SESI-MG Incentivo Projetos Investimento em cultura Guia profissionalizará gestão dos departamentos regionais ma indústria de médio porte de Pirapetinga, cidade do interior mineiro com pouco mais de 10 mil habitantes, procurou o SESI para ajudar a difundir a cultura na região. A Indústria de Embalagens Santana S.A. (Inpa) construiu um Centro Integrado de Desenvolvimento do Trabalhador em parceria com o SESI e o SENAI e agora pretende elaborar uma linha de projetos culturais para esse espaço. “Buscamos pessoas com experiência para formar parcerias e dar um sentido às suas vidas”, diz a gerente de Recursos Humanos da empresa, Soraya Januzi. Esta será a primeira vez que a Inpa contará com benefícios de leis de incentivo fiscal, graças à assessoria do SESI, que participa da criação, formatação e da execução dos projetos. Para que experiências como essa possam se repetir em outras regiões do País, o Departamento Nacional elaborou o Guia SESI de Investimentos Culturais, que facilitará o trabalho dos regionais na área de cultura. “O objetivo é profissionalizar a gestão de cultura”, diz a gerente de Projetos do SESI Nacional, Cláudia Ramalho. São cinco volumes impressos que trazem análises sobre as leis de incentivo à cultura em âmbito municipal, estadual e federal. Também orienta as empresas na elaboração de projetos Orquestra de Câmara SESIMinas: música popular e erudita em 40 concertos anuais fevereiro 2007 • edição 95 • SESI GESTÃO SOCIAL • 7 GN95A.indd 7 01/03/2007 08:21:32 Projetos Incentivo ANA PAULA FERREIRA Fantoches: crianças de baixa renda do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro aprendem a arte milenar graças ao incentivo de empresas culturais, definição de orçamento, captação de recursos e inscrição na Lei Rouanet. Todas essas informações estarão em um link na página do SESI, em fase de implantação. Com esse documento, o SESI pretende estimular o financiamento à cultura. Atualmente os recursos disponíveis são pouco usados por falta de bons projetos e de informações sobre essa modalidade de investimento. Segundo a consultora de cultura do SESI-MG, Cristina Pereira Nunes, as grandes empresas são as que investem tradicionalmente em cultura. “Empresas de pequeno e médio portes têm pouco conhecimento sobre os benefícios fiscais para a cultura”, diz. CAPACITAÇÃO O documento começará a ser distribuído aos Estados em março e a capacitação dos profissionais levará um ano. Segundo o gerente-executivo de Cultura, Esporte e Lazer do SESI Nacional, Eloir Simm, a idéia é qualificar as equipes dos departamentos regionais para desenvolver bons projetos que envolvam o trabalhador da indústria. O superintendente do SESI-RS, Edison Lisboa, outro regional que desenvolve projetos culturais de destaque, diz que o guia que está sendo produzido pelo Departamento Nacional será um importante aliado na disseminação das boas práticas para os empresários gaúchos. “Essa coletânia contribuirá para o crescimento da cultura no Estado”, afirma. Hoje as ações culturais são fontes de emprego e renda. Começam, muitas vezes, dentro das empresas voltadas para os empregados e seus familiares, como é o caso do coral da GE Celma, do setor de motores, e da Carl Zeiss Vision, de produtos oftálmicos, ambas no Rio de Janeiro, que tiveram benefícios de leis de incentivo à cultura. Depois, essas ações extrapolam os muros das fábricas e atingem a comunidade. Quando chega nessa fase, um dos papéis do SESI é orientar os dirigentes e administradores a utilizar o melhor canal para desenvolver projetos culturais. Em Minas Gerais, a parceria do SESI com a Inpa levará para o interior a Orquestra de Câmara SESIMinas, que se apresentará em março no teatro do Centro Integrado de Desenvolvimento do Trabalhador de Pirapetinga. Criada em 1986, em Belo Horizonte, a Orquestra ampliou seu espaço musical. Atua na área da música popular e erudita brasi- 8 • SESI GESTÃO SOCIAL • edição 95 • fevereiro 2007 GN95A.indd 8 01/03/2007 08:21:34 TEATRO DE BONECOS No Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul há outros exemplos de empresas que investem em projetos culturais para a comunidade, mediante recursos da Lei Rouanet. O Projeto Bonecos na Escola, desenvolvido por indústrias gaúchas dos vales do Taquari e Rio Pardo, possibilita o acesso gratuito de crianças de baixa renda ao teatro de bonecos em escolas. Outro projeto que usa bonecos para se aproximar de crianças da comunidade é o Arte na Escola, criado pela AES.Com, da área de telecomunicações. Cerca de 90 crianças de uma escola da zona sul do Rio de Janeiro participam de oficinas de bonecos e fantoches. A gerente de Recursos Humanos da AES. Com, Larissa Mello, salienta que a empresa investe firme na área cultural, não como ação de marketing apenas, mas pela consciência do papel de responsabilidade social que exerce na sociedade. “A empresa está mesmo interessada em desenvolver ações para pessoas que precisam. Tanto que, este ano, serão realizados novos projetos”, conta Larissa. Além da manutenção do Projeto Arte na Escola no Leblon, outras duas escolas deverão receber a iniciativa. Também será desenvolvido um novo projeto junto com o SESI fluminense, para poder apresentar ao público, industriários e familiares o resultado do que vem sendo realizado nas escolas. “É assim que a empresa faz: ajuda a comunidade carente a participar de atividades culturais