Plano de Formação 2009/2010 Com a Venerável Mãe Clara e o Padre Beirão no trilho das Bem-aventuranças e das Obras de Misericórdia [Escolhe ra data] Tema nº1 Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o reino dos Céus. Motivação Olhando os Fundadores: Mãe Clara e o Pe. Beirão Felizes os pobres… Jesus, ao proclamar “felizes os pobres”, dálhes esta condição de felicidade, no presente: são felizes, agora! “Cumpriu-se o tempo e o reino de Deus está próximo” (Mc 1 15). Lucas diz: “Felizes os pobres”. E não acrescenta mais nada. Ou seja a Bemaventurança refere-se a situações objectivas: pobreza, fome, lágrimas e perseguição. Mateus pormenoriza: “Bem-aventurados os pobres em espírito”; isto é, aqueles que se apresentam de mãos vazias diante de Deus e renunciaram a atitudes orgulhosas, de autosuficiência, reconhecendo-se seus devedores. Por isso, Mateus traduz a palavra por “humildes”. Se compararmos estas palavras de Jesus – tanto na versão de Lucas como na de Mateus – com outras também suas, como por exemplo: “Ai de vós, os ricos!...”, “Eu tinha fome e deste-me de comer…”, a parábola do rico avarento e do pobre Lázaro ou o cântico do Magnificat “Aos famintos encheu-os de bens e despediu os ricos de mãos vazias…”, não temos por onde fugir: aqui, Jesus fala dos pobres-pobres, daqueles que não têm nada nem contam com nada... Proposta de Cânticos Deus, Tu és o meu Deus, Claudine Pinheiro Magnificat, Edições Salesianas Toma as minhas mãos, Imac “Trabalhemos sempre com recta intenção de agradarmos só a Deus, porque, de outra sorte, vazias serão as nossas obras”. M. Clara “Recebei tudo como vindo das mãos de Deus que tudo permite para nosso bem”. M. Clara “Ânimo e coragem, porque esta vida são dois dias e o céu é para todos uma eternidade!” M. Clara “Embora as mais cruéis amarguras, contrariedades e desgostos, vejo um olhar providencial de Deus que vela sobre nós.” M. Clara “Viver com Deus, estar com Deus, morrer com Deus e depois o céu”. Pe. Beirão “Todos os homens, se Vos quiserem imitar e, por esta imitação, merecer as Vossas graças, amem e procurem a pobreza voluntária pelo Vosso amor”. Pe. Beirão Para Aprofundamento “Felizes os pobres…” Habitualmente entendemos que pobres são aqueles que não têm bens materiais; Paulo VI amplia-nos os horizontes: “Numa sociedade da abundância, a pobreza não se mede apenas, tendo por base a receita de que se dispõe ou o nível de vida de que se usufrui. Mas também há uma pobreza que se refere às condições de vida e ao facto de se sentir afastado da evolução, do progresso, da cultura e das responsabilidades. A pobreza não é só a do dinheiro, mas também a falta de saúde, a 1 [Escolhe ra data] Plano de Formação 2009/2010 Com a Venerável Mãe Clara e o Padre Beirão no trilho das Bem-aventuranças e das Obras de Misericórdia Tema nº1 Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o reino dos Céus. solidão afectiva, o insucesso profissional, a ausência de relações, as deficiências físicas e mentais, as desventuras familiares e todas as frustrações que provém de uma incapacidade de integração no grupo humano mais próximo. Em suma, o pobre é aquele que não conta com nada e aquele que nunca ninguém escuta, aquele de quem se dispõe sem sequer lhe perguntar a sua opinião, que se encerra num isolamento tão doloroso que, por vezes, chega aos gestos irreparáveis do desespero”. Talvez devamos ampliá-lo ainda mais: pobres são todas as pessoas que sofrem porque lhes falta algo de importante, como por exemplo, uma pessoa querida, a harmonia numa família que se desfez... Podemos afirmar que esta primeira bemaventurança dá o tom a todas as outras. É a fundamental. Poderíamos dizer que todas as outras são outras tantas maneiras de viver aquela pobreza, ou este “espírito de pobreza” que se diz e exige a toda a gente que se “aproxima” de Jesus. A Bem-Aventurança da pobreza não foi a perspectiva