NotíciasPrévias Outubro de 2013 Publicação de distribuição gratuita aos sócios da SPH e na Reunião de Hematologia novembro Nélson Domingues, Ângelo Martins, José Mariz, Isabel Oliveira, Ana Espírito Santo e Ilídia Moreira s a i c n ê i r e p x e e d o r t s í n a o P c n o e o d o t e d Marisol Guerra, Manuel Cunha e Ana Carvalho A 15.ª edição da Reunião Anual da Sociedade Portuguesa de Hematologia (SPH) decorre no Porto Palácio Hotel, nos dias 14, 15 e 16 de novembro. Da organização conjunta entre o Serviço de Onco-Hematologia do Instituto Português de Oncologia do Porto (na foto de cima) e o Serviço de Hematologia do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (na foto ao lado) resulta um programa científico abrangente, que dá mais destaque ao trabalho desenvolvido pelos vários Serviços de Hematologia/Hemato-Oncologia portugueses Simpósio Satélite Bosutinib UM NOVO OLHAR SOBRE A TERAPÊUTICA DA LMC 14 NOVEMBRO•18H45|19H45 PORTO PALÁCIO HOTEL CHAIRMAN: Professor Dr. José Eduardo Guimarães, Centro Hospitalar de São João, Porto PALESTRANTES: Professor Dr. António Almeida, Instituto Português Oncologia, Lisboa Professor Dr. Carlo Gambacorti, Hospital S. Gerardo-Universidade de Milão Bicocca, Monza UM NOVO OLHAR SOBRE A TERAPÊUTICA DA LMC 18:45 | 18:55 Boas vindas Prof. José Eduardo Guimarães 18:55 | 19:15 Leucemia Mieloide Crónica: Presente e Futuro Prof. António Almeida 19:15 | 19:35 Bosutinib: Uma nova opção terapêutica no tratamento de doentes com LMC Prof. Carlo Gambacorti Laboratórios Pfizer, Lda. Sociedade Comercial por Quotas• Lagoas Park, Edifício 10, 2740-271 Porto Salvo, Portugal • NIPC/Matriculada na Conservatória do Registo Comercial de Cascais sob o nº 500 162 166 • Capital Social 7.346.687,82 Euros www.pfizer.pt 0BOSU1309031 19:35 | 19:45 Conclusão Prof. José Eduardo Guimarães NotíciasPrévias Curso de Mieloma Múltiplo DR D irigido sobretudo aos internos de Hematologia, o Curso de Mieloma Múltiplo vai decorrer no primeiro dia da Reunião Anual da Sociedade Portuguesa de Hematologia, 14 de novembro, entre as 14h15 e as 15h45. Após uma introdução da Dr.ª Cristina Gonçalves, coordenadora do Grupo Português de Mieloma Múltiplo, que organiza o Curso, três oradores vão abordar o tratamento de suporte do mieloma múltiplo: o Dr. Sérgio Chacim, do Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto, falará sobre anemias; a Dr.ª Joana Parreira, do IPO de Lisboa, sobre doença óssea; e a Dr.ª Alice Reichert, do Centro Hospitalar Lisboa Central/Hospital de Dona Estefânia, sobre profilaxia da infeção. Seguem-se duas apresentações sobre emergências médicas no contexto do mieloma múltiplo. A primeira, a cargo do Dr. Rui Bergantim, do Hospital de São João, no Porto, será sobre hipercalcemia. A segunda, da responsabilidade da Dr.ª Graça Esteves, do Centro Hospitalar Lisboa Norte/Hospital de Santa Maria, versará sobre a síndrome de compressão medular. O Curso terminará com um espaço para discussão e conclusões. Prémios da Reunião SPH 2013 Na sessão de encerramento da Reunião Anual da Sociedade Portuguesa de Hematologia (SPH) 2013, que decorrerá no dia 16 de novembro, a partir das 18h50, serão entregues os prémios que visam incentivar a investigação nacional nesta área. Eis as distinções atribuídas pela SPH este ano: Melhor trabalho sobre síndromes mieloproliferativas Valor: 1 000 euros Patrocinado pelo laboratório Shire Melhor apresentação oral 1.º lugar: 1 000 euros 2.º lugar: 500 euros Melhor póster de trabalho experimental 1.º lugar: 750 euros 2.º lugar: 400 euros Melhor póster de trabalho clínico 1.º lugar: 750 euros 2.º lugar: 400 euros Melhor trabalho de Enfermagem Valor: 750 euros Prémio Jovem Hematologista Valor: 750 euros 15 de novembro, a partir das 18h30 Assembleia-geral da Sociedade Portuguesa de Hematologia Participe! Sumário O Prof. José Eduardo Guimarães, presidente da Sociedade Portuguesa de Hematologia, salienta a diversidade do programa científico da Reunião deste ano 3 Sumário 4 Editorial 6 Destaque de capa Os Drs. José Mariz e Manuel Cunha, responsáveis da Comissão Organizadora, realçam a importância de dar maior visibilidade à atividade dos Serviços de Hematologia portugueses 7 Destaque de capa 8 Destaque de capa Papel complementar da intervenção psicológica na abordagem ao doente hematológico em destaque na sessão moderada pelo Dr. Jorge Coutinho As Dr.as Júlia Vasconcelos e Esmeralda Neves escrevem sobre as principais características das imunodeficiências congénitas 9 15 NOV. A propósito da sessão sobre linfoma não Hodgkin difuso de grandes células B (LNH DGCB), a Prof.ª Maria Gomes da Silva destaca as novidades no diagnóstico e no tratamento 15 NOV. A Dr.ª Aida Botelho de Sousa comenta a evidência atual sobre o LNH DGCB e salienta a importância da mesa-redonda sobre a experiência dos serviços nacionais 15 NOV. 10 11 12 Bastidores da organização do Programa de Enfermagem, com particular destaque para a inclusão de temas atuais e centrados em aspetos práticos da atividade diária Prog. Enfermagem 13 Prog. Enfermagem Controvérsias em torno da abordagem das síndromes mieloproliferativas crónicas na sessão moderada pela Dr.ª Ana Espírito Santo O Dr. Ângelo Martins faz a contextualização do impacto do prurido crónico na qualidade de vida dos doentes hematológicos Conferência moderada pela Dr.ª Luísa Viterbo apresenta evidência da radioterapia de baixa dose nos linfomas não Hodgkin indolentes Reflexão do Dr. José Maximino sobre os contornos da gamapatia monoclonal com significado renal Em entrevista, o Prof. António Almeida alerta para a importância da monitorização na gestão da leucemia mieloide crónica Atualização sobre diagnóstico e tratamento das hipoplasias medulares congénitas na sessão moderada pela Dr.ª Letícia Ribeiro A Prof.ª Margarida Lima e o Dr. Fernando Campilho falam sobre os principais desafios da leucemia linfocítica crónica A Dr.ª Emília Cortesão comenta as últimas recomendações da European LeukemiaNet para as síndromes mielodisplásicas 14 16 NOV. 16 16 NOV. 17 16 NOV. 18 16 NOV. 19 Divulgação Outubro 2013 Qualidade e abrangência são palavras-chave na Reunião SPH 2013 3 Sumário 4 Editorial 6 Destaque de capa 7 Destaque de capa A proxima-se a 15.ª edição da Reunião Anual da Sociedade Portuguesa de Hematologia (SPH), que este ano regressa ao Porto Palácio Hotel, de 14 a 16 de novembro. O encontro é organizado pelo Serviço de Onco-Hematologia do IPO do Porto, que decidiu estender o desafio ao Serviço de Hematologia do Centro Hospitalar de 8 Destaque de capa 9 15 NOV. 10 15 NOV. 11 15 NOV. 12 Prog. Enfermagem 13 Prog. Enfermagem 14 16 NOV. José Eduardo Guimarães Presidente da Sociedade Portuguesa de Hematologia 16 16 NOV. Esperamo-vos no Porto! Por opção do autor, este texto não está escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico NotíciasPrévias Ficha Técnica Edição: Propriedade: Sociedade Portuguesa de Hematologia 17 16 NOV. 18 Trás-os-Montes e Alto Douro. Os seus directores ‒ Dr. José Mariz e Dr. Manuel Cunha, respectivamente ‒ são especialistas de reconhecido mérito, com larga experiência em diferentes áreas da Hematologia, e asseguraram a qualidade e a diversidade da Reunião. Este ano, as mesas-redondas constituem um dos aspectos mais interessantes do programa científico, na medida em que pretendem reunir a experiência de alguns centros nacionais em determinadas patologias. Estas sessões propõem confrontar o trabalho que se faz em Portugal (as diferenças e semelhanças) relativamente ao tratamento do linfoma não Hodgkin (LNH) difuso de grandes células B e à leucemia linfocítica crónica. A par desta discussão, o programa contempla outros excelentes temas científicos, alguns pouco abordados nos últimos encontros: aspectos psico-oncológicos no doente hematológico; imunodeficiências congénitas; síndromes mieloproliferativas; prurido crónico; radioterapia de baixa dose no tratamento dos LNH indolentes; gamapatia monoclonal com significado renal e hipoplasias medulares congénitas. À semelhança de anos anteriores, esperam-se debates vivos e muito participados. A direcção da SPH congratula-se também com a participação cada vez mais activa dos enfermeiros que se dedicam à área da Hematologia. Este ano, o Programa de Enfermagem decorre, simultaneamente, nos dias 15 e 16 de Novembro, com temas bastante actuais e centrados em aspectos práticos da actividade diária. Este é o momento em que toda a comunidade hematológica se reúne e, por isso, espero que todos os membros da SPH, especialmente os mais jovens, possam acorrer em massa a esta Reunião. A troca de ideias, num ambiente descontraído e informal, é basilar. Sobretudo quando há questões prementes, como a formação ou a falta de fármacos em muitos serviços de Hemato-oncologia, que devem ser discutidas. Secretariado Veranatura - Conference Organizers Rua Augusto Macedo, N.º 12-D - Esc. 2 1600 - 503 Lisboa Tel.: (+351) 217 120 778 (+351) 217 120 779 Fax: (+351) 217 120 204 [email protected] www.sph.org.pt Av. Almirante Reis, n.