Página 2 EDITORIAL No dia 5 de outubro, foi eleita a nova diretoria da Farsul. Dos 135 representantes de sindicatos rurais aptos a votar, 133 compareceram ao pleito. A presença maciça demonstrou a força do sistema sindical rural gaúcho. O atual presidente do Sistema Farsul, Carlos Sperotto, seguirá à frente da entidade no triênio 2016-2018. Ele encabeçou uma nominata de 30 diretores, conselheiros e vice-presidentes, que angariou 104 votos, ante 29 da chapa liderada por João Batista da Silveira. No período eleitoral, as duas chapas mantiveram um diálogo de alto nível e mobilizaram as bases. Mais do que eleger uma diretoria, o pleito serviu para fomentar o debate sobre o papel da CNA, da Farsul e, fundamentalmente, dos sindicatos rurais nos rumos da agricultura brasileira. A federação gaúcha e a confederação nacional só são fortes porque sustentadas por produtores rurais mobilizados e cientes da responsabilidade coletiva de cada agricultor ou pecuarista. Os debates levados a cabo nos sindicatos ajudam a manter o sistema em constante evolução e crescimento. A série de reportagens sobre a história da federação gaúcha, que vem sendo apresentada no novo programa de TV Sistema Farsul em Campo, tem apresentado de forma objetiva esse movimento. Criada em 1927 em Porto Alegre para combater as dificuldades que impediam o desenvolvimento da pecuária, a primeira federação de agricultura do país nasceu defendendo o campo e enfrentando problemas estruturais do país. E assim segue até hoje. As lutas no decorrer de seus 88 anos foram muitas e diversas. O que não mudou foi a confiança na união dos produtores para enfrentá-las. Em sua história recente, a Farsul foi protagonista em episódios que impulsionaram a agricultura brasileira, ajudando no desenvolvimento do país. Esteve à frente das renegociações do passivo do campo, da luta pela legalização do plantio de transgênicos, dos movimentos em defesa do direito de propriedade. Hoje, levanta outras bandeiras que igualmente prometem dar mais estabilidade ao produtor. Entre elas, melhorias no porto de Rio Grande, a fim de garantir mais renda ao agricultor, modificações na lei de cultivares e a ampliação do sistema de seguro agrícola no Brasil. São bandeiras que o presidente reeleito já levantou e, junto com a nova diretoria, seguirá empunhando. Tudo isso com apoio de uma equipe técnica renovada e qualificada, que ajudou a entidade a obter conquistas nos últimos anos. Mas nada exprime de maneira mais evidente a fortaleza do sistema sindical rural do que a mobilização das comissões de jovens empreendedores rurais em diversos municípios. Constatar a participação massiva dos sindicatos rurais na eleição interna e ver um movimento jovem tomando corpo no campo: eis dois fatos a se comemorar em um tempo de escassez de boas notícias no país. O campo está vivo, em movimento, forte. E com futuro garantido. EXPEDIENTE Irrigar é um ato agrícola, mas também um ato ecológico e um ato socioeconômico João Augusto Telles* como insumo de produção, associada à eficiência das novas Pensar no futuro é um exer- tecnologias existentes no mercado, cício para a imaginação, mas como agricultura de precisão, muitos estudiosos dedicam seu genética de sementes e manejo tempo traçando um panorama de sistemas para o aumento da do que nos aguarda. E no âm- produtividade nas culturas. bito da produção de alimentos Outra associação com efeitos esse cenário nos reserva grandes aditivos à sustentabilidade na agrisurpresas. Iremos mudar nos- cultura são as técnicas de manejo sa relação com a alimentação? existentes e as tecnologias que Criaremos novos métodos de podem ser empregadas para fazer plantio e colheita? Inventaremos uma irrigação mais eficiente, ou novos alimentos? Quais as alter- seja, ter uma eficiência com o nativas para produzirmos mais? uso parcimonioso da água. Irrigar é um ato agrícola, mas Para que as melhores práticas também um ato ecológico e um sustentáveis de utilização de reato socioeconômico? cursos hídricos se materializem A irrigação com certeza nos no campo, fica evidente que as dá um caminho para chegar- técnicas de manejo da irrigação mos às respostas