LUIS FERNANDO EHLERS SCALCON GASTOS PÚBLICOS EM EDUCAÇÃO NOS MUNICÍPIOS DA REGIÃO METROPOLITANA DE PORTO ALEGRE: UMA ANÁLISE SOBRE A EFICIÊNCIA TÉCNICA, PERÍODO DE 2002 A 2004 CANOAS, 2007 LUIS FERNANDO EHLERS SCALCON GASTOS PÚBLICOS EM EDUCAÇÃO NOS MUNICÍPIOS DA REGIÃO METROPOLITANA DE PORTO ALEGRE: UMA ANÁLISE SOBRE A EFICIÊNCIA TÉCNICA, PERÍODO DE 2002 A 2004 Trabalho de Conclusão apresentado à banca examinadora do curso de Ciências Econômicas do Centro Universitário La Salle - Unilasalle, como exigência parcial para obtenção do grau de Bacharel em Ciências Econômicas, sob orientação do Prof. Ms.Mário Baiocchi. Canoas, 2007 TERMO DE APROVAÇÃO LUIS FERNANDO EHLERS SCALCON GASTOS PÚBLICOS EM EDUCAÇÃO NOS MUNICÍPIOS DA REGIÃO METROPOLITANA DE PORTO ALEGRE: UMA ANÁLISE SOBRE A EFICIÊNCIA TÉCNICA, PERÍODO DE 2002 A 2004 Trabalho de conclusão aprovado como requisito parcial para a obtenção do grau de bacharel do Curso de Ciências Econômicas do Centro Universitário La Salle – Unilasalle, pela seguinte banca examinadora: ____________________________________________ Prof. Ms. Mário Baiocchi Unilasalle ____________________________________________ Prof. Ms. Dra. Beky Moron Barmaimon de Macadar Unilasalle ____________________________________________ Prof. Ms. Cássio Silva Moreira Unilasalle Canoas, 12 de dezembro de 2007. RESUMO Neste trabalho descreve-se um estudo sobre eficiência do gasto público em educação nos municípios da Região Metropolitana de Porto Alegre no período de 2002 a 2004. A qualidade do ensino público é o um dos objetivos do Estado, pois indica respeito ao esforço material da população que transfere porção de sua renda aquele. A eficiência torna-se então um meio de atingir esta qualidade da gestão, que é sinônimo de efetividade. Construiu-se uma fronteira de possibilidades de produção, com seus respectivos input (gasto em educação/PIB) e output (professor/aluno), juntamente com o indicador de eficiência, montando-se assim o ranking dos municípios mais eficientes, e apontando o município modelo de eficiência para o indicador analisado. O método adotado para analisar a eficiência foi o Data Envelopment Analysis (DEA). Palavras-chave: Eficiência, Gasto Público, Educação e Data Envelopment Analysis. ABSTRACT In this work one describes a study on efficiency of the public expense in education in the cities of the Metropolitan Region of Porto Alegre in the period of 2002 the 2004. The quality of public education is one of the objectives of the State, therefore it indicates respect to the material effort of the population that transfers to portion of its income that one. The efficiency becomes then a way to reach this quality of the management, that is synonymous of effectiveness. Was constructed a border of production possibilities, with its respective input (teacher/pupil) and output (education expense/PIB), together with the pointer of efficiency, mounting itself thus ranking of the cities most efficient, and pointing the model efficiency city with respect to the analyzed pointer. The adopted method to analyze the efficiency was Data Envelopment Analysis (DEA). Key-words: Efficiency, Public Expense, Education and Data Envelopment Analysis. LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Encadeamento lógico da análise clássica................................................ 14 Figura 2 - Encadeamento lógico da análise keynesiana........................................... 19 Figura 3 - Combinação produtiva de máximo bem-estar social................................ 41 Figura 4 – Fronteira de eficiência pelo método FDH.................................................49 Figura 5 – Formulação matemática metodologia DEA............................................. 50 Figura 6 – Mapa político da RMPA, concentração urbana........................................ 61 Figura 7 - Percentual de Participação no PIB dos municípios na RMPA, período 2004 ............................................................................................................ 63 Figura 8 - Gráfico dos Índices de eficiência do gasto público em educação dos municípios da RMPA, 2004 ...................................................................................... 84 Figura 9 – Fronteira de Eficiência do Gasto Público em Educação dos Municípios da RMPA, 2004.............................................................................................................. 85 LISTA DE QUADROS Quadro 1 – Natureza dos Bens Públicos.................................................................. 32 Quadro 2 – Composição do Idese no bloco educação ............................................ 47 Quadro 3 - Composição Municipal da RMPA .......................................................... 60 Quadro 4 - Impostos e transferências aos municípios ............................................. 68 Quadro 5 – Despesas autorizadas e não autorizadas pela LDB a serem vinculadas ao MDE...................................................................................................................... 70 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Desempenho da despesa pública no país A, B ou C.............................. 48 Tabela 2 - Variação Percentual do PIB anual, período 2002-2004, municípios da RMPA ....................................................................................................................... 62 Tabela 3 – PIB, População, PIB per capita, Gastos per capita em Educação da RMPA em 2004......................................................................................................... 64 Tabela jan./ 4 jun. – Despesa em educação, Nova Santa Rita-RS, 2007............................................................................................................ 67 Tabela 5 - Docentes funcionários públicos municipais período de 2002 a 2004 ...... 72 Tabela 6 - Alunos matriculados ensino fundamental matrícula municipal 20022004.......................................................................................................................... 73 Tabela 7 - Despesas com a função educação dos municípios da RMPA de 2002-2004 ................................................................................................................ 74 Tabela 8 - Relação percentual entre o gasto público na função educação e PIB municipal a preços do mercado, de 2002 a 2004 .................................................... 77 Tabela 9 - Relação dos docentes funcionários públicos municipais e alunos matriculados, de 2002 a 2004................................................................................... 78 Tabela 10 - Índices de eficiência do gasto público em educação dos municípios da RMPA ano 2002 ....................................................................................................... 80 Tabela 11 - Índices de eficiência do gasto público em educação dos municípios da RMPA ano 2003........................................................................................................ 81 Tabela 12 - Índices de eficiência do gasto público em educação dos municípios da RMPA ano 2004........................................................................................................ 82 Tabela 13 – Ganho de eficiência no gasto em educação dos municípios da RMPA, 2004 em relação a 2002............................................................................................ 83 Tabela 14 – Regressão: Índice de Eficiência, Gasto per capita e PIB per capita ........................................................................................................... 86 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO À qualidade na educação atribuem-se diferentes significados. Um dos enfoques mais freqüentes é associar qualidade com eficiência e eficácia, considerando a educação como produto e serviço que tenha que satisfazer seus usuários. Este trabalho remete a um dos atributos da efetividade na gestão dos gastos públicos em educação: a eficiência. A análise desta será efetuada pelo método nãoparamétrico Data Envelopment Analysis – DEA, utilizando-se o programa DEAP, versão 2.1 e tendo como objetivo o estudo da eficiência técnica do gasto público, na função educação para os municípios da região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA), nos anos 2002, 2003 e 2004. O entendimento da eficiência passa pela compreensão do gasto público. Para tal objetivo, na primeira seção é utilizado o método teórico descritivo, demonstrando os conceitos gerais sobre as funções do estado, sendo abordadas diferentes concepções sobre o papel do Estado na economia. Dentre as funções do Estado, é destacada a oferta de bens públicos, inclusive a dos bens meritórios, dos quais a educação é exemplo. Na segunda seção, ainda através do método teórico e descritivo, são abordados os conceitos de efetividade, eficácia e principalmente da eficiência do gasto público, demonstrando os principais métodos de sua mensuração. São realizadas descrições das metodologias para análise da eficiência, assim como as limitações e vantagens desses instrumentos de pesquisa. Na terceira e última seção é analisada, por meio do método descritivo e estatístico, a Região Metropolitana de Porto Alegre, seus municípios e a respectiva caracterização econômica. Também são medidos os respectivos índices de eficiência dos municípios integrantes da RMPA, no período de 2002 a 2004, resultando na identificação do município mais eficiente do período. Foram utilizadas como fontes de dados e estudos artigos e livros que contenham descrições relacionadas ao tema da eficiência do gasto público, analisados sob a perspectiva econômica. As principais fontes de dados investigadas são: Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Fundação de Economia e Estatística Siegfried Emanuel Heuser (FEE-RS), Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul, Organização das Nações Unidas para a Educação (Unesco), Banco Mundial, Secretarias Municipais da Fazenda e da Educação e Cultura dos respectivos municípios da Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA), 2 FUNÇÕES DO ESTADO: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA. Para Marx Weber (1999) a função do Estado seria assegurar a ordem interior e a paz civil, pela sua faculdade de exercer a violência de forma legítima. As funções primordiais seriam: a promulgação da lei (função do legislativo); a proteção da segurança pessoal e da ordem pública (função da polícia); a proteção dos direitos adquiridos (função da justiça); a promoção do bem-estar social, educacional e sanitário (função das estruturas de hospitais, escolas, universidades etc.) e de outros interesses culturais da população, e a proteção armada organizada contra ataques externos (função do exército). Para exercer estas funções, o Estado teria o monopólio do exercício da força, mais um aparelho administrativo para prestar serviços públicos. Tais funções foram necessárias na medida em que o governo aumenta sua participação na economia, pelo constante crescimento demográfico, aumento das funções administrativas do setor público, maior grau de urbanização dos municípios, à necessidade de ofertar bens públicos para desenvolvimento. Segundo Souza (2003), em relação ao modelo clássico, como a realidade dos mercados não faz jus a este clássico, a impossibilidade de atingir a produção ótima, por imperfeições da concorrência, é caracterizada de falhas de mercado, provenientes da indivisibilidade do produto, das externalidades, do custo de produção decrescente, dos mercados imperfeitos, dos riscos e das incertezas dos bens. Existindo as falhas de mercado e objetivando-se a otimização do bem-estar social, o Estado possui três funções básicas: função alocativa, redistributiva e função estabilizadora, com suas características descritas conforme segue: Exercendo a função alocativa, o setor público oferece bens e serviços públicos, ou interfere na oferta do setor privado, por meio da política fiscal. O mecanismo de preços assegura a oferta da grande maioria de bens e serviços e de que a população necessita. Porém, como foi visto, em razão das falhas de mercado, muitos bens e serviços deixariam de ser ofertados. Caso não houvesse a atuação do setor público. Assim, o governo intervém para estimular o crescimento econômico nacional ou de uma determinada região, ofertando bens públicos e criando economias externas, mediante a implantação de infra-estruturas, como estradas, melhorias de portos, meios de comunicação etc. Por meio da função redistributiva, o setor público age na redistribuição da renda e da riqueza entre as classes sociais, complementando a ação do mercado, que nem sempre age na direção socialmente desejada, ou seja, muitas vezes o livre funcionamento do mercado leva à concentração da renda e da riqueza nas mãos de poucos indivíduos, com desemprego e empobrecimento da maioria da população Por meio da função estabilizadora, adotando políticas monetárias e fiscais [...] o governo procura aumentar o nível de emprego, reduzir a taxa de inflação, manter a estabilidade da moeda ou atingir o equilíbrio na balança de transações correntes. Com desemprego, o governo aumenta seus gastos, o que eleva a demanda agregada, reduzindo ou “desaquecendo” à economia em caso de déficit público e inflação. Mediante controle de preços e salários, o setor público também age sobre a estabilidade econômica, mantendo a demanda agregada em determinado nível, ou estimulando seu crescimento (SOUZA, 2003, p. 294). Segundo Troster (2003), as funções do estado são: fiscalizadora (estabelecer e cobrar impostos); regularora (regular a atividade econômica mediante leis e disposições administrativas, onde pode estabelecer controle de preços a algumas indústrias, regular os monopólios e proteger os consumidores em relação à publicidade, saúde.etc.); e provedora de bens e serviços (mediante as empresas públicas, isto é, as empresas de propriedade do Estado, facilitar o acesso a bens e serviços públicos, produzir bens de consumo e produção, assim o Estado poderá promover investimento em setores atrasados). 2.1 As funções do Estado no Liberalismo. O Liberalismo é a Doutrina política e econômica que visa assegurar a liberdade dos indivíduos e limitar o poder do Estado. As idéias liberais, formuladas na Europa entre os séculos XVII e XIX, desafiam os Estados absolutistas e mercantilistas vigentes em favor da instituição de governos constitucionais baseados no livre mercado. Sua difusão está ligada ao desenvolvimento do capitalismo e à ascensão da classe burguesa. No Liberalismo político, as diretrizes do Estado liberal são expostas pelo inglês John Locke (1632-1704) em Dois Tratados sobre o Governo (1690). Locke formula a teoria dos direitos naturais, segundo a qual os indivíduos possuem, por natureza, direitos inalienáveis à vida, à liberdade e à propriedade. E a sociedade civil - formada livremente pelos homens - existe para preservar e consolidar esses direitos, agora sob o amparo da lei. Na França, o filósofo Montesquieu (1689-1755) escreve Do Espírito das Leis (1751), em que defende a separação dos poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), princípio incorporado às futuras constituições liberais. A doutrina recebe, mais tarde, a contribuição de Stuart Mill (1806-1873) segundo Hunt (2005). O liberalismo influencia movimentos importantes da Idade Moderna. A Revolução Gloriosa inglesa de 1689 assinala o triunfo completo do Parlamento sobre o poder do rei. Nos EUA, os preceitos liberais são fixados na Declaração de Independência de 1776. E, na França, tornam-se hegemônicos após a Revolução Francesa. No Liberalismo econômico seus teóricos clássicos condenam as políticas mercantilistas, apoiadas na intervenção estatal, pois a dinâmica de produção, distribuição e consumo de bens é regida por leis naturais. Dessa forma, a função do Estado é garantir o funcionamento dessas leis e a propriedade privada. O principal expoente é o escocês Adam Smith (1723-1790), autor de “Uma Investigação sobre a Natureza e Causas da Riqueza das Nações” (1776). Nela, propõe um modelo econômico baseado no jogo livre da oferta e da procura, o laissez-faire (deixai fazer, em francês). Segundo Hunt (2005) para o autor, a riqueza está no trabalho humano, que deve ser dirigido pela livre iniciativa dos empreendedores. A teoria é enriquecida pelos trabalhos de Thomas Malthus (1766-1834) e David Ricardo (1772-1823). Considerando o nome mais destacado dos clássicos no que diz respeito a teoria liberal, Adam Smith (1723-1790) nasceu na Escócia, onde viveu quase toda sua vida. Cursou as universidades de Glaslow e Oxford e foi professor em Glaslow. Em 1759 publicou The Theory of Moral Sentiments – um tratado de filosofia social e moral. Teve contato na França com os fisiocratas Quesney e Turgot, e em 1776 publicou sua obra mais importante: An Inquiry into the Nature and Causes of the Wealth of Nations, A Riqueza das Nações, abreviadamente. A teoria clássica, explicada pela lei de Say, estabelece a lógica do pensamento clássico, expressa pelo esquema que segue: Figura 1 - Encadeamento lógico da análise clássica Fonte: Delfaud, 1977, p. 17. Smith concluiu que todos os tipos de intervenções do governo tendiam a alocar mal o capital e a diminuir sua contribuição para o bem-estar econômico. Tais atos ainda tendiam a restringir os mercados, reduzindo as taxas de acumulação do capital e diminuindo a extensão da divisão do trabalho, e com isso, o nível de produção social. Os mercados livres não dirigiam apenas o emprego de capital para as indústrias em que ele fosse mais produtivo, mas também fariam, por meio da “mão invisível”, que dirigia a maximização egoísta do lucro para canais socialmente úteis, com que fossem produzidas as mercadorias mais úteis. A influência de Smith está na idéia de mercado concorrencial, laissez-fare e capitalista, o livre mercado dirigia todos os atos egoístas e aquisitivos, voltados para o lucro. Declarou que as funções do governos deveriam ser limitadas: O homem que tentasse dirigir as pessoas dizendo como elas deveriam empregar seu capital não só ficaria sobrecarregado com uma tarefa de todo desnecessária, como também assumiria uma autoridade que não poderia ser confiada a uma única pessoa, nem mesmo a um conselho ou a um senado, e que nenhum outro lugar seria tão perigoso quanto nas mãos de um homem que fosse suficientemente louco e presunçoso para julgar-se apto para exercê-lo. (SMITH apud HUNT, 2005, p. 57). As idéias liberais permanecem hegemônicas até o fim do século XIX. A partir de então se vão atenuando e dando lugar a uma maior participação dos governos em setores como saúde e educação, com o objetivo de superar as desigualdades sociais. A abstenção total do Estado, ideal do lassez-faire, e a idéia de plena liberdade ao mercado, não se concretizaram, nem mesmo no século XVIII, época da Revolução Francesa e Industrial. Discussões, como as de Rossetti (1991), nos mostram que até mesmo Adam Smith, preconizador das idéias liberais no pensamento econômico, não descrevia total abstenção do Estado, mas indicava através de sua obra A Riqueza das Nações, que o Estado teria três deveres a cumprir: • Primeiro, o dever de proteger a sociedade da invasão e da agressão por outras sociedades independentes; • Segundo, o dever de proteger na medida do possível, cada membro da sociedade da injustiça e da opressão, praticando uma adequada administração da justiça; • Terceiro, o dever de erigir e manter certas obras públicas, cuja exploração não seria jamais do interesse de qualquer empresa privada. Entretanto, a admissão de certas funções indica que a idéia de total abstenção do Estado não pode ser considerada firmemente. Todavia, neste receituário, a idéia de funções básicas para com a sociedade se aproxima muito, pois a mínima intervenção no mercado tange o objetivo do lassez-faire. Referindo-se aos mecanismos livres de mercado e sua eficiência, todo o conjunto do mercado desde unidades de produção até os interesses próprios prescinde do Estado para sua regulação. Conforme Rossetti: Nas sociedades baseadas na livre empresa capitalista, os mecanismos de formação dos preços, o ajustamento dos planos e ações da coletividade e das unidades de produção, o livre jogo das forças de mercado, o interesse próprio e a concorrência empresarial devem conduzir não apenas a satisfatórios níveis de eficiência produtiva, mas também a um maior grau de igualdade e justiça na repartição da renda nacional. (1991, p. 377). Na Inglaterra, chamada a terra natal do liberalismo e um país liberal modelo, os proponentes das políticas liberais nunca lograram alcançar todos seus propósitos efetivamente, segundo Rossetti (1991). No que concerne ao uso do racionalismo, a essência do liberalismo é justamente que se conceda à razão, na esfera política social, a aceitação com que já conta, sem maiores disputas, em todas as esferas da ação humana. A razão pela qual o liberalismo se opõe à maior extensão da esfera da ação do governo é porque isso significaria a abolição da propriedade privada dos meios de produção. Da relação de Estado e Governo, Von Mises (1987) acrescenta que a limitação das funções do Estado e de sua não intervenção na Economia, justificada no interesse pela defesa da propriedade privada dos meios de produção: É incorreto interpretar a atitude do liberalismo, em relação ao Estado, ao afirmar-se que essa doutrina deseja limitar a sua esfera de atividades possíveis ou que abomina, em princípio, toda atividade executada pelo Estado, no que concerne à vida econômica. A opinião que o liberalismo tem, com relação ao problema da função do Estado, é a conseqüência necessária da defesa que faz da propriedade privada dos meios de produção. [...] Portanto, a defesa da propriedade privada dos meios de produção já implica uma circunscrição bastante drástica das funções exercidas pelo Estado. (p. 40). No que se refere aos limites da ação do governo, delimita as tarefas ou funções do Estado explicitamente, onde a tarefa do Estado consiste, única e exclusivamente, em garantir a proteção da vida, a saúde, a liberdade e a propriedade privada contra ataques violentos. Na