1
FATORES QUE INTERFEREM NA PRÁTICA DO ALEITAMENTO
MATERNO EXCLUSIVO POR PUÉRPERAS DO DISTRITO DE SÃO
CARLOS EM PORTO VELHO-RO.
FACTORS AFFECTING THE PRACTICE OF EXCLUSIVE
BREASTFEEDING POSTPARTUM WOMEN DISTRICT OF SAN
CARLOS IN OLD PORT-RO.
Marcuce Antonio Miranda dos Santos1
Mariléia Ferreira de Oliveira2
Francirleide Maria Ferreira de Freitas3
1
Enfermeiro. Mestre em Saúde, Sociedade e Endemias na Amazônia pela Universidade Federal do
Amazonas-UFAM/UFPA/FIOCRUZ-AM. Docente do curso de enfermagem da União das Escolas
Superiores de Rondônia-UNIRON. E-mail: [email protected] Tel: (69) 9229-1839.
2
Enfermeira. Graduada pela Faculdades Integradas Aparício Carvalho-FIMCA.
3
Enfermeira. Graduada pela Faculdades Integradas Aparício Carvalho-FIMCA.
2
RESUMO: O presente estudo buscou identificar as variáveis que interferem na
prática do aleitamento materno exclusivo por puérperas ribeirinhas, atendidas pela
Equipe de Saúde da Família (ESF) do distrito de São Carlos em Porto Velho-RO,
bem como levantar o perfil socioeconômico das mulheres entrevistadas e de seus
parceiros; identificar a história das gestações e partos das mulheres estudadas;
investigar a existência de fatores associados à interrupção da prática do aleitamento
materno exclusivo. Trata-se de um estudo descritivo do tipo transversal. Os dados
foram coletados através de um questionário semi-estruturado, aplicado junto às
mulheres moradoras do distrito de São Carlos em Porto Velho-RO. Neste estudo,
das 50 mulheres estudadas, (62%) das mulheres referiram ter participado de
atividades educativas durante o pré-natal e destes 62% foram orientadas pelo
profissional enfermeiro; (62%) declararam que interromperam o aleitamento materno
antes dos seis meses de vida e (32%) disseram que interromperam o aleitamento
materno exclusivo aos seis meses de vida. Dentre as entrevistadas em relação ao
tempo de aleitamento materno exclusivo do último filho (58%) disseram que o tempo
de aleitamento exclusivo foi menos de seis meses (02%) declararam que o tempo de
aleitamento materno exclusivo durou até o sexto mês de vida da criança. Assim, os
resultados deste estudo remetem à reflexão de que as políticas direcionadas à
promoção da prática adequada do aleitamento materno e da adoção da alimentação
saudável na infância devem considerar a relevância dos fatores sociais e
econômicos relacionados ao evento, e apontam também a necessidade de
contemplar políticas voltadas para a redução das desigualdades no campo da
atenção à saúde.
Palavras-Chave: fatores, aleitamento materno, período pós-parto.
ABSTRACT: This study sought to identify the variables that interfere with
breastfeeding postpartum women river, attended by Health Team Family (ESF) in the
district of San Carlos in old Porto Velho city, and raise the economic profile of the
women and their partners, identify the history of pregnancies and births of the women
studied; To investigate factors associated with cessation of the practice of
breastfeeding. This is a descriptive cross-sectional. Data were collected through a
semi-structured questionnaire applied to women residents in the district of San
Carlos in Porto Velho-RO. In this study, the 50 women studied (62%) of women
reported having participated in educational activities during the prenatal and 62% of
these were targeted by nurses; (62%) said they stopped breastfeeding before six
months life (32%) said they discontinued exclusive breastfeeding at six months of
life. Among the respondents regarding the time of exclusive breastfeeding of last
child (58%) said the duration of exclusive breastfeeding was less than six months
(02%) stated that the time of exclusive breastfeeding lasted until the sixth month of
life child. Thus, our results lead to the reflection of the policies aimed at promoting
the practice proper breastfeeding and healthy feeding in childhood should consider
the relevance of social and economic factors related to the event, and also highlight
the need to consider policies aimed at reducing inequalities in the field of health care.
Keywords: factors, breastfeeding, postpartum period.
3
INTRODUÇÃO
Nos primeiros seis meses de vida o leite materno é o alimento ideal que atende
de maneira completa todas as necessidades fisiológicas dos lactentes, pois é um
alimento natural, livre de impurezas, disponível na temperatura adequada, rico em
nutrientes, e ainda proporciona benefícios para a criança e para a mãe (RAMOS,
2003).