aos tantos sempre deverão estar associadas questionamentos relativos à a outras tecnologias aplicadas produção de alimentos. Para na produção vegetal e animal. isso, façamos um paralelo en- Especificamente, na produção tre o ato de irrigar e a citação: vegetal, para garantir o equilíbrio “Comer é um ato agrícola. Um solo-planta-água, os produtores ato ecológico, além de um ato rurais imprimem nas suas lavouras político”, numa frase famosa as melhores práticas agrícolas de um fazendeiro e economista onde são avaliados: fenologia americano, Wendell Berry. das culturas e necessidades híFrente a este paralelismo, dricas nas diferentes fases de podemos dizer que a irrigação desenvolvimento, determinareflete esta frase famosa e vai ção da reserva hídrica do solo, além disso, pelos seus impactos cálculo da evapotranspiração positivos na economia local e diária, aferição da precipitação global da sociedade humana, do equipamento, determinação gerados pelo aumento de produ- da lâmina de água, ajuste do tividade de alimentos e propor- tempo de funcionamento dos cionando segurança alimentar equipamentos e monitoramento às populações vindouras. da umidade do solo com senQuando se trata desse as- sores. Tudo isso, associado a sunto, no entanto, é importan- agricultura de precisão aplite considerar uma exploração cada em sistemas irrigados, a racional, em busca da aliança qual permite monitoramento entre produtividade e sustenta- das áreas através de mapas de bilidade. Assim, as mudanças fertilidade e produtividade e são evidentes, e neste cenário através da aplicação racional a irrigação se mostrar uma al- de insumos através de máquiternativa sustentável. nas “inteligentes”. Enfim, este Mergulhando um pouco mais efeito associativo de fatores de na ótica sustentável, citamos os produção permite um eficiente efeitos sinérgicos entre a água, manejo de irrigação com maior FARSUL Presidente: Carlos Rivaci Sperotto Vice-presidente: Gedeão Silveira Pereira Diretor Administrativo: Francisco Lineu Schardong Diretor Financeiro: Jorge Rodrigues SENAR-RS Presidente: Carlos Rivaci Sperotto Superintendente: Gilmar Tietböhl Divisão Técnica: João Augusto Telles Divisão de Arrecadação: Saulo Gomes Div. Administração e Finanças: Valmir Susin rentabilidade em todas as safras e, assim, confirma-se o ato de irrigar como um ato agrícola, ecológico e socioeconômico. Assim esta produção eficiente no campo só acontece, obviamente, pelo “tema de casa” realizado pelo produtor rural no dia a dia na propriedade rural, garantindo a manutenção do bioma onde está inserido e a produção de mais alimentos seguros. Neste cenário de equilíbrio de uso racional de fatores de produção, se justifica a utilização de recursos naturais como a água em momentos de déficit hídrico nas culturas. Muitas dúvidas ainda surgem quanto ao uso da água como insumo de produção. Mas o melhor é olharmos para frente e perceber o quanto irrigar é um ato agrícola, mas também um ato ecológico e um ato socioeconômico. Além disso, tomarmos a iniciativa e irmos em frente, como fez a Farsul ao criar o Clube da Irrigação, que vem buscando responder considerando a máxima da agricultura irrigada: “produtividade e rentabilidade, com eficiência no uso da água, da energia e de insumos e respeito ao meio ambiente.” Portanto, é necessário que o irrigante, além de conhecer o manejo da água em cada cultura, também esteja a par das evoluções tecnológicas dos sistemas de irrigação. Embora todo este cenário crescente quanto à utilização da irrigação, ressaltamos que todas estas tecnologias e serviços técnicos disponíveis deverão ser adequados às áreas a serem irrigadas e à realidade financeira do agricultor. *Chefe da Divisão Técnica do Senar-RS JORNAL SUL RURAL Diretor: Décio Rosa Marimon Jornalista responsável: Sebastião Ribeiro (MTb/RS 11.009) Fotos: Tiago Francisco, Gerson Raugust e Arquivo Colaboração: Alessandra Bergmann, Gerson Raugust e Samuel Lima Circulação Mensal Tiragem: 35.000 exemplares Administração, redação e comercial: Praça Saint Pastous, 125 - Fone: (51) 3214.4400 Fax: (51) 3221.9113 e-mail: [email protected] - Porto Alegre/RS - Cep 90050-390