A cunhada Gloria Foster é esposa do GMD Colin
Foster - DGM, ela entregou o troféu da F1 do Brasil
“Eu morro pela Petrobras"
Dura e rigorosa, a diretora de gás e energia da Petrobras foi a primeira mulher a ocupar um
posto no primeiro escalão da estatal. Hoje, desponta como candidata à presidência da empresa
Maria das Graças Silva Foster, diretora de gás e energia da Petrobras
Marcelo Correa
Revista EXAME
O sucesso profissional da engenheira Maria das Graças Foster, de 55 anos, parecia improvável
numa empresa em que a habilidade política e o jogo de cintura são pré-requisitos para a
ascensão. Diretora da área de gás e energia da Petrobras e primeira mulher a ocupar um posto
tão alto dentro da maior corporação brasileira, ela é uma executiva reconhecida tanto por sua
competência técnica como pela determinação em manter distância de fornecedores e parceiros
comerciais da Petrobras. Entre os subordinados, a impaciência e o rigor com que cobra
resultados já lhe renderam o nada carinhoso apelido de "Caveirão", uma referência ao veículo
do Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar do Rio que provoca pânico quando entra
nas favelas cariocas. Em Brasília, sua proximidade com a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma
Rousseff, incomoda os políticos que disputam poder sobre o orçamento bilionário de
investimentos da estatal. Ainda assim, Graça, como é chamada, transformou-se, nos últimos
anos, de técnica desconhecida a estrela em ascensão no governo Lula, e hoje é um dos nomes
cotados para uma eventual sucessão de José Sérgio Gabrielli na presidência da Petrobras. "Não
penso nisso", disse Graça Foster em entrevista a EXAME. "Trabalho por melhores resultados na
minha área - e nada mais."
Se Graça não pensa, alguém pensa por ela. A ministra Dilma Rousseff conheceu a atual
diretora de gás da Petrobras, em 1999, quando era secretária de Energia do governo do Rio
Grande do Sul. Na época, Graça era uma das gerentes responsáveis pela implantação do
gasoduto entre a Bolívia e o Brasil. Desde então, sempre que tem chance, indica a amiga para
postos que considera estratégicos. Dilma já a colocou na Secretaria de Petróleo e Gás do
Ministério de Minas e Energia, na presidência da Petroquisa, subsidiária de petroquímica da
estatal, e no comando da BR Distribuidora, outra subsidiária, e finalmente foi a avalista para o
atual cargo de diretora da Petrobras - uma das seis posições-chave cujo titular se reporta
diretamente ao presidente da estatal. A ministra é presidente do conselho da Petrobras, e em
algumas ocasiões manifestou opinião diferente da de Gabrielli quanto aos rumos da empresa.
E toda vez que a gestão de Gabrielli é questionada publicamente, como aconteceu
1
recentemente no episódio do empréstimo de 2 bilhões de reais firmado entre a estatal e a
Caixa Econômica Federal, políticos e diretores da companhia se alvoroçam com a hipótese de
Dilma defender sua substituição. Nessas ocasiões, o nome de Graça vem à tona como
alternativa. O assunto voltou a fazer parte das conversas de diretores e funcionários na
semana passada, mas nada indica, por ora, que Gabrielli não vá permanecer no posto de
presidente.
Maria das Graças Silva Foster, diretora de gás e energia da Petrobras
Idade
55 anos
Formação
Engenharia química pela Universidade Federal Fluminense com mestrado em
engenharia mecânica e engenharia nuclear pela UFRJ, além de MBA em economia pela
Fundação Getulio Vargas
Família
Casada, dois filhos
Experiência profissional
Começou como estagiária na Petrobras aos 24 anos. Foi presidente da Petroquisa e da
Petrobras Distribuidora. Entre 2003 e 2006, foi secretária de Petróleo e Gás do
Ministério de Minas e Energia. É a primeira mulher a ocupar um cargo de diretoria
executiva na Petrobras
Vincular a ascensão profissional de Graça unicamente à amizade que mantém com a ministra é
um equívoco. A executiva chegou ao posto que ocupa há um ano, depois de uma bemsucedida atuação na presidência da BR Distribuidora. Na BR, Graça Foster conseguiu organizar
um mercado consumidor para o biodiesel, programa de combustível alternativo que é a
menina dos olhos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nos 18 meses em que presidiu a
distribuidora, conseguiu atrair 3 600 grandes consumidores, como empresas de ônibus e
indústrias, e implantar a venda na rede de postos BR. Quando chegou à diretoria de gás e
energia, em setembro de 2007, Graça assumiu uma divisão problemática. Desgastada pelas
sucessivas crises no fornecimento de gás provocadas pelo presidente boliviano, Evo Morales, a
divisão não conseguiu articular um sistema eficiente de fornecimento de combustível e de
geração de energia a partir de seu parque de termelétricas, com potencial de geração de 7 000
megawatts, equivalente a 10% da capacidade energética brasileira. Com o governo
assombrado pela constante ameaça de apagão elétrico, a divisão era um fenômeno de
ineficiência. Testes realizados pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) mostraram
que a capacidade geradora era uma ficção, simplesmente porque não havia gás para alimentar
as usinas térmicas da Petrobras. Em seus piores resultados, os testes mostraram que o
combustível disponível permitiria gerar apenas 20% do potencial energético previsto. Ao
mesmo tempo, obras estratégicas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) sob
responsabilidade da divisão, como os terminais para receber gás liquefeito do exterior e o
gasoduto Coari–Manaus, não saíam do papel.
