Como viajar no tempo: não é fácil, mas também não é impossível (Like time travel: it is not easy, but it is not impossible) Felipe A. S. Fernandes1, Diego O. Nolasco1,2 1 Curso de Física - Universidade Católica de Brasília Programa de Pós-Graduação em Ciências Genômicas e Biotecnologia – Universidade Católica de Brasília 2 Este trabalho apresenta algumas formas de viagem no tempo, como a presença de um buraco negro, transitar por um buraco de minhoca, ou até mesmo o fato de se movimentar em relação a outro referencial. Essas viagens não são fáceis de conseguir, mas também não são impossíveis, pois exigem uma grande quantidade de energia ou uma grande evolução nas teorias que envolvem distorções no espaçotempo. Talvez com o avanço da tecnologia, ou a criação de uma eventual teoria da gravitação quântica, esses problemas possam ser resolvidos. Palavras-chave: Teoria da Relatividade, Viagem no Tempo, Buraco Negro, Buraco de Minhoca. This paper presents some forms of time travel, as the presence of a black hole, passage through a wormhole, or even the fact of moving in relation to another reference. These trips are not easy to achieve but not impossible, because they require a lot of power or a major development in theories involving distortions in space-time, perhaps with the advancement of technology, or the creation of a possible theory ofquantum gravity, these problems can be solved Keywords: Theory of Relativity, Time Travel, Black Hole, Wormhole. 1. Introdução 1.1 Viagem no tempo Viagem no tempo sempre foi motivo de especulação dentre as pessoas ao longo dos anos, sejam estas especulações fruto do senso comum, ou até mesmo da comunidade cientifica, passando também por diversos filmes de ficção cientifica. Este feito será realmente possível? Como isso pode ocorrer? Durante vários anos esse tema ficou fora dos limites da ciência mais respeitável, mas nos últimos tempos o assunto se tornou cada vez mais estudado pelos físicos teóricos, principalmente após a publicação da famosa Teoria da Relatividade de Einstein (DAVIES, 2002), onde foi comprovado espaço e tempo são interdependentes e relativos (GAZZINELLI, 2009), não são mais absolutos e idênticos para todos observadores, e sim, dependente de varias situações, como por exemplo, o fato de um observador se movimentar 1 com relação a outro. É isso mesmo, quando uma “pessoa” se movimenta em relação à outra, o tempo passa mais devagar para uma dessas pessoas, e quanto mais rápido é esse movimento maior a diferença entre esses intervalos de tempo (DAVIES, 2002). Essas variações entre intervalos de tempo praticamente não são observadas para as atividades do dia-a-dia, pois é preciso atingir velocidades bem próximas a da luz, o que exige uma grande quantidade de energia, fora dos nossos padrões tecnológicos. A máxima velocidade atingida hoje pelo o homem em uma nave tripulada foi de apenas 0,0037% da velocidade da luz, as variações do tempo, neste caso, somente podem ser observadas através de relógios de alta precisão, como os relógios atômicos. Em um vôo comercial, por exemplo, há variações de alguns nano segundos (DAVIES, 2002), inviabilizando as grandes viagens no tempo com a tecnologia existente hoje. Este tema, viagem no tempo, envolve vários paradoxos. Um dos paradoxos mais comuns, o paradoxo do avô, onde o viajante volta no tempo e mata o seu avô antes de seu pai ter nascido, se o seu pai não nasceu, você também não poderia ter nascido, como você poderia ter existido e voltado no tempo? Esse tipo de paradoxo é criado para negar a possibilidade de viagem no tempo, assim como o paradoxo de Zenão, que foi criado para provar a impossibilidade do movimento (CRAWFORD; LOBO, 2001). De acordo com Hawking (2001), a teoria da relatividade de Einstein foi que deu a base de todas as discussões sobre viagem no tempo, as equações de Einstein mostram que o espaço e o tempo são distorcidos e curvados pela matéria e pela energia do universo. Essas distorções no espaço-tempo podem ocorrer em diversas situações. O buraco de minhoca, por exemplo, mais conhecido como wormhole, funciona como se fosse um tubo no espaço-tempo, que permite que o viajante entre pelo buraco e saia em um lugar diferente, como o espaço e o tempo estão interligados, o viajante não só iria sair em outro lugar, mas também em tempo (época) diferente. 