,T0 III4 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIENCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO MATERNO*INFANTIL ' SíF1L1s= 1Nc1DÊNc1A EM GESTANTES E RECÉM-NAsc1Dos CESAR ANTONIO MALISKA MARILZA MARTINS LEAL R1cARDo NAsc1MENTo FLORIANOPOLIS, 1980 s U M à R I O qoøoocooociiñoøocooooooooQo:cocooooøooooooooououcaooooo ~ ~ INTRODUÇAO E REVISAO DA LITERATURA cAsUIsTIcA E MÉTODOS .......................... . . . . . .......... QIIOIIIIOIOOOIOOOOOIIOOIQOÇOÇIIOOICOOOOIIOOOOOOOOII DIscUssÃo .................................................... ~ OIIIIOOOIOOOOOICOIIOOOOOOOOIOOOIIIIOIIIIQIIOOIIIIOO REFERÊNcIAs BIBLIOGRÁFICAS ................................... R E S U M O Foram examinados, retrospectivamente, 1.000 prontuários de gestantes que procuraram serviços de higiene prê-natal na cidade de Florianõpolis, no período de primeiro de janeiro de mil nove centos e setenta e nove a trinta de setembro de mil novecentos e oitenta, e 26 prontuários de pacientes com sífilis congênita diagnosticada, no mesmo período. Nos prontuários de prê-natal foi pesquisada a presença de reação sorolõgica para Lues, sendo encontrada positividade de Em 28 3 foi constatada a ausência do referido exame. 4 A incidência de sífilis congênita neo-natal foi, em media, de 0,l65% por trimestre. Depreende-se, destes dados, que a sífilis ocorre em nos so meio e atinge populaçao altamente suscetível de seus graves danos como gestantes e, pricipalmente,recëm-natos exigindo, por isso, medidas mais efetivas para sua erradicação. Sugere-se, pois, assistência pré-natal adequada com sorologias para Lues solicitadas no início, no meio e no final da ges ~ ~ taçao e sorologia para Lues no cordao umbilical, como rotina. ` I-' o\° O ` O\ o\° INTRODUÇÃO REVISÃO DA LITERATURA E A A sífilis é doença infecciosa cronica causada pelo Trg ponema pallidum (Schaudinn e Hoffman, l9O5).7 A Origem dessa doença, que devastou a Europa por quatro séculos, é ainda um dos problemas médicos não resolvidos. Essa patologia provoca lesões annmi ~ ~ ø 4 4 tos orgaos, incluindo a pele, ossos, cerebro e coraçao e ainda e . 12 uma doença mortal, especialmente no recem-nascido. O período médio de incubação para O início da doença clínica (estágio primário) é de vinte e um dias, com uma oscilação ~ de 10 a 90 dias.14 A lesao inicial, que pode ser única ou múltipla forma uma úlcera de bordos firmes, tipicamente descrita como can. . cro duro. semanas estágio secundário tem início seis a oito apõs O início da fase primária. A causa dos sinais e sintomas dessa fase está na reação disseminada dos tecidos ã expansão do Trepo ~ ~ 4 4 os sinais de sifilis secundaria: lesoes de pe nema e sao variaveis ~ le, aumento generalizado dos gânglios linfãticos, lesoes na boca e ~ na garganta e, em menor frequência, lesoes que comprometem O siste ma osseo, nervoso, ocular e vísceras abdominais. 12 Esse estagio du ~ ra de duas a seis semanas e as lesoes cicatrizam-aaespontaneamente. Embora recaídas clínicas e espiroquetemias subclínicas possam oco; numa rer seguindo-se a esse estágio, O Treponema comumente entra fase de simbiose estável com O hospedeiro, chamada estágio latenO 11 . te.14 . . ~ Por razoes epidemiolõgicas, dividiu-se a sífilis laten te em dois períodos: 12 - ~ Latente precoce: sífilis com duraçao total de menos de dois anos. Essa é a fase em que ocorre recidiva e em que a sífi lis ainda é contagiosa, sendo essa fase de grande importância para epidemiologistas e perinatologistas. 14 - Latente tardia: apõs dois anos de sífilis não tratada, sendo essa fase geralmente não contagiosa. Se a doença permanecer não tratada por três a dez anos depois da fase primária podem-se oberservar as lesões da sífilis ~ ~ terciária, lesoes gomosas, atingindo õrgaos parenquimatosos: sífilis cardiovascular, õssea, hepática, nervosa, etc...12 Interessa, devido a sua relaçao causal com a infecçao fetal, a sífilis primária, secundária e latente precoce. 14 5 A diferença fundamental entre a grávida e a não grávida acometida por essa moléstia é a preocupação com os efeitos _potencialmente desastrosos para o feto.6 se A gravidez na mulher sifílitica ou a gravidez que complica com a aquisição de sífilis, pode tomar um dos seguintes caminhos: l - aborto tardio em qualquer momento depois da l6a. semana de gravidez; 2 - natimorto a termo; 3 - recém-nato com infec~ ~ çao congênita prematuro ou a termo; 4 - uma criança viva e nao infectada.9 Se a mãe encontra-se nos estágios primário ou secundário da doença, com consequente espiroquetemia intensa, é provável não haver ers ectivas de ue o feto não se infecte e nas Ç a hí 9 ido. Entretanto, se a mãe é portadora de sífilis latente, a probabilida de de infecção fetal está