º 114, 4.º E 1150 - 023 Lisboa Tel.: (+351) 219 172 815 Fax: (+351) 218 155 107 [email protected] www.esferadasideias.pt 16 NOV. Jornal patrocinado por: 19 oncologia Divulgação Outubro 2013 NOTA: os textos desta publicação estão escritos segundo as regras do novo Acordo Ortográfico. Direção: Madalena Barbosa ([email protected]) Gestor de projetos: Tiago Mota ([email protected]) Redação: Inês Melo, Luís Garcia e Vanessa Pais Fotografia: Luciano Reis Design: Filipe Chambel Colaboração: Andreia Sousa 14.11.2013 (17h30) Hotel Porto Palácio SiMPóSio SAtélitE nA REunião AnuAl (2013) Inovação no tratamento das doenças LInfoproLIferatIvas speakers Professor Doutor Miguel Canales Hospital Universitario La Paz, Madrid, EsPanHa Professor Doutor João Gonçalves Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa e Director do Laboratório de Retrovirologia do Instituto de Medicina Molecular moderador Professor Doutor José Eduardo Guimarães Centro Hospitalar de são João, Porto 3 Sumário 4 Editorial 6 Destaque de capa Protagonismo para a casuística dos vários Serviços de Hematologia Do cruzamento entre a maior experiência em patologia aguda do Serviço de Onco-Hematologia do Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto e a maior vocação para a patologia crónica do Serviço de Hematologia do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD) nasceu um programa científico particularmente abrangente. Os diretores dos dois serviços organizadores – Dr. José Mariz e Dr. Manuel Cunha, respetivamente – falam sobre as particularidades da Reunião Anual da Sociedade Portuguesa de Hematologia (SPH) 2013. por Luís Garcia 7 Destaque de capa 8 Destaque de capa 9 15 NOV. 10 Como definem a experiência da organização conjunta da Reunião Anual da SPH 2013? Dr. José Mariz (JM): Tem sido muito interessante. Lançámos este desafio ao Serviço de Hematologia do CHTMAD, porque considerámos que seria útil a experiência de outros centros para organizar este evento. Por outro lado, pensámos que esta seria uma oportunidade para um serviço teoricamente mais pequeno poder organizar um encontro desta dimensão, o que seria difícil de fazer sozinho. Ao longo de toda a preparação da Reunião, a relação entre os profissionais dos dois serviços tem sido excelente. Dr. José Mariz 15 NOV. 11 15 NOV. Dr. Manuel Cunha (MC): O mérito pertence inteiramente ao IPO do Porto e, em particular, ao Dr. José Mariz, de quem partiu a ideia da coorganização, quando nos disponibilizámos para colaborar. No programa científico, há mais trabalho desenvolvido pelo Serviço de Onco-Hematologia do IPO do Porto, dada a sua dimensão, mas nós temos colaborado na medida das nossas possibilidades. A cooperação tem sido extremamente fácil. Quais são as principais vantagens desta organização conjunta? MC: Mais do que a distribuição de tarefas, a principal riqueza desta cooperação é a conceção do próprio programa científico. A nossa participação contribuiu para um programa diversificado que, na nossa opinião, corresponde às necessidades atuais da Hematologia nacional, respeitando o histórico das últimas reuniões. Não devemos repetir temáticas, mas sim encontrar novos pontos de interesse. A coorganização entre um serviço de maior dimensão, mais vocacionado para patologia aguda, e outro de menor dimensão, mais vocacionado para patologia crónica, resultou muito bem. De que forma as características de cada um dos Serviços de Hematologia organizadores influenciou a escolha dos temas? JM: O IPO do Porto tem uma prevalência maior de doenças linfo- 12 Prog. Enfermagem 13 Prog. Enfermagem Dr.ª Ana Carvalho | CHTMAD 14 Dr.ª Ana Espírito Santo | IPO Porto 16 NOV. 16 16 NOV. 17 16 NOV. 18 16 NOV. 19 Divulgação Outubro 2013 Considerámos que, tratando-se uma reunião nacional, a maioria dos assuntos deveria ser abordada por portugueses «A boa colaboração entre hospitais com diferentes capacidades de tratamento é uma mais-valia para os doentes, permitindo um acompanhamento de maior proximidade e o acesso fácil a cuidados mais diferenciados. Esta boa colaboração entre o IPO do Porto e o CHTMAD fica expressa também na organização conjunta desta Reunião.» «Este ano, a Reunião Anual da SPH oferece a todos os seus participantes a oportunidade de verem debatidos temas que vão um pouco além do âmbito restrito da Hematologia. São exemplo desta preocupação as sessões dedicadas ao prurido crónico e às perturbações psicológicas associadas à doença hematológica.» NotíciasPrévias 3 Sumário vamos tentar dar um contributo para harmonizar os procedimentos e recentrar a nossa prática no doente 4 Editorial 6 Destaque de capa 7 Destaque de capa Dr. Manuel Cunha proliferativas do que outros serviços. E como nos sentimos mais à vontade nestas áreas, que não foram abordadas nos últimos encontros, achámos que esse poderia ser um dos temas principais. Por isso, abrimos a reunião com uma sessão sobre linfomas agressivos [linfoma não Hodgkin difuso de grandes células B] e outra sobre a experiência dos centros portugueses no tratamento desta patologia. Quisemos organizar uma reunião com maior participação nacional, na qual os Serviços de Hematologia do País pudessem apresentar e discutir a sua casuística. Por que motivo acharam importante dar maior visibilidade ao que se faz um pouco por todo o País? MC: Apenas aprofundámos uma tendência que já vinha das reuniões anteriores para privilegiar as comunicações orais, a casuística e a experiência dos serviços. Neste momento, na área médica – e em particular na Hematologia – existe uma grande oferta de formação: à que é fornecida pela indústria farmacêutica, juntam-se múltiplos congressos internacionais e reuniões monotemáticas. Mas nenhum destes eventos tem a importância da Reunião Anual da SPH, no que respeita à discussão da experiência concreta dos Serviços de Hematologia portugueses. O papel das Comissões Organizadoras e da SPH passa, cada vez mais, por criar condições para que o tratamento dos doentes hematológicos em Portugal seja o mais uniforme possível, de acordo com elevados padrões de qualidade e responsabilidade. JM: Nessa lógica, procurámos dar mais visibilidade às comunicações orais, à apresentação de trabalhos e à discussão de pósteres, destinando-lhes um horário mais nobre. O objetivo é garantir maior participação, contribuindo para que as discussões não sejam demasiado apressadas. Os hematologistas portugueses conhecem as práticas dos diferentes centros nacionais? JM: Penso que esse conhecimento está a aumentar. Nos últimos anos, tem havido um aumento muito significativo dos trabalhos mais Mensagens da Comissão Organizadora Dr. Ângelo Martins | IPO Porto Dr.ª Isabel Oliveira | IPO Porto 8 Destaque de capa 9 15 NOV. 10 15 NOV. 11 15 NOV. 12 Prog. Enfermagem 13 Prog. Enfermagem Dr. Nelson Domingues | IPO Porto 14 16 NOV. 16 16 NOV. «A nossa situação política e económica poderá contribuir para limitar as opções diagnósticas e terapêuticas, conduzindo a uma estagnação no desenvolvimento do conhecimento científico. Podemos contrariar esta tendência recessiva através da participação em ensaios clínicos multicêntricos, embora, atualmente, impliquem dependência da indústria farmacêutica. Deveremos ser mais proativos no desenho destes ensaios, que deverão ser alicerçados na união dos vários centros que tratam as doenças hematológicas.» «Uma das principais apostas desta edição da Reunião Anual da SPH assenta na partilha das experiências de diferentes serviços de Hematologia Clínica do País no tratamento das patologias hematológicas. Espero que a reflexão conjunta e construtiva seja um contributo valioso para todos, no que respeita à abordagem terapêutica dessas patologias e à elaboração de potenciais planos de atuação e/ou de investigação a nível nacional.» «A Hematologia é, sem dúvida, um dos mais excitantes campos de investigação médica. Nas últimas décadas, a Hematologia portuguesa cresceu muito, com melhores cuidados e mais acessibilidade. Apesar disso, devido aos recentes problemas de financiamento da Saúde, tratar os doentes é um desafio extraordinário. Espero que esta Reunião embarque para um diálogo entre a ciência e a prática clínica que seja enriquecedor para ambas. Que possa daqui nascer uma energia redobrada que dure, pelo menos, até ao próximo encontro.» 