1 FATORES QUE INTERFEREM NA PRÁTICA DO ALEITAMENTO MATERNO EXCLUSIVO POR PUÉRPERAS DO DISTRITO DE SÃO CARLOS EM PORTO VELHO-RO. FACTORS AFFECTING THE PRACTICE OF EXCLUSIVE BREASTFEEDING POSTPARTUM WOMEN DISTRICT OF SAN CARLOS IN OLD PORT-RO. Marcuce Antonio Miranda dos Santos1 Mariléia Ferreira de Oliveira2 Francirleide Maria Ferreira de Freitas3 1 Enfermeiro. Mestre em Saúde, Sociedade e Endemias na Amazônia pela Universidade Federal do Amazonas-UFAM/UFPA/FIOCRUZ-AM. Docente do curso de enfermagem da União das Escolas Superiores de Rondônia-UNIRON. E-mail: [email protected] Tel: (69) 9229-1839. 2 Enfermeira. Graduada pela Faculdades Integradas Aparício Carvalho-FIMCA. 3 Enfermeira. Graduada pela Faculdades Integradas Aparício Carvalho-FIMCA. 2 RESUMO: O presente estudo buscou identificar as variáveis que interferem na prática do aleitamento materno exclusivo por puérperas ribeirinhas, atendidas pela Equipe de Saúde da Família (ESF) do distrito de São Carlos em Porto Velho-RO, bem como levantar o perfil socioeconômico das mulheres entrevistadas e de seus parceiros; identificar a história das gestações e partos das mulheres estudadas; investigar a existência de fatores associados à interrupção da prática do aleitamento materno exclusivo. Trata-se de um estudo descritivo do tipo transversal. Os dados foram coletados através de um questionário semi-estruturado, aplicado junto às mulheres moradoras do distrito de São Carlos em Porto Velho-RO. Neste estudo, das 50 mulheres estudadas, (62%) das mulheres referiram ter participado de atividades educativas durante o pré-natal e destes 62% foram orientadas pelo profissional enfermeiro; (62%) declararam que interromperam o aleitamento materno antes dos seis meses de vida e (32%) disseram que interromperam o aleitamento materno exclusivo aos seis meses de vida. Dentre as entrevistadas em relação ao tempo de aleitamento materno exclusivo do último filho (58%) disseram que o tempo de aleitamento exclusivo foi menos de seis meses (02%) declararam que o tempo de aleitamento materno exclusivo durou até o sexto mês de vida da criança. Assim, os resultados deste estudo remetem à reflexão de que as políticas direcionadas à promoção da prática adequada do aleitamento materno e da adoção da alimentação saudável na infância devem considerar a relevância dos fatores sociais e econômicos relacionados ao evento, e apontam também a necessidade de contemplar políticas voltadas para a redução das desigualdades no campo da atenção à saúde. Palavras-Chave: fatores, aleitamento materno, período pós-parto. ABSTRACT: This study sought to identify the variables that interfere with breastfeeding postpartum women river, attended by Health Team Family (ESF) in the district of San Carlos in old Porto Velho city, and raise the economic profile of the women and their partners, identify the history of pregnancies and births of the women studied; To investigate factors associated with cessation of the practice of breastfeeding. This is a descriptive cross-sectional. Data were collected through a semi-structured questionnaire applied to women residents in the district of San Carlos in Porto Velho-RO. In this study, the 50 women studied (62%) of women reported having participated in educational activities during the prenatal and 62% of these were targeted by nurses; (62%) said they stopped breastfeeding before six months life (32%) said they discontinued exclusive breastfeeding at six months of life. Among the respondents regarding the time of exclusive breastfeeding of last child (58%) said the duration of exclusive breastfeeding was less than six months (02%) stated that the time of exclusive breastfeeding lasted until the sixth month of life child. Thus, our results lead to the reflection of the policies aimed at promoting the practice proper breastfeeding and healthy feeding in childhood should consider the relevance of social and economic factors related to the event, and also highlight the need to consider policies aimed at reducing inequalities in the field of health care. Keywords: factors, breastfeeding, postpartum period. 