em torno de 30% (King e Nicol, 1969) e, ã medida que a doença materna progride, existe uma gradual redução ~ da frequência e intensidade da disseminaçao hematogênica dos espiroquetas, fazendo com que diminua o risco para o feto.9 Quanto ã transmissão o conceito clássico é que a infec ~ ~ de gestaçao do feto nao ocorre antes do quarto ou quinto mes ção.15 6 17 13 Raramente encontra-se Treponemas no feto antes da décima-oitava semana flHolder-Knox, 1972). Essa proteção do fetofifm sido atribuída ã bem desenvolvida camada de Langhans. Depois da dé cima-sexta semana esta camada se atrofia e a infecção fetal pode~ se instalar. Tem-se verificado também infecçao mais precoce, mas, devido ã imunoincompetência do feto antes da décima-oitava semana, ~ ~ essa nao leva a alteraçoes patolõgicas dos tecidos. Estas, segundo Holder e Knox, 1972, ocorranêzpartir do 59 mes quando o feto toraos na-se imunocompetente ei processos inflamatórios, associados plasmõcitos, podem ser observados.6 É a sífilis, segundo Arton (1944), grande causa deéflnš tamentos depois da décima-sexta semanaô e, como para o feto o pe^ 4 4 Í pode-se explicar o nao apare de organogenese esta concluido, riodo ~ 4 ~ cimento de verdadeiras mal-formaçoes, naqueles casos onde nao ha o abortamento.3 Também é frequente a morte intrauterina do feto antes do término da gestação e sua expulsão já macerado. Em outras oca~ sioes o feto chega ao termo sendo expulso também morto e macerado. Ainda, outras vezes, o feto pode nascer a termo, com vida, com ou sem sinais sifilíticos.10 pode A mulher que adquire sífilis durante a gravidez ter poucos ou nenhum sinal da infecçao, exceto a prova sorolõgica ositiva. Há certas P rovas indicativas de ue a ravidez exerce um ' z, . - 6 efeito supressivo sobre as manifestações clínicas da sífilis preco ce no ser humano e em infecçoes experimentais em coelhos. Do mesmo modo, uma mulher sifilítica não tratada que engravida, apresenta poucos sinais e sintomas da enfermidade, a menos que existam lesões de sífilis tardia. Nesta circunstância, a grávida exacerbaria as manifestações clínicas da enfermidade. Sem dúvida, o efeito da gravidez sobre as lesões clínicas não é uniforme, e não existemgno vas concretas de que altere a progressão natural da infecção espiroquetõsica não tratada. É importante que o clínico reconheça que ~ aixfecçao sifilítica em atividade pode ser excepcionalmente difícil de detectar com meios clínicos na mulher grávida, sendo necessário realizar sempre as provas sorolõgicas.9 O diagnõstico clínico pode ser feito durante a gravidez, no aborto ou no parto, examinado-se o produto da concepção.10 Na grávida a sífilis se diagnostica da mesma maneira queeanoutras pessoas. A principal diferença no enfoque clínico da sífilis na gravidez é a urgência para estabelecer o diagnóstico e empreender o tratamento, com a finalidade de proteger o feto.9 É imperativo usar oportunidade nos projetos de «cuidados pré-natais para detectar essa doença grave e instituir o trata mento. Toda paciente obstétrica deverá ser pesquisada por uma rea~ Ç ao sorolõ 9 ica sensível q uando da P rimeira consulta. Isso é procedimento legal em alguns países. Essa reação torna-se positiva de~ ~ pois de quatro a seis semanas da infecçao. A repetiçao do teste so rolõgico no segundo e terceiro trimestre é uma boa prática de roti na porque detectará infecções que tenham ocorrido posteriormente. ~ Qualquer lesao suspeita será estudada por exame em campo escuro pa ra caracterizar a presença do Treponema pallidum no cancro de ino~ culaçao, mesmo antes dos testes sanguíneos se tornarem positivos.5 Há lesões que são quase sempre negligenciadas pela paciente e seu ~ médico devido ã sua localizaçao frequente na vagina ou cérvix, podendo também ser mal diagnosticada pelo médico se estiverem em local inusitado. A variedade de hábitos sexuais em voga hoje em dia pode admitir a ocorrência em lábios, língua, amígdalas, mamilos,de dos e ânus, além do trato genital. Para prover um índice maior de suspeita, qualquer ülce ra que reapareça durante a gravidez em qualquer lugar provável de ter sido envolvido em atividade sexual deve ser considerada sifilí tica até que prove o contrário. Do mesmo modo, deve-se encarar uma erupção cutânea generalizada, independente de sua morfologia.Desse modo, o médico deve colocar grande confiança no dianõstico por mei laboratorial os sorolõgicos de modo a utilizar esse instrumento . "J I mais efetivamente.14 Clientes reativas devem ser cuidadosamente analisadas ~ pelo exame clínico adequado, teste nao treponêmico quantitativo ti po Maltaner e teste treponêmico de confirmação. Se o§FTA-ABS não é reagente e não há evidência clínica de doença o tratamento não é