organização da economia, segundo opinião amplamente aceita, há, entre socialismo e capitalismo, uma terceira possibilidade de organização social: o sistema de propriedade privada regulado, controlado e dirigido por decretos (atos de intervenção), o intervencionismo. Para Von Mises (1987), o socialismo torna-se impraticável pois: Numa sociedade socialista, todo indivíduo pensa que depende menos da eficiência de seu próprio trabalho, uma vez que lhe é atribuída, de qualquer modo, uma quantidade fixa do produto total, e essa quantidade não pode ser diminuída, pela perda resultante da indolência de qualquer dos homens. Se generalizada esta consciência, impactaria negativamente na produtividade. (1987, p. 70). Os teóricos liberais justificam o sistema capitalista como ideal para a aplicabilidade das doutrinas liberais, pois num sistema capitalista, o cálculo da lucratividade constitui o guia que indica ao indivíduo se a empresa que opera deve estar em operação, sob dadas condições, somente se está sendo gerida de modo mais eficiente possível, isto é, ao menor custo de fatores de produção. Nas regulações estabelecidas pelo do Estado sobre a economia, o Intervencionismo torna-se inócuo, sem efeito. Aos atos de intervenção direta estatal, por exemplo, visando fixação de preços e serviços, a um nível diferente estabelecidos pelo mercado o intervencionismo é contrário aos propósitos para os quais foi decretada e, em relação ao sistema de política econômica que procura operar por meio de tais atos de intervenção, é impraticável e inconcebível e contradiz a lógica econômica. Von Mises (1987) indica porque as ações governamentais são inócuas, pois se o governo desistir da interferência, isto é, anular os controles de preços, então deverá prosseguir com outras medidas. Torna-se claro no seguinte trecho: Uma vez que a produção não é mais lucrativa, se os bens são vendidos aos preços fixados pelo governo, ela será reduzida ou inteiramente suspensa. Se o governo desejar que a produção continue, terá de compelir os produtores e produzir e, para este fim, terá também, de fixar os preços das matérias-primas, dos produtos semi-acabados e dos salários dos trabalhadores. Seus decretos para esta finalidade, entretanto, não poderão se limitar a um ou uns poucos ramos da produção que as autoridades desejam regular, pois que julgam seus produtos especialmente importantes. Terão de abarcar todos os ramos da produção. Terão de regular os preços de todas as mercadorias e salários. Em suma, terão de estender o controle sobre a conduta de todos empresários, capitalistas, donos de terras e trabalhadores. (1987, p. 78). O sistema de acumulação Capitalista é referenciado como única forma de organização, defendido pelos liberais e citado por Von Mises (1987) no trecho seguinte: Defender a propriedade privada dos meios de produção não é de modo algum afirmar que o sistema social capitalista, baseado na propriedade privada, seja perfeito. Não há nada parecido com perfeição terrena. Mesmo no sistema capitalista, algumas coisas, ou por outra, muitas coisas, ou ainda todas as coisas podem não ser exatamente do gosto deste ou daquele indivíduo. Mas trata-se do único sistema social possível. Pode-se modificar uma ou outra de suas características, desde que, fazendo assim, não seja afetada a essência e fundamento de toda ordem social, vale dizer, a propriedade privada. Mas, no todo, temos de conciliar-nos com este sistema, uma vez que, simplesmente, não pode haver qualquer outro. (p. 87). Finalmente, segundo Von Mises (1987) o arcabouço teórico liberal não é imutável, nem mesmo infalível, sendo que o liberalismo não é uma doutrina completa nem um dogma imutável. Pelo contrário, é a aplicação dos ensinamentos da ciência à vida social do homem. 2.2 Keynesianismo: a justificativa da intervenção estatal. John Maynard Keynes, sem dúvida o mais importante economista da primeira metade do século XX, nasceu em 1883, exatamente no ano do falecimento de Karl Marx, o mais importante economista do século XIX. Faleceu em 1946, dez anos após a publicação de sua revolucionária obra, The General Theory of Employment, Interest and Money. Foi aluno de Alfred Marshall, em Cambridge, e seu primeiro livro, Indian Currency and Finance, tratava problemas monetários e foi publicado em 1913. (Keynes, 1982, p. 18). A formulação teórica de Keynes inverte a lógica do pensamento clássico, indicando que a oferta passa a ser agora uma conseqüência da demanda, e não o inverso. A demanda cria sua oferta, conforme o esquema que segue: Figura 2 - Encadeamento lógico da análise keynesiana Fonte: Delfaud, 1977, p. 44. Em vários países, o medo de novas recessões, como a grande Depressão de 1929, levou-os a aumentar de forma apreciável a intervenção do Estado na atividade econômica. Nesse processo, influiu de maneira importante o pensamento de Keynes, que propunha uma atitude ativa do governo mediante as crises, idéia criticada pelos monetaristas. O intervencionismo defendido por Keynes, descreve que a economia não tende livremente ao pleno emprego dos recursos produtivos e recomenda a intervenção do Estado mediante as políticas monetária e fiscal, especialmente esta última, como objetivo de estabilizar a economia. Os governos, intervindo na economia, perseguem objetivos de caráter geral como o progresso econômico e social do país. Para conseguir estes objetivos, os governos buscam objetivos econômicos que se realizam nos seguintes pontos conforme Troster (2002): • Maior nível possível de emprego; • Estabilidade de preços; • O crescimento econômico. As intervenções estatais na economia, segundo Troster (2002), são justificadas pela existência dos ciclos econômicos. As flutuações ou ciclos econômicos podem ser considerados uma sucessão periódica de fases ascendentes e descendentes, aproximadamente simétricas. Os elementos comuns que se encontram nas diferentes fases do ciclo são: • Depressão (ponto mínimo do ciclo); • Recuperação (fase ascendente do ciclo); • Auge (ponto máximo do ciclo); • Recessão (fase descendente do ciclo). A interferência do estado na economia fundamenta-se em uma série de fatores, entre os mais significativos, se expressam a seguir: • Aperfeiçoamento da tecnologia de defesa; • Expansão das necessidades de bens coletivos; • Expansão de encargos administrativos; • Expansão dos atendimentos previdenciários; • Correção de flutuações conjunturais; • Preenchimento de espaços vazios; • Aceleração do processo de crescimento; • Correção dos vícios do sistema de preços. O aperfeiçoamento da tecnologia de defesa torna-se necessária pelos diversos conflitos existentes e pela defesa dos interesses das nações envolvidas, principalmente. Os bens coletivos não seriam produzidos pela iniciativa privada pela sua natureza, cujo interesse será da sociedade como um todo. A compreensão do conceito de bens coletivos torna-se mais clara a partir do trecho que segue: Os bens coletivos, pela sua natureza, dificilmente poderiam ser produzidos através dos mecanismos de mercado e da iniciativa empresarial privada. São bens cujo suprimento é do mais alto interesse para a sociedade como um todo, mas não podem ser produzidos, demandados ou remunerados em bases individuais. Eles se diferenciam dos bens privados quanto à característica especial de que só podem ser ofertados em bases sociais, públicas ou coletivas. Mesmo que um indivíduo se negue a pagar diretamente pelo seu consumo ou utilização desses, não haverá como excluí-lo dos benefícios que eles proporcionam. A construção de barragens, de canais de irrigação, de infra-estrutura urbana, de estradas, parques e áreas de lazer, bem como alguns exemplos de bens e serviços em que ocorrem divergências entre custos e benefícios privados e sociais. (ROSSETTI, 1991, p. 385). A expansão dos encargos administrativos se deve ao crescente aumento do custeio, para o atendimento das demandas da sociedade, influenciando na renda disponível. No que se referem aos atendimentos previdenciários, mediante as relações precárias entre as classes trabalhadoras e classe empresarial, tornou-se necessária a intervenção do Estado mo mercado de trabalho para atenuar tais disparidades. Inserido num âmbito de casos de agravamento das flutuações conjunturais sinalizadas por crises econômicas, depressões, recessões e baixas generalizadas de desempenho – o Estado também atuaria como um dos mais significativos condutor da intervenção governamental nas economias. O preenchimento dos espaços vazios torna-se necessário na medida em que certos investimentos são fundamentais para a economia como um todo, ou seja, áreas chaves (como setor de energia, por exemplo), e não há um interesse da iniciativa empresarial em despender investimentos, por diversos fatores, seja pelo volume de recursos envolvido ou pelo custo benefício. O aceleramento do crescimento também justifica a atuação do estado na economia para alavancar o processo de desenvolvimento da nação. Por fim, no que se referem aos vícios do sistema de preços, em grande parte “decorrem da existência de estruturas de mercado bastante distanciadas da concorrência perfeita e, portanto, geradoras de condições que podem distorcer os resultados produzidos pela livre manifestação das forças de oferta e da procura” (ROSSETTI, 1991, p. 390). Keynes deixa esclarece que a intervenção proposta não deve ser confundida com as economias planificadas, a exemplo da antiga União Soviética. A idéia é de um intervencionismo moderado. Keynes nos remete às Notas Finais sobre a filosofia social a que poderia conduzir a Teoria Geral: Não se vê nenhuma razão evidente que justifique um socialismo de Estado envolvendo a maior parte da vida econômica da comunidade. Não é a propriedade dos meios de produção que convém ao Estado assumir. Se este for capaz de determinar o montante global dos recursos destinados a aumentar os meios de produção e a taxa básica de remuneração aos seus detentores, terá realizado tudo o que lhe corresponde. De resto, as medidas necessárias de socialização podem ser gradualmente introduzidas, sem alterar as tradições generalizadas da sociedade. (KEYNES, 1982, p. 288). A crise econômica da década de 1930, impôs aos responsáveis pelas políticas econômicas dos países afetados pela crise a necessidade de intervir nestas economias, com a finalidade de alavancar o aquecimento destas, pelo aumento do nível de emprego principalmente. A inexistência de informações sistêmicas era um fator que limitava o alcance e a eficiência das medidas praticadas pelos governos. Nessas condições se realizou pesquisas referentes à mensuração da Renda Nacional para tornar possível pelo menos uma referência de parâmetros macroeconômicos, com vistas à intervenção na economia. 2.3 Escola Monetarista, a Teoria Quantitativa da Moeda e as funções do Estado. O neoliberalismo parte de duas escolas do pensamento econômico: a Escola Austríaca cujos principais representantes são Friedrich August Von Hayek e Ludwig Von Mises e a Escola de Chicago, com Milton Friedman, que desenvolveu trabalhos sob a ótica monetarista e será tratada nesta seção. A palavra monetarismo deriva-se de monetário, tendo origem na Teoria Quantitativa da Moeda. Enfatiza o efeito da quantidade de moeda sobre a demanda agregada, a pouca influência desta na determinação do nível de renda, e a necessidade de controle monetário para evitar excesso de demanda e inflação, opondo-se ao keynesianismo. A corrente monetarista surgida na Universidade de Chicago (EUA) e, em particular pela obra de Friedman, confia no livre jogo das forças do mercado como instrumento para situar a economia próxima ao pleno emprego. A intervenção do Estado deve-se reduzir ao mínimo possível, na essência, controlar apenas o volume de dinheiro. No pensamento econômico latino-americano, o monetarismo é a corrente que interpreta a inflação dos países dessa região como decorrente de descontrole monetário, provocando excesso de demanda, opondo-se ao estruturalismo. Os economistas neoclássicos atualizaram a teoria quantitativa da moeda embasando fórmulas matemáticas. Primeiramente com Simon Newcomb (18351909), escritor de Principles of Political Economy, determinou a Equação de Circulação Societária, afirmando que um aumento na quantidade de moeda afeta a demanda por bens e serviços, relação dada pela seguinte equação: VR = KP (1) Onde “V” será o volume de moeda, “R” rapidez em que ela circula, “P”, o nível de preços, e “K” volume de bens e serviços trocados por moeda em dado período. Irving Fisher (1867-1947), influenciado por Newcomb, pode ser considerado um dos maiores percussor do pensamento monetarista moderno. Em 1911 publica The Purchasing Power of Money, utilizando-se a seguinte formula: MV = PT (2) Onde o volume de moeda em circulação ou oferta monetária era dado por “M”, “V” número de vezes que o estoque de moeda era transferido denominado de velocidade de circulação das trocas, “P” preço médio dos bens comercializados e de “T” o volume físico de todos os bens transacionados na economia. Após, por dificuldades de se calcular “P” e “T”, os economistas substituíram o “T” de Fischer pelo produto real “Q”. Em relação a Escola de Cambridge, esta nos traz também uma contribuição em relação a teoria quantitativa. Alfred Marshall (1842-1924) e Arthur Cecil Pigou (1877-1959) foram precursores desta adaptação, fundando a base teórica hoje denominada Escola Econômica de Cambridge. A versão de Cambridge formulativa é a seguinte: M = KPQ (3) Enquanto Fisher estava voltado para os fluxos de gastos (ou de renda), a escola de Cambridge se atém aos estoques ou saldos de caixa que o público desejaria manter em seu poder. Segundo Peringer, o que diferencia a Escola de Cambridge de Fisher e o impacto no pensamento monetarista pode-se descrever no trecho que segue: A possibilidade de manter moeda temporariamente investida, na forma de ativos que assegurem uma remuneração a seus possuidores, tem levado alguns monetaristas modernos a utilizarem, em suas análises e exposições, um conceito mais amplo de moeda, incluindo não só moeda-papel e os depósitos bancários em conta corrente, como os depósitos a prazo, em caderneta de poupança e em alguns títulos públicos, de fácil liquidez. (1985, p. 24). A teoria quantitativa da moeda diz que no longo prazo os preços dependem, fundamentalmente, da variação na oferta monetária, em relação à variação no produto real. Já a teoria quantitativa moderna é uma teoria da renda nominal do que dos preços ou da renda real, não explicando o quanto da variação da oferta monetária irá afetar os componentes do produto nominal: preços e quantidades. 2.4 Neoliberalismo e o papel do Estado. O neoliberalismo e seus preceitos pode ser compreendido no trecho abaixo, conforme Chomsky: O neoliberalismo é o paradigma econômico e político que define o nosso tempo. Ele consiste em um conjunto de políticas e processos que permitem a um número relativamente pequeno de interesses particulares controlar a maior parte possível da vida social com objetivo de maximizar seus benefícios individuais. Inicialmente associado à Reagan e Thatcher, o neoliberalismo é a principal tendência da política e da economia globais nas últimas duas décadas, seguida, além da direita, por partidos políticos de centro e por boa parte da esquerda tradicional. Esses partidos e suas políticas representam os interesses imediatos de investidores extremamente ricos e de menos de mil grandes empresas. (2002, p. 7) A expressão é usada para designar as políticas econômicas com ênfase no livre mercado que vêm sendo adotadas pela maioria dos países. Atualmente, uma das principais expressões do neoliberalismo são as medidas estabelecidas no chamado Consenso de Washington, encontro realizado no início dos anos 90, sugerindo algo a respeito da ordem global. O termo neoliberalismo é novo, entretanto se baseia no receituário teórico das idéias liberais clássicas de Adam Smith. Nestas, enfatizam-se a abertura da economia por meio da liberalização financeira e comercial e da eliminação de barreiras aos investimentos estrangeiros diretos. A estabilização econômica é obtida através da disciplina fiscal, reforma tributária, pela estabilidade da taxa de câmbio e pelo redirecionamento dos gastos do Estado, dando prioridade à saúde, à educação e à infra-estrutura. A diminuição da participação do Estado na economia permite maior autonomia ao setor privado, ocorrida por meio dos programas de privatização e da desregulamentação, por exemplo, do preço de alguns produtos antes controlados pelo Estado. No neoliberalismo, o papel do Estado restringe-se a disciplinar o mercado com o objetivo de combater os excessos da livre concorrência e, dessa forma, garantir sua sobrevivência. Segundo Chomsky (2002), o Consenso neoliberal de Washington é um conjunto de princípios orientados para o mercado, traçados pelo governo dos Estados Unidos e pelas instituições financeiras internacionais que ele controla e por eles mesmos implementados de formas diversas – geralmente, nas sociedades mais vulneráveis, como rígidos programas de ajuste estrutural. Na Europa, o país que mais avançou em política neoliberal é o Reino Unido, particularmente no período do governo de Margareth Thatcher. Outras nações, como França, Alemanha e Suécia, adotam algumas dessas políticas, ao mesmo tempo em que se mantêm forte participação estatal, proteção ao comércio, regulamentações e políticas de bem-estar social. Os Estados Unidos seguem a receita neoliberal, embora permaneçam protecionistas em alguns setores e com enorme déficit público, principalmente durante o governo de Ronald Reagan. O Brasil persegue a maioria desses objetivos, mas não atingiu o equilíbrio fiscal nem a reforma tributária. O país também impõe restrições ao comércio, e a participação estatal na economia ainda é forte. Resumidamente, as diretrizes básicas do consenso de Washingtom são, segundo Chomsky (2002) as seguintes: • liberalização do mercado e do sistema financeiro; • fixação dos preços de mercado (ajustes de preços); • fim da inflação (estabilidade, macroeconômica) e; • privatização. As privatizações em nível mundial alcançaram recorde histórico de 154 bilhões de dólares em 1998. A aquisição de estatais gera uma renda de 114 bilhões de dólares em 1997 – 26% menor que no ano anterior de acordo com a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). As telecomunicações respondem por quase 40% do volume obtido em 1998, o que corresponde a 45 bilhões de dólares. A segunda área mais ativa nas privatizações mundiais é a financeira, única a registrar crescimento de receita, de 6 bilhões de dólares para 20 bilhões de dólares em um ano. Entre os países filiados à OCDE, os maiores montantes provenientes de privatizações em 1998 ficam com o Japão (13,6 bilhões de dólares) e a França (13,4 bilhões de dólares). O processo de transferência de empresas estatais para a iniciativa privada nacional ou estrangeira intensifica-se no mundo a partir da década de 80. As privatizações resultam do fortalecimento das idéias liberais sobre a eficiência do livre mercado e a redução da participação do Estado na economia. Numa época de crescimento geral do déficit público, as privatizações também são uma estratégica fonte de receita para os governos. Nas nações emergentes, a venda de estatais faz parte dos programas de reajuste da economia impostos pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e pelo Banco Mundial (Bird) em troca de ajuda econômica. Os defensores da privatização argumentam que as estatais são menos eficientes que as empresas particulares. Enquanto a economia globalizada exige companhias ágeis e capazes de enfrentar a concorrência, as estatais não visam ao lucro e estão presas a corporativismos, influências políticas e regras da administração pública, que podem incluir estabilidade do emprego e necessidade de licitação para compras e de concurso para contratações. Sua venda é uma grande fonte de receita e um importante meio de atrair investimentos externos para o país. Os críticos do processo afirmam que as estatais exercem papel fundamental no desenvolvimento nacional, já que controlam áreas estratégicas (como energia e transporte) e promovem investimentos em infra-estrutura, por exemplo. São ainda um patrimônio da nação: abrir mão delas ocasiona enfraquecimento da soberania nacional e concentração de poder econômico nas mãos de um número restrito de grande corporações empresariais. Além disso, muitas são rentáveis e, portanto, não contribuem para o aumento do déficit público. A privatização, segundo Mitchell e Simmons (2003), é uma entre muitas técnicas para prover serviços públicos por meio do setor privado. O governo de Margaret Thatcher, no Reino Unido, foi pioneiro na venda de estatais ao iniciar um ambicioso programa em 1979. Em dez anos, o país recebeu 60 bilhões de dólares com a venda de aproximadamente 50 estatais. Nos anos 90, a desestatização prossegue, mas o país perde a posição de liderança – entre 1992 e 1996, sua receita média anual é de 4,8 bilhões de dólares, conforme a OCDE. Alguns países da Europa continental se destacam no mesmo período: a receita da França é de 5,4 bilhões de dólares, seguida pela da Itália (4,5 bilhões de dólares) e pela da Alemanha (2,8 bilhões de dólares). A privatização da empresa Deutsche Telekom em 1996 – a quinta maior transação desse tipo no mundo – representa mais de 90% da receita alemã. Segundo Giambiagi (2000) o processo de privatizações passa a fazer parte das reformas “estruturais” dos principais países capitalistas. O processo conduzido por Thatcher refletiu o renascimento das políticas ditas “liberais” promovendo uma redefinição modernizadora da intervenção do Estado. A partir de 1980, estes programas têm maior destaque na América Latina, frente ao agravamento da situação fiscal que decorreu da interrupção dos fluxos de financiamento a partir de 1982. Das regiões chamadas de emergentes, a América Latina é a que obtém a maior receita com privatizações entre 1988 e 1995, segundo o Bird: 68,1 bilhões de dólares. Seguem-se o Leste Europeu e a Ásia Central (25,1 bilhões de dólares) e o Sudeste Asiático (24,7 bilhões de dólares). Entre 1990 e 1997 são vendidas 827 estatais