3 INTRODUÇÃO Nos primeiros seis meses de vida o leite materno é o alimento ideal que atende de maneira completa todas as necessidades fisiológicas dos lactentes, pois é um alimento natural, livre de impurezas, disponível na temperatura adequada, rico em nutrientes, e ainda proporciona benefícios para a criança e para a mãe (RAMOS, 2003). A importância do aleitamento materno para o desenvolvimento da criança em termos físicos e emocionais é incontestável, tanto que as organizações nacionais e internacionais preocuparam-se em estabelecer mecanismos de incentivo a amamentação (RAMOS, 2003). Os estudos atuais têm procurado demonstrar as práticas mais recomendáveis para a manutenção do aleitamento materno, principalmente o exclusivo e sua contribuição na redução da morbimortalidade infantil (RAMOS, 2003). Além disso, a estratégia Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC), difundida mundialmente, representa grande avanço no incentivo ao aleitamento exclusivo. A esse respeito, o que se verifica no Brasil é que a resistência de alguns profissionais arraigados a antigos conceitos e práticas obsoletas dificulta a expansão da IHAC. Sabe-se que o leite materno contém proteínas, gorduras e imunoglobulinas secretoras IgA que proporcionam anticorpos protetores para as vias gastrintestinal e respiratória (ZIEGEL e CRANLEY, 1985). Segundo o Ministério da Saúde, o aleitamento materno proporciona para a mãe redução de sangramento após o parto, diminuição do índice de anemia, câncer de mama e de ovário e ainda contribui para o intervalo entre as gestações, além de favorecer os laços afetivos entre mãe e filho (BRASIL, 2009). Desde a década de 80 com a implementação, em 1984, do Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher - PAISM - e do Programa Integral à Saúde da Criança – PAISC, vários avanços foram registrados na assistência a saúde do binômio mãe-filho. Tanto o PAISM quanto o PAISC estabeleceram medidas acerca do aleitamento materno, ou seja, orientações, vantagens, técnicas, exame de mama, aleitamento exclusivo até o sexto mês de vida da criança através de discursos 4 apoiados nos valores nutricionais, imunológicos e psicológicos como formas de incentivo ao aleitamento materno (MOREIRA, 2003). Ademais, o aleitamento materno representa uma categoria híbrida que se constrói entre os domínios da biologia e da sociedade, mediada pela aparelhagem psíquica do ser humano, tratando-se, portanto, de um ato impregnado de ideologias e determinantes que resultam das condições concretas de vida (ALMEIDA, 1995). Sabe-se que vários estudos apontam que a maioria das mães desconhece a importância do aleitamento materno, representada principalmente pelo desmame precoce ainda em taxas elevadas em nosso município. O objetivo deste estudo foi identificar as variáveis que interferem na prática do aleitamento materno exclusivo por puérperas ribeirinhas, atendidas pela Equipe de Saúde da Família (ESF) do distrito de São Carlos em Porto Velho-RO. 1. METODOLOGIA Foi realizado um estudo descritivo do tipo transversal analítico, modalidade de investigação que informa a distribuição de um evento na população em termos quantitativos e fornece um retrato de como as variáveis estão relacionadas. A população do estudo foi composta por mulheres moradoras do distrito de São Carlos e atendida pela equipe de saúde da localidade. No período de levantamento prévio para este estudo, a população feminina residente de São Carlos era de 399 mulheres, segundo os números apontados pelo Sistema de Informação da Atenção Básica-SIAB. Estes dados foram extraídos do sistema existente na Secretaria Municipal de Saúde de Porto Velho-SEMUSA e na unidade de Saúde da Família de São Carlos. Com base nesta população de mulheres cadastradas, para delimitação da amostra, foi utilizado o Staticalc do Software Epi-Info 3.2, determinando uma amostra com uma margem de erro de 0,05%, a um nível de confiança de 95%, um quantitativo de 50 puérperas, cadastradas e atendidas pela equipe de saúde da família do distrito, com faixa-etária entre 10 a 49 anos de idade. O estudo foi realizado no distrito de São Carlos. O referido distrito está localizado à margem direita do rio Madeira, fazendo parte da área rural ribeirinha do 5 município de Porto Velho-RO. Seu acesso