necessário. Mas, mesmo assim, os testes não treponêmicos quantita~ tivos e o treponêmico de confirmaçao devem ser repetidos dentro‹de quatro semanas. Se há evidência clínica ou sorolõgica de sífilis ou se o diagnõstico de sífilis nao pode ser excluído com razoável certeza, a paciente deverá ser tratada. Quando houver história de tratamento adequado para sífilis no passado não é necessário novo tratamento, a menos que ha~ ja evidência clínica ou sorolõgica de reinfecçao. ser O segmento da gestante tratada para sífilis deve feito com testes sorolõgicos não treponêmicos quantitativos mamais ~ até o fim da gravidez. Se houver elevaçao de dois títulos durante a gravidez, apesar da terapêutica prévia, a gestante deve ser tratada de novo.8 quase Já a sífilis congênita deveria ser considerada ~ como uma doença á parte, pois suas manifestaçoes podem ser devasta doras para o concepto.12Para que o feto seja infectado deverálmwer espiroquetemia materna nos últimos cinco meses de gravidez (Holder de e Knox), já que a partir dessa época, por atrofia da camada ~ Langhans, a placenta torna-se permeável ã penetraçao dos espiroque em tas. Entretanto, como já foi referido anteriormente, a etapa ~ o que se encontra a infecçao materna é importante para valorizar 9 risco que a mesma representa para o feto. ao Na sífilis congênita não há nenhuma etapa análoga ~ estágio primário da infecçao adquirida. As manisfestaçoes clínicas da sífilis congênita se dividem arbitrariamente em três categorias: 19) Sífilis congênita recente- 29) sífilis congênita tardia- 39)es __ ~ tigmas. Ocorrem lesoes recentes ou precoces nos dois primeiroszmos de vida e, da mesma maneira que as lesões precoces da sífilis adquirida, são infecciosas, estão repletas de espiroquetas e de vez em quando, são recorrentes. As lesões congênitas tardias, que começam no terceiro ano de vida ou mais tarde, não são infecciosas, e compreendem lesões compatíveis com as da sífilis adquirida tardia, tais como gomas e neurosífilis, além de algumas lesões características de in fecção congênita como queratite intersticial e surdez do VIII par. *_ A patogenia das lesões congênitas tardias, comüste pro ç . ._» I I : 8 vavelmente em um fenômeno de hipersensibilidade, como o que ocorre na sífílis adquirida tardia. Como terceira categoria de manifesta~ ~ 1 çoes clinicas estao os estigmas da enfermidade, que consistem em cicatrizes residuais e deformidades de sífilis congênita por le~ ~ soes inativadas, que nao contém espiroquetas e com resposta imung celular local aparentemente extinguida. ~ Lamentavelmente, a atual geraçao de estudantes e médicos jovens têm mais consciência dos estigmas da sífilis congênita, como a tríade de Hutchinson - queratite intersticial, surdez nervo sa, e dentes de Hutchinson -, como raridades clínicas, e desconhe~ cem por completo as características clínicas da infecçao sifilítica congênita precoce e tardia em atividade. Portanto, muitas vezes, seu conhecimento se orienta mais sobre o reconhecimento do que proi priamente sobre a prevenção do dano.9 A criança com sífilis congênita pode ser assintomática ao nascer ou apresentar manifestações exuberantes da doença. Clas~ sicamente a criança apresenta lesoes petequiais e pele purpürica, hepatoesplenomegalia, distúrbios respiratórios causados por pneumg nia e sinais de envolvimento do sistema nervoso central. Contudo, a maioria das crianças manifesta uma forma benigna da doença. Os achados dermatolõgicos sao em geral as mais marcantes e variáveis características da sífilis congênita. Um exantema máculopapular proeminente na face, palmas das mãos e plantas dos pés, é frequente. Particularmente característica é a lesão vesiculosa nas mãos e pés que se rompe e poreja um líquido claro e mui~ to infeccioso. Lesoes em volta do ânus e genitália podem ser obser vadas. A sífilis congênita pode ser considerada em qualquer crian~ ça com um exantema inexplicável envolvendo as palmas das maos e as plantas dos pés e/ou bordas mucocutáneas. Diminuição de movimentos e defesa de uma ou mais extre midades (Pseudo-paralisia de Parrot) são comuns e devidas a perioâ tite dolorosa dos ossos longos. Erupções metafisárias também podem ser observadas.2 13 15 ~ ~ Rinite com uma secreçao nao purulenta, contínua e profusa é encontrada em algumas crianças com sífilis congênita. O lí~ quido contém uma alta concentraçao de organismos viáveis causando persistentes escoriações do lábio superior que saram com fina le~ sao cicatricial (ragadias). Embora 30 a 50% dos recém-nascidos infectadostenham en volvimento do sistema nervoso central, sinais neurolõgicosandnmus ~ ~ tais como convulsoes e choro em gritos,sao incomuns. Todas as crianças com sífilis congênita devem sofrer punção lombar. Uma conta' .