A importância do aleitamento materno para o desenvolvimento da criança em
termos físicos e emocionais é incontestável, tanto que as organizações nacionais e
internacionais preocuparam-se em estabelecer mecanismos de incentivo a
amamentação (RAMOS, 2003).
Os estudos atuais têm procurado demonstrar as práticas mais recomendáveis
para a manutenção do aleitamento materno, principalmente o exclusivo e sua
contribuição na redução da morbimortalidade infantil (RAMOS, 2003).
Além disso, a estratégia Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC), difundida
mundialmente, representa grande avanço no incentivo ao aleitamento exclusivo. A
esse respeito, o que se verifica no Brasil é que a resistência de alguns profissionais
arraigados a antigos conceitos e práticas obsoletas dificulta a expansão da IHAC.
Sabe-se que o leite materno contém proteínas, gorduras e imunoglobulinas
secretoras IgA que proporcionam anticorpos protetores para as vias gastrintestinal e
respiratória (ZIEGEL e CRANLEY, 1985).
Segundo o Ministério da Saúde, o aleitamento materno proporciona para a mãe
redução de sangramento após o parto, diminuição do índice de anemia, câncer de
mama e de ovário e ainda contribui para o intervalo entre as gestações, além de
favorecer os laços afetivos entre mãe e filho (BRASIL, 2009).
Desde a década de 80 com a implementação, em 1984, do Programa de
Assistência Integral à Saúde da Mulher - PAISM - e do Programa Integral à Saúde
da Criança – PAISC, vários avanços foram registrados na assistência a saúde do
binômio mãe-filho. Tanto o PAISM quanto o PAISC estabeleceram medidas acerca
do aleitamento materno, ou seja, orientações, vantagens, técnicas, exame de mama,
aleitamento exclusivo até o sexto mês de vida da criança através de discursos
4
apoiados nos valores nutricionais, imunológicos e psicológicos como formas de
incentivo ao aleitamento materno (MOREIRA, 2003).
Ademais, o aleitamento materno representa uma categoria híbrida que se
constrói entre os domínios da biologia e da sociedade, mediada pela aparelhagem
psíquica do ser humano, tratando-se, portanto, de um ato impregnado de ideologias
e determinantes que resultam das condições concretas de vida (ALMEIDA, 1995).
Sabe-se que vários estudos apontam que a maioria das mães desconhece a
importância do aleitamento materno, representada principalmente pelo desmame
precoce ainda em taxas elevadas em nosso município.
O objetivo deste estudo foi identificar as variáveis que interferem na prática do
aleitamento materno exclusivo por puérperas ribeirinhas, atendidas pela Equipe de
Saúde da Família (ESF) do distrito de São Carlos em Porto Velho-RO.
1. METODOLOGIA
Foi realizado um estudo descritivo do tipo transversal analítico, modalidade de
investigação que informa a distribuição de um evento na população em termos
quantitativos e fornece um retrato de como as variáveis estão relacionadas.
A população do estudo foi composta por mulheres moradoras do distrito de
São Carlos e atendida pela equipe de saúde da localidade. No período de
levantamento prévio para este estudo, a população feminina residente de São
Carlos era de 399 mulheres, segundo os números apontados pelo Sistema de
Informação da Atenção Básica-SIAB.
Estes dados foram extraídos do sistema existente na Secretaria Municipal
de Saúde de Porto Velho-SEMUSA e na unidade de Saúde da Família de São
Carlos.
Com base nesta população de mulheres cadastradas, para delimitação da
amostra, foi utilizado o Staticalc do Software Epi-Info 3.2, determinando uma
amostra com uma margem de erro de 0,05%, a um nível de confiança de 95%, um
quantitativo de 50 puérperas, cadastradas e atendidas pela equipe de saúde da
família do distrito, com faixa-etária entre 10 a 49 anos de idade.
O estudo foi realizado no distrito de São Carlos. O referido distrito está
localizado à margem direita do rio Madeira, fazendo parte da área rural ribeirinha do
5
município de Porto Velho-RO. Seu acesso pode ser feito por via fluvial, ficando a
aproximadamente 60 km da capital ou por via terrestre o que equivale a
aproximadamente 95 km da capital. A duração em horas equivale aproximadamente
duas horas e meia de voadeira da capital Porto Velho quando se está descendo o rio
Madeira e três horas e meia subindo o rio. Por via terrestre o percurso equivale há
60 minutos. Sua população é aproximadamente de 1.500 habitantes e a população
do entorno ao distrito tem aproximadamente 550 pessoas.
