de Souza
AGENDE Guarulhos
Devanildo Damião
Paulo Gonçalves
Data Chassi
Lars Birging
Akaer Engenharia
Cesar Augusto da Silva
Eletrobras
Janio Itiro Akamatsu
Akaer Engineering Head
Fernando Ferraz
Embaixada da Suécia no Brasil
Mikael Stahl
Allagi - Open Innovation Services
Régis Assao
EMBRAER S/A
Francisco de Assis Ferreira Gomes Filho
ANPROTEC
Guilherme Ary Plonski
Federação das Industrias do Estado do Paraná FIEP
Wikings Marcelo Machado
40 |
Março . 2011 . São José dos Campos . São Paulo
Homine Informática
Gilberto Trivelato
IACIT - Soluções Tecnológicas
Pérsio V. S. Abrahão
IDEABANK
Ricardo Horiuchi
Ideon Science Park
Hans Möller
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e
Comércio Exterior
Marcos Vinicius de Souza
Mjärdevi Science Park
Sten Gunnar Johansson
Norrköping Science Park
Åke Rolf
Odebrecht Defesa e Tecnologia
Antonio Claudio Sondermann Frega
IMS Solutions
Carlos Alberto Giglio
Martinus C. W. Bakhuizen
OIC/IEA-USP
Peterson F. da Silva
Indústria Mecano-científica
Lucas Canello Franceschini
Parque Tecnológico São José dos Campos
Paulo C. Goulart de Miranda
Inotech - Inovacao e Tecnologia
Rene Nardi
Prefeitura de São José dos Campos
Claudio Maia
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
Adalberto Pacífico Comiran
Prefeitura Municipal de São Carlos
Marcos A. Martinelli
IPT - Instituto de Pesquisas Tecnológicas
Eduardo Valle
RPI - Rede Paulista de Inovação
Altair Emboava
Karolinska Science Park
Märit Johansson
SAAB
Anders Hagg
Pontus de Laval
Ministério da Saúde
Eduardo Jorge Valadares Oliveira
2º Laboratório de Aprendizagem em Inovação
|
Brasil - Suécia
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SALT - Sea & Limno Technology Consultoria
Ambiental
Daniel Ruffato
Scania Latin America
Per-Arne Eriksson
SPIN - Serviços em Projetos de Inovação Ltda
Gilberto Rigobello
SwedchamBrasil
Jonas Lindstrom
Universidade Federal da Bahia
Antonio Ferreira da Silva
Universidade Federal de Tajubá
Elzo Alves Aranha
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Carlos Eduardo Pereira
Uppsala Innovation Centre
Per Bengtsson
TECNOPUC/PUC-RS
Leandro Antonio de Lemos
Vale Soluções em Energia
Elso Alberti
Marcelo Sáfadi Alvares
UFABC
Eduardo Gueron
Västerås Science Park
Peter Lundström
UFJF
Reginaldo Arcuri
VINNOVA
Carl Wickman
Ciro Vasquez
Sylvia Schwaag Serger
UNB - GEDEMP
Rosangela Medeiros
Universidade de Brasília
Egmar Rocha
Higor Santana
Universidade de São Paulo
Mario Sergio Salerno
42 |
Março . 2011 . São José dos Campos . São Paulo
2º Laboratório de Aprendizagem em Inovação
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Brasil - Suécia
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