UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS RODRIGO FILIPINI SANTOS GERENCIAMENTO DE ROTINAS DE COMPRAS COM ÊNFASE EM MATERIAIS INDIRETOS JOINVILLE – SC 2010 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS RODRIGO FILIPINI SANTOS GERENCIAMENTO DE ROTINAS DE COMPRAS COM ÊNFASE EM MATERIAIS INDIRETOS Trabalho apresentado à Universidade do Estado de Santa Catarina como requisito parcial para obtenção do título de Engenharia de Produção e Sistemas. Orientador: Professor José Oliveira da Silva, Dr. JOINVILLE – SC 2010 RODRIGO FILIPINI SANTOS GERENCIAMENTO DE ROTINAS DE COMPRAS COM ÊNFASE EM MATERIAIS INDIRETOS Trabalho de Graduação aprovado como requisito parcial para a obtenção do título de Engenheira do curso de Engenharia de Produção e Sistemas da Universidade do Estado de Santa Catarina. Banca Examinadora Orientador: Dr. José Oliveira da Silva UDESC/CCT Membro: Msc. Gerson Volney Lagemann UDESC/CCT Membro: Msc. Valdésio Benevenutti UDESC/CCT Joinville, 14 de Junho de 2010 “[...] ainda que [...] conhecesse todos os mistérios e toda a ciência [...] e não tivesse amor, nada seria. O amor [...] tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor nunca falha.” 1 Coríntios 13, Bíblia AGRADECIMENTOS À Deus: Por tudo e todos. RODRIGO FILIPINI SANTOS GERENCIAMENTO DE ROTINAS DE COMPRAS COM ÊNFASE EM MATERIAIS INDIRETOS RESUMO O papel e a contribuição das compras nas organizações tem crescido durante a segunda metade do século XX. Assim a área de compras passou a utilizar novas tecnologias de gestão de compras, mais vantajosas para a integração entre clientes e fornecedores, de modo a melhorar a qualidade de serviços e/ou produtos adquiridos. Postura essa que resulta numa significativa contribuição para o alcance dos objetivos estratégicos e das metas das organizações. Partindo deste contexto, o objetivo geral deste estudo é propor melhorias nos processos de gestão de atendimento ao cliente interno do departamento de compras, através de projeto piloto na área de protótipos com intuito de melhorar o nível de serviço prestado. Para alcançar o objetivo geral, foi considerado definir indicadores de desempenho para mensuração de demanda, priorizar as solicitações de compra por níveis de urgência e padronizar os procedimentos de trabalho, conforme metodologia de estudo pautada neste trabalho. Através da pesquisa bibliográfica e entrevistas com colaboradores experientes envolvidos no processo, tanto em compras como na área de engenharia de protótipos, um estudo de caso foi realizado. Foram identificados os principais problemas enfrentados pelos compradores e então agido em sua causa raiz de modo a minimizar sua ocorrência, diminuindo assim o tempo de resposta para processamento de pedidos, melhorando o nível de serviço prestado a área solicitante e proporcionando integração entre área cliente e fornecedora. Palavras chave: Gestão da expectativa. Compras. Materiais indiretos. SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS..................................................................................................... 7 1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 8 1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA .............................................................................. 8 1.2 OBJETIVO GERAL ............................................................................................... 8 1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS.................................................................................. 8 1.4 JUSTIFICATIVA ................................................................................................... 9 1.5 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO ............................................................................. 9 1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO .......................................................................... 10 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ........................................................................... 11 2.1 O DEPARTAMENTO DE COMPRAS .............................................................. 11 2.1.1 Razões para a mudança da importância de compras ................................... 12 2.1.2 Objetivos de compras .................................................................................... 13 2.1.3 Dificuldades do departamento de compras ................................................... 14 2.1.4 Organização departamental de compras ...................................................... 20 2.1.5 Tipos de materiais ......................................................................................... 22 2.1.6 Compras eletrônicas ...................................................................................... 23 2.1.6.1 Integração eletrônica .............................................................................. 23 2.1.6.2 Compras pela Internet ............................................................................ 26 2.1.6.3 Leilões eletrônicos .................................................................................. 26 2.1.6.4 Leilão reverso ......................................................................................... 27 2.1.7 Avaliação do desempenho ............................................................................. 27 2.1.7.1 Dificuldades na implantação de indicadores .......................................... 29 2.1.7.2 Classificação de indicadores de compras ............................................... 29 3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .......................................................... 37 3.1 PLANEJAMENTO DA PESQUISA .................................................................... 37 3.2 METODOLOGIA DE ANÁLISE E SOLUÇÃO DO PROBLEMA ..................... 38 4. ESTUDO DE CASO ................................................................................................. 40 4.1 APRESENTAÇÃO DA EMPRESA ..................................................................... 40 4.2 PROBLEMA ENCONTRADO ............................................................................ 40 4.3 ALTERNATIVA PROPOSTA ............................................................................. 43 4.3.1 Estabelecer indicadores para controle.......................................................... 44 4.3.2 Estabelecer prioridades de atendimento ....................................................... 45 4.3.3 Criar manual de procedimentos .................................................................... 46 4.3.3.1 Procedimento para criação de evento de cotação ................................... 46 4.3.3.2 Procedimento para criação de requisição de compra.............................. 47 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 48 5.1 CONCLUSÃO ...................................................................................................... 48 5.2 RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS.................................... 49 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 50 ANEXOS ....................................................................................................................... 52 ANEXO A – ATUAL FLUXO PARA AQUISIÇÃO DE MATERIAIS INDIRETOS .................... 52 ANEXO B – DIAGRAMA DE CAUSA E EFEITO PARA ANÁLISE DO AUMENTO NO LEADTIME DE PEDIDO COMERCIAL ................................................................................................ 53 ANEXO C – PROPOSTA DE CARTA PARA CONTROLE DE INDICADOR DE NÚMERO TOTAL DE REQUISIÇÕES GERADAS NO PERÍODO ....................................................................... 54 ANEXO D - PROPOSTA DE CARTA PARA CONTROLE DE NÚMERO TOTAL DE REQUISIÇÕES PROCESSADAS NO PERÍODO..................................................................... 55 ANEXO E - PROPOSTA DE CARTA PARA CONTROLE DE INDICADOR DE LEADTIME MÉDIO DE PROCESSAMENTO DE REQUISIÇÕES DE COMPRA ...................................................... 56 ANEXO F – PROPOSTA DE FLUXO PARA AQUISIÇÃO DE MATERIAIS INDIRETOS........... 57 ANEXO G – PROCEDIMENTO PADRÃO PARA CRIAÇÃO DE EVENTOS DE COTAÇÃO ...... 58 ANEXO H – PROCEDIMENTO PADRÃO PARA CRIAÇÃO DE REQUISIÇÕES DE COMPRA .. 59 LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 - ALGUNS OBJETIVOS DE COMPRAS .................................................................. 14 FIGURA 2 - ESTRUTURA TÍPICA DE UM PEQUENO DEPARTAMENTO ................................... 20 FIGURA 3 - ESTRUTURA DEPARTAMENTAL MÉDIA ........................................................... 21 FIGURA 4 - ORGANIZAÇÃO DE UM GRANDE DEPARTAMENTO ........................................... 21 FIGURA 5 – INTEGRAÇÃO EDI ENTRE COMPRADOR E FORNECEDOR ................................. 24 FIGURA 6 - CONTROLE DO DESEMPENHO DOS COMPRADORES .......................................... 36 FIGURA 7 - PLANO MESTRE PARA ANÁLISE E SOLUÇÃO DO PROBLEMA ............................ 38 FIGURA 8 – DISTRIBUIÇÃO DO PLANO MESTRE NA METODOLOGIA PDCA ...................... 39 FIGURA 9 - LEADTIME DE PEDIDO COMERCIAL ................................................................. 42 FIGURA 10 – DIFERENÇA DE LEADTIME DE PEDIDO COMERCIAL ENTRE REQUISIÇÃO IDEAL E REQUISIÇÃO PROBLEMÁTICA.................................................................................... 42 FIGURA 11 - PLANO DO PRÉ-PROJETO .............................................................................. 43 FIGURA 12 - INDICADORES DE DESEMPENHO DEFINIDOS PARA O PROCESSO DE COMPRAS 44 8 1. INTRODUÇÃO 1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA O problema analisado neste trabalho está fundamentado na falta de indicadores de desempenho e na transparência do processo de compras, que conseqüentemente geram descontrole e perda, tanto temporal quanto monetária, classificando o processo de compras como ineficiente. A falta de controle e, conseqüentemente, a falta de visibilidade da evolução dos processos de compras induz usuários internos a transferirem a responsabilidade do atraso na aquisição de material para o comprador, taxando o atendimento do departamento de compras como ineficiente e displicente no processamento de solicitações de compras de materiais. De modo a melhorar o nível de serviço prestado para as áreas solicitantes e dar maior visibilidade sobre os processos sob responsabilidades de compras, tem-se a necessidade de agir sobre as principais causas do aumento do tempo no processamento de requisições de compra. Este trabalho propõe, por meio do Pré-projeto, assim definido em procedimentos metodológicos, estabelecer indicadores de desempenho e definir padrões de processo para aquisição de materiais indiretos, de modo a mitigar a ocorrência das causas do aumento do tempo no processamento de requisições de compra. Com indicadores de desempenho estabelecidos e medidos, aliados a fluxos padrões para compra definidos entre cliente e fornecedor, maior será a transparência do processo e satisfação entre clientes (usuário interno) e fornecedores (analista comprador). 1.2 OBJETIVO GERAL O objetivo deste trabalho é propor melhorias nos processos de gestão de atendimento ao cliente interno do departamento de compras, através de Plano Mestre de Ação na área de protótipos. 1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Para alcançar o objetivo geral, os objetivos específicos considerados foram: • Aplicar projeto piloto à área de protótipos com ênfase em requisições de compras para materiais indiretos, por meio da: 9 − Definir indicadores de desempenho, meios e periodicidade de mensuração para acompanhamento da evolução do atendimento de clientes internos e processos de compras ao longo do tempo. − Definir e disseminar padrões de processos de compras. − Proporcionar ao cliente uma relação de parceria. 