BIOCATALISADORES MAGNÉTICOS A PARTIR DE
QUITOSANA
DARLAN SILVEIRA MARUM
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE DARCY
RIBEIRO - UENF
CAMPOS DOS GOYTACAZES - RJ
NOVEMBRO - 2013
BIOCATALISADORES MAGNÉTICOS A PARTIR DE
QUITOSANA
DARLAN SILVEIRA MARUM
"Dissertação apresentada ao Centro
de Ciência e Tecnologia, da
Universidade Estadual do Norte
Fluminense Darcy Ribeiro, como
parte das exigências para obtenção
de título de Mestre em Engenharia e
Ciência dos Materiais".
Orientador: Prof, Rubén J. Sánchez Rodríguez
CAMPOS DOS GOYTACAZES - RJ
NOVEMBRO – 2013
FICHA CATALOGRÁFICA
Preparada pela Biblioteca do CCT / UENF
07/2014
Marum, Darlan Silveira
Biocatalisadores magnéticos a partir de quitosana / Darlan Silveira
Marum. – Campos dos Goytacazes, 2013.
xvi, 107 f. : il.
Dissertação (Mestrado em Engenharia e Ciência dos Materiais) -Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro. Centro de
Ciência e Tecnologia. Laboratório de Materiais Avançados. Campos
dos Goytacazes, 2013.
Orientador: Rubén Jesus Sánchez Rodríguez.
Área de concentração: Polímeros e compósitos.
Bibliografia: f. 100-107.
1. QUITOSANA 2. EPICLORIDRINA 3. MICROESFERAS 4.
BIOCATALISADORES I. Universidade Estadual do Norte Fluminense
Darcy Ribeiro. Centro de Ciência e Tecnologia. Laboratório Materiais
Avançados lI. Título
CDD
620.192
Dedico este trabalho aos meus pais
Deuzedir e Leida, cujo amor, carinho e
atenção foram decisivos para essa
importante conquista de agora
Depois de algum tempo você, aprende que as circunstâncias
e os ambientes têm influência sobre nós, mas nós somos
responsáveis por nós mesmos. Começa a aprender que não
se deve comparar com os outros, mas com o melhor que pode
ser. Descobre que se leva muito tempo para se tornar a
pessoa que quer ser, e que o tempo é curto.
(William Shakespeare)
AGRADECIMENTOS
A Deus que sempre iluminou meus caminhos e esteve presente em minha
vida dando sabedoria, perseverança e força, para a conclusão desta etapa
importante em minha caminhada.
Aos meus pais Deuzedir Torres Marum e Maria Leida Silveira Marum, pela
paciência, apoio nos momentos difíceis, amor e carinho sempre concedidos
A minha irmã Deuziane Silveira Marum e ao meu cunhado Levi Oliveira,
pelo carinho, compreensão, amizade companheirismo e apoio.
Ao professor Rubén Sanchez pela dedicada orientação, amizade,
sabedoria e agradável convivência e principalmente por acreditar em mim
aceitando ser meu orientador sem mesmo me conhecer.
A professora Maria Inês Bruno Tavares, por realizar a análise de RMN,
pela contribuição financeira na compra de reagente, pela amizade e pelo apoio.
As minhas eternas professoras Camila Rodrigues Amaral e Erica Marques
da Silva Santos, por me mostrar o caminho para construir uma vida acadêmica,
o que sou hoje essas duas tem uma pequena participação, pela amizade, pelo
carinho e apoio.
Ao professor Claudio (in memoria) do CBB, por sempre me receber no
seu laboratório com um sorriso e de braços abertos, pronto pra ajudar no que eu
precisasse.
Ao coordenador do Programa de Pós Graduação em Ciência e
Engenharia de Materiais, pela confiança e credibilidade.
As minhas duas ajudantes Helen BoaMorte e Mayara Castro, pela ajuda
da realização deste trabalho, pela paciência, pela dedicação de horas no
laboratório, pelos finais de semana que passamos realizando os experimentos,
pela amizade e apoio.
À Marta Duarte pelas análises de ângulo de contato, na COPPE- UFRJ
À
Tereza
Eliggio,
pela
amizade,
apoio
e
pelas
análises
de
Termogravimetria
À Zulmira Guimarães pela análise de Microscopia Eletrônica de Varredura
(MEV)
Ao Djalma pelas análises de AFM e apoio na solução de problemas com
os resultados de permeabilidade.
Ao meu amigo Lucivan, pelas incansáveis vezes em que pedia para
instalar o Oringin no meu computador, pela amizade e apoio.
Ao meu amigo Magno Bessa, por sempre me ouvir quando eu estava pra
baixo
As minhas amigas Myrian e Katia, pela amizade, pelas caronas de volta
pra casa, pela alegria e por sempre estarem ao meu lado me dando aquela
palavra de força.
A minha amiga Martinha, pelos abraços quando eu chegava ao
laboratório.
As minhas amigas Michele Leal e Milena Diniz, pela amizade, carinho e
por ter aberto a porta da sua casa para me acolher.
Aos meus amigos que fiz ao longo dessa caminhada Mariane, Simone,
Melina, Leticia, Elaine, Mario Lucas, Shirlene, Vanilda, Márcia, Barbara, Emilene,
Quésia, Cristiane, Juvenil, Michel e Renan.
A minha eterna amiga Paula de Paula, pela amizade, pelo carinho, pelos
momentos felizes, pelos conselhos e por me acolher sempre na sua casa na
hora do almoço
Em especial à uma grande amiga, Elaine Carvalho pela amizade,
companheirismo, pelos puxões de orelhas, pelo seu conhecimento, estando
sempre pronta a me ajudar, sua ajuda foi fundamental para a realização deste
trabalho.
Aos professores do Laboratório de Materiais Avançados.
À todos os funcionários do Laboratório de Materiais Avançados.
À empresa Granotec, pela doação da enzima FLIP/BR
À CAPES pelo apoio financeiro, para a realização deste trabalho.
À UENF pela estrutura Fisica e oportunidade oferecida para a realização
deste trabalho.
SUMÁRIO
ÍNDICE DE FIGURAS ....................................................................................... vi
ÍNDICE DE TABELAS ....................................................................................... xi
ÍNDICE DE SÍMBOLOS E ABREVIAÇÕES ..................................................... xii
RESUMO ......................................................................................................... xiv
ABSTRACT ..................................................................................................... xvi
CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO ......................................................................... 1
1.1 – OBJETIVOS .............................................................................................. 3
1.1.1 – OBJETIVOS GERAIS ..................................................................... 3
1.1.2 - OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................. 3
1.2 – JUSTIFICATIVAS ..................................................................................... 4
CAPÍTULO 2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................... 6
2.1 – BIODIESEL ............................................................................................... 6
2.1.1 – PRODUÇÃO DE BIODIESEL POR TRANSESTERIFICAÇÃO .. 7
2.2 – BIOCATALISADORES ........................................................................... 10
2.2.1 – CATÁLISE ENZIMATICA ............................................................ 12
2.2.1.1 – ATUAÇÃO DAS ENZIMAS ..................................................... 16
2.3 – LIPASE .................................................................................................. 18
2.3.1 – MECANISMO DAS LIPASES ...................................................... 22
2.4 – IMOBILIZAÇÃO DE ENZIMAS ............................................................... 23
2.4.1 – MÉTODOS DE IMOBILIZAÇÃO .................................................. 25
2.4.1.1 – LIGAÇÃO COVALENTE ........................................................ 27
i
2.4.1.2 – LIGAÇÃO COVALENTE CRUZADA ...................................... 28
2.4.1.3 – MICROEMCAPSULAMENTO ................................................ 28
2.3.1.4 – ADSORÇÃO ........................................................................... 29
2.5 – QUITOSANA ........................................................................................... 30
2.5.1 – OBTENÇÃO DA QUITOSANA .................................................... 30
2.5.2 – ESTRUTURA E ASPECTOS FÍSICOS E QUÍMICOS DA
QUITOSANA .................................................................................................... 31
2.5.3 – MODIFICAÇÕES QUÍMICAS NA ESTRUTURA DA
QUITOSANA..................................................................................................... 34
2.5.4 – MÉTODOS DE MODIFICAÇÃO QUÍMICA DA
QUITOSANA..................................................................................................... 35
2.5.4.1 – MODIFICAÇÃO COM GLUTARALDEÍDO ............................. 37
2.5.4.2 – MODIFICAÇÃO COM EPICLORIDRINA ................................ 43
CAPÍTULO 3 – MATERIAIS E MÉTODOS ..................................................... 48
3.1 – MATERIAIS ............................................................................................ 48
3.2 – PREPARAÇÃO DA SOLUÇÃO DE QUITOSANA .................................. 49
3.3 – SÍNTESE DA MAGNETITA (Fe3O4) ....................................................... 49
3.3.1 – CARACTERIZAÇÃO DAS MAGNETITAS ................................. 50
3.4 – FORMULAÇÃO DAS MICROCÁPSULAS DE QUITOSANA COM
NÚCLEO MAGNÉTICO ................................................................................... 51
3.5 – MODIFICAÇÃO QUÍMICA DAS MICROCÁPSULAS DE QUITOSANA
COM NÚCLEO MAGNÉTICO .......................................................................... 53
3.6 – ATIVAÇÃO DAS MICROCÁPSULAS COM GLUTARALDEIDO ........... 54
ii
3.7 – CARACTERIZAÇÃO DAS MICROCÁPSULAS DE PARTIDA E
MODIFICADA ................................................................................................. 54
3.7.1 – ESPECTROSCOPIA DE INFRAVERMELHO COM
TRANSFORMADA DE FOURIER (FTIR) ....................................................... 54
3.7.2 – RESSONÂNCIA MAGNÉTICA NUCLEAR (RMN) ................... 55
3.7.3 – DETERMINAÇÃO DA CARGA MAGNETICA E ESTUDO DO
COMPORTAMENTO TÉRMICO DAS MICROESFERAS................................ 57
3.7.3.1 – TERMOGRAVIMÉTRIA (TGA) .................................... 57
3.7.3.2 – CALORIMÉTRIA DIFERENCIAL EXPLORATÓRIA
(DSC) ............................................................................................................... 57
3.7.4 – MICROSCÓPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA (MEV) ........ 58
3.7.5 – DISTRIBUIÇÃO DE TAMANHO ................................................ 58
3.7.6 – PROPRIEDADES MAGNÉTICAS ............................................ 58
3.8 – PREPARAÇÃO DOS FILMES DE QUITOSANA .................................... 59
3.8.1 – MODIFICAÇÃO DOS FILMES DE QUITOSANA ...................... 59
3.8.2 – CARACTERIZAÇÃO SUPERFICIAL COM AUXILIO DA
MICROSCOPIA DE FORÇA ATÔMICA (MFA) ............................................... 60
3.8.3 - ANALISE DO IMPACTO DA MODIFICAÇÃO DA QTS
COM EPICLORIDRINA SOBRE O COEFICIENTE DE PERMEABILIDADE A
VAPORES DE ÁGUA ...................................................................................... 61
3.8.4 – ÂNGULO DE CONTATO ................................................ 63
3.9 – IMOBILIZAÇÃO DA LIPASE POR LIGAÇÃO COVALENTE .................. 65
3.10 – DETERMINAÇÃO DA ATIVIDADE HIDROLITICA ............................... 65
iii
CAPITULO 4 – RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1 – CARACTERIZAÇÃO DA QUITOSANA NÃO MODIFICADA (QTS) E
MODIFICADA (QTS/EPC) ............................................................................... 67
4.1.1 – MORFOLOGIA DOS FILMES DE QTS E QTS/EPC ................. 66
4.1.2 - ESPECTROMETRIA DE INFRAVERMELHO DOS FILMES DE
QTS E QTS/EPC ............................................................................................. 68
4.1.3 – MORFOLOGIA SUPERFICIAL DOS FILMES DE QTS E
QTS/EPC POR AFM .................................................................................. 70
4.1.4 – IMPACTO DA MODIFICAÇÃO DA QTS COM EPICLORIDRINA
SOBRE O COEFICIENTE DE PERMEABILIDADE A VAPORES DE
ÁGUA .................................................................................................... 73
4.1.5 – HIDROFILICIDADE DA QTS E QTS/EPC ................................ 76
4.2 – FORMULAÇÃO DE MICROESFERAS DE QUITOSANA MODIFICADA
COM EPC CONTENDO NÚCLEO MAGNÉTIC ............................................... 78
4.3 – DISTRIBUIÇÃO DE TAMANHO DAS MICROESFERAS MAGNÉTICAS
.......................................................................................................................... 80
4.4 – MORFOLOGIA SUPERFICIAL DAS MICROESFERAS DE QTS/Fe3O4 E
QTS-EPC/Fe3O4 .... ......................................................................................... 82
4.5 – CARACTERIZAÇÃO DAS MICROESFERAS COM PROPRIEDADES
MAGNETICAS ................................................................................................. 85
4.5.1 – ESPECTROMETRIA DE INFRAVERMELHO COM
TRASFORMADA DE FOURIE (FTIR) ............................................................. 85
4.6 – DETERMINAÇÃO DA CARGA MAGNETICA E ESTUDO DO
COMPORTAMENTO TERMICO DAS MICROESFERAS ............................... 87
4.6.1 – TÉCNICA TERMOGRAVIMETRICA(TGA) ............................... 87
4.6.2 – CALORIMETRIA DIFERENCIAL EXPLORATORIA (DSC) ....... 88
4.7 – RESSONANCIA MAGNETICA NUCLEAR (RMN) 1H ............................. 90
iv
4.8 – PROPRIEDADE MAGNÉTICA DA CARGA DE MAGNETITA NO
SUPORTE POLIMÉRICO ................................................................................ 92
4.10 – ATIVIDADE CATALITICA ..................................................................... 94
4.9.1 – IMOBILIZAÇÃO POR LIGAÇÃO COVALENTE E ATIVIDADE
HIDROLITICA .................................................................................................. 94
CAPÍTULO 5 – CONCLUSÕES ....................................................................... 97
CAPÍTULO 6 – RECOMENDAÇÕES .............................................................. 99
6.1 – RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ................ 99
CAPÍTULO 7 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................... 100
v
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1 – Matérias-primas utilizadas para produção de biodiesel (ANP, 2012)
.........................................................................................................................................6
Figura 2 -Esquema resumido da produção de biodiesel (Martins, 2008) ......... 8
Figura 3 – Processo de produção de biodiesel por transesterificação; (A)
usando catálise alcalina; (B) usando catálise enzimática (Rodrigues, 2009)
............................................................................................................................ 9
Figura 4– Representação da atividade de um catalisador numa reação
química............................................................................................................. 11
Figura 5 – Mecanismo de atuação das enzimas (SoBiologia, 2013) .............. 11
Figura 6 – Estruturas básicas de biocatalisadores em noescala. (a) com
Nanopartículas de superfícies ligados enzimas. (b) realização Nanofibras
enzimas. (c) Matriz nanoporoso com enzimas aprisionadas. (d) nanotubos de
carbono enzimas materiais hibridos (Wang, 2006) .......................................... 12
Figura 7 – Representações gráficas das estruturas tridimensionais secundárias
(A e B) eterciarias (C e D) obtidas por Raio – X da lípase de Penicilliu (Moreira,
2003) ................................................................................................................ 13
Figura 8 – Esquema da reação de hidrólise da uréia (Almeida et. al.) ........... 14
Figura 9 – Modelo da ligação especifica de um substrato pró-quiral ao sitio
ativo da enzima (Moreira, 2003) ...................................................................... 17
Figura 10 – Utilização relativa das enzimas em biotransformações (Moreira,
2003) ................................................................................................................ 18
Figura11 – Representação esquemática das reações catalisadas por lípase
(Castro et.al.) ................................................................................................... 19
Figura 12 – Conformações estruturais da lípaseCandida rugosa. (a)
Conformação fechada; (b) Conformação aberta (Rodrigues, 2009) ................ 22
Figura 13 – Métodos de imobilização de enzimas (Moreira, 2003) ................ 25
Figura 14 - Fatores primordiais a serem considerados em imobilização de
enzimas (Grigolon, 2001) ................................................................................. 26
Figura 15 – Imobilização de enzimas sobre suporte (Santos, 2009) .............. 27
vi
Figura 16 – Imobilização de um biocatalisador via microencapsulamento
(Santos, 2009) ................................................................................................. 29
Figura 17 – Esquema resumido dos dois processos de adsorção (Rebelo,
2009) ................................................................................................................ 30
Figura 18 – Estrutura da celulose, quitina e quitosana (Martins, 2008) .......... 32
Figura 19 - Esquema da desacetilação da quitina .......................................... 33
Figura 20 - Derivados de quitosana e quitina (Martins, 2008) ........................ 35
Figura 21 – Espectro do infravermelho da QTS (a) e QTS-TPF (b) em pastilha
de KBr (Laus, 2006) ......................................................................................... 36
Figura 22 – Termogramas de TGA da QTS (a) e QTS-TPF (b), sob atmosfera
de nitrogênio (Laus, 2006) .............................................................................. 37
Figura 23 - Estrutura do glutaraldeído (Sigma – Aldrich, 2012). ..................... 38
Figura 24 - Estrutura química de quitosana reticulada com glutaraldeído
(Mendes, 2009) ................................................................................................ 39
Figura 25 - Espectros de infravermelho (FTIR) das partículas de quitosana,
com concentração de GA (a) 2,5%; (b) 5%; (c) 8% com o tempo de 3 horas
(Carvalho,2012) ............................................................................................... 40
Figura 26 - Espectros de infravermelho das partículas de quitosana, com