pode ser feito por via fluvial, ficando a aproximadamente 60 km da capital ou por via terrestre o que equivale a aproximadamente 95 km da capital. A duração em horas equivale aproximadamente duas horas e meia de voadeira da capital Porto Velho quando se está descendo o rio Madeira e três horas e meia subindo o rio. Por via terrestre o percurso equivale há 60 minutos. Sua população é aproximadamente de 1.500 habitantes e a população do entorno ao distrito tem aproximadamente 550 pessoas. Este distrito, no entanto, é área de referência para as outras localidades, a saber: Bom Serazinho, Itacoã, Terra Caída, Brasileira e Vale do Jamari. A coleta de dados iniciou-se após a aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa das Faculdades Integradas Aparício Carvalho-CEP/FIMCA sob o parecer 111/2009. A coleta de dados foi obtida através da aplicação de um questionário semiestruturado, individual, elaborado pelo pesquisador contendo questões que abrangeram o perfil socioeconômico das mulheres e de seus parceiros, informações da gestação anterior e caracterização dos fatores inerentes à prática do aleitamento materno. Neste estudo, foram incluídas as mulheres com idade entre 13 a 49 anos, que tinham tido filhos há no mínimo um ano e que residissem no distrito de São Carlos e que realizaram pré-natal com a equipe de saúde da família da localidade. Não participaram do estudo as puérperas que tinham realizado pré-natal de alto risco; mulheres que tinham tido filhos há mais de um ano e mulheres que por qualquer motivo não quiseram participar da pesquisa. Para realização deste estudo, foram levados em conta os parâmetros contidos na resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde/Ministério da Saúde que dispõe sobre pesquisas envolvendo seres humanos. O processamento dos dados foi realizado com o auxílio do software Excel. Os resultados estão apresentados em forma de tabelas e gráficos, e discutidos à luz da literatura pertinente ao tema. RESULTADOS E DISCUSSÕES Os resultados deste estudo estão apresentados de acordo com a ordem do questionário aplicado junto às mulheres. Esta seção contempla os resultados acerca da caracterização dos sujeitos da pesquisa, agrupando os dados relativos às 6 características sociodemográficas das mulheres entrevistadas e de seus parceiros; os dados relativos aos aspectos da vida sexual e reprodutiva das mulheres; os específicos sobre as práticas de aleitamento materno e fatores que as levam a interferência deste processo. Das n=50 mulheres, (14%) n=07 tinham de 13 a 16 anos, (22%) n=11 tinham de 17 a 21 anos, (26%) n=13 tinham de 22 a 27anos, (24%) n=12 tinham de 28 a 33 anos, (10%) n=05 tinham de 34 a 39 anos e (04%) n=02 tinham 40 anos ou mais de idade. Quanto à situação conjugal das mulheres, n=09 (18%) eram casadas, solteiras somaram n= 12 (24%) e amigadas somaram n=29 (58%). Em relação à escolaridade das participantes das n=50 mulheres (58%) n=29 concluíram o ensino fundamental, (38%) n=19 haviam concluído o ensino médio e (04%) n=02 nunca tinham estudado. Quanto à ocupação das puérperas participantes das n=50 (18%) possuíam emprego no mercado formal, (10%) n=05 no mercado informal e (72%) n=35 estavam desempregadas. Kummer et al., (2000) relataram maior prevalência do aleitamento exclusivo entre mulheres com maior escolaridade, quando comparadas com as de escolaridade menor que quatro anos e concluíram que mulheres com maior nível de instrução estão em fase de valorização do aleitamento materno exclusivo, e que essa tendência não atingiu níveis socioeconômicos menos favorecidos. TABELA 1 – Características sociais dos parceiros* das mulheres estudadas. São Carlos, 2009. Escolaridade do parceiro N % Ensino fundamental 18 36 Ensino médio 10 20 Ensino superior 05 10 Nunca estudou 05 10 Ocupação do parceiro N % Mercado formal 10 20 7 Mercado informal Desempregado 28 56 - - *parceiros = por casamento ou união consensual e por relacionamento sem coabitação. De acordo com a tabela 2 acima, as características sociais dos parceiros das mulheres estudadas foram: (36%) n=18 tinham o ensino fundamental, (20%) n=10 possuíam o ensino médio e (10%) n=05 tinham o ensino superior. O mesmo percentual