1.2 Os postulados de Einstein Em 1905, Albert Einstein publicou um artigo sobre eletrodinâmica, onde ele afirma que o movimento absoluto é impossível de ser detectado, excluindo 2 a idéia da existência do éter, onde ele era um meio (assim como o ar, o vácuo e etc.) utilizado como referência (ou referencial absoluto) e ocupava todo o espaço. Neste, Einstein escreveu também que a luz tinha velocidade constante para qualquer direção com relação ao movimento da terra, ou seja, para a terra em movimento, ou em repouso, a luz tinha a mesma velocidade (TIPLER, 2006), assim de forma simplificada os postulados podem ser escrito da seguinte forma: Postulado 1: não existe referencial privilegiado ou absoluto. Postulado 2: a velocidade da luz independe da velocidade da fonte. De acordo com Tipler (2006) o postulado 1 reafirma o postulado da relatividade newtoniana e é fácil de compreender, por exemplo: se você está dentro de um carro em movimento e passa por um poste, no seu referencial o poste esta em movimento com relação a você, já no referencial do poste, você é quem esta se movimentando, ou seja, não é possível dizer qual é o observador que esta em repouso ou qual é o observador que está em movimento. O Postulado 2 já é um pouco mais complicado e contraria concepção intuitiva do senso comum quanto à velocidades relativas, por exemplo: você está em um automóvel se movendo a 80 km/h e passa por um outro automóvel na mesma direção e sentido que está a 30 km/h, de acordo com a intuição do senso comum e com as transformações de Galileu (que serão tratadas mais adiante) a velocidade relativa entre os dois automóveis é de 50 km/h, neste caso, por se tratar de velocidades muito menores que a velocidade da luz, este resultado pode ser válido. De acordo com o postulado de Einstein se um feixe de luz move-se na mesma situação dos carros os dois observadores do interior do veículo medirão a mesma velocidade para o feixe de luz. 1.3 As transformações de Lorentz Algum tempo atrás, na mecânica clássica, as transformações utilizadas para velocidades relativas na época funcionavam muito bem, ou seja, as transformações de Galileu, pois se tratava de velocidades muito menores que a velocidade da luz. Com o passar dos anos e o avanço da ciência, foram observadas falhas nessas transformações quanto a velocidades muito altas 3 (MAGALHÃES, 2007), contrariando também o princípio da constância da velocidade da luz. Considere um sistema de coordenadas retangulares (figura 1), com os eixos x, y e z, com origem O e referencial R, e outro sistema de coordenadas x’, y’ e z’ com origem O’ e referencial R’ (figura 2), que se move com velocidade constante ao longo do eixo x. De acordo com Tipler (2006) a transformação clássica conhecida como transformação de Galileu pode ser descrita pelas seguintes equações: x x ′ vt ′ , y y′, z z′, x ′ x vt, y ′ y, z ′ z, t t′ 1 ou t′ t 2 Essas equações, como relatadas anteriormente, funcionam somente para velocidades muito menores que c (velocidade da luz), e induzem a uma adição de velocidades. Veja como isso acontece: Considere uma partícula possui velocidade u′ ′ ′ ao longo do eixo x no referencial R’, que se move com velocidade com relação à R, então de acordo com as transformações de Galileu, a velocidade da partícula no