Este distrito, no entanto, é área de referência para as outras localidades, a
saber: Bom Serazinho, Itacoã, Terra Caída, Brasileira e Vale do Jamari.
A coleta de dados iniciou-se após a aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa
das Faculdades Integradas Aparício Carvalho-CEP/FIMCA sob o parecer 111/2009.
A coleta de dados foi obtida através da aplicação de um questionário semiestruturado, individual, elaborado pelo pesquisador contendo questões que
abrangeram o perfil socioeconômico das mulheres e de seus parceiros, informações
da gestação anterior e caracterização dos fatores inerentes à prática do aleitamento
materno.
Neste estudo, foram incluídas as mulheres com idade entre 13 a 49 anos, que
tinham tido filhos há no mínimo um ano e que residissem no distrito de São Carlos e
que realizaram pré-natal com a equipe de saúde da família da localidade. Não
participaram do estudo as puérperas que tinham realizado pré-natal de alto risco;
mulheres que tinham tido filhos há mais de um ano e mulheres que por qualquer
motivo não quiseram participar da pesquisa.
Para realização deste estudo, foram levados em conta os parâmetros
contidos na resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde/Ministério da Saúde
que dispõe sobre pesquisas envolvendo seres humanos.
O processamento dos dados foi realizado com o auxílio do software Excel. Os
resultados estão apresentados em forma de tabelas e gráficos, e discutidos à luz da
literatura pertinente ao tema.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Os resultados deste estudo estão apresentados de acordo com a ordem do
questionário aplicado junto às mulheres. Esta seção contempla os resultados acerca
da caracterização dos sujeitos da pesquisa, agrupando os dados relativos às
6
características sociodemográficas das mulheres entrevistadas e de seus parceiros;
os dados relativos aos aspectos da vida sexual e reprodutiva das mulheres; os
específicos sobre as práticas de aleitamento materno e fatores que as levam a
interferência deste processo.
Das n=50 mulheres, (14%) n=07 tinham de 13 a 16 anos, (22%) n=11 tinham
de 17 a 21 anos, (26%) n=13 tinham de 22 a 27anos, (24%) n=12 tinham de 28 a 33
anos, (10%) n=05 tinham de 34 a 39 anos e (04%) n=02 tinham 40 anos ou mais de
idade.
Quanto à situação conjugal das mulheres, n=09 (18%) eram casadas,
solteiras somaram n= 12 (24%) e amigadas somaram n=29 (58%).
Em relação à escolaridade das participantes das n=50 mulheres (58%) n=29
concluíram o ensino fundamental, (38%) n=19 haviam concluído o ensino médio e
(04%) n=02 nunca tinham estudado.
Quanto à ocupação das puérperas participantes das n=50 (18%) possuíam
emprego no mercado formal, (10%) n=05 no mercado informal e (72%) n=35
estavam desempregadas.
Kummer et al., (2000) relataram maior prevalência do aleitamento exclusivo
entre mulheres com maior escolaridade, quando comparadas com as de
escolaridade menor que quatro anos e concluíram que mulheres com maior nível de
instrução estão em fase de valorização do aleitamento materno exclusivo, e que
essa tendência não atingiu níveis socioeconômicos menos favorecidos.
TABELA 1 – Características sociais dos parceiros* das mulheres estudadas.
São Carlos, 2009.
Escolaridade do parceiro
N
%
Ensino fundamental
18
36
Ensino médio
10
20
Ensino superior
05
10
Nunca estudou
05
10
Ocupação do parceiro
N
%
Mercado formal
10
20
7
Mercado informal
Desempregado
28
56
-
-
*parceiros = por casamento ou união consensual e por relacionamento sem coabitação.
De acordo com a tabela 2 acima, as características sociais dos parceiros das
mulheres estudadas foram: (36%) n=18 tinham o ensino fundamental, (20%) n=10
possuíam o ensino médio e (10%) n=05 tinham o ensino superior. O mesmo
percentual equivale aos parceiros das mulheres que nunca haviam estudado.
Em relação à ocupação, (56%) n=28 dos parceiros encontravam-se no mercado
informal e (20%) n=10 encontravam-se no mercado formal.
