XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011. PROPOSIÇÃO DE INDICADORES PARA EMPRESA DE PEQUENO PORTE: O CASO DA ACL PRODUTOS PLÁSTICOS Claudia Medianeira Cruz Rodrigues (UFRGS) [email protected] Luciano Pegoraro Colombo (UFRGS) [email protected] Luiz Gonzalves Paraboni Neto (UFRGS) [email protected] Em um cenário cada vez mais competitivo para as indústrias, faz-se necessário o planejamento e acompanhamento de indicadores que possibilitem um maior controle do processo produtivo, além do direcionamento de ações de melhoria. Este estudo têm por objetivo propor indicadores para uma indústria do setor têxtil, o qual auxilie na melhoria dos processos produtivos e na gestão da produção, assim como na tomada de decisão. Para tanto, a metodologia adotada seguiu os moldes de um estudo de caso e neste estudo foram realizadas análises de mapas de processo, visitas técnicas e levantamento de informações. Os resultados propostos seguiram a abordagem dos indicadores propostos por Hronec (1994), os quais abrangem qualidade, tempo e custo, possibilitando o mapeamento do desempenho geral da empresa o que proporcionará condições aos gestores no auxílio à tomada de decisão e nas ações de natureza estratégica e operacional. Palavras-chaves: Indicadores; Indústria têxtil; Medição de desempenho. XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011. 1. Introdução Com a crescente concorrência entre empresas, tanto em nível nacional quanto internacional, faz-se necessário obter o máximo de desempenho possível no setor produtivo ou de prestação de serviços. Face a isto, é imprescindível definir metas de desempenho e, posteriormente, critérios e/ou parâmetros para o acompanhamento das mesmas. Nesse contexto, a utilização de um sistema de indicadores é de fundamental importância para o efetivo controle e gerenciamento da produção, auxiliando também na tomada de decisão pela alta gerência. Face a já citada competitividade atual, melhorar os processos é fato comum para as empresas. Nesse sentido, o principal entrave é como tornar isto uma realidade no ambiente produtivo. Para tanto, Hronec (1994) comenta que as medidas de desempenho tornam possível e contínua a melhoria do processo, estabelecendo um benchmarking entre setores e empresas. Neste cenário de intensa competição e busca por melhorias nos processos, está inserido o setor têxtil. Segundo a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT), este setor no Brasil compreende mais de 30 mil empresas, além de gerar 1,65 milhões de empregos em sua imensa cadeia produtiva. Mais ainda, o Brasil já está entre os 10 maiores mercados mundiais da indústria têxtil, além de estar entre os cinco principais países produtores de confecção. Assim, é evidente a necessidade de implantação de sistemas de indicadores neste setor, que possibilitem gerar um diferencial competitivo para a empresa frente ao grande número de produtores têxteis presentes no mercado. De encontro a isto, este estudo foi realizado em uma indústria do setor têxtil, de médio porte, situada em Porto Alegre/RS e teve como base um projeto realizado nesta mesma empresa pela EPR Consultoria, Empresa Júnior da Engenharia de Produção da UFRGS. O projeto realizado pela EPR Consultoria teve como focos principais a implantação da metodologia 5S e o mapeamento dos processos produtivos da empresa. Tal projeto foi realizado de janeiro a junho de 2010 e teve o envolvimento de quatro consultores da EPR, que realizaram o trabalho em seis etapas, ou seja: (i) análise preliminar; (ii) 5S; (iii) Curva ABC; (iv) Mapeamento de Processos; (v) Cronoanálise e, (vi) Proposição de melhorias. A análise preliminar consistiu em prover aos consultores um conhecimento geral do funcionamento da fábrica, bem como de seus setores, colaboradores e envolvidos. A partir de então, foi possível mobilizar o setor produtivo para a implantação da metodologia 5S, que visou melhorar o ambiente produtivo, principalmente no que se refere a otimização de espaço e melhoria dos postos de trabalho. A curva ABC foi utilizada para a priorização dos produtos a serem posteriormente mapeados através de entrevistas e observação in loco. A cronoanálise dos processos foi realizada utilizando-se de mapas obtidos anteriormente. Por fim, com base nos dados e informações coletadas ao longo do projeto, foram propostas melhorias para a produção da ACL Produtos Plásticos