n.º 48 (i série) janeiro • fevereiro • março • abril • maio • junho / 2012 BOLETIM NOTÍCIAS AFAP DA ASSOCIAÇÃO DA FORÇA AÉREA PORTUGUESA 2 AFAP OS NOSSOS NOVOS ASSOCIADOS SEJAM BEM-VINDOS À VOSSA CASA João Manuel Catarino Sócio N.º 2460 Cor. António Macedo Alves Sócio N.º 2461 TCor. José Carlos Rosa Angeja Sócio N.º 2462 SChefe. Carlos Alberto Valente Simão Sócio N.º 2463 SMor. Hermínio Coelho Sócio N.º 2464 João dos Santos Jacinto Sócio N.º 2465 SSar. Fernando Jorge Monteiro Sócio N.º 2466 Cap. António Carlos Freitas Sócio N.º 2467 José António de Azevedo Sócio N.º 2468 Maj. Fernando Jorge Quintas Sócio N.º 2469 Ten. João Manuel Rodrigues Barbosa Sócio N.º 2470 Ten. Álvaro Filipe e Nogueira Ferrão Sócio N.º 2471 TCor. Humberto Rodrigues e Nogueira Sócio N.º 2472 TCor. João Eduardo da Costa Afonso Sócio N.º 2473 Maj. Carlos Manuel da Silva Sócio N.º 2474 TCor. Carlos António de Azevedo Braz Sócio N.º2475 António Pedro Pereira Duarte Sócio N.º448 E Cristina Maria dos Santos Sócia N.º449 E Ricardo Jacob Corrêa Sócio N.º 450 E Jaime Rodrigues Valadares Sócio N.º 451 E BOLETIM DA AFAP N.º 48 • I SÉRIE • JAN.FEV.MAR.ABR.MAI.JUN 2012 TIRAGEM 3000 EXEMPLARES PROPRIEDADE Associação da Força Aérea Portuguesa • Av. António Augusto de Aguiar, n.º 7 - 3º Dto. • 1050-010 LISBOA Tel.: 21 357 40 02 - 21 470 69 78 Fax: 21 355 04 08 [email protected] • [email protected] PRÉ-IMPRESSÃO/IMPRESSÃO/ACABAMENTO pré&press, RAL - SINTRA DISTRIBUIÇÃO GRATUITA AFAP 3 editorial Prezados Associados e Estimados Leitores Respeitando os seus Estatutos e normas legais, a AFAP elegeu os corpos gerentes para o biénio 2012/2013. À Direção (Presidente e seus vogais) não lhe espera tarefa fácil, se quisermos sair de rotinas instaladas para avançar no sentido da dignidade desta importante Associação das gentes da Causa do Ar, que é soberana dum espaço onde os seus associados, pelo menos, podem reencontrar “velhos” amigos e partilhar histórias vividas muitas vezes em conjunto. Encontrar um local para reviver o passado e deste modo quebrar muitas vezes a solidão, é uma das importantes tarefas da AFAP-Associação da Força Aérea Portuguesa, nestes tempos difíceis que cruzamos. Está pois ao alcance de todos os associados assegurar esta e outras capacidades da nossa AFAP, com a dignidade inerente a cada uma delas. A solução está em angariar e assegurar um numero de associados (idealmente 3.000!), que assumam o pagamento oportuno das suas quotas (de, apenas €3,o/`mês) para assim se poder crescer na melhoria das instalações e na “sustentabilidade” de serviços que estão ao alcance da AFAP poder prestar, com alguma diversidade, mas sempre de modo distinto e com a classe que é devida a quem abraçou a causa do Ar e, portanto, tem direito a ser seu sócio. Esta ação de angariar sócios, é o ponto de partida para esta Direção e, para tal desiderato, contamos com a prestimosa ajuda de todos os nossos associados e habituais leitores do Boletim da AFAP. A AFAP é uma Associação para todas as idades, com grandes potencialidades, para servir as gerações mais novas, que ainda estão nas fileiras ou ainda servem a Causa do Ar no ativo, mas que, pela implacável dinâmica do tempo, rapidamente chegarão ao período da vida, que já vive quem vos escreve estas linhas. Confiamos na ajuda de todos os nossos associados e leitores para se atingir este importante objetivo primário, sem o qual não será possível alicerçar o belo edifício onde a AFAP nos poderá receber, com a dignidade que todos nós merecemos. É isto que dá ânimo a quem se inclui nesta Direção, para levar por diante a missão a que ela se propôs, para bem da AFAP, necessariamente para bem dos seus associados e daqueles que, em boa hora, a ela se vieram juntar. Aceitem as nossas saudações aeronáuticas. O Presidente da Direção José Armando Vizela Cardoso Ten-General PilAv 4 AFAP A AFAP TEM NOVOS CORPOS SOCIAIS Por ter terminado o mandato da última direcção da AFAP, foram eleitos novos corpos sociais, com a seguinte composição: Mesa da Assembleia: Tenente General Aurélio Benito Aleixo Corbal Presidente Major General Heitor Hamilton Almendra Vice-Presidente ENG. Jorge Hansen Lima Basto 1º Secretário CAP.ENF. Francis Neves Matias 2º Secretário Direcção: Presidente: Tenente General José Armando Vizela Cardoso Vogais: Coronel Paraq Manuel Claudino Martins Veríssimo Coronel PilAv João Manuel Ivo da Silva Corone l PilAv Rui Alfredo Balacó Moreira Coronel PA Luís Artur Silva Vasconcelos Cohen Tenente Coronel Engel Vasco Morais Sarmento Moniz Tenente Coronel Nav Eduardo Augusto Soares e Silva Ramos Conselho Fiscal: MGEN. IC Henrique Walter Ferreira Barbosa Presidente TCOR.ADMAER Flarimundo Figueiras Vale de Gato Vice-Presidente COR.MED. António José Paula Santos Vogal COR.TMMT Diocleciano Roque da Silva Suplente COR.TPAA Rodesindo da Conceição Coutinho Suplente A AFAP agradece a todos os elementos da Direção cessante o grande contributo para o engrandecimento desta Associação, apresentando os votos das maiores felicidades. AFAP 5 RELEMBRANDO A HISTÓRIA PIONEIROS DAS