- . teuuaectimias nalâmüefläl 9 CCS- BIBLIOTECA gem elevada de leucõcitos no liquor e/ou pro einas, sobretudo se ~ acompanhada por uma reaçao positiva VDRL do liquor indica comprome timento do sistema nervoso central.2 ~ Nao é difícil diagnosticar sífilis congênita precoce ~ quando as lesoes clínicas podem ser observadas. Porém, na criança assintomãtica, somente os antecendentes e as provas sorolõgicas da ~ ~ ~ mae sugerem a doença. 9 Maes com sífilis ativa tem reaçao positiva a nos testes VDRL e FTA-ABS e os anticorpos Ig G, que atravessam placenta não ocorrem com Ig M, são passivamente adquiridos pela.cri ança tendo esta, ou não, a doença ativa; portanto, o soro do cor~ ~ ~ 4 4 dao tera reaçao sorologica positiva. Uma criança com infecçao ativa produz anticorpo Ig M, no útero, que é detectado pelt›teste FTAABS-Ig M. A presença de anticorpo específico Ig M indica doença ativa e esse teste representa a ünica e melhor ajuda laboratorialno diagnõstico de infecção de um recém-nascido assintomâtico. Quando ~ este teste nao é realizado e o caso gera düvidas,o mais seguro é tratar -o recém-nascido.2 Como essas düvidas são geradas pelas precárias referên cias â infecção materna e seu tratamento,impõe-se a pesquisa soro~ lõgica no cordao rotineiramente. Assim, em resumo, a prevenção da sífilis congênita deve ser realizada através de exames pré-nupciais e exames pmꬶ¢ais que devem ser feitos de rotina em mulheres grávidas. Os exames sorolõgicos zdevem ser feitos no início, no meio e no final da gesta ção para evitar que a mulher adquira a moléstia no final da gravidez, e a transmita ao feto.5 6 Tem-se como certo que os casos de sífilis congêniuatem aumentado ano a ano, tanto aqui como em países desenvolvidos, eque isso reflete o aumento da sífilis na população em geral. Verifica~ a se esse aumento principalmente entre populaçoes mais jovens e sua coincidência com a época de maior fertilidade, vem atingindo gravemente o binômio mãe-feto. Este fato, torna-se importante devido a relativa benignidade da infecção materna em relação â gravi dade da infecção fetal. A falta de conscientização médica e sanitãria em relação a esse problema tem-se evidenciado principalmente na assistência pré-natal. Esse fato e suas consequências motivou a pesquisazneste grupo Çgestantesfƒrecém-nascidosJem.busca da incidência de sífilis no pré-natal e sífilis congênita em nosso meio. , ,_ .,. ` ` cAsUIsTIcA MÉTODOS E Foram analisados, retrospectivamente,l.O0O prontuários de gestantes que procuraram o Ambulatório de Pré-Natal e 26 prontuários de crianças com sífilis congênita, em serviços da MaterniPública dade Carmela Dutra (MCD), Departamento Autónomo de Saúde (DASP), Hospital Infantil Edith Gama Ramos (HIEGR) e Hospital Infantil Joana de Gusmão (HIJG), na cidade de Florianópolis, referen tes ao período de primeiro de janeiro de mil novecentos e setenta e nove a trinta de setembro de mil novecentos e oitenta,perfazendo um total de l.026 prontuários. Dos prontuários referentes ao pré-natal, 633 procedem do Ambulatório do DASP e 367 do Ambulatório da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), na MCD. Os prontuários com diagnóstico de sífilis congênita, dos procedem do Setor de Arquivo Médico (SAME), do HIJG (ll) e berçários do 19 e 29 piso e berçário dos recém-natos de alto risco da MCD (15). Nas papeletas do pré-natal, pesquisamos a existência ~ de dados sobre reaçao sorológica para Lues, visando encontrar posi tividade, negatividade ou inexistencia do referido exame. Nos casos em que a sorologia para Lues era positiva, foram tomados os seguintes dados: nome da gestante e número de registro - idade - época do diagnóstico pela sorologia - época do tratamento - u ~ Com relaçao aos casos negativos, limitamo-nos a realizar a contagem do número total. Naqueles em que inexistia a sorologia, verificamos se ~ esta havia sido solicitada ou nao pelo médico e também o número de consultas realizadas pela gestante. Para descobrir os casos de sífilis congênita na MCD, nos berçários de 19 e 29 piso, pesquisamos seus livros de registro e medicação. Nos livros de registro, verificamos o tempo de permanência da criança no berçário, baseados na data de nascimento e al ta hospitalar. Como a terapêutica para sífilis congênita diagnosti cada ao nascimento, adotada pela MCD, exige tratamento por 7 dias . ll ou mais, selecionamos estes casos e fomos ao livro de Medicação. Neste livro verificamos os casos em que o tratamento era compatível com o que é usado para sífilis congênita na MCD, tomanos o ng mero de registro da mãe e da criança e obtivemos os prontuários dessas crianças, os quais analisamos, em busca da confirmação dia gnóstica. No