equivale aos parceiros das mulheres que nunca haviam estudado. Em relação à ocupação, (56%) n=28 dos parceiros encontravam-se no mercado informal e (20%) n=10 encontravam-se no mercado formal. A situação social dos companheiros pode estar diretamente ligada ao sucesso da amamentação. Para Giugliani (1994), quanto melhor estruturada a organização familiar maior será o tempo de duração do aleitamento, já que teoricamente as mulheres não precisariam abandonar a prática do aleitamento por necessidade de trabalho ou estudo. TABELA 2 – Distribuição das mulheres entrevistadas, segundo situação financeira e principal provedor da família. São Carlos, 2009. Variáveis n % < 1 salário mínimo 14 28 Entre 1 e 2 salários mínimos 21 42 > 3 salários mínimos 09 18 Não soube informar 06 12 Principal provedor da família n % Entrevistada 08 16 Marido/companheiro 33 66 Pai/mãe 08 16 Irmão (ã) 01 02 Avô (ó) - - Outro - - Renda Familiar 8 A tabela 2 acima aponta os dados relativos à situação financeira da família da entrevistada bem como a identificação do principal provedor da mesma. Neste estudo, (42%) das entrevistadas n=21 relatou que a renda familiar está entre 1 a 2 salários mínimos, (28%) n=14 tinham uma renda de menos de 1 salário mínimo, (18%) n=9 possuíam uma renda acima de 3 salários mínimos e (12%) n=06 das entrevistadas não souberam informar a renda familiar. Em relação ao principal provedor da família, (66%) n=33 das entrevistadas referiram ser o marido ou parceiro, (08%) n=16 informaram que o principal provedor da família seria pai/mãe. O mesmo percentual equivale às entrevistadas como principal provedor e (02%) n=01 declararam que o irmão (ã) era o principal provedor da família. Os resultados do presente estudo evidenciam que a desvalorização do aleitamento materno ainda persiste diante de mulheres de níveis socioeconômicos menos favorecidos, sugerindo que o conhecimento e práticas maternas sobre aleitamento em Rondônia, atingem diferentes classes sociais. TABELA 3 - Características das mulheres entrevistadas segundo o planejamento da gravidez e uso de método anticoncepcional. São Carlos, 2009. Variáveis n % Não 35 Sim 15 Uso e tipo de método anticoncepcional antes da gravidez: 70 30 Não usou Anticoncepcional hormonal Oral 37 08 74 16 Condom masculino 05 10 Planejamento da última gravidez: A tabela 3 aponta os resultados relativos às características das mulheres segundo o planejamento da gravidez. Neste estudo, (70%) n=35 das entrevistadas relatou que não haviam planejado a última gravidez e (30%) n=15 disseram que planejaram a última gravidez. Quanto ao uso e tipo de método utilizado pelas mulheres, (74%) n=37 não usou nenhum método anticoncepcional antes da gravidez, (16%) n=08 referiram estar 9 usando anticoncepcional hormonal oral e (10%) n=05 disseram que estavam usando condom masculino. Neste estudo, 98% das mulheres relataram a participação em consultas prénatal durante a gestação. A maioria delas 28% relatou terem tido 07 consultas, sendo este quantitativo considerado adequado em relação ao estipulado pelo manual técnico do Pré-Natal (BRASIL, 2006). TABELA 4 – Distribuição das respostas das mulheres entrevistadas segundo orientação sobre aleitamento materno, parto e puerpério e qual profissional orientou. São Carlos, 2009. Variáveis n % Orientação sobre aleitamento materno, parto e puerpério: Sim Não Profissional que orientou: 39 11 78 22 Enfermeiro ACS 31 08 62 16 Médico 04 08 A tabela 4 acima aponta os resultados relacionados à orientação sobre aleitamento materno, parto e puerpério e qual profissional orientou. Das n=50 entrevistadas, (78%) n=39 disseram que foram orientadas e (22%) n=11 disseram que não receberam nenhum tipo de orientação sobre aleitamento materno, parto e puerpério. Das n= 50 entrevistadas, (62%) n=31 disseram que foram orientadas pelo enfermeiro (16%) n=08 declararam que foram orientadas pelos ACS e (08%) n=04 disseram que foram orientadas pelo médico. Sobre este tema Javorski (1997), afirma que muitas vezes os instrumentos de trabalho utilizados são impositivos, autoritários e impessoais e não têm contribuído com a decisão da mãe de amamentar, existindo etapas na estrutura emocional familiar que podem interferir nessa decisão. Seguindo a mesma linha de pensamento, Silva (2000), enfatiza que determinação de amamentar, sua qualidade e duração dependem do significado que a mulher atribui a essa experiência, através de elementos de interação vivenciados por ela em seu contexto. 