NAVEGAÇÕES TRANSOCEÂNICAS Neste artigo, iremos falar de dois pioneiros das navegações aéreas transoceânicas: Gago Coutinho e Sacadura Cabral. Comemoraram-se em 30 de Março os 90 anos da data da descolagem destes dois grandes vultos da Aviação Portuguesa, rumo ao Brasil, naquele que seria o primeiro voo transoceânico a ligar Portugal às terras de Santa Cruz. Gago Coutinho e Sacadura Cabral 6 AFAP Sacadura Cabral (piloto) Tripulantes Carlos Viegas Gago Coutinho (navegador) Avião Fairey III-D Tempo voado 62 horas e 26 minutos Distância 8 383 km Partida 30 de Março de 1922 (Quinta feira) Chegada 17 de Junho de 1922 (Sábado) Las Palmas (Canárias) Gando S.Vicente S.Tiago Penedos de S.Pedro e S. Paulo Fernando de Noronha Recife Baia Porto Seguro Vitória e Rio de Janeiro Etapas Carlos Viegas Gago Coutinho, nasceu em Belém, Lisboa, em 17 de Fevereiro de 1869, tendo falecido de morte natural em 18 de Fevereiro de 1959. Artur de Sacadura Freire Cabral nasceu a 23 de Maio de 1881 em Celorico da Beira. Morreu no Mar do Norte a 15 de Novembro de 1924, quando pilotava um Fokker 4146 AFAP 7 de Amesterdão para Lisboa, um dos cinco aviões que haviam sido adquiridos por subscrição pública, e que seriam utilizados no seu projeto de nova viagem aérea. Estes dois portugueses de gema formaram uma equipa fundamental aos grandes projetos que realizaram em conjunto, não só no âmbito da aviação, mas também no levantamento cartográfico das fronteiras africanas de Angola e Moçambique. Sob a orientação de Gago Coutinho, desempenharam missões geodésicas e geográficas, durante as quais Sacadura Cabral revelou as suas capacidades como geógrafo e astrónomo, além dos seus inegáveis dotes de programador e estratega. Gago Coutinho foi nomeado chefe da Missão Geodésica da África Oriental, nela tendo trabalhado durante cerca de 4 anos, de Maio de 1907 até ao início de 1911. Foi nesta missão que conheceu Sacadura Cabral, com quem travou amizade e que viria a ser o mentor dos projetos futuros de navegação aérea. Em seguida foi escolhido para chefiar a missão portuguesa de delimitação da fronteira de Angola no Barotze, a qual só se constituiu definitivamente em 1912. Regressando à metrópole em 1914, foi nomeado em 1915 chefe da Missão Geodésica de S. Tomé, onde esteve até 1919. Muito embora Gago Coutinho fosse 12 anos mais velho do que Sacadura Cabral, a sua formação científica aliada a um forte espírito de sacrifício, temperado com um apurado sentido de humor e uma forte amizade a Sacadura Cabral, detentor de uma vontade indomável e de um espírito empreendedor como poucos, constituíram os ingredientes necessários para o sucesso desta equipa. Após o regresso de uma missão na fronteira leste da Angola, Sacadura Cabral, oficial da Marinha decidiu concorrer para piloto da aviação Naval , tendo seguido, para a França onde deu entrada na Escola Militar de Chartres. Em 16 de Janeiro de 1916 fez o seu primeiro voo como piloto, tendo obtido o brevet em Março, sendo o primeiro classificado do curso. Ainda em França seguiu para a Escola de Aviação Marítima de Saint Raphael, onde se especializou em hidroaviões. Frequentou ainda várias escolas de aperfeiçoamento e esteve na Escola de Buc, pilotando aviões Blériot e Caudron G.3. Terminada a sua aprendizagem em França, regressou a Portugal em Agosto de 1916, sendo incorporado como piloto instrutor na recém-formada Escola de Aviação Militar, em Vila Nova da Rainha. Quando o governo decidiu enviar uma esquadra de aviação para cooperar com o exército na região do Niassa, em Moçambique, na defesa deste território contra os ataques dos Alemães, Sacadura Cabral foi encarregue de adquirir em França o material necessário. Tornou-se, então, o responsável pela primeira unidade de aviação constituída em Portugal. Em 1918 foi nomeado diretor dos Serviços da Aeronáutica Naval e, logo em seguida, comandante da Esquadrilha Aérea da Base Naval de Lisboa. 8 AFAP Dado que os seus contactos com Gago Coutinho, também oficial superior da Marinha se continuaram a manter, em 1917 acabaram por fazer um voo que constituiu o batismo do ar de Gago Coutinho. retor de rumos” da sua autoria, precursor dos atuais calculadores de bordo. Após esse voo foi discutida a adaptação dos métodos da navegação astronómica marítima à navegação dos aviões. Em meados de 1919, quando terminava os trabalhos relativos à missão geodésica de S. Tomé, Gago Coutinho, incentivado por Sacadura Cabral, começou a dedicar-se ao progresso dos métodos de navegação aérea. Para isso, desenvolveu um modelo de sextante associado a indicadores de nível de bolha de ar que permitiam definir um plano horizontal, criando assim um horizonte artificial para referência da medição da altura dos astros. Corrector de rumos utilizado na viagem Estas inovações foram postas em prática com voos locais sobre o Tejo que demonstraram a eficácia dos métodos e instrumentos de navegação neles testados. Nasceu assim a ideia da realização de uma grande viagem de navegação aérea que ligasse Portugal ao Brasil. Ainda em 1919 Sacadura Cabral