concentração de GA (a) 2,5%; (b) 5%; (c) 8% com o tempo de 5 horas
(Carvalho, 2012). ............................................................................................. 40
Figura 27 - Espectros de infravermelho das partículas de quitosana, com
concentração de GA (a) 2,5%; (b) 5%; (c) 8% com o tempo de 6 horas
(Carvalho, 2012) .............................................................................................. 41
Figura 28 - Espectros de infravermelho das partículas dequitosana, com os
melhores resultados da concentração de 8% GA com tempos 3, 5 e 6 horas
(Carvalho, 2012) .............................................................................................. 41
Figura 29 - (a) Detalhe da superfície das esferas de quitosana com 3%
glutaraldeído obtido através de MEV 100 Kv 5.0 20 X (b) Superfície das esferas
de quitosana imobilizadas com lipase CALB L (c) Esferas de quitosana
imobilizadas com CALB L com glutaraldeído 3% v/v (Júnior, 2007)
.......................................................................................................................... 42
Figura 30 - Estrutura da epicloridrina (Sigma – Aldrich, 2012)
.......................................................................................................................... 43
vii
Figura 31 - Estrutura química de quitosana reticulada com epicloridrina (Laus,
2011) ................................................................................................................ 44
Figura 32 – Voltamogramas ciclicos obtidos usando os biosensores propostos
emsolução tampão fosfato 0,1 mol L-1 (pH 7,0) e velocidade de varredura100
mv s-1. Voltamogramas (BI, BII e BIII) obtidos em H2O2 2,0x10 -3mol L-1 e (I, II e
III) em solução de hidroquinona 1,0x10-4 mol L-1 e H2O22,0x10-3 mol L-1.
Velocidade de varredura de 100 mV s-1 (Oliveira, 2006) ................................. 46
Figura 33 – Reator IKA-250 localizado no setor de polímeros LAMAV .......... 50
Figura 34 – Esquema do gotejador. (A) Adaptador de polietileno; (B) tubo de
vidro interno, (C) tubo de vidro externo, (D) agulha hipordérmica. 1- Entrada da
solução;
2-entrada
de
ar;
3saída
de
ar
(Dias,
2008)
.......................................................................................................................... 52
Figura 35 – Esquema formulado para a técnica de coagulação ..................... 53
Figura 36 - Sistema tipo “copo de Payne” utilizado para medidas de
permeabilidade ................................................................................................ 62
Figura 37 - Método da gota séssil: medida dos ângulos de (a) avanço e (b)
retrocesso (Sellin, 2002) .................................................................................. 63
Figura 38 – Goniômetro Ramé-Hart utilizado para medição dos ângulos ...... 64
Figura 39 – Filmes de quitosa; (A) filme de quitosana modificado, (B) filme de
quitosa não modificado .................................................................................... 68
Figura 40 – Micrografias eletrônicas de varredura dos filmes de; (A) QTS pura
e (B) QTS/EPC ................................................................................................ 68
Figura 41 – Espectros de IR dos filmes densos de QTS e QTS/EPC ............ 69
Figura 42 – Esquema representativo da ligação covalente entre a EPC e o C6
da QTS ............................................................................................................. 70
Figura 43 - Microscopia de força atômica mostrando a morfologia da superfície
do filme denso de QTS .................................................................................... 71
Figura 44 - Microscopia de força atômica da topografia do filme denso de QTS
com 5µm x 5µm de área ................................................................................. 72
viii
Figura 45 - Microscopia de força atômica mostrando a morfologia da superfície
do filme denso de QTS/EPC ............................................................................ 72
Figura 46 - Microscopia de força atômica da topografia do filme denso de
QTS/EPC com 5µm x 5µm de área ................................................................. 73
Figura 47 – Representação da ligação covalente entre a quitosana e a
epicloridrina ...................................................................................................... 74
Figura 48 - Gráfico massa versus tempo do filme de QTS ............................ 75
Figura 49 - Gráfico massa versus tempo do filme de QTS/EPC .................... 75
Figura 50 – Mostra da gota de água depositada sobre a superfície do filme de
QTS (A); filme QTS/EPC (B) ............................................................................ 78
Figura 51 – Imagens de esferas de QTS/Fe3O4 em solução de hidroxido de
sódio ................................................................................................................ 79
Figura 52 – Imagem das esferas de QTS/Fe3O4 após o processo de
modificação com EPC. .................................................................................... 79
Figura 53 – Micrografia ótica (A), gráfico da distribuição das microesferas de
Quitosana/Fe3O4 (B) ........................................................................................ 80
Figura 54 – Micrografia ótica (A), gráfico da distribuição das microesferas de
Quitosana-Fe3O4 /EPC(B) ................................................................................ 81
Figura 55 – Micrografias eletrônicas das microcápsulas (A) microesferas QTSFe3O4, (B) micrografia da superfície da microesfera QTS/Fe3O4 .................... 83
Figura 56 – (A) microesferas QTS-EPC/Fe3O4, (B) micrografia de superfície da
microesfera QTS-EPC/Fe3O4 ........................................................................................... 84
Figura 57 – Espectro de infravermelho QTS/Fe3O4 (a) e QTS–EPC/Fe3O4 (b)
.......................................................................................................................... 86
Figura 58 – Curvas termogravimétricas do Fe3O4 estabilizado e das
microcápsulas QTS/Fe3O4 e QTS-EPC/Fe3O4 ................................................. 87
ix
Figura 59 – Curvas de DSC das microcápsulas de QTS/Fe3O4 e QTSEPC/Fe3O4 ....................................................................................................... 89
Figura 60 – Distribuição de domínios de tempo de relaxação longitudinal (T 1H)
obtida por inversão-recuperação para a quitosana pura e modificada ............ 90
Figura 61 – Tempos de relaxação transversal (T2H) obtidos por solid-echo para
a quitosana pura e modificada ......................................................................... 91
Figura 62 - Curva de magnetização para a magnetita (a) e magnetita atraída
pelo imã (b) ...................................................................................................... 92
x
ÍNDICE DE TABELA
Tabela 1 – Estabilidade da temperatura dalipaselivre e imobilizada (Bussamara
et. Al., 2009) ..................................................................................................... 15
Tabela 2 - Estabilidade de pH da lipase livre e imobilizada (Bussamara et. Al.,
2009) ................................................................................................................ 16
Tabela 3 - Aplicações industriais das lipases (Silva, 2007) ............................. 20
Tabela 4 – Vantagens e desvantagens do processo químico e enzimático na
produção de biodiesel (Silva, 2007) ................................................................. 21
Tabela 5 – Valores de percentagem de conversão (c,%) em ésteres obtidos
com lipases de diferentes fontes, imobilizadas na blenda PSS/PEO (80:20)
(Dalla – Vecchia, 2004) .................................................................................... 24
Tabela 6 – Imobilização de enzimas em PANCHEMA) eletrofiado em
membrana fibrosa (Huang, et. al, 2007) .......................................................... 45
Tabela 7 – Valores dos parâmetros de rugosidade da superfície do filmes de
QTS e QTS/EPC .............................................................................................. 71
Tabela 8 – Coeficiente de permeabilidade ao vapor de água para filmes de
QTS e QTS/EPC .............................................................................................. 76
Tabela 9 - Medidas de ângulo de contato da quitosana de partida e modificada
.......................................................................................................................... 77
Tabela 10 – Distribuição de tamanho das microesferas ................................. 81
Tabela 11 – Resultados obtidos na titulação ................................................... 95
Tabela 12 - Valores das atividades enzimática das enzimas Amano AK e Flip
BR nos suportes poliméricos de partida e modificado ..................................... 95
xi
ÍNDICE DE SÍMBOLOS
ºC – Graus Celsius
ECH – Eplicloridrina
DTG – Derivada da Curva de perda de massa em função da temperatura
TGA – Análise termogravimétrica
TG –Termogravimetria
QTS –Quitosana
TPF – Tripolifosfato
P=O – Grupo fosfato
MEV – Microscopia Eletrônica de Varredura
RMN -13C – Ressonância Magnética Nuclear do 13C
FTIR – Espectroscopia de Infravermelho com Transformada de Fourier
NaOH- Hidróxido de sódio
-NH2 – Grupo amino
-OH – grupo hidroxila
N2 – Nitrogênio
MS – Espectrometria de Massa
GD – Grau de desacetilação
GA – Grau de acetilação
NCOCH3 – Grupo N- acetil
NH3+ - Grupo amino protonado
Fe3+ - Íons de ferro (III)
Fe2+ - Íons de ferro (II)
NH2 - Amina
NH3 - Amônia
xii
Eat– Energia de ativação
Ecat – Energia do catalisador
Ep – Energia dos produtos
Er – Energia dos reagentes
Hp – Entalpia dos produtos
∆H – Diferença de entalpia
CO2 – Dióxido de carbono (Gás carbônico)
pH – Potencial de hidrogênio
nm - Nanômetro
Fe3O4 - Magnetita
Fe2O3 - Maguenita
HCl – Ácido clorídrico
CaCO3– Carbonato de cálcio
KBr – Brometo de potássio
QTS – Quitosana
QTS/EPC – Quitosana/Epicloridrina
QTS/Fe3O4 – Quitosana – magnetita
QTS-EPC/Fe3O4 – Quitosana/Epicloridrina –magnetita
xiii
RESUMO
A preocupação com a natureza e a sobrevivência do planeta virou meta
de várias estruturas sociais. Devido a essa preocupação surgiu o termo
sustentabilidade, o qual busca meios de adotar atitudes no cotidiano que sejam
menos agressivas ao planeta. Dentre as perspectiva para o desenvolvimento
sustentável e economicamente viável o setor biotecnológico no Brasil tem um
espaço de particular importância na produção de biodiesel, onde são
desenvolvidos estudos de novos suportes com propriedades magnéticas
utilizando diferentes polímeros de origem natural.
O presente trabalho teve como objetivo a utilização de microesferas de
quitosana com propriedades magneticas modificadas com epicloridrina e
posteriormente ativadas com glutaraldeido, com vista na sua utilização na
imobilização das enzimas Amano Lipase AK (Pseudomonas fluorescens) e a
Spring Flip BR (Fusariun oxysporum) a serem incluídas como biocatalizador no
processo de produção de bicombustíveis como parte de uma estratégia de
desenvolvimento sustentável.
As microesferas de quitosana foram preparadas utilizando o método de
coagulação. Foram caracterizadas com o auxilio das técnicas de microscopia
eletrônica de varredura (MEV) e a distribuição de tamanho através de um
microscópico óptico. Apresentaram uma distribuição de tamanho bastante
regular e um ótimo formato esférico. Tais propriedades possibilitam a utilização
dessas microesferas em um reator com leito fluidizado evitando a formação de
caminhos preferenciais.
A modificação das microesferas foram acompanhadas utilizando as
técnicas de caracterização estrutural por espectroscopia de infravermelho com
transformada de Fourier (FTIR), ressonância magnética nuclear de baixo
campo (RMN), termogravimetria (TGA), calirometria diferencial exploratória
(DSC) e ângulo de contato. Os resultados obtidos permitiram identificar o
aparecimento de um novo material com propriedades mais rígidas, a
modificação na mobilidade da cadeia polimérica assim como as mudanças no
grau de hidrofilicidade da superfície.
xiv
Os experimentos de imobilização realizados mostram que os suportes
desenvolvidos possuem um ótimo potencial de imobilização e podem ser
utilizados
como
biocatalisadores
em
processos
de
transesterificação
enzimática em reatores assistidos por campo eletromagnético
Palavras chaves: Quitosana, Epicloridrina, Microesferas, Biocatalisadores,.
xv
ABSTRACT
The concern about the nature and the survivor of our planet became a
goal to several social structures. The term sustainability has emerged due to
this preoccupation, searching for the adoption of new daily attitudes less
aggressive to the planet. Among the prospect to the sustainable and economic
viable development the biotechnological sector in Brazil has an area of
particular importance in the biodiesel production, where studies about new
bracket for biodiesel production with magnetic properties are developed using
different polymers.
This work aimed the immobilization of Amano Lipase AK (Pseudomonas
fluorescens) and Spring Flip BR (Fusariun oxysporum) enzymes, utilizing
microspheres of chitosan with magnetic properties modified with epichlorohydrin
and subsequently activated with glutaraldehyde, for the use as biocatalyst in the
production process of biofuel as a part of a sustainable development strategy.
The microspheres of chitosan were prepared using the coagulation method.
They were characterized by the scanning electron microscopy (SEM) and their
size dispersion by the optic microscopy. They have presented uniform size
dispersion and a great spherical. Such properties have enabled the use of these
microspheres in a fluidized bed reactor avoiding the formation of preferential
pathways.
The microspheres modification was followed using the structural
characterization techniques of Fourier transform infrared spectroscopy (FTIR),
low-field nuclear magnetic resonance (NMR), gravimetric analysis (TGA),
differential scanning calorimetry (DSC) and contact angle. The results allowed
the emergence of a new material with properties stricter, a modification on the
polymeric chain mobility and also changes on the hidrophilicity level of the
surface.
The experiments conducted show that the immobilization supports have
developed a great potential for immobilization and can be used as biocatalysts
in processes of transesterification reactor assisted by electromagnetic field.
Key words: Chitosan, Epichlorohydrin, Microspheres, Biocatalysts,
xvi
1
CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO
A preocupação com a natureza e a sobrevivência do planeta virou meta
de várias estruturas sociais. Devido a essa preocupação surgiu o termo
sustentabilidade, o qual busca meios de adotar atitudes no cotidiano que sejam
menos agressivas ao planeta, apresentando recursos naturais para gerações
futuras.
A sustentabilidade é um ideal sistemático que se perfaz principalmente
pela ação, e pela constante busca entre desenvolvimento econômico e ao
mesmo tempo preservação do ecossistema. Podem-se citar medidas que estão
no centro da questão da sustentabilidade ambiental: a aquisição de medidas
que sejam realistas para os setores das atividades humanas (Abreu, 2010).
Os
pontos
elementares
da
sustentabilidade
visam
à
própria
sobrevivência no planeta, tanto no presente quanto no futuro. Esses princípios
são: utilização de fontes energéticas que sejam renováveis, em detrimento das
não renováveis. Assim sendo, o biodiesel surge como alternativa em relação ao
petróleo e seus derivados.
Recentes pesquisas no Brasil buscam produzir o biodiesel de forma
sustentável e economicamente viável. Um setor que vem apresentando uma
vasta evolução em tais pesquisas é o setor de biotecnologia, onde são
desenvolvidos estudos de novos suportes com propriedades magnéticas
utilizando diferentes polímeros de origem natural, direcionados à utilização em
processos de produção do biodiesel.
A quitosana é um polímero natural derivado da desacetilação da quitina,
que por sua vez é o terceiro polímero natural encontrado em maior quantidade
na natureza. A versatilidade deste polímero permite a preparação de
microcápsulas de diferentes formas e tamanhos, envolvendo diversos produtos
e derivados (Santos 2009).
Uma técnica que está sendo muito discutida entre vários autores é a
modificação química dos polímeros utilizados como suporte. Normalmente
essas modificações são realizadas para criar diferentes propriedades, que
permitam um uso específico, no caso para imobilização de enzimas, e como
matriz para transportadores magnéticos (Edgar et. al., 2001, Santos 2009).
2
O avanço no estudo dos suportes utilizados para a imobilização de
enzimas e células indica a necessidade de desenvolver novos suportes cada
vez mais efetivos centralizando a atenção nas características estruturais e
superficiais do suporte e nas condições de imobilização da enzima, o que está
intimamente ligada aos métodos de imobilização e nas características
estruturais do suporte.
O desenvolvimento de técnicas de imobilização tem sido importante por
proporcionar a reutilização das enzimas, facilitar a separação dos produtos e
aumentar sua estabilidade.
3
1.1 – OBJETIVOS
1.1.1 – OBJETIVO GERAL
O presente trabalho tem como objetivo modificar a quitosana
quimicamente para a formulação e caracterização de suportes com
propriedades magnéticas, com vista em utiliza- lá na imobilização de enzimas a
serem incluídas como biocatalizadores no processo de produção de
bicombustíveis como parte de uma estratégia de desenvolvimento sustentável.
1.1.2 – OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Formulação e caracterização de microcápsulas de quitosana com
propriedades magnéticas e morfologia (casca / núcleo).