latino-americanas, gerando uma receita de 110 bilhões de dólares. México e Argentina, que iniciam a onda de desestatização na região junto com o Chile, são os países que mais arrecadam no período: 27,3 bilhões e 18,2 bilhões de dólares, respectivamente. Nos últimos anos, no entanto, a liderança é brasileira. As privatizações constituem um dos pilares da política de transição para a economia de mercado adotada pelas antigas nações socialistas do Leste Europeu após 1989. O governo alemão implanta um amplo programa: vende 4 mil estatais (de um total de 11 mil) da extinta Alemanha Oriental apenas no ano seguinte à reunificação, obtendo 7,8 bilhões de dólares. Também se destacam Hungria, Polônia, República Tcheca, Eslováquia e Federação Russa. Na Ásia, as maiores receitas são da Malásia e da China. Em setembro de 1997, o 15o Congresso do Partido Comunista Chinês (PCCh) anuncia um gigantesco plano de privatizações, que deve aumentar de forma expressiva a arrecadação nos próximos anos. Ele começa com a venda da China Telecom, uma das principais transações desse ano. Outras nações do Sudeste Asiático, como Indonésia e Filipinas, se empenham na desestatização. O processo é mais lento na África, no Oriente Médio e no sul da Ásia. As crises financeiras, entretanto, causam a estagnação do processo no Sudeste Asiático e na Federação Russa, segundo Chomsky (2002). A crise dos anos 1980 refletiu na extinção do modelo de desenvolvimento fundamentado nos investimentos estatais, financiados pelo endividamento externo, surgindo então a idéia de um novo papel do Estado. O processo de privatizações reformula o papel do Estado na economia, de produtor passa ser cada vez mais um Estado regulador. Em sua defesa, de forma a priorizar o modelo de gestão privado: Muitas formas de privatização podem ser usadas para reduzir o número e o alcance dos governos federal, estadual e local. Grandes porções do governo federal seriam gerenciadas mais equilibrada e eficientemente nas mãos de proprietários particulares, incluindo serviços sociais, coleta de lixo, eletricidade, proteção contra incêndios, serviços postais, saúde, serviços de contabilidade, serviços de manutenção e reparo de ruas, gerenciamento de parques, arbitramento de pequenas causas, serviços correcionais, educação, policiamento e outros serviços fornecidos por entidades governamentais podem ser mais bem prestados por empresas e organizações do setor privado. (MITCHELL e SIMMONS, p. 414). As privatizações surgem na maioria dos países como solução para desajustes nas contas públicas. Havendo crise fiscal a venda de atributos do Estado viabilizou uma melhora da situação das finanças públicas, reduzindo o estoque da dívida publica. Conforme Giambiagi (2000), a análise do impacto das privatizações deve se levar em conta dois aspectos: o efeito sobre o resultado primário e a possibilidade de redução da despesa de juros, através do estoque de endividamento público. Para o primeiro aspecto, a privatização representa um potencial de liberação do Estado da responsabilidade de realizar futuros investimentos, que se fossem por ele realizados, aumentariam a Necessidade de Financiamento do Setor Público (NFSP). Para o segundo, a possibilidade de usar receitas de vendas das empresas estatais para sanar a dívida pública permite diminuir a dívida líquida do setor público, contribui assim, para tornar as contas públicas menos vulneráveis às taxas de juros e possibilita uma redução no pagamento de juros, na contabilidade das NFSP. Segundo Chomsky (2002), em mãos privadas, as empresas públicas poderiam ampliar sua capacidade produtiva e investir em modernização – com importantes impactos sobre a produtividade e, conseqüentemente, sobre a competitividade dos produtos – o que não ocorre anteriormente à privatização, pois a deteriorização financeira das empresas estatais e do setor público não possibilitam o alcance da eficiência produtiva. Isto implica muitas vezes a falta de discernimento de qual é o objetivo mais fundamental: o lucro ou a sociedade? Torna-se, portanto, nas empresas públicas seus processos excessivamente complexos e demorados, o que na iniciativa privada, pelos objetivos serem mais claros – o lucro -, ser mais eficiente. Para Chomsky (2002), no neoliberalismo o Estado deve focar seus esforços para garantir que sua nação seja competitiva perante as outras, garantindo um ambiente institucional seguro, garantindo aos investidores um ambiente justo e uma economia de mercado onde as distorções sejam minimizadas. Numa sociedade globalizada, o Estado deve reduzir seu escopo de atuação, principalmente nos serviços prestados à população. As reformas para diminuição do tamanho de Estado devem ser realizadas, segundo a doutrina neoliberal. Um exemplo da não aceitação das idéias sugeridas pelo Consenso de Washington e seus conseqüentes resultados, está provada, segundo Chomsky, no seguinte caso: Um grupo de eminentes economistas japoneses publicou recentemente um estudo, em vários volumes, sobre os programas japoneses de desenvolvimento econômico desde a II Grande Guerra. Eles assinalam que o Japão rejeitou as doutrinas neoliberais de seus conselheiros norteamericanos, adotando em seu lugar uma política industrial que atribuía um papel preponderante ao Estado. Os mecanismos de mercado foram gradualmente introduzidos pela burocracia estatal e pelos conglomerados industrial-financeiros à medida que cresciam as perspectivas de sucesso comercial. A rejeição dos preceitos da economia ortodoxa foi uma condição do milagre japonês, concluem economistas. O êxito do país é impressionante. Virtualmente desprovido de uma base de recursos naturais, o Japão se tornou a maior economia industrial do mundo e a mais importante fonte mundial de investimento estrangeiro, além de responder por metade da poupança líquida mundial e financiar o déficit norteamericano. (2002, p. 35). As diferenças entre o América Latina – que adotou em grande parte dos países o neoliberalismo - e o Leste Asiático – que não o adotou – são enormes. Por exemplo, a América Latina é campeã em desigualdade social e o Leste Asiático está entre os melhores índices. Temos ainda que, segundo Chomsky (2002), o diretor do Conselho de Assessoria Econômica do presidente Clinton em 1996, Joseph Stiglitz, tira lições do milagre do leste asiático, dentre elas o fato de que o governo assumiu a maior parcela de responsabilidade na promoção do crescimento econômico, abandonando a idéia de que o mercado é quem sabe mais e intervindo para intensificar a transferência de tecnologia, a igualdade relativa, a educação, a saúde, além da coordenação e planejamento industrial. 2.5 A função educação no Estado. Os bens públicos derivam das necessidades da sociedade e são providos por meio da função alocativa. Além disso, o setor público oferta bens e serviços ou interfere na oferta do setor privado, por meio da política fiscal. Para justificar a existência dos bens públicos, têm-se que as necessidades são classificadas da seguinte forma: necessidades privadas e necessidades públicas ou governamentais. As primeiras são atendidas pelo mercado. As últimas são satisfeitas pelo Estado. Dentro das necessidades governamentais temos as necessidades sociais e as necessidades meritórias. Nas necessidades sociais a satisfação do consumidor é independente de sua própria contribuição, ou seja, não está regulada pelo princípio de exclusão, que norteia os bens de mercado, que provêm das necessidades privadas, onde segundo Musgrave (1976): [...] Se um consumidor deseja uma mercadoria qualquer, terá de sujeitar-se às condições de troca estabelecidas pelos que as possuem, e vice-versa. Isto significa que ele está excluído do prazer de usufruir qualquer bem ou serviço a não ser que se disponha a pagar ao possuidor o preço estipulado. A isto podemos chamar princípio de exclusão. Este mecanismo não funciona para as necessidades sociais, quando a satisfação auferida por um consumidor é independente de sua própria contribuição. [...] Talvez alguns se beneficiem mais do que outros, mas todos sabem que seu benefício será independente de sua contribuição particular. Daí, como já dissemos, não se pode esperar do consumidor uma contribuição voluntária. O governo deve intervir e impor-se. (p. 30). O princípio da exclusão aplicado puramente só ocorre nos bens de consumo individual, onde tem suas bases na produção dos bens privados. O inverso deste princípio ocorre nos bens de consumo puramente coletivo, tendo as bases para a produção de bens públicos. A aplicabilidade parcial, para os bens de consumo individual ou coletivo, fornece as bases para a produção dos bens “quase-públicos” ou “meritórios”. Portanto, conforme Filellini (1989), na definição de consumo da sociedade, nos bens privados, prevalece o princípio da “soberania do consumidor”, para os bens públicos, prevalece o “princípio de conformidade” e para os bens “meritórios” prevalecem os julgamentos de valor. As necessidades meritórias, portanto, poderiam ser atendidas pelo mercado, pois estariam sujeitas ao princípio da exclusão. Ou seja, são classificados bens meritórios aqueles que poderiam ser bens de mercado, sujeitos ao princípio de exclusão, entretanto são ofertados pelo governo, por motivos de garantir direitos fundamentais à população ou porque a população atribui ao Governo este dever. [...] Elas (necessidades públicas) são atendidas por serviços sujeitos ao princípio de exclusão e são satisfeitas pelo mercado, dentro dos limites de procura efetiva. Tornam-se necessidades públicas se consideradas de tal modo meritórias que sua satisfação seja suprida através do orçamento público, além daquilo que é provido pelo mercado e pago pelos compradores particulares. Este segundo tipo de necessidade pública será chamado de necessidades meritórias. Os serviços públicos que visam à satisfação dessas necessidades incluem itens, tais como: merendas escolares, subsídio para casa de baixo custo e educação gratuita. (Musgrave, 1976, p. 34). Os bens meritórios são providos pelo Governo como forma de evitar que seu consumo seja limitado pelas rendas privadas. Outras vezes o consumo desses bens é tornado obrigatório por lei, como nos casos da educação primária, por exemplo, ou quando o bem meritório é tornado disponível, como nos serviços de bibliotecas e museus. Quadro 1 – Natureza dos Bens Públicos Bens Econômicos Privados Públicos Meritórios Natureza Divisíveis e sujeitos ao princípio da exclusão Indivisíveis e não sujeitos ao princípio da exclusão Divisíveis ou indivisíveis, sujeitos ao princípio da exclusão, com margens externas significativas. Fonte: FILELLINI, 1989, p. 76. Podemos citar como um bem meritório por excelência, conforme Filellini (1989), o serviço educacional por que: é indivisível, ou seja, o consumo é coletivo e indivisível, pois não pode ser particularizável por unidades de volume, quantidades individualmente, como determinados bens de mercado; está sujeito ao princípio da exclusão e é considerado altamente meritório, explicando a vontade social de subsidiá-lo intensivamente; e o consumo coletivo esgota-se com um pequeno número de usuários (uma sala de aula é um bem menor que um auditório de teatro). Uma das características que justificam o fornecimento dos serviços educacionais, caracterizados como bens meritórios, é seu caráter distributivo da renda, onde a oferta destes bens (escolas, creches, merenda escolar, etc.) se destinar, “principalmente, a propiciar à população de mais baixo nível de renda o acesso gratuito aos serviços mencionados, um importante fator redistributivo está incluído na manutenção desses serviços”. (REZENDE, 1983, p. 40). Outra característica inata ao bem meritório e a de gerar um conteúdo elevado de externalidades. Conforme nos informa Rezende (1983): A característica essencial dos bens semipúblicos é o seu elevado conteúdo de externalidades. Isto é, benefícios advindos de seu consumo não são totalmente internalizados pelo indivíduo que o consome, espalhando-se uma parcela considerável deles por toda a coletividade. Assim, por exemplo, o consumo de serviços de vacinação contra moléstias infectocontagiosas beneficia tanto o indivíduo que se submete à vacinação quanto toda a coletividade que fica menos exposta ao contágio. Vantagens para a comunidade de um maior consumo individual de educação são também freqüentemente assinaladas, com base na melhoria na produtividade e elevação dos padrões culturais. (p. 88). Dentre as vantagens econômicas de se investir em educação temos a questão do aumento da produtividade da mão-de-obra. Os investimentos governamentais contribuem para a melhoria da produtividade, no longo prazo. Estimulam o investimento privado, oferecendo à empresas importantes efeitos de economia externas (externalidades positivas). Conforme Filellini (1989): Educação e recursos humanos: os recursos humanos – sob o nome genérico de “trabalho” – sempre foram reconhecidos como fator básico da produção. Na verdade, constituem o único fator gerador de valor, dando conteúdo e sentido aos demais fatores produtivos a ele associados. Sem o trabalho, não haveria criação de capital e tecnologia, e os recursos naturais não seriam mais do que uma massa inerte. Hoje, mais do que nunca, devido aos rápidos avanços tecnológicos, o trabalho humano, tanto físico como mental, deve evoluir em termos de conhecimento e aptidão. O preenchimento dos postos produtivos de trabalho exige treinamento cada vez mais bem-elaborado. Aos esforços de treinamento, que atendem àqueles que ingressam na força de trabalho, somam-se os de retreinamento, para aquelas pessoas cujas especializações se tornam obsoletas. (p. 142). Portanto, têm-se neste capítulo diferentes concepções sobre as funções do estado delimitando principalmente como alocativa, distributiva e estabilizadora. Coloca-se a foco da doutrina liberal, keynesiana, monetarista e neoliberal. Finaliza-se este capítulo introduzindo o conceito de bens meritórios como um bem intermediário entre os bens privados e coletivos, enfatizando-se tais bens na função educação. Para tanto, não basta colocar as funções, mas exercê-las de maneira qualitativas. Esta importância será dada no capítulo seguinte, onde se abordam os principais conceitos envolvidos na noção de qualidade do gasto público, como a eficácia, efetividade e principalmente a eficiência. 3 EFICIÊNCIA: AS DIFERENTES REFERÊNCIAS AO ENFOQUE NO SETOR PÚBLICO. O objetivo principal deste trabalho é analisar a eficiência relativa aos gastos públicos municipais da Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA). Cabe aqui citar o conceito de eficiência, assim como abordar os indicadores relacionados à educação e as metodologias não-paramétricas para análise de fronteiras de possibilidades de produção ou eficiência. 3.1 Eficiência: definições. Para entender eficiência, é necessário a compreensão do conceito de produtividade, eficácia, efetividade e custo-benefício. A produtividade é a razão entre a quantidade ou valor produzido e a quantidade ou valor dos insumos aplicados à produção, caracterizando a eficiência produtiva. Segundo Cohen e Franco (2004) a produtividade é a: [...] relação existente entre um produto e um insumo. Depende, portanto, da tecnologia, da organização, do comportamento dos atores sociais envolvidos etc. Como o produto, normalmente é conseqüência da combinação de vários insumos, a produtividade costuma referir-se à contribuição de cada um deles na geração do resultado. E sempre se associa à unidade de tempo em que o insumo é aplicado. (p. 100) A eficácia é usada também no âmbito organizacional e abordada na Teoria da Geral da Administração. Tem seu conceito delimitado pela eficiência, quanto mais eficiente for a utilização de um recurso, maior será o resultado obtido, e conseqüentemente, maior será a eficácia. Conforme Cohen e Franco (2004): Operacionalmente, a eficácia é o grau em que se alcançam os objetivos e metas do projeto na população beneficiária, em um determinado período de tempo, independente dos custos implicados. A definição apresentada tem dois aspectos fundamentais: metas e tempo. (p. 102) Para Bulos (1998), Caravantes e Bjur (1996), na Administração Pública, eficiência visa resolver problemas de redução dos custos e eficácia objetiva criar alternativas racionais para obtenção de resultados positivos. “Uma administração empreendedora, que gera receita e diminui despesas, certamente se considera eficiente e eficaz”. (BULOS, 1998, p. 709). Para alcançar-se eficiência deve-se sempre buscar o melhor resultado, com o menor esforço ou com o menor custo possível. Um exemplo da distinção entre eficácia, eficiência e efetividade está no trecho abaixo: [...] tomando exemplo da política de transportes (construção de rodovias), tem-se que a eficiência seria o custo por quilômetro quadrado; a eficácia, a quilometragem construída na qualidade determinada; a efetividade, as alterações nas condições do transporte e de comunicações da comunidade servida. Num outro exemplo, o da educação básica (alfabetização), a eficiência corresponderia às salas de aula para crianças na faixa de 7 a 14 anos; a eficácia, o número de alunos matriculados nas escolas; e efetividade, as alterações nos índices de analfabetismo na faixa etária determinada. (CARAVANTES; BJUR, 1996, p. 209). O conceito de eficiência pode ser considerado a partir de duas perspectivas: se a quantidade de produto está pré-determinada ou se o gasto total está previamente fixado. Na primeira situação procura-se minimizar o custo total para sua geração. Na segunda procura-se otimizar a combinação de insumos para maximizar o produto. Para Santos (2003), eficiência tem que ser mais que eficácia (aptidão para produzir resultados). Eficiência deve ter a dimensão da racionalidade do uso dos meios (evitar o desperdício), bem como a dimensão da satisfatoriedade do resultado (evitando resultados inúteis). Cohen e Franco (2004) relaciona do conceito de eficiência discernindo-o do de produtividade. Ambos conceitos relacionam recursos com resultados, porém o conceito de produtividade considera recursos como unidades físicas e eficiência utiliza-se dos recursos como unidades monetárias. [...] Se o objetivo do programa é desinfetar 2000 casas, a análise de eficiência procura minimizar o custo por casa desinfetada. Alternativamente, pode ocorrer que para mesmo objetivo não seja estabelecida um meta em casas, mas que seja alocado um dado montante de recursos. Se forem destinados US$ 24.000 para tal propósito, se pretende maximizar o número de casas desinfetadas com o orçamento disponível. O conceito de eficiência é utilizado predominantemente na análise financeira e está associada ao ótimo. Este se refere à quantidades físicas mínimas de recursos para gerar uma certa quantidade de produto, assumindo uma tecnologia constante. Quando é introduzido o custo dos insumos, se homogeniza esta dimensão e se passa à consideração da eficiência. Os insumos requeridos por um projeto podem ser expressos em unidades monetárias. A partir disso, a eficiência pode ser definida como a relação existente entre os produtos e os custos dos insumos. Portanto, o resultado será sempre o custo de uma unidade de produto final recebida por um beneficiário em certa unidade de tempo. Eficiência e produtividade são conceitos semelhantes, dado que relacionam recursos com resultados. Mas a produtividade considera recursos em unidades físicas (do mesmo modo que o ótimo na análise econômica), enquanto que a eficiência traduz insumos a unidades monetárias. (COHEN, 2004, p. 104). A eficiência econômica está ligada à maximização de utilidade dos recursos e à alocação ótima dos mesmos a fim de se obter o maior resultado possível, dada as restrições orçamentárias e técnicas. Afonso (2006), aborda o conceito de eficiência econômica, composta pela eficiência técnica e a eficiência alocativa. A eficiência técnica é uma das duas componentes da eficiência econômica, também denominada eficiência-X. A segunda componente é a eficiência alocativa e ambas são conciliadas da seguinte forma: eficiência econômica = eficiência técnica x eficiência alocativa. A unidade de decisão (país, autarquia, escola, setor, empresa etc.) é tecnicamente eficiente se for capaz de obter o máximo output com base num determinado conjunto de inputs (orientação de outputs) ou se for capaz de minimizar os inputs usados na produção do mesmo nível de output (orientação de input). Por outro lado, a eficiência alocativa reflete a capacidade da unidade de decisão na utilização dos vários inputs em proporções ótimas. (AFONSO, 2006, p. 9). A efetividade refere-se ao impacto das decisões políticas, através dos gastos públicos. Esta, por sua vez, serve para verificar o quanto se respondeu adequadamente às necessidades de uma comunidade. Segundo Cohen (2004): Diz-se que a efetividade constitui a relação entre os resultados e o objetivo. Em forma mais genérica, foi dito que “efetividade é um termo que se usa freqüentemente para expressar o resultado concreto – ou as ações condizentes e esse resultado concreto – dos fins, objetivos e metas desejadas.” (p. 107). Ainda, discutindo-se o conceito de efetividade, temos segundo Santos (2003), que “trata-se do grau de satisfação das necessidades e dos desejos da sociedade pelos serviços prestados pela instituição, conceito este que envolve, portanto, a noção de qualidade.” (p. 207). Para Caravantes e Bjur (1996), eficiência refere-se ao cumprimento de normas e à redução de custos, sendo usada para verificar se um programa público foi executado de maneira mais competente e segundo a melhor relação custo/resultado. Eficácia refere-se ao alcance de resultados e à qualidade dos produtos e serviços, e sua finalidade é verificar se os resultados previstos foram alcançados. A efetividade refere-se ao impacto das decisões política, servindo para verificar quando o programa responde adequadamente às necessidades da comunidade. “A eficiência é saber como, eficácia é saber o que, a efetividade, a diferença que faz”. (Caravantes; Bjur, 1996, p. 209). No que tange a idéia de gastos ou inputs, analisando-se uma sociedade qualquer, se esta decidir aumentar a produção de um bem, deve estar