1.4 JUSTIFICATIVA Os processos de compras de uma grande organização são diversos, devido a evidente alta demanda de materiais provinda de seus usuários internos. O grande volume da demanda aliada a falta de padrão dos processos, informações inconsistentes e processos mal desenvolvidos acabam agregando mais tempo na aquisição dos materiais devido ao retrabalho constante para o analista de compras. A utilização de indicadores de desempenho e padrões de processos definidos entre clientes e fornecedores do serviço (comprador) facilitam a aproximação entre ambas as áreas, propiciando maior visibilidade do desempenho e pontos de melhoria, em potencial, no processo. A eliminação dos desperdícios facilita ao analista de compras desempenhar atividades inerentes a seu cargo de forma mais eficiente e satisfatória para seus clientes e organização. 1.5 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO Para este estudo serão considerados os processos de: elaboração de eventos de cotação via portal B2B (Business-to-business); elaboração de requisição de compra e; emissão de pedido de materiais indiretos categorizados como produtos padronizados, itens de pequeno valor ou feitos por encomenda para fins de prototipagem. Neste trabalho assume-se que a empresa em estudo já dispõe de sistema ERP (Enterprise Resource Planning ou Sistema Integrado de Gestão Empresarial) para elaboração de requisições de compra e emissão de pedidos, e portal B2B para pesquisa de mercado e formalização de negociações. Os sistemas eletrônicos citados estão integrados permitindo troca de dados entre sistema B2B e ERP. 10 1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO No primeiro capítulo deste trabalho são determinados os objetivos gerais e específicos, a apresentação do tema, a justificativa, além da delimitação do estudo (escopo) e a estrutura do trabalho. A fundamentação teórica pode ser encontrada no segundo capítulo, qual apresenta os conceitos teóricos necessários para o entendimento do problema estudado. O procedimento metodológico compõe o terceiro capítulo, onde estão explicados os métodos utilizados para o desenvolvimento deste trabalho e o tipo de pesquisa aplicada. O quarto capítulo mostra à apresentação da empresa em estudo, o problema encontrado e a alternativa proposta. No quinto capítulo são expostas as considerações finais e recomendações para trabalhos futuros. Por último, são apresentadas as referências bibliográficas e os anexos. 11 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 O DEPARTAMENTO DE COMPRAS O crescimento de mercados econômicos nas últimas décadas permitiu que até mesmo pequenos negócios passassem a desfrutar de sistemas que tornem seus processos empresariais muito mais eficientes e produtivos. Grande parte desta evolução nas empresas deve-se a evolução dos softwares. Segundo TERSARIOL (1996) software são programas associados com a operação de um computador. E dentro do âmbito empresarial, o departamento de compras foi um dos principais beneficiados com as novas tecnologias informacionais. A área de compras era vista como uma área de suporte, meramente operacional, preocupada com descontos e prazos de entrega. Mas conforme GUIMARÃES (2008) “acabou o tempo de que a melhor compra era aquela comprada pelo menor preço”, o autor continua dizendo que, “quanto mais a competitividade do mercado cresce, maior é a exigência por novas soluções”. Dada tamanha aceleração no processamento de dados devido a evolução dos softwares as compras passaram a ser reconhecidas como atividades estratégicas cruciais por aqueles preocupados com a gestão da organização. Segundo BAILY (2009:16) “a compra é vista pela organização bem sucedida de hoje como uma atividade de importância estratégica considerável. Atualmente o comprador busca o desenvolvimento de um bom fornecedor, no estabelecimento de relacionamentos em que todas as partes saem ganhando. Está descaracterizado o aspecto de barganha das negociações". Os fatores quando, quanto e como comprar, passaram a ser determinantes para a continuidade das empresas no mercado competitivo (MARTINS e ALT, 2001). Com a mudança do perfil do departamento de compras, também muda o perfil de seus profissionais. GUIMARÃES (2008) cita que o mercado contemporâneo exige “grande capacitação do executivo [...]. São exigidos dos executivos de compras, conhecimentos nas áreas do Direito, Engenharia, Administração, Economia, Finanças, Legislação tributária e Cultura Internacional”. Assim é vital que a área de compras seja bem informada sobre o ambiente externo e suas influências, podendo contribuir como parte da equipe de planejamento e execução, inteiramente integrada à organização. 12 2.1.1 Razões para a mudança da importância de compras A alta competitividade entre organizações e a grande evolução tecnológica permitiu que compras mudasse a maneira de realizar a compra de materiais e ou a contratação de serviços. Segundo BAILY (2009) as razões para a mudança da importância da área de compras são: a) Vantagem competitiva As abordagens e conceitos que podem ser considerados vantagem competitiva são: • Maior prática de benchmarking; • Conceito de cadeia de suprimentos; • Administração de relacionamentos; • Foco no consumidor. b) Avanço tecnológico A maior parte das empresas está focando mais numa faixa menor e mais específica de atividades, fato que as obriga a comprar maior parte de seus insumos de fornecedores mais especializados detentores de patentes, direitos de propriedades associados à tecnologia avançada. c) Aumento da consciência ambiental A conscientização ambiental está cada vez mais desperta na mente e desejo dos consumidores. Assim as empresas que não se adaptarem a isso tendem a perder mercado. Os recursos estão mais escassos e caros, fatores que tendem a valorização da reciclagem, produtos biodegradáveis e matérias-primas renováveis por parte das organizações compradoras. d) Concentração de compras em poucos e grandes fornecedores O processo de fusão de empresas e fechamento de unidades de negócio são problemas para a área de compras, uma vez que quanto menos concorrentes menor será a concorrência. Assim fornecedores exclusivos tendem a dominar o consumidor impondo preços, fator que muitas vezes obriga seus consumidores a conviver com altos 13 preços quando comparados a preços do passado, quando o monopólio não era consolidado ou o número de concorrentes a fornecer era maior. e) Maior proporção de gastos fora da empresa Os gastos com mão-de-obra reduziram devido à automação e ao trabalho mais eficiente das empresas em geral. Mas, conseqüentemente, aumentaram os gastos com recursos adquiridos externamente devido a: • Coordenação mais estreita com fornecedores chaves; • Flexibilidade depende de ativos externos e não próprios; • Acesso facilitado ao mercado mundial; • Políticas de terceirização. Variados são os motivos que justificam a concepção do contemporâneo departamento de compras. Apesar de muitos, todos convergem ao ponto de que o departamento de compras deve ser encarado como parte estratégica da organização e não apenas como parte operacional. 2.1.2 Objetivos de compras As atividades de compras envolvem uma série de fatores, dentre eles a seleção de fornecedores, qualificação dos serviços, determinação de prazos de vendas, previsão de preços, serviços e mudanças na demanda. Segundo GUIMARÃES (2008) “o objetivo [...] da área em geral de compras é [...] ajudar a empresa a elevar a sua receita, aumentar a sua lucratividade e melhorar o nível de capital da empresa”. Já BAILY (2009) define o objetivo de compras de forma mais específica: • Suprir a organização (materiais e serviços) de forma a atender as necessidades da mesma; • Garantir fornecimento atual e futuro, de forma a perdurar relação de parceria com suas fontes e desenvolvendo outras a fim de atender necessidades pontuais e ou emergenciais; • Comprar eficientemente de forma ética e obter o melhor valor para a compra; • Administrar estoques proporcionando ao usuário menor custo. • Manter relacionamento cooperativo entre outros departamentos, promovendo a integração, alinhamento e conseqüente operação eficaz de toda a organização; 14 • Desenvolver funcionários, procedimentos e organização de forma a atingir objetivos previstos. BAILY (2009) complementa que os objetivos de compras podem ser organizados de uma forma hierárquica. A Figura 1 sugere a maneira pela qual pode ser feito, embora o gráfico possa variar de uma empresa para outra. Figura 1 - Alguns objetivos de compras Fonte: BAILY (2009:47) 2.1.3 Dificuldades do departamento de compras O departamento de compras é passivo a variações do mercado, saída e surgimento de fornecedores, e a variação de preços das commodities. Independente da estruturação departamental e da qualificação de seus profissionais, o departamento de compras sofre influência de fatores externos e internos na consecução de seus resultados. Na seqüência serão apresentadas as principais e mais comuns dificuldades de compras. 15 a) Compras emergenciais As deficiências no planejamento de compras têm como possível conseqüência a falta de materiais que pode levar uma necessidade de compra a se tornar emergencial. As compras em caráter de emergência não fornecem muitas alternativas aos compradores em termos de procura e de negociação, ocasionando, preços mais elevados. Segundo DIAS e COSTA (2003:21), “compras emergenciais sempre existirão [...], pois não há como uma organização manter estoques disponíveis de todos os itens para atender aqueles que requisitam materiais em sua totalidade”. Nesse sentido faz-se necessário traçar estratégias que possibilitem trabalhar com um número capaz de não expor a operação da empresa a alto risco, nem onerar o custo correspondente à formação de estoques elevados. Conforme cita OLIVEIRA (2002), para reduzir a incidência de pedidos em caráter emergencial faz-se necessária a adoção de algumas medidas, como: • Estabelecer Controles Os responsáveis pela área de compras devem conhecer profundamente o que é pedido, quem pede, como pede etc. Segundo DIAS e COSTA (2003:22) “controles costumam revelar procedimentos errados, passíveis de correção, em benefício do departamento de compras e da própria organização, levando inclusive, a desburocratizar atividades. A implantação de controles possibilita, ainda, a realização de avaliações de desempenho das atividades desenvolvidas pelo departamento”. Para minimizar as ocorrências de emergências, o controle mais importante a ser implantado é o da requisição de materiais. Por ele, será possível identificar claramente quais as áreas com maior incidência de pedidos em caráter emergencial e, a partir desse ponto, dar início ao trabalho efetivo de redução dessas emergências. DIAS e COSTA (2003) complementa que, esse trabalho de redução de emergências segue os seguintes passos: − Identificar os focos principais: por meio dos dados coletados pelo controle é possível identificar quais os maiores focos solicitantes de materiais em caráter de urgência, de forma a agir prioritariamente, primeiro nos principais 16 responsáveis pela situação e posteriormente em casos pontuais de menor influência. − Informar e conscientizar os responsáveis: assim que identificados os principais focos causadores de pedidos urgentes, deve-se agir em pró da conscientização junto aos solicitantes, com intuito de reduzir o número de solicitações emergenciais. Compras emergênciais geram custos extras e não planejados, que afetam diretamente o resultado financeiro da organização. − Criar manual de procedimento: a falta de maiores informações sobre o funcionamento da área de compras é um dos motivos da ocorrência de requisições em caráter emergencial, tanto por parte do próprio negociador quanto de seu solicitante. As vantagens da implantação de um manual de procedimentos são: − Identificação de fluxo ou caminho a ser seguido para execução de várias atividades do departamento de compras; − Padronizar atividades a fim de uniformizar as operações; − Treinamento de pessoal para facilitar o desempenho dos profissionais envolvidos nas atividades, principalmente, quando da contratação de novos colaboradores. Este treinamento propicia o aprimoramento das funções e racionaliza fluxos de forma a tornar processos cada vez mais eficientes e simplificados. Deste modo deve-se considerar que não há necessidade de elaborar normas externas e cansativas, mas sim retratar de forma sucinta os procedimentos desejados pela empresa. • Estabelecer prioridades de atendimento. Muitas das requisições emergenciais que chegam ao departamento de compras não são assim tão urgentes. Segundo DIAS e COSTA (2003:26) existem varias razões para que esse fato ocorra, mas uma delas é o desejo prioridade no atendimento, desejo egoísta e não coorporativo que algumas pessoas carregam dentro delas. 