berçário dos recém-natos de alto risco da MCD, bus camos também o livro de registro das crianças, onde consta o diagnóstico da patologia do paciente internado. Tomamos o número de registro, e como anteriormente, analisamos os prontuários, em bus ca de confirmação diagnóstica. Confirmado o diagnóstico, e de posse dos prontuários, coletamos manifestações clínicas da doença‹m1inexisténcia destas. No HIJG, onde também estão arquivados prontuários do antigo HIEGR, consultando os livros de registro no SAME,onde conâ ta o diagnóstico dos pacientes que estiveram ali internados, obti vemos casos de sífilis congênita, onde observamos: idade do paciente na época do diagnóstico - manifestações radiológicas - manifestações clínicas ~ - nome da mae - De posse do nome dessas mães, fomos aaregistro da MCD e verificamos se tinham feito lá, o seu parto. Nos casos em que isto ocorreu, anotamos os dados neo-natais dessas crianças sifilí ticas. V R E S U L T A D O S A positividade, na sorologia para Lues, foi encontrada em 31 dos 1.000 prontuários de prë-natal analisados (Tabela I). O diagnõstico foi realizado predominantemente no IItri A mestre (Tabela II) até a 16a. semana de gestação (Tabela III). faixa etãria das pacientes e a incidência de positividade são mostradas na Tabela IV. Em 286 prontuários não foi encontrado exame sorolõgico ~ para Lues sendo que, em 175 deles (61,19%) o referido exame nao ti nha sido solicitado (Tabela V), fazendo a paciente uma ou várias consultas (Tabela VI). A incidência da sífilis congênita na Maternidade Carme la Dutra ê mostrada na Tabela VII, e as manifestações clínicas dos recém-nascidos sifilíticos na Tabela VIII. As Tabelas X e XI referem-se a faixa etária e manifestações clínicas, respectivamente, de ll casos de sífilis congênita ~ diagnosticadosznasHospitais Edith Gama Ramos e Joana de Gusmao. A Tabela IX indica o seu local de nascimento. ' Tabela I Positividade da sorologia para Lues no prë-natal Sorologias Positivas Negativas Sem sorologia Total N9 de casos % 683 286 3,1 68,3 28,6 1000 100,0 31 Fonte: Ambulatõrios de Higiene Pré-Natal do DASP e da UFSC na MCD, Florianõpolis, SC, jan.l979/set. 1980 13 Tabela II Diagnóstico soropositivo, no prê-natal, por trimestre ~ Período da gestaçao NQ de casos % _ Trimestre 3II Trimestre III Trimestre 19 3 29,03 61,29 9,68 Total 31 100,00 9 I- Fonte: Ambulatórios de Higiene Pré-Natal do DASP e da UFSC na MCD, Florianópolis, SC, jan. l979/set.l980. Tabela III Época do diagnóstico soropositivo no pré-natal Época N9 de casos % Até 16a. semana Após 16a. semana 12 61,29 38,71 Total 31 100,00 19 Fonte: Ambulatórios de Higiene Prê-Natal do DASP e da UFSC na MCD, Florianópolis, SC, jan.1979/set. 1980. \ 14 Tabela IV ^ , Incide ncia de sorologias positivas no pre-natal, segundo a faixa etãria Faixa'e târia N9 de casos % 10 15 1 16 20 7 21 26 31 25 13 30 5 35 4 3,23 22,58 41,93 16,13 12,90 36 4o 41 45 1 3,23 31 100,00 Total Fonte: Ambulatõrios de Higiene Pré-Natal do DASP e da UFSC na MCD, Florianópolis, SC, jan. 1979/set. 1980 Tabela V S orologias não realizadas no prê-natal N? de casos Sorolog ias Solicit adas 5 Nao sol icitadas Total ' \ - 5 111 175 266 % 38,81 61,19 1oo,oo Fønte. Ambulatõrios de Higiene Prê-Natal do DASP e da UFSC na MCD, Florianópolis, SC, jan. 1979/set. 1980 - 15 Tabela VI Prontuãrios sem sorologia e o número de consultas realizadas pela gestante Sorologias N9 de casos. uma consulta várias consultas Solicitadas N Nao solicitadas Total \ uma consulta _ varias consultas _ 1 o 6 26,22. 12,59 75 36 89 30,07 31,12 286 100,00 86 Fonte: Ambulatõrios de Higiene Pré-Natal do DASP e da UFSC MCD, Florianópolis, SC, jan. 1979/set. 1980. na Tabela VII Incidência de recém-nascidos com sífilis congênita por trimestre Trimestre/Ano N9 de nascimentos /1979 11 /1979 III/1979 Iv /1979 1 /1980 11 /1980 III/1980 1194 1181 1217 1209 1233 1345 1 1247' Recém-nascidos com Lues 1 2 4 1 5 2 Mêdia Fonte: MCD, Florianópolis, SC, jan. 1979/set. 1980. % 0,084 0,169 0,329 0,083 0,000 0,372 0,150 0,165 16 Tabela VIII ~ Manifestaçoes clínicas neonatais de 15 crianças com sífilis congênita Manifestações clínicas N9 de casos % 2 13,33 6,67 6,67 6,67 73,33 ~ Lesoes cutâneas polimorfas Obstrução nasal Hepatoesplenomegalia Paresia de MMSS Sem manifestações 1 l çl . ll Fonte: MCD, Florianópolis, SC, jan. 1979/set. 1980. Tabela IX Local de nascimento das crianças com sífilis congênita diagnosticada no Hospital Infantil Local de nascimento MCD Outros T6661 N9 de casos 5* % 6 45,46 54,54 11 1oo,oo Fonte: MCD e SAME do HIJG, Florianõpolis, SC, jan.l979/set.l980 * Não havia, no laudo do neonatologista, referência a sinais ou sintomas de sífilis congênita. 