consciente da necessidade de sacrificar a produção de outro, devido à escassez de recursos. A esse fato dá-se o nome de custo de oportunidade, que nada mais é do que o custo dado pelo uso alternativo de recursos produtivos, onde pode-se obter maior ganho em investimentos alternativos. O custo de oportunidade representa o valor associado a melhor alternativa não escolhida. Ao se executar um orçamento, a priori, se identifica a relação de custo benefício envolvida para aquele gasto, no intuito de se atingir a eficiência máxima para o dispêndio daquele recurso. Torna-se, portanto, necessária a análise de custo benefício. A análise do custo benefício permite determinar se os projetos são ou não rentáveis comparando os fluxos atualizados de benefícios e custos previstos em sua implementação. “Para a identificação dos custos e benefícios do projeto, que são pertinentes à sua avaliação, é necessário definir uma situação base ou situação sem projeto; a comparação do que ocorre com projeto versus o que teria ocorrido sem projeto definirá os custos e benefícios pertinentes ao mesmo.” (COHEN, 2004, p. 176). Segundo Cohen (2004), a avaliação de custo benefício pode ser realizada a partir de duas óticas: a avaliação privada e a avaliação social. A avaliação privada considera uma unidade econômica concreta onde os custos e benefícios são valorizados como fenômenos de mercado (indivíduo, firma ou empresa), e por sua vez, subdivide-se em mais dois enfoques: a avaliação econômica (sem financiamento), quando a unidade produtiva utiliza-se de capital próprio e a avaliação financeira, que diferencia o capital próprio do de terceiros. A avaliação social geralmente considera como sociedade num mesmo âmbito geográfico, região, país etc. Os benefícios e os custos são valorizados a preços de eficácia. Para avaliação social interessa o fluxo de recursos reais (dos bens e serviços) utilizados e produzidos pelo projeto. Para a determinação dos custos e benefícios pertinentes se definirá a situação do país com versus sem a execução do projeto. Os custos e os benefícios sociais poderão ser distintos dos contemplados pela avaliação econômica privada, porque os valores (preços) dos bens e serviços diferem do que paga ou recebe o investidor privado, ou parte dos custos ou benefícios recaem sobre terceiros (o caso das externalidades ou efeitos indiretos). (COHEN, 2004, p. 176). Ainda na avaliação social é possível distinguir duas correntes de pensamento, que se traduzem em metodologias diferentes para a análise: a avaliação econômica ou de eficiência, e a avaliação social propriamente dita. A avaliação econômica ou de eficiência tem como objetivo determinar o impacto que o projeto produz sobre a economia como um todo. Os custos e benefícios são considerados com independência de quem paga pelos primeiros e de quem recebe os outros. A avaliação social propriamente dita, diferencia-se por incorporar o problema distribucional dentro da avaliação, portanto, os destinatários do projeto e os receptores dos benefícios gerados ocupam um papel central. A avaliação deve estar vinculada ao planejamento, traduzindo as políticas vigentes a critérios concretos para a análise do investimento público. Segundo Cohen (2004), “esta integração de eficiência com eqüidade é traduzida em uma valorização de preços sociais”. (p. 178). Dentro deste princípio de valorização de preços sociais, insere-se a noção de maximização das externalidades. Uma análise de custo benefício somente será viável quando gerar maior grau possível de economias externas (externalidades positivas), dado um determinado custo. Segundo Rezende: Quanto à identificação e mensuração de custos e benefícios, a questão mais importante se refere ao tratamento das externalidades. Como sabemos, além de os benefícios advindos de um grande número de projetos governamentais não serem facilmente quantificáveis em termos monetários (como é o caso, por exemplo, da produção de bens públicos), eles não se restringem aos indivíduos ou setores diretamente atingidos pelo projeto. Ao contrário, uma característica marcante dos projetos governamentais é a ocorrência de efeitos colaterais importantes sobre a atividade econômica e a sociedade como um todo. Esses efeitos tanto podem ser positivos, gerando substanciais economias externas, quanto negativos, caso em que as externalidades seriam consideradas “deseconomias” externas. A incorporação das externalidades no cômputo de custos e benefícios é o principal fato que distingue a chamada análise social de projetos da análise tradicional. (REZENDE, 1983, p. 113). Dentre as intervenções do governo, a política tributária persegue também a questão da eficiência. Neste conceito, segundo Souza (2003), os princípios que o imposto deve seguir são: o da produtividade, que é ser capaz de gerar receitas significativas com custos relativamente baixos; da eqüidade, onde pode-se taxar cada indivíduo segundo o benefício que recebe e sua capacidade de pagamento; o princípio da eficiência ou neutralidade, onde os impostos não devem mudar os preços relativos. Um imposto neutro ou eficiente é aquele que modifica todos os preços da economia na mesma proporção. Tem-se que a eficiência na gestão do setor público obedece ao mesmo princípio da eficiência: produzir bens e serviços que atendam mais adequadamente às necessidades reais dos cidadãos, operando eficientemente, minimizando custos e assim, evitando desperdícios. A abordagem do conceito de eficiência e efetividade leva a considerar-se os estudos de Pareto, que também aborda o conceito de eficiência. Segundo Rossetti (1991), Vilfredo Pareto (1848-1923) sucessor de León Walras na cadeira de Economia política da Universidade de Lausane, estabeleceu um dos primeiros instrumentos de avaliação das desigualdades econômicas. O trabalho de Pareto aborda que as disparidades sociais levam a crer que o bem-estar social não atinge igualdade distributiva e que se faz necessária a adoção dos princípios de eficiência aos recursos públicos. Varian (2003) infere tal conceito da eficiência de Pareto: Um critério útil para comparar os resultados de diferentes instituições econômicas é um conceito conhecido como eficiência de Pareto ou eficiência econômica. Em nosso contexto, uma forma de alocar apartamentos entre locatários é dita eficiente de Pareto se não existir alocação que deixe todo mundo ao menos tão bem quanto antes e torne alguma coisa estritamente melhor. Se uma situação não é eficiente de Pareto, significa que existe alguma forma de melhorar a situação sem prejudicar outra pessoa. (p. 15) Segundo Varian (2003), uma alocação eficiente pode ser descrita como uma alocação onde satisfaça qualquer das seguintes situações: • não há como fazer que todas as pessoas envolvidas melhorem; • não há como fazer com que um indivíduo melhore sem piorar o outro; • todos os ganhos de comércio foram exauridos; • não há trocas mutuamente vantajosas para serem efetuadas. Na economia neoclássica, em concorrência perfeita, o equilíbrio nos mercados assegurava a alocação ótima dos recursos: equilíbrio com maximização de lucro. Dada uma situação onde um indivíduo atinge seu máximo de bem-estar, e conseqüentemente quando o do outro indivíduo começa a diminuir, teremos a maximização do bem-estar social. “O modelo de Pareto (O Ótimo de Pareto) se mostra válido tanto para os indivíduos, que maximizam sua utilidade total, como para produtores, que maximizam lucros.” (SOUZA, 2003, p. 288). Entretanto, o ótimo paretiano não leva em consideração a questão da redistribuição de renda, na análise de alocação eficiente dos recursos. Portando, satisfeita as condições marginais necessárias para a existência do ótimo, qualquer ponto de tangência entre as preferências dos consumidores e da fronteira de possibilidades de produção do produtor, dada uma nova distribuição de renda, será um ponto de ótimo, pois indicará uma melhora da posição de certo consumidor em detrimento do recrudescimento da posição do outro. Segundo Lafer (2001): Como as funções de utilidade de diferentes indivíduos não são comparáveis, não é possível dizer que determinada distribuição de renda seja mais eficiente que outra. Se tomarmos o caso de dois indivíduos apenas, haverá infinitos pontos de ótimo paretiano, correspondentes a diferentes distribuições da renda global entre ambos. Se em todos os pontos valerem as condições marginais, estaremos sempre no ótimo paretiano, mas à medida que a renda vai sendo redistribuída, um dos consumidores melhora sua posição (aumenta sua renda) enquanto a do outro piora (em termos mais técnicos, os infinitos pontos de tangência das curvas de indiferença dos dois consumidores, definindo a curva do contrato num diagrama Edgeworth-Bowley). (p. 13). Tal análise retoma o conceito de efetividade, que representa o grau de satisfação das necessidades da sociedade satisfeitas pelo governo, envolvendo o conceito de qualidade. Portanto, quanto melhor distribuída a renda mais próximo de um ótimo paretiano estará a sociedade. No momento em que a distribuição for ótima, o aumento da renda de um indivíduo necessariamente implicará a diminuição da renda do outro, e assim, da satisfação das necessidades e do bem estar. Segundo Souza (2003) a fronteira das possibilidades da produção (FPP), que representa a quantidade máxima de bens que a sociedade produz com os recursos produtivos disponíveis, ou seja, os fatores de produção. A sociedade escolhe um ponto intermediário para adquirir canhões e alimentos, pela necessidade conjunta da alimentação e da segurança. Figura 3 - Combinação produtiva de máximo bem-estar social. Fonte: SOUZA, 2003, p. 288. As curvas “W” indicam as preferências da sociedade ou curvas de indiferença. No ponto de tangência E1, a inclinação das curvas FPP e W1 é a mesma, combinação técnica mais eficiente e socialmente mais justa, onde os preços relativos dos bens determinam o máximo de bem-estar social que se pode alcançar em determinado momento. No âmbito legal, o conceito de eficiência também torna-se evidente. Na Constituição Federal do Brasil tem-se o Princípio da Eficiência em Administração Pública, introduzido de forma explícita através da Emenda Constitucional (EC) n.º 19, de 4 de junho de 1998. Foi resultado da reforma administrativa no governo de Fernando Henrique Cardoso como resposta a grande crise dos anos de 1980, provocado pelos choques do petróleo em 1973 e 1979, que acarretou desequilíbrios fiscais nas contas públicas; e à globalização neoliberal da economia, redefinindo as funções do Estado. No artigo 74 da Constituição Federal do Brasil, inciso II, são abordados os termos eficiência e eficácia na gestão orçamentária: Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão de forma integrada, sistema de controle interno com a finalidade de: [...] II – comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e eficiência, da gestão orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades da administração federal, bem como a aplicação de recursos públicos por entidades do direito privado. (MORAES, 1999, p. 291). As principais modificações da EC 19 foram: a revisão das regras de estabilidade do servidor; controle de gastos e equilíbrio das contas públicas; novos limites e critérios para a fixação das remunerações; flexibilização do regime de admissão dos servidores; profissionalização da função pública; desenvolvimento da gestão, transparência e controle social, inclusive a instituição da eficiência como mais um princípio na administração pública e ampliação da autonomia na gestão da administração indireta. O princípio da eficiência no gasto público apresenta as seguintes características, segundo Moraes (1999): a) promoção do bem comum: a prestação dos serviços públicos deve estar direcionada à satisfação do bem comum; b) imparcialidade: a eficiência da Administração Pública depende de sua atuação imparcial, e imparcialidade é independência, perante os interesses privados, individuais ou de grupo; independência perante interesses partidários; independência, por último, perante os concretos interesses políticos do Governo; c) neutralidade: o Estado é neutro quando faz vingar a justiça e estabelece regras do jogo justas; d) transparência: as atividades dos órgãos e agentes públicos devem ser nitidamente visíveis, possibilitando, assim a eficiência da administração pública, pelo menos sob o aspecto formal; e) participação da população na prestação de serviços públicos, de acordo com o princípio da gestão participativa, que constitui desmembramento dos princípios da soberania popular e da democracia representativa, previstos no parágrafo único do art. 1º da CF; f) eficácia: a eficácia material pode ser visualizada quando ocorre cumprimento, pelos entes administrativos, dos objetivos que lhes são próprios, estabelecidos consoante as regras de competências ordinárias; e a eficácia formal, quando, por exemplo, o curso de um procedimento administrativo ocorre livre e desembaraçado, ante a obrigatoriedade do impulso ou resposta do ente administrativo a uma petição formulada por um dos administrados; g) desburocratização: há que se evitar a burocratização da administração pública, naquele sentido apontado por Gomes Canotilho e Vital Moreira, de burocracia administrativa, considerada como entidade substancial, impessoal e hierarquizada, com interesses próprios, alheios à legitimação democrática, divorciados dos interesses da população, geradora dos vícios imanentes às estruturas burocráticas – como mentalidade de especialistas, rotina e demora na resolução de assuntos dos cidadãos, compadrio na seleção pessoal etc.; h) busca de qualidade: qualidade de um serviço, sem distinção se prestado por instituição de caráter público ou privado, buscando-se a otimização dos resultados pela aplicação de certa quantidade de recursos e esforços, incluída, no resultado a ser otimizado, primordialmente, a satisfação proporcionada ao consumidor ou usuário. (MORAES, 1999, p. 300). Segundo a Unesco (2007), a eficácia e a eficiência são atributos da ação pública, que nos indicam em que medida são alcançados os objetivos e se o uso dos recursos está sendo realizado adequadamente. A qualidade da educação se atribui diferentes significados, dependendo do tipo de pessoa e de sociedade que o país exige para formar seus cidadãos. Um dos enfoques mais freqüentes é associar qualidade com eficiência e eficácia, considerando a educação como um produto e um serviço que tenha que satisfazer a seus usuários. 3.2 Indicadores e métodos de mensuração de eficiência dos gastos públicos. Explicita-se que uma das limitações de uma análise não estocástica está no fato de não se atribuir testes de hipótese ou características determinísticas, que correlacionam as relações dos indicadores de eficiência e eficácia com o objetivo final de uma determinada política governamental: avaliar o grau de efetividade ou qualidade na gestão pública. Para estes fins caberiam os métodos paramétricos, estocásticos ou econométricos, que não é o caso deste trabalho, por não se tratar de uma análise de resultado das políticas dos gastos do governo, e sim uma análise de eficiência, onde cabe a análise de fronteira não-paramétrica. A análise paramétrica, segundo Kassai (2002), obedece a parâmetros estatísticos, servindo de inferência para a análise a ser efetuada. Os métodos nãoparamétricos prescindem de conhecimento sobre a distribuição dos dados ao qual se estuda. As técnicas estatísticas baseadas em distribuições conhecidas são chamadas paramétricas, pois supõem que os dados obedecem a determinados parâmetros. Os testes paramétricos formam a base da inferência estatística e têm relevância na amostragem. Existem ainda técnicas estatísticas não paramétricas, que não pressupõem que os dados obedeçam a determinada distribuição, mas buscam determina-la com base no estudo dos dados como são. A análise por envoltória de dados é uma técnica não paramétrica. Dessa forma, prescinde de conhecimento prévio a respeito da distribuição dos dados em estudo. (KASSAI, 2002, p. 28) No que tange aos indicadores de eficiência, a Unesco aponta que mensurar qualidade na condição das políticas públicas de uma forma objetiva e definitiva é extremamente complexo. O que se faz comumente é estipular alguns indicadores, que tornam mais próximos os modelos da realidade. Os formuladores de políticas, os pesquisadores e as instituições responsáveis pelos recursos públicos e privados que investem em educação vêm desenvolvendo interpretações científicas, com seus correspondentes enfoques e ferramentas metodológicas para tornar possíveis os juízos ou valorizações compartilhadas sobre o fenômeno da qualidade. Com freqüência, valorizações compartilhadas sobre o fenômeno da qualidade esta aglutinada com eficiência e eficácia, considerando a educação como um produto e um serviço existente no mercado, que tem que satisfazer aos usuários. Obviamente essas dimensões são aspectos fundamentais para avaliar qualidade, mas a educação se sustenta num conjunto de valores e concepções que determinam em grande medida o juízo de valor que se faz sobra sua qualidade. Em outros casos, a qualidade da educação não se define de forma explícita, mas se constrói uma série de indicadores para medí-la. Os quais podem dar uma idéia do enfoque que há por detrás. (Unesco, 2007, p. 29). Segundo o Banco Mundial (2003) e a Unesco (2007), a eficiência pode ser medida pelo enfoque da repetência, pois um aluno que não consegue ter um andamento fluído nos estudos incorre num gasto novamente para aquele fim, caracterizando um desperdício. Estudos, como o caso de Crahay (2006), indicam que países da União Européia que adotaram a abolição da repetência conseguem melhores resultados, tanto em qualidade do ensino, como em qualidade do gasto público. A Unesco aponta relação estreita entre a eficiência e a qualidade do gasto público. Para os indicadores de efetividade serem satisfatórios a eficiência torna-se necessária. Como indicadores de efetividade a Unesco aborda, como no trecho abaixo, a evasão e a repetência. Por outra parte, existe uma definitiva interação entre ambas as dimensões porque os problemas de eficiência impactam negativamente sobre a capacidade para garantir metas básicas. Assim, por exemplo, a repetência e o conseqüente atraso escolar, não só implica um desperdício de recursos, tanto públicos como das famílias, mas também afeta negativamente as probabilidades de prosseguimento e conclusão dos estudos atingidos. Fica claro, pelo próprio exemplo acima, que os problemas de eficiência e eficácia se vinculam às dimensões centrais dos objetivos da educação [...] já que os problemas de atraso se traduzem no não-cumprimento de metas, vinculadas à universalização de serviços. Da mesma forma, os problemas de adequada dotação de recursos e configuração de processos educacionais se traduzem em trajetórias escolares pouco fluídas, com problemas de evasão e repetência que limitam a efetividade e explicam os desperdícios de recursos; e os aspectos de relevância e pertinência atuam sobre as possibilidades reais de se assegurar aprendizagens e de cumprir a função habilitadora da educação. (Unesco, 2007, p. 56). Ainda a Unesco (2006), coloca a importância da relação na contratação de docentes para o dado aumento de matrículas, constatada pelo Banco Mundial (2003). As ineficiências do sistema originam-se em práticas pedagógicas inadequadas e em outros aspectos vinculados à sua gestão e sobre os que, lamentavelmente, se contam com pouca evidência para qualificar seu impacto. Por exemplo, problemas derivados da rigidez ou interferência de interesses alheios ao interesse público nas políticas de indicação de docentes, implicam não somente ter alunos sem professores em algumas zonas ou grupos muito numerosos em outras, mas também têm implicações sobre um ineficiente repasse de recursos. Por exemplo, a expansão dos centros urbanos implicou um novo mapa de distribuição espacial da população nas cidades, portanto, da distribuição das instituições. Num sistema orientado exclusivamente pela garantia do direito à educação, isso pôde vir acompanhado de realocação dos postos docentes em função de distribuição de matrícula; entretanto, nem sempre foi o caso. A mobilidade dos docentes é restrita, o que implica aumentar as contratações de novos docentes em uma proporção superior ao crescimento da matrícula. (p. 87). A proporção de docentes/aluno não é o único fator a ser considerado para a elevação dos níveis de qualidade no ensino público, entre outros está a qualificação dos docentes. Os World Education Indicators (WEI), usados pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e orientados pela Unesco, são indicadores do gasto público para educação, a exemplo: o gasto educacional por estudante, o gasto nas instituições de ensino relativo ao Produto Interno Bruto (PIB), professores por aluno, etc. A educação no Brasil também utiliza-se de indicadores educacionais. O Ministério da Educação do Brasil por meio do Plano do Desenvolvimento da Educação instituiu um índice que é atribuído a efetividade, pois engloba duas variáveis características: a aprovação e evasão. O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) materializa metas de qualidade para a educação básica. O indicador considera dois fatores que interferem na qualidade da educação: rendimento escolar (taxas de aprovação, reprovação e abandono) e médias de desempenho. As taxas de rendimento são aferidas pelo Censo Escolar da Educação Básica, e as médias de desempenho pelo Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica) pela Prova Brasil, avaliações realizadas pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais). É expresso em valores de 0 (zero) a 10 (dez) o andamento dos sistemas de ensino, em âmbito nacional, nas unidades da Federação e municípios. A Fundação de Economia e Estatística do Rio Grande do Sul (FEE-RS), também elabora indicadores educacionais por meio do Índice de Desenvolvimento Socioeconômico (Idese), compondo-se um indicador sintético, formado por outros 12 indicadores, dividido em quatro blocos temáticos: educação, renda, saneamento e domicílios e saúde. Esses indicadores são transformados em índices e agregados segundo os blocos aos quais pertencem, gerando assim, quatro novos índices (um para cada bloco). O Idese é o resultado da agregação dos índices desses blocos. A construção do índice de educação segue a estrutura do quadro 01. Quadro 2 – Composição do Idese no bloco educação Blocos Educação Índices Taxa de abandono no ensino fundamental Taxa de reprovação no ensino fundamental Taxa de atendimento no ensino médio Taxa de analfabetismo de pessoas de 15 anos e mais de idade Peso no Peso no Bloco Idese Fontes dos Dados Brutos 0,25 0,0625 Edudata do INEP, Ministério da Educação 0,2 0,05 Edudata do INEP, Ministério da Educação 0,2 0,05 Censo Demográfico 2000 do IBGE; Edudata do INEP, Ministério da Educação; FEE 0,35 0,0875 Censo Demográfico 2000 e PNAD do IBGE Fonte dos dados brutos: FEE, 2007. Elaboração própria. Afonso (2006) apresenta um estudo sobre a educação secundária dos países da OCDE em 2003. Para tanto, analisa como input (insumo) a despesa pública em educação, de forma agregada em relação ao PIB, apontando um custo de oportunidade do gasto público. Para indicadores output (produto), usa-se tanto indicadores de resultado, como o indicador do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA), assim como indicadores de eficiência (relação professor aluno, por exemplo). Indicadores estes conforme a Unesco e a OCDE. Habitualmente os estudos empíricos sobre eficiência consideram as medidas financeiras como as variáveis mais relevantes. Com efeito, podese assumir que a despesa pública em percentagem do PIB pode refletir os custos de oportunidade para alcançar um determinado nível de desempenho do setor público. Como se viu anteriormente, é importante saber em que medida as despesas públicas são feitas de forma eficiente. Nesse sentido, é preciso tentar medir de forma adequada a eficiência do Estado, particularmente no que diz respeito ao fornecimento de bens e serviços públicos. (AFONSO, 2006, p. 12). Portanto, a relação depesa/PIB representando um custo de oportunidade revela uma análise de eficiência econômica, onde serve de comparação para as demais funções em que o Estado faz seus gastos ou investimentos. 