17 16 NOV. 18 16 NOV. 19 Divulgação Outubro 2013 3 Sumário 4 Editorial 6 Destaque de capa 7 Destaque de capa 8 Destaque de capa 9 15 NOV. 10 15 NOV. 11 15 NOV. 12 Prog. Enfermagem 13 Prog. Enfermagem apresentados em reuniões, o que significa que as pessoas estão interessadas em mostrar a atividade dos seus serviços ao longo do ano. Isto tem permitido discutir – embora talvez ainda não tanto como gostaríamos – o que cada um faz ou poderá fazer e como poderemos, no futuro, trabalhar mais em conjunto. A SPH também tem procurado organizar grupos de interesse para desenvolver trabalhos em conjunto em torno de algumas patologias. A maior aposta na partilha de experiências nacionais justifica o facto de terem convidado apenas um palestrante estrangeiro (Prof. Michael Pfreundschuh, da Saarland University Medical School, na Alemanha)? JM: Consideramos que temos gente capaz em Portugal para falar sobre os temas em discussão e que, tratando-se de uma reunião nacional, a maioria dos assuntos deveria ser abordada por portugueses. Se não lhes dermos oportunidade para participar, dificilmente chegaremos ao nível de outros centros internacionais. Também tivemos em conta o contexto económico difícil, embora não tenha sido essa a razão principal para não incluirmos mais convidados estrangeiros. O maior espaço reservado à experiência portuguesa no programa científico traduz-se numa maior ênfase na vertente prática da Hematologia? MC: Sim, vamos tentar dar um contributo para harmonizar os procedimentos dos vários serviços nacionais e para recentrar a nossa prática no doente e nos seus problemas concretos. Alguns aspetos têm sido algo descurados nas nossas reuniões, como a vertente psicológica dos doentes onco-hematológicos. Muitas vezes, conseguimos tratar doentes com patologias sérias, mas não temos a formação e a capacidade para relançá-los numa vida ativa e com perspetivas de futuro. O papel do médico também é este, não se limita a analisar percentagens de sobrevida livre de doença. Precisamos de recentrar a atividade hematológica no doente. Que sessões do programa científico destacam? JM: A sessão sobre linfomas difusos, que conta com a participação do Prof. Michael Pfreundschuh, deverá despertar a atenção dos colegas. No dia 15 de novembro, vejo também com interesse a sessão dedicada à abordagem psico-oncológica do doente hematológico, que também é muito problemática e merece cada vez mais atenção. No final desse dia, serão abordadas as imunodeficiências congénitas, para fugir um pouco à patologia oncológica. Há ainda alguns temas mais pequenos que poderão ser interessantes, como o papel da radioterapia de baixa dose no tratamento de determinados linfomas. Outro tema novo é o conceito de gamapatia monoclonal com significado renal – perante gamapatias, os hematologistas costumam focar-se mais na medula e no mieloma múltiplo, mas também devemos estar atentos ao rim. MC: Um dos aspetos que destaco é a sessão sobre prurido que, por um lado, deve ser tido em conta como sinal de alerta na doença hematológica e, por outro, tem grande impacto na qualidade de vida dos doentes. Como, em geral, os hematologistas não têm formação específica nesta área, lançámos o desafio a um grupo que se dedica aos linfomas cutâneos no Hospital de Santo António, no Porto, composto por dermatologistas e hematologistas, para participar. Também destaco a sessão sobre imunodeficiências congénitas, um campo em aberto que levanta múltiplas questões e que tem muitas interligações com as doenças hematológicas. Outra novidade que interessa a todos os hematologistas portugueses são as síndromes mieloproliferativas crónicas, que afetam milhares de doentes no nosso País. Este ano, o Programa de Enfermagem tem um destaque reforçado. Que importância atribuem à colaboração entre hematologistas e enfermeiros? JM: A participação dos enfermeiros na Reunião Anual da SPH é muito importante. Temos no nosso Serviço enfermeiros muito interessados, que ficaram bastante entusiasmados com a possibilidade de participarem nesta organização. Os temas que escolheram dão conta da evidência dos enfermeiros nos diferentes Serviços de Hematologia, especialmente nos de maior dimensão, ao nível dos cuidados prestados a doentes com linfomas, mielomas múltiplos, leucemias agudas e outras patologias. MC: O nosso Serviço também tem um papel importante no Programa de Enfermagem. Nos últimos anos, faz parte da tradição da SPH criar cada vez mais interfaces entre enfermeiros, médicos e outros profissionais de saúde. Centrar as questões nos problemas concretos do doente reforça o peso dos cuidados de enfermagem. Todos reconhecemos a importância da relação entre os doentes e os enfermeiros, até ao nível afetivo. 14 16 NOV. 16 16 NOV. 17 16 NOV. 18 16 NOV. 19 Divulgação Outubro 2013 Perspetivas da Comissão Científica Dr.ª Ilídia Moreira | IPO Porto «A Reunião Anual 2013 da SPH pretende valorizar a partilha de conhecimentos e a experiência na prática clínica. As doenças linfoproliferativas assumem um papel de destaque nas palestras programadas e nas apresentações dos diferentes centros. São também focadas patologias raras e é relevado o papel da Psico-oncologia na abordagem do doente hematológico. À semelhança de anos anteriores, contamos com os trabalhos e a excelente participação de Serviços de Hematologia de referência em todas as áreas desta especialidade, tendo sido destinados horários nobres para a apresentação de comunicações orais e de pósteres.» Dr.ª Marisol Guerra | CHTMAD «O programa científico desta edição da Reunião Anual da SPH procura incluir uma panóplia de temas que possam atrair os hematologistas dos diferentes centros portugueses. Predominam as doenças linfoproliferativas, mas também vão ser abordados assuntos como as imunodeficiências congénitas e os aspetos psico-oncológicos dos doentes hematológicos. Existem grandes expectativas relativamente à sessão dedicada às imunodeficiências congénitas, na qual se vai debater a possibilidade de modificar a nossa abordagem nas doenças hemato-oncológicas.» NotíciasPrévias Aspetos psico-oncológicos no doente hematológico 3 Sumário A intervenção multidisciplinar dos cuidados de saúde passou a incluir o apoio psicológico, enquanto estratégia complementar ao ato médico. Este será o mote da conferência «Abordagem dos aspetos psico-oncológicos no doente hematológico», que decorrerá no dia 15 de novembro, entre as 12h15 e as 13h00. C 4 Editorial por Andreia Sousa omeça a generalizar-se a perceção de que a intervenção psicológica poderá ter um papel complementar ao ato médico. O programa da Reunião Anual da SPH 2013 inclui, por isso, uma conferência dedicada aos aspetos psico-oncológicos, que será proferida pela Dr.ª Susana Almeida, psiquiatra no IPO do Porto, e moderada pelo Dr. Jorge Coutinho, diretor do Serviço de Hematologia Clínica do Centro Hospitalar do Porto/Hospital de Santo António. «Este tema reflete uma evolução na prestação de melhores cuidados de saúde aos doentes oncológicos. Em geral, os doentes crónicos necessitam de abordagens multidisciplinares, sendo que o apoio psicológico e social é absolutamente fundamental dentro deste contexto. Esta realidade tem vindo a ser, cada vez mais, uma preocupação para as equipas de tratamento, ocupando um papel de maior protagonismo dentro dos serviços e na gestão dos diversos serviços de saúde», considera Jorge Coutinho. Este especialista considera que, de uma maneira geral, os hematologistas estão sensibilizados para os aspetos psico-oncológicos do doente. Contudo, lembra que «o apoio psicológico não deve restringir-se, em absoluto, aos doentes oncológicos», já que existem outras patologias hematológicas, nomeadamente as hemoglobinopatias em regime transfusional, as coagulopatias congénitas graves, entre outras, que, «devido à morbilidade e compromisso do bem-estar», carecem, igualmente, de «um apoio coordenado que inclua a vertente psicológica». No parecer de Jorge Coutinho, «deverá haver um esforço de criação e manutenção deste suporte assistencial», que possui um caráter multidisciplinar e «requer equipas interessadas e compostas por profissionais com valências distintas». «Ainda estamos na fase de criar estruturas com muito volun- 6 Destaque de capa 7 Destaque de capa 8 Destaque de capa Dr. Jorge Coutinho tarismo e com pouca estruturação organizacional e científica. É necessário criar um modelo mínimo a que devam obedecer essas estruturas, fortalecendo a sua ligação e articulação a todas as valências do hospital, dos cuidados de saúde primários e, inclusivamente, dos serviços de apoio social», admite este hematologista. 