ANÁLISE AMBIENTAL DE MANGUE: ESTUDO DE CASO DO MUNICIPIO DE ACARAÚ CEARÁ - BRASIL Bárbara Alexandra Costa Gomes, Gabrielle Martins Portela, Lídia Maria do Nascimento Xavier, Girleny Maria Canindé da Silva. [email protected], [email protected], [email protected], [email protected]. Universidade Estadual do Ceará (UECE), Departamento de Geografia. Fortaleza, Ce. Resumo Os mangues constituem um dos mais importantes ecossistemas costeiros das regiões tropicais e subtropicais e apresenta uma dinâmica que torna esses ambientes, áreas potencialmente produtivas, desempenhando um papel de grande importância na pesca e aqüicultura em muitos países. O estuário é uma área de intensa fragilidade devido a dinâmica ambiental dos sistemas que o compõe sendo ele também crucial para o equilíbrio da região costeira. Na bacia do Acaraú percebe-se que essa delicada relação sistêmica tem sido fortemente alterada principalmente graças a práticas agrícolas sem manejo adequado e a expansão urbana devido à supervalorização do litoral pelas práticas turísticas. Diante disso o presente trabalho propõe discutir como tais práticas alteram o ambiente costeiro e de que forma esses impactos podem ser minimizados, através de uma análise ambiental realizada a partir de um levantamento bibliográfico da área considerando a especificidade do local bem como as relações de mutualidade entre os fatores geoecológicos e antrópicos quem compõe o ambiente. Palavras-Chaves: Mangue. Analise Ambiental. Acaraú. Abstract Mangroves are one of the most important coastal ecosystems of tropical and subtropical regions and has a dynamic that makes these environments, potentially productive areas, playing a major role in fisheries and aquaculture in many countries. The estuary is an area of intense fragility due to the dynamics of environmental systems that comprise it is also crucial to the balance of the coastal region. In the basin of Acaraú realizes that this delicate balance system has been strongly affected mainly by agricultural practices without proper management and urban expansion due to the overvaluation of the coastal tourist practices. Given that this paper aims to discuss how such practices affect the coastal environment and how these impacts can be mitigated through an environmental analysis conducted from a bibliographical survey of the area considering the specific local conditions and the relationship of mutuality between and anthropogenic factors geoecology who makes up the environment. Key words: Mangrove. Environmental Analysis. Acaraú. Introdução O Brasil tem uma das maiores extensões de manguezais do mundo. Estes ocorrem ao longo do litoral Sudeste-Sul brasileiro, margeando estuários, lagunas e enseadas, desde o Cabo Orange no Amapá até o Município de Laguna, em Santa Catarina. Os mangues abrangem uma superfície total de mais de 10.000 km², a grande maioria na Costa Norte. (ALVES, 2008) A área de estuário é um ambiente de muita fragilidade e vulnerabilidade devido à pressão antrópica, o que ocasiona desequilíbrios na sua dinâmica natural. O manguezal que normalmente é encontrado nas desembocaduras dos rios sofre muito com a atividade do homem que explora de forma predatória, diminuindo assim seus recursos naturais e trazendo sérios riscos para a conservação desse ecossistema. (ARAÚJO e FREIRE, 2007) A vegetação de mangue está sujeito ao regime das marés, dominado por espécies vegetais típicas, às quais se associam a outros componentes vegetais e animais. O ecossistema manguezal está associado às margens de baías, enseadas, barras, desembocaduras de rios, lagunas e reentrâncias costeiras, onde haja encontro de águas de rios com a do mar, ou diretamente expostos à linha da costa. (ALVES, 2008). Objetivos O objetivo do trabalho é o de analisar e discutir algumas características do ecossistema de mangue, qual sempre foi explorado e ainda o continua a ser, pela ação antropica, como por exemplo, a prática da pesca predatória, a carcinicultura. Pois se trata como já foi dito, um dos ecossistemas mais importantes no mundo, devido a sua beleza e a sua grande potencialidade de ser explorado. Material e Método Para o desenvolvimento desse artigo, foi realizada a análise dos aspectos geoambientais e o zoneamento da região estuarina. Esta área representa uma área de manguezal e o maior objetivo é a conservação desse ecossistema diante da grande ação predadora antrópica. Etapas que sucederam ao desenvolvimento da pesquisa: levantamento e análise da bibliografia pertinente à área em estudo, tais como resumos, artigos, monografias etc., descrição da morfologia, geologia, solo, vegetação e modalidades de uso e ocupação. Resultados e Discussões O grande problema socioambiental que envolve os manguezais é a ação humana nesse ecossistema através da exploração do mesmo por diferentes grupos sociais. No que se refere ao processo de ocupação e exploração dos recursos ambientais que se deu a partir do processo de colonização do Brasil a utilização do mangue se dava de forma sustentável devido a própria dinâmica econômica que ainda não tinha atentado para a área de forma significativa, e ainda hoje, apesar dos grandes empreendimentos na área de carnicicultura e turística, várias comunidades de pescadores, em todo o litoral brasileiro, utilizam