demonstrou perante os altos comandos a viabilidade de vir a ser tentada a viagem aérea Lisboa-Rio de Janeiro, tendo sido nomeado para proceder aos estudos necessários para a sua efetivação. Em 1921 realizou, com Gago Coutinho e Ortins de Bettencourt, num Hidroavião bimotor Felixtowe F.3, a viagem Lisboa-Madeira, para aplicação na pratica dos métodos e instrumentos criados por ele e Gago Coutinho para navegação aérea. Sextante de Gago Coutinho usado na travessia do Atlântico Colocava-se também o problema da medição do abatimento lateral do avião devido ao efeito do vento. Este problema foi resolvido com o lançamento de potes de fumo, que serviam de referência para medição do ângulo da deriva, e a utilização de um “cor- Nesta viagem com a duração de cerca de sete horas e meia, Gago Coutinho executou 15 cálculos de retas de altura e várias observações da força e direção do vento, que demonstraram que os processos de navegação utilizados “eram os suficientes para demandar com exatidão qualquer ponto afastado da terra, por pequeno que fosse, recurso este que se tornava essen- AFAP cial numa projetada viagem aérea de Lisboa ao Brasil” Chegou finalmente o grande dia, 30 de Março de 1922, em que às sete horas da manhã um pequeno hidroavião monomotor, Fairey F III-D MkII, especialmente concebido para a viagem, equipado com motor RollsRoyce e batizado o “Lusitânia” descolou do Tejo, repetindo pelo ar a façanha marítima de um antepassado de Sacadura, Pedro Alvares Cabral, rumo ao outro lado do atlântico. A escolha de um hidroavião monomotor deveu-se à sua maior autonomia e raio de ação. A primeira escala foi nas Canárias, de onde partiram para S. Vicente, em Cabo Verde. Dali voaram para a ilha de São Tiago, Cidade da Praia, rumando em seguida para o arquipélago de S. Pedro e S. Paulo, Brasil. Ao amarar, uma vaga arrancou um dos flutuadores do “Lusitânia”, o que provocou o afundamento do hidroavião, tendo a tripulação sido recolhida pelo navio República da Marinha Portuguesa. O “Lusitânia” realizou nesta etapa mais de onze horas de voo sobre o oceano, sem navios de apoio, mantendo uma rota matematicamente rigorosa, o que provou a precisão do sextante modificado e dos métodos de navegação anteriormente testados. O governo enviou um novo hidroavião, “Fairey 16”, cujo motor avariou no percurso entre os penedos de S. Pedro e S. Paulo e a ilha de Fernando de Noronha. Três dias depois, já com um novo “Fairey”, Gago Coutinho e Sacadura Cabral partiram para as etapas finais, tendo chegado ao Rio de Janeiro em 17 de Junho. Embora esta viagem tenha sido executada por etapas marcadas por alguns inci- 9 dentes que obrigaram a duas substituições do hidroavião, provou que os instrumentos e métodos de navegação utilizados estavam corretos, abrindo caminho às grandes navegações aéreas transoceânicas. Desta viagem relevamos dois episódios pitorescos: 1. Na amaragem junto aos rochedos de S. Pedro, no arquipélago de S. Pedro e S. Paulo, já em território brasileiro, devido ao estado do mar danificou-se um flutuador, afundando-se o hidroavião. Foi feita a substituição do mesmo por um novo hidroavião, o que obrigou a um voo de experiência, durante o qual o motor parou por avaria, o que obrigou a uma amaragem no meio do atlântico. Como o avião não dispunha de comunicações rádio, eram muito escassas as probabilidades de salvamento, o que felizmente veio a acontecer pelo cargueiro britânico Paris-City que passava perto e havia sido alertado do desaparecimento do avião, através de uma mensagem rádio enviada pelo navio República da Marinha Portuguesa, estacionado perto dos rochedos de S. Pedro, A longa espera por auxílio teve como consequência uma situação trágica, na qual os flutuadores metiam água, afundandose o aparelho lentamente. Enquanto esperavam no meio daquela imensidão de mar, Sacadura Cabral desabafou: “- O que mais me chateia é que se está a acabar o tabaco”. Isto revela o espírito de tenacidade e esperança daquele grande Homem. 2. Após a viagem de 8383 quilómetros, que durou um pouco mais de 62 horas 10 AFAP efetivas de voo, foi perguntado a Gago Coutinho se ele se considerou essencial para a realização desta grande aventura, ao que ele respondeu afirmativamente, explicando porquê: “ – De facto sem mim não teria sido possível realizar a viagem, porque devido ao prolongado tempo de voo foi necessário reabastecer óleo para o motor, e a bomba de trasfega do óleo estava junto ao meu lugar. Todas as outras tarefas poderiam ter sido executadas pelo Comandante Sacadura Cabral que tem muita competência para isso.” Era este o espírito e sentido de humor do Sr. Almirante Gago Coutinho. ATIVIDADES DA AFAP COMEMORAÇÕES DOS 90 ANOS DA 1ª TRAVESSIA AÉREA DO ATLÂNTICO SUL, EM CABO VERDE Em fins de Fevereiro deste ano o Presidente e um vogal da atual Direção da AFAP receberam o ex-Deputado do PAICV, o Senhor António Pedro Pereira Duarte. O Senhor António Pedro Pereira Duarte, que serviu na Força Aérea Portuguesa, que foi Diretor de Manutenção das Linhas Aéreas de Cabo Verde e é sócio