PLANTAÇÃO DE UMA VINHA NO DOURO (1)
António José T. Magalhães (2)
Novembro de 2003
Comunicação no Seminário “Instalação da Vinha”
Universidade de Trás-os-Montes e Alto-Douro, 6 de Novembro de 2003
1. “Armação” do terreno nas vinhas de encosta
É mais fácil a plantação de uma vinha na planície do que na encosta.
Ao contrário da planície, ou das encostas suaves, há factores que não controlamos
nas encostas mais declivosas, ou, quando muito, nestas encostas temos de nos sujeitar às
limitações naturais que encontramos. Por exemplo, e desde logo, a escolha da melhor
orientação das linhas de plantação e do seu comprimento, está longe das facilidades que
as planícies oferecem.
As dificuldades na plantação das encostas são ainda maiores quando pretendemos
mecanizar as tarefas vitícolas, rivalizando com as vinhas de planície. Neste caso surge, e
há simples dificuldade soma-se o custo acrescido que isso representa, a “armação” do
terreno que é, antes de mais, função do declive inicial da encosta e da profundidade e
fertilidade natural do solo.
No nosso caso, adoptamos, restringindo na prática a escolha, duas soluções para a
“armação” do terreno nas encostas:
Declive inicial da encosta
Até 35 a 40%
> 35 a 40%
Solução proposta
Vinha “ao alto” com talhões desnivelados por taludes em
terra e estradas de trabalho com 7 metros de largura. Nos
maiores declives, o comprimento útil das linhas de
plantação varia entre 50 e 80 metros e depende do declive
(erosão das chuvas e penosidade do trabalho de pessoas e
máquinas).
Patamares estreitos (2,3 a 2,5 metros de largura) com 1
linha de plantação a 0,6 a 0,8 metros de distância do
ombro do talude. Estes patamares têm uma inclinação
longitudinal de 3% (garantida com o auxilio de
equipamento laser próprio no terraceamento) e para o
interior.
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Já na replantação de vinhas em socalcos tradicionais, que queremos preservar,
seguimos um modelo próprio, considerando duas soluções:
a) Conservar apenas os muros melhor situados e em bom estado e que
redimensionem entre eles os novos socalcos para vinha “ao alto” ou em
patamares estreitos e sempre consoante o declive.
b) Replantar a vinha nos mesmos socalcos, o que exige a conservação e a
reconstrução dos muros de pedra e a adopção de um novo modelo de
plantação que, na essência, conserve as virtudes das vinhas velhas tradicionais
(altas densidades de plantação, protecção da erosão das chuvas e valor
paisagístico), enquanto resolve a penosidade do trabalho manual e facilita a
conservação e a reconstrução dos muros de pedra. Nestas novas vinhas, cujo
modelo ainda experimentamos, reduzimos o número de castas e plantamo-las
em pequenos talhões estremes (em vez da mistura aleatória de dezenas de
castas que caracterizam as vinhas velhas tradicionais). A condução das
videiras (poda e “embardamento”) tem aqui as mesmas regras das novas
vinhas, mas adaptadas às menores distâncias entre videiras.
A necessidade de um modelo próprio para a replantação de vinhas em socalcos
tradicionais e em que se conservam esses socalcos surge da vantagem de partirmos já de
uma “armação” da encosta para vinha enquanto salvaguardamos estes socalcos
extraordinários e que hoje são classificados como património vitícola mundial e por isso
somos obrigados a preservar na sua essência.
O maior segredo deste modelo para a replantação de vinhas em socalcos
tradicionais é a marcação da linha de plantação mais interior do socalco a 2 metros do
muro, sendo esta em cada socalco a única entre-linha de circulação das máquinas nos
trabalhos de manutenção dos muros ou no auxílio das tarefas normais na vinha. Na área
restante as videiras são plantadas a compassos de 1 a 1,3 metros quadrados.
O aspecto de uma vinha assim reconstituída será o da fotografia 1.
Fotografia 1
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Numa situação normal, e divididos entre a escolha de plantarmos “ao alto” ou em
patamares estreitos, consideramos ser a maior vantagem de sistematizarmos as encostas
em patamares com taludes naturais em terra, em vez de o fazermos para vinhas “ao alto”,
ser naquelas vinhas mais fácil e confortável o trabalho das pessoas e das máquinas. É
sobretudo a importância deste conforto no trabalho que poderá decidir os viticultores pela
construção de patamares logo a partir de 25% de declive inicial da encosta ou mesmo em
declives óbvios para a plantação “ao alto”.