10 As ações de incentivo ao aleitamento materno desenvolvidas pelo profissional de saúde devem estar embasadas na noção de direitos reprodutivos, direcionandoas na perspectiva de resgatar a visibilidade da mulher enquanto sujeito principal da prática da amamentação. Rotenberg e De Vargas (2004) percebem como única a experiência da amamentação em relação a cada filho e considerando- a como um processo, compreendem, na dimensão temporal, dois momentos críticos: o início e o término, ou seja, o estabelecimento da amamentação propriamente dita e o desmame total. Cerca de (58%) n= 29 das entrevistadas disseram que o tempo de aleitamento exclusivo foi menos de seis meses e (02%) n= 01 declararam que o tempo de aleitamento materno exclusivo durou até o sexto mês de vida da criança. Quanto à duração do aleitamento materno exclusivo, (BRASIL, 2009) revelou um aumento do índice de Aleitamento Materno Exclusivo (AME) em crianças menores de quatro meses. Em 1999, era de 35%, passando para 52% em 2008. Outro resultado importante está relacionado com o aumento, em média, de um mês na duração do Aleitamento Materno Exclusivo (AME) nas capitais e Distrito Federal. Em 1999, a duração do AME era de 24 dias e, em 2008, passou a ser de 54 dias – ou seja, mais que dobrou. TABELA 5 – Distribuição das respostas das mulheres entrevistadas segundo os alimentos oferecidos ao último filho antes dos seis meses devida. São Carlos, 2009. Variáveis n % Água 31 62 Chá Leite 09 17 18 34 Mingau Outros 21 10 42 20 A tabela 5 acima aponta os resultados relativos aos alimentos oferecidos às crianças com menos de seis meses de vida. Neste estudo, (62%) n=31 das entrevistadas declararam ter oferecido água, (18%) n=09 disseram ter oferecido chá, (34%) n=17 disseram que ofereceram leite ás crianças, (42%) n=21 declararam ter 11 oferecido mingau e (20%) n=10 disseram que ofereceram outros alimentos às crianças com menos de seis meses de vida. Um estudo realizado pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2009), apontou que ainda é comum a introdução precoce de outros líquidos que não seja o leite materno na alimentação do bebê. Água (60,4%), chás (16,5%), sucos (37%) e outros leites (48,8%) foram oferecidos às crianças já nos seis primeiros meses de vida, período em que o Ministério da Saúde e a Organização Mundial da Saúde recomendam aleitamento materno exclusivo. Além dessas bebidas, foi constatada a ingestão de alimentos não saudáveis como bolachas, refrigerantes e café por crianças com menos de 12 meses. O levantamento foi feito em 27 capitais e em outros 239 municípios, o que somou informações de 34.966 crianças. A recomendação do Ministério da Saúde é que o bebê deve se alimentar exclusivamente de leite materno até seis meses de idade. Não há necessidade nem de ingestão de água. Após essa idade, ao introduzir água, por exemplo, deve ser dada em copo e não em mamadeira, pois tanto a chupeta e a mamadeira acostumam o bebê a sugar de maneira diferente, o que influencia na sucção do leite (BRASIL, 2009). TABELA 6 – Distribuição das respostas das mulheres entrevistadas segundo motivo de interrupção do aleitamento materno exclusivo. São Carlos, 2009. Variáveis n % Ciúmes do companheiro 01 02 Dificuldade de pega por parte da criança 13 26 Incompreensão, indiferença, irresponsabilidade do 01 02 marido/companheiro. Problemas financeiros (necessidade de trabalhar) 04 08 Problemas fisiológicos (ingurgitamento mamário) Não sabia da importância 03 10 06 20 Ocorrência de outra gravidez Outros. 