extraordinário da AFAP, veio a Portugal lembrar-nos de que em 2012 se completariam 90 anos sobre o feito da 1ª Travessia Aérea do Atlântico Sul, levado a cabo por Gago Coutinho e Sacadura Cabral, a partir do qual foi possível abrir as portas para a aviação comercial poder cruzar grandes espaços oceânicos, com controlo científico dos pontos de navegação. Neste contexto, o Senhor António Pedro Pereira Duarte veio solicitar a colaboração da AFAP para poder realizar em Cabo Verde um programa destas comemorações, uma vez que os intrépidos aviadores fizeram escala neste arquipélago, nessa viagem que teve início a Lisboa ( às 07H30 da manhã de 30MAR1922) e terminou na Baía de Guanabara. Porque de entre os valores éticos e pátrios que a AFAP cultiva, está o de colaborar com quem também os pratica e defende, vindo lembrar aos portugueses distraídos deste feito épico e esquecidos de que ele acontecera já há 90 anos, a nossa Associação ofereceu uma placa comemorativa (ver fotografia abaixo), bem como fotografias para uma exposição em Cabo Verde alusiva à 1ª Travessia Aérea do Atlântico Sul, e 40 serigrafias, com base em telas que ilustram fases deste voo transatlântico. O mármore onde se gravaram as inscrições da placa comemorativa que irá para Cabo Verde, foi gentilmente oferecido pelo Senhor António Silva Nunes Carrão, ilustre escultor e proprietário da empresa de Mármores e Granitos com o seu nome, sita em Casais – Tomar. Placa oferecida pela AFAP AFAP VISITA DO SR. PRESIDENTE DA APPLA No dia 9 de maio, a Direção da AFAP recebeu no Club AFAP a visita do Sr. Presidente da Associação de Pilotos Portugueses da Linha Aérea. Nesta visita, os Presidentes da AFA e APPLA trocaram impressões sobre as áreas de cooperação entre as duas associações. Dado que a APPLA tem um elevado número de associados que prestaram serviço na Força Aérea, e as características da AFAP permitirem manter um elo de ligação entre antigos camaradas da aviação, ficou acordado o Sr. Presidente da APPLA contactar os associados e dar-lhes a conhecer a existência desta associação, bem como as vantagens na sua adesão. ALMOÇOS/CONFERÊNCIAS A AFAP,e a Associação Núcleo de Comandos tem levado a cabo uma série de conferências que têm tido muita recetividade por parte dos nossos associados. • Desde o Janeiro deste ano, nas instalações da AFAP, na Av. Gago Coutinho, já tivemos a honra de escutar os seguintes conferencistas: • Professor Dr Marcelo Rebelo de Souza • Professor Adriano Moreira • Dr Carlos Silva Costa (Presidente do Banco de Portugal) Dum modo geral, os temas apresentados têm abordado a problemática da crise que se abateu sobre o nosso país. • Conferências na Academia da Força Aérea(AFA) Por solicitação do Chefe de Estado-Maior da Força Aérea, a AFAP entre 26ABR e 11 16MAI2012, apresentou aos cadetes da AFA quatro conferencias, que cobriram aspetos da guerra no ex-Ultramar português nos Teatros de Operações da Guiné, de Angola e de Moçambique, e da capacidade do Transporte Aéreo Nacional, na sua despectiva estratégica. Foram oradores os senhores: • Coronel PilAv - Rui Alfredo Balacó Moreira, que expôs sobre a guerra na Guiné; • General PilAv Aurélio Benito Aleixo Corbal, que falou sobre a guerra em Angola; • TGeneral PilAv José Armando Vizela Cardoso, que abordou a guerra em Moçambique; • A conferência sobre o Transporte Aéreo Estratégico e Tático, foi apresentada pelo Sr Coronel PilAv João Manuel Ivo da Silva. HOMENAGEM AO SOLDADO DESCONHECIDO No dia 14ABR2012 a AFAP depôs uma coroa de flores no túmulo do Soldado Desconhecido, no Mosteiro de Santa Maria da Vitória, na Batalha. BRIDGE A Direção da AFAP vai brevemente melhorar as condições da atual Sala onde todas as semanas, ilustres associados praticam este interessante jogo de cartas e da mente. COMUNICADO A pedido do nosso associado Sr. Coronel António Pedroso de Lima, informamos que no passado dia 19 de Maio se realizou, no restaurante D. Abade, perto de Leiria, telefone 244470147, o 6º almoço de pessoal das Messes de Luanda (funcionários, utentes e familiares), núcleo básico situado nos anos 1963/1965. O 7º almoço será no mesmo restaurante, às 12 horas do dia 17 de Maio de 2013. 12 AFAP ASES da AVIAÇÃO de COMBATE Se desfolharmos os registos da história da aviação, confirmamos que, apenas cerca de onze anos depois do primeiro voo feito numa máquina mais pesada que o ar, levado a cabo por Orville Wright, em 17 de Dezembro de 1903, ocorreu o primeiro combate aéreo, em Outubro de 1914, sobre a linha da frente das trincheiras próximas da vila belga de Jamoigne, quando praticamente se iniciava a 1ª Guerra Mundial. Este feito histórico foi cometido pelo Sargento Piloto Joseph Frant, pilotando um avião Voisin, de fabrico francês, que levava a bordo o Cabo Observador, Quenault. O Voisin era um avião, de estrutura em madeira e tela, configurado para missões de observação e bombardeamento, mas onde se havia instalado uma metralhadora, semi-automática, Hotchkiss, assente numa espécie de tripé, tipo peanha, colocado atrás e por cima do lugar de quem