17 Tabela X Faixa etãria de diagnóstico da sífilis congênita em ll casos do Hospital Infantil Meses N? de casos 4 1 l 4 2 2 ¬ 3 % o,oo 27,27 18,19 27,27 9,09 9,09 9,09 O 3 2 3 ¬ 4d 4 ¬ 5 l 5 ¬ 6 > l 6 l 3 ' Fonte: SAME do HIJG, Florianópolis, SC, jan.l979/set.l98Q Tabela XI ~ Manifestaçoes clínicas de sífilis congênita Manifestações clínicas Lesões cutâneas polimorfas Hepatoesplenomegalia Obstrução nasal Coriza serossanguinolenta Palidez cutâneo-mucosa Pseudo-paralisia de Parrot Nariz em sela Alt. ósseas radiolõgicas Icterícia Adenopatia - ll casos NQ de casos % 6 54,55 63,64 36,36 54,55 54,55 18,18 9,09 81,82 9,09 9,09 7 4 6 6 2 l 9 l l Fonte: SAME do HIJG, Florianópolis, SC, jan. 1979/set. 1980. DISCUSSÃO A soro-positividade para Lues obtida da análise de 1.000 prontuários dos Ambulatõrios de Higiene Pré-Natal da UFSC, na MCD, e Higiene Pré-Natal do DASP, na cidade de Florianópolis, no período de primeiro de janeiro de mil novecentos e setenta e nove a trinta de setembro de mil novecentos e oitenta foi de 3,l% (Tabela I). Os resultados falsos positivos variam;segundo Leifer (1967) e Cohen et al (l969) a variação é de 0,5% a 20% (média de l0%).Essa falsa positividade seria causada por várias moléstiascg mo tuberculose,malária,lupus eritematoso sistêmico,lepra,escarlatina,ocorrendo também em pessoas normais.4 6 Essa positividade de 3,l% sem dúvida é alta, especialmente quando comparada com dados de 4,l3%(l957);2,l3%(l958); 2,5% (l959);l,9%(l960);0,9%(l96l);O,9%(l962),relatados por Pereira no Instituto Provincial de Obstetrícia de Madrid.Nesta mesma cidade no ano de 1977 a soro-positividade havia caido para 0,24% segundo o mesmo autor; dados esses obtidos na Clínica de Ginecologia«eob§ tetrícia da Faculdade de Medicina de Madrid.10 No Brasil o mesmo tipo de pesquisa foi realizada por es tudiosos como Raul Briquet (l932) onde a soro-positividade encontrada foi de 9,6%; Clovis C. Costa(l938) 7 N Otávio R. Iima(l94W l3%;Alvaro Guimarães Filho (l947) 5,9%; Raul Briquet (l948)l9,8%; / Nhrmüäo et col. (l95l) l0 Em estudos mais recentes na Clínica Obstétrica da Escola Paulista de Medicina,a soro-positividade média foi de 5,9% num estudo realizado no período de mil novecentos e sessenta e oito a mil novecentos e setenta e quatro.4 Comparados com esses estudos, nossos resultados 'acusaram menor incidéncia do que a relatada por outros pesquisadores brasileiros,porém, o elevado número de prontuários 28,6%(TabelaI) onde não constava a sorologia para Lues, prejudicou a obüflçãd de dados de real significância. A época predominante de diagnóstico da sífilis na gravi dez foi o II trimestre de gestação, indicando que a maior parte das gestantes (6l,29%) procurou o serviço de pré-natal já em mea dos da gestação (Tabela II). Apesar disso,6l,29% das gestantes ti veram o diagnóstico e tratamento até a décima-sexta semana de geã tação (Tabela III). Isto se torna importante porque, segundo Holder e Knox (1972), raramente encontram-se treponemas no feto mües ` o\° ' ` ' ›J> ‹:\° l9 da décima-oitava semana. Esta proteçao do feto tem sido atribuida ã bem desenvolvida camada de Langhans, que a partir da décima-sex ta semana se atrofia, deixando o feto suscetível ã infecção. Temse observado também, infecção fetal mais precoce, mas, devido a i munoincompetência do feto, essa infecção não leva a alterações pa tolõgicas dos tecidos.6 A treponemia materna, ocorrendo antes da décima-sexta e ~ ~ ~ 4 vigesima semana de gestaçao, pensa-se nao resultar em transmissao para o feto. Se isto é devido a barreira protetora fornecida pela camada de Langhans ou meramente devido ao meio tecidual fetalinés pito, e se esse conceito invariavelmente é pertinente ou nao, é e continuara sendo um ponto de discussao. 14 Em consequencia disso,evita-se a infecção fetal, tratando-se as mães antes da décima-sex ta semana de gravidez.9 Provar que isso ocorreu com nossa amostra gem nao foi possível devido ao fato de que algumas das gestantes onde a sorologia era positiva e o diagnóstico foi feito ate a décima-sexta semana ainda não conceberam. O tratamento depois dessa ~ época geralmente cura a espiroquetemia do feto,se ocorreu,mas nao 4 impede necessariamente o desenvolvimento de estigmas tardios dasä filis congénita.6 Também isso não foi possível provar devido ãs razoes expostas acima. Segundo Cohen (1970) o uso de anticoncepcionais por via oral e o menor uso de preservativos tem favorecido mudanças macom portamento sexual tradicional, aumentando o número de relações en tre jovens, o que explica a propagação da moléstia em faixas etárias mais precoces.4 Esta afirmação se confirma em nosso meio onde 25,81% das gestantes com sorologia positiva tinham vinte anos ou menos (Tabela IV). No decorrer de nossa pesquisa deparamos