17 Quanto mais elevado o nível hierárquico, essa questão ganha ainda mais corpo, muito embora nem sempre seja o próprio dirigente a insistir na solução rápida de compra, muitas vezes, algum subordinado faz uso do seu nome para pressionar compras a agir com maior rapidez. O autor ainda complementa que neste ponto é necessário separar a importância das pessoas e dos problemas. O fato de estabelecer uma hierarquia de prioridades se faz necessário, a fim de atender primeiramente os problemas de natureza mais importante para a empresa. Ainda segundo DIAS e COSTA (2003) essa hierarquia de prioridades deverá ser feita de acordo com o tipo do material a ser comprado. • Participar do planejamento global da organização com intuito de se antever o futuro e se preparar contra ou a favor dele. Os profissionais de compras, além de planejarem as próprias ações, precisam fazer com que as mesmas insiram-se também no planejamento global da instituição. O tradicional modelo de planejamento empresarial requer a execução ordenada dos planejamentos estratégico, tático e operacional. Segundo DIAS e COSTA (2003:30) as vantagens para a organização com a realização do planejamento são as seguintes: − Força o envolvimento dos vários elementos da empresa no cumprimento das diretrizes; − Objetivos e metas pré-estabelecidos; − Facilita e agiliza o processo de tomada de decisões; − Cria alternativas gerenciais; − Possibilita o comportamento sinergético das várias unidades organizacionais; − Oferece aos envolvidos no sistema, a oportunidade de afastarem-se da execução de atividade rotineira e passarem a pensar na organização com um todo. − Possibilita a obtenção de melhores resultados por todos os envolvidos. • Criar um canal de comunicação com os solicitantes no âmbito empresarial. A queixa que o público interno faz contra a área de compras, relativamente a falta de informações sobre o andamento do processamento da compra é o fator que 18 justifica esta ação. A falta de um canal de comunicação com os solicitantes além de ser causa de grande desgaste, é um dos fatores que contribuem para a ocorrência de cada vez maior número de solicitações em prioridade emergencial. • Dimensionar corretamente o quadro e elevar a qualidade do pessoal. Os gestores do departamento de compra devem acompanhar permanentemente o número de requisições que recebem, comparando-o ao contingente á sua disposição. Outro fator a ser observado é a qualificação dos profissionais de compras das empresas. Segundo DIAS e COSTA (2003:32) “é possível constatar que eles não estão devidamente preparados para o exercício de tão delicada função, basicamente em razão de falta de treinamento adequado para tal”. O constante treinamento dos profissionais ligados ao departamento de compras somente fará elevar o nível do próprio departamento. • Analisar as qualidades das requisições emergenciais. O comprador deve avaliar a qualidade do material pedido necessário para o atendimento imediato, se for o caso, somente essa qualidade será adquirida em emergência, mantendo o restante das aquisições dentro de um procedimento normal de compras, ou seja, definir como constante onde, o que e quando comprar. b) Especificações incorretas A especificação incorreta é um dos mais freqüentes problemas encontrados pelos compradores. O material não é definido corretamente pelo cliente e gera dúvidas, tanto para o comprador quanto para o fornecedor. A conseqüência mais grave de uma especificação mal elaborada é a aquisição do material errado gerando prejuízos de tempo e dinheiro a empresa. Segundo OLIVEIRA (2002), as falhas mais comuns de especificação do item são: descrição incompleta do material; fornecimento de códigos errados; e unidades de medida errados. 19 c) Falhas dos fornecedores Falhas de fornecedores é um problema comum a todas as organizações e que deve ter suas causas estudas a fim de mitigar este problema. Em grandes organizações é normal existir áreas especificas dedicada no desenvolvimento dos fornecedores, visando a garantia da qualidade do fornecimento, certificação de fornecedores e gestão de conseqüência (garantir que qualquer custo extra gerado por falha do fornecimento seja ressarcido pelo fornecedor). d) Burocracia excessiva As atividades do departamento de compras envolvem sempre grandes quantias em dinheiro, assim as empresas definem várias etapas para conclusão de uma compra de maneira a minimizar vulnerabilidades que possibilitem fraudes e perda de dados no processo de aquisição. Além de eliminar possíveis pontos de fraudes é preciso que os processos sejam ágeis o bastante para vencer as inúmeras dificuldades de composição e, até mesmo, de sobrevivência que o mercado competitivo impõe. Assim deve-se buscar o ponto de equilíbrio, que traga o controle e facilidade dos processos, mas que não onere o desempenho do processo de forma a torná-lo muito burocrático, sem a devida necessidade. e) Ingerências Organizações que não possuam fluxos padrões de trabalho e definições de atribuições de cada cargo tendem a conviver com este problema. Outras áreas da empresa interferem diretamente nas atividades do departamento de compras e acabam por tratar de decidir assuntos da competência compras ou vice-versa. De modo a minimizar este tipo de problema, as organizações utilizam-se de normas rígidas para não permitir a ocorrência dessas interferências que ocasionam custos bastante elevados. Da mesma forma que as atividades inerentes ao departamento de compras não devem ser feitas por outras áreas da empresa, o departamento de compras também não tem de realizar trabalhos próprios de outras áreas. Toda vez que um comprador faz trabalhos alheios aos seus, está perdendo grandes oportunidades de realizar uma compra mais bem elaborada, que resultará em ganhos para sua empresa. 20 2.1.4 Organização departamental de compras O número de pessoas, o volume e a variedade de bens e serviços comprados, a habilidade das lideranças, a capacidade das pessoas empregadas e a importância da função suprimentos para a empresa estão entre os fatores que afetarão a decisão da estrutura organizacional (BAILY, 2009). O autor complementa que, todavia ocorrerão variações em torno de padrões básicos da organização. Estruturas organizacionais devem ser desenvolvidas para atender as necessidades específicas, se o conceito for aplicado com sucesso na empresa A, não significa que terá sucesso na empresa B. Assim três modelos básicos de departamento podem ser considerados: o de uma organização de pequeno porte; um departamento de médio porte e; um departamento de grande porte. Comumente uma forma simples de organização de pequeno departamento é mostrada na Figura 2. Figura 2 - Estrutura típica de um pequeno departamento Fonte: BAILY (2009:80) A Figura 3 ilustra a estrutura organizacional em um departamento médio. 21 Figura 3 - Estrutura departamental média Fonte: BAILY (2009:80) Já para um departamento de grande porte (conforme Figura 4), diferentemente dos primeiros modelos, mais singulares, neste terceiro existe um escopo de trabalho definido para os compradores. Neste tipo de estrutura, deve-se decidir sobre como melhor agrupar as atividades de compras para maior eficácia da organização. Uma abordagem comum é fazer isso por commodities ou grupo de mercadorias. Figura 4 - Organização de um grande departamento Fonte: BAILY (2009:82) 22 O objetivo de cada comprador é assumir categorias dedicadas de materiais para evitar duplicidade de esforços de pesquisa e negociação. Esta maneira de definição de responsabilidades de compra facilita a coleta de dados, a aproximação e a integração com outros departamentos. Na organização departamental é muito importante considerar, também, o serviço de apoio (“Grupo de assessoria” na Figura 4) para evitar a dispersão do trabalho dos compradores responsáveis pelas carteiras de compras ou commodities. Os responsáveis pelo serviço de apoio são especialistas envolvidos indiretamente a compra, responsáveis por fazer todo o suporte, levantamento de informações de mercado, históricos a fim de se obter o melhor resultado na negociação e numa perspectiva macro, para a organização. Dentre eles estão, por exemplo, os serviços de analistas de custos, economistas e assessores jurídicos. 2.1.5 Tipos de materiais Na literatura são destacados dois tipos de custos de materiais, os custos diretos e indiretos. PADOVEZE (2006) explica que materiais diretos são as matérias-primas, os componentes, os materiais auxiliares e a embalagem que faz parte do produto acabado. Os materiais diretos devem estar na estrutura do produto, que é a lista de materiais que compõem o produto. Quanto aos materiais indiretos são aqueles comprados para a utilização no processo fabril, mas não fazem parte do produto final. Com relação a negociação, segundo ARNOLD (1999) “os preços poder ser negociados se o comprador tem conhecimento e influencia para fazê-lo”. Um fator importante na abordagem de negociações é o tipo de produto. Os materiais são classificados em quatro categorias, conforme abaixo: • Commodities: produtos de base em estado bruto (matérias-primas) ou com pequeno grau de industrialização, produzidos em grandes quantidades e por diferentes produtores. Estes produtos "in natura", cultivados (soft commodity) ou de extração mineral (hard commodity), podem ser estocados por determinado período sem perda significativa de qualidade. As commodities possuem cotação e são negociáveis globalmente. Seu preço é fixado pelo nível de demanda e sua disponibilidade, sendo assim os preços são passíveis de repentinas e grandes variações. 23 • Produtos padronizados: são fornecidos por muitos fornecedores, os preços são determinados com base em catálogos, não existindo muito espaço para negociação, exceto em caso de grandes volumes de compras. • Itens de pequeno valor: representam compras de valor baixo que não há muito propósito na negociação dos preços. É comum a criação de contrato com fornecedores que podem oferecer muito itens e fixam um sistema simples de pedido. • Itens feitos por encomenda: produzidos segundo especificações. Em geral os preços podem ser negociados. 2.1.6 Compras eletrônicas A evolução dos procedimentos de compras acompanha as ferramentas disponibilizadas pela tecnologia, assim como acontece com outras áreas das empresas. Naturalmente fez-se necessária a utilização de sistemas integrados eficazes de forma a acelerar os processos e dar vazão grande volume de atividades a serem cumpridas. No caso da comunicação eletrônica entre empresas, as possibilidades são quase ilimitadas, assim permite-se acesso direto entre clientes e fornecedores com o compartilhamento das informações necessárias a integração entre elas, proporcionando as condições de gerenciamento de estoques, reposição de materiais e prestação de serviços com gestão eletrônica dos sistemas. Mas conforme OLIVEIRA (2002:49) “a implantação dessas tecnologias depende da análise criteriosa das possibilidades por elas oferecidas, e não simplesmente passar a utilizar seus recursos mantendo os procedimentos existentes, pois, dessa forma, perderse-iam potenciais benefícios proporcionados pelas inovações oferecidas”. A análise e decisão pela utilização de um sistema integrado é um caso de análise de custo e beneficio, até que ponto o recurso informacional agrega valor a empresa e qual sua real necessidade. Além disso, deve-se levar em consideração a seleção de um sistema que atenda não somente o momento, mas que seja flexível de modo a acompanhar o crescimento da organização. 