3.2.1 Metodologia Free Disposable Hull (FDH) e sua aplicação no setor público como método de avaliação de eficiência. O exemplo a seguir ilustra a construção de uma fronteira de possibilidades de produção, ou fronteira eficiente, usando o método não-paramétrico (prescinde de parâmetros estatísticos sobre a distribuição dos dados, fazendo a análise diretamente com os dados são) Free Disposable Hull (FDH). Tal método analisa a eficiência técnica de uma determinada unidade, através da construção de uma fronteira de eficiência, dada a relação input/ output ou vice-versa. Suponha-se que se observam em três países os seguintes valores para um indicador de desempenho no setor público, output, bem como os respectivos níveis de despesa pública, input: Tabela 1 – Desempenho da despesa pública no país A, B ou C. Fonte: AFONSO, 2006, p. 10. Considerando-se a tabela 1, a despesa pública e o nível de desempenho são os menores no país A. O país C tem o valor mais elevado de despesa, mas é o país B que consegue obter o maior valor em termos de desempenho. O país C pode ser considerado ineficiente, dado que tem um desempenho inferior ao do país B, o qual obtém um maior desempenho com um menor nível de despesa. Por outro lado, nem o país A nem o país B podem ser considerados ineficientes segundo aquele critério. Os países A tem sua relação output/input ou coeficiente de eficiência (E) igual a 0,081. O país B igual 0,075. Portanto o país A e o país B estão supostamente localizados na fronteira de possibilidades de produção pois maximizam o desempenho (output) em relação aos recursos (input) comparativamente com o país C (E = 0,053). Caso a análise estivesse sendo realizada pelo método Data Envelopment Analysis (DEA), os países A e B seriam ligados por uma linha, acarretando maior ineficiência do input por parte do país C, sendo portanto, a metodologia DEA mais exigente que a FDH. Segundo Afonso (2006), um país que é eficiente numa análise FDH nem sempre é eficiente numa análise DEA, mas um país que é eficiente numa análise DEA também será eficiente com a abordagem FDH. No que tange aos coeficientes de eficiência, os de input e os de output no FDH serão menores ou iguais aos coeficientes do DEA. Figura 4 – Fronteira de eficiência pelo método FDH. Fonte: Afonso, 2006. p. 11. O próximo item aborda a metodologia Data Envelopment Analysis (DEA), assim como as similaridades e distinções desta para a metodologia FDH. 3.2.2 Metodologia de análise de eficiência Data Envelopment Analysis – DEA A metodologia DEA é mais exigente do que a FDH, segundo Afonso (2006). Entretanto, cabe ressaltar a origem, os aperfeiçoamentos desta metodologia assim como as limitações. A Análise Envoltória dos Dados (Data Envelopment Analysis – DEA) é uma técnica de programação linear matemática desenvolvida por Charnes, Cooper e Rhodes (1978). Ela propicia a análise de eficiência das organizações por comparação obtida pela revelação de desempenho de outras unidades, de modo que a referência é visualizada na melhor prática. As organizações a serem analisadas deverão ter comum utilização dos mesmos recursos inputs e outputs, serem homogêneas e possuir autonomia na tomada de decisões. A eficiência é calculada por meio da relação entre o produto resultante de uma atividade e a quantidade de recursos utilizados para a mesma atividade, expressa pela medida numérica que segue, conforme Alencastro e Fochezatto (2006), Cohen e Franco (2004): E = Output (4) Input A orientação do método pode ser via maximização do produto ou minimização do insumo. A metodologia DEA parte da medida de eficiência técnica em casos de único produto/insumo para desenvolver um modelo que atenda múltiplos produtos/insumos com a produção de um único produto agregado e um único insumo agregado. Considere-se N empresas produzindo m quantidades de produtos y a partir de n quantidades de produtos com a utilização de x j k quantidades de insumos. O objetivo da DEA é encontrar o máximo indicador de eficiência h k onde u r é o peso específico a ser encontrado para um produto r e v j o peso de cada insumo i. (CERETTA e NIEDERAUER apud KASSAI, 2002, p. 71). Kassai (2002) remete a formulação matemática envolvida na programação linear da análise DEA. A figura 06 ilustra a formulação original da metodologia. Figura 5 – Formulação matemática metodologia DEA. Fonte: KASSAI, 2002, p. 71. Sinteticamente, os indicadores são adaptados por otimização matemática por meio da transformação em problema de programação linear equivalente. Portanto, admite-se que nenhuma das unidades (no caso, nenhum dos municípios) tratadas estará além da fronteira de eficiência, isto é, acima de 100% de eficiência (E>1). A metodologia permite elaborar escores de eficiência, entre zero e um. Após o cálculo dos indicadores de eficiência de cada unidade, e da otimização matemática, as unidades consideradas eficientes serão as que apresentarem um escore igual a um (E = 1). Logo toda unidade com escore menor que um (E<1) será classificada como ineficiente. Portanto o grau de ineficiência de determinada unidade será dado pela distância linear do ponto analisado (x j, y j), do ponto com escore igual a um (ou eficiência de 100%). A equação que permite estima a distância entre dois pontos é a da distância euclidiana, conforme segue: d = √ (x j - x e)² + (y j - y e)² (5) onde: j: significa qual unidade está sendo analisada. x j :valor do insumo da unidade j; x e: valor do insumo da unidade com eficiência = 1; y j: valor do produto da unidade j; y e: valor do produto da unidade eficiente. A respeito das derivações da metodologia DEA, tem-se o surgimento desta com Charnes, Cooper e Rhodes em 1978, por meio do modelo DEA-CCR, apresentando retornos constantes de escala. Já o modelo de Banker, Charnes e Cooper (1984), DEA-BCC, apresenta retornos de escala variáveis. Segundo Kassai (2002), a distinção principal entre os dois modelos DEA estudados é que o modelo CCR permite uma avaliação objetiva da eficiência global e identifica as fontes e estimativas de montantes das ineficiências identificadas. Já o modelo BCC distingue entre ineficiências técnicas e de escala, estimando a eficiência técnica pura, a uma dada escala de operações e identifica também se estão presentes ganhos de escalas crescentes, decrescentes e constantes. Outra diferença entre as duas subdivisões da metodologia DEA, é que atribuise eficiência 100% na metodologia DEA-BCC às unidades com menor input e maiores output, onde uma firma poderia ser considerada eficiente apenas por ser muito pequena ou muito grande conforme Alencastro e Fochezatto (2006): De acordo com Braz (2005), boa parte da literatura sobre DEA, especialmente aquela aplicada à área acadêmica – por exemplo, Bessent et al. (1983), Beasley (1990) e Sarrico et al. (1997) – utiliza modelos com retornos constantes de escala, nos quais a expansão dos produtos é diretamente proporcional à expansão dos insumos. A escolha do modelo CCR ao invés de BCC justifica-se também por este último atribuir eficiência 100% para unidades com menor input e maior output, independentemente da relação entre eles. Nesse caso, um departamento poderia ser considerado eficiente só porque é de porte muito grande ou muito pequeno (ALENCASTRO; FOCHEZATTO 2006, p. 238). A técnica DEA permite identificar as unidades Decision Making Units (DMU) eficientes e ineficientes, para que as unidades ineficientes alcancem a fronteira de eficiência estabelecida pelas unidades eficientes. (Alencastro; Fochezatto, 2006, p. 236). A metodologia DEA pode ser decomposta em duas partes: eficiência técnica e eficiência alocativa, ambas integrantes da eficiência econômica total. A DEA pode ser decomposta em duas partes: eficiência técnica, que busca o aumento da produtividade, através da maximização do produto, dado um nível de insumo; e a eficiência alocativa, que sinaliza a habilidade da firma em utilizar os insumos em proporções ótimas, considerando seus preços relativos. Sendo que a combinação dessas duas medidas forma a eficiência econômica total. Nesse sentido, essa técnica permite medir e localizar a ineficiência e estimar uma função de produção linear que forneça as DMUs referenciais, chamadas de benchmarkings, que possibilita aos gestores alcançar maior eficiência relativa; esses referenciais são determinados pela projeção das DMUs ineficientes na fronteira da eficiência. Em concordância com Mello et al. (2003), a forma como é feita essa projeção determina a orientação do modelo. A decisão do rumo a ser tomado caberá ao gestor: políticas como retornos constante ou variável de escala, orientada para o insumo ou para o produto, ou uma combinação deles, dentre outros. (ALENCASTRO; FOCHEZATTO, 2006, p. 237) A técnica DEA permite analisar a eficiência relativa por dois canais distintos: orientação ao insumo, que visa à minimização dos fatores de produção, mantendo um nível fixo de produção; e orientação ao produto, no qual se busca a maximização do nível de produção, mantendo os insumos fixos. Qualquer uma dessas formas pode analisar inúmeros inputs e outputs, para gerar um ranking de eficiência relativa e, dessa forma, possibilitar a criação um conjunto de opções nas decisões administrativas. Segundo Boueri (2006), a metodologia DEA não pode ser utilizada para o objetivo de medir impactos da ação governamental, pois tal método analisa a eficiência das unidades. A efetividade será mais apropriadamente avaliada por métodos econométricos, pois com as variáveis envolvidas na análise pode ser apurado o grau de correlação destas que explicam a qualidade do gasto público. As técnicas utilizadas para avaliação do desempenho governamental podem variar de acordo como os objetivos da mensuração. Em geral, quando o desejo é medir o impacto da ação governamental (outcome) métodos econométricos são mais apropriados, uma vez que estes permitem incorporar à análise os efeitos de fatores externos que, apesar de influírem nas variáveis avaliadas, não estão sob o controle da ação governamental. (BOUERI, 2006, p. 33). Ainda segundo Boueri (2006), é natural que as variáveis envolvidas em uma análise de fronteira de eficiência não possuam perfeita correlação com a eficiência total da instituição governamental avaliada, como neste caso, no âmbito municipal. Em educação, a Constituição atribui aos municípios responsabilidade pela educação básica. Baseado neste fato, o presente artigo faz uso do número de matrículas na rede municipal de ensino básico como output municipal na área da educação. Naturalmente, esse montante não é perfeitamente correlacionado com a eficiência do município na área da educação. Por exemplo: um município que gasta mais do que a média com atividades culturais, ou que tem uma relação aluno-professor menor, não necessariamente era efetivamente menos eficiente, embora ele tenha alguns prejuízos na avaliação DEA. Neste ponto é válido notar que a avaliação por meio da metodologia DEA aqui aplicada é incapaz de avaliar eficiência em termos de resultados (outcomes), limitando-se a investigar a eficiência em termos de oferta de serviços (output). (BOUERI, 2006, p. 35). No próximo item será abordado a relevância do conceito de eficiência na função educação, assim como os fatores que levam àquela, e os respectivos indicadores. 3.3 A eficiência na educação Para cada unidade de gestão ou localidade existem diferentes significados de qualidade (ou efetividade) na educação. Um dos enfoques mais freqüentes é associar qualidade com eficiência e eficácia, considerando a educação como produto e um serviço que tenha que satisfazer seus usuários. Segundo a Unesco (2007), a Eficiência e eficácia são atributos básicos de qualidade porque determinam o respeito da gestão pública ao esforço fiscal da população. Para obter-se ganhos em termos de qualidade (efetividade) educacional são considerados dois fatores: o grau de prioridade dos recursos para educação e melhora da eficiência. Ambos refletirão aumento dos recursos disponíveis e compromisso social coma educação. A questão da eficiência aborda dois problemas: os pontos de ineficiência representam um desperdício do erário público. Os problemas atuais da eficiência dos sistemas educativos representam um duplo impedimento na tarefa de contar com os recursos necessários para assegurar o direito à educação. Representam mensuradas grandezas dos recursos que são desperdiçados a cada ano com efeitos perversos sobre as trajetórias educacionais dos estudantes e, por outro lado, deslegitimam os reclamos em favor de maior destinação de recursos. (UNESCO, 2007, p. 86). Ao se desperdiçar recursos, ignora-se o esforço financeiro da população que transfere parte de sua renda ao governo. Portanto, segundo a UNESCO (2007), investir melhor significa investir mais. 3.3.1 Fatores que influenciam na eficiência do gasto público em educação A eficiência da administração pública está na questão tributária (na arrecadação) bem como nas políticas de dispêndio (no gasto). De um modo geral o gasto público no Brasil, alguns fatores prejudicam a efetividade na gestão estatal. Entre eles estão: o processo emancipatório no final do século XX, as transferências intergovernamentais e a defasagem tecnológica, segundo Teixeira (2006). No processo de emancipação na década de 1990, no Brasil, foram criados novos municípios, com pequenas populações e desprovidos de recursos próprios suficientes para terem escala para produção de serviços públicos eficientes. Um fato marcante da organização geográfica e política do Brasil no final do século XX foi a fragmentação dos municípios, com o surgimento de grande quantidade de governos locais de pequena população, sem escala para oferecer serviços públicos de maneira eficiente e, muitas vezes, com deficiências gerenciais que impedem um provisão adequada de serviços públicos. (TEIXEIRA, 2006, p. 246). Segundo Teixeira (2006) as transferências entre as esferas governamentais foram instituídas no intuito de estimular a qualidade (efetividade) do serviço público. Estas favorecem a eficiência e inserem o fator de eqüidade nos recursos para diferentes regiões; possibilita maior acesso da população aos bens públicos e reduzem-se as desigualdades regionais, além de estabelecer padrões mínimos de qualidade nos serviços públicos. Entretanto, as transferências introduzem desequilíbrios orçamentários, pois estimulam à expansão dos gastos, execução de despesas sem eficiência e desestimulam a arrecadação de tributos locais. Segundo Filellini (1989), outra variável que indica a existência de ineficiência na gestão pública é o aumento do custo de oferta dos bens públicos, que não seguem o aperfeiçoamento tecnológico da oferta dos bens privados. Se a produtividade evolui mais rapidamente no setor privado, os custos dos bens públicos crescem em relação aos bens privados. Caso a sociedade deseje manter uma proporção fixa entre a oferta desses bens, deverá gastar uma parcela crescente de sua renda para ampliação (tecnologicamente defasada) dos serviços públicos. Muitos desses serviços – como educação e saúde – são altamente intensivos em trabalho, aspecto que nos faz menos sensíveis a redução de custos, em função dos processos tecnológicos. (p. 84). Um bem meritório se não for ofertado de maneira eficiente pelo Governo, segundo Unesco (2007), incorrerá em maiores desperdícios à sociedade, forçando ao mercado em assumir tal papel, pois trata-se de bens que estão sujeitos ao princípio da exclusão, sendo também ofertados no mercado. O controle na gestão do gasto público é instrumento de garantia de uma maior eficiência na utilização dos recursos públicos. O controle é função-chave na administração municipal, pois é meio que se garante a eficiência na gestão pública. Suas formas de execução podem ter variações, mas o que se espera é a garantia de que o sistema funcione e produza resultados. (RODRIGUES, 2001, p. 25). O controle é exercido em duas instâncias: controle interno e controle externo. Cada Poder deve instituir sistema de controle interno para efetuar fiscalização dos atos praticados pelos agentes públicos, por meio de rotinas próprias, relatórios, exames de documentos contábeis, conferências de bens, tomadas de contas, levantamentos etc. O controle externo é executado pela Câmara Municipal, a quem cabe o julgamento das contas do chefe de Executivo, com o objetivo de verificar a probidade da administração, a guarda e o legal emprego dos dinheiros público. Como instrumento de controle na gestão dos gastos públicos, a Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF (Lei Complementar nº 101, de 2000) cria métodos e práticas voltados para o equilíbrio e a transparência fiscal, cria uma estrutura legal onde tem como objetivo racionalizar o processo orçamentário, estimular o planejamento das ações governamentais e tentar minimizar os prejuízos que os interesses político-eleitorais causam ao efetivo atendimento da população pelo setor público. O Conselho de Gestão Fiscal também é previsto na LRF. Sua função é a de disseminar práticas que resultem em maior eficiência na alocação dos recursos públicos e arrecadação de receitas, estimula-se assim a participação da sociedade na gestão do gasto público. Entretanto, segundo Teixeira (2006), o principal fator de resistência a não instituição do Conselho de Gestão Fiscal reside no fato da composição (não só pelas esferas do governo como da sociedade), e na estrutura organizacional (se vinculado à algum ministério ou ao Congresso Nacional). Na educação certos fatores influenciam na eficiência do gasto público, os quais pode-se citar, segundo Unesco (2007): a repetência, práticas pedagógicas inadequadas e qualificação do docente. A repetência implica desperdício de recursos. Um aluno que não consegue dar seguimento aos seus estudos de maneira contínua implica gastos em duplicidade pelos governos. Portanto, não somente o governo incorre em novos gastos, mas as famílias também, pois estas terão seus recursos provenientes da tributação gastos novamente em algo que não gera economias e sim deseconomias (por exemplo, o valor que se gastos com alguns repetentes poderia ser gasto com a disponibilidade de novas matrículas, beneficiando mais pessoas). O tema da eficiência na educação remete imediatamente à eficiência interna do sistema educacional. A repetência significa, em termos financeiros, que tanto o Estado como as famílias devem voltar a incorrer num gasto já realizado porque o sistema não foi capaz de garantir o trânsito fluido dos estudantes. (Unesco, 2007, p. 86). Modelos de gestão e práticas pedagógicas indevidas também influenciam negativamente na obtenção de eficiência no gasto público. Entretanto, o levantamento do impacto que diferentes tipos de gestão acarretam no grau de ineficiência dos governos desconhecido, excedendo-se o proposto neste trabalho pois abarcam estudos na área pedagógica e administrativa. As ineficiências do sistema originam-se em práticas pedagógicas inadequadas e em outros aspectos vinculados à sua gestão e sobre os que, lamentavelmente, se contam com pouca evidência para qualificar seu impacto. (Unesco, 2007, p. 88). Segundo a Unesco (2007), a qualificação do docente e melhorias no plano salarial no sentido de valorização e dignidade do profissional influenciam diretamente na eficiência da educação. Um profissional melhor qualificado e valorizado acarretará em resultados mais expressivos na qualidade educacional. Contratar mais docentes não significa necessariamente maior qualidade do ensino. Entretanto, neste trabalho, dentre as variáveis utilizadas, a contratação de docentes é abordada como uma das proxies do bem meritório educação, onde a prática da eficiência é necessária ao alcance da efetividade, ou seja, qualidade na prestação do ensino público, segundo a Unesco (2007). ii) em um setor onde o grosso dos recursos se destina a contratos de pessoal faz com que os reclamos por eficiência e racionalidade no uso dos recursos se percebe como uma eventual prescindência de docentes, o que usualmente aparece como um tabu quando deveria ser uma discussão central que aborda a necessidade de aproveitar ao máximo os recursos disponíveis. (Unesco, 2007, p. 94). Conforme a Unesco (2007), não há como todas as situações que identifiquem a ineficiência serem tipificadas ou documentadas nem seu impacto quantificado, porque é impossível tal levantamento, pois num modelo é pouco provável se analisar todas as variáveis explicativas. Entretanto, é imprescindível que as instituições públicas desenvolvam esforços de racionalização de despesas e possam identificar diferentes nichos de ineficiência na gestão e aplicar os corretivos necessários. Neste capítulo relacionou-se os conceitos de custo de oportunidade, produtividade, eficácia, efetividade e eficiência, assim como os principais métodos de análise da eficiência, pelas metodologias de análise de fronteira de possibilidades de produção ou fronteira de eficiência, dentre as quais, destacam-se as análises não-paramétricas a Free Disposable Hull (FDH) e Data Envelopment Analysis (DEA). O próximo capítulo utiliza-se da metodologia DEA para a análise da eficiência do gasto público em educação dos municípios da Região Metropolitana de Porto Alegre, nos anos de 2002 a 2004, para qual se constrói o cenário econômico e as fronteiras de eficiência para as respectivas cidades envolvidas. 