com dados surpreendentes e que contrariam todos os princípios básicos de um acompanhamento pré-natal, quando observamos que em 286 prontuários inexistia o exame sorolõgico para Lues. Surpreende ainda mais o fa to de que 61,19% desses casos não tiveram o referido exame solici tado pelo pré-natalista (Tabela V). É opinião unânime entre os autores que toda pacientecbs tétrica deve ter solicitada a sua sorologia para Lues e, queesta solicitação deve ocorrer já na primeira consulta. Isto é procedi mento legal em vários países, sendo que na maioria dos estadosNo£ te.mmxiamKm sua solicitação é obrigatõria.5 6Segundo Saad o resul tado tem que ser apresentado no prazo de uma semana para que a de vida terapêutica, se necessária, seja instituída desde logo?¿;Como são citados casos de mulheres com sorologia negativa no início . . _ 1 __ _ . 20 ~ da gestaçao e que deram ã luz neo-natos com sífilis congênita (Al Salihi et al, 1971 e Hallock e Tunnessen, 1968), os exames sorologicos devem ser feitos no início,no meio e no final da gestaçàmpa_ ra evitar que a mulher adquira a moléstia no final da gravidez e a transmita ao feto.6 Pudemos observar,em nossa análise, conduta completamente divergente desta quando nos deparamos com dados onde 3l,l2%das gestantes mesmo após várias consultas não tinham solicitada a sorologia para Lues. Expressivo também foi o número de gestantes onde o exame havia sido requisitado pelo médico e estas,também apõs várias consultas, não o havia apresentado (Tabela VI). Lee,corroborando a opiniao de vários obstëtras, nos diz que as provas sorolõgicas para Lues devem ser solicitadas sem restriçoes na gravidez e,que a nao solicitaçao das mesmas seria inexcusãvel pelas graves repercussões desta falha sôbre o feto.9 O aumento da incidência de doenças venéreas reflete-se no crescimento da frequência da sífilis congênita. Essa doença nao pg de mais ser considerada "fantasma" do passado.2 As publicaçoes sôbre o assunto são bastante numerosas nos Estados Unidos Hodgman et al (1971) descreveram que o número de casos diagnosticados cres ceu de um para oito por ano, em dez anos de observação; Hallock e Tunnessen (1968) citam em 1966, a ocorrência de 370 casos, em confronto com 180 em l957,em crianças com menos de um ano de idadefibl der e Knox (1972) registraram 300 casos em pacientes na mesma fai xa etária; Wilkinson e Heller (1971) chamaram a atenção para o aumento de casos de sífilis congênita. Conti (1971) constatou a elevação da incidência da sífilis congênita na Argentina, onde foram registrados 14,3 casos/10.000 nascimentos entre 1965 e 1968; é cifra relativamente alta quando comparada com a de outros países co1948 a mo E.U.A. O (1966); França 0,4% (l965); Noruega 0,22% 1963) e Rússia o,oo13% (1958).6 Em nosso país Dolnikoff et al (1976) relataram a incidên cia de sífilis congênita em recém nascidos,na Escola Paulista de Medicina, nos anos de 1968 a 1974, obtendo uma média de 0,60%. Sen do que, em.l974, a incidencia obtida por ele foi de 0,12%, dadoin ferior ã incidência encontrada no presente trabalho que é de @l65% omükmme mostra a tabela VII. No Serviço de Neonatologia da MCD naoflé realizada como rotina a sorologia para Lues no cordao umbilical. Sendo esta somen' te realizada quando existem manifestações clínicas da doença no de rotina concepto ou quando a mãe refere a patologia. A sorologia Ç.._-.._", *_ ,._›7›7í_"`__' ~ 4 4 no cordao e preconizada por varios autores,como medida importante . ` \I o\° ( ` , ~`_.«___. , ' 21 ~ para o diagnõstico precoce da sífilis congênita.Essa recomendaçao baseia-se no fato de que grande parte ou mesmo a maioria dos re~ cêm-natos portadores de sífilis congênita, nao apresenta sinais e sintomas clínicos da doença, num exame algo superficial.(Calandra et al., 1975); e que apenas uma pequena percentagem ide crianças infectadas os apresentará durante sua permanência no berçãrio.14 Isso se confirmou quando, em nossa amostragem, entre os recêm-natos com sífilis congênita diagnosticada na Maternidade Carmela Du ~ ~ tra, 73,33% nao apresentaram manifestaçoes clínicas (Tabela VIIIL Portanto, as suspeitas iniciais do perinatologista são, e foram, na nossa casuística, quase sempre baseadas nos resultados sorolõgicos materno-positivos.14 Logo, a não solicitação correta da sorologia, durante o prê-natal (Tabela V), acarretará maior risco de exposição do concepto ã sífilis, alêm de dificultar o diagnõs^ Q t ico precoce da sifilis congenita, pois as pacientes nao saberao informar se contraíram ou não a doença. ~ Nos poucos casos em que se observaram manifestaçoes clí nicas ao nascer, os achados foram de: l - lesões cutâneas polimor fas; 2 - obstrução nasal; 3 - Hepatoesplenomegalia; 4 - paresiade