Tribuna Liberal bons tempos Quarta | 14 de Setembro | 2011 | PG 04 HISTÓRIA DA FAMÍLIA COVALENCO Gregório Covalenco nasceu na província de Poltava, grande aldeia de Veliko-Buromea, na época sul da Rússia e hoje território da Ucrânia. Veio para o Brasil ainda jovem, com seus pais Maxim Covalenco e Anna Dmitrenco Covalenco. Aqui em Sumaré Gregório trabalhou com o pai e irmãos na lavoura. Mais tarde mudou-se para São Paulo, para trabalhar na antiga Força Pública do Estado de São Paulo. Casado com Christina Macarenco Covalenco, não teve filhos. Era um audo-didata. Lia muito. Com determinação, conseguiu escrever 56 folhas de próprio punho, sobre a saga da família, que intitulou de “Pequena Biografia da Família Covalenco”. Terminou esse trabalho em 1954. Graças aos familiares de Gregório, a Associação Pró-Memória de Sumaré recebeu uma cópia desse extenso trabalho e começa sua publicação a partir desta edição. INTRODUÇÃO Para compor esta biografia familiar, tive que esbarrar em inúmeras dificuldades, a fim de obter dados comprobatórios. Essas inúmeras pesquisas levaram décadas. Por inúmeras vezes ouvi as narrativas transmitidas pela minha progenitora, Ana Dmitrenco Covalenco. Eu deixava passar anos e mais anos, e abordava novamente o assunto, tomando nota de todos os porme- nores. Depois de mais de 30 anos analisei suas declarações feitas durante todos esses longos anos, e após conferidas, achei tudo certo, sem um único erro ou omissão. Sou de opinião que a mesma se baseia nos mais verídicos fatos, principalmente quanto aos nomes dos nossos antepassados. Quanto aos fatos mais recentes, que datam de 45 ou mesmo 50 anos atrás, sou contemporâneo dos mesmos, fato que tornou-se-me mais fácil de registrar alguns deles, mais ou menos dignos de nota, que se passou em nossa família. AS ORIGENS Como viveram os nossos antepassados, de onde vieram se sempre residiram no mesmo lugar, com exatidão não me foi possível colher dados e pormenores a esse respeito. Sabe-se, entretanto que todos eles, quer do ramo direto, quer do ramo indireto, viviam na maior obscuridade, e muito pobres, na Rússia. Todos eles foram de raça eslava, da religião ortodoxa e viveram na Província de Poltava (sul da Rússia européia), no município de Zolotonivsk e no distrito ou aldeia de Veliko-Buromea, que contava com mais de 1.000 famílias. De longas gerações trabalhavam para as gerações dos condes ou duques de Cantacusoff, que eram grandes senhores das terras, de quase metade da província, onde faziam enormes plantações Associação Pró-Memória de beterraba para o fabrico de açúcar, bem como outros cereais em grande escala, e que os referidos senhores Cantacusoff residiam em São Petersburgo, que era a capital do país naqueles tempos. Eles somente visitavam as suas grandes propriedades com as famílias, uma vez cada ano, em fins das grandes colheitas, onde comemoravam as mesmas com grandes festas, na qual tomava parte toda população da Velico-Buromea (naturalmente cada um seu lugar). Essas festas ficavam na memória da população por longas datas. De acordo com as leis do País, naqueles tempos, toda população que trabalha para os senhores Cantacusoff eram escravos, ou semi-escravos, visto que deveriam trabalhar gratuitamente aos seus senhores três dias por semana e somente recebiam um pequeno salário. Essa lei foi modificada ou extinta na Rússia somente em 1867 pelo Czar Alexandre II. Essa monótona vida que viveram nossos antepassados durou gerações inteiras. Trabalhavam metade do tempo aos seus senhores gratuitamente em tempo de paz; em tempo de guerra eram apresentados pelos senhores para irem à luta, ou onde serviam ao governo na qualidade de serviço militar durante vinte anos, como aconteceu com meu avô materno. _______________________ (Gregório Covalenco) João Covalenco com o irmão Gregório Covalenco Cenas do Cotidiano O GUARDA-CHUVA Autor do Texto - Alaerte Menuzzo - Professor de História e Diretor da Pró-Memória Campineiro de família ilustre, Francisco de Arruda Rozo, ou sim- plesmente Chiquito, veio morar em Sumaré. O motivo era econômico: comprou uma fábrica de produtos de limpeza, chamada Vidrovel. Construiu uma bela casa na estrada que ia para o Sítio do Marcelo, hoje rua Marcelo Pedroni. Ficava distante do centro da cidade, onde tinha sua pequena indústria. O centro a que nos referimos era a rua 7 de Setembro. Lá é que se concentravam quase todos os negócios, e as poucas coisas interes- santes que a cidade podia oferecer. Coisa boa nessa época eram as amizades e Chiquito disso se aproveitou logo. Bom conversador que era, fez logo um largo círculo de amigos: Doutor Leandro Franceschini, Umberto Dedona, Bepino Biancalana, e outros. E especialmente os irmãos Menuzzo, que tinham uma padaria na mesma rua. Pois era nessa padaria que as coisas atraentes aconteciam para nosso focalizado: bate-papos, aperitivos, jantares, joguinho de cartas... Não demorou muito para que o Chiquito dividisse seu tempo entre a fábrica e essa padaria. Numa noite chuvosa nosso focalizado participou de uma cervejada na Padaria até às 10 da noite. Quando a chuva amainou, saiu com seu guarda-chuva em direção à sua residência. Subiu toda 7 de setembro, virou a José Maria Miranda e depois entrou na estrada que hoje é a Marcelo Pedroni. Era de terra batida, melhor dizendo, de barro, com pequenos barrancos. Perto de casa sentiu um incontrolável desejo de urinar. Coisa natural, depois de tanta cerveja! Pensou na esposa, dona Carmita. Além da bronca do horário, ela ia notar que tinha bebido um pouco além da conta se fosse direto para o banheiro. Por isso, resolveu acertar a conta com a bexiga ali mesmo no caminho. Um pouco cambaleante, enfiou o guarda-chuva no barranco para não cair e tirou a água do joelho. Depois seguiu caminho. Dona Carmita o recebe, com a inevitável bronca: - Isso é hora? Não tem mais casa? Cadê o guarda-chuva? Mais que pronto, mostrou que ele estava na sua mão. Aí, surpresa: viu que estava segurando somente o cabo. Meio sem jeito, se explica: - Ih, o resto ficou no barranco! ASSOCIAÇÃO PRÓ-MEMÓRIA DE SUMARÉ Temos um acervo de aproximadamente 200.000 documentos e 40.000 fotos. Se tiver interesse em preservar as fotos de sua família ou publicá-las, dirija-se ao Centro de Memória. Estudantes, professores, pesquisadores e população em geral são sempre bem-vindos. A Associação Pró-Memória é uma entidade particular, sem fins lucrativos. Se você quiser ajudá-la a se manter ou ampliar suas atividades, torne-se um sócio. Custa R$ 20,00 por mês. Por conta disso, você recebe um DVD com todo material publicado no mês pela imprensa local e um filme original de Sumaré. Endereços: Praça da República 102 – Centro –E-mail [email protected] - Fones 3803-3016 e 3883-8829