Síntese e estabilização de nano magnetita (Fe 3O4), para sua utilização
como núcleo magnético em suportes de enzimas.

Modificação estrutural da quitosana, utilizando soluções de dois
diferentes tipos de reticuladores: glutaraldeido e epicloridrina.

Caracterização estrutural do polímero modificado com auxílio das
técnicas de Espectroscopia de infravermelho (FTIR), Comportamento
térmico (TG e DSC) e Ressonância Magnética Nuclear (RMN- 1H).

Determinação das propriedades do polímero modificado e seu impacto
na atividade da lipase imobilizada.
4
1.2 - JUSTIFICATIVAS
A crescente preocupação de implantar a sustentabilidade em todas as
nações tem levantado discussões sobre novas fontes de energia. Em todo o
mundo já se discute a viabilidade dos combustíveis renováveis, que causariam
um impacto muito menor no aquecimento do planeta (Gonçalves et. al., 2005;
Santos, 2009).
Atualmente, a procura por combustíveis tem aumentado muito. Assim
sendo, o biodiesel surge como fonte alternativa em relação ao petróleo e seus
derivados. Já que sua utilização pode melhorar a segurança energética e
diminuir a poluição do ar, além de ser uma energia renovável (Furigo et. al.,
2009; Santos, 2009).
O biodiesel sendo totalmente compatível com o diesel de petróleo em
praticamente todas as suas propriedades, apresenta algumas vantagens em
comparação com o combustível fóssil:

É biodegradável;

Gera redução nas principais emissões presentes nos gases de exaustão
(com exceção de óxidos de nitrogênio);

Possui um alto ponto de fulgor, o que lhe confere manuseio e
armazenamento mais seguros;

É derivado de matérias- primas renováveis, reduzindo assim a atual
dependência sobre os derivados de petróleo e preservando as suas
últimas reservas;

Apresenta excelente lubricidade, fato que vem ganhando importância
com o avento do petrodiesel de baixo teor de enxofre, cuja lubricidade é
parcialmente perdida durante o processo de produção. A lubricidade
ideal deste combustível pode ser restaurada através da adição de baixos
teores de biodiesel.
Por outro lado o crescente desenvolvimento no setor biotecnológico tem
sido um incentivo adicional à pesquisa científica, principalmente no Brasil, no
sentido de desenvolver suportes com propriedades magnéticas utilizando
diferentes polímeros de origem natural, direcionados à utilização em processos
de produção do biodiesel.
5
Assim o presente trabalho será voltado para a utilização de um polímero
natural, a quitosana, a partir do qual será desenvolvido um suporte catalítico
que poderá ser aplicado em diversos ramos da biotecnologia e particularmente
na imobilização de enzimas para produção de biodiesel.
6
CAPÍTULO 2: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 – BIODIESEL
Pela Agência Nacional de Petróleo (2012) o biodiesel é definido como
um mono alquil éster de ácidos graxos de cadeia longa, sendo um produto
derivado de óleos vegetais ou gorduras animais. O seu conteúdo de energia e
suas propriedade físicas e químicas são semelhantes ao óleo diesel
convencional.
Segundo o Ministério de Minas e Energia (2012) o óleo de soja vem,
desde 2005, sendo o insumo mais importante para a produção de biodiesel,
este alto interesse se dá pela existência de várias espécies de oliginosas
encontradas no Brasil, onde em meio a tanta diversidade se destacam os óleos
extraídos da mamona, dendê, canola, girassol, amendoim e as sementes de
algodão.
Em relação aos óleos extraídos dos sebos bovinos e suínos, estes
ocupam a segunda colocação de interesse para a produção de biodiesel no
país. A Figura 1 apresenta a evolução da utilização das diferentes matérias
primas utilizadas no processo de fabricação de biocombustíveis nos últimos
anos.
Figura 1 – Matérias-primas utilizadas para produção de biodiesel (ANP, 2012).
7
Em 2003, o Brasil dá um grande passo, iniciando seus primeiros estudos
concretos sobre o biodiesel, surgindo a necessidade de criar uma política de
controle para a produção e o uso de biocombustíveis e, em dezembro de 2004,
o governo nacional lança então o Programa Nacional de Produção e Uso do
Biodiesel (PNPB), onde na etapa inicial, o objetivo principal era introduzir na
matriz energética brasileira o biodiesel, com enfoque na economia e no
desenvolvimento social e sustentável (ANP, 2012).
No ano de 2008 entra em vigor uma nova lei, que legalmente autoriza a
mistura de biodiesel ao diesel convencional (fóssil). A está mistura denominouse de diesel BX, onde, X é o percentual de biocombustível adicionado ao diesel
de petróleo, mas com o amadurecimento do mercado brasileiro em relação ao
excessivo consumo de combustíveis, esse percentual teve uma ampliação bem
significativa, e em, 2010, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE)
estabeleceu então, que em todo território nacional era obrigatório a introdução
de 5%(B5) de biodiesel na produção de combustíveis fosseis (ANP, 2012;
MME, 2012).
Com a criação da política do biodiesel e das implementações de novas
leis, hoje em dia, a iniciativa privada tem demonstrado um grande interesse no
desenvolvimento e no crescimento da produção de biocombustíveis, onde são
realizados investimentos em novos laboratórios, em novas pesquisas de
produção, na descoberta de novas matérias primas, isso tudo, levando em
conta, a segurança do meio ambiente, desenvolvendo novas metas de
sustentabilidade, proporcionando uma legalidade na produção do biodiesel.
2.1.1 - PRODUÇÃO DE BIODIESEL POR TRANSESTERIFICAÇÃO
O processo químico conhecido por transesterificação, atualmente, é o
mais utilizado para a produção de biodiesel. O início se dá pela mistura de um
óleo vegetal ou animal com um álcool (etanol ou metanol), onde o sistema é
estimulado por um catalisador (ácido, básico ou enzimático). Nesse processo,
tem como produto final a formação de um éster metílico de ácido graxo
(biodiesel) e a glicerina como um subproduto (utilizado no mercado de sabões).
8
Figura 2 – Esquema resumido da produção de biodiesel (Martins, 2008).
Rodrigues 2009, afirma que, é necessário 3 mol de álcool para cada mol
de triglicerídeo, para que o processo de transesterificação realmente aconteça
e com isso, como produto é produzido 1 mol de glicerol e 3 mol de ésteres de
ácidos graxos (Biodiesel), sendo que, neste caso se utiliza um catalisador
químico, tratando- se de uma base (hidróxido de potássio – KOH ou hidróxido
de sódio – NaOH), com uma concentrção de 1% por peso de óleo (Yazdani&
Gonzalez, 2007; Hanet.al.,2009).
O processo de transesterificação ainda existem várias desvantagens
quando se utiliza um catalisador químico. O descarte desses catalisadores se
torna o maior problema encontrado, pois dependendo da composição química
do catalisador escolhido, o dano da contaminação ao meio ambiente pode ser
muito grave, levando em conta, que em alguns casos, pode ocasionar também
a contaminação de seres humanos (Santos, 2009; Rodrigues, 2009).
Vários estudos vêm sendo colocado em prática, em se tratando da
utilização de catalisadores biológicos, a fim de substituir os catalisadores
químicos, fazendo com que as desvantagens ocasionadas pelo mesmo, sejam
então removidas.
Na figura 3 segue dois esquemas representativos de uma reação de
transesterificação para a produção de biodiesel, sendo que no primeiro
esquema (A), usa- se um catalisador alcalino e no segundo (B), usa- se um
catalizador enzimático.
9
A
B
Figura 3 – Processo de produção de biodiesel por transesterificação; (A)
usando catálise alcalina; (B) usando catálise enzimática (Rodrigues, 2009).
Optando por utilizar um catalisador enzimático no lugar de um alcalino,
conseguimos eliminar algumas etapas de produção do biodiesel. Com essas
eliminações é possível obter um produto com alto grau de pureza, há uma
diminuição no consumo de energia, não ocorre o risco de contaminação dos
afluentes por causa do catalisador, tornando o sistema ecologicamente correto
e o mais importante e que no final do processo, o catalisador e recuperado,
proporcionando sua reutilização (Rodrigues, 2009).
10
2.2 – BIOCATALISADORES
Em muitas reações (ou processos), químicos e biológicos, existem
moléculas que facilitam a interação entre os reagentes – os catalisadores.
Os biocatalisadores são catalisadores, como o próprio nome indica, em
reações químicas nos organismos vivos. São considerados biocatalisadores as
enzimas, os hormônios e as vitaminas.
Segundo Fogler 2012, enzimas são proteínas ou substâncias proteicas
com um elevada massa molecular, sendo responsáveis por catalisar reações
químicas que ocorrem nos sistemas biológicos, sua função é aumentar a
velocidade de atuação, em relação as reações que não são submetidas a um
catalisador, com isso, as enzimas reduz a energia de ativação, promovendo
então, uma rota “alternativa” no curso da reação (Figura 4). Além disso, o papel
da enzima é apenas fazer parte da reação, ou seja, ela só promove a ação da
reação, não sendo, de hipótese alguma consumida pela reação, não afetando o
produto final.
Figura 4 – Representação da atividade de um catalisador numa reação química
Na figura 4 podemos observar que:


Eat– energia de ativação
Ecat – energia do catalisador
11




Ep – energia dos produtos
Er – energia dos reagentes
Hp – entalpia dos produtos
∆H – diferença de entalpia
No esquema a seguir mostra o mecanismo da catálise enzimática
conhecido por “chave-fechadura”, onde a enzima interage com um substrato
formando um intermediário ativo, conhecido também como complexo enzimasubstrato. Após a reação, o complexo formado se desfaz, liberando o produto
formado e dando lugar para novos substratos e assim, formando novamente
novos complexos (SoBiologia, 2013).
Figura 5 – Mecanismo de atuação das enzimas (SoBiologia, 2013)
Uma outra característica muito importante das enzimas é que elas
possuem uma grande especificidade, isto é, atuam somente com um
determinado substrato, em condições brandas: pH em torno de 4 a 9 e
temperatura de 25°C a 70°C, se ultrapassar essa temperatura as enzimas
começam a se deteriorar.
O setor biotecnológico vem tendo um grande interesse em pesquisas
com o desenvolvimento de novos biocatalizadores, utilizando enzimas
imobilizadas em vários suportes, visando o melhoramento da área de superfície
dos biocatalizadores, sua resistência na transferência de massa e a carga
eficaz da enzima.
12
Wang 2006 cita em seu trabalho que a aplicação de enzimas
imobilizadas utilizadas como biocatalizadores, sendo emplementadas a
materias em nanoescala (nanopartículas, nanotubos, nanofibras e matrizes
nanoporosas), proporcionaos limites superiores da catalise, equilíbrando os
principais fatores que determinam a eficiência dos biocatalisadores. Este efeito
foi relatado pela primeira vez, no final de 1980, sendo que o primeiro grupo de
nanomateriais a serem empregados para biocátalise foram nanoparículas feitas
de magnetita, silica e ouro.
Figura 6 - Estruturas básicas de biocatalisadores em nanoescala.(a)com
Nanopartículas de superfície ligados enzimas. (b)realização Nanofibras
enzimas. (c)Matriz nanoporosa com enzimas aprisionadas. (d) nanotubos de
carbono enzimas materiais híbridos (Wang, 2006).
2.2.1 –CATÁLISE ENZIMATICA
Como já sabemos que todas as enzimas são proteínas, mas nem todas
as proteínas são enzimas, a maior parte deste grupo funcionam como
catalisadores de reações químicas, tendo uma ocupação de destaque na
dinâmica e na estruturação dos organismos vivos (Moreira, 2003).
13
Em sua longa cadeia as enzimas possuem blocos de construção que
são denominados de aminoácidos, que por sua vez, são ligados por ligações
peptídicas formando cadeias lineares, caracterizando sua estrutura primaria.
Levando em conta apenas a sua estrutura primária as enzimas seriam
moléculas longas e muito finas, mas muitas delas, apresentam formas
globosas, evidenciando estruturas de ordem superior, denominadas de
estruturas secundárias, terciarias e quaternárias (Moreira, 2003)
A - Folha β- preguiada
B – α hélice
C e D – estruturas terciárias
Figura 7- Representações gráficas das estruturas tridimensionais secundárias
(A e B) e terciarias (C e D) obtidas por Raio – X da lípase de Penicillium
(Moreira, 2003).
14
Antes mesmo dos pesquisadores saberem do alto poder das enzimas
como catalisadores biológicos, povos antigos já conheciam e usavam as
enzimas gradualmente na produção de bebidas, alimentos e até mesmo na
medicina (Trevisan, 1993; Santos, 2009). Mas foi em 1926, que o cientista e
pesquisador James Summer’s, teve a capacidade de cristalizar a uréase por
meio da catálise de hidrólise (Figura 8), onde descobriu que a uréase é
compostas
por
cadeias
de
aminoácidos,
formando
uma
estrutura
tridimensional, estrutura muito semelhante as da proteínas (Dalla – Vecchia et.
al., 2004).
Figura 8 – Esquema da reação de hidrólise da ureia (Almeida et. al., 2008).
Existem alguns fatores que podem influenciar no processo da catálise
enzimática, ocasionando uma diminuição ou até mesmo a inibição total da
atividade. Os fatores que mais podem sofrer variação no processo catalítico é o
pH do meio reacional, a temperatura que o sistema é proporcionado no
momento da reação, a concentração da solução enzimática e em alguns casos
e possível cessar totalmente a atividade, usando inibidores (Salvador et. al.
2009).
Tais fatores mencionados, podem ser corrigidos, controlados ou até
mesmo adaptados, levando em conta o tipo de enzima a ser utilizada, qual a
reação de catalise que esta enzima irá proporcionar e qual substrato e o mais
adequado para o sistema.
Bussamaraet. al., 2009 apresenta em seu trabalho fatores que afetam a
catálise enzimática da enzima Psedozynahubeiensis (strain HB85A) utilizada
como biocatalisador na produção do biodiesel. Focando na variação de pH do
15
meio, da temperatura e do tempo. Tais fatores foram comparados entre a
enzima na sua forma livre e imobilizada.
Na Tabela 1 a estabilidade térmica da lipaselivre e imobilizada foi
testada por incubação durante um intervalo de temperatura de 1 hora e 2
horas. Seus resultados mostrou que a lipase imobilizada apresentou melhor
estabilidade térmica no intervalo de 30°C a 60°C, havendo um ligeiro
decréscimo nos valores da atividade residual em 1h seguido de um aumento da
atividade residual em 2h. Assim, a lipase imobilizada foi mais estável do que a
dissolução da enzima solúvel aumentando o acesso de forma eficaz parao sitio
ativo da enzima imobilizada.
Tabela
1
-
Estabilidade
da
temperatura
dalipaselivre
e
imobilizada
(Bussamaraet. Al., 2009).
Temperatura Tempo
Controle
30 °C
30 °C
40 °C
40 °C
50 °C
50 °C
60 °C
60 °C
70 °C
70 °C
1h
2h
1h
2h
1h
2h
1h
2h
1h
2h
Atividade residual (%)
Lipase livre
Atividade residual (%) Lipase
imobilizada
100
63 ± 0.53
50 ± 8.24
61 ± 10.65
51 ± 2.35
74 ± 7.9
85 ± 0
63 ± 5.09
87 ± 5.23
54 ± 2.44
53 ± 0
100
90 ± 11.5
102 ± 15.1
168 ± 8.7
91 ± 9.0
99 ± 9.1
227 ± 0
61 ± 7.3
143 ± 0
75 ± 10.4
123 ± 3.7
Já na Tabela 2, a estabilidade da lipase livre e imobilizada foi
investigada variando o pH3,0-9,0, na ausência de substrato. Depois de 1ou 2
horas a 50°C a atividade residual foi medida a 68°C e pH 4,6 para a lipase livre
e52°CepH 6,0para alipaseimobilizada. A lipase imobilizada, em toda faixa de
pH foi mais estável em comparação com a enzima livre. Isto pode ser devido à
interação direta entre a lipase e os suportes usados, que permite uma
16
conformação adequada facilitando sua atividade ou durante a imobilização a
enzima poderia estar com o seu sítio ativo totalmente exposto ao meio de
reacional.
Tabela 2 – Estabilidade de pH da lipase livre e imobilizada (Bussamaraet. Al.,
2009).
Temperatura Tempo
Controle
3.0
3.0
4.0
4.0
5.0
5.0
6.0
6.0
7.0
7.0
8.0
8.0
9.0
9.0
1h
2h
1h
2h
1h
2h
1h
2h
1h
2h
1h
2h
1h
2h
Atividade residual (%)
Lipase livre
Atividade residual (%) Lipase
imobilizada
100
189 ± 8.5
155 ± 0
63 ± 7.7
52 ± 9.2
102 ± 7.2
83 ± 2.1
93 ± 3.2
70 ± 11.6
115 ± 0
117 ± 13.7
79 ± 8.8
99 ± 9.2
25 ± 12.3
39 ± 10.9
100
39 ± 2.7
100 ± 6.0
79 ± 2.6
69 ± 13.1
310 ± 8.1
239 ± 10.1
106 ± 8.8
97 ± 10.8
171 ± 3.2
150 ± 0.1
192 ± 7.9
143 ± 5.9
386 ± 7.3
97 ± 7.4
2.2.1.1 – ATUAÇÃO DAS ENZIMAS
Não havendo hoje em dia, uma teoria mais simples, onde a atividade e a
especificidade das enzimas no processo catalítico, seja explicada claramente,
pesquisadores vêm tentando explicar vários fenômenos baseando-se em
resultados obtidos através de experimentos, que combinados com outros
resultados, conferem a essas enzimas, características bem especificas e de
fácil entendimento.
Trevisan 1993, relata em seu trabalho que as ligações (enzima –
substrato), são formadas devido a forças de atração fracas, a mais comum
sendo as pontes de hidrogênio, mas algumas, são capazes de fazer ligações
do tipo covalente. Acredita- se que apenas uma pequena fração da enzima
17
participa do sítio ativo, sendo que o restante dos aminoácidos determina a
estrutura espacial (terciária) adequada para a catálise.
A característica que marca as enzimas, como já foi comentado, é a sua
especificidade, ainda mais se tratando das enzimas que são produzidas pelos
organismos vivos, pois essas, catalisam apenas um tipo de reação no qual
foram predestinadas. Essa especificidade se dá pelas ligações formadas entre
os aminoácidos, caracterizando a cadeia enzimática na configuração do tipo L,
proporcionando assim, uma melhor interação do sitio ativo da enzima com o
substrato. Mas quando um aminoácido, apresenta um carbono α simétrico em
sua cadeia (Figura 9), faz com que, eles não tenham nenhuma interação com
os de formas idênticas (configuração do tipo D) (Moreira, 2003).
Figura 9 – Modelo da ligação especifica de um substrato pró-quiral ao sitio
ativo da enzima (Moreira, 2003).
Moreira 2003 cita em seu trabalho, o destaque que a enzimas hidroliticas
tem sobre as demais enzimas, em relação ao seu uso na bioconverção de
lipídeos em biocombustíveis. Na classe das enzimas hidroliticas, as lipases tem
um destaque maior entre os pesquisadores, pois essas enzimas, são de fácil
obtenção, tem custo baixo, promovem uma catalise mais simples produzindo
um produto mais puro.
18
Figura 10 - Utilização relativa das enzimas em biotransformações (Moreira,
2003)
2.3 – LIPASE
As Lipases (Triacilglicerolacil- hidrolases, EC. 3.1.1.3) são enzimas que
atuam na bioconverção de triglicerídeos em ácidos graxos livres, através do
processo de hidrólise. O peso molecular das enzimas pode variar em torno de
40 a 50 Kda, tendo origens tanto de fungos ou bacterianas (Moreira, 2003;
Bajaj et. al.; Rodrigues, 2009).
Em certos casos, as Lipases são capazes de catalisar outros tipos de
reação, além da convencional (hidrolise). Na síntese em solventes orgânicos,
são
capazes
de
realizar
reações
de
esterificação,
interesterificação,
transesterificação, alcoólise e aminólise (Figura 11), em outros casos, as
lipases podem atuar sobre substratos não naturais (Jaegr e Eggert, 2002;
Moreira, 2003; Rebelo, 2009).
19
Figura 11 – Representação esquemática das reações
catalisadas por lipase (Castro et. al., 2004).
Além de serem usadas na bioconverção de óleos em biocombustíveis,
as lipases estão tendo uma ampla atuação em escala industrial, tendo um
papel muito importante e um alto interesse, destacando-se nas indústrias
alimentícias, cosméticos, biomédicas, pesticidas e entre outras (Tabela 3)
(Breuer et. al. 2004; Rebelo 2009). E a cada nova pesquisa realizada, as
enzimas vão conquistando um outro setor muito importante, o meio acadêmico,
que vem tendo vários artigos publicados.
20
Tabela 3– Aplicações industriais das lipases (Silva, 2007).
Setor
Aplicação
Produto
Hidrólise da gordura do leite
Agente aromatizante para
manufatura de produtos
lácteos
Alimentício
Laticínio
Melhoramento do
sabor/qualidade,
Panificação
prolongamento do tempo de
prateleira.
Melhoramento do aroma e
Bebidas
aceleração da fermentação,
por remoção de lipídios.
Processamentos Melhoramento da qualidade
do derivado do
do ovo por hidrólise dos
ovo
lipídios.
Desenvolvimento de aroma e
Processamento
remoção de excesso de
de carne e peixe
gordura.
Processamento
de óleos
Químico
Química fina
Detergentes
Farmacêutico
Analítico
Cosmético
Curtume
Diversos
Transesterificação de óleos
naturais, hidrólise de óleos.
Síntese de ésteres
Remoção de manchas de
gorduras de alimentos
Digestão de óleos e gorduras
de alimentos
Analise de triglicerídeos no
sangue
Remoção de lipídios
Remoção de gordura das
peles dos animais
Confeitos e bolos
Bebidas alcoólicas, Ex:
saquê, vinho e outras.
Maionese, molhos e
cremes.
Produtos embutidos.
Óleos e gorduras
modificadas (Subst. Da
manteiga de cacau)
Ésteres
Detergentes
Digestivos
Diagnóstico
Cosméticos em geral
Produtos de couro
Limpeza de tubulação,
Decomposição e remoção de
tratamento de efluentes e
substâncias oleosas
outros, em combinação com
outras enzimas.
As enzimas que são estudadas e usadas no processo de catalise na
produção de biodiesel têm a origem microbiana, tendo como destaque no meio
acadêmico a Candida rugosa, Pseudomonasfluorescens, Rhizopusoryzae,
Burkholderiacepacia,
Aspergillusníger,
Rhizomucormiehei (Rodrigues, 2009).
Thermomyceslanuginosus
e
21
As razões que levam a essas enzimas, serem cada vez mais estudadas
e empregadas como biocatalisadores, e que existem fatores que podem
explicar o seu enorme potencial biotecnológico:

São estáveis em solventes orgânicos;

Não necessitam de co- fatores;

Possuem uma grande especificidade de substrato;

Exibem uma alta enantioseletividade;

Atuam em uma faixa de pH relativamente grande.
Apesar de serem ainda pouca utilizadas para a bioconverção, as lipases
vem apresentando uma enorme vantagem em relação aos catalisadores
químicos convencionais (Tabela 4).
Tabela 4 - Vantagens e desvantagens do processo químico e enzimático na
produção de biodiesel. (Silva 2007)
Processos
Vantagens
Desvantagens
Simplicidade
Dificuldade de
separação do
catalisador
Alto rendimento
Impossibilidade de
reutilização do
catalisador
Curto tempo de
reação
Dificuldade de utilização
de etanol hidratado
Obtenção de produtos
com menor grau de
pureza
Facilidade de
separação do
catalisador
(Suporte)
Longo tempo de reação
Químico
Enzimático
22
2.3.1 – MECANISMO DAS LIPASE
O mecanismo de atuação das enzimas e de fácil explicação, pois se
baseia na sua estrutura na sua estrutural tridimensional e principalmente pelo
seu sitio ativo. Esse tipo de mecanismo é conhecido como ativação interfacial,
podendo ser uma grande influência na hora da catalise enzimática.
O sítio ativo de uma enzima desempenha um papel muito importante no
processo catalítico, pois e por meio dele que a enzima consegue ter uma
interação com o substrato. O sitio ativo de uma lipase e formado por um
complexo acil-enzima. (Rodrigues, 2009).
Para haver a interação com o sitio ativo, o substrato enfrenta alguns
obstáculos, tendo como o principal deles uma cadeia polipeptídica hidrofóbica,
que possui uma forma de α hélice, denominada de “tampa” ou “lid”. Quando o
substrato não consegui interagir com o sitio ativo, falamos que a enzima se
encontra na sua forma fechada, pois o lid está recobrindo o sitio ativo,
impedindo seu contato com osubstrato. Mas quando há uma interação
interfacial através do complexo (lipídio/água), o substrato consegue então
interagir com o sitio ativo da enzima, pois essa interação faz com que aconteça
um rearranjo na cadeia da enzima, deslocando o lid, deixando o sitio ativo
exposto ao meio reacional. A esse mecanismo, podemos dizer que a enzima se
encontra na sua forma aberta (Rodrigues, 2009; Carvalho, 2012).
Figura 12 – Conformações estruturais da lípaseCandida rugosa. (a)
Conformação fechada; (b) Conformação aberta (Rodrigues, 2009).
23
Quando a lipase se encontra em um ambiente favorável, havendo uma
enorme disponibilidade da área interfacial, a atividade enzimática terá um
rendimento melhor, provando sua eficácia. Esse aumento de disponibilidade,
se dá quando há formação de gotas de óleo com presença de água, mas se
houver um excesso de agua no meio reacional, as lipases vão preferir fazer a
catalise de hidrolise ao invés de realizar a de transesterificação, neste caso,
tem que haver um equilíbrio de agua no sistema para que isso não aconteça
(Carvalho, 2012).
2.4 – IMOBILIZAÇÃO DE ENZIMAS
O primeiro relato que se conhece na tentativa de se imobilizar uma
enzima, foi em 1953, quando os pesquisadores Grubhofer e Schleith,
imobilizaram
enzimas
em
suportes
de
poliaminopoliestirenodiazotizada
(resina), tendo como objetivo principal, o melhoramento das propriedades das
enzimas (Trevisan, 1993).
A parti daí, os interesses em estudar e pesquisar sobre a imobilização
de enzimas em suportes poliméricos, está tendo um aumento gradativamente,
nos setores industrias e principalmente no setor biotecnológico, que vem
mostrando um interesse na utilização de catalisadores enzimáticos, em
detrimento aos catalisadores químicos.
A definição de imobilização de enzimas, é simplesmente o seu
aprisionamento em uma matriz polimérica, havendo vários suportes e métodos
que possa ser utilizado (Silva, 2007). Assim como todo processo, o método de
se imobilizar enzima também existe suas vantagens e desvantagens.
Essas são as principais vantagens, quando se imobiliza uma enzima

O aumento da estabilidade térmica do biocatalisador;

Aplicação em reatores com maior controle do processo;

Reutilização do biocatalisador, sem perda significativa da sua
atividade catalítica (Mendes, 2009).
24
Essas são as desvantagens, que podem ocorrer na imobilização:

Alteração da conformação nativa da enzima;

Custo do suporte;