membros superiores (Tabela VIII). Isso confere com os resultados encontrados por vários autores.3 6 10 14 Como foi referido, a criança com sífilis congênita pode não apresentar sintomatologia indicativa da doença ao nascer ou durante a sua permanência no berçãrio. Também foi citado que, caso a mãe não tenha referido sífilis na gestação, o diagnõstico fa ~ talmente nao se fará nesta êpoca, mas sim, posteriormente, na fase de sífilis congênita recente (antes dos 2 anos de idade),ou na fase de sífilis congênita tardia (apõs os dois anos) ou então na ~ fase de estigmas, quando os sinais e sintomas deixarao evidente o diagnõstico. ~ A sífilis, em contraste com outras infecçoes cfiäúcasintra-uterinas, como regra, manifesta-se clinicamente dentro dospri da meiros poucos meses de vida.14 É raro que os sinais clínicos sífilis congênita precoce se reconheçam no momento do nascimento, mas, que costumam manifestar-se 2 a 4 semanas apõs o nascimento, sendo que, algumas vezes, a enfermidade tarda vãrios meses para Ê videnciar-se.9 Objetivando conhecer os dados locais acerca das conside rações acima, incluímos em nosso trabalho, ll casos de sífiliscqg gênita, diagnosticados fora da maternidade, no Hospital Infantil. Destes casos, 45,46% nasceram na MCD e não apresentaram manifesta Tabela IX ). ções clínicas durante sua permanência no berçãrio . - 1 z z ø ^' 1 ( ^' 22 Em nossa casuística observamos que o diagnóstico foi fei Tabela X ), concor to predominantemente até o quarto mes de vida dando com as considerações de Reynolds et al. Nessa faixa etária de poucos meses de vida, já começam ~ se fazer evidentes sinais de profundas alteraçoes anátomo-patológi cas,que o processo inflamatório tenha provocado durante a vida intra-uterina. Essas lesões são de preferência ósseas (osteocondrite osteomielite e periostite com rarefaçâo óssea, especialmente emcar tilagens de conjugação» hepáticas, esplênicas e pulmonares. Na pe~ le, a clássica dermatose ampolhosa junto com lesoes da mucosa configuram o quadro bem conhecido.5 Cremin et al. (1970) relacionaram as anormalidades encon tradas em uma sêrie de 102 crianças afetadas, cuja idade variavade ~ um dia a seis meses; ao diagnóstico foram encontradas alteraçoesra ~ diológicas (42,2%), lesoes cutâneas (20,6%), hepatoesplenomegalia (20,6%), icterícia (l9,6%), pseudo paralisia de Parrot (l5,7%),palidez cutâneo-mucosa (l2,7%), dificuldade para ganhar peso (l5,7%L voz fanhosa (5,5%), síndrome nefrótica e nefrite (4,9%). A incidên ~ A 4 cia de lesoes cutaneas nao esta definitivamente estabelecida. Descrições clássicas indicam ocorrência de 50-60%13 (Eaglstein, l97lL outros estudos apontam“incidência de 20,6 a 30% (Cremin e Fisher, 197o).6 Nossos dados, expostos na tabela XI, concordam com aque~ les de Calandra et al quanto a predominância das alteraçoes ósseas (81,82%) sendo, porêm, superiores aos de Cremin. A porcentagem de 54,55 de lesões cutâneas, nos dados do Hospital Infantil, refletem fielmente as descrições clássicas; dado igualmente superior aquele obtido por Cremin et al. Um dado de nossa observaçáo,que coincide com os estudos do autor acima citado, ê a ocorrência de pseudo-paralisia de Parrot. Sinal de grande importância para o diagnóstico da sífilis congênita ë a hepatoesplenomegalia, sóbre o qual encontramos incidência de 63,64%, muito superior ã registrada por Gmmun et al, o que também ocorreu com a palidez cutâneo-mucosa. Quanto â icterícia, a porcentagem por nós observada (9,09%), foi inferior a de Cremin et al. Acerca dos outros dados, nâo encontramos trabaflmb com os quais compará-los,mas,frisamos que todos os sinais e sintomas por nós obtidos estão descritos na literatura. ( «za ^' ` coNcLUsõEs A incidência da soropositividade para Lues, nas gestantes que procuraram os serviços de higiene prê-natal da Universidade Fe deral de Santa Catarina na Maternidade Carmela Dutra e Departa mento Autônomo de Saúde Pública, foi de 3 e a incidência média, por trimestre, em neo-natos na Maternidade Carmela Dutra foi de 0,l65%. ¬ I-' o\° I ` E elevado o número de gestantes que fazem apenas uma consulta, não retornando para o controle prê-natal. ~ Em muitas pacientes de prê-natal nao foi solicitada para Lues. sorologia É grande o número de gestantes que, mesmo sendo solicitada sorologia para Lues, não a realiza. a A maioria dos recém-natos, com sífilis congênita,não apresenta ~ manifestaçoes clínicas ao nascer. Existe falha no diagnóstico da sífilis congênita nos berçãrios, por falta de informações sobre a parturiente, por falta de manifestações clínicas no recêm-nato e, principalmente, pela não realização da sorologia no cordão umbilical como rotina. 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