para as quais normalmente não tem acesso”, finaliza. O gerente de Recursos Humanos da GE Celma, de Petrópolis, Christian Cetera, comenta que a preocupação da empresa é com o desenvolvimento da comunidade, “afinal, os colaboradores vêm da comunidade e é para eles que proporcionamos atividades que permitam maior desenvolvimento cultural”. A área de RH da GE Celma coordena os projetos culturais e a empresa tem uma comissão formada pelo presidente, diretores e gerente de Impostos que toma a decisão final sobre quais projetos serão realizados. “Nossa escolha sempre recai sobre projetos com maior impacto junto à população de Petrópolis e que tenham relação com a arte popular”, conta. Por meio da legislação de incentivo à cultura, a GE Celma, centro de excelência mundial na revisão de motores de avião, já produziu um filme sobre a história de Cristo, patrocinou peça teatral para crianças, lançou um livro, fundou um coral de funcionários e promoveu eventos artísticos dentro da empresa, como atividades culturais no Dia Internacional da Mulher, apresentações acrobáticas e circo. O projeto que hoje é o centro das atenções é o Estrela da Manhã, que atende 400 crianças da comunidade. Todo sábado elas recebem aulas gratuitas de dança, capoeira e teatro. As ações culturais da empresa tiveram início em 2005 e vêm crescendo. “Agora vamos apoiar a participação dos Canarinhos de Petrópolis em concertos abertos para a comunidade”, declara Cetera. A Viação Progresso, empresa de transportes do Rio de Janeiro, usou recursos da Lei Estadual de Incentivo à Cultura para realizar Cetera: a preocupação da empresa é com o desenvolvimento da comunidade DIVULGAÇÃO leira, executando Tom Jobim, Pixinguinha, Villa-Lobos, Cláudio Santoro, entre outros. A Orquestra vem se firmando como um conjunto de alta qualidade artística, com uma média de 40 concertos anuais. “Muitas pessoas nunca foram a um teatro. Não sabem o que é uma orquestra, nem que ela pode tocar música popular, erudita ou rock”, afirma Cristina, do SESI-MG. fevereiro 2007 • edição 95 • SESI GESTÃO SOCIAL • 9 GN95A.indd 9 01/03/2007 08:21:36 PATRIMÔNIO DA COMUNIDADE A professora de violino da Escola de Formação de Instrumentos de Cordas do SESI (Efic) Luciene Villani diz que o contato com a comunidade ajuda, por exemplo, a quebrar o preconceito de que a orquestra seria voltada para a elite. “Inicialmente, em 1989, a Escola era um projeto social do SESI, voltado apenas para os industriários e suas famílias. Hoje, com um patrimônio de 75 instrumentos, ela é aberta à comunidade e a procura é muito grande”, diz Luciene, que também é spalla (primeiro violino) da Orquestra Jovem SESIMinas. Formada pelos melhores alunos da Efic, a Orquestra é composta por violino, viola, violoncelo e contra baixo, e faz arranjos Projetos Incentivo ANA PAULA FERREIRA Projeto Arte na Escola: com patrocínio da AES.Com, a iniciativa atende 90 crianças o projeto Teatro sobre Rodas. Uma caravana de teatro itinerante, estrelada pelo grupo Viriato Corrêa, um dos mais tradicionais do interior do Estado, leva para as comunidades questões sobre educação no trânsito e sobre como se comportar nos papéis de motoristas e usuários de transportes coletivos. Já foram realizadas 62 apresentações em seis municípios do interior do Estado. variados, de MPB a Beatles. “A aceitação é maior quando o público se identifica com o repertório”, conta. Prova de que a Orquestra Jovem SESIMinas caiu no gosto do público é o convite que recebeu para fazer nova turnê no Paraná, onde realizou concertos didáticos com temas folclóricos brasileiros em escolas e fábricas do Estado. “Participando de atividades culturais, como dança, canto e teatro, por exemplo, as pessoas sentem-se valorizadas, melhoram sua auto-estima e passam a compreender mais o que se passa ao seu redor, inclusive o papel das indústrias localizadas em suas comunidades. E os industriais estão cada vez mais conscientes deste novo e crescente papel”, diz a gerente de Marketing Cultural do SESI-RJ, Fabiana Scherer. De acordo com o documento elaborado pelo SESI, o envolvimento de empresas com o setor cultural tem gerado oportunidades de motivação, manutenção e qualificação de seus funcionários. “Com o acesso à cultura, o trabalhador tem mais competência para investir no planejamento de sua qualidade de vida no ambiente de trabalho e no seu tempo livre”, afirma Simm, do Departamento Nacional. Além disso, o Guia mostra que a produção artística tem contribuído significativamente para manter ou incrementar o conhecimento de empresas, produtos e marcas, potencializando a comunicação e as relações delas com seus públicos-alvo. A oferta de serviços nas mais diversas manifestações culturais promove o fortalecimento institucional, corporativo e comunitário. “Só vamos efetivamente melhorar os índices de desenvolvimento humano de uma determinada região, quando a cultura fizer parte dos processos de resgate da cidadania da população”, afirma Fabiana, do SESI-RJ. Na primeira semana de abril, o SESI vai mobilizar as principais empresas que investem em cultura para discutir a criação de um fórum de investidores privados nessa área. “A idéia é criar uma constância de propósito nas políticas de cultura, além de promover a troca de experiências”, diz Claudia, do SESI Nacional. 10 • SESI GESTÃO SOCIAL • edição 95 • fevereiro 2007 GN95A.indd 10 01/03/2007 08:21:38