4 REGIÃO METROPOLITANA DE PORTO ALEGRE E INDICADORES DE EFICIÊNCIA NA GESTÃO DOS GASTOS PÚBLICOS EM EDUCAÇÃO DE 2002 A 2004 O presente capítulo apresenta a caracterização econômica da Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA), relacionando-se os principais indicadores educacionais dos municípios integrantes desta região, finalizando-se com a análise de eficiência do gasto público na função educação dos municípios desta mesma região. 4.1 RMPA: Caracterização econômica. A RMPA constitui-se em pólo de atração no Estado. Esta característica antes restrita a Porto Alegre e cidades mais populosas agora se verifica nas cidades da periferia da região, onde, atraídos pelos preços mais baixos da terra e pela oferta de emprego das áreas de expansão econômica, que recebem migrantes de todo o Estado, o que não garante também a absorção de toda mão-de-obra proveniente destas migrações. Esta mesma região, instituída por lei em 1973, era composta inicialmente por 14 municípios. Os processos emancipatórios e as inter-relações econômicas existentes entre os municípios da RMPA definiram a atual configuração da região, totalizando 31 municípios em 2001, o mesmo número atual. No quadro 3 tem-se a data de inserção de todos os municípios da RMPA e as respectivas legislações que permitiram sua inclusão na região. Quadro 3 - Composição Municipal da RMPA NOME DO MUINICÍPIO Alvorada Araricá Arroio dos Ratos Cachoeirinha Campo Bom Canoas Capela de Santana Charqueadas Dois Irmãos Eldorado do Sul Estância Velha Esteio Glorinha Gravataí Guaíba Ivoti Montenegro Nova Hartz Nova Santa Rita Novo Hamburgo Parobé Portão Porto Alegre Santo Antônio da Patrulha São Jerônimo São Leopoldo Sapiranga Sapucaia do Sul Taquara Triunfo Viamão LEGISLAÇÃO Lei complementar federal 014 Lei complementar estadual 11201 Lei complementar estadual 11539 Lei complementar federal 014 Lei complementar federal 014 Lei complementar federal 014 Lei complementar estadual 11645 Lei complementar 10234 Constituição Estadual do RS Constituição Estadual do RS Lei complementar federal 014 Lei complementar federal 014 Constituição Estadual do RS Lei complementar federal 014 Lei complementar federal 014 Constituição Estadual do RS Lei complementar estadual 11307 Constituição Estadual do RS Lei complementar estadual 11198 Lei complementar federal 014 Constituição Estadual do RS Constituição Estadual do RS Lei complementar federal 014 Lei complementar estadual 11530 Lei comolementar estadual 11340 Lei complementar federal 014 Lei complementar federal 014 Lei complementar federal 014 Lei complementar estadual 11318 Constituição Estadual do RS Lei complementar federal 014 DATA DA LEI 08.06.1973 30.07.1998 01.11.2000 08.06.1973 08.06.1973 08.06.1973 28.06.2001 27.07.1994 03.10.1989 03.10.1989 08.06.1973 08.06.1973 03.10.1989 08.06.1973 08.06.1973 03.10.1989 14.01.1999 03.10.1989 23.07.1998 08.06.1973 03.10.1989 03.10.1989 08.06.1973 21.09.2000 21.06.1999 08.06.1973 08.06.1973 08.06.1973 26.03.1999 03.10.1989 08.06.1973 Fonte dos dados brutos: PNUD, 2007. Elaboração própria. A RMPA concentrava 37,04% da população estadual em 2004, conforme tabela 3, p. 64 desta seção. A população total da região em 2004, segundo a Fundação de Economia Estatística Siegfried Emanuel Heuser do Estado do Rio Grande do Sul (FEE-RS), era de 3,9 milhões de habitantes, dos quais 36% residem em Porto Alegre, totalizando aproximadamente 1,4 milhões de habitantes na capital gaúcha. A figura 6 apresenta o mapa da região e sua faixa urbana. Figura 6 – Mapa político da RMPA, concentração urbana. . Fonte: Atlas Socioeconômico do Rio Grande do Sul, 2007. Metodologia utilizada pela FEE-RS e pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para cálculo do Produto Interno Bruto é a de preços de mercado – PIBpm¹. Quanto à variação nominal do PIB segundo dados da FEE-RS, pode-se verificar que a tabela 2 apresenta crescimentos acentuados em diferentes municípios da RMPA, inclusive acima da média estadual, que em 2004 foi de 11,59 %. ______________ ¹ PIBpm: tudo o que foi produzido na região com fatores de produção nacional, não deduzidas as depreciações, incluídos os impostos indiretos e deduzidos os subsídios. Tabela 2 - Variação Percentual do PIB anual, municípios da RMPA, período 20022004 Municípios Alvorada Araricá Arroio dos Ratos Cachoeirinha Campo Bom Canoas Capela de Santana Charqueadas Dois Irmãos Eldorado do Sul Estância Velha Esteio Glorinha Gravataí Guaíba Ivoti Montenegro Nova Hartz Nova Santa Rita Novo Hamburgo Parobé Portão Porto Alegre Santo Antônio da Patrulha São Jerônimo São Leopoldo Sapiranga Sapucaia do Sul Taquara Triunfo Viamão Total RMPA Rio Grande do Sul 2002/2001 12,09 23,88 5,27 5,61 4,23 -1,54 10,84 9,19 7,97 5,26 14,15 10,38 23,38 10,93 4,93 -4,85 19,44 8,78 12,64 15,22 -1,11 16,51 7,56 17,48 22,27 5,72 14,17 8,28 -0,60 33,29 26,65 9,54 11,02 2003/2002 8,53 28,22 18,77 24,55 1,82 30,57 28,14 36,34 7,26 24,94 19,43 12,98 35,22 12,91 10,96 12,53 14,55 1,87 15,93 6,27 -9,81 5,90 10,70 21,81 18,39 18,63 6,03 34,92 9,21 30,59 2,92 16,24 22,58 2004/2003 15,40 18,84 18,78 19,53 17,24 13,62 1,89 51,39 16,51 15,39 -2,45 4,35 77,77 20,57 11,91 10,22 8,46 8,45 8,91 15,52 7,86 14,34 8,73 5,47 22,13 14,88 10,27 5,92 14,67 28,34 13,59 14,06 11,59 Acumulado Ranking 2002 a 2004 36,02 20º 70,94 4º 42,82 12º 49,68 6º 23,30 27º 42,65 13º 40,87 15º 96,92 2º 31,74 21º 45,59 8º 31,13 22º 27,71 25º 136,38 1º 44,41 10º 27,79 24º 17,91 30º 42,45 14º 19,10 29º 37,48 17º 37,00 18º -3,07 31º 36,74 19º 26,99 26º 44,76 9º 62,78 5º 39,23 16º 30,47 23º 49,13 7º 23,27 28º 92,22 3º 43,16 11º 39,85 45,19 - Fonte dos dados brutos: FEE-RS. Elaboração própria. Dentre os municípios da RMPA, conforme tabela 2, os que tiveram destaque na variação do PIB foram: Glorinha (136,38%) que mais do que dobrou sua produção em três anos; Charqueadas (96,92%) e Triunfo (92,22%), que tiveram sua produção quase que duplicada também no mesmo período. O município de menor desempenho foi Parobé, que apresentou decréscimo do PIB em 3,07% no período de 2002 a 2004. A RMPA no mesmo período, teve o crescimento econômico acumulado de 39,85% e crescimento médio anual de 13,3%. Com relação à participação dos municípios no total da RMPA, no ano de 2004, podemos destacar uma concentração do PIB principalmente em cinco cidades: Porto Alegre, Canoas, Triunfo, Gravataí e Novo Hamburgo, com percentuais relativos ao total da RMPA respectivamente de 27,75%, 14,98%, 11,24%, 6,78% e 5,98%, totalizando 66,73% da atividade econômica da região. Portanto, mais de 2/3 da economia está nestes cinco municípios, restando para os demais 26 menos de 1/3 na participação do PIB da região. Figura 7 - Percentual de Participação no PIB dos municípios na RMPA, período 2004 Triunfo 11,24 Porto Alegre 27,75 Canoas 14,98 Gravataí Novo Hamburgo 6,78 5,98 Alvorada Araricá Arroio dos Ratos Cachoeirinha Campo Bom Canoas Capela de Santana Charqueadas Dois Irmãos Eldorado do Sul Estância Velha Esteio Glorinha Gravataí Guaíba Ivoti Montenegro Nova Hartz Nova Santa Rita Novo Hamburgo Parobé Portão Porto Alegre Santo Antônio da Patrulha São Jerônimo São Leopoldo Sapiranga Sapucaia do Sul Taquara Triunfo Viamão Fonte dos dados brutos: FEE-RS. Elaboração própria. Quanto ao PIB per capita (PIB dividido pela população), a RMPA destaca-se por apresentar este indicador acima da média do Estado do Rio Grande do Sul. Conforme ilustra a tabela 03, a mesma região concentra 40,22% do PIB do ao Estado riograndense. Portanto, tais características demonstram uma amostra expressiva de dados dos municípios do estado do Rio Grande do Sul quando relacionados às variáveis populacionais e econômicas. Tabela 3 – PIB, População, PIB per capita, Gastos per capita em Educação da RMPA em 2004. Municípios Alvorada Araricá Arroio dos Ratos Cachoeirinha Campo Bom Canoas Capela de Santana Charqueadas Dois Irmãos Eldorado do Sul Estância Velha Esteio Glorinha Gravataí Guaíba Ivoti Montenegro Nova Hartz Nova Santa Rita Novo Hamburgo Parobé Portão Porto Alegre Sto. Ant. da Patrulha São Jerônimo São Leopoldo Sapiranga Sapucaia do Sul Taquara Triunfo Viamão RMPA Rio Grande do Sul % da RMPA/RS PIB (em R$ mil) 710.083,75 35.285,13 81.822,07 1.849.747,48 1.278.302,62 8.610.942,60 73.913,78 751.754,17 546.361,57 791.286,12 546.817,02 1.406.333,52 121.748,89 3.894.463,45 890.661,78 294.002,44 1.126.655,92 241.323,09 240.242,59 3.434.114,14 487.042,03 790.975,49 15.944.201,49 340.280,37 188.437,55 2.005.185,56 882.471,43 1.760.631,63 334.396,88 6.461.806,76 1.342.599,46 57.463.890,75 142.874.226,32 40,22 População 202.833 4.972 13.565 115.315 58.409 324.813 10.935 32.373 26.899 31.510 38.666 84.103 6.638 252.078 96.510 17.929 57.750 17.617 19.088 249.277 49.540 27.694 1.396.311 39.412 22.012 207.529 76.206 129.245 55.139 24.105 248.827 3.937.300 10.630.979 37,04 Gasto em PIB per capita educação per (em R$) capita (em R$) 3.455,80 7.704,18 5.798,87 15.742,40 22.360,07 26.495,70 6.516,25 23.038,04 20.690,81 24.593,20 14.131,83 16.560,10 19.489,18 15.030,74 8.707,22 16.855,04 19.218,67 13.577,31 12.802,70 13.635,34 9.487,89 28.964,97 11.257,14 8.891,11 9.374,07 9.700,85 11.612,08 13.346,51 5.751,68 265.448,25 5.340,34 22.115,43 13.320,29 166,03 88,11 291,74 224,41 198,14 241,58 205,59 146,42 271,18 237,24 310,87 246,81 233,64 285,04 188,96 163,38 331,09 175,80 234,35 266,16 196,87 244,31 191,73 174,54 143,63 180,71 178,63 253,58 197,75 165,82 1180,73 157,70 245,37 210,56 116,53 Fonte dos dados brutos: FEE-RS, IBGE, 2004. Elaboração própria. Segundo a tabela 3, no item PIB per capita, tem-se que seis municípios ficaram acima da média da RMPA, que era de R$ 22.115,43, em 2004. Os municípios com maiores valores eram, respectivamente, segundo a FEE-RS: Triunfo (R$ 265 mil/hab.), Portão (R$ 28,9 mil/hab.), Canoas (R$ 26,5 mil/hab.), Eldorado do Sul (24.6 mil/hab.), Charqueadas (R$ 23 mil/hab.) e Campo Bom (R$ 22,4 mil/hab.). Em relação à demografia, os municípios mais populosos respectivamente, segundo os dados da FEE-RS, no ano de 2004, são: Porto Alegre, Canoas, Gravataí, Novo Hamburgo e Viamão, conforme tabela 3. Após esta caracterização econômica da RMPA, elucida-se o conceito de despesas no gasto público, principais vinculações legais de receitas e despesas, os recursos e fundos destinados aos municípios e relacionados à educação. 4.2 Conceituações de despesas públicas. Conforme Portaria n.º 447 de 13 de setembro de 2002 do da Secretaria do Tesouro Nacional, utiliza-se para fins de registro contábil das rubricas públicas a despesa liquidada, onde a despesa pública obedece a três estágios: empenho, liquidação e pagamento. O primeiro estágio é o empenho. Segundo Santos (1996), a Lei 4.320/1964 em seu artigo 48 define empenho da despesa por ser “o ato emanado da autoridade competente que cria ao Estado a obrigação de pagamento pendente ou não implemento de condição.” (p. 78). Empenhar significa deduzir da dotação própria. O empenho é uma reserva de recurso orçamentário feita previamente para que, uma vez realizada a despesa, não venha a faltar recurso para o pagamento. O segundo estágio é a liquidação. Santos (1996), explica que a liquidação é a verificação do implemento de condição de que trata o artigo 58. É o procedimento pelo qual a administração verifica se efetivamente foi entregue o produto adquirido, se o preço confere com o pedido e se a qualidade coincide com a descrição do documento fiscal. No tocante a serviços, verifica se o valor cobrado e o serviço prestado estão em conformidade com o contrato. Quanto a obras, verifica se as etapas que estão sendo cobradas foram realmente executadas, se estão atestadas por fiscal, etc., somente após completo o procedimento da liquidação é que a fatura pode ser encaminhada para liquidação. O terceiro e último estágio da despesa pública é o pagamento. Conforme Santos (1996), “a ordem de pagamento é o despacho exarado por autoridade competente, determinando que a despesa seja paga”. (p. 80). A autoridade competente para autorizar pagamento é no Município, por exemplo, o Prefeito (Poder Executivo), o Presidente da Câmara (Poder Legislativo) ou pessoa que receber deles a delegação de competência. Quanto à natureza das despesas, segundo Rodrigues (2001), são identificadas pela classificação institucional, classificação funcional, classificação segundo a natureza ou classificação econômica, regulamentadas pelo Ministério do Planejamento do Brasil. A classificação institucional define em qual órgão e em qual unidade administrativa a despesa está alocada, de acordo com o organograma oficial da prefeitura. A classificação funcional (que substitui a funcional-programática) tem por finalidade apresentar a despesa segundo o enfoque das diversas áreas de atuação do governo municipal, na forma de funções e subfunções, sendo estas padronizadas em nível nacional. Como função, deve entender-se o maior nível de agregação das diversas áreas que competem ao setor público (Portaria 117, Art. 1, Ministério do Planejamento e Orçamento). A exemplo da Educação classificada como função, onde suas subfunções são: Ensino Fundamental, Ensino Médio, Ensino Profissional, Ensino Superior, Educação Infantil, Educação de Jovens e Adultos e Educação Especial. A terceira classificação da despesa é denominada classificação segundo a natureza ou classificação econômica. Esta tem por objetivo mostrar os gastos do ponto de vista econômico, ou seja, pelos tipos de bens e serviços que estão sendo adquiridos ou de encargos que estão sendo pagos. As categorias são: das despesas correntes e das despesas de capital. As primeiras referem-se a despesas de custeio, pessoal, material de consumo, transferências correntes, entre outros. As despesas de capital referem-se a investimentos, aquisições de imóveis, aquisições de títulos de crédito, entre outros. Cabe ressaltar que tanto as despesas de capital como as despesas correntes impactam nos níveis de eficiência e conseqüentemente nos resultados da qualidade do gasto público (efetividade). O exemplo que ilustra a classificação da despesa em educação pode ser visualizado na tabela 4, do município de Nova Santa Rita, Estado do Rio Grande do Sul, Brasil, no Demonstrativo Pormenorizado das Despesas Despendidas com a Manutenção e Desenvolvimento do Ensino, meses de Janeiro a Junho de 2007 Despesa Liquidada. Tabela 4 – Despesa em educação, Nova Santa Rita-RS, jan./ jun. 2007. Especificação Administração Geral Unidade Orçamentária: UNIDADE DE ENSINO Educação Manutenção e Revit. do Ensino Fundam. Modernização das Escolas EQUIPAMENTOS E MATERIAL PERMANENTE Construção e Ampliação de Prédios Escolares OBRAS E INSTALACOES Manutenção das Atividades Escolares VENCIM. E VANTAGENS FIXAS-PESSOAL CIVIL OUTRAS DESPESAS VARIAVEIS-PESSOAL CIVIL OBRIGACOES PATRONAIS MATERIAL DE CONSUMO OUTROS SERVICOS DE TERC. PESSOA JURIDICA AUXILIO-ALIMENTACAO OBRIGACOES TRIBUTARIAS E CONTRIBUTIVAS AUXILIO-TRANSPORTE Manutenção do Transporte Escolar MATERIAL DE CONSUMO OUTROS SERVIÇOS DE TERC. – PESSOA JURÍDICA AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO Educação Infantil EQUIPAMENTOS E MATERIAL PERMANENTE Manutenção das Atividades Escolares de Educação Infantil VENCIM. E VANTAGENS FIXAS-PESSOAL CIVIL OBRIGACOES PATRONAIS MATERIAL DE CONSUMO OUTROS SERVICOS DE TERC. PESSOA FISICA OUTROS SERVICOS DE TERC. PESSOA JURIDICA AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO OBRIGACOES TRIBUTARIAS E CONTRIBUTIVAS AUXILIO-TRANSPORTE OUTROS SERVICOS DE TERC. PESSOA JURIDICA Total Unidade ..................... Total do Órgão ................... Despesa Fundef - Profissionais do Magistério Despesa Fundef - Outras Despesas Total Geral ..................... (-) Despesas Convênio 100% e outras Despesas Total Geral ..................... Parcial Total 248.104,53 649.712,98 188.004,86 1.230,00 1.230,00 11.093,61 11. 093,61 170.530,60 130.450,64 3.155,82 3.000,03 11.179,14 16.961,60 4.182,87 460,90 1.139,60 5.150,65 1.766,95 2.844,00 539,70 461.708,12 8.894,70 451.023,02 309.151,44 49.619,44 4.691,49 3.750,00 42.777,24 19.634,25 3.143,86 18.225,30 1.790,40 649.712,98 897.817,51 1.184.629,60 1.237.651,26 3.320.098,37 328.879,18 2.991.219,19 Fonte dos dados brutos: Secretaria da Fazenda do Município de Nova Santa Rita-RS, 2007. Elaboração própria. 4.2.1 Despesas em educação. A Constituição Federal do Brasil vincula receitas e despesas dos entes federativos, em seu artigo 212. Segundo Veloso (2006), a receita vinculada é aquela proveniente de tributos onde valores arrecadados são direcionados a um determinado gasto, onde os municípios atuarão prioritariamente no ensino fundamental e infantil (Constituição Federal do Brasil, Art. 211). Para União 18% da receita (descontadas as transferências para os estados e municípios) e 25% da receita dos estados e municípios devem ser aplicados na manutenção e desenvolvimento do ensino (MDE). (Constituição Federal do Brasil, art. 212). Esse percentual mínimo de recursos para Manutenção e Desenvolvimento da Educação (MDE), é calculado sobre a receita resultante de impostos. Portanto, não se calcula sobre toda a receita pública ou tributária, que inclui impostos taxas e contribuições de melhoria. É calculado sobre os impostos próprios e as transferências de impostos. (p. 25). A seguir, temos alguns exemplos dos impostos próprios dos municípios e também das transferências dos demais entes federados. Quadro 4 - Impostos e transferências aos municípios Impostos Próprios IPTU: imposto sobre propriedade territorial urbana. ITBI: imposto sobre transmissão de bens e serviços imobiliários. ISS: imposto sobre serviço de qualquer natureza. Impostos Transferidos da União e do Estado FPM: fundo de participação dos municípios. ITR: imposto territorial rural. IRRF: imposto de renda retido na fonte do Estado. IPVA: imposto sobre veículos automotores. ICMS: imposto sobre circulação de mercadorias e serviços. Fonte dos dados brutos: RODRIGUES, 2001, p 25. Elaboração própria. O MDE não é utilizado para toda e qualquer nível de educação escolar, somente em educação infantil e no ensino fundamental. Neste cálculo não são considerados as despesas efetuados por convênios com o Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação FNDE (para reforma ou construção de escolas), por exemplo. Segundo Veloso (2006) há evidências concretas de que a vinculação de receitas não é o problema fundamental a ser combatido quando se está preocupado em reduzir despesas. Pelo dispositivo “Desvinculação das Receitas da União” (DRU) 20% do produto da arrecadação de todos os impostos e contribuições da União podem ser desvinculados das despesas. Esses recursos passam a ser de livre alocação para qualquer tipo de despesa ou para serem poupados. As transferências intergovernamentais têm como objetivo, segundo Cossio e Gasparini (2006), corrigir desequilíbrios verticais (entre os entes federados – União, estados e municípios) e desequilíbrios horizontais (que resulta de desigualdades regionais em uma federação). Dentre as principais transferências, pode-se destacar o papel do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental. Através da Emenda Constitucional 14/1996, portanto, cria-se o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Básico e de Valorização do Magistério (FUNDEF), que vincula os recursos do MDE para pagamento dos profissionais do magistério. Por fim, em cada Estado, DF e Município, no mínimo 60% dos recursos do FUNDEF devem ser destinados ao pagamento dos profissionais do magistério em exercício no ensino fundamental público, incluindo docentes e profissionais de suporte pedagógico. (RODRIGUES, 2001, p. 29). Não poderão ser pagas despesas com os demais trabalhadores da educação, pessoal do magistério em função desviada, inativos, pessoal cedido e profissional da educação atuante em outros níveis de educação. A natureza das despesas para MDE, que podem ou não serem efetuadas com tais recursos, estão definidas na Lei de Diretrizes e Bases (LDB, Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996), sendo que o artigo 70 normatiza as despesas possíveis de serem efetuadas, e o artigo 71 as despesas que não poderão ser efetivadas com estes recursos. Quadro 5 – Despesas autorizadas e não autorizadas pela LDB a serem vinculadas ao MDE. Despesas autorizadas I - remuneração e aperfeiçoamento do pessoal docente e demais profissionais da educação; Despesas não autorizadas I - pesquisa, quando não vinculada às instituições de ensino, ou, quando efetivada fora dos sistemas de ensino, que não vise, precipuamente, ao aprimoramento de sua qualidade ou à sua expansão; II - aquisição, manutenção, construção e conservação de instalações e equipamentos necessários ao ensino; III - uso e manutenção de bens e serviços vinculados ao ensino; II - subvenção a instituições públicas ou privadas de caráter assistencial, desportivo ou cultural; III - formação de quadros especiais para a