A situação social dos companheiros pode estar diretamente ligada ao sucesso da
amamentação. Para Giugliani (1994), quanto melhor estruturada a organização
familiar maior será o tempo de duração do aleitamento, já que teoricamente as
mulheres não precisariam abandonar a prática do aleitamento por necessidade de
trabalho ou estudo.
TABELA 2 – Distribuição das mulheres entrevistadas, segundo situação
financeira e principal provedor da família. São Carlos, 2009.
Variáveis
n
%
< 1 salário mínimo
14
28
Entre 1 e 2 salários mínimos
21
42
> 3 salários mínimos
09
18
Não soube informar
06
12
Principal provedor da família
n
%
Entrevistada
08
16
Marido/companheiro
33
66
Pai/mãe
08
16
Irmão (ã)
01
02
Avô (ó)
-
-
Outro
-
-
Renda Familiar
8
A tabela 2 acima aponta os dados relativos à situação financeira da família da
entrevistada bem como a identificação do principal provedor da mesma. Neste
estudo, (42%) das entrevistadas n=21 relatou que a renda familiar está entre 1 a 2
salários mínimos, (28%) n=14 tinham uma renda de menos de 1 salário mínimo,
(18%) n=9 possuíam uma renda acima de 3 salários mínimos e (12%) n=06 das
entrevistadas não souberam informar a renda familiar.
Em relação ao principal provedor da família, (66%) n=33 das entrevistadas
referiram ser o marido ou parceiro, (08%) n=16 informaram que o principal provedor
da família seria pai/mãe. O mesmo percentual equivale às entrevistadas como
principal provedor e (02%) n=01 declararam que o irmão (ã) era o principal provedor
da família.
Os resultados do presente estudo evidenciam que a desvalorização do
aleitamento materno ainda persiste diante de mulheres de níveis socioeconômicos
menos favorecidos, sugerindo que o conhecimento e práticas maternas sobre
aleitamento em Rondônia, atingem diferentes classes sociais.
TABELA
3
-
Características
das
mulheres
entrevistadas
segundo
o
planejamento da gravidez e uso de método anticoncepcional. São Carlos, 2009.
Variáveis
n
%
Não
35
Sim
15
Uso e tipo de método anticoncepcional antes da gravidez:
70
30
Não usou
Anticoncepcional hormonal Oral
37
08
74
16
Condom masculino
05
10
Planejamento da última gravidez:
A tabela 3 aponta os resultados relativos às características das mulheres
segundo o planejamento da gravidez. Neste estudo, (70%) n=35 das entrevistadas
relatou que não haviam planejado a última gravidez e (30%) n=15 disseram que
planejaram a última gravidez.
Quanto ao uso e tipo de método utilizado pelas mulheres, (74%) n=37 não usou
nenhum método anticoncepcional antes da gravidez, (16%) n=08 referiram estar
9
usando anticoncepcional hormonal oral e (10%) n=05 disseram que estavam usando
condom masculino.
Neste estudo, 98% das mulheres relataram a participação em consultas prénatal durante a gestação. A maioria delas 28% relatou terem tido 07 consultas,
sendo este quantitativo considerado adequado em relação ao estipulado pelo
manual técnico do Pré-Natal (BRASIL, 2006).
TABELA 4 – Distribuição das respostas das mulheres entrevistadas segundo
orientação sobre aleitamento materno, parto e puerpério e qual profissional
orientou. São Carlos, 2009.
Variáveis
n
%
Orientação sobre aleitamento materno, parto e puerpério:
Sim
Não
Profissional que orientou:
39
11
78
22
Enfermeiro
ACS
31
08
62
16
Médico
04
08
A tabela 4 acima aponta os resultados relacionados à orientação sobre
aleitamento materno, parto e puerpério e qual profissional orientou. Das n=50
entrevistadas, (78%) n=39 disseram que foram orientadas e (22%) n=11 disseram
que não receberam nenhum tipo de orientação sobre aleitamento materno, parto e
puerpério. Das n= 50 entrevistadas, (62%) n=31 disseram que foram orientadas pelo
enfermeiro (16%) n=08 declararam que foram orientadas pelos ACS e (08%) n=04
disseram que foram orientadas pelo médico.