01 18 02 36 A tabela 6 aponta os resultados relacionados às respostas das entrevistadas segundo motivo de interrupção do aleitamento materno exclusivo. Neste estudo (02%) n=01 disseram ter interrompido o aleitamento materno exclusivo devido ciúmes do companheiro, (26%) n=13 declararam ter interrompido o 12 aleitamento exclusivo devido dificuldade de pega por parte da criança, (02%) n=01 disseram que interromperam o aleitamento exclusivo devido incompreensão, indiferença, irresponsabilidade do marido/companheiro. Dentre as falas referentes a outros motivos (dados não existentes na tabela), surgiram exemplos como: n= 06 mulheres (12%) referiram ter pouca produção de leite com, n=05 mulheres utilizaram o discurso de leite fraco o que equivale a (10%) da amostra, n= 02 mulheres referiram que pensavam que o bebe sentia sede (4%). Os relatos de problema relacionado a mamilo invertido, tipo de parto, o uso de anticoncepcional e a necessidade de estudar foi citado uma vez, respectivamente. Para Bueno (2004), a compreensão das mulheres sobre a importância da amamentação influencia de forma direta a atitude das mesmas frente ao ato de amamentar. Através das informações das depoentes, pôde-se verificar através do achado de n=10 (20%) das entrevistadas que relataram uma fala de desconhecimento acerca da importância do aleitamento materno para o binômio mãe-filho. CONCLUSÕES Os resultados desta pesquisa permitiram chegar às seguintes conclusões: Sobre a prática do aleitamento materno: Considerando o total da amostra, (62%) das mulheres referiram ter participado de atividades educativas durante o pré-natal e destes 62% foram orientadas pelo profissional enfermeiro; (62%) declararam que interromperam o aleitamento materno antes dos seis meses de vida e (32%) disseram que interromperam o aleitamento materno exclusivo aos seis meses de vida; Dentre as entrevistadas em relação ao tempo de aleitamento materno exclusivo do último filho (58%) disseram que o tempo de aleitamento exclusivo foi menos de seis meses (02%) declararam que o tempo de aleitamento materno exclusivo durou até o sexto mês de vida da criança; Quanto ao motivo de interrupção do aleitamento materno exclusivo, (26%) relatou ter interrompido devido à dificuldade de pega por parte da criança e (20%) referiram ter interrompido o aleitamento exclusivo porque não sabiam da importância, e a grande maioria (36%) n= 18 declarou ter interrompido o aleitamento exclusivo por outros motivos, entre eles surgiram exemplos como: 13 pouca produção de leite, discurso de leite fraco, pensamento acerca de que o bebe sentia sede, relatos de mamilo invertido, entre outros. Diante do exposto, recomenda-se: Mesmo não sendo um objetivo especifico deste estudo, considera-se importante uma urgente qualificação dos demais profissionais que atuam na rede básica de Porto Velho, especialmente os profissionais da Estratégia de Saúde de Família existentes na unidade selecionada neste estudo, acerca das orientações quanto a prática do aleitamento materno até o sexto mês de vida; Considera-se como outra estratégia importante promover uma sensibilização da população do distrito de São Carlos para a problemática do interrupmento da prática do aleitamento materno exclusivo, focando as orientações quanto aos agravos à saúde materno-infantil, bem como as alterações no âmbito emocional para a criança e o bebê; Além disso, devem-se considerar os fatores achados neste estudo como sendo determinantes para o sucesso do aleitamento, porém são achados inerentes a realidade das mulheres pesquisadas e devem ser levadas em consideração. Assim, os resultados deste estudo remetem à reflexão de que as políticas direcionadas à promoção da prática adequada do aleitamento materno e da adoção da alimentação saudável na infância devem considerar a relevância dos fatores sociais e econômicos relacionados ao evento, e apontam também a necessidade de contemplar políticas voltadas para a redução das desigualdades no campo da atenção à saúde. Ciente de que esta temática ainda está longe de ser encerrada, sustentamos aqui que os fatores determinantes para o interrupmento do processo do aleitamento materno em mulheres do distrito de São Carlos deve ser alvo de trabalho por parte da equipe de saúde do referido distrito, através de uma reflexão de que se torna necessário buscar junto às próprias mulheres a construção de alternativas para estabelecer ações preventivas voltadas a saúde do binômio mãe-filho. REFERÊNCIAS ALMEIDA, J.A.G., GOMES, R. Amamentação: um híbrido natureza-cultura. 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