referencial R’ com relação ao referencial R, pode ser descrita como. u dx dx dx′ u′ dt dt′ dt′ 4 3 Suponhamos agora que a partícula seja um fóton, ou seja, se move com velocidade c, então: , de acordo com o postulado da constância da velocidade da luz , portanto essas transformações não estão de acordo com o postulado de Einstein e com alguns resultados experimentais (TIPLER 2006). Essa transformação, como vimos até agora, apresenta falhas, e por isso precisa ser corrigida, ou reformulada, resultando nas transformações de Lorentz, que começou a buscar essas transformações em 1881, chegando à sua forma final em 1904, um ano antes do trabalho de Einstein, que deduziu essas transformações, usando o principio da constância da velocidade da luz, dando origem à Teoria da Relatividade Restrita, existem controvérsias sobre o fato de que Einstein já conhecia ou não o trabalho de Lorentz (GODOI, 1994), mas não vem ao caso discutir este assunto neste trabalho. Considere que a transformação de Lorentz seja idêntica à de Galileu, exceto por um fator multiplicador constante do lado direito, ficando da seguinte forma: x x ′ vt ′ 4 x ′ x ′ vt 5 e Para encontrarmos o valor de γ, considere a seguinte situação: um pulso de luz parte da origem R e R’ em t = t’ = 0, de acordo com TIPLER, os postulados de Einstein estabelecem que a componente x da frente de onda do pulso luminoso é no referencial R e ’ ’ no referencial R’, substituindo essa relação nas equações 4 e 5 temos: ct ct ′ vt ′ c vt ′ e 5 6 ct ′ ct vt c vt 7 devemos eliminar t e t’ para obtermos a constante γ em função de v e c, de acordo com a equações 6 e 7 temos: v t %1 & t ′ c 8 v t ′ %1 & t c 9 e assim temos: v v t %1 & . %1 & t c c 1 + ,1 + 10 v+ c+ 11 1 12 v+ .1 + / c 1 13 v+ ,01 + c veja que para v << c, tende a 1, ou seja, as transformações de Galileu, funcionam muito bem para velocidades baixas. De acordo com Tipler (2006), considerando o valor de γ obtido na equação 13 e aplicando-o nas equações 4 e 5 as transformações de Lorentz podem ser expressas da seguinte forma: x x ′ t ′ , y y′, z z′, 6 t ,t′ x ′ c+ 14 e x′ x , 1.4 y′ y, z′ z, t′ %t x & c+ 15 Dilatação do tempo Para que a dilatação do tempo seja razoavelmente observada é preciso atingir altas velocidades, ou seja, velocidades bem próximas a da luz, podemos observar essas velocidades em grandes aceleradores de partículas. Algumas partículas, como os raios cósmicos, viajam com velocidades tão próximas a da luz que atravessam a galáxia em alguns segundos em seu referencial, enquanto para o referencial na terra, eles demoram milhares de anos, se não fosse a dilatação do tempo eles nunca teriam chegado até aqui (DAVIES, 2002). Considere que dois eventos ocorrem em certo ponto no referencial R’ nos tempos t’1 e t’2. Os tempos t1 e t2 no referencial R podem ser obtidos a partir da equação 14 da seguinte forma: t1 ,t′1 + 2 c+ 16 t + ,t′+ + 2 c+ 17 e Para obtermos o intervalo de tempo entre esses dois eventos no referencial R temos: + 1 t ′ + t ′1 18 O intervalo de tempo medido no mesmo local do referencial, ou seja, no referencial R’ é chamado de tempo próprio tp. O intervalo de tempo medido em 7 qualquer referencial é sempre maior que o tempo próprio que é chamado de dilatação do tempo: ∆t ∆t 3 1.5 19 Contração do comprimento Considere uma régua em repouso no referencial R’, seu comprimento no mesmo referencial, também chamado de comprimento próprio é Lp = x’2 – x’1, onde x’2 é a posição de uma extremidade e x’1 é a posição da outra extremidade da régua no referencial R’, suponhamos que a régua está se movendo no sentido positivo na direção x, com velocidade v com relação ao referencial R, de acordo com a equação 15, podemos obter o comprimento da régua no referencial R da seguinte forma: 4 + 1 Onde: 1 x′1 5t′1 20 + x′+ 5t′+ 21 Como as medidas foram realizadas no mesmo instante então: t1 = t2, logo: 4 x′+ vt′1 x ′1 vt ′1 22 4 ′ + 23 ′ 1 ′1 ′ 1 4 x ′ + x ′1 4 L3 24 25 Veja que 47 4 / , como 9 1 quando o referencial está se movendo com relação a outro referencial a contração do espaço é observada. 