Desde que tomou posse de sua sala no 23o andar do edifício-sede da Petrobras, no Rio de
Janeiro, Graça se preocupou em colocar sua divisão para funcionar. A Petrobras ainda não está
gerando os 7 000 megawatts possíveis, mas seu fornecimento de energia, de 3 600
megawatts, já é seis vezes maior do que a média dos cinco anos anteriores e atende aos
compromissos da estatal com o operador do sistema. Para aumentar a geração de energia,
2
foram construídos mais dutos para levar o gás até as usinas. Em nove meses, a rede
aumentou 20%, ou 7 600 quilômetros de dutos. Outra medida foi a conversão de usinas que
eram movidas somente a gás para funcionar também com óleo combustível. Como resultado,
até setembro deste ano a Petrobras já tinha produzido 10% mais gás do que em todo o ano de
2007 - o suficiente para abastecer uma cidade de meio milhão de habitantes por um mês. Isso
ajudou a acelerar os investimentos, que, nos primeiros nove meses deste ano, atingiram 2,2
bilhões de reais, o dobro do ano passado. Da mesma forma, o prejuízo crônico da área, que
chegou a 1,2 bilhão de reais em 2006, deve ser reduzido. Em 2008, as perdas devem ser de
cerca de 300 milhões de reais. "Se tudo correr como o previsto, no ano que vem finalmente
fecharemos no azul", diz Graça.
Os primeiros a perceber que Graça Foster chegou ao posto disposta a implantar um estilo
peculiar de gestão foram os fornecedores e os clientes da divisão. Ela não recebe fornecedores
com freqüência nem almoça com clientes - uma rotina comum em outras diretorias. Quando os
recebe, restringe o tempo da audiência a 15 minutos. "Todo mundo quer se dar bem em cima
da Petrobras", disse ela num desses encontros, recentemente. Uma de suas primeiras ações
na diretoria foi convocar executivos das distribuidoras de gás para uma revisão de preços.
Como a CEG, a distribuidora de gás do Rio de Janeiro, não atendeu ao chamado, Graça Foster
simplesmente mandou cortar 30% do fornecimento da noite para o dia. A atitude deixou
indústrias locais sem abastecimento por 12 horas e provocou a primeira crise em sua equipe.
Um dos gerentes se posicionou contra o corte e foi removido para outra área, levando junto
quatro colegas. "Ele estava me testando, e isso eu não admito", diz Graça. A CEG acabou
aceitando pagar mais pelo gás da Petrobras. "Não havia motivo para uma ação tão drástica. A
Graça é muito impaciente", diz um executivo do setor. O episódio provocou ainda mal-estar na
base do governo federal, porque o corte afetou motoristas que usam gás natural e foi visto
como um desgaste popular desnecessário. Foi com esse episódio que o apelido de "Caveirão"
ganhou popularidade. "Sei que as pessoas torcem para não me ter como chefe", diz. "Sou
muito dura, reconheço, mas também abraço e beijo quem trabalha bem."
Para ter seu valor reconhecido pela executiva, é preciso primeiro trabalhar muito, e rápido. Ela
chega à sede da Petrobras todos os dias às 7 horas da manhã e fica, no mínimo, até as 9 da
noite. Não costuma delegar decisões e cobra notas técnicas e apresentações sobre os assuntos
mais polêmicos de seus técnicos. É comum que Graça peça a mais de um subordinado para
redigir notas sobre um mesmo tema como forma de testá-los e de comparar sua eficiência.
Quem entrega mais rápido, em geral, é considerado melhor que os outros. Freqüentemente
leva malas de papéis para ler em casa nos fins de semana e reserva os sábados para visitar
obras de dutos e de conversão de usinas. Há cinco anos não tira férias. Casada, mãe de uma
médica, de um jogador de basquete e avó de uma menina, Graça gosta de cozinhar no pouco
tempo livre que tem. Outra parte desse tempo é dedicada ao Botafogo, sua paixão. Além das
derrotas de seu time, a única coisa capaz de levá-la às lágrimas é o próprio trabalho. "Ela ficou
com os olhos marejados quando viu o navio de reconversão de gás natural liquefeito atracar
no Ceará, no fim de novembro", diz o secretário de Energia do Rio Grande do Norte, Jean-Paul
Prates. "Eu morro pela Petrobras", confirma a própria diretora.
3
Download

Esposa do GMD Colin Foster - Ação Maçônica Internacional