os manguezais, como um meio de sobrevivência. (et al VANNUCCI, 1999). A carcinicultura, que hoje é um dos setores mais prósperos do município de Acaraú - CE, consiste na cultura de camarão e peixes em viveiros. Esse cultivo tem provocado impactos e prejuízos, como poluição das águas, pois os viveiros jogam seus dejetos nos canais de marés e lançados ao mar, e o desmatamento dos manguezais. Tais ações sobre um ecossistema tão instável feito o manguezal acarreta diversas conseqüências a curto e em longo prazo como o aumento da salinização dos solos, assoreamento das planícies fluviais e fluvio-marinhas, além do avanço do campo de dunas, acarretando na perda da biodiversidade e danos paisagísticos do meio. A Bacia hidrográfica do rio Acaraú está localizada a oeste da capital cearense e compreende uma área equivalente a 14.500 Km², abrangendo cerca de vinte e cinco municípios cearenses, sendo considerada a segunda maior bacia hidrográfica do Ceará. O vale do Acaraú no estado do Ceará comporta relevos desenvolvidos em terrenos do embasamento cristalino e setores de capeamentos sedimentares de gerações distintas, com destaque para as áreas pré-litorâneas e a Ibiapaba. A geologia, com a geotectônica e a litologia, desempenha funções centrais na complexa elaboração das formas de relevo, seguidos de fatores paleoclimáticos e morfogenéticos atuantes. Os processos epígenos com as chuvas, escoamento superficial e ação eólica, promovendo intemperismo mecânico, predominam nos compartimentos paisagísticos. E os sedimentos aluvias carreados em direção ao nível de base congregaram, mais recentemente (Quaternário), formas agradacionais litorâneas e pré-litorâneas. Estes fatores dão pistas para uma reconstituição paleoambiental. (RODRIGUES, 2006). Segundo Souza (2000), em condições de maior umidade com período de chuvas mais regularmente distribuídas, foi favorecida a alteração de rochas, provavelmente no Pleistoceno Superior ou Médio ao Neo Pleistoceno, propiciando a formação de regolitos espessos. Um dos fatores físicos que muito influencia a estrutura do manguezal e seu funcionamento é a maré. As mais importantes características desse fator para o ecossistema são: a intensidade e freqüência para a perturbação mecânica causada pela ação da maré; a amplitude vertical da maré, que determina a profundidade de inundações e extensão vertical da vegetação; tipo de ciclo de maré que controla freqüência e duração da submergência e emergência; e a qualidade da água. (ALVES, 2008) Considerações Finais Mesmo com medidas que resguardam o ecossistema manguezal, ele vem sendo constantemente degradado graças à expansão da malha urbana e das fronteiras agro-industriais que devido ao seu processo de desenvolvimento se apropria de áreas cada vez mais vulneráveis, restringindo seu poder de resiliência, ou seja, sua capacidade de se regenerar. A atual conjuntura socioeconômica, de apropriação de novas áreas pelo sistema capitalista, permite que as áreas de mangue sejam alvo nesse processo, graças às amplas possibilidades de uso, como para a exploração agrícola, que na região do Acaraú ocorre através da fruticultura e a carcinicultura, que ocupam principalmente as regiões estuarinas. Tais produções vêm crescendo na região nordeste graças à abertura de novos mercados principalmente voltados a exportação. Outro fator preponderante na degradação do mangue consiste na especulação imobiliária do litoral, que constrói sua base mercadológica sobre processos e impactos ambientais cada vez mais severos. Sendo assim é possível perceber a necessidade de medidas conservacionistas que resguardem essa região tão importante, que é berço de diversas espécies, assim como para as comunidades ribeiras que retiram desse bioma sua subsistência. Isso se da através de campanhas de conscientização da população e de produtores, além de uma maior fiscalização do cumprimento das leis ambientais pelos órgãos responsáveis pela gestão ambiental. Referências Bibliográficas ARAUJO, Maria Valdirene; FREIRE, George Santander. APA DO ESTUÁRIO DO RIO CEARÁ: DIAGNÓSTICO AMBIENTAL X EDUCAÇÃO AMBIENTAL. I Simpósio de Recursos Hídricos Norte. 2007. Cuiabá. Disponível em: <http://www.abrh.org.br/novo/i_simp_rec_hidric_norte_centro_oeste.php> Acesso em: 15 de fevereiro de 2011. ___________________. UTILIZAÇÃO DE SIG NOS ESTUDOS AMBIENTAIS DO ESTUÁRIO DO RIO ACARAÚ – CEARÁ. GEONOMOS. Belo Horizonte. 2007. ALVES, Solange Nascimento. Ecofisiologia do manguezal. Org. Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos. Aracajú, Sergipe: Degrase, 2008. 72p. BERTRAND, G. Paisagens e Geografia Física Global: Esboço Metodológico. Caderno de Ciências da Terra. N° 13. Instituto de geografia – USP, São Paulo. 1972. 27p. DIEGUES, Antonio Carlos Sant’ Ana. Ecologia Humana e planejamento em áreas costeiras. – São Paulo: NUPAUB – USP, 1996. FERNANDES, D. (2004). Impactos ambientais provocados por efluentes da carcinicultura. 182f. Dissertação de Mestrado em Geologia. Universidade Federal do Ceará. Fortaleza. 2004. LABOMAR (UFC). (2004). Estudo das áreas de manguezais do Nordeste do Brasil. Universidade Federal do Ceará e Sociedade Internacional para Ecossistemas de Manguezal – ISME – BR. Fortaleza. 59p. MELO, J. B. de. 2005. 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