No resto são mais as vantagens das vinhas “ao alto”. Por exemplo:
a) Têm, para as mesmas distâncias entre as videiras, maiores densidades de
plantação, e evitam a necessidade de limpeza e manutenção contínua dos
taludes das vinhas em patamares.
b) É mais fácil e correcta a distribuição das castas nas vinhas “ao alto”, pois o
gradiente de variação da profundidade e da fertilidade natural do solo ao longo
da mesma linha de plantação é menor, ou pelo menos mais previsível.
c) Nas vinhas “ao alto” os alinhamentos são rectilíneos, enquanto nos patamares
desenham curvas, dificultando a construção das sebes e exigindo um maior
número de esteios a intervalos irregulares no desenho dessas curvas.
d) A incidência de doenças é menor nas vinhas “ao alto”, quer porque o
arejamento natural das videiras é melhor, quer porque a eficácia das
pulverizações é maior.
e) A protecção da erosão das chuvas é a primeira preocupação das vinhas de
encosta e nas vinhas “ao alto” consegue-se pela construção de um talude em
terra de desnivelamento entre os talhões (com a vantagem de reduzirmos
assim a declive inicial da encosta) e da sementeira e crescimento controlado
de ervas nas entre-linhas. Já nos patamares esta protecção exige cuidados
especiais no terraceamento, na manutenção dos taludes e obriga a obras mais
complexas para escoar as chuvas em excesso.
f) É maior o valor paisagístico das vinhas “ao alto”.
Em alternativa à vinha “ao alto”, que é sempre a nossa primeira escolha, e nas
encostas mais declivosas (declive inicial maior que 35 a 40%), defendemos a construção
de patamares estreitos, com apenas 1 linha de plantação e uma largura até 2,5 metros. É
que para reduzirmos os prejuízos ou apenas a ameaça permanente da erosão da chuva
interessa ter as menores alturas possíveis de taludes em terra e ter-lhes acesso fácil e
permanente. No confronto com os patamares mais largos (2 linhas de plantação e 3,5 a 4
metros de largura) e para o mesmo declive da encosta, os patamares estreitos ganham
nestas duas condições, pois se é óbvia neles a redução da altura dos taludes, também
deixamos de plantar a linha interior e que na prática é uma barreira no acesso pretendido
ao talude.
Além disso nestes patamares mais estreitos, sem a linha interior a impedir este
acesso, podemos utilizar equipamentos de limpeza mecânica dos taludes, assegurando a
sementeira natural das ervas em cada Outono.
Nunca é demais repetir que o facto de mantermos os taludes limpos de ervas é a
maior desvantagem na protecção da erosão e mesmo no simples encobrimento dos
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estragos que causa. Além disso, hoje a limpeza química dos taludes é, só pelos perigos
toxicológicos e ambientais que representa, uma aposta errada.
Na construção destes patamares estreitos recomendamos a sua inclinação
longitudinal de cerca de 3% para permitir ao longo de cada patamar o escoamento das
chuvas em excesso. Os patamares têm ainda necessariamente uma inclinação para o
interior.
Construção de patamares estreitos com 3% de declive
longitudinal e com auxílio de equipamento lazer (emissor
sobre tripé ao fundo e receptor na haste montada na bulldozer)
É condição que o terraceamento dos patamares se faça com máquinas no máximo
da mesma largura dos patamares que constroem e com o auxílio de equipamento de
medição e correcção das inclinações pretendidas. O maior erro é terracear com
“bulldozers” largas (3,2 metros), que criam naturalmente patamares de trabalho maiores
que o patamar pretendido e consequentemente maiores alturas de talude, e no fim
“cortar” estes patamares de trabalho para patamares definitivos mais estreitos e a que
correspondem os mesmos taludes dos patamares de trabalho inicialmente abertos e um
resultado desastroso: taludes maiores que os pretendidos e desajustados à largura do
patamares estreitos e densidades de plantação inferiores às teorizadas.
Se fixarmos em 0,7 metros a distância das videiras ao ombro dos taludes e em 1,6
a 1,8 metros a distância à base do talude (entre-linha de circulação), a largura dos
patamares é de 2,3 a 2,5 metros. Estas medidas não oferecem qualquer obstáculo à
mecanização com os mesmos tractores e equipamentos que usamos nas vinhas “ao alto”
(entre-linhas de 2,0 metros).
No entanto, a construção destes patamares estreitos como a melhor solução para
as encostas mais declivosas, onde não podemos plantar “ao alto”, só ganha sentido se
aceitarmos o seu maior custo devido às virtudes das novas regras de construção e se as
menores densidades de plantação forem compensadas pela condução das videiras que,
antes de mais, explore maiores cargas na poda, isto é, se afinal de contas conseguirmos
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com menos videiras maiores produções unitárias enquanto garantimos elevados padrões
de qualidade.