Perda de atividade durante o processo de imobilização (Mendes,
2009).
O objetivo principal em imobilizar enzima, nada mais é, que obter um
biocatalisador mais eficaz, onde a atividade da enzima imobilizada seja maior
do que a enzima na sua forma livre, levando em conta o método a ser utilizado,
pois este não poderá afetar de forma alguma a estrutura da enzima, caso ao
contrário, a atividade será afetada parcialmente ou totalmente inibida (DallaVecchia, 2004; Nascimento, 2004).
Na Tabela 5 Dalla–Vecchia mostra seus resultados obtidos a partir da
imobilização de lipases em blenda de PSS/PEO 80:20, para obter laurato de npentila. Os melhores rendimentos foram obtidos com as lipases de
Mucormiehei
e
de
Rhizopusoryzae(Amano
F-AP
15),
80
e
98%,
respectivamente. As demais lipases obtiveramrendimentos inferiores a 50%,
este resultado pode estar relacionado com a atividade diferenciada de cada
lipase ou a interação entre enzima e suporte.
Tabela 5. Valores de percentagem de conversão (c,%) em ésteres obtidos
com lipases de diferentes fontes imobilizadas na blenda PSS/PEO
(80:20)(Dalla – Vecchia, 2004).
Enzimas
Sigla
Conversão (%)*
b
Mucorjavanicus
M
6
b
Candidarugosa
AY
9
Pseudomonasspb
LPS
13
Candidarugosac
LCR
22
c
Pancreatica de porco
LPP
25
Aspergillusnigerb
A
28
TM
Greasex
28
Rhizomucormieheid
LIZ
38
d
Thermomyceslanuginosus
LIL
38
d
Mucormiehei
PAL
80
Rhizopusoryzaeb
F- AP15
98
*obtida por RMN1H, [enzima]: 50 mg/g suporte, tempo de reação:
24 h, solvente: n-hexano; (b) Amano; (c) Sigma e (d) Novozymes.
25
2.4.1 – MÉTODOS DE IMOBILIZAÇÃO
Existem vários métodos para se imobilizar enzima (Figura 13), onde a
escolha depende muito do tipo de enzima que será imobilizada, além disso
existem fatores que podem influenciar na hora de fazer a escolha do método,
por exemplo: o tipo da catalise que a enzima faz, o custo financeiro do suporte,
os tipos de reagentes que são empregados durante o processo e a efetividade
da enzima.
Os métodos mais utilizados são os confinamentos em microcápsulas ou
matizes poliméricas, imobilização por trocas iônicas em um suporte insolúvel
(resinas) e por ligações covalentes em suportes poliméricos naturais (Dalla –
Vecchia, 2004).
Figura 13 – Métodos de imobilização de enzimas (Moreira, 2003).
26
Com o crescente desenvolvimento do setor biotecnológico, vários
estudos estão sendo realizados, afim de promover novas técnicas de
imobilização, com o objetivo de aprimorar os seguintes recursos: as
propriedades da enzima, sua estabilidade em solventes e orgânicos e sua
eficácia no rendimento da atividade, a reutilização do biocatalisador e a
separação do meio reacional (Nascimento et. al. 2004; Santos, 2009).
No fluxograma a seguir, estão representados fatores que devem ser
levado em conta, no processo de imobilização de enzima.
Figura 14 – Fatores primordiais a serem considerados em imobilização de
enzimas (Grigolon, 2001).
Os suportes mais utilizados, são os de origem polimérica, pois esses
proporcionam uma maior estabilidade há enzima, dando assim, uma maior
mobilidade
molecular,
expondo
seu
sitio
ativo
ao
meio
reacional,
proporcionando um alto rendimento na atividade (Grigolon, 2001).
Para ajudar na escolha do suporte, algumas características são
atribuídas para ajudar no processo de imobilização, as mais importantes e a
disponibilidade da área superficial, a morfologia e composição, resistência
mecânica e sua hidrofilicidade (Dalla- Vecchia et. at., 2004).
27
Com tantas característica a serem levadas em conta, tanto para a
escolha do método e para o suporte, não é possível determinar com exatidão
um suporte universal, que valha para todo tipo de enzimas.
2.4.1.1 – LIGAÇÃO COVALENTE
Santos 2009, relata em seu trabalho, que a imobilização por ligação
covalente, geralmente é o método mais comum, sendo utilizado um suporte
insolúvel. A interação enzima/suporte, acontece na superfície do suporte,
formando ligações covalentes com os grupos não ativos da enzima, com os
grupos funcionais do suporte (hidroxila, carbonila ou amino) (Figura 15).
Figura 15 – Imobilização de enzimas sobre suporte (Santos, 2009)
A maioria dos suportes insolúveis, utilizados na imobilização pelo
método da ligação covalente, são polímeros que têm origem natural, sendo
eles: celulose, quitosana, quitina, amino, agar-agar.
Estabilidade do suporte, molhabilidade, capacidade de imobilização, são
fatores importantes para obter uma melhor interação (enzima/suporte) na
realização do processo de imobilização. O exemplo, mais utilizado de suporte
que atende esses fatores, são os formulados pela celulose e seus derivados.
28
2.4.1.2 – LIGAÇÃO COVALENTE CRUZADA
A princípio este método é muito parecido ao anterior, entretanto, a
diferença é que neste caso, há uma necessidade da ativação do suporte antes
da imobilização. Esta ativação e proporcionada por um reagente bifuncional
(epicloridrina, glutaraldeido). A interação acontece com a formação de ligações
cruzadas, no qual parte do grupo funcional do reagente se liga ao suporte e a
outra extremidade, se liga no grupo funcional (amino) da enzima (Comerlato,
1995).
O reagente mais utilizado, neste caso é o glutaraldeido, pois ele é capaz
de proporcionar a enzima um ambiente bem similar, ao encontrado na
natureza, conferindo uma melhor interação enzima/suporte, proporcionando
também uma quantidade maior de enzimas imobilizadas (Santos, 2009).
2.4.1.3 – MICROENCAPSULAMENTO
Neste procedimento, a enzima e aprisionada numa matriz polimérica ou
encapsulada em capsulas poliméricas, ambos suportes sendo insolúveis. No
caso das capsulas poliméricas, as enzima são envolvidas no núcleo do suporte
criando uma superfície porosa, que permite a passagem de pequenas
moléculas, neste caso o substrato, que atravessa essa parede porosa e
consegue chegar ao sitio ativo da enzima (Nascimento et. al., 2004; Santos,
2009).
Figura 16 – Imobilização de um biocatalisador via microencapsulamento
(Santos, 2009).
29
Mesmo havendo o contato da enzima com a parede interior da capsula
polimérica, não acontece interação entre ambos, com isso, a enzima não sofre
nenhum tipo de deformação na sua estrutura, mantendo intacta a sua
atividade. Este procedimento demostra ser muito eficaz, pois, o rendimento da
atividade e bem promissor comparado aos demais métodos utilizado. Uma
outra vantagem, é que o método de microencapsulamento e de fácil separação
do biocatalizador do meio racional, pois a enzima não migra para o produto
formado (Dalla-Vecchia, 2004; Neau, 2002; Santos, 2009).
2.4.1.4 – ADSORÇÃO
O método de adsorção é o mais utilizado na imobilização de enzimas. A
ligação entre suporte e enzima, se dá pela formação de ligações de baixa
intensidade. E na maior parte o suportes possui ainda nanoparticulas
magnéticas.
Para um melhor entendimento, o processo de adsorção pode ser
dividido em dois tipos. O primeiro caso, conhecido como adsorção física, se dá
pela interação de ligações do tipo: Van der Waals, pontes de hidrogênio,
interações hidrofóbicas e ligações iônicas (Dalla-Vecchia, 2004).
Já o segundo caso, é conhecido como adsorção química, onde a
interação enzima /suporte, acontece com a formação de ligações covalentes,
onde a enzima e ligada diretamente ao suporte. Sendo igual ao processo por
ligação covalente, pesquisadores denominaram este método de crosslinking
(Santos, 2009; Rebelo, 2009).
Xu e seus colaboradores (2007) imobilizaram enzima por adsorção
física, com intuito de melhorar a biocompatibilidade da superfície do suporte,
beneficiando a atividade da enzima imobilizada através de um microambiente
especifico para enzimas. Neste trabalho, uma macromolécula natural, a
quitosana, foi presa em uma superfície de poli (acrilonitrila- co- ácido maléico)
(PANCMA) para preparar um suporte de camada dupla para a imobilização de
enzimas.
30
O esquema abaixo representa resumidamente quais são os dois
métodos
utilizados
para
imobilização
de
enzimas
em
nanopartículas
magnéticas (Figura 17).
Figura 17 - Esquema resumido dos dois processos de adsorção (Rebelo,2009)
2.5 – QUITOSANA
A quitosana é um biopolímero natural utilizado em diversas áreas devido
suas propriedades e características especificas. Além disso, seu uso está,
geralmente, relacionado a vantagens ambientais, econômicas e sociais.
2.5.1 – OBTENÇÃO DA QUITOSANA
A quitosana é produzida através do processo de desacetilação da
quitina, um outro polímero natural que ocupa a segunda colocação de ser o
polímero mais abundante na natureza, sendo extraída de exoesqueletos de
31
crustáceos (camarões, lagostas e outros) (Prado, 2008). Com a presença dos
grupos –NH2 (amina) e –OH (hidroxila) na cadeia polimérica da quitosana,
favorece um poder enorme para a aplicação em diversas áreas (Santos, 2009).
Para obter a quitosana, é necessário submergir as carapaças dos
crustáceos em uma solução ácida (HCl – 5%), onde acontecerá a reação de
desmiralização, que é a remoção do carbonato de cálcio (CaCO3). Após um
determinado período, o material então é lavado por uma solução básica
(NaOH), para a desproteinação e em seguida o material e posto para secagem.
Depois da secagem a quitina está pronta para o processo de
desacetilação, onde este material e adicionado em uma solução de 50% m/m
de uma solução de hidróxido de sódio, afim de eliminar os grupos acetoamidos
da quitina para surgir os grupos hidroxilas da quitosana. Depois do período de
reação, o material então é lavado com água destilada e posto para secar.
2.5.2 – ESTRUTURA E ASPECTOS FÍSICOS E QUÍMICOS DA
QUITOSANA
Segundo Martins 2008, a quitosana e a quitina, têm sua estrutura
semelhantes às da celulose. A diferente entre elas, estão nos seus grupos
funcionais, sendo que:

Para a estrutura da celulose o grupo funcional –OH;

A quitina possui como grupo funcional o acetoamido (–NHCOCH3) no
lugar do grupo –OH da celulose;

Já na quitosana, o seu grupo funcional é uma amina (–NH2), que surge
após o processo de desacetilação da quitina.
Essas características podem ser observadas na figura 18. Onde estão
representadas as estruturas da celulose, quitina e quitosana.
32
Figura 18 – Estrutura da celulose, quitina e quitosana(Martins, 2008).
No processo de desacetilação, o esquema da reação se dá pela quebra
do grupo acetoamido, que é removido da quitina, que por sua vez é substituído
por um grupo amino (NH2), isso tudo e proporcionado por um ambiente básico,
normalmente uma base forte (NaOH) (Figura 19). Com tudo, a desacetilação
pode vim a ser parcial, tendo ainda monômeros acetilados presente na
estrutura da quitosana, provando que o polímero não é encontrado 100% puro.
São essas unidades acetiladas, que podemos determinar o grau de
desacetilação (GD), tal propriedade e determinante na hora de solubilizar o
polímero em forma de solução.
33
Figura 19 – Esquema da desacetilação da quitina
Em questão a sua solubilidade, quando a quitosana tem seus grupos
aminos protonados, ela se torna um polímero solúvel e meio ácido, o mais
utilizado neste caso é o ácido acético, que proporciona uma boa qualidade da
solubilização, obtendo uma solução bem homogênea. Já em meio aquoso a
quitosana se torna totalmente insolúvel (Santos, 2009).
Assim sendo, podemos afirmar que o grau de solubilidade da quitosana
depende muito da quantidade dos grupos N – acetil e dos grupos amino
presentes ao longo da sua cadeia polimérica.
Essas e outras características, torna a quitosana o polímero natural mais
procurado e utilizado no processo de imobilização de enzimas como suporte,
em relação aos demais polissacarídeos naturais, além disso, a quitosana tem
um comportamento de um polímero básico, que lhe confere uma grande
vantagem na hora da atividade (Prado, 2008).
34
Mas não é apenas no setor biotecnológico e acadêmico que a quitosana
tem despertado um grande interesse em outros setores. Este polímero vem
mostrando ser um material com uma ampla aplicabilidade, tendo seus
interesses voltados no tratamento de água, na medicina (liberação controlada
de fármacos, cicatrização de ferimentos e até em suplementos alimentar), na
elaboração de filmes para o revestimento de alimentos. Seu maior interesse
comercial é na ação ante- obesidade, que atuam no organismo humo sobre
complexos combatendo lipídeos presente no trato intestinal ou no retardamento
da ação de lipídeos digestivos (Santos, 2009).
2.5.3 – MODIFICAÇÕES QUÍMICAS NA ESTRUTURA DA QUITOSANA
O interesse de se usar a quitosana como suporte, é que conseguimos
adapta- lá em qualquer tipo de imobilização, realizando algumas modificações
química na sua estrutura. Com essas modificações, e possível proporcionar
uma maior estabilidade para a enzima. Como já foi dito a quitosana e de fácil
obtenção, deixando o custo do suporte mais baixo, pois sua obtenção e
proveniente de fontes renováveis. Por se tratar de um polímero natural sua
toxicidade e muito baixa (Guibal, 2005; Martins, 2008).
As principais modificações ocorridas na estrutura da quitosana, estão
relacionadas com os grupos amina (NH2) e hidroxila (OH), caracterizando
assim uma ampla variedade de modificações (Figura 20).
Essas modificações dão ao polímero uma característica especifica para
cada produto obtido. Pesquisas atuais, relacionadas as modificações químicas
da quitosana, apontam que seus sais, estão apresentando um forte
desempenho na imobilização de enzimas, devido a quaternização dos átomos
de nitrogênio do grupo amino (Martins, 2008).
35
Figura 20 – Derivados de quitosana e quitina (Martins, 2008).
2.5.4 – MÉTODOS DE MODIFICAÇÃO QUÍMICA NA ESTRUTURA DA
QUITOSANA
Apesar de existir vários métodos para modificar quimicamente a
estrutura da quitosana, todas essa modificações, têm como objetivo
proporcionar o melhoramento da resistência mecânica do suporte, sua
hidrofilicidade e a biocompatibilidade.
36
A
modificação
mais
usada
está
relacionada
na
mudança
da
hidrofilicidade do suporte, tendo tanto o grupo amino ou o grupo hidroxila como
opção de escolha. O intuito de modificar sua hidrofilicidade, e obter um
polímero com baixa absorção de água. Essa modificação é ocasionada usando
agentes bifuncionais, que podem ser adicionados diretamente na solução de
quitosana (homogêneo), ou adicionado após a formulação do suporte (matrizes
ou esferas) (heterogêneo). Os agente bifuncionais mais conhecidos são a
epicloridrina, glutaraldeido, glioxal e formaldeído, mas para a modificação do
suporte que é utilizado na catalise enzimática os agentes mais indicados são a
epicloridrina e o glutaraldeido, pois ambos estabelecem um rendimento maior
no processo de imobilização (Martins, 2008; Santos, 2009).
Laus et. al.(2006) utilizou microesferas de quitosana reticuladas com
tripolifosfato para remoção da acidez, de Ferro (III) e manganês (II) em água
contaminada na mineração de carvão. Para caracterizar a QTS- TPF foram
utilizadas tecnicas de FTIR e TGA.
Com a análise de FTIR (Figura 21), foi demonstrado que no espectro (b)
a uma interação do reagente tripolifosfato com os grupos amino protonados
(NH3+) da quitosana, portanto, uma interação iônica pode ser evidenciada na
região próxima a 1552 cm-1. As bandas em 1228 e 889 cm-1 estão relacionadas
às vibrações de estiramento do grupo P=O do grupo fosfato e em 527 cm -1
aparecem às vibrações de deformação.
Figura 21 - Espectro do infravermelho da QTS (a) e QTS-TPF (b) em pastilha
de KBr (Laus, 2006).
37
As análises de TGA, realizadas com a QTS e a QTS-TPF, revelaram a
perda de água e de massa (Figura 22). Nos termogramas, verifica-se que a
temperatura de decomposição da QTS (a) foi de 325ºC, correspondendo a uma
perda de massa de 65,0%, enquanto o TGA da QTS - TPF (b) apresentou dois
picos: o primeiro em 70,6ºC, com uma perda de massa de 15,6%, em virtude
da desidratação e o segundo pico em 247ºC, correspondente à decomposição
do QTS-TPF com 37,30% de perda de massa.
Figura 22 - Termogramas de TGA da QTS (a) e QTS-TPF (b), sob atmosfera
de nitrogênio (Laus, 2006).
Ao comparar as temperaturas de decomposição da QTS e da QTS-TPF
constata-se uma diminuição da estabilidade térmica da QTS-TPF, atribuída à
redução da cristalinidade da quitosana e introdução dos grupos fosfatos,
confirmando a obtenção de um novo material.
2.5.4.1 – MODIFICAÇÃO COM GLUTARALDEÍDO
Com propriedades bifuncionais, o glutaraldeido (1,5 pentanedial), possui
uma fórmula molecular C5H8O2 (Figura 23). O mecanismo de atuação sobre o
polímero, acontece com a ativação dos grupos amino da quitosana, onde são
formados ligações covalente. Este tipo de modificação é conhecida como
38
reticulação, sendo uma reação irreversível e faz também que a estabilidade
térmica do polímero aumente.
Figura 23 – Estrutura do glutaraldeído(Sigma – Aldrich, 2012).
Apesar de ser uma modificação de fácil realização, seu mecanismo
ainda e muito peculiar, onde estudos realizados, propõe hipóteses para explicar
o que realmente acontece com a ligação do grupo funcional do reagente com o
grupo funcional do polímero (Torres, 2006).
Para explicar este mecanismo, três hipóteses são propostas e citadas
em vários trabalhos:

Formação de uma Base de Schiff, sendo formada com a ligação entre o
grupo aldeído do reagente com o grupo amino do polímero, sendo que o
segundo grupo funcional do reagente permaneça livre (ligação
superficial);

A segunda hipótese se baseia também na formação da Base de Schiff,
mas neste caso seria formado pela ligação de dois grupos funcionais do
reagente
com
2
moléculas
de
amino
da
quitosana
(ligação
entrecruzadas) (Figura 24);

A Terceira hipótese, é que a modificação seria ocasionada pela
polimerização, onde uma molécula do reagente reage com o grupo
amino do polímero.
39
Figura 24 – Estrutura química de quitosana reticulada com
glutaraldeído(Mendes, 2009).
Carvalho, 2012 usa a técnica de infravermelho para analisar a
modificação de partículas de quitosana-magnetita com glutaraldeído, com
objetivo de examinar a característica das estruturas químicas dos três tipos de
esferas ativadas com três concentrações diferentes: 2,5%, 5% e 8%, e com
três diferentes tempos: 3, 5 e 6 horas. Para determinar a concentração
adequada de glutaraldeído a ser utilizada na imobilização de enzimas.
Nas figuras 25, 26 e 27 pode se observa que a relação de intensidade
entre o sinal da ligação C=N e NH2, teve um aumento a medida que a
concentração de glutaraldeído aumenta e o tempo, este fato pode ser atribuído
ao aumento das contribuições da molécula de GA na reação QUI-GA que
promove o aumento na reticulação da cadeia.
Já na figura 28, os espectros referente a utilização de uma solução de
8% de glutaraldeido (GA), foram plotados juntos, afim de se determinar o
melhor tempo para a modificação. Pode -se observar que o sinal da banda
C=N (1650 – 1750cm-1), teve uma melhor definição num tempo de 6 horas.
40
Figura 25 - Espectros de infravermelho (FTIR) das partículas de quitosana,
com concentração de GA (a) 2,5%; (b) 5%; (c) 8% com o tempo de 3 horas
(Carvalho, 2012).
Figura 26 - Espectros de infravermelho das partículas de quitosana, com
concentração de GA (a) 2,5%; (b) 5%; (c) 8% com o tempo de 5 horas
(Carvalho, 2012).
41
Figura 27 - Espectros de infravermelho das partículas de quitosana,
com concentração de GA (a) 2,5%; (b) 5%; (c) 8% com o tempo de 6
horas (Carvalho, 2012)
Figura 28 - Espectros de infravermelho das partículas dequitosana, com os
melhores resultados da concentração de 8% GA com tempos 3, 5 e 6 horas
(Carvalho,2012).
42
Júnior, 2007 estudou a imobilização da lipase comercial (Lipozyne
CALB L) em esferas de quitosana funcionalizadas com várias concentrações
de glutaraldeído e avaliou a melhor concentração para posterior imobilização.
Conclui que a concentração de 3% (v/v) foi a que proporcionou a enzima maior
estabilidade e conferiu a mesma maior atividade residual.
Com micrografias eletrônica de varredura (MEV), pode perceber que
houve uma aparente diminuição da porosidade na superfície do polímero. E
observa-se também que a superfície das esferas de quitosana modificadas
com 3% de glutaraldeido, houve um maior acumulo de enzimas imobilizadas.
Figura 29 - (a) Detalhe da superfície das esferas de quitosana com 3%
glutaraldeído obtido através de MEV 100 Kv 5.0 20 X (b) Superfície das esferas
de quitosana imobilizadas com lipase CALB L (c) Esferas de quitosana
imobilizadas com CALB L com glutaraldeído 3% v/v (Júnior, 2007).
43
2.5.4.2 – MODIFICAÇÃO COM EPICLORIDRINA
Outro reagente com propriedades bifuncionais é a epicloridrina (EPC). É
um composto formado por organoclorado e um epóxido (Figura 30). E um
reagente incolor, tendo um odor semelhante ao alho, possui uma formula
molecular C3H5ClO e um peso molecular de 92,53gmol-1, tendo parcialmente
solúvel em água.
Por ser um composto muito reativo, a epicloridrina e utilizada em escala
industrial apenas, na produção de glicerol, plásticos, adesivos e resinas epóxi.
Figura 30 - Estrutura da epicloridrina (Sigma – Aldrich, 2012).
Seu mecanismo de atuação, se assemelha ao do glutaraldeido, mas
neste caso, o grupo alvo da modificação são os grupos hidroxilas da quitosana.
A reação acontece quando a quebra do anel epoxidico da epicloridrina, que
resulta na saída do átomo de cloro, que em seguida, suas extremidades se
ligam aos grupos hidroxila presente na cadeia polimérica da quitosana (Figura
31) (McMurry, 2008; Laus, 2011).
Essas reações podem ocorrer tanto com a apenas um grupo hidroxila da
quitosana, deixando o grupo epoxidico da epicloridrina livre, ou ainda, pode
acontecer entre duas moléculas do grupo hidroxila, com as duas extremidades
do reagente (quebra do anel epoxidico). Neste caso, há uma formação de
ligações entrecruzadas entre as cadeias da quitosana, formando assim, uma
rede tridimensional, tornando o polímero mais rígido e insolúveis em meio
ácido.
44
Figura 31 - Estrutura química de quitosana modificada com epicloridrina (Laus,
2011).
A modificação química da quitosana, utilizando a epicloridrina é um
processo heterogêneo, acontece somente quando o polímero se encontra na
forma de membranas ou esferas, isso porque, a epicloridrina não e solúvel em
soluções acidas, pois para acontecer a ligação, entre seus grupos funcionais, a
epicloridrina tem que ser submetida a um ambiente básico.
Huang e seus colaboradores (2007), utilizam o poli(acrilonitrilo-co- 2
metacrilato de hidroxietilo) (PANCHEMA) eletrofiado em membrana fibrosa
como suporte para imobilização de enzimas, onde os grupos hidroxilos da
membrana fibrosa foram ativados com epicloridrina, cloreto de cianúrico e pbenzoquinona. Constataram que a retenção da atividade para a lipase
(Candida rugosa) imobilizada variou entre 32,5% a 40,6%, havendo uma
melhora na sua estabilidade. Entre os processos de ativação do suporte, o que
apresentou o melhor resultado foi o processo que usou a epicloridrina como
ativador.
As atividades das lipases imobilizadas nas membranas fibrosas
PANCHEMA através de diferentes métodos de ativação são comparados na
Tabela 6. Constatou que a carga de enzima total era quase igual para a lipase
45
imobilizada preparado pelos três métodos, enquanto que a retenção da
atividade da lipase imobilizada preparada pelo métodoI (40,6%) era
ligeiramente maior do que a preparada pelo métodoII (36,4%) e pelo método III
(32,5%). Em comparação como cloreto cianúrico e p-benzoquinona, a
epicloridrina pode ligar covalentemente com os grupos amino disponíveis,
hidroxilo ou sulfidrilo da enzima. A ligação aleatória com estes grupos da
enzima pode reduzir a possibilidade da ligação covalente direta entre o centro
ativo da enzima e a superfície do suporte. Além disso, ele pode formar um
braço espaçador flexível entre a enzima e o suporte em comparação como
cloreto cianúrico e p-benzoquinona.
Tabela 6 – Imobilização de enzimas em PANCHEMA) eletrofiado em membrana
fibrosa (Huang, et. al, 2007)
Diâmetro da
fibra (nm)
Carga de
enzima
(mg/g)
Atividade
especifica
(U/mg)a
Retenção de
atividade (%)
Epicloridrina
80 - 150
16,2 ± 1,1
17
40,6 ± 0,6
Cloreto de
cianúrico
80 - 150
16,5 ± 1,3
15,3
36,4 ± 0,4
pBenzoquinona
80 - 150
15,5 ± 1,2
12,1
32,5 ± 0,8
Método de
ativação
aAtividade
específica paraa lipaselivreé de 42 U/mg
Oliveira (2006) estudou a peroxidase obtida do extrato de jiló imobilizada
em quitosana previamente reticulada por três procedimentos: (I) reticulação dos
grupos amino da quitosana com glutaraldeído; (II) grupos amino da quitosana
reticulados com glutaraldeído e hidroxila ativado com carbodiimida; (III) grupos
amino reticulados com glutaraldeído e hidroxila com epicloridrina. A quitosana
reticulada pelos três procedimentos apresentou boa eficiência como suporte
para imobilização da peroxidase obtida do vegetal jiló.
A Figura 32 mostra os voltamogramas cíclicos obtidos com os
biossensores contendo extrato de jiló como fonte da enzima peroxidase,
46
imobilizada na matriz de quitosana, usando os três procedimentos: (I) grupos
amino reticulados com glutaraldeído; (II) grupos amino reticulados com
glutaraldeído e grupos hidroxila ativados com carbodiimida; (III) grupos amino
reticulados com glutaraldeído e grupos hidroxila reticulados com epicloridrina
em solução de hidroquinona 3,0x10-4 mol L-1 e peróxido de hidrogênio 2,0x10-3
mol L-1, em tampão fosfato 0,1 mol L-1, pH 7,0. Neste trabalho, as medidas de
voltametria cíclica foram realizadas em uma faixa de potencial de + 0,45 a –
0,45 V vseletrodo de Ag/AgCl (KCl 3,0 mol L-1) para uma velocidade de
varredura de 100 mV s-1.
Figura 32 – Voltamogramas ciclicos obtidos usando os biosensores propostos
emsolução tampão fosfato 0,1 mol L-1 (pH 7,0) e velocidade de varredura100
mv s-1. Voltamogramas (BI, BII e BIII) obtidos em H2O2 2,0x10-3mol L-1 e (I, II e
III) em solução de hidroquinona 1,0x10-4 mol L-1 e H2O22,0x10-3 mol L-1.
Velocidade de varredura de 100 mV s-1. (Oliveira, 2006).
No biossensor (I) a enzima peroxidase foi imobilizada na quitosana
reticulada com glutaraldeído, sendo que o menor sinal de corrente de pico
catódico, Ipc foi observado nesse eletrodo. O melhor procedimento para a
imobilização da peroxidase foi obtido usando a quitosana reticulada com
glutaraldeído e epicloridrina, como mostra a Figura 32, voltamograma (III), que
apresentou maior corrente de pico catódico. O melhor desempenho do
biossensor (III) pode ser devido à formação mais efetiva da rede tridimensional
47
polimérica, tornando o suporte com maior porosidade, onde a enzima pode
estar confinada (aprisionada, ocluída) entre os espaços das ligações
covalentes formadas, e/ou ligada a um dos grupos aldeídos do glutaraldeído.
48
CAPÍTULO 3: MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 – MATERIAIS

Quitosana fornecida por Sigma-Aldrich, Brasil, com grau de
desacetilação em torno de 80 % e massa molar média igual a 161 g/mol.

Cloreto Férrico III (ICO) Hexahidratado fornecido pela Vetec Química
Fina Ltda.; Grau de Pureza: P.A.;

Sulfato Ferroso II (OSO) Heptahidratado fornecido pela Vetec Química
Fina Ltda.; Grau de Pureza: P.A.;

Tetracloroetano fornecido pela Tedia Company; Usado como recebido.

Ácido Acético e Ácido Clorídrico fornecidos pela Vetec Química Fina
Ltda.; Grau de Pureza: P.A.; Usado como recebido.

Ácido Oléico fornecido pela Synth; Grau de Pureza: P.A.; Usado como
recebido.

Hidróxido de Sódio (NaOH) fornecida pela VETEC, Grau de Pureza: P.A.
Diluído em solução 1 M.

Hidróxido de Amônia fornecido pela Vetec Química Fina; Grau de
Pureza: P.A Concentração: 30% NH3; Usado como recebido.

Álcool Etílico fornecido pela Cromoline Química Fina: Grau de Pureza:
P.A. Usado como recebido.

Tween 80 fornecido pela Vetec Química Fina Ltda.; Usado como
recebido.

Amano Lipase AK, from Pseudomonas fluorescens, fornecido pela
Sigma-Aldrich.

Spring Flip BR lípase purificada de Fusarium oxysporum, fornecida pela
Granotec.

Glutaraldeído 50% solução, fornecido pela Vetec, P.A.