administração pública, sejam militares ou civis, inclusive diplomáticos; IV programas suplementares de alimentação, assistência médicoodontológica, farmacêutica e psicológica, e outras formas de assistência social; V - obras de infra-estrutura, ainda que realizadas para beneficiar direta ou indiretamente a rede escolar; VI - pessoal docente e demais trabalhadores da educação, quando em desvio de função ou em atividade alheia à manutenção e desenvolvimento do ensino. IV - levantamentos estatísticos, estudos e pesquisas visando precipuamente ao aprimoramento da qualidade e à expansão do ensino; V - realização de atividades-meio necessárias ao funcionamento dos sistemas de ensino; VI - concessão de bolsas de estudo a alunos de escolas públicas e privadas; VII - aquisição de material didático-escolar e manutenção de programas de transporte escolar. VIII - amortização e custeio de operações de crédito destinadas a atender ao disposto as despesas do item I a VII, das despesas autorizadas e vinculadas ao MDE; Fonte dos dados brutos: LDB, art. 70 e 71. Elaboração Própria. Segundo Rodrigues (2001), os aspectos positivos do FUNDEF são: caráter redistributivo, ao promover equidade na oferta do ensino fundamental; a existência de conta específica, diminuindo a possibilidade de desvios e facilitando o controle social de sua aplicação, e possibilidade de aumento da remuneração do magistério nos Municípios. Aspectos Negativos, segundo Rodrigues (2001): a necessidade de contabilização da matrícula da educação não regular de jovens e adultos para cálculo do valor anual por aluno e redistribuição dos recursos do FUNDEF; maior participação de União na composição do fundo; falta de definição de mecanismos para o financiamento da educação infantil e médio, na medida em que o FUNDEF aplica-se ao ensino fundamental. Como formas de maximizar um ensino de qualidade, e assim a efetividade no ensino público, surgiram várias iniciativas por parte do governo federal e da sociedade como um todo, para sanar o déficit educacional no Brasil. Dentre essas, está o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) cujo objetivo principal é a oferta de uma educação básica de qualidade. Como meios para atingir este fim são abordados, entre outros fatores, a verificação da qualidade do processo de alfabetização dos alunos; a alfabetização de jovens e adultos; a criação de um piso salarial nacional dos professores; na educação profissional, a criação dos institutos federais de educação profissional, científica e tecnológica (áreas da economia e licenciaturas); inclusão de metas de qualidade para a educação básica; acompanhamento e assessoria aos municípios com baixos indicadores de ensino e finalmente o estímulo à mobilização social. Outros programas e fundos destinados ao financiamento da educação no Brasil são FNDE e o Fundo de Fortalecimento da Escola (FUNDESCOLA). O FNDE é uma autarquia vinculada ao MEC, é responsável pela captação de recursos financeiros para o desenvolvimento de programas que visam à melhoria da qualidade do ensino publico brasileiro. O FUNDESCOLA tem por objetivo promover um conjunto de ações para a melhoria da qualidade das escolas do ensino fundamental, ampliando a permanência das crianças nas escolas públicas, assim como a escolaridade nessas regiões do país. Sua missão é promover, em regime de parceria e responsabilidade social, a eficácia, a eficiência e a eqüidade no ensino fundamental público dessas regiões por meio da oferta de serviços, produtos e assistência técnico-financeira inovadores e de qualidade, que focalizam o ensino-aprendizagem e as práticas gerenciais das escolas e secretarias de educação. Analisam-se no próximo item os indicadores do gasto com educação dos municípios da RMPA nos anos de 2002, 2003 e 2004, para aplicação da análise por envoltória de dados (metodologia DEA), na qual será aplicado a metodologia para adequação aos dados da análise, sendo estes: a relação entre o número de professores do ensino fundamental funcionários públicos e o número de alunos matriculados, e a relação gasto público municipal em educação com o PIB municipal. 4.2.2 Despesas e indicadores educacionais dos municípios da RMPA de 2002 a 2004. Como integrantes do indicador de produto ou resultado (output), tem-se o número de professores funcionários públicos municipais dividido pelo número de matrículas efetuadas no ensino público municipal de nível fundamental. Tanto o indicador de input como o de output foram usados por pesquisadores como Afonso (2006), Boueri (2006), pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e são indicados pela Unesco, como World Education Indicators (WEI). Tabela 5 - Docentes funcionários públicos municipais período de 2002 a 2004 Municípios Alvorada Araricá Arroio dos Ratos Cachoeirinha Campo Bom Canoas Capela de Santana Charqueadas Dois Irmãos Eldorado do Sul Estância Velha Esteio Glorinha Gravataí Guaíba Ivoti Montenegro Nova Hartz Nova Santa Rita Novo Hamburgo Parobé Portão Porto Alegre Santo Antônio da Patrulha São Jerônimo São Leopoldo Sapiranga Sapucaia do Sul Taquara Triunfo Viamão Total RMPA 2002 463 31 108 373 267 813 51 225 120 189 157 390 36 1.016 372 111 159 74 111 718 254 145 2.806 180 89 707 362 429 222 210 674 11.862 2003 492 34 94 451 276 798 52 238 157 208 146 372 39 988 293 97 135 88 123 758 261 151 2.683 178 90 784 423 475 220 224 741 12.069 2004 533 45 96 444 269 954 49 204 156 161 144 373 43 980 295 112 133 99 131 815 273 158 2.569 202 85 737 397 448 249 219 847 12.220 Fonte dos dados brutos: FEE-RS, 2007. Elaboração própria. Portanto, os municípios com maior contratação de docentes públicos municipais são respectivamente: Porto Alegre, Gravataí, Canoas e Novo Hamburgo. O segundo indicador educacional utilizado é o número de matrículas no ensino fundamental. Demonstra-se assim uma proxy do número de alunos na rede de ensino público fundamental municipal, nos anos de 2002 a 2004 na RMPA. Tabela 6 - Alunos matriculados ensino fundamental matrícula municipal de 2002-2004. Municípios Alvorada Araricá Arroio dos Ratos Cachoeirinha Campo Bom Canoas Capela de Santana Charqueadas Dois Irmãos Eldorado do Sul Estância Velha Esteio Glorinha Gravataí Guaíba Ivoti Montenegro Nova Hartz Nova Santa Rita Novo Hamburgo Parobé Portão Porto Alegre Santo Antônio da Patrulha São Jerônimo São Leopoldo Sapiranga Sapucaia do Sul Taquara Triunfo Viamão 2002 13.401 687 1.307 9.139 6.261 24.084 667 2.927 2.455 4.481 4.024 7.800 480 22.246 7.403 1.749 2.591 1.594 2.195 19.586 6.516 2.035 48.715 2.316 1.034 15.996 7.850 12.469 4.398 2.727 20.716 2003 13.302 752 1.325 10.617 6.216 22.993 737 3.109 2.563 4.415 4.189 7.735 513 22.371 6.659 1.866 2.622 1.676 2.328 19.956 6.547 2.052 48.977 2.437 1.040 17.337 8.239 12.612 4.317 2.757 22.844 2004 13.651 802 1.320 9.199 6.189 23.558 767 2.936 2.751 4.392 4.173 7.709 527 22.402 6.620 2.021 2.653 1.769 2.435 21.140 6.608 2.071 50.008 2.538 1.069 18.064 7.792 12.375 4.268 2.769 23.464 Fonte dos dados brutos: FEE-RS, 2007. Elaboração própria. Observa-se também que os municípios de maior oferta de matrículas na rede pública são: Porto Alegre, Canoas, Gravataí e Novo Hamburgo, acompanhando a demanda educacional no ensino público, dada a maior população destas cidades. Para a construção do indicador de insumo (input), utiliza-se a relação entre a despesa pública municipal liquidada em educação fundamental (conceito comentado no item 4.2 desta seção) e o produto interno bruto municipal a preços de mercado (PIBpm). Tabela 7 - Despesas com a função educação dos municípios da RMPA de 2002-2004. Municípios Alvorada Araricá Arroio dos Ratos Cachoeirinha Campo Bom Canoas Capela de Santana Charqueadas Dois Irmãos Eldorado do Sul Estância Velha Esteio Glorinha Gravataí Guaíba Ivoti Montenegro Nova Hartz Nova Santa Rita Novo Hamburgo Parobé Portão Porto Alegre Santo Antônio da Patrulha São Jerônimo São Leopoldo Sapiranga Sapucaia do Sul Taquara Triunfo Viamão Total RMPA Despesa em R$ Despesa em Despesa em ano 2002 R$ ano 2003 R$ ano 2004 12.841.173,45 15.168.301,26 17.871.406,42 831.642,71 1.177.860,76 1.450.520,60 2.149.066,36 2.680.438,21 3.044.056,29 17.016.646,28 19.253.065,64 22.848.953,61 9.627.697,33 12.828.881,64 14.110.693,73 53.349.935,91 69.876.609,73 66.777.600,52 1.302.271,40 1.360.028,87 1.601.077,15 5.692.146,86 7.239.488,78 8.778.840,78 4.851.191,57 5.439.867,58 6.381.448,81 7.196.610,78 8.551.395,84 9.795.496,98 6.611.697,91 8.292.704,35 9.543.291,65 12.732.865,06 18.311.148,00 19.649.478,02 1.358.078,68 1.362.465,64 1.892.109,11 34.024.328,23 39.163.090,53 47.633.533,88 13.455.187,10 14.813.803,67 15.768.195,19 4.126.464,95 4.742.358,35 5.936.101,05 7.336.430,66 8.531.723,16 10.152.683,54 3.098.252,61 3.262.057,40 4.128.477,41 3.377.877,03 4.417.787,30 5.080.455,80 40.698.596,81 48.206.085,59 49.074.952,53 9.396.115,97 10.696.960,37 12.103.263,22 3.584.074,19 4.605.992,61 5.309.871,42 197.496.918,84 228.387.610,92 243.716.783,91 4.637.333,40 4.973.588,43 5.660.756,78 3.204.851,86 2.834.401,56 3.977.724,69 26.715.454,16 35.040.324,54 37.070.450,05 12.652.334,47 16.448.445,27 19.324.116,46 19.823.016,50 26.161.022,04 25.557.611,58 6.764.489,92 8.062.306,77 9.143.263,72 16.703.328,24 24.773.238,97 28.461.608,20 26.408.498,99 32.698.656,36 39.238.820,78 569.064.578,23 689.361.710,14 751.083.643,88 Fonte dos dados brutos: TCE-RS, 2007. Elaboração própria. Verifica-se que os maiores dispêndios em educação municipal concentram-se nas cidades: Porto Alegre, Canoas e Novo Hamburgo, cidades também com as maiores populações da RMPA. Porém, chama-se a atenção para o caso do município de Triunfo, que apresentava em 2004 população estimada em pouco mais de 24 mil habitantes, apresentou uma despesa equivalente a do município de Cachoeirinha, com 115 mil habitantes. Tal situação se explica por Triunfo sediar o Pólo Petroquímico, gerador de impostos, que se convertem em receita ao município, impactando em maiores arrecadações e assim em maiores dispêndios. No próximo item serão mensurados os níveis de ineficiência do gasto público em educação através de um indicador apurado através das variáveis: relação docente/ aluno e relação despesa em educação/PIB, índices estes medidos pela metodologia não paramétrica DEA. 4.3 Indicador de eficiência na gestão dos gastos públicos em educação na RMPA entre 2002 a 2004. A metodologia DEA analisa a eficiência técnica e alocativa de determinadas unidades de decisão (decision making unit - DMU). A eficiência técnica é dada pela relação insumo/produto (input/output) ou produto/insumo (output/input) analisandose um produto e um insumo. A eficiência alocativa refere-se ao uso de mais de um insumo e indica o grau de maximização do produto(s) para os usos de múltiplos insumos. A eficiência econômica, portanto, engloba eficiência técnica e alocativa. Os índices de eficiência técnica relativa do gasto público em educação dos municípios da RMPA são extraídos através da aplicação do programa DEAP versão 2.1, elaborado pelo professor Coelli, da University of New England, Austrália. Salienta-se que o mesmo programa foi utilizado em pesquisas como a de Castro (2005), que calculou a eficiência numa instituição financeira. Para este trabalho abrange-se um insumo e um produto para se analisar a eficiência técnica através da metodologia DEA. A variável utilizada como uma proxy do insumo (input) é a relação despesa em educação pública municipal dividida pelo PIB municipal nos anos de 2002 a 2004. Para variável tomada como uma proxy do produto (output) empregou-se a relação professor do ensino fundamental funcionário público municipal pelo número de matrículas no ensino fundamental da rede pública daquele município, nos anos analisados, apurados da base da FEE-RS. A relevância destas variáveis torna-se evidente pela existência de pesquisas que já se utilizaram destas mesmas variáveis – Afonso (2006), Boueri (2006), Fochezatto (1998) – por serem indicadores educacionais e de eficiência do gasto público adotados internacionalmente – utilizadas em pesquisas pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) – e são indicadas pela Unesco, órgão da Organização das Nações Unidas (ONU). Em tempo, afirma-se que os indicadores utilizados não demonstram a eficiência global do gasto público em educação, apenas a eficiência técnica relativa (porque são relações puramente quantitativas, semelhantes à noção de produtividade, conforme a seção 3 desta pesquisa). Portanto apontam para uma maximização do resultado da utilização dos recursos públicos, traduzidos no indicador de eficiência medido pela metodologia DEA. O indicador gasto público em relação à despesa, como já citado na seção anterior, representa um custo de oportunidade, pois indica o quanto em termos percentuais foi comprometido do PIB municipal, em dado ano, servindo de base para comparações em outras funções como saúde, segurança, infra-estrutura etc. O município que menos comprometeu o PIB com o gasto em educação nos três anos da análise foi Triunfo: 0,43% em 2002, 0,49% em 2003 e 0,44% em 2004. Já os municípios que mais gastaram com educação no período de 2002 a 2004 foram respectivamente Araricá, Arroio dos Ratos e Alvorada. Entretanto o maior ou menor gasto não implica em ineficiência. A relação input/output ou output/input e que classificará o grau de eficiência ou ineficiência de determinado município. Tabela 8 - Relação percentual entre o gasto público na função educação e PIB municipal a preços do mercado, de 2002 a 2004 Municípios Alvorada Araricá Arroio dos Ratos Cachoeirinha Campo Bom Canoas Capela de Santana Charqueadas Dois Irmãos Eldorado do Sul Estância Velha Esteio Glorinha Gravataí Guaíba Ivoti Montenegro Nova Hartz Nova Santa Rita Novo Hamburgo Parobé Portão Porto Alegre Santo Antônio da Patrulha São Jerônimo São Leopoldo Sapiranga Sapucaia do Sul Taquara Triunfo Viamão Média Imputs RMPA Fonte dos dados brutos: FEE-RS, TCE-RS. Elaboração própria. 2002 2,26 3,59 3,71 1,37 0,90 0,92 2,30 1,56 1,11 1,31 0,01 1,07 2,68 1,19 1,88 1,74 0,81 1,42 1,78 1,45 1,88 0,55 1,49 1,75 2,46 1,82 1,68 1,61 2,53 0,43 2,30 1,30 2003 2,47 3,97 3,89 1,24 1,18 0,92 1,87 1,46 1,16 1,25 1,48 1,36 1,99 1,21 1,86 1,78 0,82 1,47 2,00 1,62 2,37 0,67 1,56 1,54 1,84 2,01 2,06 1,57 2,76 0,49 2,77 1,37 2004 2,52 4,11 3,72 1,24 1,10 0,78 2,17 1,17 1,17 1,24 1,75 1,40 1,55 1,22 1,77 2,02 0,90 1,71 2,11 1,43 2,49 0,67 1,53 1,66 2,11 1,85 2,19 1,45 2,73 0,44 2,92 1,31 Em seguida, tem-se a tabela 9, que demonstra a relação percentual entre as variáveis, sendo no numerador o número de docentes do ensino fundamental público, funcionários públicos municipais, e a variável como denominador o número de matrículas no ensino fundamental público dos municípios da RMPA de 2002 a 2004. Tabela 9 - Relação dos docentes funcionários públicos municipais e alunos matriculados, de 2002 a 2004. Municípios Alvorada Araricá Arroio dos Ratos Cachoeirinha Campo Bom Canoas Capela de Santana Charqueadas Dois Irmãos Eldorado do Sul Estância Velha Esteio Glorinha Gravataí Guaíba Ivoti Montenegro Nova Hartz Nova Santa Rita Novo Hamburgo Parobé Portão Porto Alegre Santo Antônio da Patrulha São Jerônimo São Leopoldo Sapiranga Sapucaia do Sul Taquara Triunfo Viamão Média RMPA 2002 0,0345 0,0451 0,0826 0,0408 0,0426 0,0338 0,0765 0,0769 0,0489 0,0422 0,0390 0,0500 0,0750 0,0457 0,0502 0,0635 0,0614 0,0464 0,0506 0,0367 0,0390 0,0713 0,0576 0,0777 0,0861 0,0442 0,0461 0,0344 0,0505 0,0770 0,0325 0,0535 2003 0,0370 0,0452 0,0709 0,0425 0,0444 0,0347 0,0706 0,0766 0,0613 0,0471 0,0349 0,0481 0,0760 0,0442 0,0440 0,0520 0,0515 0,0525 0,0528 0,0380 0,0399 0,0736 0,0548 0,0730 0,0865 0,0452 0,0513 0,0377 0,0510 0,0812 0,0324 0,0533 2004 0,0390 0,0561 0,0727 0,0483 0,0435 0,0405 0,0639 0,0695 0,0567 0,0367 0,0345 0,0484 0,0816 0,0437 0,0446 0,0554 0,0501 0,0560 0,0538 0,0386 0,0413 0,0763 0,0514 0,0796 0,0795 0,0408 0,0509 0,0362 0,0583 0,0791 0,0361 0,0536 Fonte dos dados brutos: FEE-RS, 2007. Elaboração própria. Na tabela 9 são identificados os inputs da relação docente/aluno. A interpretação deste cociente é que quanto maior a relação, maior a oferta de professores em relação aos alunos. Por exemplo, Capela de Santana apresenta o cociente de input igual a 0,0765, em 2002, ou seja, para cada professor a média de alunos atendidos é de 13 alunos aproximadamente, pois 1 (professor) dividido por 13 (alunos) iguala-se ao cociente encontrado. Já Canoas possui o input igual a 0,0338 aproximadamente 30 alunos por professor. Cabe salientar que tal relação não caracteriza um município ter melhor ou pior desempenho na eficiência do ensino, apenas maior oferta de professores em relação aos alunos, pois a eficiência é dada pela relação output/input, quando a análise orienta-se pela maximização do produto. Analisados os respectivos inputs e outputs dos municípios da RMPA de 2002 a 2004, parte-se agora para metodologia DEA propriamente dita, de forma simplificada, pois se abrange apenas um input e um output para cada índice de eficiência técnica relativa. 4.3.1 Análise pelo método DEA das despesas em educação na RMPA 2002-2004. A tabela 10, logo abaixo, apresenta-se os respectivos índices de eficiência e a relação entre output e input, onde a análise será orientada para a maximização dos resultados, produto ou output. O indicador que apresentar índice de eficiência igual a 1 (E = 1), representa que para aquele respectivo ano e respectivos dados (de insumo e produto), maximizou o resultado, minimizando os custos. Portanto, quando E = 1, sua eficiência técnica relativa é de 100%, naquele dado ano. A distância dos demais municípios do município eficiente será dada pela diferença entre o índice de eficiência apurado deste município. A exemplo, um município de índice de eficiência E = 0,87, significa que estará a 13% do índice de eficiência E= 1. Já um município com índice de eficiência E = 0,98, significa dizer que está a 2% da fronteira de eficiência, para aquele dado período de análise. Pode-se também utilizar a metodologia DEA para diferentes orientações: maximização de resultado ou minimização de custos. O modelo utilizado da metodologia DEA foi o de retornos constantes de escala (CCR), que segundo Marinho (2003), é invariante a orientação adotada ou para maximização do insumo ou do produto. Entretanto, será abordada nesta pesquisa a orientação para maximização do produto (output), pois a redução dos insumos (input) torna-se complexa devido à adoção de vinculações legais no gasto público em educação, como as citadas no item 4.2, deste capítulo. Tabela 10 - Índices de eficiência do gasto público em educação dos municípios da RMPA ano 2002 MUNICÍPIOS Output/Input Triunfo Portão Montenegro Charqueadas Campo Bom Esteio Santo Antônio da Patrulha Dois Irmãos Porto Alegre Gravataí Canoas Ivoti São Jerônimo Estância Velha Capela de Santana Nova Hartz Eldorado do Sul Cachoeirinha Nova Santa Rita Glorinha Sapiranga Guaíba Novo Hamburgo São Leopoldo Arroio dos Ratos Sapucaia do Sul Parobé Taquara Alvorada Viamão Araricá Média RMPA Fonte dos dados brutos: FEE-RS, TCE-RS, 2007. Elaboração Própria. 1 E = índice de eficiência. 2 Classificação pelo índice de eficiência. 0,178 0,130 0,076 0,049 0,047 0,047 0,044 0,044 0,039 0,038 0,037 0,036 0,035 0,033 0,033 0,033 0,032 0,030 0,028 0,028 0,028 0,027 0,025 0,024 0,022 0,021 0,021 0,020 0,015 0,014 0,013 0,036 E1 1,000 0,731 0,427 0,277 0,267 0,264 0,250 0,248 0,217 0,216 0,207 0,205 0,197 0,188 0,187 0,184 0,181 0,168 0,160 0,157 0,155 0,151 0,142 0,137 0,125 0,120 0,117 0,112 0,086 0,080 0,071 0,201 Classificação2 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º 15º 16º 17º 18º 19º 20º 21º 22º 23º 24º 25º 26º 27º 28º 29º 30º 31º - Segundo a metodologia DEA, para o insumo e produto analisado, no ano de 2002 o município com eficiência técnica relativa de 100% foi o de Triunfo, seguido pelo município de Portão (E= 0,731) e de Montenegro (E= 0,427). Os municípios que apresentaram pior desempenho em termos de eficiência no gasto público em educação foram: Alvorada (E = 0,086), Viamão (0,080) e Araricá (0,071). A eficiência média da RMPA é de 22,70%, ou seja, nos respectivos input e output, 77,3% dos recursos poderiam ter sidos otimizados, indicando ineficiências no gasto com educação. Tabela 11 - Índices de eficiência do gasto público em educação dos municípios da RMPA ano 2003. MUNICÍPIOS Output/Input Triunfo 0,16513 Portão 0,11052 Montenegro 0,06269 Dois Irmãos 0,05281 Charqueadas 0,05251 Santo Antônio da Patrulha 0,04738 São Jerônimo 0,04711 Glorinha 0,03821 Eldorado do Sul 0,03778 Campo Bom 0,03774 Canoas 0,03764 Capela de Santana 0,03764 Gravataí 0,03642 Nova Hartz 0,03582 Esteio 0,03540 Porto Alegre 0,03517 Cachoeirinha 0,03414 Ivoti 0,02924 Nova Santa Rita 0,02638 Sapiranga 0,02498 Sapucaia do Sul 0,02393 Guaíba 0,02364 Estância Velha 0,02356 Novo Hamburgo 0,02342 São Leopoldo 0,02253 Taquara 0,01843 Arroio dos Ratos 0,01823 Parobé 0,01683 Alvorada 0,01500 Viamão 0,01173 Araricá 0,01140 Média RMPA 0,039 Fonte dos dados brutos: FEE-RS, TCE-RS, 2007. Elaboração Própria. E 1,000 0,669 0,380 0,320 0,318 0,287 0,285 0,231 0,229 0,229 0,228 0,228 0,221 0,217 0,214 0,213 0,207 0,177 0,160 0,151 0,145 0,143 0,143 0,142 0,136 0,112 0,110 0,102 0,091 0,071 0,069 0,238 Classificação 1.º 2.º 3.º 4.º 5.º 6.º 7.º 8.º 9.º 10.º 11.º 12.º 13.º 14.º 15.º 16.º 17.º 18.º 19.º 20.º 21.º 22.º 23.º 24.º 25.º 26.º 27.º 28.º 29.º 30.º 31.