Sobre este tema Javorski (1997), afirma que muitas vezes os instrumentos de
trabalho utilizados são impositivos, autoritários e impessoais e não têm contribuído
com a decisão da mãe de amamentar, existindo etapas na estrutura emocional
familiar que podem interferir nessa decisão.
Seguindo a mesma linha de pensamento, Silva (2000), enfatiza que
determinação de amamentar, sua qualidade e duração dependem do significado que
a mulher atribui a essa experiência, através de elementos de interação vivenciados
por ela em seu contexto.
10
As ações de incentivo ao aleitamento materno desenvolvidas pelo profissional
de saúde devem estar embasadas na noção de direitos reprodutivos, direcionandoas na perspectiva de resgatar a visibilidade da mulher enquanto sujeito principal da
prática da amamentação.
Rotenberg e De Vargas (2004) percebem como única a experiência da
amamentação em relação a cada filho e considerando- a como um processo,
compreendem, na dimensão temporal, dois momentos críticos: o início e o término,
ou seja, o estabelecimento da amamentação propriamente dita e o desmame total.
Cerca de (58%) n= 29 das entrevistadas disseram que o tempo de aleitamento
exclusivo foi menos de seis meses e (02%) n= 01 declararam que o tempo de
aleitamento materno exclusivo durou até o sexto mês de vida da criança.
Quanto à duração do aleitamento materno exclusivo, (BRASIL, 2009) revelou
um aumento do índice de Aleitamento Materno Exclusivo (AME) em crianças
menores de quatro meses. Em 1999, era de 35%, passando para 52% em 2008.
Outro resultado importante está relacionado com o aumento, em média, de um mês
na duração do Aleitamento Materno Exclusivo (AME) nas capitais e Distrito Federal.
Em 1999, a duração do AME era de 24 dias e, em 2008, passou a ser de 54 dias –
ou seja, mais que dobrou.
TABELA 5 – Distribuição das respostas das mulheres entrevistadas segundo
os alimentos oferecidos ao último filho antes dos seis meses devida. São
Carlos, 2009.
Variáveis
n
%
Água
31
62
Chá
Leite
09
17
18
34
Mingau
Outros
21
10
42
20
A tabela 5 acima aponta os resultados relativos aos alimentos oferecidos às
crianças com menos de seis meses de vida. Neste estudo, (62%) n=31 das
entrevistadas declararam ter oferecido água, (18%) n=09 disseram ter oferecido chá,
(34%) n=17 disseram que ofereceram leite ás crianças, (42%) n=21 declararam ter
11
oferecido mingau e (20%) n=10 disseram que ofereceram outros alimentos às
crianças com menos de seis meses de vida.
Um estudo realizado pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2009), apontou que
ainda é comum a introdução precoce de outros líquidos que não seja o leite materno
na alimentação do bebê. Água (60,4%), chás (16,5%), sucos (37%) e outros leites
(48,8%) foram oferecidos às crianças já nos seis primeiros meses de vida, período
em que o Ministério da Saúde e a Organização Mundial da Saúde recomendam
aleitamento materno exclusivo. Além dessas bebidas, foi constatada a ingestão de
alimentos não saudáveis como bolachas, refrigerantes e café por crianças com
menos de 12 meses. O levantamento foi feito em 27 capitais e em outros 239
municípios, o que somou informações de 34.966 crianças.
A recomendação do Ministério da Saúde é que o bebê deve se alimentar
exclusivamente de leite materno até seis meses de idade. Não há necessidade nem
de ingestão de água. Após essa idade, ao introduzir água, por exemplo, deve ser
dada em copo e não em mamadeira, pois tanto a chupeta e a mamadeira
acostumam o bebê a sugar de maneira diferente, o que influencia na sucção do leite
(BRASIL, 2009).
TABELA 6 – Distribuição das respostas das mulheres entrevistadas segundo
motivo de interrupção do aleitamento materno exclusivo. São Carlos, 2009.
Variáveis
n
%
Ciúmes do companheiro
01
02
Dificuldade de pega por parte da criança
13
26
Incompreensão, indiferença, irresponsabilidade do
01
02
marido/companheiro.
Problemas financeiros (necessidade de trabalhar)
04
08
Problemas fisiológicos (ingurgitamento mamário)
Não sabia da importância
03
10
06
20
Ocorrência de outra gravidez
Outros.
01
18
02
36
A tabela 6 aponta os resultados relacionados às respostas das entrevistadas
segundo motivo de interrupção do aleitamento materno exclusivo.