que se viveu, em Israel, em determinado momento da história da salvação. Pensava-se que Deus recompensava a virtude exactamente com muitos bens materiais, com animais, com terras. O exílio na Babilónia marca uma mudança radical nesta mentalidade. Depois de um Job “justo, temente a Deus e afastado do mal” que se vê mergulhado na dor mais atroz, vai aparecer um Qohelet a proclamar a vaidade e futilidade da riqueza. Daqui se parte para a proclamação “bem-aventurados os pobres”. A partir de então, Israel começa a sentir que é na pobreza que se sente unido a Deus. Que os pobres, na sua humildade são os que estão mais perto do coração de Deus. O povo, o povo de Israel, é um povo de “pobres”; são pessoas que não fazem valer os seus méritos diante de Deus, que estão abertos ao que Deus dá e que, por isso mesmo, vivem intimamente de acordo com a Palavra de Deus. Constrói-se, assim, um tipo de pobreza interior, espiritual, mas à qual se chega mediante a pobreza material ou que esta favorece. Trata-se de pessoas marcadas pela humildade, pela paciência pela mansidão e doçura. São os que confiam no Senhor. Aflitos. Oprimidos. Colocam em Deus toda a sua confiança. Fiam-se em Deus, como os lírios do campo e as aves do céu. Ocupam-se de tudo e com tudo mas não se preocupam com nada. Não se vendem a ninguém nem a nada, nem ao que possuem nem ao que desejariam possuir. São livres, livres em relação ao que têm, ao que sabem e ao que são. Pobres são os que se deixaram apanhar por Cristo como Paulo. Os pobres são, os humildes, os que confiam no seu Senhor, os que se gloriam em Deus. Nos pobres, Deus pode estabelecer o seu trono. A pobreza, este “espírito de pobreza” é vocabulário próprio da vida cristã. Que atitude nos pede Jesus para captarmos o sentido desta Bemaventurança? Tenho realmente coração de pobre: Em relação a Deus (coração de filho)? Em relação ao próximo (coração de Irmão)? Em relação a mim (coração de juiz)? Em relação à criação (coração de senhor respeitoso e agradecido)? Sei aceitar os sinais da minha fraqueza, a miséria dos meus comportamentos? Confio em Deus quando me falta alguma coisa? Confio no seu amor de Pai? Como olho os pobres materiais? Sou sensível às suas necessidades? Partilho com eles o meu tempo e os meus bens? 2 Plano de Formação 2009/2010 Com a Venerável Mãe Clara e o Padre Beirão no trilho das Bem-aventuranças e das Obras de Misericórdia [Escolhe ra data] Tema nº1 Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o reino dos Céus. Proposta de Compromisso 3 Obras de Misericórdia: 1) “Dar de comer a quem tem fome” 2) “Dar de beber a quem tem sede” Oração O meu coração é pobre, Sinto que sou barro; sou como a argila abandonada que espera as mãos do artista. Põe as tuas mãos, Senhor, Teu coração, na minha miséria, e enche a minha vida com a tua misericórdia. Protege a minha vida. Confio em ti. Gostava de dizer-te o que és para mim: tu és o meu Deus, tu és o meu pai, tu queres-me. Eu chamo-te todos os dias. Dá a alegria a quem quer ser teu amigo. Protege a minha vida. Confio em ti. Eu sei que tu és bom e me perdoas. Sei que és misericordioso com quem abre o coração ao teu amor e lealdade. Escuta-me. Atende-me. Chamo-te. Venho estar contigo e quero ficar junto de ti. Protege a minha vida. Confio em ti. Tu és grande. Tu fazes maravilhas. Tu, o único Deus. Ensina-me, Senhor, o teu caminho e que te siga com os meus passos. Protege a minha vida. Confio em ti. Senhor, alegro-me, porque és um Deus compassivo. Alegro-me porque és paciente. Alegro-me porque és misericordioso e fiel. Senhor, olha para mim. Tem compaixão de mim. Dá-me força. Protege a minha vida. Confio em ti. Tu, Senhor, sempre estás pronto a ajudar-me e a animar o meu coração quando desanima. Tu, Senhor, toma o meu coração de barro e trabalha-o segundo a grandeza da tua misericórdia. Protege a minha vida. Confio em ti. (Autor desconhecido)