º - Segundo a metodologia DEA, para o insumo e produto analisado, no ano de 2003 o município com eficiência de 100% foi o de Triunfo, seguido pelo município de Portão (E= 0,669) e de Montenegro (E= 0,380). Os municípios que apresentaram pior desempenho em termos de eficiência no gasto público em educação foram: Alvorada (E = 0,091), Viamão (0,071) e Araricá (0,069). A eficiência média da RMPA é de 23,3%, ou seja, nos respectivos input e output, 76,7% dos recursos poderiam ter sidos otimizados, indicando ineficiências no gasto com educação. Tabela 12 - Índices de eficiência do gasto público em educação dos municípios da RMPA ano 2004. MUNICÍPIOS Output/Input Triunfo 0,1796 Portão 0,1136 Charqueadas 0,0595 Montenegro 0,0556 Glorinha 0,0525 Canoas 0,0522 Dois Irmãos 0,0486 Santo Antônio da Patrulha 0,0478 Campo Bom 0,0394 Cachoeirinha 0,0391 São Jerônimo 0,0377 Gravataí 0,0358 Esteio 0,0346 Porto Alegre 0,0336 Nova Hartz 0,0327 Eldorado do Sul 0,0296 Capela de Santana 0,0295 Ivoti 0,0274 Novo Hamburgo 0,0270 Nova Santa Rita 0,0254 Guaíba 0,0252 Sapucaia do Sul 0,0249 Sapiranga 0,0233 São Leopoldo 0,0221 Taquara 0,0213 Estância Velha 0,0198 Arroio dos Ratos 0,0195 Parobé 0,0166 Alvorada 0,0155 Araricá 0,0136 Viamão 0,0124 Média RMPA 0,0400 Fonte dos dados brutos: FEE-RS, TCE-RS, 2007. Elaboração Própria. E 1,000 0,633 0,331 0,310 0,292 0,291 0,270 0,266 0,219 0,218 0,210 0,199 0,193 0,187 0,182 0,165 0,164 0,153 0,150 0,142 0,140 0,139 0,130 0,123 0,119 0,110 0,109 0,093 0,086 0,076 0,069 0,2228 Classificação 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º 15º 16º 17º 18º 19º 20º 21º 22º 23º 24º 25º 26º 27º 28º 29º 30º 31º - Segundo a metodologia DEA, para o insumo e produto analisado, no ano de 2004 o município com eficiência de 100% foi o de Triunfo, seguido pelo município de Portão (E= 0,633) e de Charqueadas (E= 0,331). Os municípios que apresentaram pior desempenho em termos de eficiência no gasto público em educação foram: Alvorada (E = 0,086), Araricá (0,076), Viamão (0,069). A eficiência média da RMPA é de 21,84%, ou seja, nos respectivos input e output, 78,16% dos recursos poderiam ter sidos otimizados, indicando ineficiências no gasto com educação. Com relação a ganhos de eficiência, ou seja, o percentual de aumento nos índices no ano de 2004 em relação ao ano de 2002, a classificação segue na tabela abaixo. Tabela 13 – Ganho de eficiência no gasto em educação dos municípios da RMPA, 2004 em relação a 2002. MUNICÍPIOS 2004 Glorinha 0,292 Canoas 0,291 Cachoeirinha 0,218 Charqueadas 0,331 Sapucaia do Sul 0,139 Dois Irmãos 0,270 Araricá 0,076 São Jerônimo 0,210 Sto. Ant. da Patrulha 0,266 Taquara 0,119 Novo Hamburgo 0,150 Alvorada 0,086 Triunfo 1,000 Nova Hartz 0,182 Guaíba 0,140 Gravataí 0,199 Eldorado do Sul 0,165 São Leopoldo 0,123 Nova Santa Rita 0,142 Capela de Santana 0,164 Arroio dos Ratos 0,109 Portão 0,633 Viamão 0,069 Porto Alegre 0,187 Sapiranga 0,130 Campo Bom 0,219 Parobé 0,093 Ivoti 0,153 Esteio 0,193 Montenegro 0,310 Estância Velha 0,110 Média RMPA 0,218 Fonte dos dados brutos: FEE-RS, TCE-RS, 2007. Elaboração Própria. 2002 0,157 0,207 0,168 0,277 0,120 0,248 0,071 0,197 0,250 0,112 0,142 0,086 1,000 0,184 0,151 0,216 0,181 0,137 0,160 0,187 0,125 0,731 0,080 0,217 0,155 0,267 0,117 0,205 0,264 0,427 0,156 0,226 Ganho de Classificação Eficiência (%) 85,99 1º 40,58 2º 29,76 3º 19,49 4º 15,83 5º 8,87 6º 7,04 7º 6,60 8º 6,40 9º 6,25 10º 5,63 11º 0,00 12º 0,00 13º -1,09 14º -7,28 15º -7,87 16º -8,84 17º -10,22 18º -11,25 19º -12,30 20º -12,80 21º -13,41 22º -13,75 23º -13,82 24º -16,13 25º -17,98 26º -20,51 27º -25,37 28º -26,89 29º -27,40 30º -29,49 31º -1,42 - De modo geral, a eficiência da RMPA caiu em termos médios. Entretanto, alguns municípios não seguiram esta tendência, como no caso de Glorinha, que apresentou ganhos de 85,99%, Canoas com aumento de 40,58% em seu índice de eficiência; Cachoeirinha com 29,76%; e Charqueadas, com 19,49%, município este apontado dentre os três mais eficientes no gasto público em educação, na RMPA em 2004. A figura 8 mostra os indicadores de eficiência técnica dos municípios da RMPA no ano de 2004, ilustrando a diferença de Triunfo para os demais municípios, onde o segundo mais eficiente é Portão com índice E = 0,663. Figura 8 - Gráfico dos Índices de eficiência do gasto público em educação dos municípios da RMPA, 2004 1,200 1,000 0,800 0,600 0,400 0,200 Tr iu Ch n ar Po fo q r t M ue ão on a Sa te da n s nt G eg o lo ro An r tô D Ca inh ni oi n a o s o da Irm as C Pa ão a t s C mp rulh ac o a Sã ho Bo o eir m Je in rô ha G nim ra o v Po E ata rto st í e C Eld No Ale io ap or va g el ad H re a o ar de d tz Sa o S N nt ul ov an N oH ov a I a a m vo Sa b u t i nt rg Sa a o pu R ca Gu ita ia aí d b Sã Sa o S a o pira ul Le n op ga Es Ar tân Ta oldo ro c qu io ia ar do Ve a s lh Ra a Pa tos Al ro vo bé r Ar ada ar Vi ic am á ão 0,000 Fonte dos dados brutos: FEE-RS, TCE-RS, 2007. Elaboração Própria. O município de Triunfo apresentou-se nos três anos da análise como o município mais eficiente, como minimização das despesas em relação ao PIB municipal, apresentando um menor custo de oportunidade comparativamente aos outros municípios da região, maximizando-se a oferta do serviço educacional, no indicador docente/aluno. Uma variável que possui relação com estes resultados é o gasto per capita em educação, onde o município com eficiência igual a 100% atingiu R$ 1.180,73/habitante, em 2004. Porém, mesmo municípios como Ivoti e Eldorado do Sul com gastos per capita comparativamente mais elevados não atingem indicadores de eficiência expressivos, inferindo-se que esta variável não é a única que influencia na eficiência técnica do gasto público municipal, retomando também a importância da eqüidade dos gastos públicos, apontada como característica essencial à qualidade do gasto em educação assim como a eficiência também é fator necessário, segundo a Unesco (2007). Na figura 9 são expostos os pontos, no gráfico em dispersão, que formam o índice de eficiência e assim, demonstra-se a fronteira de eficiência do gasto público em educação nos municípios da RMPA em 2004. Figura 9 – Fronteira de Eficiência do Gasto Público em Educação dos Municípios da RMPA, 2004. 0,100 Glorinha Triunfo 0,080 Portão Arroio dos Ratos Charqueadas 0,060 Output Araricá Parobé 0,040 Canoas Eldorado do Sul Alvorada Viamão 0,020 0,000 4,50 4,20 3,90 3,60 3,30 3,00 2,70 2,40 2,10 1,80 1,50 1,20 0,90 0,60 0,30 0,00 Input Fonte dos dados brutos: FEE-RS, TCE-RS, 2007. Elaboração Própria. Salienta-se também que o montante do gasto em educação é vinculado no mínimo em 60% para pagamento da folha dos docentes municipais, de acordo com a Emenda Constitucional 14, que cria o FUNDEF. Os demais 40% podem destinarse a outras rubricas dentro da função educação, representadas pelas subfunções como as citadas na tabela 04, p. 67. Portanto, a estrutura da despesa em educação também influencia nos níveis de eficiência. Considerem-se dois municípios que gastam percentuais semelhantes do PIB com o gasto em educação possuem diferentes níveis de oferta de professores em relação ao número de matrículas: Charqueadas (1,17% do PIB utilizados nos gastos em educação e relação docente/aluno de 0,069) e Eldorado do Sul (1,24% e 0,037 respectivamente). Nesta situação, não implica dizer que a eficiência total do município em educação é menor em um do que em outro município, apenas a eficiência técnica é menor naquele indicador, que possui menor output dado um mesmo input. Além do gasto per capita, citado anteriormente como variável que influencia a eficiência do gasto público, o PIB per capita também exerceu no período da análise, influência no cálculo dos índices de eficiência do gasto público em educação, apresentando maiores coeficientes de correlação. Para tal resultado foram gerados modelos econométricos onde, relacionou-se o PIB per capita (variável explicativa) de determinado município com o respectivo índice de eficiência (variável explicada); o gasto público per capita em educação (variável explicativa) com o índice de eficiência (variável explicada); e por último uma regressão múltipla envolvendo gasto público per capita em educação e o PIB per capita (variáveis explicativas) e o índice de eficiência (variável explicada). Os resultados desta análise são visualisados resumidamente na tabela 14: Tabela 14 – Regressão: Índice de Eficiência, Gasto per capita e PIB per capita R² (Gasto Per Capita ) R² (PIB Per Capita ) R² (PIB e Gasto Per Capita ) R-Ajustado (Gasto Per Capita ) R-Ajustado (PIB Per Capita ) R-Ajustado (PIB e Gasto Per Capita ) 2002 0,4900 0,6988 0,7769 0,4724 0,6884 0,7609 2003 0,5403 0,6993 0,7894 0,5245 0,6890 0,7744 2004 0,5847 0,7351 0,7768 0,5704 0,7259 0,7609 Fonte: FEE-RS, TCE-RS, Microsoft Excel 2003. Elaboração própria. R² é o coeficiente e que irá informar o quanto dos dados estão sendo explicados pelo modelo. Ou seja, a parte explicada relativamente a parte total. Esse coeficiente é conhecido como coeficiente de determinação e quanto maior, melhor. O coeficiente R-Ajustado, indica em quantos pontos percentuais as variações na variável dependente y são explicadas pelas variações na variável independente x. Os modelos apresentaram correlação positiva e os coeficientes R² e R-ajustado são consideráveis, ao nível de confiança de 95%, pois no ano de 2004 por exemplo, infere-se que 76,09% das variações do índice de eficiência do gasto público são explicadas pelas variáveis Gasto per capita e PIB per capita. 5 CONCLUSÃO O objetivo da monografia foi analisar a eficiência técnica relativa dos municípios da Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA) no gasto público em educação, no período de 2002 a 2004. De acordo com as escolas do pensamento econômico abordadas neste trabalho, o Estado tem como cerne três funções: alocativa, redistribuitiva e estabilizadora. Dentre estas, na função alocativa o Estado oferta bens públicos e bens meritórios, sendo exemplo destes últimos a educação. Ela é também um direito, garantido pela Constituição Federativa do Brasil de 1988, que o Estado tem obrigação de respeitar, assegurando assim igualdade de oportunidades para toda população. Fica claro assim, que a qualidade da educação é fundamental para que as políticas de gastos públicos alcancem resultados efetivos. A análise econômica do trabalho engloba indicadores da eficiência técnica e indicadores de custo de oportunidade, representada pela relação despesa/PIB. O comprometimento dos gastos com a função em relação ao PIB municipal permite comparações com outras áreas de investimento e gasto públicos, como saúde, segurança, saneamento, etc., portanto, representando um custo de oportunidade. Sabe-se que a metodologia e as variáveis do estudo não explicam a totalidade da eficiência do gasto público, nem mesmo os efeitos que a eficiência teve sobre a qualidade dos serviços e bens públicos. A eficiência é condição necessária para a melhora na qualidade do gasto público mas não é sinônimo de qualidade – onde qualidade é sinônimo de efetividade. Entretanto outros atributos são utilizados para o alcance desta efetividade do gasto público, como eficácia e equidade, por exemplo. Constata-se que o município de Triunfo apresentou os maiores índices de eficiência técnica, atingindo 100% de eficiência relativa aos demais municípios da RMPA no período analisado de 2002 a 2004. Tal resultado foi obtido pela maximização do output (relação professor/aluno) e minimização do input (despesa/PIB). Como variável exógena ao modelo, utilizou-se o gasto per capita, que influenciou a eficiência técnica nos diferentes municípios, possível explicação para o melhor resultado de Triunfo. Tal resultado deve-se a Triunfo possuir recursos tributários maiores proporcionalmente à sua população, em razão do Pólo Petroquímico, grande fonte geradora de tributos. Salienta-se também que o município apresentou o maior gasto per capita, resultado análogo ao do estudo de Fochezatto et al. (1998), que identificou dentre as unidades da federação brasileira o Distrito Federal, a unidade com o maior PIB per capita, com o maior indicador de eficiência. O gasto per capita desigual leva à idéia de uma melhor equidade na distribuição dos recursos para o alcance da eficiência e conseqüentemente uma maior qualidade do gasto público. O PIB per capita também apresentou correlação com o índice de eficiência do gasto público em educação, até em maior grau que o gasto per capita, pois os modelos calculados informaram um maior coeficiente de correlação para esta variável, ao explicar as variações do índice de eficiência. Uma conseqüência deste resultado está no fato de que um maior PIB per capita nesta análise especificamente esteve correlacionado com níveis de eficiências maiores. Portanto, iniciativas dos governos em promoverem maior atividade econômica, com maiores investimentos, por exemplo, sejam públicos ou privados, possibilitarão maiores níveis de eficiência, e conseqüentemente, podem resultar em melhores níveis da qualidade do gasto público (efetividade). Um importante resultado desta pesquisa é o próprio indicador de eficiência estimado, que poderá servir de critério de avaliação da eficiência do gasto público, incentivando os municípios a produzirem resultados mais efetivos. Evidentemente, o indicador de eficiência abordado não é absoluto, mas sua elaboração pode ser compreendida como uma tentativa de explicar a qualidade do gasto público dos municípios da RMPA, tema este que poderá ser abordado em pesquisas futuras. A partir das conclusões do trabalho propõe-se a adoção de políticas no sentido da utilização dos indicadores de eficiência como meio de otimização dos recursos econômicos. Por exemplo, da criação de normas que visem não somente a vinculação de receitas a despesas, mas ao alcance de determinados níveis de eficiência, para que se evitem assim desperdícios dos recursos públicos, causados por gestões administrativas ineficientes. O alcance da qualidade do gasto no setor público (efetividade), requer necessariamente a consciência dos gestores do governo em objetivar a eficiência no gasto dos recursos públicos, evitando desperdícios do Erário e maximizando a qualidade da prestação dos serviços e bens meritórios, valorizando assim os recursos pagos pelos contribuintes. Cabe à sociedade reivindicar que indicadores de eficiência, como os estimados neste trabalho, sejam adotados como meios de controle das ações do setor público, no sentido de dar uma maior clareza das atividades do governo e buscar assim a redução de desperdícios de recursos, compensando o esforço material e social dos agentes econômicos, e, principalmente, demonstrando respeito aos cidadãos. Ao governo cabe a obrigação de compensar tal esforço financeiro da melhor forma possível, utilizando-se de tais mecanismos para aferição e obtenção da eficiência, objetivando sempre a qualidade no setor público e a maximização do bem- estar social. REFERÊNCIAS ATLAS Socioeconômico do Rio Grande do Sul. Região Metropolitana de Porto Alegre. Disponível em: <http://www.scp.rs.gov.br/atlas/atlas.asp?menu=298>. Acesso em 13 maio 2007. AFONSO, Antônio. A eficiência do Estado. Boletim de desenvolvimento fiscal. n. 3. p 08-19. dez. 2006. 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ANEXO A – Arquivo dos dados de entrada, no ano de 2002, para o aplicativo DEAP versão 2.1 ANEXO B – Arquivo dos dados de entrada, no ano de 2003, para o aplicativo DEAP versão 2.1 ANEXO C – Arquivo dos dados de entrada, no ano de 2004, para o aplicativo DEAP versão 2.1 ANEXO D – Arquivo dos parâmetros metodológicos, no ano de 2002 para o aplicativo DEAP versão 2.1 ANEXO E – Arquivo dos parâmetros metodológicos, no ano de 2003, para o aplicativo DEAP versão 2.1 ANEXO F – Arquivo dos parâmetros metodológicos, no ano de 2004, para o aplicativo DEAP versão 2.1 ANEXO G – Arquivo dos resultados, no ano de 2002, para o aplicativo DEAP versão 2.1 ANEXO H – Arquivo dos resultados, no ano de 2003, para o aplicativo DEAP versão 2.1 ANEXO I – Arquivo dos resultados, no ano de 2004, para o aplicativo DEAP versão 2.1 ANEXO J - Regressão Simples: PIB per capita e Índice de Eficiência; período: 2002, 2003 e 2004. Estatística de regressão R múltiplo 0,8359 R-Quadrado 0,6988 R-quadrado ajustado 0,6884 Erro padrão 0,1051 Observações 31 ANOVA gl Regressão Resíduo Total SQ MQ F 1 0,7426 0,7426 29 0,3201 0,0110 30 1,0627 F de significa ção 67,3 4,82E-09 Coefici- Erro 95% 95% Inferior Superior entes padrão Stat t valor-P inferiores superiores 95,0% 95,0% Interseção 0,136 0,022 6,27 7,7E-07 0,09 0,18 0,09 0,18 Variável X 1 6E-06 6,82E-07 8,20 4,8E-09 4,2E-06 6,99E-06 4,2E-06 6,99E-06 Fonte: FEE-RS, TCE-RS, Microsoft Excel 2003. *Variável Explicativa (X1)= PIB per capita dos Municípios da RMPA em 2002. **Variável Explicada (Y)= Índice de Eficiência do Gasto público em Educação dos Municípios da RMPA em 2002 Estatística de regressão R múltiplo 0,8363 R-Quadrado 0,6993 R-quadrado ajustado 0,6890 Erro padrão 0,1018 Observações 31 ANOVA gl Regressão Resíduo Total SQ 1 29 30 0,70 0,30 1,00 MQ F 0,70 0,01 F de significação 67,5 4,69E-09 Coeficient Erro 95% 95% Inferior Superior es padrão Stat t valor-P inferiores superiores 95,0% 95,0% Interseção 0,15 0,02 7,4 3,3E-08 0,112 0,196 0,112 0,196 Variável X 1 4,2E-06 5,1E-07 8,2 4,7E-09 3,2E-06 5,3E-06 3,2E-06 5,3E-06 Fonte: Fonte: FEE-RS, TCE-RS, Microsoft Excel 2003. *Variável Explicativa (X1)= PIB per capita dos Municípios da RMPA em 2003. **Variável Explicada (Y)= Índice de Eficiência do Gasto público em Educação dos Municípios da RMPA em 2003. Estatística de regressão R múltiplo 0,8574 R-Quadrado 0,7351 R-quadrado ajustado 0,7259 Erro padrão 0,0947 Observações 31 ANOVA gl Regressão Resíduo Total SQ 1 29 30 MQ F 0,72 0,72 0,26 0,009 0,98 F de significação 80,5 7,3E-10 Coefici- Erro 95% 95% Inferior Superior entes padrão Stat t valor-P inferiores superiores 95,0% 95,0% Interseção 0,143 0,019 7,55 2,5E-08 0,1044 0,1820 0,1044 0,181971 Variável X 1 3,4E-06 3,79E-07 8,97 7,3E-10 2,6E-06 4,17E-06 2,6E-06 4,17E-06 Fonte: FEE-RS, TCE-RS, Microsoft Excel 2003. *Variável Explicativa (X1)= PIB per capita dos Municípios da RMPA em 2004. **Variável Explicada (Y)= Índice de Eficiência do Gasto público em Educação dos Municípios da RMPA em 2004. ANEXO K - Regressão Simples: Gasto per capita em Educação e Índice de Eficiência; período: 2002, 2003 e 2004. Estatística de regressão R múltiplo 0,7000 R-Quadrado 0,4900 R-quadrado ajustado 0,4724 Erro padrão 0,1367 Observações 31 ANOVA gl SQ Regressão Resíduo Total 1 29 30 0,52 0,54 1,06 MQ F 0,52 0,02 F de significação 27,9 1,17E-05 Coefici- Erro 95% 95% Inferior Superior entes padrão Stat t valor-P inferiores superiores 95,0% 95,0% Interseção 0,0045 0,0486 0,09 0,92624 -0,0948 0,104 -0,095 0,104 Variável X 1 0,0012 0,0002 5,28 1,2E-05 0,0007 0,002 0,001 0,002 Fonte: FEE-RS, TCE-RS, Microsoft Excel 2003. *Variável Explicativa (X1)= Gasto público per capita em educação dos municípios da RMPA em 2002. **Variável Explicada (Y)= Índice de Eficiência do gasto em educação dos Municípios da RMPA em 2002. Estatística de regressão R múltiplo 0,7351 R-Quadrado 0,5403 R-quadrado ajustado 0,5245 Erro padrão 0,1259 Observações 31 ANOVA gl Regressão Resíduo Total SQ 1 29 30 0,54 0,46 1,00 MQ F 0,54 0,02 F de significação 34,1 2,5E-06 95% Coeficient Erro inferiore 95% Inferior Superior es padrão Stat t valor-P s superiores 95,0% 95,0% Interseção 0,052 0,0384 1,351 0,18718 -0,027 0,130 -0,027 0,130 Variável X 1 0,001 0,0001 5,838 2,5E-06 0,001 0,001 0,001 0,001 Fonte: FEE-RS, TCE-RS, Microsoft Excel 2003. *Variável Explicativa (X1)= Gasto público per capita em educação dos municípios da RMPA em 2003. **Variável Explicada (Y)= Índice de Eficiência do gasto em educação dos Municípios da RMPA em 2003. Estatística de regressão R múltiplo 0,7647 R-Quadrado 0,5847 R-quadrado ajustado 0,5704 Erro padrão 0,1186 Observações 31 ANOVA gl Regressão Resíduo Total SQ 1 29 30 F de significaMQ F ção 0,57 0,57 40,83 5,5E-07 0,41 0,01 0,98 Coeficivalor- 95% 95% Inferior entes Erro padrão Stat t P inferiores superiores 95,0% Interseção 0,03035 0,0363 0,84 0,41 -0,0439 0,105 -0,0439 Variável X 1 0,00077 0,0001 6,39 5E-07 0,0005 0,001 0,0005 Fonte: FEE-RS, TCE-RS, Microsoft Excel 2003. Superior 95,0% 0,10464 0,00101 *Variável Explicativa (X1)= Gasto público per capita em educação dos municípios da RMPA em 2004. **Variável Explicada (Y)= Índice de Eficiência do gasto em educação dos Municípios da RMPA em 2004. ANEXO L - Regressão Múltipla: Gasto per capita, PIB per capita e Índice de Eficiência; período: 2002, 2003 e 2004. Estatística de regressão R múltiplo 0,8814 R-Quadrado 0,7769 R-quadrado ajustado 0,7609 Erro padrão 0,0920 Observações 31 ANOVA F de significação 48,7 7,59E-10 gl Regressão Resíduo Total Interseção Variável X 1 Variável X 2 SQ MQ F 2 0,83 0,41 28 0,24 0,01 30 1,06 Coefici- Erro 95% 95% Inferior Superior entes padrão Stat t valor-P inferiores superiores 95,0% 95,0% 0,32 0,062 5,18 1,7E-05 0,19 0,45 0,19 0,45 -0,002 0,0005 -3,1 0,004 -0,002 -0,0005 -0,002 -0,001 1,1E-05 1,8E-06 6 1,8E-06 7,3E-06 1,5E-05 7,3E-06 1,5E-05 Fonte: FEE-RS, TCE-RS, Microsoft Excel 2003. *Variáveis Explicativas (X1 e X2)= PIB per capita e Gasto público em educação per capita dos Municípios da RMPA em 2002 **Variável Explicada (Y)= Índice de Eficiência do Gasto em Educação dos Municípios da RMPA em 2002 Estatística de regressão R múltiplo 0,8885 R-Quadrado 0,7894 R-quadrado ajustado 0,7744 Erro padrão 0,0867 Observações 31 ANOVA gl SQ MQ 2 0,79 0,394 28 0,21 0,008 30 1,00 Coeficient Erro es padrão Stat t Interseção 0,34 0,06 6,01 Variável X 1 -0,001 0,0004 -3,46 Variável X 2 1,01E-05 1,8E-06 5,8 Fonte: FEE-RS, TCE-RS, Microsoft Excel 2003. Regressão Resíduo Total F F de significação 52,5 3,37E-10 95% 95% Inferior Superior valor-P inferiores superiores 95,0% 95,0% 1,8E-06 0,2 0,46 0,2 0,46 0,002 -0,002 -0,0006 -0,002 -0,0006 3,5E-06 6,52E-06 1,372E-05 7E-06 1,4E-05 *Variáveis Explicativas (X1 e X2)= PIB per capita e Gasto público em educação per capita dos Municípios da RMPA em 2003. **Variável Explicada (Y)= Índice de Eficiência do Gasto em Educação dos Municípios da RMPA em 2003. Estatística de regressão R múltiplo 0,8814 R-Quadrado 0,7768 R-quadrado ajustado 0,7609 Erro padrão 0,0885 Observações 31 ANOVA gl Regressão Resíduo Total SQ 2 28 30 0,8 0,2 1,0 MQ F 0,38 0,01 F de significação 48,7 7,6E-10 Coefici- Erro 95% 95% Inferior Superior entes padrão Stat t valor-P inferiores superiores 95,0% 95,0% Interseção 0,26 0,054082 4,8 4,7E-05 0,15 0,37 0,15 0,37 Variável X 1 0,00001 0,000001 4,9 3,6E-05 3,6E-06 8,7E-06 3,6E-06 8,7E-06 Variável X 2 -0,0007 0,0003 -2,3 0,03 -0,001 -7,6E-05 -0,001 -7,6E-05 Fonte: FEE-RS, TCE-RS, Microsoft Excel 2003. *Variáveis Explicativas (X1 e X2)= PIB per capita e Gasto público em educação per capita dos Municípios da RMPA em 2004. **Variável Explicada (Y)= Índice de Eficiência do Gasto em Educação dos Municípios da RMPA em 2004.