2.1.6.1 Integração eletrônica Um dos objetivos da área de compras, conforme já citado neste trabalho, é manter relacionamento cooperativo entre outros departamentos, promovendo a integração, alinhamento e conseqüente operação eficaz de toda a organização. De modo 24 a facilitar esta integração organizacional a troca eletrônica de dados propicia maior velocidade na comunicação entre os departamentos. Segundo BAILY (2009:373) os segredos de um bom sistema eletrônico integrado são: • Planejamento estratégico: seleção de um sistema flexível que se adapte conforme o seja útil também com o crescimento da organização. O não planejamento ao adquirir softwares e equipamento para sua execução implica em consideráveis custos numa futura integração de seus sistemas. • Treinamento adequado: sistemas altamente desenvolvidos devem ser introduzidos apenas após os funcionários receberem treinamento apropriado. • Intercâmbio eletrônico de dados: assim clientes e fornecedores podem trocar eletronicamente informações, tais como pedidos de compra, faturas e dados de produção em geral. A Figura 5 ilustra a integração por EDI entre um comprador e um fornecedor. Figura 5 – Integração EDI entre comprador e fornecedor Fonte: BAILY (2009) Embora os acordos face a face entre comprador e vendedor tenham sido importantes na atividade de compras, e continuarão sendo, a maioria das transações de compras entre organizações exige muita papelada. Cada vez mais, as comunicações 25 rotineiras como pedidos, programações e faturas, vão de computador a computador, substituindo a emissão de documentos que são enviados pelo correio. a) Sistema EDI (intercâmbio eletrônico de dados) Os sistemas EDIs eliminam considerável volume da papelada e proporcionam uma comunicação mais eficiente entre o planejador, comprador e o fornecedor. Inicialmente foram construídas as chamadas Intranets, ou seja, as redes internas, compartilhadas pelos funcionários de uma mesma organização, ainda que em unidades distintas fisicamente. Com essa implantação foi possível integrar as informações da área de suprimentos com as financeiras, comerciais, produtivas, logísticas, etc. Assim, a gestão dos suprimentos da organização melhorou, pois as necessidades de materiais e serviços passaram a circular nessa rede interna e os envolvidos na administração dos estoques e das compras tiveram acesso às informações para providenciar o atendimento dessas necessidades mais prontamente. O passo seguinte à Intranet passou a ser o chamado Business-to-Business. b) Sistemas B2B (Business-to-Business) O sistema B2B é uma ferramenta disponibilizada ao usuário, visando tornar o processo de comunicação entre as partes, fornecedores e clientes, mais claro, ágil e eficiente. Através desta ferramenta podem ser trocadas informações necessárias ao fornecimento de bens e serviços, tais como, mas não limitadas a, informações relativas à comunicação de demanda (tais como programação de volumes e de entregas), de qualidade (tais como indicações de não-conformidades e estatísticas de desempenho) e financeiras (tais como pagamentos efetuados e pagamentos programados). O portal B2B oferece formas diferenciadas de relação comercial, como: − Compras pela internet; − Leilões eletrônicos; − Leilões reversos; − Colocação de pedidos pelo extranet; − Acompanhamento das ordens de compra por fornecedores; − Acompanhamento dos estoques pelos fornecedores. Recursos como extranets, que são meios que permitem as empresas acessarem dados da própria empresa ou produtos, de qualquer lugar que possua internet, fornecem 26 outra opção de controle e acompanhamento remoto. Os profissionais de uma empresa podem interagir com os clientes, resultando redução dos prazos necessários para a solução dessas questões. A utilização desta ferramenta juntamente com um escopo de trabalho definido torna o processo de compra de bens ou da contratação de serviços simplificado, trazendo mais agilidade, menos burocracia e, automaticamente, redução nos custos administrativos necessários para a emissão dos pedidos. 2.1.6.2 Compras pela Internet A expansão proporcionada pelas redes de informação, aliados a softwares e computadores possibilita que um mesmo comprador possa consultar um leque de inúmeros fornecedores, mais facilmente, por meio do computador. A compra na internet via portal B2B parte do cadastro eletrônico dos potenciais fornecedores previamente aprovados para determinados materiais e serviços, com as respectivas identificações eletrônicas para permitir o contato pela internet. A partir desse cadastro, mediante a solicitação de material por algum usuário da empresa, transmite-se para as empresas a serem consultadas todas as informações necessárias para a elaboração da proposta de fornecimento. Pelo mesmo meio eletrônico são coletadas as propostas ou cotações para seleção das melhores para posterior negociação, estudo de condições de mercado ou ambas. 2.1.6.3 Leilões eletrônicos A realização de um leilão eletrônico via portal B2B assemelha-se a uma cotação convencional, diferenciando-se somente na forma de realização. A organização compradora disponibiliza a informação da sua necessidade e proporciona às empresas interessadas a oportunidade de encaminhar suas ofertas. Existem sites especializados na realização de leilões de compra que disponibilizam tais serviços para interessados. O comprador deve formatar o leilão, oferecendo as informações indispensáveis à sua realização: − Descrição detalhada do material ou serviço desejado; − Quantificação da necessidade; − Estabelecimento dos prazos para a efetivação do fornecimento; 27 − Apresentação simplificada das condições contratuais regentes do fornecimento futuro. Deve-se permitir aos fornecedores reconsiderar as suas ofertas até o último momento da realização do leilão, ou seja, eles podem reformular uma proposta já apresentada, alterando os parâmetros originais. A expectativa da realização de um leilão eletrônico é proporcionar aos vários fornecedores potenciais a oportunidade de oferecerem suas propostas e com isso, aumentam as possibilidades de redução de custo de aquisição pela disputa proporcionada por esse mecanismo. 2.1.6.4 Leilão reverso O leilão reverso é a versão para a internet dos leilões convencionais, porém, ao invés de buscar-se um comprador para um bem, mediante a disputa entre vários interessados, deseja-se selecionar um fornecedor, colocando os interessados em confronto permanente, até que somente uma empresa se disponha a fornecer naquela que será a condição mínima possível. Segundo DIAS e COSTA (2003:262), a realização de um leilão reverso deve observar alguns passos básicos: • Estabelecimento das regras do leilão; • Seleção dos fornecedores; • Caracterização do material objeto do leilão; • Estabelecimento de prazos contratuais. 2.1.7 Avaliação do desempenho Conforme DIAS e COSTA (2003:281) “apenas um pequeno número de empresas tem condições de poder avaliar corretamente o desempenho de tão importante célula (o departamento de compras) de uma organização”. RUMMLER e BRACHE (1994) cita que indicador de desempenho “é a quantificação de quão bem um negócio (suas atividades e processos) atinge uma meta especificada.” Ou ainda conforme JURAN (1992) “[...] gerenciar é controlar e agir corretivamente. Sem indicadores, não há medição. Sem medição não há controle. Sem controle não há gerenciamento.” 28 Empresas possuem naturezas diferentes, assim cada qual busca os pontos principais que deverão ser objeto de avaliação de mais acurada conforme seu plano estratégico. Mas não dependendo apenas da natureza de cada organização, podem-se descrever objetivos em comum para utilização de indicadores de desempenho como: − Compreensão de prioridades de atuação; − Objetividade de avaliação; − Decisões baseadas em dados e fatos concretos; − Possibilidade de acompanhamento histórico; − Definição sobre papéis e responsabilidades; − Eliminação de perdas; − Proporcionar referenciais para os processos/atividades; − Medir o grau de satisfação dos clientes (internos e externos); − Monitorar as melhorias dos processos e dos resultados; − Permitir o auto-gerenciamento. Os indicadores de desempenho devem apresentar alguns requisitos para que a medição não seja considerada apenas um controle, mas sim uma forma de implementação de melhorias. Na escolha dos indicadores de desempenho da organização deve-se fazer uma análise crítica dos processos para confirmar sua validade e se realmente agrega valor a organização. Assim, para que a medição sirva de impulso para melhoria, os indicadores devem ser compreendidos e aceitos pelos usuários. Uma forma de aumentar a compreensão e a aceitação é envolver os usuários no desenvolvimento dos indicadores. Os indicadores servem como feedback e podem ser utilizados como importantes componentes no processo de motivação, pois permitem que as pessoas saibam como está seu desempenho ou do departamento, ou seja, se estão fazendo seu trabalho em tempo hábil, dentro das especificações e com qualidade. Conforme BAILY (2009:399) “[...] a atividade eficaz de compras deve envolver atividades, objetivos e mensuração relacionada a assuntos técnicos e estratégicos.” Embora sejam mais comuns os sistemas de mensuração quantitativa, devem-se considerar também os qualitativos. 29 2.1.7.1 Dificuldades na implantação de indicadores Para PRADO (2002) não é tão simples implantar indicadores dentro de um setor. A primeira barreira é a visão, saber o que queremos medir e o porquê medir. Não basta medir um determinado evento sem saber o que fazer com os números obtidos. Outra barreira são as pessoas. A comunicação deve ser clara, rápida, confiável, eficiente e deve estar alinhada com todos que participam do processo. Por último, o autor complementa que, outra barreira é a administração do indicador. Manter a equipe sempre informada e motivada para garantir a qualidade dos números é muito difícil. Segundo BOTTAMEDI (2008:30) é comum que no começo da criação de um indicador as pessoas busquem as informações e mantenham sempre os números atualizados. Se não buscarmos meios de motivar as pessoas a continuarem registrando os dados e buscando as informações, corremos o risco de não termos números confiáveis, perdendo o sentido da medição. 