Ressalvamos sempre que o facto de apenas construirmos estes patamares em
declives superiores a 35 a 40% e em solos por vezes pouco profundos, prejudica as
contas desta solução e a sua comparação com outras soluções que nunca podem usar-se
nestas condições extremas
Face às maiores dificuldades de plantação das vinhas na encosta, o tempo
comprovou uma máxima que sentimos desde sempre: Nas vinhas de encosta a
simplificação das tarefas vitícolas é mais importante do que a sua mecanização, sem
que isso signifique, antes pelo contrário, desistirmos dessa mecanização. O alívio da
penosidade do trabalho manual nas vinhas da encosta deve pois ser uma preocupação no
delineamento da plantação destas vinhas.
1. Condução das videiras
A paisagem dominante das nossas vinhas caracteriza-se mais pela ausência de um
verdadeiro sistema de condução das videiras, pois, regra geral, os materiais de
“aramação” são pobres, quer na escolha dos esteios (natureza e dimensões), quer na
utilização de apenas arames simples fixos para a construção das sebes. Pior do que isso, a
formação das videiras é defeituosa, sem uma estrutura permanente bem definida e não
havendo sequer preocupações na simples verticalidade dos troncos.
Pormenor da condução ascendente da vegetação
entre arames pareados móveis
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Na condução mais simples das videiras, o cordão de Royat unilateral é a primeira
escolha nas nossas maiores densidades de plantação (2 m2 por videira). Aqui uma regra
básica deve ser estabelecida: o braço do cordão deve partir de uma curva suave e
estender-se até à próxima videira, suportando um número de talões suficientes para o
preenchimento de todo o braço, e não, como é mais vulgar, um número fixo de talões e
insuficiente para a continuidade das sebes de vinha e aproveitamento do espaço de
plantação.
Numa vinha sem rega, o número de talões é variável (5 a 7 por metro de cordão) e
depende em primeiro lugar da profundidade e da fertilidade natural do solo e do regime
hídrico no ano da formação das videiras e, por último, da casta plantada. O maior
paradoxo na formação “natural” destas videiras é que nos solos mais férteis e nos anos
chuvosos, o maior comprimento dos entre-nós, reduz o número de talões por metro,
enquanto esses entre-nós são mais curtos, e logo “encaixamos” mais talões por metro, nos
solos mais pobres e nos anos mais secos.
Uma vez definida a estrutura permanente das videiras e a poda que assentaremos
sobre ela, falta escolher os materiais de “aramação” adequados, sendo regra a colocação
dos esteios antes da plantação das videiras, com excepção dos alinhamentos em curvas
(vinhas em patamares) em que apenas se deve antecipar a colocação das “cabeceiras”.
Esta norma na colocação dos esteios garante maior rigor nos alinhamentos, além de ser
mais fácil fazê-lo no Inverno, quer pela maior facilidade em os enterrarmos, quer porque
nesta época os trabalhos manuais são menos penosos.
Nas vinhas “ao alto” os esteios devem ser de madeira, utilizados sós ou em
combinação com os esteios metálicos. A virtude da madeira é a sua robustez e a
facilidade de nela pregarmos acessórios para arames pareados móveis. Um bom esteio de
madeira, e para alturas de sebes mais vulgares de 170 cm, tem um diâmetro de 7 a 9 cm
(nunca menos de 6 a 8 cm).
Os esteios metálicos usam-se em combinação com os esteios de madeira, sendo
para nós a melhor relação a colocação de 1 esteio de madeira por cada 3 esteios metálicos
intermédios. Os esteios de cabeça são sempre de madeira.
A utilização combinada destes esteios, assegura, através da madeira a robustez da
aramação de cada linha de videiras, enquanto a utilização dos esteios metálicos simplifica
a aramação (são mais fáceis de colocar e dispensam acessórios para os arames) e facilita
o trabalho na vegetação pela quantidade de entalhes para os arames móveis (em boa
medida distanciados de 10 cm), em vez de estarmos reduzidos, como nos esteios de
madeira, a 2 pontos de estação fixos para estes arames.
Os esteios metálicos só podem usar-se nos alinhamentos rectilíneos, excluindo-os
à partida na aramação de vinhas em patamares.
Por norma os esteios intermédios distanciam-se de 5 metros (1 metro entre
videiras).