Ltda. Dentre os resultados obtidos, destaca-se a identificação do gargalo da ACL, a costura terceirizada, e a proposição de ferramentas para a gestão e melhoria do mesmo. Além disto, percebeu-se a necessidade da implantação de um sistema de indicadores, vinculados a planos de ação de melhoria. Levando-se em consideração tal contexto, este trabalho possui como objetivo propor indicadores que auxiliem a ACL Produtos Plásticos Ltda no controle e na gestão de sua produção, assim como no direcionamento das ações de melhoria nos processos produtivos. Para auxiliar na proposição de indicadores, surgem diversos modelos na literatura que tratam de sistema de indicadores, a citar o de desempenho Quantum, proposto por Hronec (1994), o qual será objeto deste estudo. 2 XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011. Acredita-se que tal proposição irá auxiliar na redução de custos da empresa, já que evidencia pontos críticos da produção e, deste modo, viabiliza a priorização de ações. Para tanto, este artigo está assim estruturado: na primeira seção encontra-se a introdução seguida do referencial teórico na seção 2; na terceira seção são apresentados os procedimentos metodológicos; na quarta seção os resultados acompanhados da seção 5 que apresenta os indicadores propostos; a conclusão é apresentada na sexta seção e, por fim, na seção 7 as referências utilizadas. 2. Referencial Teórico Esta seção apresenta o referencial teórico deste estudo que trata dos conceitos e modelos de sistemas de indicadores utilizados nas organizações. 2.1 Indicadores Indicadores podem ser considerados medidas de desempenho. Segundo Hronec (1994), medidas de desempenho são sinais vitais das empresas, pois quantificam como as saídas dos processos atingem seus objetivos específicos. Indicadores fazem com que a estratégia seja comunicada de cima para baixo e resultados de baixo para cima nos escalões da organização. Ainda, segundo o autor, com uma visão uniforme dos sinais vitais todos podem trabalhar para a operacionalização da estratégia, atingimento de metas e melhoria contínua. Carvalho (1995, apud MÜLLER, 2003) afirma que um indicador deve ser um meio de quantizar uma situação prática em relação a um padrão estabelecido. No entender de Sink e Tuttle (1993), o objetivo da medição é a melhoria. Para Hronec (1994), as razões para se usar medidores são priorizar atuações, profissionalizar decisões, possibilitar acompanhamentos históricos e permitir o gerenciamento. Existem diversos modelos teóricos de sistemas de indicadores, os quais podem ser entendidos como um conjunto de indicadores aliados a um processo definido de alimentação e análise dos mesmos, aplicáveis a diferentes estratégias e realidades. Para este estudo de caso foram utilizados, em primeira instância, alguns destes modelos, os quais serão apresentados a seguir. 2.2 Sistemas de Indicadores Dentre os modelos de sistemas de indicadores, destacam-se: de Sink e Tuttle (1993), de Hronec (1994), do Prêmio Nacional da Qualidade (PNQ, 1994), de Norton e Kaplan (1997) e de Sveiby (1998). Norton e Kaplan (1997) vinculam o sistema de indicadores à estratégia da empresa, através do Balanced Scorecard (BSC), que utiliza quatro perspectivas: financeira, dos clientes, dos processos internos e do aprendizado e crescimento. Neste modelo há um alinhamento entre as perspectivas, que estão relacionadas com os objetivos estratégicos da empresa. Todos os indicadores se enquadram nas perspectivas citadas. Já o modelo do PNQ (1994) propõe que as medidas de desempenho devem ser de fácil utilização, para planejamento e controle e são classificadas em quatro categorias: satisfação dos clientes, desempenho financeiro, desempenho operacional e clima organizacional. Através desse modelo é possível se obter um panorama de diversas áreas e setores da empresa que, analisado como um todo, fornece uma visão geral do desempenho. No entanto, para o presente estudo notou-se que a concepção de alguns modelos se adaptam melhor à estrutura da empresa. Assim, as abordagens utilizadas neste trabalho foram as propostas por Hronec (1994), Sveiby (1998) e de Sink e Tuttle (1993), e serão apresentadas a seguir. 3 XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011. 