2.1.7.2 Classificação de indicadores de compras OLIVEIRA (2002) cita que a partir da definição de áreas comuns para mensuração das informações de compras pode-se perceber que seus pontos principais são: tempo, custo, qualidade e quantidade. Assim têm-se todas as condições de identificar os parâmetros, os quais poderão compor um sistema de avaliação de compras e, dessa forma, comparar funcionários, fornecedores e materiais. O autor ainda complementa dizendo que, de modo a facilitar a aplicação destes parâmetros, divide os indicadores em cinco grupos: o departamento de compras como um todo; fornecedores; desempenho econômico-financeiro do departamento; eficiência de compras em relação á política de estocagem; administração de materiais e compradores. a) O departamento como um todo • Custo do pedido O custo do pedido permite que se conheça o valor gasto para se fazer uma compra, tendo em vista os custos fixos e as demais despesas do departamento. Para medir o custo por pedido é necessária a identificação de todas as despesas, de qualquer natureza, geradas pelo departamento de compras em um determinado período de tempo 30 (normalmente um mês). Uma vez somados os valores dessas despesas, o seu total deverá ser dividido pelo número de pedidos emitidos durante o período determinado. • Tempo de atendimento de requisições O tempo de atendimento de requisições compõe o modelo matemático da gestão de estoques de uma organização. O acompanhamento do tempo de atendimento de um material é um dos melhores aferidores do desempenho global de um departamento de compras, pois a disponibilidade de um item, na quantidade e no momento preciso, faz parte dos objetivos do departamento de compras. As medições do tempo de atendimento podem ser divididas em tempo de colocação dos pedidos e tempo de colocação do material pronto para uso. Tempo de colocação dos pedidos é calculado com base na média aritmética correspondente ao número de dias utilizados até a colocação dos pedidos, sempre a partir da emissão ou liberação de compra das diversas requisições no período determinado. Tempo de colocação do material pronto para uso é calculado com base na média aritmética correspondente ao número de dias utilizados até a entrega dos materiais e a sua liberação para uso, sempre a partir da emissão das diversas requisições de materiais no período determinado. Calcula-se o tempo de atendimento a partir do momento que a requisição de compra é gerada, até que o material esteja liberado para a utilização pelos usuários internos. • Número de fornecedores exclusivos Quanto mais fornecedores concorrentes maiores são as alternativas de compras e ganhos em negociação. Para o comprador não é possível trabalhar adequadamente sem que haja alternativas de fornecimento, para que possa usá-las de um momento para outro, até mesmo como estratégia de negócio. Dessa maneira, é importante que as empresas persigam um baixo índice de fornecedores exclusivos. • Percentual de itens adquiridos de fornecedores exclusivos Para obter o percentual de itens adquiridos de fornecedores exclusivos basta dividir o número de compras nessa situação pelo numero total de compras efetuadas no período determinado e multiplicar o resultado por 100. 31 • Número médio de propostas por aquisição Uma compra de valor insignificante não pode exigir um número grande de fornecedores, pois desta forma, poderá tornar-se demasiadamente onerosa. Em contrapartida, uma aquisição dispendiosa, cujo material possua muitos fornecedores no mercado, não pode ter apenas um ou dois preços para ser comparados pela empresa compradora. • Compras em caráter de emergência A realização de compras em caráter de emergência é um dos grandes problemas de um departamento de compras, pelos sérios desconfortos que gera aos compradores e, principalmente aos resultados do departamento como um todo. Para determinar este percentual, basta dividir o número de compras nessa situação pelo número total de compras efetuadas no período determinado e multiplicar o resultado por 100. b) Os fornecedores • Assistência prestada pelos fornecedores A assistência é a disponibilidade e o interesse que os fornecedores conferem à empresa, não apenas durante o processo de compras, mas também, depois da entrega do material. A assistência é de suma importância para o bom andamento do trabalho, independentemente de preço, prazo de entrega, qualidades dos produtos oferecidos pelo fornecedor. Ainda pode-se definir como assistência, a forma de agir dos fornecedores nas seguintes situações: − Troca de mercadorias defeituosas; − Disponibilidade do representante quando procurado para discutir algum assunto com o comprador; − Presteza no atendimento de assistência técnica; − Flexibilidade em negociações; − Qualquer outra situação identificada, particularmente por uma empresa ou por um comprador, de acordo com as suas necessidades. Na definição deste indicador é importante não considerar como fornecedor unicamente a figura do vendedor, mas sim a organização como um todo. Como primeiro 32 passo é preciso identificar os principais fornecedores e apontar, positiva ou negativamente, as situações por elas criadas. É recomendável a utilização de uma pequena escala que varie de -5 a +5 para cada situação, sendo que o sinal (-) indica situações ruins ocasionadas pelo fornecedor e o sinal (+) indica situações boas. • Pontualidade na entrega A área de planejamento de compra, independentemente do sistema adotado para geri-lo, define a entrega de determinado material em uma data estipulada, o departamento de compras tem a fazer o possível, para que a entrega do material ocorra realmente nesta data. O objetivo é fazer que esse percentual atinja 100 %, não esquecendo que entregas antecipadas, para antes das necessidades do comprador, também não são saudáveis, principalmente com relação ao fluxo de caixa da empresa. Existem duas maneiras de fazer o controle de entregas. A primeira aponta basicamente o percentual de materiais entregues dentro do prazo previsto. Para determinar este percentual, basta dividir o número de entregas no prazo previsto pelo número total de entregas efetuadas no período determinado e multiplicar resultado por 100. A outra forma de realizar o controle de entregas leva em consideração que a data prevista é a ideal para o material, e é ela que deve ser realmente perseguida, “nem antes, nem depois”. • Quantidade de materiais recebidos Todo item adquirido pelo departamento de compras deve satisfazer plenamente as necessidades dos seus clientes internos, tanto em prazo, qualidade e quantidade. A maneira de determinar este percentual de materiais entregues na quantidade correta, basta dividir o número de lotes ou remessas entregues em quantidade conforme pelo número total de remessas fornecidas no período em questão. c) O desempenho econômico - financeiro • Desempenho econômico - financeiro propriamente dito Este indicador é um dos mais importantes medidores do desempenho de um departamento de compras. É formulado à partir do menor custo apurado na pesquisa de 33 preços feitas para a compra de um determinado material e, sobre esse preço, o comprador deve negociar algum tipo de desconto com o seu fornecedor. Portanto, o relatório a ser montado deve apontar tanto os resultados positivos (savings) quanto os negativos (também chamado de penalties), ou seja, não apenas as reduções de custo devem ser mostradas, como também os excessos despendidos nas aquisições de materiais durante um período determinado. Dessa forma, o resultado final será a variação, para mais ou para menos, entre o preço da aquisição e um preço base previamente determinado. O preço base pode ser identificado de várias formas, dependendo da estrutura e das necessidades da organização em questão. Uma prática seria fazer-se uso da pesquisa de mercado e levantamento de preços praticado no período corrente. • Valor das aquisições O valor das aquisições é a soma o valor de todas as compras do período determinado e transformá-lo em moeda constante. • Valor das aquisições / receitas da empresa O acompanhamento desse indicador aponta o percentual despendido na conta “fornecedores”, em relação à receita obtida pela empresa. O comprador tem a missão de tentar reduzir esse percentual, uma vez que qualquer diminuição na conta “fornecedores”, proveniente de um bom trabalho da área de compras, resultará em um aumento do lucro. Este parâmetro é a simples porcentagem do valor das aquisições, calculada sobre a receita bruta da empresa. • Ciclo financeiro Os resultados das atividades do departamento de compras integram o ciclo financeiro da empresa. Esta medição tem o objetivo de saber se a empresa está ou não financiando as suas operações. Para a extração do ciclo financeiro, é necessário o conhecimento Prazo médio de pagamento de três índices de atividades Prazo médio estocagem + Prazo médio de recebimento das vendas da empresa: Ciclo financeiro 34 d) Eficiência em relação aos estoques • Valor de estoque O acompanhamento do valor de estoque é um dos exercícios de avaliação de desempenho da área de compras que, se visto no contexto geral, pode ajudar um gestor a localizar algum tipo de falha na condução do sistema. • Obsolescências Itens obsoletos são aqueles que permaneceram em estoque e perderam seu valor devido a terem caído em desuso. Neste indicador de desempenho, não resta dúvida que o resultado buscado é zero. Duas medições podem ser feitas: o valor total das obsolescências e percentual dos obsoletos em relação ao valor total do estoque. • Requisições internas com estoque zero Este indicador informa o índice de requisições internas com estoque zero, objetivando reduzi-las significativamente. Dentre os vários motivos de sua ocorrência deste tipo de requisição, a falta ou mau planejamento do estoque é uma das principais justificativas. • Evolução do consumo Da mesma forma que a medição do valor dos estoques, o acompanhamento da evolução de consumo pode, a primeira vista nada apresentar. Entretanto, trata-se de um medidor que aponta tendências que poderão significar fator relevante, cuja continuidade determinará a tomada de decisões mais enérgicas pelos gestores do sistema. e) Os compradores A avaliação de desempenho dos profissionais ligados ao departamento de compras pode realizar-se de duas formas: avaliação pessoal e avaliação técnica. • Avaliação pessoal A avaliação pessoal mensura o desempenho do profissional comparado com o que ele deveria ter feito. Essas comparações devem ser relativas a algumas 35 características inerentes ao cargo, graduadas para mais ou para menos, de acordo com o exigido pela empresa. Basicamente, essas características são (DIAS e COSTA, 2003): − Método e organização: cumpridor das etapas de trabalho definidas pela empresa, localização imediata das tarefas sob sua responsabilidade, etc. − Qualidade do trabalho: trabalho com poucas chances de erro, cumprimento de metas estabelecidas, etc. − Conhecimento do serviço: sabedor das suas responsabilidades, com vontade de desenvolver-se e que não se intimida em buscar as informações de que não dispõe no momento, seja em livros, internet, com colegas, seja qualquer outro meio que lhe ofereça a resposta desejada. − Equilíbrio emocional: principalmente diante das inúmeras cobranças a que todo o comprador, pela sua própria função, está sujeito. − Apresentação pessoal: postura adequada para o cargo que ocupa e de acordo com os padrões da organização para qual trabalha. − Sociabilidade: mantêm contatos permanentes com fornecedores, clientes internos, seus pares, superiores e subordinados e, para isso, precisa dispor de alto grau de sociabilidade. − Iniciativa: nem sempre as atividades possuem manuais. É nessas horas que é preciso ter iniciativa para dar cabo do serviço da melhor forma possível. − Descrição: lida com muitos dados sigilosos da própria empresa, assim como das empresas fornecedoras, muitas vezes envolvendo elevadas somas em dinheiro. Assim sendo, ele tem de manter um alto grau de descrição para poder atuar nesse cargo. − Disponibilidade: pela própria diversidade de atividades, deve ser sempre uma pessoa disponível, pronta para atacar em qualquer frente que se apresente. A disponibilidade é praticamente um pressuposto da função de um comprador. − Trabalho em equipe: é muito difícil a obtenção de sucesso profissional sem que haja trabalho em equipe e, quando se fala em equipe, serve tanto para os próprios profissionais do departamento de compras, como para todos aqueles com quem há envolvimento dentro da organização. Assim, ainda que subjetivamente, é possível periodicamente, realizar uma comparação entre os funcionários do departamento de compras, utilizando-se avaliação pessoal, pontuando-se, por exemplo, de 1 a 5 (sendo 5 o ideal). 36 • Avaliação técnica A avaliação pelo aspecto técnico baseia-se em dados completos e objetivos e, norteia-se principalmente, pelo traçado de um comparativo entre os profissionais que processam as compras de uma empresa. Uma vez conhecidos os medidores de desempenho de um departamento de compras, confrontam-se os resultados obtidos por todos os profissionais envolvidos com o processo. A Figura 6 ilustra um exemplo de controle de desempenho, permitindo comparação desempenho com meta. Figura 6 - Controle do desempenho dos compradores A partir da elaboração do quadro comparativo, é possível detectar os compradores que estão realmente comprometidos com as metas da empresa, os que trabalham dentro das médias do departamento, bem como, aqueles cujo desempenho esteja abaixo do esperado. 