Como a “desponta” mecânica do excesso de vegetação das vinhas se pode e deve
(caso de solos pedregosos e irregulares) fazer entre 30 e 40 cm acima dos esteios,
devemos tirar proveito desta altura de “desponta” e descontá-la no cálculo da altura dos
esteios. Assim, por exemplo, numa vinha em cordão de talões, com 60 cm de altura de
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tronco, e altura de desponta de cerca de170 cm, é suficiente que os esteios tenham uma
altura de 140 cm fora da terra (a altura mínima total do esteio é de 200 cm).
Já nas vinhas em patamares e exemplificamos ainda a poda em cordão de Royat
unilateral, os esteios intermédios têm no mínimo 220 cm de comprimento, sendo
enterrados 70 cm e podendo elevar-se o tronco das videiras a 70 cm.
Nesta data ensaiamos maiores alturas de esteios, a par de novas propostas para a
condução das videiras nestes patamares estreitos, e procurando, no caso das videiras em
cordão de Royat, aumentar a altura da sebe pelo próprio “embardamento” e sem recurso à
altura de “desponta” mecânica que está por resolver pela assimetria criada por uma só
linha de plantação em cada entre-linha de circulação dos tractores.
Em todos os casos preferimos as cabeceiras (esteios de madeira com diâmetros de
8 a 10 cm) “arriostados” a um meio esteio (110 cm de comprimento e igual diâmetro).
2. Plantação de enxertos-prontos de videiras
Incompreensivelmente, e esta incompreensão é maior à medida que passam os
anos e se ignora a sucesso repetido nas plantações de enxertos-prontos de videiras, muitos
viticultores teimam em preferir a plantação de bacelos para enxertia no lugar em vez de
enxertos-prontos.
A utilização de videiras já enxertadas permite vencer a aleatoriedade da plantação
de bacelos, do vigor suficiente para a enxertia e do pegamento dessa enxertia. Além disso,
esta plantação facilita a formação de um tronco vertical, enquanto essa formação é difícil
nas videiras enxertadas no lugar (fenda no ar) e com troncos baixos. Outro trunfo da
plantação de enxertos-prontos é a colocação da fenda de enxertia à altura desejada.
De uma vez por todas aceitemos que o uso de videiras já enxertadas é a maior
simplificação na plantação de uma vinha e que neste uso devemos ter os seguintes
cuidados:
a) estabelecer uma relação de confiança com o viveirista fornecedor das videiras,
programando a encomenda no Inverno anterior à preparação do solo (1 ano de
antecedência à plantação). O viveirista deve fazer uma boa triagem das
plantas para venda, sendo sólida a fenda de enxertia (não deve sequer ameaçar
partir quando forçada a isso) e ter as raízes bem distribuídas no perímetro de
enraizamento. Por prudência, deve fazer-se avaliação da solidez da fenda de
enxertia na altura da preparação das videiras para a plantação. É suficiente que
o enxerto-pronto tenha cerca de 30cm de comprimento (medidos entre a
inserção das raízes e a fenda de enxertia).
b) A época de plantação deve reduzir-se à 2ª quinzena de Fevereiro e não
ultrapassar o fim de Março. Os enxertos-prontos devem conservar-se nas
embalagens de expedição e em câmara frigorífica até ao dia de plantação.
c) A protecção ao míldio e ao oídio é ainda necessária de Agosto em diante,
quando já não a fazemos nas vinhas instaladas, pois os maiores crescimentos
fazem-se a partir deste mês, quando as videiras estão já bem enraizadas e as
temperaturas os favorecem.
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d) Nas vinhas sem rega permanente, e qualquer que seja o vigor das videiras, a 1ª
poda (Inverno seguinte à plantação) deve fazer-se a no máximo 2 gomos,
como se fossemos plantar de novo as videiras.
Na escolha do porta-enxerto, um erro frequente é a pretensão de controlarmos o
vigor das videiras apenas pela utilização de porta-enxertos pouco vigorosos, quando
muitas vezes não exploramos a carga na poda ou a distribuímos mal na videira.
No Douro, por exemplo, sendo premissas na escolha do porta-enxerto, a pouca
profundidade e fertilidade natural do solo, a irregularidade na distribuição das chuvas e a
sua concentração fora do ciclo vegetativo das videiras, a escolha deve privilegiar os
porta-enxertos mais vigorosos e resistentes à secura: R110, 140Ru e 1103P.
3. Tubos de crescimento
A utilização de tubos de crescimento é, depois da plantação de enxertos-prontos e
da aramação mista (combinação de esteios madeira e de metal nas vinhas “ao alto”), a
terceira maior simplificação na instalação de uma vinha.
O nosso tubo de referência é o Snapmax e quando se avaliam outras alternativas é
importante desde logo não confundir os tubos de crescimento com os simples tubos
protectores de videiras.