2.2.1 Modelo de Hronec Hronec (1994) propôs um sistema de medição de desempenho apoiado em categorias de medidas: (i) qualidade, (ii) tempo e (iii) custo. Qualidade, para o autor, significa excelência no produto. Tempo quantifica a excelência do processo e custo quantifica o lado econômico da excelência. Ainda, o relacionamento entre custo e qualidade corresponde ao ‘valor’ percebido pelo cliente. Analogamente, o relacionamento entre qualidade e tempo remete ao ‘serviço’ captado pelo cliente. A Figura 1 ilustra as categorias de medidas de desempenho, assim como sua relação através do Desempenho Quantum, que segundo o autor é o nível de realização que otimiza o valor da organização para seus envolvidos, como clientes, colaboradores e acionistas, além de demonstrar interfaces entre as categorias de medidas. Fonte: Hronec (2004) Figura 1 - Desempenho Quantum Alguns exemplos de indicadores que podem se enquadrar nas categorias de Hronec (1994) são: tempo médio de atendimento de pedidos, preço médio de produtos e durabilidade dos mesmos, entre outros. Ainda, segundo Hronec (1994), existem três níveis de mobilização das empresas: humano, processo e organização. Para ele, a implementação é um processo em etapas, que envolve: (1) desenvolver e validar as rotinas, (2) obter aprovação da administração, (3) submeter o plano de implementação aos atuantes no processo, (4) medir e confeccionar relatórios e, (5) avaliar as medidas e melhorar continuamente as medições. 2.2.2 Modelo de Sveiby Sveiby (1998) propôs a representação de uma série de indicadores denominada "monitores de ativos intangíveis", cujo objetivo é criar um sistema de informação para os administradores da empresa. A avaliação dos ativos intangíveis é usada para atender necessidades de clientes e gestores e os mesmos são classificados em categorias como: estrutura externa, estrutura interna e competência pessoal. Os ativos intangíveis podem ser: aumento da experiência média profissional, taxa de rotatividade dos profissionais, índices de clientes satisfeitos, taxa de novatos, entre outros. 2.2.3 Modelo de Sink e Tuttle Sink e Tuttle (1993) afirmam que existem sete critérios de desempenho nas organizações, ou seja: qualidade, eficácia, eficiência, produtividade, qualidade de vida no trabalho, inovação e lucratividade. Eficácia é a comparação do resultado obtido com o esperado; eficiência é uso 4 XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011. dos recursos; qualidade são pontos de verificação; produtividade é a relação entre inputs e outputs; inovação é o processo criativo e, por fim, lucratividade é a medida entre receitas e custos. Segundo os autores, a metodologia geral de medição de desempenho é composta por seis fases: (1) preparação, (2) o que medir, (3) desenvolver o processo de medição, (4) coletar os dados necessários, (5) validar o output do processo e, (6) vincular com a melhoria. De um modo geral, os modelos apresentados fazem uma síntese das possibilidades de implementação de sistemas de indicadores em uma organização. Adaptando-se essas sistemáticas à realidade das empresas é possível que se obtenha dados confiáveis para futuras ações. Assim, através da análise dos modelos descritos nos itens acima, é possível definir uma sistemática de indicadores para a ACL Produtos Plásticos Ltda. 3. Procedimentos Metodológicos Os procedimentos metodológicos adotados no estudo constam dos seguintes itens: (i) a empresa em estudo; (ii) abordagem metodológica; (iii) população-alvo e (iv) coleta e análise de dados. 3.1 A Empresa em Estudo A empresa objeto de estudo é a ACL Produtos Plásticos Ltda., indústria do ramo têxtil, de pequeno porte, situada em Porto Alegre, RS. Atualmente, conta com 22 colaboradores, sendo 14 lotados no setor de produção e 8 no setor administrativo, além de mais de cem costureiras prestando serviço de forma terceirizada. Os produtos que a empresa comercializa são bolsas, pastas e mochilas. Seus produtos têm alto nível de personalização, sendo fabricados apenas sob encomenda, em grandes quantidades. Para auxiliar na compreensão do macro-processo produtivo da empresa, foi elaborado o fluxograma, conforme demonstra a Figura 2. Desenvolver produto Produto aprovado? Não FIM Sim Aviamentos INICIO LEGENDA Gerar lotes de aviamentos Corte D. Produto Macro-Processo Produtivo Preparar produção do corte Início/Fim do MacroProcesso Cortar tecidos Necessita serigrafar? Sim Preparar produção da serigrafia Serigrafar tecidos Costura Não Realizar costura Inspeção Serigrafia Processo Realizar inspeção