37 3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Este capítulo aborda os procedimentos metodológicos, as etapas e a classificação quando aos objetivos deste trabalho. Também serão detalhadas as características de um estudo de caso e as particularidades relevantes deste trabalho. A pesquisa bibliográfica foi utilizada para apresentação das diferentes formas de contribuição científica na fundamentação teórica e para o melhor embasamento das teorias e conceitos utilizados neste trabalho. As fontes usadas basearam-se principalmente em livros, conforme pode ser verificado na referência bibliográfica deste estudo. Segundo GIL (1991), a pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já elaborado e as fontes podem ser livros (dicionários, enciclopédias, almanaques e outros) e periódicos (jornais, revistas, artigos). Quanto aos objetivos da pesquisa, esta pode ser chamada de exploratória, pois todo processo foi caracterizado em estudar uma melhoria num processo existente. A premissa da pesquisa exploratória é a busca pela familiaridade com o problema, visando torná-lo explícito ou construir hipóteses sobre ele. Envolve levantamento bibliográfico; entrevistas com pessoas que já atuaram com o fato pesquisado (GIL, 1991). Sendo assim, para o estudo de caso deste trabalho, foram feitas reuniões e pesquisas de opinião com profissionais experientes da área técnica e de suprimentos para levantamento de histórico dos processos, colher informações e verificar a real necessidade da melhoria proposta para o processo existente. A característica de um estudo de caso é o profundo estudo de um ou mais objetos, de modo que permita seu amplo conhecimento (GIL, 1991), este também foi evidenciado no trabalho, pois houve a necessidade de estudar um objeto (processo e compras – atendimento a área cliente) a fim de identificar seus pontos vulneráveis e propor solução para os mesmos. 3.1 PLANEJAMENTO DA PESQUISA Para facilitar a ordem do planejamento da pesquisa, algumas etapas foram seguidas: • Fase exploratória: o campo de investigação, as expectativas dos interessados e o tipo de suporte por eles fornecido ao longo do processo são determinados na fase exploratória. 38 • Formulação do problema: Nesta fase é imprescindível garantir que o problema seja definido com a maior precisão. • Construção de hipóteses ou melhorias: São as proposições testáveis para a solução do problema, estas devem ser claras e precisas. • Coleta de dados: É arrecadar os elementos, por entrevista, observação observ ou levantamento de dados por pesquisa com pessoas que têm maior entendimento do processo ou em documentos e arquivos. • Análise e interpretação dos dados: São discussões ou observações dos dados levantados. 3.2 METODOLOGIA DE ANÁLISE E SOLUÇÃO DO PROBLEMA PROBL A partir da formulação do problema foi desenvolvida uma uma metodologia específica fica de análise e solução do problema, aonde a partir de um Plano Mestre (Figura 7), tem-se dois sub-planos para ação e eliminação da ocorrência do problema. PLANO MESTRE PRÉ-PROJETO DEFINIÇÕES DE FLUXOS IMPLEMENTAÇÃO DE INDICADORES CAPTURA DE DADOS CONSOLIDAÇÃO ANÁLISE DE DADOS IDENTIFICAÇÃO DE PROBLEMAS PROPOR MELHORIAS Figura 7 - Plano Mestre para análise e solução do problema O Plano Mestre foi desenvolvido a partir da ferramenta gerencial para tomada de decisão chamado ciclo PDCA (ciclo ( de desenvolvimento com foco oco na melhoria contínua). Conforme pode-se se observar observ na Figura 8,, o plano mestre é formado por um ciclo PDCA, dos quais as partições PLAN, DO e a primeira parte do CHECK (monitorar periodicamente resultados)) serão abordados no Pré-projeto. Pré rojeto. Já a segunda parte do CHECK (confrontar com o plano) e por fim a partição partição ACTION serão de responsabilidade da Plano Consolidação. Consolidação 39 Neste trabalho somente será abordado a primeira parte do Plano Mestre, denominada Pré-projeto, projeto, conforme discutido na parte introdutória. •AGIR AGIR CONFORME RESULTADOS NO 'CHECK' •MELHORIA CONTINUA •SE NECESSARIO VOLTAR AO 'PLAN' •ANALISAR ANALISAR SITUAÇÃO •IDENTIFICAR IDENTIFICAR PROBLEMA •ESTABELECER ESTABELECER META •ELABORAR ELABORAR PLANO 4. ACTION 1. PLAN 3. CHECK 2. DO •MONITORAR MONITORAR PERIODICAMENTE RESULTADOS •CONFRONTAR COM O PLANO •EXECUTAR EXECUTAR TAREFAS CONFORME PLANO LEGENDA: Pré-projeto Consolidação Figura 8 – Distribuição ição do Plano Mestre na metodologia PDCA A partir do relatório final do Pré-projeto Pré entra-se se na fase de Consolidação. Nesta fase faz-se se a análise dos dados do Pré-projeto Pré projeto de modo a identificar os motivos das anomalias, confrontando os resultados parciais pa com om o plano inicial, de modo a agir pontualmente para correção e extinção das mesmas no processo de compras. 40 4. ESTUDO DE CASO 4.1 APRESENTAÇÃO DA EMPRESA A empresa em estudo é uma subsidiária criada em 2006, com a reorganização societária entre duas empresas e está presente em vários países como Canadá, China, África do Sul, Argentina e Brasil, além como também no continente europeu. A empresa é a única do Brasil que fabrica todos os produtos de linha branca – refrigeradores, freezeres horizontais e verticais, fogões, lavadoras de roupa, secadoras, lava-louças, microondas, fornos elétricos, condicionadores e depuradores de ar, coifas e climatizadores. Além disso, oferece também uma linha de eletroportáteis – batedeiras, liquidificadores e processadores de alimentos. 4.2 PROBLEMA ENCONTRADO A aquisição de materiais indiretos ocorrem em etapas, seguindo procedimento adotado pela empresa estudada, conforme Anexo A. A área de compras recebe todas suas cotações via internet, no seu próprio portal B2B. Sendo assim, uma vez que gerada a demanda na área usuária, o encarregado técnico, gera solicitação de cotação e posterior requisição de compra. A partir da necessidade de compra de material o usuário interno cria um evento de cotação, via portal B2B, aonde são especificados os materiais, selecionados os fornecedores participantes e fornecidas informações para definição de responsável pela solicitação de cotação. Depois de criado, o evento é publicado na internet aos fornecedores, por um período de resposta pré-determinado. Ao término do prazo, todas as cotações recebidas são analisadas tecnicamente pelo solicitante de maneira a emitir aprovação técnica (texto descritivo justificando quais propostas foram aprovadas e quais foram reprovadas) no evento para as cotações que atendam a necessidade, no âmbito único e exclusivamente técnico. A partir das cotações aprovadas tecnicamente, o solicitante cria uma requisição de compra (baseada na descrição do material e valores da melhor cotação aprovada) via sistema ERP, a qual é liberada pela área usuária (obedecendo a níveis de liberação conforme valor da requisição) e depois encaminhada ao comprador para avaliação comercial. 41 Neste ponto do processo o comprador possui: evento com cotações aprovadas tecnicamente e requisição para compra liberada para compra. Cabe neste momento a postura proativa do comprador de forma a atuar junto ao usuário solicitante e seu fornecedor, de forma a desafiar o escopo técnico buscando definir qual a melhor opção de compra. Ao final da negociação chega-se ao fornecedor ganhador do evento. O comprador emite, no evento pelo portal B2B, a aprovação comercial (texto descritivo justificando quais propostas foram aprovadas e quais foram reprovadas), referente à solicitação de material em questão. Caso seja positiva a aprovação comercial, o comprador emite o pedido comercial ao fornecedor, espelho das condições negociadas. Este pedido é sujeitado a liberação do departamento de compras (obedecendo a níveis de liberação conforme valor da compra) e então o documento é enviado para o fornecedor, por meio do evento no portal B2B. Se de acordo com o pedido comercial, o fornecedor faz aceite das condições disposta no pedido, e por último providencia a disponibilização do material para entrega. Do contrário, o pedido volta para o comprador para reavaliação e eventuais correções de pontos divergentes aos que foram negociados. Com a entrega física do material pelo fornecedor, a área de recebimento de materiais faz a lançamento da nota fiscal no sistema ERP conforme pedido de compra emitido. Caso haja alguma divergência na nota fiscal quando comparada com o pedido comercial, o comprador responsável será comunicado para realizar as devidas correções no pedido ou providenciar modificações na nota fiscal. Contados os dias após a emissão da nota fiscal, com seu obrigatório lançamento no sistema ERP da empresa compradora, o pagamento é realizado. A área de protótipos da empresa gera alta demanda de compra de materiais e planeja seus estoques de modo a minimizar vulnerabilidades neste processo de aquisição de materiais, assim reduz gastos devido a compras emergenciais e evita maiores atrasos na entrega de seus projetos devido a falta de materiais. Mas mesmo com o planejamento de materiais a área de protótipos enfrenta freqüentes faltas de materiais devido a imprevisibilidade, irregularidade e falta de tendência de sua demanda. Essa ocorrência é justificada ao fato de que projetos surgem, semanalmente ou quinzenalmente, com escopos pouco similares, tanto na questão de materiais empregados quanto em volumes a se utilizar. Como esta demanda não pode ser controlada nem prevista com bom grau de precisão, buscaram-se pontos alternativos no processo de compras de materiais, para 42 que o impacto agravante de atrasos de projetos de protótipos, devido a falta de materiais e ao tempo de processamento de requisições requisiçõ de compra sejam minimizados. minimizado A partir dos principais problemass inerentes ao processo de compras de materiais, materiais identificados em reuniões com compradores e pelo diagrama de causa e efeito e (Anexo B) identificou-se que o leadtime de pedido comercial (conforme Figura 9) 9 ou tempo entre a liberação da requisição e liberação do pedido p comercial pode ser minimizado a partir da redução do retrabalho devido a evento e requisições criadas incorretamente. Requisição de compra liberada Processamento de requisição Pedido comercial liberado Figura 9 - Leadtime de pedido comercial A falta de procedimentos padrões, tanto para elaboração ração de eventos para cotação quanto para criação de requisições de compra, compra aumentam o leadtime de pedido de compra devido ao tempo gasto a partir da liberação da requisição, espera na fila para ser processada e retrabalho para correções (para os casos em que existam divergências, inconsistências ou falta de informações). Para que este aumento no tempo de leadtime seja ja compreendido com maior clareza o fluxo de uma requisição ideal foi comparada com o fluxo de uma requisição uisição problemática, conforme Figura F 10. Requisição ideal: Requisição de compra liberada Fila de espera para processamento Processamento de requisição Pedido comercial liberado Tempo gasto com retrabalho Leadtime eadtime de pedido comercial Requisição problemática: Requisição de compra liberada Fila de espera para processamento Identificação do problema Correção da Requisição Processamento de requisição Pedido comercial liberado Leadtime de pedido comercial LEGENDA: Atividade crítica Figura 10 – Diferença de leadtime de pedido comercial entre requisição isição ideal e requisição problemática 43 A demanda na maioria dos casos é urgente, o cliente pensa no que ele quer e não no que ele precisa, por isso o profissional profi de compras deverá ter uma abordagem, na maioria das vezes, de um consultor interno e junto com m a área cliente identificar a melhor maneira de suprir sua necessidade prevendo a necessidade futura e sua regularidade, o que em alguns casos é extremamente baixa. 