9 15 NOV. 10 15 NOV. 11 15 NOV. OPINIÃO Dr.as Júlia Vasconcelos e Esmeralda Neves | Serviço de Imunologia do Centro Hospitalar do Porto/Hospital de Santo António Update em imunodeficiências congénitas A s imunodeficiências congénitas ou primárias (IDP) são defeitos inatos do sistema imune ‒ relativamente raros, excetuando a deficiência seletiva de imunoglobulina A (IgA), com prevalência de 1 em 500 indivíduos. O seu reconhecimento precoce é cada vez mais importante já que, atualmente, para muitas entidades, é possível o tratamento curativo ou medidas terapêuticas que permitem uma boa qualidade de vida do doente. Existem mais de 150 formas de IDP, muitas delas com defeito genético já conhecido. Clinicamente, manifestam-se sobretudo por um aumento do risco de infeções, mas também de doenças autoimunes e neoplasias. A classificação das IDP pela International Union of Immunological Societies baseia-se no principal componente do sistema imune afetado e distingue os seguintes grupos: deficiências predominantemente de anticorpos (as mais frequentes); imunodeficiências combinadas (defeitos sobretudo dos linfócitos T, B e por vezes NK, que surgem habitualmente antes do primeiro ano de vida); síndromes de imunodeficiência bem definida; doenças de desregulação imune; defeitos congénitos do número e/ou função dos fagócitos; defeitos da imunidade inata; doenças autoinflamatórias e deficiências do complemento. Na sessão dedicada a este tema na Reunião da SPH 2013, vão ser apenas focadas as IDP com complicações ou alterações hematológicas relativamente frequentes, tais como anemia hemolítica autoimune, púrpura trombocitopénica imune, esplenomegalia, adenopatias, hipogamaglobulinemia, neutropenia e, embora mais raramente, linfomas. Em destaque vão estar: Deficiências predominantemente de anticorpos (deficiência seletiva de IgA e imunodeficiência comum variável); Síndromes de imunodeficiência bem definidas (síndrome de Wiscott Aldrich e anomalia de DiGeorge); Defeitos congénitos do número dos fagócitos (neutropenias de etiologia não autoimune); Doenças de desregulação imune (síndromes linfoproliferativas autoimunes, síndromes linfoproliferativas ligadas ao cromos- soma X e linfo-histiocitoses hemofagocíticas familiares). NOTA: A sessão «Imunodeficiências congénitas» vai decorrer no dia 15 de novembro, entre as 17h15 e as 18h15. As Dr.as Júlia Vasconcelos e Esmeralda Neves serão as oradoras e a moderação estará a cargo da Dr.ª Marisol Guerra, do Serviço de Hematologia do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro. 12 Prog. Enfermagem 13 Prog. Enfermagem 14 16 NOV. 16 16 NOV. 17 16 NOV. 18 16 NOV. 19 Divulgação Outubro 2013 Desafios do linfoma não Hodgkin difuso de grandes células B 3 Sumário A sessão que vai decorrer no dia 15 de novembro, entre as 9h00 e as 10h45, incidirá sobre questões práticas associadas ao diagnóstico e ao tratamento dos linfomas não Hodgkin difusos de grandes células B, que já representam cerca de 30 a 40% de todos os casos de linfoma. 4 Editorial 6 por Andreia Sousa Destaque de capa 7 Destaque de capa 8 Destaque de capa 9 15 NOV. 10 15 NOV. 11 15 NOV. 12 Prog. Enfermagem 13 Prog. Enfermagem 14 16 NOV. 16 16 NOV. 17 16 NOV. 18 16 NOV. 19 Divulgação Outubro 2013 Prof.ª Maria Gomes da Silva A diretora do Serviço de Hematologia do IPO de Lisboa e moderadora da sessão dedicada aos linfomas não Hodgkin difusos de grandes células B (LNH DGCB), Prof.ª Maria Gomes Silva, reconhece a pertinência deste tema, uma vez que se trata de «um subtipo de linfoma frequente na prática clínica», correspondendo a 30-40% de todos os casos no mundo ocidental. Por isso, os dois oradores – Prof. Rui Henrique, anatamopatologista no IPO do Porto, e Prof. Michael Pfreundschuh, da Saarland University Medical School, na Alemanha – vão rever, respetivamente, o diagnóstico e a terapêutica deste tipo de linfomas. «A incidência dos LNH DGCB aumenta com a idade e, atendendo ao envelhecimento populacional, este número está a crescer, especialmente entre os idosos (>60 anos). Contudo, há um grupo de doentes jovens que nos levanta mais preocupações, principalmente quando existe mais do que um fator de mau prognóstico», esclarece Maria Gomes da Silva. Ao longo da última década, após a publicação de estudos de expressão génica e, mais recentemente, com a divulgação de estudos de sequenciação e caracterização genética, foi possível chegar à conclusão de que estes linfomas não pertencem a uma categoria uniforme e homogénea. «Foram identificados, pelo menos, três subtipos (dois mais frequentes e um mais raro), que são difíceis de identificar por técnicas de imuno-histoquímica.» Ainda assim, Maria Gomes Silva lembra que existem novos fatores de prognóstico que, no futuro, poderão ajudar a definir, com maior acuidade, os regimes terapêuticos para cada subtipo. Novidades no campo da terapêutica Entretanto, estão a ser desenvolvidos novos medicamentos (ainda em fase de testes), que parecem reacender a esperança para um dos subtipos mais agressivos de linfoma não Hodgkin difuso de grandes células B – o tipo ABC (activacted B cells). «Nestes casos, há uma ativação constitutiva da via do NF-kB, e uma ativação das vias de sinalização associadas aos recetores linfócitos B, que podem, potencialmente, ser alvo de intervenção terapêutica com medicamentos», sublinha Maria Gomes da Silva. Neste momento, estão a ser conduzidos estudos que colocam em evidência a farmacocinética, a eficácia e a toxicidade de anticorpos monoclonais e de outros fármacos associados à quimioterapia. Na sessão dedicada aos LNH DGCB na Reunião SPH 2013, será destacado o papel destas estratégias terapêuticas (ensaios ainda em curso). «Outra das questões também em aberto é a possibilidade de avançar com o transplante em doentes jovens, com vários fatores de risco. À luz dos dados disponíveis, ainda não foi demonstrado um benefício para a sobrevivência nestes casos. Contudo, os resultados de alguns grupos de investigadores, recentemente publicados, mostram que há uma eventual vantagem desta estratégia em doentes de alto risco, ainda que seja uma abordagem reservada apenas a um âmbito investigacional», conclui Maria Gomes da Silva. NotíciasPrévias OPINIÃO Dr.ª Aida Botelho de Sousa | Diretora da Área Hemato-Oncológica do Centro Hospitalar de Lisboa Central/Hospital de Santo António dos Capuchos Experiência dos centros portugueses com os linfomas não Hodgkin DGCB O linfoma difuso de grandes células B (DGCB) – um tipo frequente de linfoma não Hodgkin (LNH) – corresponde a cerca de um terço de todos os casos. Embora clinicamente agressivos, os linfomas LNH DGCB são tratáveis e curáveis, com uma taxa de sobrevivência superior a 60% aos cinco anos. Tal deve-se ao tratamento adequado, que, à luz do estado da arte atual, é representado pelo regime R-CHOP (rituximab, ciclofosfamida, doxorrubicina, vincristina e prednisolona). A adição do rituximab ao esquema clássico de quimioterapia quase duplicou a taxa de sobrevivência, principalmente quando verificamos que, na era pré-rituximab, o grupo com prognóstico mais desfavorável apresentava uma taxa de sobrevivência de 30% aos cinco anos. Nestes linfomas, no momento do diagnóstico, é possível diferenciar probabilidades de sobrevivência aos cinco anos que variam entre 55 e 80%, com base na utilização de um índice de prognóstico internacional (IPI). Este IPI assenta em parâmetros básicos, disponíveis e acessíveis em qualquer serviço, dispensado a necessidade de análises laboratoriais sofisticadas. Nos últimos anos, houve um reconhecimento de que estes linfomas constituem, em termos biológicos e genéticos, um grupo heterogéneo. Embora na rotina clínica ainda não estejamos preparados para utilizar os perfis de expressão génica, há algumas translocações genéticas pesquisáveis nos cortes de parafina, que, por configurarem um prognóstico desfavorável, obrigam a abordagens terapêuticas distintas. Os Serviços de Hematologia devem estar preparados para tratar de modo diferenciado alguns subtipos de linfomas, que carecem de estratégias terapêuticas alternativas. Em caso de recaída ou de doença refratária, os serviços devem ainda estar preparados para oferecer uma resposta em segunda linha que, sempre que possível, deverá passar pela proposta de transplante autólogo hematopoiético. Numa das mesas-redondas da Reunião Anual da SPH, quatro centros portugueses vão apresentar os resultados do tratamento dos LNH DGCB ao longo de um quinquénio. Embora não haja, por ora, a possibilidade de antecipar as conclusões, posso adiantar que as experiências destes centros incluem o mesmo período de seguimento (entre 2007 e 2011). Esta sessão propõe-se a analisar os resultados finais e a avaliar o perfil dos doentes e as taxas de resposta ao tratamento de primeira linha, com base em critérios de sobrevivência livre de progressão e a sobrevivência global, procurando-se estabelecer uma relação entre estes achados e os índices de prognóstico. Esta análise e discussão dos resultados constitui um primeiro passo para uma futura e desejável colaboração interserviços. NOTA: A Dr.ª Aida Botelho de Sousa é a moderadora da mesa-redonda «Experiência dos centros portugueses no tratamento do LNH DGCB», que decorrerá no dia 15 de novembro, entre as 11h15 e as 12h15. 