pilotava. A operação da metralhadora estava a cargo do Cabo Observador que, para isso, tinha que se pôr de pé, por detrás do piloto, e tinha de jogar o manuseamento desta arma, com o esforço contínuo para se manter equilibrado e não sair projetado para fora do avião. Porque o motor do Voisin estava colocado atrás do habitáculo dos tripulantes, dava a possibilidade de libertar a parte da frente do avião até à asa, para manobrar e disparar, com considerável liberdade, a metralhadora Hotchkiss. O Sarg. Pil. Joseph Frants, quando regressava duma missão de observação das linhas alemãs, detectou um avião Aviatik, de fabrico alemão, e rapidamente manobrou para se meter no enfiamento da cauda do inimigo ( aquilo a que o piloto de caça que ataca chama as 12 horas e o piloto do avião alvo, designa pelas “fatídicas 6 horas!”). Joseph Frants explorou bem o ponto fraco do Aviatik, uma vez que o piloto alemão não tinha possibilidade de fazer tiro com a sua metralhadora na direção da cauda do seu avião, onde estava o Voisin, sob risco de a cortar pela ação das suas próprias balas. O piloto alemão executou várias manobras, voltando e invertendo bruscamente o sentido da volta, para tentar sacudir o Voisin de Joseph Frants da incómoda e perigosa posição das 6 horas do seu Aviatik e, se tal acontecesse, tentar responder ao tiro da metralhadora Hotchkiss. Joseph Frants conseguiu manter o seu Voisin nas 6 horas do Aviatik e na posição ideal para que o Cabo Observador Quenault tivesse na mira da sua metralhadora Hotchkiss, o avião inimigo que estava a voar à sua frente. Em poucos minutos o primeiro combate aéreo, entre máquinas pilotadas por humanos, estava consumado! O Aviatik, crivado de balas e em chamas, dirigiu-se num voo descontrolado para o solo belga. Um inimigo tinha tombado e tinha havido uma vitória para recordar. Assim começava a história dos chamados aviões de combate e dos homens que têm orgulho em ser seus pilotos. TGenPilAv José Armando Vizela Cardoso AFAP 13 CANTINHO DO CARDOSÃO EMBIRRO COM AS CITAÇÕES Ainda que seja uma atitude pacóvia, certo é que embirro solenemente com as citações que, a todo o passo, me deparo escarrapachadas em textos sobre os temas mais diversos, sejam eles científicos, económicos, sociais ou até mesmo de antecipação científica. Para mim, as citações são capas a que os autores recorrem para protegerem a fragilidade dos seus conhecimentos, servindo também para sugerirem que o tema foi levado a peito e sujeito a minuciosa pesquisa que lhe alicerçou o fundamento e, ainda, para descarregar no costado do citado a responsabilidade por eventuais asneiras. Quando o autor de um texto cita um erudito que escreveu, exprimiu, divulgou, ou opinou sobre o assunto do texto de forma concordante com a sua, está a colocar essa pessoa na condição de atestado de garantia de que o escrito é indubitavelmente de qualidade, e não uma alucinação atrevida de um qualquer borra-botas desconhecido e ignorante. Os citados, embora não tenham sido atidos nem achados para o caso, passam a serem os “comprovativos”. A galeria onde se recrutam os “cidadãos eruditos comprovativos” é infinita, desde galardoados com o Prémio Nobel a pescadores de atum à linha, passando por militares, ciclistas, médicos, advogados, trolhas, treinadores de futebol, políticos e outras gentes de má fama, como diria um distinto historiador lusitano conhecido pelo seu cinismo (isto não é uma citação!!). Qualquer um serve, desde que o seu suposto saber encaixe no tema. Na realidade, raramente alguém conhece o erudito citado. Depois da seleção dos citados, seguemse as informações das suas ligações com as mais dispares organizações de reputa- ção imaculada, extrema dignidade e nobres tradições brasonadas. As academias, faculdades e universidades disputam palmoa-palmo a hegemonia das citações. Nesta fase são vulgares as informações complementares em abono da qualidade, deixando vir a lume segredos no género de que «o famoso estabelecimento foi frequentado pelo filho de um monarca birmanês muito honorificado por ter enfrentado e morto um feroz tigre-de-bengala utilizando unicamente um canivete suíço». Ora, exatamente como acontece com as personagens citadas, a maior parte dos excelsos estabelecimentos referidos também são completamente desconhecidos e, para agravar a sua obscura existência, são designados por siglas que ninguém consegue descodificar. É sabido que isto sempre foi assim, que isto é assim e que isto assim continuará. Não há nada a fazer para acabar com isto. Sendo assim, sem remédio nem conserto, porque não enterrar o machado de guerra? Não posso porque embirro com as citações e pronto! O meu conflito [fruto azedo de mau feitio congénito espremido de reminiscências genéticas hereditárias que, provavelmente, têm origem no meu avô materno que era da Guarda-Fiscal, republicano e benfiquista] reside no facto de eu gostar de ler temas que são lançados à estampa por autores sobre os quais só por mero acaso tenho hipótese de avaliar a sua bagagem cultural ou cientifica para escreverem sobre