Impacto da tecnologia de software nas organizações Com o intuito de que a tecnologia da Informação se torne, de fato, um instrumento de apoio e de facilitação da atividade no mundo real, é necessário que todos os constituintes do sistema sejam levados em consideração. Autores da Teoria da Atividade, que estuda o impacto da tecnologia nas organizações, cunharam dois conceitos relevantes: breakdowns e “contradições”. Breakdowns São cortes que ocorrem na interação entre usuário e sistema, situações que não podem ser caracterizadas como erro, mas também não permitem que o usuário alcance o seu objetivo; Eles podem ser de cunho tecnológico (equipamentos elétricos, hardware, software,...) ou humano (falha na execução de uma atividade prevista, por exemplo); Exemplos de breakdowns tecnológicos são a) o de um servidor de email fora do ar e b) o da falta de energia no Sistema de bibliotecas que causa uma interrupção na alimentação do sistema de empréstimos online; Exemplos de breakdowns humanos são a) o de demora da atualização do sistema após a volta da energia, causando discrepâncias entre a situação real e o estado do sistema, e b) o que ocorre quando um sistema de gestão de revisão de artigos científicos desconsidera a possibilidade de um dos revisores não responder às solicitações de revisão; Os breakdowns devem ser antecipados em tempo de projeto e seu tratamento deve ser garantido, para que o sistema funcione sem falhas no mundo real, dentro da atividade para a qual ele foi projetado. Contradições As contradições ocorrem quando uma tecnologia é implantada sem que as condições necessárias ao seu bom funcionamento sejam garantidas. (Bom) Exemplo: Portal dia-a-dia-educação, da SEED/PR (Foi realizado todo um planejamento de maneira a evitar a ocorrência de contradições!) Desafios: a) Garantir o funcionamento continuado dos 2100 laboratórios de acesso à Internet instalados em todas as escolas públicas estaduais (causa clássica do fracasso dos programas de Informática na Educação); b) Garantir que os docentes se apropriassem da tecnologia como mais um instrumento pedagógico, mesmo sem ter tido nunca contato com o computador; c) Garantir a qualidade das contribuições dos professores ao Portal; d) Incentivar a postura colaborativa numa realidade social adversa. Soluções: a) desenvolvimento de sistema de administração remota dos laboratórios das pontas (C3SL, UFPR); b) criação de um novo papel na estrutura educacional do Estado, o professor especializado em Tecnologia da Informação, em particular nos ambientes de software livre, a atuar como sensibilizador e multiplicador de conhecimento (oferta de treinamentos e posterior concurso interno para as vagas criadas; c) criação de grupos de avaliadores de contribuições metodológicas por área do conhecimento componentes do ensino médio (matemática, português, biologia,...) que passaram a receber as propostas de contribuições ao Portal, avaliá-las, interagir com os autores para a sua melhoria e, se o processo tiver sucesso, liberá-las para compartilhamento pela comunidade docente; d) criação de nova estratégia de progressão em que um conjunto de X contribuições aceitas determinaria um nível de progressão na carreira, com um máximo. (Criação do hábito, catalisador da percepção da superioridade das vantagens em relação às desvantagens). Especificação de tarefas O design de ambientes de interface e interação deve ter como “ponta do iceberg” a atividade no mundo real à qual a aplicação vai dar suporte. Essa atividade, juntamente com a forma como ela é realizada sem a intervenção tecnológica, deve determinar as tarefas a serem oferecidas pela aplicação e os termos a serem selecionados para a sua rotulação; As tarefas, por sua vez, devem ser decompostas em sub-tarefas ou ações, que podem ter equivalentes na estruturação da atividade no mundo real ou serem ações de cunho computacional; As ações serão solicitadas pelo usuário por meio de operações físicas (pressão de um botão, digitação de caracteres, toque numa tela sensível, entre outras) sem semântica intrínseca. Atividade (mundo real) Tela inicial Tarefa (sub-atividade) 1 Ação 1 ... Ação M ... Ação 1 Tarefa (sub-atividade) N ... Ação L (Pode haver sub-ações.) Operação 1 ... Operação O Exemplo: Ações de edição do editor de textos do paradigma WIMP (Libre Office) Atividade: Redação de textos Tarefas associadas à atividade: Escrever um texto; Mudar um trecho de uma posição para outra no texto; Retirar um trecho do texto; Repetir um trecho em outra posição do texto; ... Ações associadas à tarefa “Mudar um trecho de uma posição para outra no texto”: 1. Selecionar o trecho específico; 2. Ativar a opção “Cortar”; 3. Posicionar o cursor na posição de destino; 4. Selecionar a opção “Colar” Operações associadas à ação “Selecionar o trecho específico” 1.1 Segurar e posicionar o mouse de forma que o cursor fique pisicionado imediatamente antes do primeiro caractere do trecho em questão; 1.2 Pressionar o botão esquerdo do mouse; 1.3 (Com o botão esquerdo pressionado) arrastar o mouse até que o cursor fique imediatamente depois do último caractere do trecho; 1.4 Soltar o botão. Operações associadas à ação “Ativar a opção “Cortar”” 2.1 Segurar e posicionar o mouse de maneira que o cursor fique posicionado sobre o menu “Editar”; 2.2 Pressionar o botão esquerdo do mouse e movê-lo de forma que o cursor vá descendo até ficar posicionado sobre a opção “Cortar”; 2.3 Soltar o botão. OU 2.1 Segurar e posicionar o mouse de maneira que o cursor fique posicionado sobre o ícone da tesourinha; 2.2 Clicar.