Neste estudo (02%) n=01 disseram ter interrompido o aleitamento materno
exclusivo devido ciúmes do companheiro, (26%) n=13 declararam ter interrompido o
12
aleitamento exclusivo devido dificuldade de pega por parte da criança, (02%) n=01
disseram que interromperam o aleitamento exclusivo devido incompreensão,
indiferença, irresponsabilidade do marido/companheiro.
Dentre as falas referentes a outros motivos (dados não existentes na tabela),
surgiram exemplos como: n= 06 mulheres (12%) referiram ter pouca produção de
leite com, n=05 mulheres utilizaram o discurso de leite fraco o que equivale a (10%)
da amostra, n= 02 mulheres referiram que pensavam que o bebe sentia sede (4%).
Os relatos de problema relacionado a mamilo invertido, tipo de parto, o uso de
anticoncepcional e a necessidade de estudar foi citado uma vez, respectivamente.
Para Bueno (2004), a compreensão das mulheres sobre a importância da
amamentação influencia de forma direta a atitude das mesmas frente ao ato de
amamentar. Através das informações das depoentes, pôde-se verificar através do
achado
de
n=10
(20%)
das
entrevistadas
que
relataram
uma
fala
de
desconhecimento acerca da importância do aleitamento materno para o binômio
mãe-filho.
CONCLUSÕES
Os resultados desta pesquisa permitiram chegar às seguintes conclusões:
Sobre a prática do aleitamento materno:

Considerando o total da amostra, (62%) das mulheres referiram ter
participado de atividades educativas durante o pré-natal e destes 62% foram
orientadas pelo profissional enfermeiro;

(62%) declararam que interromperam o aleitamento materno antes dos seis
meses de vida e (32%) disseram que interromperam o aleitamento materno
exclusivo aos seis meses de vida;

Dentre as entrevistadas em relação ao tempo de aleitamento materno
exclusivo do último filho (58%) disseram que o tempo de aleitamento
exclusivo foi menos de seis meses (02%) declararam que o tempo de
aleitamento materno exclusivo durou até o sexto mês de vida da criança;

Quanto ao motivo de interrupção do aleitamento materno exclusivo, (26%)
relatou ter interrompido devido à dificuldade de pega por parte da criança e
(20%) referiram ter interrompido o aleitamento exclusivo porque não sabiam
da importância, e a grande maioria (36%) n= 18 declarou ter interrompido o
aleitamento exclusivo por outros motivos, entre eles surgiram exemplos como:
13
pouca produção de leite, discurso de leite fraco, pensamento acerca de que o
bebe sentia sede, relatos de mamilo invertido, entre outros.
Diante do exposto, recomenda-se:
 Mesmo não sendo um objetivo especifico deste estudo, considera-se
importante uma urgente qualificação dos demais profissionais que atuam na rede
básica de Porto Velho, especialmente os profissionais da Estratégia de Saúde de
Família existentes na unidade selecionada neste estudo, acerca das orientações
quanto a prática do aleitamento materno até o sexto mês de vida;
 Considera-se como outra estratégia importante promover uma sensibilização
da população do distrito de São Carlos para a problemática do interrupmento da
prática do aleitamento materno exclusivo, focando as orientações quanto aos
agravos à saúde materno-infantil, bem como as alterações no âmbito emocional
para a criança e o bebê;
 Além disso, devem-se considerar os fatores achados neste estudo como
sendo determinantes para o sucesso do aleitamento, porém são achados inerentes
a realidade das mulheres pesquisadas e devem ser levadas em consideração.
Assim, os resultados deste estudo remetem à reflexão de que as políticas
direcionadas à promoção da prática adequada do aleitamento materno e da adoção
da alimentação saudável na infância devem considerar a relevância dos fatores
sociais e econômicos relacionados ao evento, e apontam também a necessidade de
contemplar políticas voltadas para a redução das desigualdades no campo da
atenção à saúde.
Ciente de que esta temática ainda está longe de ser encerrada, sustentamos
aqui que os fatores determinantes para o interrupmento do processo do aleitamento
materno em mulheres do distrito de São Carlos deve ser alvo de trabalho por parte
da equipe de saúde do referido distrito, através de uma reflexão de que se torna
necessário buscar junto às próprias mulheres a construção de alternativas para
estabelecer ações preventivas voltadas a saúde do binômio mãe-filho.
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FRANCIRLEIDE MARIA FERREIRA DE FREITAS