3 Sumário 4 Editorial 6 Destaque de capa 7 Destaque de capa 8 Destaque de capa 9 15 NOV. 10 15 NOV. 11 15 NOV. 12 Prog. Enfermagem 13 Prog. Enfermagem 14 16 NOV. 16 16 NOV. 17 16 NOV. 18 16 NOV. 19 Divulgação Outubro 2013 3 Sumário Programa de Enfermagem mais extenso e abrangente 4 Editorial 6 Destaque de capa 7 Destaque de capa 8 Destaque de capa 9 15 NOV. 10 15 NOV. 11 15 NOV. 12 Prog. Enfermagem 13 Prog. Enfermagem 14 16 NOV. 16 16 NOV. 17 16 NOV. 18 16 NOV. 19 Divulgação Outubro 2013 Entrevista aos enfermeiros José Martínez e Teresa Azevedo, do instituto português de oncologia do Porto Qual foi o maior desafio na organização do Programa de Enfermagem para a Reunião de 2013 da SPH? Tivemos de lutar bastante para ter dois dias inteiros dedicados à Enfermagem. Desta forma, conseguimos ter um programa mais extenso, rigoroso e científico. Um problema com que nos deparámos foi a existência de muitos Serviços e Unidades de Hematologia e Transplante cujos profissionais não se conhecem uns aos outros. Não pode ser assim; se queremos que a Enfermagem portuguesa progrida, é preciso que todos trabalhemos em consonância. Na organização desta reunião, temos conhecido profissionais fantásticos, que estavam a trabalhar cada um no seu «casulo». Apesar da distância, temo-nos entendido muito bem com os colegas do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD), que têm respondido magnificamente ao desafio. Como vão marcar a diferença na Reunião da SPH deste ano? Temos de conseguir refletir a responsabilidade que é organizar o Programa de Enfermagem da reunião anual de uma sociedade científica. Pretendemos ter discussões rigorosas e científicas e vamos tentar que, no final de cada sessão, haja muito respeito pela participação da assistência. Tenho a experiência de como é desagradável fazer comunicações orais e, no final, não haver tempo para a discussão. Estamos a equipa jovem e multidisciplinar Remodelado em 2009, o Serviço de Onco-Hematologia do Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto dispõe, desde então, de condições privilegiadas para cumprir a sua função: tratar doentes com patologia hematológica, sobretudo maligna. Com uma equipa multidisciplinar e maioritariamente jovem, este Serviço tem 28 enfermeiros, 13 assistentes operacionais e duas assistentes técnicas. De acordo com a própria equipa, «a gestão de cuidados, a formação contínua e em especialidades, a dedicação, a interajuda entre profissionais e a energia que os caracteriza faz chegar o Serviço de Onco-Hematologia do IPO Porto a patamares de reconhecida excelência». A investigação, a formação e o ensino são outras prioridades desta equipa. reunir com os moderadores de todas as mesas para garantir ao máximo que todos os tempos serão cumpridos. Estão satisfeitos com o programa científico delineado? Estamos a fazer o possível para que o resultado final seja muito bom. Ainda assim, temos pena de não poder incluir mais alguns temas. Por exemplo, tivemos de deixar de fora a Pediatria hematológica e oncológica porque nos pareceu que não era tão transversal. As pessoas têm de estar conscientes de que as reuniões fortes são exaustivas. A ideia é que o programa seja abrangente o suficiente para que as pessoas possam ir às sessões que consideram mais interessantes. Quais os pontos do programa que destacam? No dia 15 de novembro, serão abordados os casos urgentes de linfomas e leucemias e será apresentado um estudo observacional sobre o modelo de cuidados na Onco-Hematologia. A enfermeira Viv Griffiths, do Hospital St. Richards, no Reino Unido, vai apresentar a sua experiência na utilização de cateteres de longa duração e na colocação de cateteres centrais de inserção periférica e midline. Teremos também um painel de discussão sobre alimentação do doente neutropénico. No dia 16, decorrerá uma sessão organizada sobretudo pelo CHTMAD com o objetivo de mostrar como trabalham algumas das unidades nacionais. Terão também lugar duas sessões sobre transplantes, quer na área do internamento, quer ao nível ambulatório. Os hematologistas já estão mais sensibilizados para a importância de incluir os enfermeiros na sua reunião científica anual? Pensamos que sim. No entanto, embora tenham muita experiência na prestação de cuidados aos doentes, os enfermeiros precisam de apostar mais na investigação. Partimos do princípio de que sem conhecimento não existe uma tomada de decisão adequada, e a única forma de criar conhecimento é através da investigação. Qualquer disciplina que não crie ou sustente o seu conhecimento é uma disciplina dependente das outras. E qualquer disciplina que não consiga transmitir os seus conhecimentos perante as outras é uma disciplina isolada. Consequentemente, nem as suas decisões autónomas poderão ser respeitadas, nem existirá uma discussão adequada das decisões interdependentes dentro da equipa multidisciplinar. NotíciasPrévias Tirando partido do facto de, este ano, o Programa de Enfermagem ocupar dois dias (15 e 16 de novembro), a sua comissão organizadora procurou alargar o leque de temas em discussão. Em entrevista, os enfermeiros José Martínez, Teresa Azevedo (Instituto Português de Oncologia do Porto), Tiago Pinto e Ana Maria (Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro) falam sobre os desafios de uma organização conjunta entre duas equipas que não se conheciam. 3 Sumário por Luís Garcia 4 Editorial 6 Destaque de capa 7 Destaque de capa 8 Destaque de capa 9 Entrevista aos enfermeiros Tiago Pinto e Ana Maria, do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro Como receberam o convite para participarem na organização do Programa de Enfermagem? Uma vez que o nosso Centro Oncológico é recente e ainda pouco conhecido a nível nacional, foi com muito agrado que recebemos este convite para participar na organização de um evento de tão grande prestígio na área da Hematologia. Trata-se de uma iniciativa que motiva a equipa de Enfermagem e que, por ser a primeira, é vista como o reconhecimento da importância da nossa unidade na área geográfica em que se situa e da nossa equipa pelo trabalho até agora desenvolvido. Que balanço fazem do trabalho conjunto com os enfermeiros do Serviço de Onco-Hematologia do IPO do Porto? O sentimento inicial em relação a esta organização foi de expectativa quanto à resposta que daríamos perante as solicitações próprias de um evento desta natureza. No entanto, a parceria estabelecida com os enfermeiros do Serviço de Onco-Hematologia do IPO do Porto foi muito enriquecedora para nós e permitiu-nos dispor sempre de um aconselhamento de alguém com maior experiência. Embora ainda estejamos numa fase preparatória, acreditamos que a qualidade do nosso trabalho se vai manter até ao fim deste evento científico e deixará semente para continuar esta parceria com o IPO do Porto. Que preocupações estiveram na base da elaboração do programa científico? Quando iniciámos este trabalho, definimos, unanimemente, que os conteúdos teriam de ser selecionados em função do seu valor científico e do interesse para a prática da Enfermagem na área da Hematologia. Procuramos assim colocar à disposição dos participantes conteúdos atuais e que vão ao encontro dos problemas sentidos diariamente, fornecendo respostas baseadas na evidência científica. A seleção dos palestrantes e moderadores teve a preocupação de garantir a facilitação do diálogo e a troca de experiências, tornando as sessões mais dinâmicas e enriquecedoras. Na mesma linha de orientação, procuramos apresentar diferentes tipos de organização para cada sessão, sempre com a preocupação de promover a troca de experiências e saberes ao invés da transmissão unidirecional de conhecimentos. Que sessão gostariam de destacar? Para nós, é muito difícil escolher uma sessão, uma vez que todas foram escolhidas pela Comissão Organizadora segundo critérios rigorosos, procurando garantir a qualidade dos temas e dispor de palestrantes de referência nas respetivas áreas. De qualquer forma, temos a noção de que o programa é muito diversificado e, por isso, poderá existir a tentação de destacar uma sessão em detrimento das outras. Assim, um dos destaques poderá ser a conferência «Experiência na utilização dos cateteres de longa duração e na colocação de cateteres PICC e midline», por trazer até nós uma convidada britânica – a enfermeira Viv Griffiths, que tem experiências e perspetivas diferentes das nossas. No entanto, entendemos que esse destaque deverá ser feito pelos participantes após o término da reunião. Cuidados personalizados que minimizam o sofrimento Inaugurado em julho de 2008, o Centro Oncológico do CHTMAD dispõe das valências de radioterapia, hospital de dia, internamento e consulta externa, que estão distribuídas por três pisos de um edifício próprio, oferecendo cuidados hematológicos a cerca de meio milhão de pessoas. Integram a equipa 27 enfermeiros, que se dedicam diariamente ao desafio de cuidar da pes- soa com doença oncológica, dando especial atenção à personalização dos cuidados e ao sofrimento físico e psíquico provocado pela doença. Estes profissionais não são imunes ao sofrimento dos doentes, mas procuram defender-se «através de estratégias de coping, como a discussão interdisciplinar e as atividades lúdicas, como jantares, caminhadas e outras». 