4.3 ALTERNATIVA PROPOSTA Para minimizar o leadtime de pedidos propõe-se se melhorar o atendimento atend ao solicitante de modo a tornar o processo de compras mais transparente, principalmente principa aos envolvidos diretamente, predeterminando as expectativas de ambas as partes envolvidas quanto a como proceder ao solicitar a compra de materiais e quanto tempo aguardar até que a requisição seja processada e tenha seu pedido comercial emitido. Deste modo, propôs-se propôs o uso do Pré-projeto do Plano Mestre tre para atacar os problemas identificados,, conforme exposto em metodologia de pesquisa deste trabalho. PRÉ-PROJETO Estabelecer indicadores para controle: •Demanda •Produtividade Produtividade •Leadtime Leadtime de pedido Estabelecer prioridades de atendimento: •Baixa •Normal •Urgente Criar manual de procedimentos: •Definição Definição de fluxos padrões •Definição Definição de requisitos e responsabilidades Figura 11 - Plano do Pré-projeto 44 No Pré-projeto serão definidos fluxos padrões, indicadores de demanda e produtividade de compras, e leadtime de emissão de pedidos. A Figura 11 apresenta os principais pontos abordados no Pré-projeto. Os dados provenientes dos indicadores servirão como demonstrativos de desempenho do atendimento a área cliente, além de indicar como está distribuída a demanda de requisições, conforme priorização das requisições de compra. A partir da base de informações levantadas pelo comprador , o banco de dados gerados pelos indicadores e com os novos procedimentos de aquisição de materiais definidos, chega-se ao final da fase do Pré-projeto com a elaboração do relatório de anomalias, causas fora do fluxo padrão, bem como, histórico de evolução dos indicadores no período estudado, sempre considerando que, conforme PRADO (2002), a comunicação deste relatório deve ser clara, confiável, eficiente e deve estar alinhada com todos que participam do processo. Os relatórios serão distribuídos via e-mail periodicamente, conforme for definido entre área usuária e compras. 4.3.1 Estabelecer indicadores para controle O departamento de compras em estudo não possui nenhum indicador periodicamente controlado para gestão dos processos de compra para materiais indiretos. O primeiro passo na execução Pré-projeto foi definir quais seriam os melhores indicadores que servirão de subsídio para estudo e tomada de decisão para melhoria do processo e mensuração do desempenho de atendimento ao usuário interno. Para tanto foram feitas reuniões, individuais com cinco experientes compradores da área em estudo. A partir destas reuniões e da validação dos usuários da área de protótipos, os indicadores foram definidos conforme Figura 13. Figura 12 - Indicadores de desempenho definidos para o processo de compras 45 Foi definido que a periodicidade de medição será diária na fase do Pré-projeto e posteriormente, quando em fase de Consolidação, a periodicidade poderá ser menos intensa (a ser definida pelo gestor do projeto quando se fizer necessária). Nos apêndices Anexo C, Anexo D e Anexo E seguem propostas de planilhas para acompanhamento de evolução dos indicadores ao longo do tempo. 4.3.2 Estabelecer prioridades de atendimento De modo a classificar a demanda provinda da área usuária, para cada requisição de compra criada será atribuída pelo usuário solicitante responsável pela criação da requisição, um nível de prioridade dentre os abaixo citados: • Normal: requisição de mínima prioridade; aguarda normalmente na fila seu processamento; • Urgente: requisição emergencial, com alto grau de importância, tem prioridade sobre requisições normais. • Imediato: requisição crítica a qual necessita compra emergencial e tem prioridade sobre qualquer outra requisição. A hierarquia de prioridades a ser obedecida em cada situação é necessária, a fim de atender primeiramente os problemas de natureza mais importante para a empresa e também, será possível identificar claramente quais os solicitantes com maior incidência de pedidos em caráter emergencial e, a partir desse ponto, dar início ao trabalho efetivo de redução dessas emergências. As requisições de prioridade imediata sempre existirão e devem ser tratadas imediatamente, mas não podem ser encaradas como fato comum, ou seja, números exagerados de requisições urgentes ou imediatas devem ser questionadas pelo comprador, pois conforme DIAS e COSTA (2003:26) “existem varias razões para que esse fato ocorra, mas uma delas é o desejo de prioridade no atendimento, desejo egoísta e não coorporativo que algumas pessoas carregam dentro delas”. Além disso, a priorização das requisições permitirá que a demanda total gerada pela área usuária seja desdobrada conforme prioridades. Este desdobramento permite estudo detalhado do comportamento da demanda gerada, identificando possíveis tendências de a maioria das requisições serem geradas em caráter imediato ou urgente. Quando esta tendência ficar evidenciada, a partir dos fatos (a ocorrência em si), dados (o relatório de demanda) e expectativas de atendimento predeterminadas (a partir dos 46 fluxos padrões ou manuais de trabalho a serem definidos) o comprador poderá, junto ao usuário, agir para reduzir o grau de urgência com que as requisições são geradas. 4.3.3 Criar manual de procedimentos O diagrama de causa e efeito (conforme Anexo B) foi elaborado junto com compradores experientes e usuários internos, de forma a conscientizar os responsáveis pela criação de requisições e eventos de cotação sobre as principais causas identificadas. O objetivo geral é que compras emergências, assim como retrabalho e desperdícios de tempo, os quais geram custos extras, não planejados, que afetam diretamente o resultado financeiro da organização, e individualmente ao centro de custo da área solicitante, sejam minimizados. Ao se criar procedimentos padrões de trabalho também existe ganho com a identificação de fluxo a ser seguido para execução de atividades e uniformização de operações de compras e solicitação de materiais, tornando os processos estudados cada vez mais eficientes e simplificados. O fluxo atual do processo de aquisição de materiais indiretos para a empresa em estudo foi mapeado em um fluxograma (conforme Anexo A) e um procedimento padrão para criação de requisições de compra (Anexo H) e outros para criação de eventos (Anexo G) foi elaborado. 4.3.3.1 Procedimento para criação de evento de cotação Para elaboração deste procedimento para criação de eventos de cotação considerou-se que os principais problemas recorrentes em eventos identificados pelo departamento de compras fossem extintos. Segue lista de principais problemas recorrentes em eventos de cotação (conforme diagrama de causa e efeito, Anexo B): • Responsável técnico não indicado; • Sem referência de requisição de compra; • Cotação inconsistente; • Sem aprovação técnica por: − Aprovação técnica inconsistente; − Aprovação realizada antes do término do prazo de resposta do evento. O procedimento para criação de evento de cotação segue no Anexo G. 47 4.3.3.2 Procedimento para criação de requisição de compra No procedimento para criação de requisições de compra considerou-se já a proposta de classificação de prioridade da solicitação de compra (conforme abordado no tópico 4.3.2 deste trabalho) e os principais problemas recorrentes em requisições de compra: • Sem referência de evento de cotação; • Criada antes da aprovação técnica do evento; • Bloqueada; • Não liberada; • Especificação inconsistente por: − Quantidade; − Descrição do material; − Responsável técnico não indicado. O procedimento para criação de evento de cotação segue no Anexo H. 48 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 5.1 CONCLUSÃO Com intuito de obter níveis cada vez melhores de excelência nos serviços prestados a área usuárias, o departamento de compras e seus usuários devem estar integrados de forma a estabelecerem relação de parceria, os quais juntos devem buscar identificar problemas inerentes a processos comuns entre as áreas promovendo a melhoria continua. Para este trabalho foi estudado especificamente os processo de solicitação e compra de materiais, pois a melhoria no atendimento a área de protótipos por parte do departamento de compras reduziria custos extras devido a compras emergenciais e atrasos no processamento de pedidos comerciais. Este trabalho buscou a definição de planos de ação para se alcançar o objetivo, dividindo-o em plano de meios para alcançar o objetivo (Pré-projeto) e plano de execução (Plano Consolidação). Devido à não disponibilidade de tempo hábil, este trabalho somente propôs solução conforme Préprojeto. A utilização dos indicadores aperfeiçoa a análise crítica, reduz o ciclo de vida entre a coleta de dados e implantação das ações de aperfeiçoamento e integra os dados com os planos de melhoria e qualidade do processo. O uso de indicadores permite a identificação dos pontos fortes e fracos do processo, contribuindo na tomada de decisões, na melhoria da qualidade e da produtividade nos negócios, desde que executados com critérios e utilizados com discernimento. A queixa que os usuários internos fazem contra a área de compras, relativamente a falta de informações sobre o andamento das aquisições de sua necessidade é o fator que causa de grande desgaste e que contribuem para na ocorrência cada vez maior de solicitações em estado de emergência. De modo a mitigar este tipo de ocorrência o comprador contemporâneo exerce a função de analista, tendo que se levar em conta a analise critica dos processos de compra. Estas práticas vão propiciar não somente redução dos custos de aquisição por negociação, ou velocidade no processamento de requisições, mas agregar valor promovendo um melhor nível de atendimento ao solicitante de modo a minimizar o impacto do tempo de processamento de pedidos na aquisição do material. O resultado final é o aumento do lucro para todos os envolvidos no processo, por meio da redução das causas principais, as quais geram retrabalho e perda de tempo. 49 Os pontos fortes deste estudo foram: o trabalho realizado com o mapeamento dos fluxos e processos de compras, identificação das causas raízes do aumento do leadtime de processamento de pedidos, elaboração de manuais para criação de requisições de compra e eventos de cotação e aproximação e envolvimento do usuário na elaboração da solução proposta. Já os pontos fracos foram a falta de tempo hábil para implementação do Plano de Consolidação para avaliação da eficácia da proposta elaborada neste trabalho. 5.2 RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS A seguinte recomendação para trabalhos futuros foi levantada através dos resultados obtidos e observações: • A partir do Pré-Projeto, executar o Plano de Consolidação de maneira a implantar os indicadores de desempenho de forma a se poder analisar mais a fundo o real comportamento da demanda e produtividade do comprador com relação a aquisição de materiais indiretos. Somente por meio deste estudo da demanda e produtividade pode-se estabelecer níveis de serviço, de forma a gerir, cada vez melhor a expectativa da área cliente e sempre que possível agregando valor a compra. 50 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARNOLD, J. R. Tony. Administração de Materiais. São Paulo: Atlas, 1999. BAILY, Peter et al. Compras – Princípio e Administração. São Paulo: Atlas, 2009. BOLONHEZ, Luiz G.. 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Acesso em: 05 abril 2010. DIAS, Marco A. P.. Administração de Materiais. 5 ed. São Paulo: Editora Atlas S.A., 2005. DIAS e COSTA, Mário, Roberto Figueiredo. Manual do comprador – conceitos, técnicas e práticas indispensáveis em um departamento de compras. São Paulo: Edicta, 2003. GIL, Antônio C.. Como elaborar projetos de pesquisa. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2002. GUIMARÃES, Antenor B.. A importância atual do profissional de compras nas organizações. Publicado em: 2008. Disponível em: <http://www.ietec.com.br/site/techoje/categoria/detalhe_artigo/278>. Acesso em: 02 abril 2010. JURAN, Joseph M. Juran Planejando para a Qualidade. 