8 2. Objetivo Este trabalho tem como objetivo mostrar que a viagem no tempo é possível, através de alguns resultados da Teoria da Relatividade. 3. Como viajar no tempo 3.1 O buraco negro A idéia de buraco negro surgiu a partir da formulação da teoria da Relatividade Geral, que foi apresentada no dia 15 de novembro de 1915, válida para referencias não inerciais (movimento acelerado) (STEINER, 2010). Os buracos negros são criados quando há um colapso gravitacional, este colapso pode ocorrer na morte de estrelas de grande massa, quando acaba o “combustível” nuclear dessas estrelas, ela reduz o seu volume diminuindo assim o seu raio, ate que atinge o raio de Schwarzschild, formando assim um buraco negro (HAWKING, 2001). Karl Schwarzschild recebeu uma copia da edição de 25 de novembro dos Anais da Academia de Ciências da Rússia contendo os trabalhos de Einstein sobre a Relatividade Geral. Schwarzschild começou a trabalhar nas equações de Einstein e encontrou uma solução para o caso de simetria esférica, e também sugeriu uma correção (a expressão : 0:; ) na fórmula de <=> ?@² Newton que descreve a aceleração da gravidade produzida a uma distância r de um corpo de massa M (STEINER, 2010), veja a figura abaixo: Figura 3: O raio de Schwarzschild. Fonte: (STEINER, 2010). 9 Para r muito maior que o raio de Schwarzschild (r >> rs), a solução de Schwarzschild se aproxima da equação de Newton. Podemos utilizar a solução de Schwarzschild para encontrarmos o tamanho do raio para que a Terra seja um buraco negro da seguinte forma: BC +DE 26 F² Onde G é a constante gravitacional (6,67428 x 10-11 m3.kg-1.s-2), M é a massa da Terra (5,9742 x 1024 Kg) e c é a velocidade da luz, então: 26,67428. 10;11 5,9742. 10+G BC 4,4. 10;I J H + 3. 10 27 Ou seja, o raio da Terra tinha que ser 4,4 milímetros para que ela fosse um buraco negro, e o Sol tinha que ter um raio igual a 2,9 km (STEINER, 2010). De acordo com observações astronômicas, existem dois tipos de buracos negros: os buracos negros estelares, que são frutos da evolução das estrelas de grande massa, e os buracos negros supermassivos que se situam no núcleo das galáxias, o primeiro chega a algumas vezes a massa do Sol, enquanto o outro chega a bilhões de vezes a massa solar. Existem especulações sobre a existência de buracos negros intermediários, com massa entre mil e cem mil massas solares, porém ainda não detectados por razões tecnológicas (STEINER, 2010). Por serem objetos muito densos, os buracos negros possuem uma força gravitacional muito alta, nem mesmo a luz pode escapar dessa atração, tornando assim o buraco negro num objeto que não pode ser observado, pois, nenhuma informação irá escapar dele (OLIVEIRA; MELLO). Se nenhuma informação, e nem mesmo a luz, pode sair dos buracos negros, então como eles são “observados” ou detectados? O fato dos buracos capturarem os gases a sua vizinhança, os torna “visíveis”, esses gases ao irem em direção aos buracos negros, espiralam em forma de disco, e sua energia potencial gravitacional se transforma em energia cinética, térmica e radioativa, essa energia radioativa escapa do disco antes que atinja o raio de 10 Schwarzschild, ou seja, antes que se torne impossível de se escapar (STEINER, 2010). 