15 NOV. 10 15 NOV. 11 15 NOV. 12 Prog. Enfermagem 13 Prog. Enfermagem 14 16 NOV. 16 16 NOV. 17 16 NOV. 18 16 NOV. 19 Divulgação Outubro 2013 3 Sumário 4 Editorial 6 Destaque de capa 7 Destaque de capa 8 Destaque de capa 9 15 NOV. 10 15 NOV. Impacto do prurido crónico nas doenças hematológicas As dificuldades subjacentes ao controlo do prurido crónico e o impacto deste sintoma na qualidade de vida dos doentes hematológicos vão estar no centro da sessão moderada pelo Dr. Ângelo Martins, hematologista no Instituto Português de Oncologia do Porto, que decorrerá no dia 16 de novembro, entre as 9h45 e as 10h15. D por Inês Melo efinido como uma sensação desagradável que desperta o desejo de coçar, o prurido crónico é, frequentemente, na sua forma aguda, um mecanismo de alerta para agressões físicas, químicas e biológicas. No entanto, a sua perpetuação, refere o Dr. Ângelo Martins, «torna esta situação numa fonte de grande sofrimento e de morbilidade significativa». De acordo com o moderador da sessão intitulada «Prurido crónico nas doenças hematológicas», a sua origem pode ser periférica (pruridoceptivo ou neuropático) ou central (prurido neuropático, neurogénico ou psicogénico). «O prurido secundário a patologias do foro hematológico é, por vezes, um dos sintomas mais perturbadores da qualidade de vida», nota Ângelo Martins, explicando que é conhecida a sua associação, entre outros, ao linfoma de Hodgkin, 11 12 Prog. Enfermagem por Andreia Sousa Prog. Enfermagem 14 16 NOV. 17 16 NOV. 18 16 NOV. 19 Divulgação Outubro 2013 tosa, como por exemplo o uso de opioides». Por toda esta complexidade, Ângelo Martins defende que o prurido crónico é merecedor de uma abordagem de caráter multidisciplinar, dado o impacto que tem sobre a qualidade de vida dos doentes hematológicos. Para discutir estas questões, a sessão vai contar com a presença de duas palestrantes do Centro Hospitalar do Porto/ /Hospital de Santo António: a Dr.ª Rosário Alves, do Serviço de Dermatologia, e a Dr.ª Margarida Lima, do Serviço de Hematologia Clínica. As síndromes mieloproliferativas crónicas BCR-ABL negativas são o tema em destaque na mesa-redonda que terá lugar no dia 16 de novembro, entre as 9h00 e as 9h45. 13 16 Dr. Ângelo Martins Controvérsias na abordagem das síndromes mieloproliferativas crónicas 15 NOV. 16 NOV. à policitemia vera ou aos linfomas não Hodgkin T cutâneos. «O tratamento específico destas patologias será muitas vezes curativo da doença primária e do prurido. No entanto, devido ao caráter crónico de algumas doenças, será necessária uma intervenção a longo prazo. É nesta fase de tratamento paliativo que algumas vezes poderemos experimentar maior dificuldade no controlo deste sintoma», esclarece Ângelo Martins. Assim, é necessário compreender os mecanismos subjacentes e quais os mediadores envolvidos no prurido crónico para que seja possível intervir de forma mais eficaz. Nesse sentido, deverão coexistir medidas de caráter geral (por exemplo, hidratação) com medidas farmacológicas e cirúrgicas, «não esquecendo que, por detrás deste sintoma, poderá estar ainda uma causa medicamen- Dr.ª Ana Espírito Santo E m 1951, William Demeshek propôs a designação de síndromes mieloproliferativas crónicas para um conjunto de patologias que, atualmente, engloba a leucemia mieloide crónica, a policitemia vera, a trombocitemia essencial, a mielofibrose idiopática, a leucemia neutrofílica crónica, a leucemia eosinofílica crónica, a mastocitose e as síndromes mieloproliferativas não classificáveis. «No geral, estas patologias apresentam bom prognóstico, mas podem evoluir para leucemia aguda», alerta a Dr.ª Ana Espírito Santo, que vai moderar a mesa-redonda dedicada a esta temática. De acordo com esta hematologista no IPO do Porto, «o primeiro desenvolvimento nesta área aconteceu nas décadas de 1960/70, com a descoberta inicial do cromossoma Philadelphia». Mais tarde, foi identificada «a translocação que lhe dá origem entre os cromossomas 9 e 22 e do gene de fusão que a causa (o BCR/ABL), em associação com a leucemia mieloide crónica (LMC)». «Estes dados permitiram a evolução na terapêutica da LMC, com a criação de novos fármacos – os inibidores da tirosina-cinase (imatinib, dasatinib, nilotinib, entre outros) –, que se ligam a este gene de fusão, alterando a sua função e, consequentemente, a história natural da doença. Toda esta evolução na etiopatogenia e na terapêutica da LMC levou à separação entre esta e as outras doenças mieloproliferativas», esclarece Ana Espírito Santo. Nesta mesa-redonda, serão abordadas as controvérsias das síndromes mieloproliferativas crónicas Philadelphia negativas, que, classicamente, integram a policitemia vera, a trombocitemia essencial e a mielofibrose idiopática. «Só mais tarde, em 2005, foi identificado um marcador genético transversal a todas estas síndromes, ou seja, a mutação V617F no gene JAK2», explica a moderadora. «Esta alteração pode estar presente em todas estas doenças mieloproliferativas, mas não de igual modo, podendo ser encontrada na quase totalidade dos casos de policitemia vera, embora seja menos frequente na trombocitemia essencial e na mielofibrose idiopática. Mais recentemente, começaram a surgir armas terapêuticas que alicerçam a sua atuação na atividade deste gene», refere Ana Espírito Santo. Após as apresentações dos Drs. Manuel Cunha e Fernando Príncipe, que abordarão o diagnóstico, a classificação e a terapêutica destas patologias, segue-se a discussão de questões/dúvidas controversas sobre esta temática. «Contamos com a participação de todos os hematologistas presentes na audiência para partilharem a sua experiência», desafia Ana Espírito Santo. 3 Sumário 4 Editorial 6 Destaque de capa 7 Destaque de capa 8 Destaque de capa 9 Radioterapia de baixa dose nos LNH indolentes Durante a conferência «Radioterapia de baixa dose no tratamento dos linfomas não Hodgkin (LNH) indolentes», moderada pela Dr.ª Luísa Viterbo, serão apresentadas as evidências científicas que reforçam a utilidade da abordagem paliativa destes linfomas. por Andreia Sousa N uma breve análise, a Dr.ª Luísa Viterbo, do Serviço de Hematologia do IPO do Porto, lembra que «os linfomas não Hodgkin indolentes, que atingem predominantemente indivíduos entre a sexta e sétima décadas de vida, apresentam sobrevivências longas com remissões e recaídas, por vezes sintomáticas». Esta especialista, que vai moderar a conferência «Radioterapia de baixa dose no tratamento dos LNH indolentes», integrada no programa do dia 16 de novembro (entre as 10h15 e as 10h45), adianta que «a abordagem habitual dos doentes sintomáticos consiste na realização de quimioterapia». Luísa Viterbo sublinha que, não raro, «este tratamento se acompanha de sintomas que interferem com o bem-estar dos doentes, frequentemente com idade avançada e já debilitados por tratamentos prévios». Esta conferência, a cargo da Dr.ª Carla Castro, do Serviço de Radioterapia do IPO do Porto, vai colocar em evidência «a abordagem paliativa destes linfomas», com recurso a radioterapia de muito baixa dose (2 x 2Gy). «Este tratamento, realizado em regime ambulatório, revela-se eficaz, permitindo um pronto alívio dos sintomas e uma rápida diminuição das massas adenopáticas, com muito boa tolerância e respostas duradouras Dr.ª Luísa Viterbo em contexto paliativo. Além disso, pode ser reinstituído, com sucesso, em caso de recorrência da doença», fundamenta Luísa Viterbo. 15 NOV. 10 15 NOV. 11 15 NOV. 12 Prog. Enfermagem 13 Prog. Enfermagem 14 16 NOV. 16 16 NOV. 17 16 NOV. 18 16 NOV. 19 Divulgação Outubro 2013 OPINIÃO Dr. José Maximino | Nefrologista no Instituto Português de Oncologia do Porto Conhecer melhor a gamapatia com significado renal A gamapatia monoclonal com significado renal é uma designação recente para uma patologia antiga, proposta pelo grupo da Clínica Mayo como forma de sistematizar a relação causal que existe entre a gamapatia monoclonal e a lesão renal, na ausência de critérios de mieloma múltiplo e/ou de atingimento clinicamente relevante de outros órgãos. Será «mais» que gamapatia monoclonal de significado indeterminado (MGUS, na sigla inglesa), mas «menos» que mieloma. Nesta entidade, estamos perante uma discrasia de plasmócitos muito semelhante a MGUS, quer ao nível da percentagem dos plasmócitos clonais da medula óssea, quer da sua capacidade proliferativa. No entanto, o rim é afetado sem que, na maior parte dos casos, haja atingimento clinicamente relevante a nível cardíaco, hepático ou neurológico. A lesão renal é consequência da deposição da imunoglobulina monoclonal, dos seus fragmentos ou da sua capacidade de induzir uma resposta imunológica. Se não for detetada, a gamapatia monoclonal com significado renal tem morbilidade e mortalidade importantes, com a maioria dos doentes a evoluir para doença renal terminal e consequente necessidade de diálise. Por outro lado, existe evidência de que o tratamento, que é semelhante ao do mieloma múltiplo ou das doenças linfoproliferativas, não só impede a progressão da doença como pode ser curativo. Para que se possa diagnosticar esta patologia, os doentes devem ser encaminhados para um nefrologista, a fim de efetuar uma biopsia renal. Ao nível histológico, encontramos padrões muito variados, que podem assemelhar-se aos da amiloidose AL ou diversas glomerulonefrites, como a membranoproliferativa, a fibrilar, a crioglobulinémica, a imunotactoide, entre outros padrões morfológicos. A gamapatia