2 ed. São Paulo: Pioneira, 1992. MARTINS e ALT, Petronio, Paulo R. C.. Administração de Materiais e Recursos Patrimoniais. São Paulo: Editora Saraiva, 2001. 51 MURARO, Juliana. Análise dos gastos em orçamentos de fornecedores para aquisição de moldes de injeção. Trabalho de graduação – Universidade do Estado de Santa Catarina. Joinville, 2009. NOMURA, Maria C.. Profissional de Compras adquire status de executivo. Jornal Folha de São Paulo. Publicado em: 2007. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/folha/classificados/empregos/ult1671u2708.shtml>. Acesso em 19 maio 2010. OLIVEIRA, Ricardo Z.. O departamento de compras nas organizações. Trabalho de conclusão de pós-graduação - Universidade do Estado de Santa Catarina. Joinville, 2002. ORIBE, Claudemir Y.. Quem resolve problemas aprende? A contribuição do método de análise e solução de problemas para a aprendizagem organizacional. Dissertação (mestrado) – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Programa de PósGraduação em Administração. Belo Horizonte, 2008. PADOVEZE, C. L.. Curso Básico Gerencial de Custos. 2 ed. São Paulo: Pioneira Thompson Learning, 2006. PRADO, Lauro J.. Guia Balanced Scorecard. Série Empresarial. 1. ed. Paraná: E-book, 2002. RUMMLER e BRACHE, Geary, Alan P.. Melhores Desempenhos das Empresas. 2 ed. São Paulo: Makron Books, 1994. TERSARIOL, Alpheu. Minidicionário brasileiro. São Paulo: Editora Edelbra, 1996. 52 ANEXOS ANEXO A – Atual fluxo para aquisição de materiais indiretos Processo de aquisição de materiais indiretos via requisição Área solicitante Elaborado por: Rodrigo Filipini Santos Cria evento Fornecedor na base? SIM Receber propostas técnicas e comerciais Aprovar tecnicamente evento Criar requisição Departamento de compras Buscar novo fornecedor Criar pedido Arrumar pedido conforme condições formalizadas Recebimento de materiais NÃO Contas a pagar SIM NÃO NÃO Início Classificação técnica das propostas OK? Recebe NF Fim NF de acordo com o que foi formalizado? Efetua pagamento ao fornecedor SIM Enviar dados para o banco Lançar NF Provisionar valores para pagamento Formalizar Selecionar ganhador Equalização comercial 53 ANEXO B – Diagrama de causa e efeito para análise do aumento no leadtime de pedido comercial Análise de causa e efeito para: Aumento no leadtime de pedido Processo analisado: Compras, aquisição de materiais indiretos Analista executor: Rodrigo Filipini Santos Data deste documento: 18/05/2010 Documento Aprovado por: XXX Aprovado em: XX/XX/XXXX Requisição Sem referência de evento Criada antes da aprovação técnica do evento Bloqueada Não liberada Informações do responsável Descrição material Quantidade Especificação inconsistente Aumento no leadtime de pedido Responsável técnico não indicado Sem referência de requisição Aprovação antes de receber cotações Aprovação técnica inconsistente Cotação inconsistente Sem aprovação técnica Evento de cotação 54 ANEXO C – Proposta de carta para controle de indicador de número total de requisições geradas no período Cópia controlada Carta de indicador de desempenho Periodicidade de mensuração: Número total de requisições geradas no período Indicador: 9/3 Diária Responsável pela mensuração: Nº requisições 10/3 11/3 12/3 13/3 14/3 15/3 16/3 17/3 18/3 19/3 20/3 21/3 22/3 23/3 24/3 25/3 26/3 27/3 28/3 Nº requisições Imediata Urgente Normal Total geral 500 450 400 350 300 250 200 150 100 50 0 9/3 10/3 11/3 12/3 13/3 14/3 15/3 16/3 17/3 18/3 19/3 20/3 21/3 22/3 23/3 24/3 25/3 26/3 27/3 28/3 9/3 10/3 11/3 12/3 13/3 14/3 15/3 16/3 17/3 18/3 19/3 20/3 21/3 22/3 23/3 24/3 25/3 26/3 27/3 28/3 Total geral Imediata Urgente Normal Joinville, 13 de maio de 2010 Elaborado por: Rodrigo Filipini Santos 55 ANEXO D - Proposta de carta para controle de número total de requisições processadas no período Cópia controlada Carta de indicador de desempenho Periodicidade de mensuração: Número total de requisições processadas no período Indicador: 9/3 Diária Responsável pela mensuração: Nº requisições 10/3 11/3 12/3 13/3 14/3 15/3 16/3 17/3 18/3 19/3 20/3 21/3 22/3 23/3 24/3 25/3 26/3 27/3 28/3 Nº requisições Imediata Urgente Normal Total geral 500 450 400 350 300 250 200 150 100 50 0 9/3 10/3 11/3 12/3 13/3 14/3 15/3 16/3 17/3 18/3 19/3 20/3 21/3 22/3 23/3 24/3 25/3 26/3 27/3 28/3 9/3 10/3 11/3 12/3 13/3 14/3 15/3 16/3 17/3 18/3 19/3 20/3 21/3 22/3 23/3 24/3 25/3 26/3 27/3 28/3 Total geral Imediata Urgente Normal Joinville, 13 de maio de 2010 Elaborado por: Rodrigo Filipini Santos 56 ANEXO E - Proposta de carta para controle de indicador de leadtime médio de processamento de requisições de compra Cópia controlada Carta de indicador de desempenho Leadtime médio de processamento de requisições de compra (em dias) Indicador: 9/3 Periodicidade de mensuração: Diária Responsável pela mensuração: Leadtime médio 10/3 11/3 12/3 13/3 14/3 15/3 16/3 17/3 18/3 19/3 20/3 21/3 22/3 23/3 24/3 25/3 26/3 27/3 28/3 Imediata Urgente Normal Total geral 90 80 70 Dias 60 50 40 30 20 10 0 9/3 10/3 11/3 12/3 13/3 14/3 15/3 16/3 17/3 18/3 19/3 20/3 21/3 22/3 23/3 24/3 25/3 26/3 27/3 28/3 9/3 10/3 11/3 12/3 13/3 14/3 15/3 16/3 17/3 18/3 19/3 20/3 21/3 22/3 23/3 24/3 25/3 26/3 27/3 28/3 Total geral Imediata Urgente Normal Joinville, 13 de maio de 2010 Elaborado por: Rodrigo Filipini Santos 57 ANEXO F – Proposta de fluxo para aquisição de materiais indiretos Processo de aquisição de materiais indiretos via requisição Área solicitante Elaborado por: Rodrigo Filipini Santos Faz liberação da requisição Início Algum fornecedor fora da base de fornecedores? NÃO Cria evento de cotação Analisa tecnicamente as cotações Buscar novo fornecedor Alguma cotação aprovada? RC SIM Reavalia escopo técnico SIM Departamento de compras Aguarda final prazo do evento NÃO Gera aprovação de cotações no evento Cria requisição Evento aprovado NÃO Formaliza pedido comercial no evento Providencia correção de divergências NF Providencia liberações do pedido comercial PC PC Referencia requisição no evento Referencia evento na requisição Negocia condições comerciais Analisa comercialmente as cotações Cria pedido Alguma cotação comercial aprovada? RC Evento liberada aprovado Observações Contas a pagar Recebimento de materiais NÃO Recebe materiais NF Fim Cria evento de cotação NF, PC e materiais conformes? SIM Aguardo término do prazo de pagamento Efetua pagamento ao fornecedor Anexo G - Procedimento padrão para criação de eventos de cotação Faz lançamento de NF no SAP Cria requisição Anexo H - Procedimento padrão para criação de requisições de compra NF Nota fiscal RC Requisição de compra PC Pedido de compra 58 ANEXO G – Procedimento padrão para criação de eventos de cotação Cópia controlada Página 1 de 2 Como criar eventos de cotação de materiais indiretos no portal B2B O que é o Portal B2B ou e-sourcing? O portal B2B é uma ferramenta disponibilizada ao usuário, visando tornar o processo de comunicação fornecedores e clientes mais claro, ágil e eficiente. Através desta ferramenta podem ser trocadas informações necessárias ao fornecimento de bens e serviços, por meio de eventos de cotação. O que é um Evento de Cotação? Eventos de cotação são solicitações de cotações eletrônicas enviadas ao fornecedores, por meio do portal B2B e servem como meio de contato e formalização de toda negociação feita com o fornecedor. Todo evento de cotação possui um número de identificação qual servirá de referência durante o processo de cotação e compra do material. IMPORTANTE: Ao gerar um novo Evento de Cotação deve-se informar de forma ampla e completa qual o material ou serviço que se necessita, para que nossa empresa não efetue compras de bens ou serviços desnecessários devido a erros no momento dos fornecedores criarem suas propostas. Requisitos mínimos para criar um Evento de Cotação Microcomputador ligado a internet; Acesso ao Portal B2B. Elaborado por: Rodrigo Filipini Santos Cópia controlada Página 2 de 2 Como criar um evento de cotação de materiais indiretos no Portal B2B? INÍCIO 1. Acessar o Portal B2B na internet 2. Entrar em: “Evento” “Novo evento” e selecionar: RFP indiretos Template previamente salvo Modo completo 3. Selecionar Template número: 137724 4. Colocar dados conforme solicitado pelo modelo (Template): 4.1 Informações gerais: Título Descrição Contato técnico Palavra-chave Data início Data final 4.2 Anexar documentos (Croquis, PDFs, Descritivos, Manuais, etc) 4.3 Manter parâmetros de impostos conforme pré-definido ∗ Se necessário, colocar mais algum parâmetro ATENÇÃO: Já é possível salvar a qualquer momento o evento ainda em construção e continuar a criação em outro momento. Basta clicar no botão “SALVAR” que um código de evento será gerado. 4.4 Descrever itens a serem cotados i. Código (se codificado) ii. Nome (descrição completa) iii. Quantidade necessária iv. Unidade de medida v. Local de entrega 4.5 Selecionar grupo de mercadorias 4.6 Selecionar fornecedores, conforme valor aproximado dos materiais: − 1 fornecedor menor ou igual a R$500,00 − 2 fornecedores entre R$500,00 e R$5.000,00 − 3 fornecedores maior ou igual a R$5.000,00 4.7 Selecionar usuários responsáveis pelo evento 5. Publicar evento ATENÇÃO: Publicar o evento significa enviar o evento para os fornecedores selecionados. Uma vez enviado não é mais possível fazer alterações no evento. FIM Elaborado por: Rodrigo Filipini Santos 59 ANEXO H – Procedimento padrão para criação de requisições de compra Cópia controlada Página 1 de 2 Como criar requisições de compra pelo sistema ERP O que é o ERP? ERP ou Sistema Integrado de Gestão Empresarial é um sistema de informação que integra dados e processos de uma organização em um único sistema, possibilitando a automação e armazenamento de todas as informações de negócios. O que é uma requisição de compra? Uma requisição de compra é uma notificação interna ao departamento de Compras para adquirir determinada quantidade de mercadorias ou serviços, para uma data específica. As requisições quando liberadas pela área usuária são processadas e convertidas em pedidos pelo Departamento de Suprimentos, para que então, e somente assim, o fornecedor possa providenciar a entrega do material solicitado. IMPORTANTE: Ao gerar uma nova Requisição de Compra deve-se informar de forma ampla e completa qual o material ou serviço que se necessita, para que nossa empresa não efetue compras de bens ou serviços errados ou desnecessários. Requisitos mínimos para criar uma Requisição de Compra Microcomputador ligado a rede local da empresa; Acesso ao ERP; Centro de custo para débito da compra; Evento de cotação aprovado tecnicamente. Elaborado por: Rodrigo Filipini Santos Cópia controlada Página 2 de 2 Como criar uma requisição de compra pelo sistema ERP? INÍCIO 1. Acessar o sistema ERP 2. Acessar tela “Criar requisição de compra” 3. Selecionar tipo de requisição: Ordem de manutenção; ou Reposição de estoque; ou Ordem de investimento. 4. Colocar dados conforme solicitado pelos campos: Data para entrega da remessa Descrição completa do material Quantidade Unidade de medida Grupo de mercadoria Nome e contato do responsável técnico Valor da requisição (R$) conforme evento de cotação Centro de custo a ser debitada a compra 5. IMPORTANTE: Informar o evento de cotação aprovado de referência. 6. Selecionar grau de urgência para aquisição do material: Normal; ou Urgente; ou Imediata. 7. Selecionar local para entrega 8. Salvar requisição de compra (guardar número gerado na tela) 9. Providenciar liberações, conforme valor da requisição: − Liberação técnica valor menor ou igual a R$ 500,00 − Liberação de líder valor entre R$ 500,00 e R$ 5.000,00 − Liberação de gerência valor maior ou igual a R$ 5.000,00 Sem as devidas liberações a requisição de compra não pode ser convertida em pedido de compras. 10. IMPORTANTE: referência. FIM Elaborado por: Rodrigo Filipini Santos Referenciar número da requisição ao evento de cotação