o que escrevem. É frequente dar por mim a perguntar a mim próprio, em circuito fechado, se o que leio é para tomar por bom ou não? Os autores minam o texto com uma praga de citações, para emudecerem a minha 14 AFAP desconfiança. Não conseguem facilmente, porque não só desconfio deles como também desconfio da autenticidade dos “comprovativos” citados. Sei lá se é verdade que o pai do Ícaro lhe disse para voar baixinho e devagarinho para não derreter as asas porque podia partir o focinho. Ou se é verdade que o Arquimedes berrou um estrambólico “eureka” quando tomava banho e se assustou por ver parte muito específica da sua anatomia a boiar como as rolhas de cortiça dos Amorins. Ou que o senhor Granth “Paka” Pakahontas, assistente de geofísica molecular no Observatório Espacial da Universidade YHWY, do Dakota do Sudoeste, Estados Unidos, depois de perscrutar o céu através da janela tenha declarado que “está de chuva”, comprovando-se que estava mesmo a chover!!! Resumindo: desconfio da qualidade dos autores, da autenticidade dos citados e dos organismos que os apoiam. Já estão a ter uma ideia porque embirro com as citações … Tudo o que acontece na vida tem explicação. A minha patetice pacóvia de embirrar com as citações, como não podia deixar de ser, também tem explicação. Eu explico: A embirração germinou em 1956, quando estava colocado na Base Aérea de S. Jacinto, uma espécie de porta-aviões fixo que a Força Aérea herdou da Aviação Naval. Voava nos Curtiss Helldiver, uns aviões grandões pintados de azul-escuro-medonho, decerto para intimidar o inimigo. Nessa altura conheci um alferes do Exército, jovem beirão que tinha sido condiscípulo de um dos meus companheiros de cur- so. Estava colocado num dos quartéis que o Exército tinha na bonita e mal cheirosa Cidade de Aveiro. Era costume encontrarmo-nos com ele aos fins-de-semana, para beber uns copos, comer uns pitéus, ir ao cinema, contar anedotas, dirigir pirosos às meninas airosas e também às desairosas, e produzir uma série de disparates socialmente aceitáveis… penso eu ! Outros tempos. Velhos tempos. Bem hajam esses tempos. Num desses encontros semanais, o amigo alferes infante, que normalmente funcionava a elevadas rotações em sistema de alta combustão interna de grande consumo de combustível, apresentou-se sorumbático, cabisbaixo e estranhamente ausente. Tornou-se evidente que alguma coisa o preocupava seriamente. A rogo dos presentes desabafou a causa do abatimento anímico, que não era de amor traiçoeiro ou não correspondido, como chegámos a temer. Ficámos então a saber que o seu comandante tinha-lhe concedido a honra de fazer o discurso oficial na cerimónia do aniversário da Unidade, o que aconteceria muito em breve. Esforçamo-nos em lhe dar coragem e afirmámos a nossa solidariedade e compreensão pelo mau jeito que dava ter recebido tão grande honraria. Certo é que o tempo passou, o amigo alferes discursou e, segundo nos foi relatado, com qualidade que agradou a todos. Ainda em estado eufórico por se ter livrado de tamanha tarefa, contou-nos que durante os dias de preparação da sábia oração, foi para o café que frequentava habitualmente na Avenida Lourenço Peixinho, apetrechado com o material indispensável para escrever o famigerado discurso. Após muitas interjeições impróprias para consumo geral, muitas AFAP 15 folhas de papel enviadas para o lixo, muitas apagadelas e muitas rasuras, conseguiu rabiscar o discurso a contento. O grande orgulho assentava no ter congeminado uma espampanante frase de exaltação militar que faria o Infante-Mór, D. Nuno Álvares Pereira, tremelicar as esporas de patriotismo. Seria essa frase mágica que daria o toque resplandecente para o discurso ser brilhante. Salvação! Com galhardia abdicou dos direitos de paternidade da fabulosa frase, atribuindo-a ao senhor C. Heller, ilustre General do Exército dos Estados Unidos. Muito embora fosse um pouquinho tresmalhado do miolo, era suficientemente sensato para concluir que a frase ficaria fosca e sem brilho, apenas porque era da autoria de um imberbe alferes de infantaria acabado de sair da Academia Militar. Havia que atribuir a empolgante frase a alguém de valor militar indiscutível. Desencantar um pai de proveta não seria tarefa fácil. Pronto! Já sabem porque embirro com as citações! Felizmente, teve a sorte pelo seu lado. Quando relanceava o olhar em torno da sala do café na esperança de deparar com mirabolante fada inspiradora, eis que os olhos esbarraram num frasco bojudo que ostentava um fantástico rótulo que quase gritava CARAMELOS HELLER. Após a cerimónia militar foi muito cumprimentado pelo excelente discurso e elogiado pela esplêndida citação ao, a partir daí, famoso General Heller, U.S. Army. É que quando a veracidade de um texto é reforçada com algo como «…segundo Francis Stwart da Universidade de Carnegie Mellon, Pittsburgh, nos Estados Unidos, a ignorância é mãe de muito atrevimento...» fico sempre a pensar se lá no sítio onde o autor escreveu o texto, não existirão «Caramelos Francis Stwart» !! Adelino Cardoso – Cardosão Major Piloto Reformado Março - 2012 RECORDANDO O BORRACHÃO Não! O Borrachão não era uma pessoa que abusava da bebida! sos carinhos e alguma coisa para comer e..... beber!! Só gostava de leite e de ...cerveja ! Daí o seu nome de Borrachão. Era um cão, mascote dos pilotos durante a guerra do Ultramar na Guiné, no final dos anos 60, início dos anos 70, com uma inteligência muito acima da média. Quando lhe enchíamos o bebedouro, ele ficava a olhar para nós aguardando que lhe dessemos autorização para beber e só a partir daí é que bebia. Na Base, o seu lugar era sempre no bar dos pilotos, o Oásis, onde recebia os nos- O Borrachão era um perfeito aviador, que seguia os pilotos pela placa fora, até ao avião 16 AFAP Dornier DO- 27 e, quando ele ia vazio, entrava para os lugares de trás e lá seguia com o piloto para o aeródromo de destino. À chegada saía do avião e desaparecia. Se à hora da partida ele não aparecesse, os pilotos descolavam sem ele, pois já sabiam que os elementos do exército o acolhiam até ao próximo avião, em que ele regressava a Bissau. pelo PAIGC à Base Aérea nº. 12 no início de 1968. Podemos dizer que era um cão aviador com gosto pela bebida, pelas namoradas e com fobia da guerra!! Lembro-me com saudade do nosso amigo Borrachão ! Ivo da Silva Era voz corrente que ele ia visitar as namoradas. Quando estava doente era levado ao posto de socorros e tratado com desvelo pelas enfermeiras paraquedistas, que também o adotaram. Este cão tinha uma fobia: - Quando ouvia tiros, escondia-se no primeiro buraco que encontrava. esta fobia foi causada por um susto que apanhou aquando de um ataque de morteiros efetuado O Borrachão HISTÓRIAS PITORESCAS DA AVIAÇÃO Episódios da vida de um aviador Corria o ano de 1966, estando eu a frequentar a Academia Militar, com o posto de Alferes miliciano Piloto Aviador. Tinha acabado o período de aulas e, por estar em férias de verão, fui colocado durante um mês na Base Aérea da Ota para fazer os voos necessários à manutenção da minha qualificação de piloto. Todos os pilotos milicianos do meu curso estavam nesta situação e era uma época muito agradável, pois era-nos atribuída uma área de trabalho, e lá descolávamos com o avião CHIPMUNK, para fazer o que nos viesse na real gana dentro, é claro, das normas de segurança de voo. O avião em questão, tinham um motor de seis cilindros montado na posição invertida, portanto com uma afluência muito maior de óleo à cabeça dos cilindros. Isto originava a que as velas ficassem muito mais sujeitas ao isolamento por óleo especialmente quando havia um desgaste mais significativo dos segmentos. AFAP Quando isto acontecia, o que era frequente, o motor trabalhava com uma vibração que era notória. Houve várias queixas, mas a situação continuava, chegando eu a pensar que, por estar há muito tempo sem voar, já não estaria habituado a essa vibração, que eventualmente seria normal. Como veremos a seguir, tal não correspondia à realidade! Como eu vivia na Ericeira, só podia ir a casa ao fim de semana, o que acontecia à Sexta-feira à tarde, regressando na Segunda de manhã cedo para iniciar os voos às nove horas da manhã. Uma Sexta-feira, tive a alegria de encontrar um velho amigo, o Piloto Rogério Lopes, atualmente reformado como Comandante da SATA, AIR AÇORES. Este piloto tinha regressado, no início dessa semana, de uma comissão na Guiné e fora colocado na OTA. Fomos amigos de infância quando ambos passávamos as férias de verão na Ericeira. Mais tarde reencontramo-nos na Base de São Jacinto onde ele era instrutor e eu aluno, precisamente no avião CHIPMUNK. Após um efusivo abraço, combinamos fazer um voo, que serviria para a sua readaptação ao avião. Eu iria no lugar da frente e o Comandante Lopes no lugar detrás. Assim, descolamos da OTA em direção a Tancos, prosseguindo o voo em direção ao campo de tiro de Santa Margarida onde havia uma pequena pista. Após fazer uma passagem baixa sobre a pista, prosseguimos viagem em direção à Ota voando relativamente baixo ao longo do rio Tejo. Após passarmos Alpiarça, o motor começou a falhar, mas desta vez o caso era mais sério. Iniciamos uma subida, mas a situação 17 piorou, e resolvemos rumar para a área de Coruche, onde haviam uns terrenos mais adequados a uma aterragem forçada. Entretanto selecionámos outra área alternativa para aterrar no caso do motor parar completamente e não haver a possibilidade de chegar à área de Coruche. Dado que o Comandante Lopes era muito mais experiente no avião por ter sido instrutor, e eu apesar de cerca de mil horas de voo totais, tinha apenas umas setenta horas de voo nesse tipo de avião, perguntei-lhe se queria fazer a aterragem de emergência, mas ele rejeitou a ideia dado que já não voava o avião havia alguns anos. Assim, encarreguei-me dessa tarefa, com alguma ajuda do Comandante Rogério Lopes. Passado pouco tempo o motor parou completamente e lá fomos nós em voo planado em direção ao campo de escolha alternativa, que se situava junto ao Tejo, cercado por uma série de árvores e era constituído por