Decisão Necessita consertos? Consertos Sim Não Encaminhar para cliente final FIM Relação de dependência/ precedência Consertar produtos 5 XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011. Figura 2 - Mapa do Macro-Processo Produtivo Como se pode visualizar na Figura 2, os processos produtivos internos (aviamentos, serigrafia e corte) fornecem produto semi-acabado para a costura. Ou seja, são agrupados tecido (serigrafado ou não) e aviamentos em sacos plásticos, que por sua vez são encaminhados às costureiras terceirizadas para a execução da costura e posterior retorno à fábrica para inspeção. Finalmente, depois da inspeção e de eventuais consertos, o produto final é encaminhado ao cliente. Uma maior análise do macro-processo produtivo como um todo, bem como de seus processos, será apresentada na seção 4. 3.2 Abordagem Metodológica O presente trabalho caracteriza-se como sendo um estudo de caso, que no entender de Yin (2001), é uma investigação empírica que analisa um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto da vida real. O mesmo foi desenvolvido junto à empresa ACL Produtos Plásticos Ltda, o que permitiu um amplo e detalhado conhecimento a respeito do funcionamento da mesma. 3.3 População-alvo Foi considerado como público-alvo para a proposição de indicadores o setor de produção como um todo, particularmente os processos de aviamentos, corte, costura (terceirizada) e inspeção. Estes foram escolhidos por serem críticos no processo produtivo e demandarem maiores cuidados por parte da direção. A serigrafia não foi analisada pelo fato da utilização de tinta, principal matéria-prima do setor, e essa no momento da coleta dos dados seria de difícil medição. 3.4 Coleta e Análise dos dados A coleta de dados aconteceu em três etapas. A primeira etapa foi conduzida a partir de pesquisa bibliográfica, a qual proporcionou o suporte teórico ao referido trabalho e possibilitou a definição da abordagem de sistema de indicadores a ser adotada. A segunda etapa foi realizada através de pesquisa documental através dos relatórios e mapas dos processos já existentes na empresa, obtidos através do projeto realizado pela EPR Consultoria, mencionado na seção 1. E, por fim, na última etapa realizou-se pesquisa de campo através de reuniões com a gerência de produção. Nessas reuniões foram levantados interesses dos gestores, bem como pontos críticos do setor produtivo. Através da análise dos relatos e dos mapas, foi possível propor indicadores que possibilitem o controle e gerenciamento de fatores fundamentais para a produção, auxiliando na tomada de decisão pela gerência. A concepção de indicadores utilizada foi o proposto na abordagem de Hronec (1994). A proposição de indicadores para a ACL Produtos Plásticos foi balizado nas etapas propostas pelo autor e foram desenvolvidos indicadores relacionados a qualidade, tempo e custo. A escolha do modelo, validado pela gerência de produção da empresa analisada, buscou possibilitar a utilização de indicadores claros e fiéis à realidade dos processos produtivos. A Figura 3 representa as ações necessárias para a proposição do sistema. Assim, espera-se que o processo de medição de desempenho se torne sólido e contínuo ao longo do tempo. 6 XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011. Figura 3 - Ações necessárias para a elaboração do sistema de medição de desempenho 7 XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011. 4. Resultados Os resultados são apresentados por setor, englobando a análise de cada processo, bem como os indicadores propostos para o mesmo. Assim, o item de resultados se subdivide da seguinte forma: (i) geral; (ii) setor de aviamentos; (iii) setor de corte; (iv) setor de costura e (v) setor de inspeção. 