Eis a lista das principais vantagens do uso de tubos de crescimento:
a) Favorecer o crescimento e o enraizamento das videiras. Para isso é necessária
uma boa preparação do solo (facilidade do enraizamento) e a rega oportuna
(estado hídrico adequado das videiras), cabendo aos tubos proteger as plantas
do vento e criar no seu interior um micro-clima favorável ao crescimento.
b) Protecção dos coelhos.
c) Protecção dos herbicidas.
d) “Desladroar” naturalmente as videiras ao tornar dominante o crescimento de
1 só lançamento ou, no pior dos casos, 2 lançamentos.
e) Garantir naturalmente a formação de um tronco vertical.
f) Libertar mão-de-obra para a plantação no mesmo ano de uma área maior de
vinha.
Mesmo quando se utilizam 2 anos seguidos (obrigatório nas vinhas sem rega
permanente), os tubos de crescimento removem-se sempre no inverno (principio de
Novembro).
Embora os tubos de crescimento tenham uma dobra própria para a fixação ao 1º
arame simples fixo, devemos esquecer a obrigatoriedade de os prendermos a este arame e
considerar que com tubos de apenas 50 cm (mais 5 cm para serem desperdiçados na
dobra de suporte ao arame e para vencer as irregularidades do terreno) usufruímos de
todas as vantagens acima enumeradas, saindo as videiras mais cedo dos tubos, e
ultrapassando a vulnerabilidade dos tubos mais compridos (podridões nas primaveras
frias e chuvosas, por exemplo).
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Assim, no caso de vinhas com alturas dos troncos maiores que 50 cm, deve na
plantação colocar-se a esta altura um arame de propósito para a colocação dos tubos. Este
arame é depois (2º ou 3º ano) levantado para a completar um dos pares de arames móveis.
A utilização de tubos de crescimento não anula a necessidade de tutoragem de
videiras depois de os removermos (2º ou 3º ano).
Uma nota prática na colocação destes tubos nas vinhas “ao alto”: a dobra que fixa
os tubos ao arame não deve fazer-se como o fabricante recomenda, mas antes ao
contrário (sobre as costas do tubo) e porque este arame de fixação não é horizontal e
como acontece nas vinhas planas.
4. Formação em verde das videiras
A formação dos braços das videiras deve fazer-se “ em verde”.
Por exemplo, no caso de se formarem cordões unilaterais de talões, dobra-se o
lançamento saído do tubo de crescimento sobre o 1º arame (arame de frutificação) e até à
videira seguinte, enquanto na formação de cordões bilaterais, se corta aquele lançamento
acima do arame e espera-se o nascimento das netas, escolhendo as 2 melhor inseridas
para formarem, também em verde, os braços das videiras. Neste última formação é
vantajosa a utilização de tubos de crescimento mais baixos que o 1º arame e daí mais uma
vantagem de normalizarmos em 50 cm a altura conveniente dos tubos de crescimento.
Para este trabalho deve destacar-se uma equipa de trabalhadores, pois nas grandes
explorações a formação “ em verde”, sendo muito exigente em mão-de-obra, compete
com os outros trabalhos na vegetação das vinhas adultas.
A completar a formação “em verde” da estrutura permanente das videiras, deve
evitar-se nos primeiros anos a tendência ao excesso de produção. A primeira produção,
no ano da formação dos braços das videiras, é normalmente excessiva, pelo que se deve,
no máximo, deixar uma inflorescência por lançamento, cortando as outras antes da
floração, e, nos lançamentos mais débeis, cortam-se mesmo todas as inflorescências. Esta
data da monda simplifica este trabalho e tem razão na aposta de uma boa formação da
estrutura permanente das videiras e dos talões de frutificação e não tem a ver com a
monda qualitativa de cachos nas videiras adultas.
(1) Esta comunicação é uma revisão actualizada e adaptada das comunicações que o
autor apresentou sobre o mesmo assunto no 1. Simpósio de Viticultura e Enologia “Da
Cultura da Vinha à Cultura do Vinho”, organizado pela Sociedade Portuguesa de
Viticultura e Enologia (SPVE), no Porto, em 20 e 21 de Junho de 2002 e 2. “Como se
Começa uma Vinha”, Comunicação no Seminário Qualidade do Vinho/Qualidade da
Vinha, na Escola Superior de Biotecnologia no Porto, 14 de Abril de 2003
(2) Responsável pela Viticultura das empresas produtoras de Vinho do Porto: Taylor
Fladgate & Yeatman, Fonseca Guimaraens e Croft.
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PLANTAÇÃO DE UMA VINHA NO DOURO (1)