3.1 Dilatação gravitacional do tempo Como vimos até agora, as dilatações no tempo podem ser observadas quando há movimento relativo entre um referencial e outro. Há também outra forma de “manipular” o tempo para um referencial em relação a outro, de acordo com a Teoria da Relatividade Geral, relógios ficam mais lentos quando submetidos a um campo gravitacional (TIPLER, 2006). Essa teoria corrobora que o espaço-tempo é curvo próximos a grandes massas, ou a grandes densidades de massa, e quanto mais denso é o objeto, maior a curvatura do espaço-tempo. Na Figura 4 é mostrada essa curvatura para objetos de densidades diferentes: o Sol, que possui densidade próximo a da água; a anã-branca, uma estrela morta e possui densidade de um milhão de vezes maior que a do Sol; e a estrela de nêutrons que possui densidade de um trilhão de vezes maior que a do Sol, tendo um raio de apenas três vezes o raio de Schwarzschild (STEINER, 2010). Figura 4: Representação artística de “deformacoes” no espaço-tempo causado por grandes massas. Fonte: <http://domescobar.blogspot.com/2011/04/os-buracos-negros-escondem- civilizacoes.html> Nas estrelas de nêutron, o tempo é cerca de 30% mais lento em relação ao tempo da Terra (DAVIES, 2002). Na medida em que a circunferência da estrela diminui, o espaço-tempo, se curva ainda mais, quando essa circunferência atinge um raio critico, ou seja, 11 o raio de Schwarzschild, a curvatura aumenta indefinidamente, resultando num termo chamado de singularidade (GAZZINELLI, 2009), veja a figura 5. Figura 5: representação gráfica da deformação do espaço-tempo causado por um buraco negro. De acordo com Gazzinelli (2009), a superfície esférica perfeitamente definida em torno da singularidade, é chamada de horizonte de eventos, onde a luz não pode escapar. O termo horizonte de eventos foi dado em analogia com o horizonte da Terra, onde nada se vê, entre o horizonte de eventos e a singularidade há apenas vácuo. Na singularidade, o espaço-tempo é tão distorcido que o tempo chega ao fim, ou seja, o tempo para (HAWKING, 2001). A dilatação gravitacional do tempo foi confirmada através de relógios atômicos colocados em diferentes altitudes em relação ao nível do mar (GAZINELLI, 2009), ou seja, o tempo anda mais depressa no ultimo andar do que no térreo de um prédio (DAVIES, 2002). Não mostraremos neste trabalha o quanto o tempo passa mais depressa, ou seja, não iremos quantificar, pois os cálculos são muito complexos, utilizaremos então um experimento imaginário para uma constatação qualitativa da dilatação gravitacional do tempo. Imagine dois relógios inicialmente sincronizados A e B, que emitem pulsos de luz com freqüência muito alta, o relógio A é colocado no topo de um prédio, enquanto o relógio B é colocado no terceiro andar. Suponhamos que após o primeiro pulso, o relógio A entra em queda livre, quando ele emite o pulso seguinte, ele terá percorrido uma distancia muito pequena (pois as freqüências dos pulsos são muito altas), de modo com que ele ainda meça o 12 tempo como se estivesse no topo do prédio. Quando o primeiro pulso do relógio A atinge o relógio B ele também entra em queda livre, e quando o segundo pulso o atinge, o relógio B também terá percorrido uma distancia quase imperceptível, medindo também o tempo ainda no terceiro andar do prédio. Como os dois relógios estão em queda livre, pode se afirmar que ambos podem ser considerados em referencias inerciais, obedecendo assim as leis da Relatividade Restrita. Como o relógio A iniciou a queda antes do B, a velocidade de A será sempre maior que a velocidade do relógio B, logo, o relógio B verá os pulsos do relógio A com freqüência maior, ou seja, o intervalo de tempo dos pulsos do relógio A é mais rápido que do B, portanto como o relógio A se encontra no topo, e o relógio B no terceiro andar, então o tempo passa mais depressa no topo do que no terceiro andar do prédio. 