4.1 Geral Para uma análise consistente é importante que as empresas possuam indicadores gerais que sustentam os indicadores setoriais, possibilitando o benchmarking e a melhoria contínua. Na empresa em estudo, não existem indicadores da matéria-prima consumida num determinado período, tampouco do estoque de matéria-prima, demonstrando a necessidade de implantação de indicadores neste sentido. Para possibilitar o controle do consumo de matéria-prima, faz-se necessária uma listagem com especificações de matéria-prima necessária para cada produto, conforme proposto na Tabela 1. Produto Matéria Quantidade/ Matéria Quantidade/ Matéria Quantidade Matéria Quantidade -Prima unidade -Prima unidade (m) -Prima /unidade -Prima /unidade (m²) (m) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Fonte: Elaborada pelos autores Tabela 1 - Matéria-prima necessária para cada produto A partir deste levantamento, pode-se trabalhar com a quantidade de matéria-prima necessária para um determinado período, de acordo com a produção, conforme proposta apresentada na Tabela 2. Data Pedido Produto . . . . . . . . . . . . Fonte: Elaborada pelos autores Unidades Produzidas . . . . MatériaPrima . . . . Quantidade Necessária . . . . Unidade . . . . Tabela 2 - Produção do período e matéria-prima necessária A Tabela 2 será utilizada para o cálculo de perdas de matéria-prima do setor de corte e de aviamentos. Estes indicadores serão apresentados nos itens 4.2 e 4.3. Por fim, foi identificada a carência de controle de atraso dos pedidos, sendo proposta o controle dos mesmos pela Tabela 3. 8 XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011. Pedido Produto Unidades . . . . . . Fonte: Elaborada pelos autores Data da Solicitação . . Data Planejada de Entrega . . Data de Entrega Dias de Atraso . . . . Tabela 3 - Prazo de entrega de pedidos 4.2 Setor de Aviamentos O setor de aviamentos conta com apenas um colaborador, e o processo consiste basicamente em acoplar lotes de aviamentos diversos (passadores, zippers, linhas, elásticos, entre outros) aos pedidos que são encaminhados à costura terceirizada. Logo, a complexidade das operações é baixa. Além disso, o nível de estoque do setor de aviamentos tende a ser constante, o que ocorre devido ao fato da compra de matéria-prima ser efetuada no momento da solicitação de novos pedidos, exatamente na quantidade demandada. Todavia, existe a necessidade de controlar a matéria-prima utilizada em cada pedido, obtendo, assim, o percentual de perdas do setor, como pode ser visto pela proposição na Tabela 4. MatériaPrima Unidade Total Necessário Total Adquirido Perdas Perdas (%) R$ em perdas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Fonte: Elaborada pelos autores Tabela 4 - Perdas de matéria-prima no setor de aviamentos 4.3 Setor de Corte Para o processo de corte, a principal necessidade é a de controle da matéria-prima. Para isso, primeiramente foi elaborada a Tabela 5, que leva em conta as matérias-primas em estoque e o total adquirido das mesmas no mês analisado. A partir disto e das Tabelas 1 e 2, pode-se obter uma estimativa de perdas de matéria-prima no processo de corte, em número de metros quadrados de tecido, porcentagem e valor financeiro, o que está apresentado na Tabela 6. MatériaPrima Unidade Estoque Inicial . . . . . . . . . Fonte: Elaborada pelos autores Estoque Final Diferença . . . . . . Tabela 5 - Nível de estoque do Corte 9 XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011. MatériaPrima Unidade Total Necessário . . . . . . . . Fonte: Elaborada pelos autores Diferença Estoque Total Adquirido Perdas Perdas (%) R$ em perdas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Tabela 6 - Perdas de matéria-prima no processo de corte 4.4 Setor de Costura Para o setor de costura, setor esse que é terceirizado, são propostos indicadores em relação à qualidade e prazo dos serviços das costureiras, ambos feitos por pedidos. Vale ressaltar que estes indicadores derivam de uma planilha de controle da costura elaborada no projeto realizado pela EPR Consultoria. No campo complexidade, são levadas em conta as dificuldades ou exigências na fabricação dos produtos, onde 1 significa complexidade baixa, 2 média e 3 alta. Na avaliação do prazo, os dias de atraso de cada pedido levam a uma avaliação de prazo. Em relação a qualidade, leva-se em consideração se foi realizado o acabamento dos produtos, dá-se uma nota para a qualidade do produto como um todo e julgase a quantidade de consertos do pedido. Finalmente, através destes três critérios, obtém-se uma avaliação da qualidade do pedido entregue. A Tabela 7 apresenta estas avaliações, de qualidade e prazo de entrega. Dados do Pedido Avaliação de Prazo de Entrega Avaliação de Qualidade Pedido Produto Comp. (1 - 3) Data da Solicitação Data Prevista da Entrega Data da Entrega Dias de Atraso Avaliação de Prazo (0 -10) Acaba mento Realiza do? Qualidade do Produto (0 - 10) Necessitou Consertos? Nº de Consertos Nº de Consertos (%) Avaliação de Qualidade (0 - 10) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Fonte: Elaborada pelos autores Tabela 7 - Avaliação da qualidade e prazo de entrega das costureiras 4.5 Setor de Inspeção Paralelamente foi criada para o processo de inspeção, uma tabela por pedidos que faz a comparação entre unidades produzidas e unidades defeituosas. Assim, pode-se ter uma idéia da qualidade dos produtos fabricados no mês analisado, através do percentual de defeituosos. A Tabela 8, que determina o indicador do setor de inspeção, é apresentada a seguir. Data Pedido Produto Unidades Produzidas Unidades Defeitosas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Unidades Defeitosas (%) . . . . 