Discurso do Presidente da CNA, João Martins da Silva Júnior, no evento “Presidenciáveis na CNA – 2014” “ Colegas de diretoria da CNA , Presidentes de Federações de agricultura de todo o brasil e entidades parceiras , minhas senhoras , meus senhores, é grande a expectativa de receber hoje os três candidatos à presidência da república melhor situados nas pesquisas de intenção de voto , que aqui vêm expor sua visão sobre a produção rural brasileira , depois de examinarem o documento que preparamos para expor nossos desafios , problemas e necessidades. Para a CNA e para os produtores rurais de todo o brasil, este é um momento especial que, com certeza , merecerá destaque na nossa história. Sinto-me gratificado de participar de mais este passo do nosso sistema CNA, com as suas 27 federações de agricultura e os seus mais de 2.000 sindicatos rurais. ser ator relevante no debate dos grandes temas nacionais e contribuir , efetivamente, para a formulação de políticas públicas dirigidas ao setor agropecuário é , antes de tudo , anseio antigo desta confederação e das entidades que participaram conosco da elaboração do documento “o que esperamos do próximo presidente”. E é o que estamos fazendo aqui, mais uma vez, nesta segunda edição do evento “presidenciáveis” na CNA , com a presença das senhoras e dos senhores. O Brasil é , hoje , uma democracia madura , em que as eleições gerais são uma oportunidade de discussão esclarecida das grandes questões nacionais. A presença dos candidatos, neste auditório , significa , para nós , o reconhecimento de que a agenda do agronegócio chegou , finalmente , ao topo das questões nacionais. E mais: já não há quem discorde do fato de que a produção agropecuária e os produtores rurais são um ativo inestimável de nossa economia e de nossa sociedade. Há algum tempo , o reconhecimento da importância estratégica do agronegócio não era um consenso amplamente compartilhado. no brasil , e mesmo nos países desenvolvidos , prevalecia um grande pessimismo sobre a capacidade do mundo de atender à demanda de alimentos de populações cada vez maiores e com maior renda disponível , sem que se desencadeasse um desastre ambiental. A nossa própria história , até o início dos anos setenta, parecia ser uma comprovação desse pessimismo. Nossa produção não era capaz de atender o mercado doméstico e convivíamos, frequentemente, com escassez e inflação dos preços agrícolas. Prevalecia o entendimento de que a produção rural brasileira só poderia crescer com a distribuição de terras , a pequena propriedade familiar e os métodos tradicionais de produção. O que ocorreu a partir de então foi algo muito próximo de um milagre, se é que existem milagres na economia. Uma cooperação entre governo e setor privado, poucas vezes vista em nossa história, culminou na invenção de uma nova agricultura. Uma agricultura própria para as regiões tropicais, incorporando o estado da arte das tecnologias propiciadas pelo avanço científico. O setor público teve um papel vital neste processo, realizando a pesquisa agronômica, criando um sistema de crédito rural e oferecendo um ambiente institucional favorável ao empreendedorismo no campo , com liberdade econômica e proteção da propriedade. Nada disso teria resultados , não fosse a disposição para o investimento, para o risco e para a inovação dos nossos produtores. esta aliança virtuosa gerou uma nova e gigantesca agricultura e pecuária , que desmentiu os pessimistas de todas as linhagens. Hoje, o brasil abastece plenamente o mercado doméstico, com uma gama extensa e variada de produtos de alta qualidade , a preços reais cada vez mais baixos. É preciso proclamar e reconhecer que a constante queda dos preços agrícolas é , para a população , ingrediente fundamental para reduzir a pobreza e para a melhoria dos padrões de vida e de consumo da maioria dos brasileiros. Além disso, o Brasil tornou-se um grande exportador de muitos produtos alimentares. Só no primeiro semestre deste ano, o agronegócio foi responsável por 44,4% das vendas externas do brasil. O setor tem ajudado a equilibrar a balança comercial brasileira e a estabilizar os preços internacionais dos alimentos, diante de uma demanda mundial crescente. Tudo isso, preservando o meio ambiente e poupando terra e água, por meio de ganhos impressionantes de produtividade. Temos , ainda , um grande futuro pela frente. mas, para chegar até ele , é necessário resolver alguns problemas , cuja solução depende de escolhas políticas. Por isto , estamos aqui: esperando ouvir o pensamento de quem, em breve , assumirá a responsabilidade de liderar nosso país. Entre estes problemas , alguns têm especial relevância. Em primeiro lugar, é necessário impedir que os excessos ideológicos interfiram na proteção do direito da propriedade. Onde a proteção deste direito foi negada, ou mesmo negligenciada, a produção rural fracassou. A agricultura é atividade de homens livres. O Estado não pode vacilar diante das ameaças a este direito, e as invasões de terra , de quaisquer natureza , devem ser combatidas pelos instrumentos da lei. a relativização da propriedade da terra é um veneno que deve ser eliminado. a ordem jurídica não pode acolher exceções. Sem instituições que resguardem a produção e os produtores , o desenvolvimento econômico é tarefa simplesmente impossível. Necessário , também , por fim aos conflitos derivados das questões ambientais. temos uma legislação rigorosa , sem paralelo no mundo , e queremos acatála e respeitá-la. O dilema entre produção agrícola e proteção da natureza é um falso dilema. Queremos a regulamentação da lei , transparência na distribuição das competências e previsibilidade. e que a retórica puramente política deixe de turvar o ambiente econômico. Na área trabalhista, precisamos de mais diálogo. As organizações internacionais que cuidam do mundo do trabalho têm reconhecido as grandes mudanças que estão ocorrendo neste universo. precisamos de equilíbrio, serenidade e visão de longo prazo para conciliar direitos e interesses de trabalhadores e produtores. Queremos que o ministério da agricultura e as instituições que cuidam da pesquisa, da extensão e da defesa sanitária tenham suas estruturas reforçadas para que a aliança entre o governo e o setor privado , que esteve na origem da nossa revolução agrícola , possa , novamente, realizar todo o seu potencial. A geografia da produção rural alterou-se muito nos últimos quarenta anos e nossas redes logísticas ainda refletem o Brasil antigo . Apesar dos esforços governamentais para enfrentar este problema , precisamos seguir em frente , pois são muitas as carências de infraestrutura no nosso vasto território. Senhoras e Senhores, o agronegócio brasileiro é uma prova da nossa capacidade de crescimento. É um motivo de orgulho e uma inspiração para todos neste país. Se quisermos, podemos seguir crescendo em todas as áreas e em todos os setores. Queremos mais uma vez reafirmar a nossa expectativa de ouvir dos candidatos a visão , os projetos e os compromissos para o setor agro . De nossa parte, estaremos sempre dispostos a cooperar e prontos para um diálogo responsável e construtivo. Que deus ilumine e dê forças aos futuros governantes deste país . Para o bem de todos!”