3.2 Os wormholes (buracos de minhoca) De acordo com Francisco Lobo e Paulo Crawford (2002), os buracos de minhoca foram descobertos matematicamente por Flamm em 1916, como solução das equações de campo. Eles são atalhos hipotéticos que ligam duas regiões distintas do espaço-tempo permitindo viagens interestelares rápidas (Figura 6). Figura 6: Representação artística de um <http://www.glogster.com/media/4/32/15/27/32152713.jpg> 13 buraco de minhoca. Fonte: Essas viagens interestelares através de wormholes são muito complicadas, pois os buracos de minhoca são altamente instáveis, e possuem uma força de maré (ocorre quando a aceleração gravitacional não é homogênea para todo o diâmetro do corpo, ou seja, um dos lados desse corpo tem aceleração maior do que o outro lado) na ordem de grandeza de um buraco negro que esmagaria qualquer viajante, comprimindo-o transversalmente e esticando-o não direção longitudinal. Os wormholes foram objetos de bastante estudo na década de 50 pelo físico norte-americano John Wheeler. John não chegou a nenhuma solução de wormholes transitáveis no espaço-tempo. As soluções encontradas para os wormholes resultavam num wormhole dinâmico, em que sua garganta se expandiria e se contrairia (Figura 7) tão rapidamente que até mesmo um feixe luminoso não poderia atravessar. Figura 7: representação artística da expansão e contração de um wormhole. Fonte: (CRAWFORD; LOBO, 2002) Um wormhole é constituído por uma matéria que possui densidade de energia negativa, conhecido também como matéria exótica, essa matéria viola algumas condições de energias que são fundamentais para os teoremas 14 clássicos sobre singularidades no espaço-tempo. Como não há uma compreensão mais completa da matéria exótica, é impossível analisar a estabilidade de um wormhole, talvez os problemas da existência da matéria exótica e a instabilidade do buraco de minhoca sejam resolvidos com uma eventual teoria da gravitação quântica. Mesmo com essas dificuldades apresentadas, não existe uma prova concreta da inexistência de um wormhole transitável como soluções das equações de Einstein da gravitação. 4.0 Considerações finais Viajar no tempo para o futuro é teoricamente fácil, basta viajar a velocidades próximas a da luz que o tempo passa mais devagar para você do que para outro observador (a dilatação do tempo), quando você voltar ao repouso, você estará no futuro, mas alcançar essas velocidades para corpos macroscópicos é bastante complicado, pois exige grande quantidade de energia, que, tecnologicamente não foi encontrado uma maneira de concentrar ou armazenar. Já as viagens para o passado são mais complicadas, de acordo com a Teoria da Relatividade, elas exigem certa configuração do espaço-tempo, como por exemplo, a criação de buracos de minhocas transitáveis, que até agora não descobriram como estes podem ser criados, mas também não foi comprovado que é impossível a sua existência. Bibliografia DAVIES, Paul. Como construir uma maquina do tempo. 5 ed: Scientific American Brasil, 2002 GAZZINELLI, Ramayana. Teoria da Relatividade Especial. 2.ed. São Paulo: Blucher, 2009. GODOI, Valdir. A dedução das transformações de Lorentz em 1905: Revista Brasileira de Ensino de Física, 1997 15 HAWKING, Stephen. O universo numa casca de noz. 3 ed. São Paulo: Arx, 2001 LOBO, Francisco, CRAWFORD, Paulo. “Wormholes”: Túneis no espaço-tempo. Gazeta de Fisica. p. 4-10, 2002 LOBO, Francisco, CRAWFORD, Paulo. Viagens no tempo, Lisboa, 2001 MAGALHÃES, Anderson. Transformações de Lorentz. TCC (Graduação em Matemática) – Instituto Superior de Educação de Itabira. Itabira, 2007 OLIVEIRA, Claudia, MELLO Duília. Os maiores desafios da Astronomia moderna.<http://cienciaecultura.bvs.br/pdf/cic/v61n4/09.pdf> Acesso em 27 de maio de 2011. STEINER, João. Buracos negros: sementes ou cemitérios de galáxias? Cad. Bras. Ens. Fís., v.27, n. Especial, p. 723-742, 2010 TIPLER, Paul, MOSCA, Gene. Física: Física Moderna: Mecânica quântica, relatividade e estrutura da matéria. 5.ed. Rio de Janeiro: LTC, 2006. v.3. 16