10 XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011. Fonte: Elaborada pelos autores Tabela 8 - Unidades defeituosas no processo de inspeção 5. Indicadores Propostos A Tabela 9 propõe indicadores, de acordo com as três categorias de Hronec (1994), ou seja, qualidade, tempo e custos. Além disto, a Tabela relaciona os indicadores com a periodicidade, setor e responsável pela alimentação dos dados. Categoria Hronec Indicador Unidade Periodicidade Setor Responsável Apoio Produção Unidades produzidas Mensal Geral Gerente de Produção Qualidade Qualidade da Costura 0 - 10 Por pedido Costura Chefe Costura Qualidade Unidades Defeituosas % Mensal Inspeção Chefe Inspeção Tempo Prazo da Costura 0 - 10 Por pedido Costura Chefe Costura Tempo Prazo de Entrega Média de dias de atraso Mensal Geral Gerente de Produção Custos Perdas Matéria-Prima R$ Mensal Corte Chefe Corte Custos Perdas Matéria-Prima R$ Mensal Aviamentos Chefe Aviamentos Fonte: Elaborada pelos autores Tabela 9 – Indicadores Propostos Em relação à Tabela 9, a coluna de melhorias expõe a classificação dos indicadores proposta por Hronec (1994). Na coluna unidades, são determinadas as métricas dos indicadores, onde 0-10, por exemplo, corresponde à avaliação de qualidade e prazo das costureiras, que é realizada pelo gerente de produção. Assim, os indicadores visam estabelecer a relação qualidade e tempo, gerando, segundo Hronec (1994), percepção de serviço pelo cliente. Tal apontamento é evidenciado pelo fato de que tais indicadores simbolizam, direta ou indiretamente, o prazo de entrega ao cliente final e a qualidade do processo mais importante (costura) para o produto final. Mais ainda, a relação de qualidade e custos, que gera valor para o cliente, é apresentada na forma da relação entre indicadores de custos produtivos (indiretamente reduzem os custos percebidos pelo cliente) e da avaliação de qualidade já referenciada. 6. Considerações Finais Com a proposição do modelo de indicadores atingiu-se o objetivo do trabalho, ou seja, a proposição de indicadores que permita a ACL Produtos Plásticos Ltda ter um maior controle sobre os processos produtivos. Através de uma análise global dos indicadores, pode-se ter uma idéia clara de qualidade, prazo e custos gerados na produção, conforme o modelo de Hronec (1994). Através da interrelações entre os indicadores, pode-se inferir o nível do serviço e valor do produto, ainda, conforme o modelo utilizado. Portanto, os indicadores propostos, se interpretados conjunta e criticamente, podem embasar análises e auxiliar na tomada de decisão pela gerência da ACL Produtos Plásticos. Por fim, a análise do sistema de indicadores possibilita à gerência de produção da empresa analisada o direcionamento das ações de melhoria. Uma vez que os indicadores propostos retratam pontos críticos da produção, uma melhora nesses índices trará um impacto positivo para o processo produtivo da ACL Produtos Plásticos. Paralelamente, a melhoria em 11 XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011. indicadores de qualidade, tempo e custos afetará positivamente os clientes da empresa em análise. Portanto, a consolidação e aperfeiçoamento do sistema de medição de desempenho proposto pode trazer competitividade e vantagens para a ACL Produtos Plásticos no seu mercado de atuação. 7. Referências ABIT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA TÊXTIL E DE CONFECCÃO. Disponível em: <www.abit.org.br> Acesso em: 28. Set. 2010. EPR CONSULTORIA. Aprimoramento do Controle de Produção da ACL Produtos Plásticos Ltda. Porto Alegre: UFRGS, 2010. FNQ - FUNDAÇÃO PARA O PRÊMIO NACIONAL DA QUALIDADE. Indicadores de desempenho. São Paulo: 1994. HRONEC, S. M. 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