Boletim do Embaixador
Edição 54 . Março 2012
Testemunho de
Esperança
Foto: Adriana Martins
Ele recuperou-se em Porto Nacional / TO, ficou um ano em Coroatá / MA
como voluntário e voltou para sua casa. Um ano depois, na visita do papa
Bento XVI, em 2007 à Fazenda em Guaratinguetá / SP, sentiu o desejo de
voltar. Foi então para a Fazenda de Sena Madureira / AC, onde ficou sete
meses, em Guaratinguetá fez formação por mais um ano, então se tornou
responsável pela Fazenda em Três Marias / MG por mais três anos, e em
janeiro de 2012 foi transferido para assumir a responsabilidade da Fazenda
da Esperança visitada pelo Papa.
Fernando Leite de Paula com 25 anos em Gurupi / TO, entregou sua vida a
Deus para se dedicar aos jovens recuperandos 24 horas por dia.
www.fazenda.org.br
Apoiado na espiritualidade aprendeu a conviver diferente com
base no amor
H
oje, o Fernando resgata vida do inferno das
drogas e dá de graça o que recebeu quando
chegou à Fazenda da Esperança: “Com 12 anos
comecei a usar droga com amigos e primos em um
comício político de minha cidade. Meu primo me convidou”, conta Fernando.
Seus pais se separaram quando tinha seis anos, eles
trabalhavam em um internato. O pai foi embora e sua
mãe conseguiu uma vaga para ele estudar lá. Foi expulso deste internato por causa de um roubo.“Via a
minha mãe e meu irmão mais novo três vezes ao ano.
Meu pai, só o vi depois que fui expulso do internato,
onde tinha de tudo, mas roubava para se divertir com
os internos”, afirmou.
Ele conta que sua mãe sempre buscou muito a Deus,
mas por causa de seu pai beber, sempre havia discussões.
“Meu pai chegava bêbado, minha mãe discutia e acabava
em agressões. Tinha um sentimento ruim para com meu
pai, desejava crescer e enfrentá-lo”, disse.
Quando saiu do internato foi morar com a mãe e estudar em um colégio público. Mas depois de um tempo não conseguiu estudar e nem conviver com a família. Já tinha morado na casa dos avôs e do tio paterno.
Muitos jovens como o Fernando reconquistam a confiança de
seus familiares
“Mantinha meu vício roubando casas, supermercados,
pessoas e carros”, lembra.
Mas isso o levou a ser preso pela primeira vez. Era menor de idade e precisava de um responsável, seu pai não
se encontrava, a mãe se sentiu envergonhada e saiu da
cidade por um mês. Mesmo assim, conseguiu liberação
da delegada, voltou para a casa e lá consumiu drogas
com os outros dependentes. Quando sua mãe voltou,
colocou-o para fora de casa.
Conhecia uma pessoa que morava numa casa velha
e perguntou se poderia morar junto. Levou suas coisas
para lá e se tornaram companheiros de roubo. Todo o
dinheiro era usado para consumir drogas. Lembra que à
noite roubavam manga para não precisar usar o dinheiro
para a comida.
Quando adoeceu, os companheiros levaram-no para
o hospital, por já não poder se locomover e com uma
inflamação muito grave na parte de cima do rosto. “Pela
primeira vez, comecei a me perguntar o que estava fazendo de minha vida”, afirma.
Seu companheiro foi preso e não demorou muito para
a polícia o encontrar, apesar de tentar fugir. Dessa vez
Durante o processo de recuperação, os jovens passam por diversas situações que os preparam para uma vida nova, livres
da dependência quimica
2 - Boletim do Embaixador - Edição 54 - março 2012
seu pai foi tirá-lo da cadeia. “Foi nesse momento que
comecei um relacionamento diferente e a sentir que ele
me amava”. Mas não demorou para entrar em conflito.
mas numa época ruim, pois era quando andava armado e
a sociedade me “temia”. Senti-me culpado por ele entrar
nessa vida” e em 2009 o irmão pediu sua ajuda.
Por isso, foi morar na casa do seu irmão mais velho,
filho da primeira esposa de seu pai. Ele era recém-casado e tinha acabado de nascer sua primeira filha. Como
Fernando sempre teve problemas com a polícia, em um
dia escutou a esposa do seu irmão falando: “Mande-o embora, porque não aguento mais passar vergonha
sempre tendo a polícia na porta de casa”.
A experiência com o irmão foi forte, mas a que mais
lhe marcou foi deixar tudo. Depois de um ano em casa,
trabalhando, ajudando sua mãe, estudando, namorando,
sentiu o desejo de voltar para a Fazenda da Esperança.
Seu irmão não tinha coragem de mandá-lo embora,
porque não tinha para onde ir. E com o tempo a sua
esposa é quem o mandou. “Pedi para me dar pouco
tempo. Não via solução e decidi pedir ajuda para sair
dessa vida”, lembra Fernando.