monoclonal com significado renal apresenta-se, na maioria dos casos, sob a forma de síndrome nefrótica, com uma perda maciça de proteínas na urina (não apenas proteína monoclonal, mas também albumina). O doente pode apresentar hipoalbuminemia e edemas generalizados. Por vezes, a forma de apresentação é insuficiência renal rapidamente progressiva ou mesmo insuficiência renal crónica. O doente deve ser tratado mesmo quando apresenta insuficiência renal avançada, uma vez que, se for candidato a transplante renal, sabemos que a doença vai recidivar no rim transplantado. Assim, é importante que os hematologistas, internistas e oncologistas estejam familiarizados com esta entidade e articulados com uma unidade de Nefrologia. Apesar da ausência de critérios de mieloma múltiplo, ou de estarmos perante uma doença linfoproliferativa de baixo grau de malignidade, o tratamento não deverá ser protelado. Devem ser usados esquemas idênticos aos do mieloma e das doenças linfoproliferativas, incluindo, em alguns casos, a quimioterapia intensiva com autotransplante de células progenitoras. Dado o facto de esta entidade ter sido descrita, pela primeira vez, em outubro de 2012, num artigo publicado na revista Blood, ainda não existe qualquer estudo que nos permita conhecer a sua prevalência. Provavelmente, é mais frequente do que pensamos. Na consulta do Serviço de Nefrologia do IPO do Porto, por exemplo, verifico uma prevalência de gamapatia monoclonal muito superior em indivíduos com doença renal crónica do que na população em geral. O estabelecimento de uma relação casual (que implica biopsia renal) é muitas vezes impossível na doença renal crónica em estado avançado. NOTA: O Dr. José Maximino é o preletor da conferência «Gamapatia monoclonal com significado renal», que será moderada pela Dr.ª Maria José Silva, do Serviço de Hematologia do Centro Hospitalar de São João, no Porto. NotíciasPrévias 3 Um dos desafios fundamentais no tratamento da LMC é a monitorização Sumário 4 Editorial 6 O papel do dasatinib como terapêutica de segunda linha e a importância da monitorização na gestão da leucemia mieloide crónica (LMC) são aspetos realçados pelo Prof. António Almeida, em entrevista ao Notícias Prévias. Este hematologista no Instituto Português de Oncologia de Lisboa será um dos oradores do simpósio-satélite promovido pela Bristol-Myers Squibb no dia 16 de novembro, entre as 13h00 e as 14h30. Destaque de capa 7 Destaque de capa 8 Destaque de capa por Inês Melo Que mais-valias foram introduzidas pelos inibidores da tirosina-cinase de segunda geração no tratamento da LMC? A introdução dos inibidores da tirosina-cinase permitiu que os doentes vivessem muito mais tempo, com menos efeitos colaterais, sem necessidade de serem transplantados e com menor risco de progressão da doença. No entanto, a certa altura, percebeu-se que uma grande percentagem dos doentes (entre 30 a 50%) não conseguia manter a terapêutica inicial, porque não obtinha as respostas desejadas ou porque não tolerava o imatinib. Foi então que surgiu a necessidade de encontrar outras estratégias terapêuticas que conseguissem ultrapassar essas dificuldades. Os inibidores de segunda geração vieram colmatar as lacunas existentes. Além disso, temos verificado cada vez mais que, em primeira linha, os inibidores de segunda geração, como são mais potentes, têm respostas melhores, mais rápidas e, provavelmente, com melhor prognóstico para os doentes. Com armas terapêuticas mais eficazes, quais são agora os desafios que se colocam? Um dos desafios fundamentais no tratamento da LMC é a monitorização. É extremamente importante identificar os doentes que não estão a responder à terapêutica, para que seja possível alterar essa terapêutica atempadamente. Os tempos nos quais deve ser feita esta mudança estão perfeitamente determinados nas recomendações da European LeukemiaNet. Nesse contexto, penso que tem havido um grande esforço, nacional e internacional, com o intuito de sensibilizar e informar os médicos para a necessidade de alterar a terapêutica quando os doentes não atingem as respostas desejadas. No futuro, outro grande desafio da LMC será obter melhores respostas, para que seja possível interromper a terapêutica. Até agora, julgava-se que a cura da LMC só era possível com um transplante de medula óssea. No entanto, em plena era dos inibidores da tirosina-cinase, este procedimento, que acarreta riscos e uma mortalidade elevada, já não se justifica na maioria dos casos. Através da quantificação molecular, será possível identificar uma altura em que a LMC deixará de estar detetável e em que alguns doentes poderão interromper o tratamento. Com inibidores mais potentes, estimamos que mais doentes possam atingir esse objetivo. Qual o lugar do dasatinib como escolha em segunda linha? O dasatinib é um fármaco muito potente, que inibe não só a atividade da cinase BCR-ABL, como de outras tirosinas-cinases. Portanto, tem 9 um papel importante no controlo da LMC nos doentes refratários e intolerantes ao imatinib, mas também na fase acelerada ou blástica da LMC, inibindo outras vias de sinalização que possam gerar essa transformação. Além da potência, é um fármaco bem tolerado, que tem um lugar crucial no tratamento em segunda linha. Distingue-se também pela toma única diária, o que pode facilitar a adesão à terapêutica. Recentemente, a European LeukemiaNet publicou novas recomendações para a gestão da LMC. Que novidades gostaria de destacar? Relativamente aos pontos de falência terapêutica, considero que as recomendações não mudaram assim tanto. Interessante é o facto de introduzirem os inibidores de segunda geração como uma opção em primeira linha, o que já é, aliás, a preferência em muitos países. Outro aspeto importante é que estas recomendações introduzem as respostas desejadas a estes fármacos. O reconhecimento de que uma resposta aos três meses (percentagem de transcritos BCR-ABL superior a 10%) é importante já estava assente, mas não tem um impacto clínico tão significativo em termos de estratégia terapêutica. Quanto à monitorização, as recomendações mantêm os 3, 6, 12 e 18 meses. Depois, de 6 em 6 meses, quando a resposta molecular major é atingida. Os objetivos da monitorização também se mantêm, mas talvez um pouco mais ambiciosos, no sentido de se atingirem as respostas mais precocemente. 15 NOV. 10 15 NOV. 11 15 NOV. 12 Prog. Enfermagem 13 Prog. Enfermagem 14 16 NOV. 16 16 NOV. Monitorização e adesão à terapêutica O simpósio-satélite promovido pela Bristol-Myers Squibb será moderado pelo Prof. José Eduardo Guimarães, diretor do Serviço de Hematologia Clínica do Hospital de São João, no Porto; e pela Dr.ª Aida Botelho de Sousa, diretora da Área Hemato-Oncológica do Centro Hospitalar de Lisboa Central/Hospital de Santo António dos Capuchos. Além do Prof. António Almeida, cuja intervenção se centrará na monitorização da LMC, este simpósio terá como orador o Prof. Manuel Sobrinho Simões, hematologista no Hospital de São João, que vai falar sobre a importância da adesão à terapêutica. 17 16 NOV. 18 16 NOV. 19 Divulgação Outubro 2013 Debater os «enigmas» das hipoplasias medulares congénitas 3 Sumário Dois especialistas vão partilhar a sua experiência nas hipoplasias medulares congénitas, na sessão que decorrerá no dia 16 de novembro, entre as 12h00 e as 13h00, moderada pela Dr.ª Letícia Ribeiro. 4 Editorial por Andreia Sousa 6 Destaque de capa 7 Destaque de capa 8 Destaque de capa 9 Dr.ª Letícia Ribeiro A s hipoplasias medulares congénitas (HMC) são um grupo de doenças raras, com fisiopatologia heterogénea e complexa, «cujo diagnóstico e atitudes terapêuticas mais corretas são pouco conhecidas», refere a Dr.ª Letícia Ribeiro, diretora do Departamento de Hematologia do Centro Hospitalar e Uni- versitário de Coimbra, justificando a pertinência de debater este tema. A moderadora desta sessão realça que os dois oradores convidados (Dr. José Barbot, da Unidade de Hematologia Pediátrica do Centro Hospitalar do Porto, e Prof.ª Beatriz Porto, do Laboratório de Citogenética do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar) são «excelentes profissionais, que vão mostrar o estado da arte e melhorar o nível de conhecimento dos hematologistas sobre o diagnóstico e o tratamento das HMC». Ainda que, nos últimos anos, tenham sido elucidados alguns dos mecanismos fisiopatológicos das HMC, «a experiência nos centros ainda é limitada», razão pela qual Letícia Ribeiro defende a partilha de mais informações sobre este tema. Um dos aspetos a ter em conta é o facto de, até há alguns anos, as patologias congénitas, que incluem as HMC, «serem diagnosticadas somente nas crianças». Sabe-se hoje que esses são os fenótipos mais graves e que as formas mais ligeiras das mesmas doenças podem ser detetadas apenas na idade adulta, o que obriga a um conhecimento mais aprofundado sobre o tema. 15 NOV. 10 15 NOV. 11 15 NOV. 12 Prog. Enfermagem 13 Prog. Enfermagem 14 16 NOV. 16 16 NOV. 17 16 NOV. 18 16 NOV. 19 Divulgação Outubro 2013 Desafios da leucemia linfocítica crónica As dificuldades no diagnóstico e o papel do alotransplante na leucemia linfocítica crónica (LLC) são os temas em destaque na mesa-redonda moderada pelo Dr. João Raposo, no dia 16 de novembro, entre as 17h15 e as 18h50. A por Andreia Sousa mesa-redonda «Leucemia linfocítica crónica» vai receber a Prof.