uma cultura de cânhamo, seguida de um campo de melões e por fim uma área com couves. Após sobrevoar uma vinha já bastante baixo e a perder velocidade, passamos entre duas árvores e executamos uma aterragem relativamente suave, com características mais apropriadas a um trator do que a um avião, sem qualquer dano no aparelho. Logo que o avião se imobilizou no campo de couves, saltamos para fora e fomos aliviar as necessidades fisiológicas que o aperto da bexiga nos provocou. Registamos no livro de bordo a aterragem em Alpiarça às 11:00 horas locais. Viemos a saber mais tarde que terreno em questão era propriedade do Eng. Falcão de Santarém. Pouco depois começaram a aparecer curiosos, sendo de realçar duas mulheres 18 AFAP que desenvolviam trabalhos agrícolas nas redondezas e que, com grande alvoroço, gritavam que tinham indicado este campo para nós aterrarmos, mas nós não as tínhamos visto (como se isso fosse possível). Pouco depois fomos sobrevoados por um avião DORNIER DO- 27 da Ota e com gestos informamos que estava tudo bem. De seguida apareceu um garoto, ao que o Comandante Lopes perguntou se era filho do dono da quinta, tendo ele dito que o avô era o Feitor e que gostaria muito de ver o interior do avião. O Comandante Lopes ajudou-o a sentarse no lugar da frente, sendo visível o entusiasmo dessa criança. -Temos que comemorar! Os senhores vão almoçar comigo! Foi um lauto almoço, composto por sável frito com arroz de tomate, salada e melão, regado com um vinho branco que, pela sua qualidade, nos deliciou e nos reteve no local em amena conversa até ao fim daquela tarde de verão. Entretanto apareceu uma viatura com mecânicos da Base Aérea da Ota, que desmontaram as asas do avião e o carregaram, regressando todos à OTA, com uma boa quantidade de melões oferecidos pelo Feitor da quinta. Na semana seguinte o avião já estava novamente a voar. Em conclusão: Em seguida, teve a seguinte tirada: - Olha, meu menino... vai dizer ao teu avô que o Rogério e o Mané (meu nome familiar) aterraram aqui e estão de barriga vazia! O miúdo, todo vaidoso por ter falado com os aviadores e de se ter sentado dentro do avião, lá seguiu correndo em direção a casa, que se situava perto daquele local. Houve um erro no abastecimento de óleo no motor do avião, tendo sido utilizado um óleo com pouca viscosidade, o que originou o isolamento das velas e a paragem do motor. A providência proporcionou uma maneira inesquecível de passar aquele dia de reencontro com um amigo de infância. Em seguida apareceram dois elementos da GNR de bicicleta, provavelmente alertados por telefone pela Base da OTA. Tive uma grande dificuldade para convencer a família de que a razão para chegar tardíssimo a casa, com sinais evidentes do efeito daquele vinho branco maravilhoso de Alpiarça, tinha sido um acidente de avião!! Com as bicicletas que nos emprestaram, fomos a Alpiarça telefonar para a Base, enquanto aqueles ficaram de guarda ao avião. Ivo da Silva Na chegada de regresso ao local da aterragem, encontramos o Feitor da quinta que, visivelmente espantado afirmou: - Nesta quinta já caiu chuva e granizo. Agora um avião é a primeira vez! O avião Chipmunk AFAP 19 AQUELES QUE PARTINDO PERMANECEM NA NOSSA MEMÓRIA Eng. Nuno Martins 1926-01-02 2011-08-05 Ápio Fernando Saramago Roque 1937-04-14 2011-10-25 TCor. Francisco João Marques Camboias 1934-02-11 2011-11-26 Dr. Alberto Luís das Neves Vasconcelos 1943-04-25 2011-12-22 Cap. Enf. Maria Manuela França 1934-02-06 2011-12-27 Cor. Manuel Augusto Taborda Teixeira 1929-10-22 2012-01-06 Cap. António Mário Castro Camacho 1934-09-25 2012-01-13 Cap. Domingos Caixinha Ramos 1935-01-05 2012-01-08 Maj. Joaquim de Oliveira Miranda 1924-12-11 2012-02-01 Cor. Carlos Manuel M. Ferreira dos Santos 1925-03-31 2012-02-15 TCor. José Fernando Feliciano Gomes 1931-11-24 2012-02-16 índice Os nossos Associados.............................................................................................................2 Editorial....................................................................................................................................3 Relembrando a História............................................................................................................5 Atividades da AFAP................................................................................................................10 Ases da Aviação de Combate................................................................................................12 O cantinho do Cardosão........................................................................................................13 Recordando............................................................................................................................15 Histórias pitorescas da aviação.............................................................................................16 Aqueles que partiram permanecem na nossa memória........................................................19 ELOS QUE PERDURAM PASSADO - PRESENTE - FUTURO