Por não ter mais contato, recorreu a uma tia, irmã de
sua mãe e ela ficou de procurar um local e falar com
sua mãe. Sua mãe decidiu ajudá-lo: “lembre-o do que
eu disse: Quando quiser mudar de vida eu o ampararei”.
Por meio de um rapaz que ficou seis meses na Fazenda da Esperança elas tomaram conhecimento desse local.
Teve esse sentimento durante a visita do papa Bento
XVI e o considerava a vontade de Deus para sua vida.
“Na rodoviária quando embarcava para retornar à Fazenda, meus amigos, ex-namorada e minha mãe questionavam o motivo de eu estar fazendo isso. Eu só sentia e não tinha palavras para expressar esse meu desejo.
Depois de entrar no ônibus, deixar minha mãe chorando
e sentar no último banco, respirei forte e disse: É por ti
Jesus”, conta.
E hoje ele sente que para seu sim Deus deu 100 vezes mais. “Quantas famílias me tem como filho, quantos
meninos me tem como pai, quantas casas tenho como
família, e minha família me quer bem, tudo isso vejo que
foi Deus que fez na minha vida depois que deixei Deus
ser Deus na minha vida”, conclui Fernando.
Ele chegou à Fazenda no dia 28 de fevereiro de 2004,
com 17 anos de idade. “Esse dia, revendo o passado,
oito anos depois, teve um grande significado o de nascer de novo, porque tudo se renovou, minha família se
uniu, mudei a mentalidade e hoje sei que sou aquele filho que meus pais sempre quiseram”, afirma Fernando.
Em 2008 quando estava na Escola de Comunhão,
um período de formação destinado aos lideres de Fazendas, sua mãe ligou dizendo: “Seu irmão mais novo
está usando droga”! “Ele me tinha como referência,
Grupo de voluntários com o qual Fernando
fez formação
A voz do Embaixador
Fico realmente muito agradecido pelas orações. Que Deus abençoe todos da Fazenda.
Por gentileza, pode me encaminhar sim o boletim mensal para que eu possa contribuir,
afinal, foi ao assistir às missas da Fazenda que me identifiquei muito com os recuperandos.
Marcio Adriano Gonçalves
Muito obrigada pelo carinho. Parabéns pelo maravilhoso trabalho que fazem. Peço que me
enviem sim o boletim, pois tenho imensa vontade de ajudar mensalmente. Maria Francisca
Tereza de Oliveira
Conhecia o trabalho da Fazenda da Esperança pela TV e pelos comentários de minha
mãe. Mas por providência divina, tive a alegria de conhecer a Fazenda de Itabira / MG.
Estava em um período de busca da minha vocação, fazendo uma terapia e por “coincidência” fomos visitar a Fazenda e me senti muito tocada com o carisma de amar de
verdade. Maíra Alves
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A-notável
Óbidos em festa
Comunidade terapêutica inaugurada em Óbidos / PA, no dia 21 janeiro, é uma nova esperança para
a comunidade obidense.
No dia em que a Fazenda da Esperança foi inaugurada também a prelazia de Óbidos recebeu a categoria de Diocese pelo representante do Papa no Brasil, o
núncio apostólico, Dom Lorenzo Baldisseri.
Muitos amigos, alguns vindos até da Alemanha,
se reuniram nessa cidade para comemorar esses dois
grandes acontecimentos.
Essa nova Fazenda da Esperança se localiza na comunidade do Flexal, numa antiga Fazenda, que foi
toda reformada. A inauguração começou por volta
das 11h, com a celebração da Palavra pelo dom frei
Bernardo o qual destacou a importância dessa comunidade terapêutica para a região, cujo principal objetivo é cuidar dos dependentes químicos de álcool, drogas e fazer com que os mesmos voltem ao convívio da
sociedade sem esse problema.
O coordenador desta Fazenda, o diácono Nilton,
falou que: “Com inauguração da Fazenda da Esperança, estamos realizando um grande sonho, que já
vinha sendo sonhado há alguns anos, que começou
na gestão de dom Martinho e se concretizou agora,
na gestão de dom Bernardo”.
A Prelazia de Óbidos, situada no oeste do Pará, foi
elevada à condição de diocese pelo Papa Bento XVI no
dia 9 de novembro de 2011. A prelazia foi criada em
10 de abril de 1957 pelo Papa Pio XII, desmembrando
da então Prelazia de Santarém sendo confiada aos cuidados dos franciscanos da Ordem dos Frades Menores.
“A elevação da diocese é um incentivo a mais para
dar continuidade à missão de anunciar a Palavra de
Deus. É o lema que adotamos: ‘Uma diocese missionária no coração da Amazônia’”, disse dom Bernardo.
“Estou feliz por estar aqui, pela primeira vez, por
conhecer essa extensa região do nosso país-continente, onde a natureza estende seus braços. Demos
graças a Deus pela expansão da fé nessa região e por
Ele ter mantido todos na caminhada dos pastores que
precederam a direção desse rebanho. Deus é grande
e compensou todos vocês pela perseverança e pela
fidelidade”, afirmou dom Lorenzo, núncio apostólico.
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