ª Margarida Lima e o Dr. Fernando Campilho, que, respetivamente, vão analisar as dificuldades no diagnóstico e o papel do alotransplante na LLC (ver caixa). Segundo Margarida Lima, responsável pela Unidade de Citometria de Fluxo das Doenças Hematológicas e pela Clínica das Linfocitoses T do Centro Hospitalar do Porto, «nos últimos anos, a área do estudo laboratorial das doenças hematológicas evoluiu imenso», carecendo, hoje em dia, de um «maior grau de diferenciação». Ainda assim, esta especialista aponta algumas das «dificuldades no diagnóstico». «A dispersão de meios nos hospitais onde não existem as valências laboratoriais necessárias, nem uma proximidade física dos serviços aos laboratórios, acaba por ser uma barreira ao diagnóstico», considera a oradora. Esta sessão será uma oportunidade para entender que grande parte do sucesso depende dessa proximidade entre a clínica e o laboratório. «Todos os casos que oferecem maiores dificuldades de diagnóstico são resolvidos mais facilmente nesse contexto», sustenta Margarida Lima. A identificação e o diagnóstico das doenças hemato-oncológicas exige experiência, que só é possível adquirir após anos de trabalho e da análise de muitos casos - e a LLC, embora seja relativamente frequente, não foge a esta regra, sobretudo quando o diagnóstico é mais problemático. «Este reconhecimento implica um trabalho contínuo; algo que está a ser ameaçado pelas políticas de gestão dos recursos humanos hospitalares, que preconizam contratações a curto prazo, a polivalência e a intersubstituição de funções.» «Há uma dificuldade em manter os profissionais com a diferenciação necessária para dar uma resposta eficiente», reitera Margarida Lima, temendo que a nova estruturação das unidades, a curto prazo, possa comprometer o know-how das instituições. Paralelamente a este problema, a especialista identifica outras dificuldades, em particular de natureza económica: «Não podemos negar a existência de Prof.ª Margarina Lima constrangimentos orçamentais e, em abono da verdade, os casos clínicos menos vulgares consomem mais recursos, o que em certa medida acaba por penalizar a prestação de cuidados.» papel do alotransplante De acordo com o Dr. Fernando Campilho, do Serviço de Transplantação de Medula Óssea do IPO do Porto, «o alotransplante é uma hipótese curativa» para os doentes com leucemia linfocítica crónica em que houve falência das terapêuticas clássicas. Contudo, nem todos os doentes são elegíveis para transplante, seja por causa da idade (acima dos 65 anos há alguns obstáculos que impedem a execução deste procedimento), seja pela dificuldade em encontrar um dador compatível (familiar Dr. Fernando Campilho de primeiro grau). «O alotranslante não é uma panaceia e devemos selecionar os doentes nos quais esta abordagem de tratamento é potencialmente curativa», sublinha Fernando Campilho, indicando que «há uma taxa de morbimortalidade não desprezível», o que equivale a dizer que os riscos devem ser previamente ponderados face aos possíveis benefícios. NotíciasPrévias É essencial classificar bem a síndrome mielodisplásica 3 Sumário 4 Editorial A Dr.ª Emília Cortesão, hematologista no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), analisa as novas recomendações da European LeukemiaNet para o diagnóstico e tratamento da síndrome mielodisplásica (SMD), publicadas no passado mês de agosto. Além de comentar as novidades ao nível do diagnóstico e da terapêutica, esta especialista considera que, no futuro, os novos índices revistos de prognóstico terão um papel fulcral na correta classificação e orientação terapêutica da SMD. 6 Destaque de capa 7 Destaque de capa 8 Destaque de capa por Vanessa Pais Em que aspetos as novas recomendações da European LeukemiaNet (ELN) diferem das anteriores no que toca ao diagnóstico das síndromes mielodisplásicas (SMD)? Estas novas guidelines fazem referência aos exames considerados imprescindíveis para o diagnóstico das SMD, que já realizávamos, como o hemograma e o esfregaço de sangue periférico, as serologias virais e as provas de função tiroideia. Depois de excluídas causas de citopenias não neoplásicas, passamos para a avaliação morfológica da medula, através da aspiração medular e da biopsia medular óssea, e para o estudo citogenético. Além destes, há exames recomendados, mas que não são considerados imprescindíveis, como a imunofenotipagem e o estudo de citogenética FISH, que deve ser utilizado nas situações em que o cariótipo convencional é persistentemente normal ou não é conclusivo. As novas recomendações sugerem ainda outros estudos complementares no diagnóstico de SMD, como o screening de alterações moleculares recorrentes, que não fazem ainda parte da rotina hospitalar. Ao nível dos índices de prognóstico, são referidos, além do IPSS (International Prognostic Scoring System), o WPSS (World Health Organization Based Prognostic Scoring System) e o IPSS-R (Revised International Prognostic Scoring System). Como posiciona cada um deles? O IPSS foi desenvolvido em 1997 e continua a ser o mais utilizado, pois este score foi a referência nos ensaios clínicos que demonstraram evidência científica na eficácia e na segurança dos fármacos atualmente disponíveis. No entanto, este índice tem uma grande desvantagem – o facto de se referir à data do diagnóstico, não contemplando a evolução da doença. O WPSS, por seu turno, já se refere também à necessidade de transfusões, além da citogenética e do subtipo da Organização Mundial da Saúde. O IPSS-R está relacionado com alterações citogenéticas menos frequentes, permitindo subdividir os doentes em cinco grupos citogenéticos. Em termos de terapêutica, o que há a sublinhar à luz destas novas recomendações? Estas guidelines são muito concretas quanto à atitude a adotar. Por exemplo, nos casos de baixo risco, mesmo perante uma pessoa jovem, é referido que não há benefício na adoção inicial de terapêuticas agressivas. Assim, deve optar-se pela eritropoietina, à qual se podem associar os fatores de crescimento das colónias de granulócitos. Na ausência de resposta a esta terapêutica, deve considerar-se o suporte transfusional, acompanhado da quelação do ferro, sempre que indicado. Excecionalmente, há que ponderar transplante alogénico, perante um doente jovem com necessidades transfusionais frequentes. 9 15 NOV. 10 Dentro do grupo de baixo risco, existe ainda a SMD associada à del(5q), que, habitualmente, tem bom prognóstico e para a qual existe uma indicação terapêutica – a lenalidomida. Trata-se de um agente imunomodelador que demonstrou atingimento de independência transfusional em 67,68% dos doentes avaliados num estudo multicêntrico de fase II. A SMD hipoplásica responde à terapêutica imunossupressora, como a globulina antitimócito (ATG), que foi testada em estudos de fases II e III. Os fatores preditivos de resposta a ATG foram: idade inferior a 60 anos, associação da ciclosporina a ATG, IPSS de baixo risco, hipocelularidade medular, curta duração de necessidades transfusionais e presença do antigénio HLA-DR15. E em relação aos doentes de alto risco, o que defendem as mais recentes guidelines da ELN? Nestes casos, é recomendado que se inicie o tratamento com terapêuticas intensivas, uma vez que existe o risco de evolução rápida para leucemia aguda. Essas opções incluem o transplante, a quimioterapia de indução; ou os agentes hipometilantes, como a azacitidina e a decitabina. Relativamente a este último grupo, a azacitidina demonstrou vantagem ao nível da sobrevivência global e também da progressão para leucemia aguda. Há ainda a destacar a melhoria da qualidade de vida, pois esta terapêutica não implica internamento, podendo o doente ser tratado em regime de ambulatório. Na sua opinião, por onde passa o futuro da abordagem da SMD? É essencial diagnosticar e caracterizar corretamente a SMD. São necessários outros métodos que nos permitam afirmar este diagnóstico em caso de dúvidas, nomeadamente quando as alterações morfológicas são frustes. Depois, é imprescindível classificá-la bem e, neste campo, considero que os novos índices de prognóstico são fundamentais. Tratando-se de uma doença heterogénea, sabemos que os doentes não têm a mesma sobrevivência global e vão evoluir de forma diferente para leucemia aguda. Além disso, a deteção de alterações cromossómicas e de mutações vai, com certeza, ser o futuro, o que permitirá identificar uma combinação de fármacos que possa controlar melhor esta doença multifatorial. 15 NOV. 11 15 NOV. 12 Prog. Enfermagem 13 Prog. Enfermagem 14 16 NOV. 16 16 NOV. 17 16 NOV. 18 16 NOV. 19 Divulgação Outubro 2013