Epicloridrina com grau de pureza ≥ 99%, fornecido pela Sigma Aldrich –
Brasil.
49
3.2 – PREPARAÇÃO DA SOLUÇÃO DE QUITOSANA
O polímero usado como suporte foi a quitosana da Sigma-Aldrich,
Brasil, com grau de desacetilação em torno de 80 % e massa molar média
igual a 161 g/mol.
O procedimento do preparo da solução de quitosana foi feita com 2 g
de quitosana em pó solubilizada em uma solução de Ácido Acético (5%) sob
agitação branda. Logo após a sua solubilização a solução de quitosana foi
filtrada e armazenada.
3.3 – SÍNTESE DA NANOMAGNETITA (Fe3O4)
A síntese foi realizada pela co-precipitação de sais de ferro II e ferro III
em meio básico.
O procedimento foi realizado em um reator IKA-250 localizado no setor
de polímeros LAMAV/CCT/UENF. O reator foi submetido a uma atmosfera de
nitrogênio durante o período de 5 minutos (A) a uma temperatura de 82°C (B).
Logo após este tempo foi adicionado os sais de ferro (FeCl3.7H2O 0,5M e
FeSO4.6H2O 0,75M) na respectiva ordem juntamente com 220 mL de água
deionizada (C) na relação molar 2:1, com agitação de 130rpm (D) e aguardar
15 min.
Logo o tempo decorrido, o nitrogênio é sessado para adição de hidróxido
de amônia (8 mol/L) numa relação molar de 1:8 por 10min. A solução
instantaneamente apresentara uma cor escura, com formação de precipitado.
Após o tempo esperado religue o nitrogênio e aumente a temperatura para
90°C e aguarde cerca de 20mim.
Ao término, a temperatura foi retomada para 82°C, para adicionar uma
solução aquosa de ácido clorídrico (4%) até a correção do pH (pH≈8), em
seguida, com o pH corrigido, foi adicionado 1,9mL de surfactante (Tween)
aguardando mais 5mim. Por último, adicionar ao sistema, 83mL de ácido oleico
lentamente por 20min (E) (Figura 33).
50
O precipitado foi separado através de decantação magnética e em
seguida lavado com etanol 3 vezes. As magnetitas obtidas foram armazenadas
em álcool etílico e posteriormente colocadas na geladeira.
Figura 33 – Reator IKA-250 localizado no setor de polímeros LAMAV
3.3.1 – CARACTERIZAÇÃO DAS NANOMAGNÉTITAS (Fe3O4)
As micrografias de varredura foram realizadas num microscópio
eletrônico de varredura (MEV) Shimadzu, modelo SSX-550, disponível no
LAMAV/CCT/UENF, sendo as imagens geradas a partir de elétrons
secundários e elétrons retro espalhados.
As nanomagnétitas foram depositadas num porta-amostra com fita dupla
face adesiva de grafite e recobertas com ouro formando um filme de 20 nm
para não sofrerem descargas durante a análise.
Esta análise na morfologia externa das nanomagnétita sintetizada foi
realizada com finalidade de se observar a agregação das mesmas e tamanho
das partículas.
51
3.4 – FORMULAÇÃO DAS MICROESFERAS DE QUITOSANA COM NÚCLEO
MAGNÉTICO
O método adotado para a formulação das microesferas é conhecido
como coagulação. Onde uma solução acida de quitosana e gotejada em uma
solução básica bastante forte, normalmente tendo o hidróxido de sódio, a base
mais utilizada. Ao entrar em contado com a solução coagulante (NaOH), a gota
da solução de quitosana começa a se solidificar em forma de esferas.
A uniformidade e a geometria regular, são obtidas a partir do controle de
alguns ajustes, tais como: a altura da queda da gota, em relação a superfície
do coagulante, a velocidade do fluxo e da agitação mecânica e saída do gás
inerte.
Em muitos casos quando a solução de quitosana, aprsentar uma
densidade menor do que a solução coagulante, ao entrar em contato com a
mesma, a geometria da gota ira sofre deformações, apresentando então uma
geometria oval e não esférica (Dias et.al. 2008).
O gotejador foi construído a partir de adaptações de um esquema
apresentado por Rorrer et. al.; 1993, Dias et. al.; 2008. Neste caso foram
confeccionados dois tubos de vidros, sendo um posto dentro do outro, e
introduzido uma agulha hipodérmica comercial.
Na figura 34, mostra exatamente como os tubos de vidros são
posicionados e suas respectivas medidas para a sua confecção.
O primeiro passo, então e confeccionar um tubo de vidro externo, tendo
uma saída lateral, para ser a entrada do ar comprimido. O segundo passo e na
obtenção do segundo tubo de vidro interno, que será colocado no interior do
tubo maior, este tudo deve ter no mínimo 180mm de comprimento, onde sua
ponta deverá ser esmerilada, proporcionando uma maior fixação da agulha.
Para uma melhor eficiência o tudo interno deve permanecer centralizado
em relação ao tudo externo, pra isso foi necessário, a colocação de uma tampa
rosqueavel. Além disso, a posição da agulha poderá ultrapassar apenas 3mm
da boca do vidro externo.
52
Figura 34 - Esquema do gotejador. (A) Adaptador de polietileno; (B) tubo de
vidro interno, (C) tubo de vidro externo, (D) agulha hipodérmica. 1- Entrada da
solução; 2-entrada de ar; 3- saída de ar (Dias, 2008).
A solução de quitosana, é levada até a agulha com o auxílio de uma
bomba peristáltica, mantendo sempre um controle bem estável em relação a
sua velocidade. Um outro controle sensível, e a saída do ar comprimido (N 2),
sendo fornecido por um cilindro, que é ligado a um rotâmetro, para garantir um
melhor controle.
O primeiro passo para a formulação dessas microcápsulas foi pegar a
solução de quitosana dissolvida em solução de ácido acético (5%m/v)
posteriormente filtrada, e logo após dispersar a magnetita nessa solução (A). A
solução assim obtida foi gotejada através de uma agulha (B) sobre uma
solução de hidróxido de sódio (NaOH – 3mol) (D) com o auxílio de uma bomba
peristáltica (C) sob atmosfera de um gás inerte, neste caso o nitrogênio (N 2)
(Figura 35).
53
Figura 35 – Esquema formulado para a técnica de coagulação
3.5 - MODIFICAÇÃO QUÍMICA DAS MICROESFERAS COM NÚCLEO
MAGNÉTICO
A
quitosana
foi
modificada
com
epicloridrina
(1-cloro-2,3-
epoxipropano) tendo como o intuito de modificar quimicamente a estrutura
da quitosana, com o propósito de aumentar a resistência das microcápsulas
e ampliar a capacidade do suporte na imobilização de enzima.
O
mecanismo de modificação, nesse caso, envolve o bloqueio preferencial
dos grupos hidroxila presente na cadeia polimérica da quitosana, permitindo
que os grupos amino permaneçam livres (Hudson et al., 1992).
O método utilizado para realizar essa modificação consiste no
preparo da seguinte solução: dissolver 0,4 mL de epicloridrina em 417 mL
de NaOH (solução de NaOH a 0,067M). Logo após foi adicionado a essa
solução 25g de microcápsulas úmidas. Essa solução foi colocada em banho
maria com uma temperatura a 40°C por 2 horas e sob agitação branda.
54
Ao término desse tempo as microcápsulas foram separadas e
lavadas 3 vezes com água destilada e posteriormente secas em dissecador.
3.6 - ATIVAÇÃO DAS MICROCÁPSULAS COM GLUTARALDEIDO
Já o mecanismo de ativação com glutaraldeido irá reagir com os grupos
NH2 da quitosana formando uma rede polimérica, na qual a enzima lípase será
imobilizada.
Os suportes foram embebidos em solução de glutaraldeído 8% (v/v) e
em solução tampão fosfato de sódio 0,1M em pH 7, sendo mantido sob
agitação por 6 horas com temperatura de 30°C, com velocidade de 160rpm.
Após esse período, lavou-se o suporte 3 vezes com solução tampão fosfato
pH7 e água destilada e, o qual foi, depois, levado à estufa (50°C) por 18horas.
3.7
–
CARACTERIZAÇÃO
DAS
MICROESFERAS
DE
PARTIDA
E
MODIFICADA
As microesferas com núcleo magnético de partida e as modificas foram
caracterizadas com o auxílio das técnicas de Espectroscopia de Infravermelho
com Transformada de Fourier (FTIR), Ressonância Magnética Nuclear (RMN),
Análise Termogravimétrica (TGA) e Calorimetria Diferencial de Varredura
(DSC).
3.7.1
–
ESPECTROSCOPIA
DE
INFRAVERMELHO
COM
TRASFORMADA DE FOURIER (FTIR)
A absorção de radiação pelas moléculas de uma substância causa
transições nos estados rotacionais e vibracionais dos átomos ou grupos
atômicos. Essas vibrações fornecem informações a respeito das ligações
químicas dos constituintes atômicos, isto porque cada ligação absorve um
comprimento de onda específico para alterar seus estados roto-vibracionais.
55
Através desta radiação absorvida é possível identificar as ligações presentes,
grupos químicos entre outras características estruturais particulares do
polímero (Carvalho, 2008).
A análise de FTIR foi realizada com o objetivo de examinar a
característica tanto das estruturas química do filmes e para as duas
formulações de microesferas (QTS/Fe3O4, QTS-EPC/Fe3O4), para acompanhar
a presença dos agrupamentos alvo das modificações.
Os espectros na região de infravermelho foram analisados na região de
4000 a 400 cm-1, com 50 varreduras em um equipamento de infravermelho com
transformada de Fourier que se encontra no prédio dos Laboratórios de
Materiais Avançados no setor de polímeros (LAMAV/SEPOL). Os espectros de
FTIR foram obtidos usando pastilhas de brometo de potássio (KBr) para as
microesferas.
Para formular as pastilhas, microesferas de quitosana com núcleo
magnético e o KBr foram macerados em um almofariz e logo em seguida está
mistura foi passada por uma peneira. Posteriormente foi feita a pastilha que foi
prensada
em
uma
prensa
hidráulica
para
posterior
análise
no
espectroscopia
de
espectrofotômetro.
A
caracterização
das
microcápsulas
por
infravermelho, como já dito, é uma técnica amplamente difundida e citada por
vários autores (Pescara, 2008).
3.7.2 – RESSONÂNCIA MAGNÉTICA NUCLEAR (RMN)
A espectroscopia de ressonância magnética nuclear é uma técnica
amplamente usada para o estudo da estrutura molecular dos compostos.
Baseia-se na alteração do número quântico spin em função de um campo
magnético externo. A excitação do núcleo, ou a sua oscilação de uma
orientação para outra, é detectada como uma voltagem induzida, resultando da
absorção de energia do campo de radiofreqüência.
A ressonância magnética nuclear (RMN) de Baixo Campo é um método
poderoso para obter informação sobre a mobilidade molecular utilizando
medições de relaxação obtidas a partir do tempo de relaxamento da análise do
56
próton de spin-rede (T1H). Esta técnica é usada para avaliar a miscibilidade,
homogeneidade e compatibilidade de mistura de polímero ao nível molecular. É
bem conhecido que as propriedades do polímero estão dependentes tanto da
estrutura molecular (por ordem molecular e dinâmica molecular) e a
organização das cadeias no estado sólido. A T um parâmetro relaxamento H é
medida usando uma sequência de pulsos de recuperação de inversão
tradicional (reciclagem atraso - 180° - τ - 90° - aquisição) (Silva, 2009).
Relaxação spin-estrutura e muito sensível, não só para as rotações/
reorientações moleculares locais, mas também a auto-translacional de difusão
das moléculas porque o 1H da relaxação spin-estrutura depende das interações
dipolares que podem ocorrer entre rotações inter ou intramoleculares
(Monteiro, 2013).
A resposta a esse comportamento pode ser extraído por técnicas de
RMN de estado sólido, tais como: fiação de ângulo mágico (MAS), o tempo de
contato variável, de recuperação de inversão, spin-bloqueio, tempo de contato
atraso e cross polarização (MAS).
A utilização da análise de ressonância magnética nuclear de baixo
campo tem como propósito contribuir para verificação de domínios de tempo de
relaxação da cadeia polimérica da quitosana de partida e da quitosana
modificada, considerando as medidas de relaxação dos prótons de espin-rede
(T1H).
As analise de RMN de baixo campo foram feitas no equipamento Maran
Ultra (Oxford Instruments), operando num campo magnético de 23,4MHz
localizado no Instituto de Macromoléculas Professora Eloisa Mano da
Universidade Federal do Rio de Janeiro – IMA/UFRJ.
Para o ensaio de relaxação longitudinal (Inversão – recuperação) teve
uma sequência de pulso: 180° - τ - 90°, operando num intervalo de tau:0,1 a
5000 milissegundos, tendo 1 segundo de tempo de espera entre cadamedida
de tau em uma temperatura de 28°C. Já para relaxação transversal (solidEcho) teve uma sequência de pulso: 90° - τ - 90°, valor de tau utilizado: 5
microssegundos (µs), tendo 1 segundo de tempo de espera entre cada medida
de tau em uma temperatura de 28°C.
57
3.7.3 – DETERMINAÇÃO DA CARGA MAGNETICA E ESTUDO DO
COMPORTAMENTO TÉRMICO DAS MICROESFERAS
Os métodos de análise térmica medem variações de um determinado
parâmetro ocorridas como uma função da temperatura, T, (aquecimento ou
resfriamento) ou como uma função do tempo, t, a uma temperatura constante
(modo isotérmico) (Lucas, 2001).
Os resultados dessas análises são mostrados sob a forma de um gráfico
cuja abscissa contém os registros de temperatura (ou do tempo) e a ordenada,
o percentual em massa perdida ou ganha (Cavalheiro et al., 1995; Lucas, 2001;
Carvalho, 2008).
3.7.3.1 – TERMOGRAVIMETRIA (TGA)
A análise termogravimétrica foi realizada com auxílio do sistema SDT
2960T da TA Instruments com sensibilidade na termobalança de 0,1g, na
faixa de temperatura de 25-900oC com uma taxa de aquecimento de 10oC/min
e uma atmosfera dinâmica (50 mL/min) de nitrogênio.
3.7.3.2
-
CALORIMETRIA
DIFERENCIAL
EXPLORATÓRIA
(DSC).
Está análise foi realizada num DSC-2010 da TA Instruments com taxa de
aquecimento de 20 oC/min, na faixa de 25- 400oC utilizando um fluxo de
nitrogênio de 20mL/min. Massa de 13 mg de amostras foram colocadas em
panelas herméticas de alumínio.
Tal análise foi realizada para determinar tanto a carga de magnetita
como a degradação térmica da quitosana modificada utilizando um sistema de
análise termogravimétrica, SDT 2960-TA Instruments, disponível na Unidade
de Caracterização Térmica e Superficial de Materiais LAMAV/CCT/UENF, com
sensibilidade na termobalança de 0,1g, na faixa de temperatura de 20-900oC
58
com uma taxa de aquecimento de 10oC/min e uma atmosfera inerte, 100
mL/min de nitrogênio.
3.7.4 – MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA (MEV)
As micrografias de varredura foram obtidas num microscópio eletrônico
de varredura (MEV), operando com aceleração de voltagem de 15 keV,
realizado
no
Laboratorio
de
Materiais
Avançados
LAMAV/UENF.
As
micropartículas foram depositadas em porta-amostra com fita adesiva de grafite
e metalizadas.
O objetivo da análise teve como intuito determinar a morfologia das
microesferas de partida e das modificados analisando o seu tamanho e a sua
superfície.
3.7.5 – DISTRIBUIÇÃO DE TAMANHO DAS PARTÍCULAS
A
análise
granulométrica
de
partículas
sólidas
compreende
a
determinação do tamanho das mesmas, bem como da freqüência com que
ocorrem em uma determinada classe ou faixa de tamanho. (Lima et. al., 2001;
Carvalho, 2012).
A distribuição de tamanho e dimensão das micropartículas magnéticas
foi determinada a partir de micrografias ópticas. O tamanho médio das
micropartículas
nas
micrografias
(4
micrografias,
cada
um
contendo
aproximadamente 25-50 microesferas) foi avaliado quanto ao tamanho e
distribuição de tamanho.
3.7.6 – PROPRIEDADES MAGNETICAS
Está técnica permite a obtenção de informações fundamentais dos
materiais ferromagnéticos através da aquisição do ciclo de histerese dos
59
mesmos. De tais curvas é possível extrair informações do campo coercivo, a
magnetização de saturação e a magnetização da amostra.
As
propriedades
magnéticas
foram
estudadas
utilizando
um
magnetômetro Physical Property Measurement System (PPMS) da Quantum
Design, as medidas foram feitas pela opção Vibrating Sample Magnetometer
(VSM) em temperatura ambiente 305K aplicando um campo externo de +/- 2
tesla, que foram realizadas no Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF).
3.8 – PREPARAÇÃO DOS FILMES DE QUITOSANA
A solução de quitosana foi preparada pela dissolução de 2g de
quitosana em pó para cada 100 ml de uma solução de ácido acético glacial
com concentração de 5% sob agitação magnética a 40°C sob banho maria até
a sua completa homogeneização.
Em seguida, a solução polimérica foi filtrada a vácuo para remover o
material insolúvel. O filtrado foi vertido em placas de petri com diâmetros de 90
mm e acondicionado em estufa a 40°C até a evaporação do ácido e formação
da membrana. Após a secagem das membranas, as mesmas foram retiradas
da placa petri e imersas em uma solução de hidróxido de sódio a 3M, sob
agitação de 150rpm aguardando um período de 1 hora, a fim de assegurar a
completa neutralização das membranas.
Após o tempo decorrido as mesmas foram lavadas com água corrente
para retirada da solução de hidróxido de sódio e posteriormente submersos em
um recipiente com água destilada durante 1h 30min, tempo suficiente para que
ocorresse a neutralização. Depois da neutralização, as mesmas foram secas
em temperatura ambiente com pesos em cima para não deformar o filme.
3.8.1 – MODIFICAÇÃO DOS FILMES DE QUITOSANA
O primeiro passo para a modificação dos filmes de quitosana, foi a
pesagem do filmes ainda molhados. Os filmes obtidos teve em média uma
60
massa de 1,37g, onde foi submerso em uma solução contendo 0,02mL de
epicloridrina com 23ml de uma solução de hidróxido de sódio (0,067M).
O sistema foi posto sob agitação de 110 rpm em um shke, em uma
temperatura de 40°C, por 2 horas.
3.8.2
–
CARACTERIZAÇÃO
SUPERFICIAL
COM
AUXILIO
DA
MICROSCOPIA DE FORÇA ATÔMICA (MFA)
No estudo da morfologia superficial de materiais poliméricos a técnica de
MFA, utilizada de forma complementar a outra técnicas, apresenta vantagens,
em relação a microscopia eletrônica de varredura que a torna particularmente
valiosa. Com o uso da MFA não é necessário o uso de vácuo e recobrimento
da amostra, as medidas realizadas permitem determinar os releves e
rugosidade até escalas atômicas (Herrmann, et. al.,1997; Filho et. al., 2003;
Miyakawa et. al., 2008).
As imagens foram obtidas em um MFA Multi Mode Nanoscope III
Scanning Probe Microscopy Veeco Instruments, localizado no Setor de
Polímeros do Laboratório de Materiais Avançados/UENF, operando em
atmosfera ambiente e temperatura entorno a 212°C, usando o modo contato
intermitente. As imagens obtidas tiveram como objetivo o estudo topográfico da
superfície das membranas de quitosana (QTS) e quitosana modificada
(QTS/EPC) e determinação da rugosidade superficial o que complementa o
estudo realizado Por Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)com o
propósito de aprofundar no impacto da modificação sobre a superfície dos
filmes.
Os filmes foram cortados em quadrados e presos em um porta amostra
de metal, onde foram geradas imagens, numa frequência de varredura de 1,5
Hz. Quantitativamente as variações na morfologia das amostras foram
expressas a partir da média das alturas obtida em uma determinada área (z), o
desvio padrão das diferentes alturas (Rq) e a rugosidade média (Ra). As
medidas de rugosidade foram feitas com auxílio do programa de do sistema
MFA, NanoScope (R) III, fornecido pela Veeco Instruments. A área da
61
superfície dos filmes avaliados foi de 5μmx5μm, sem tratamento prévio da
imagem. Através da equação abaixo, foi possível determinar o desvio padrão
(Rq), dos valores encontrados (Stamatialis et. al., 1999; Dias, 2003; Santos
2001).
𝑅𝑞 = √
∑(𝑍𝑖 −𝑍𝑚 )2
𝑁𝑝
(Equação 1)
Onde zi é a altura no ponto i, Np o número de pontos, zm é a média das
alturas
.
3.8.3 - ANALISE DO IMPACTO DA MODIFICAÇÃO DA QTS COM
EPICLORIDRINA SOBRE O COEFICIENTE DE PERMEABILIDADE A
VAPORES DE ÁGUA
A determinação dos coeficientes de permeabilidade, depende de fatores
tais como: estrutura da fase permeada (polímero), morfologia (influência da
presença de zonas cristalinas com efeito barreira) e natureza e tamanho da
molécula do permeante entre outras (Dias, 2003; Matta Junior, 2009).
A permeabilidade, do material pode ser expressa como a massa de
permeante que atravessa uma interfase (filme ou membrana polimérica) na
unidade de tempo para uma espessura, área e uma diferença de pressão entre
as superfícies da interfase (filme ou membrana) podendo ser expressa na
unidade de medida, Barrer: 10-10 [cm3 (STP) cm cm-2 s cm Hg-1] (Alter, 1962).
As medidas de permeabilidade de vapor de agua para os filmes de QTS
e os filmes modificados de QTS/EPC foi determinada com o auxílio de uma
termobalança marca Halogen Moisture Analyzer modelo HR73 da Mettler
Toledo, localizado no Setor de Polímeros/LAMAV/UENF.
Para as medidas se utilizou um recipiente de vidro (tipo copo de Payne)
(Figura 36) no qual foi adicionada aproximadamente 0,868g de água destilada
62
(vapor permeante), e posteriormente colocado o filme polimérico no copo e
lacrado.
Lacre de alumínio
Anel de teflon
Membrana ou Filme
Anel de borracha
Frasco
Figura 36 - Sistema tipo “copo de Payne” utilizado para medidas de
permeabilidade
O copo e colocado na balança termogravimétrica a temperatura e 50 oC e
umidade relativa externa constante (40%) registrando-se a perda de massa
devida ao vapor da água permeada cada 2 minutos.
A permeabilidade foi calculada a partir da taxa de perda de massa de
vapor da agua (Galego et. al. 2002), utilizando a equação 2.
𝑃=
(𝑄𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑝𝑒𝑟𝑚𝑒𝑎𝑛𝑡𝑒)𝑥(𝑒𝑠𝑝𝑒𝑠𝑠𝑢𝑟𝑎 𝑑𝑜 𝑓𝑖𝑙𝑚𝑒)
(𝐴𝑟𝑒𝑎)𝑥(𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜)𝑥(𝑄𝑢𝑒𝑑𝑎 𝑑𝑎 𝑝𝑟𝑒𝑠ã𝑜 𝑎𝑡𝑟𝑎𝑣𝑒𝑠 𝑑𝑜 𝑓𝑖𝑙𝑚𝑒)
Eq 2
63
3.8.4 – ÂNGULO DE CONTATO
O método direto mais simples e utilizado para obter medidas de um
ângulo de contato é a partir da medição do perfil da gota de um determinado
líquido ou de uma bolha depositada sobre uma superfície sólida.
No método da gota séssil, uma gota de um líquido devidamente
purificado é depositada sobre a superfície de um sólido por meio de uma micro
seringa. A gota é observada com uma lente de baixo aumento, e o ângulo de
contato é medido através de um goniômetro.
Este tipo de procedimento é geralmente chamado de medida estática do
ângulo de contato e é um dos métodos mais usados na medida de um ângulo
de contato. Esta técnica nus permite medir, tais como, os ângulos de avanço
(a) e os de retrocesso (r), aumentando ou diminuindo, respectivamente, o
volume da gota sobre uma superfície, como mostra a Figura 37.
Figura 37 - Método da gota séssil: medida dos ângulos de (a) avanço e (b)
retrocesso. (Sellin, 2002).
O valor do ângulo de contato da gota depende da energia de superfície
da amostra e da tensão superficial do líquido. Se a gota se esparramar por toda
superfície do material seu ângulo de contato será de aproximadamente zero,
mas se o espalhamento for parcial o ângulo de contato sofrera uma variação
em seus valores, sendo em torno de 0 a 180 graus.
Para a escolha do liquido deve levar em conta as seguintes
propriedades: baixa volatilidade, baixa viscosidade, ser estável e não atacar ou
64
reagir com a superfície do substrato. O líquido selecionado determina o grau de
molhabilidade e da interação com a superfície do substrato, diz-se que um
líquido quando molha um substrato o ângulo de contato formado entre o líquido
e o sólido é menor que 90°.
Geralmente um suporte hidrofílico é o melhor para a imobilização de
enzimas, pois tal suporte não só maximiza a área disponível para fixação da
enzima como também melhora a eficiência da imobilização e a camada água
essencial que rodeia o biocatalisador e previne a diminuição da atividade
catalítica (Carvalho, 2012).
O objetivo desta análise foi observar as alterações das características
dos materiais obtidos quanto ao seu caráter hidrofílico, onde foram avaliadas
por medidas de ângulo de contato.
A análise dos filmes de QTS e QTS/EPC foi realizada no Laboratório de
Superfícies Poliméricas e Asfálticos do Centro de Tecnologia da Universidade
Federal do Rio de Janeiro – UFRJ. As medidas de ângulo de contato foram
obtidas empregando-se o goniômetro Ramé-Hart, modelo NRL (Figura 38),
operado em temperatura ambiente. Os ângulos de contato do lado direito e
esquerdo da gota foram calculados automaticamente por meio de software RHI
2001
Imaging
Software
instalado
em
um
computador
acoplado
ao
equipamento.
Figura 38 – Goniômetro Ramé-Hart utilizado para medição dos ângulos
65
3.9 – IMOBILIZAÇÃO DAS LIPASES POR LIGAÇÃO COVALENTE
Após o período de ativação com glutaraldeído, o suporte foi imobilizado
por ligação covalente de acordo com a metodologia adaptada por Castro et. al.,
1999; Castro et. al., 2010 e Pereira et.al., 2010. O suporte foi ativado em
hexano na proporção de 1:10 e mantido sob agitação a 100rpm durante 2
horas e levado a estufa a 40°C até secar.
Para cada grama de suporte ativado (matéria seca), foram adicionados
0,5mg de lipase na forma livre. PEG-1500 foi adicionado com a solução de
enzima (85mL de tampão fosfato de sódio pH7) em um valor de 5mg/mL de
suporte, para a fixação da lípase ao suporte efetuou-se em agitação durante 4
horas, em temperatura de 25°C, e seguido por período adicional de 16 horas
em condições estáticas a 4°C. Os suportes imobilizados foram lavados 3 vezes
em solução tampão fosfato.
Após o processo de imobilização a atividade das partículas e as massas
enzimáticas e lavadas foram mensuradas segundo a metodologia descrita para
determinação da atividade enzimática, com o objetivo de se conhecer a
concentração da lipase AK e da Flip BR imobilizadas nas esferas de quitosana
e das esferas de quitosana modificadas.
3.9 – DETERMINAÇÃO DA ATIVIDADE HIDROLITICA
A atividade enzimática da enzima livre e imobilizada foi determinada pelo
método de hidrólise de azeite de oliva de acordo com a metodologia adaptada
de Li et. al., 2010 e Carvalho 2012. Uma unidade de atividade foi definida como
a quantidade de enzima necessária para liberar 1µmol de ácido graxo por
minuto de reação.
O preparo da emulsão foi feito pelo seguinte modo: 25mL de azeite de
oliva e 75mL de goma arábica a 3% m/m. Em frascos de 125mL foi
adicionados: 5mL da emulsão e 2mL de tampão fosfato de sódio 0,1M pH7,0. A
fim de garantir hogeneização do meio reacional, o sistema entao foi mantido
sob agitação (160rpm) a 40°C por 5 minutos. Logo após esse processo foi
66
adicionado os respectivos suportes imobilizados, a solução enzimática, a
solução da enzima livre e a solução lavada sendo feito duplicatas para cada
suporte, esse sistema também ficou sob ação de uma agitação (160rpm)
durante o tempo de 5 minutos.
Após esse periodo de incubação, a reação então foi paralisada pela
adição de 10mL de uma solução de etanol e acetona (1:1).
Em seguida cada solução foi agitada com um ultra-turrax com
velocidade de 8000 rpm e centrifugada por 10 minutos com velocidade de 4000
rpm. Então foi retirada de cada solução uma quantidade de 10 mL para
titulação direta.
A solução foi titulada utilizando 2 gotas de indicador fenolfteleína, com o
auxilio de um agitador magnético, no pipetador para titulação foi adicionado
uma solução de NaOH 0,1M. O volume gasto foi anotado para a realização dos
cálculos, conforme a Equação 3.
𝐴(𝑈⁄𝑔) =
(𝑉𝑎−𝑉𝑏)𝑥 𝑀 𝑥 103
𝑡𝑥𝑚
(Equação 3)
Onde:

M = concentração molar da solução de NaOH;

m = massa da enzima;

t = tempo de reação em minutos;

Va = volume de NaOH gasto na titulação da amostra (mL);

Vb = volume de NaOH gasto na titulação do controle (mL).
67
CAPÍTULO 4 – RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1 – CARACTERIZAÇÃO DA QUITOSANA NÃO MODIFICADA (QTS) E
MODIFICADA (QTS/EPC)
A partir da desacetilação da quitina, foi possível obter a quitosana, que
por sua vez, foi submetida ao processo de modificação, utilizando um agente
bifuncional a epicloridrina. O objetivo dessa modificação foi verificar a mudança
da hidrofilicidade da quitosana Com o auxílio das técnicas de MEV, FTIR e
Ângulo de Contato, foi possível, então, caracterizar a morfologia da QTS e
QTS/EPC.
4.1.1 – MORFOLOGIA DOS FILMES DE QTS E QTS/EPC
Macroscopicamente não se observa mudanças nos filmes de QTS e
QTS/EPC (Figura 39). Ambos os filmes são transparentes e possuem uma
coloração amarelada. A única característica aparente e que após a
modificação, o filme de QTS/EPC é mais rígido e quebradiço que o filme de
QTS não modificado.
Com as micrografias eletrônicas dos filmes (Figura 40) podemos
observar que a morfologia dos filmes densos de QTS apresentaram uma
superfície rugosa. Já para os filmes densos de QTS/EPC observa- se,
aparentemente uma superfície mais lisa, característica típica de filmes mais
densos (Dallan, 2005; Nascimento et. al, 2012).
Levando em conta, que para ambos os filmes, apresentaram uma
transparência após sua obtenção e modificação, a única diferença foi que para
o filme denso de QTS/EPC, após a modificação apresentou-se aparentemente
bastante quebradiço.
68
A
B
Figura 39 – Filmes de quitosa; (A) filme de quitosana modificado, (B)
filme de quitosa não modificado
A
B
Figura 40 – Micrografias eletrônicas de varredura dos filmes de; (A) QTS pura
e (B) QTS/EPC.
4.1.2 - ESPECTROMETRIA DE INFRAVERMELHO DOS FILMES DE
QTS E QTS/EPC
A caracterização dos filmes de QTS e QTS/EPC, pela análise de FTIR,
teve como objetivo, identificar os principais grupos funcionais presentes ao
longo da cadeia da quitosana, e as possíveis modificações nestes grupos,
sendo ocasionados com a introdução da epicloridrina.
Os espectros de FTIR dos filmes de QTS puro e QTS-EPC, estão
representados na Figura 41 a seguir. Onde para a quirosana pura, são
encontradas quatro bandas de absorção, sendo elas: a primeira e banda em
69
torno de 3600-3200 cm-1 é caracterizada pelas ligações dos grupos hidroxila (OH), o surgimento desta banda, se dá pela ligação hidrogênio intermolecular
(Zivanovic et. al. 2007, Liu et. al. 2013), a segunda banda, menos intensa em
2878 cm-1 é atribuída as vibrações do grupo alquilas com hibridações sp3 (Wan
et. al. 2006, Zianovic et. al. 2007), a terceira banda aparece no espectro com
uma grande intensidade e se localiza na região de 1650 cm -1 devido as
vibrações do grupo carbonila da amida (C=O), presente na quitosana comercial
parcialmente desacetilada (80%GD). A última banda importante se localiza na
região de 1570 cm-1 são as vibrações atribuídas a absorção dos grupos amina
NH2 (Duan et. al. 2004).
QTS
100
%T
90
QTS QTS-EPC
QTS/EPC
1556 cm
80
70
60
50
40
2878 cm
30
20
3355 cm
10
1049 cm
-0
4000
3600
3200
2800
2400
2000
1800
1600
1400
1200
1000
800
600
400
1/cm
Figura 41 – Espectros de IR dos filmes densos de QTS e QTS/EPC
Já os espectros para o filme de QTS-EPC, apresentam os mesmos
grupos do filme de QTS, mas entretanto, duas bandas podem estar associada
na formação da ligação covalente, entre a hidroxila da quitosana com o grupo
funcional da epicloridrina, a primeira banda localizada em 1556 cm -1 a aparição
de um pico, devido as vibrações de alongamento da ligação C-O-C; a segunda
70
banda, localizada na região de 1049 cm -1 é atribuída, as vibrações do grupo
hidroxila (-OH) presente no carbono C6 (Figura 42)(Dong et. al. 2004).
Figura 42 – Esquema representativo da ligação covalente entre a EPC e o C6
da QTS.
4.1.3 – MORFOLOGIA SUPERFICIAL DOS FILMES DE QTS E
QTS/EPC POR AFM
As imagens foram registradas pelo método de contato intermitente
evitando a danificação da superfície dos filmes eliminando as forças de
cisalhamento. Estas imagens forneceram valores relacionados com a
rugosidade da superfície, levando em conta a média das alturas, o desvio
padrão e a rugosidade.
71
Os valores obtidos pela equação 1 são expressos na tabela a segui:
Tabela 7 – Valores dos parâmetros de rugosidade
da superfície do filmes de QTS e QTS/EPC.
Filme
Ra (nm)
Rq (nm)
z(nm)
QTS
9,6
11,9
80,6
QTS/EPC
7,6
10,4
95
Neste caso, Z e à diferença entre o ponto mais alto e mais baixo para
uma dada área; o desvio padrão do valor de z (Rq) para a área superficial
analisada; e a rugosidade média (Ra) que representa o valor médio das alturas
da superfície, relativas a um plano central que divide a mesma em duas
porções de igual volume (Herrmann, et. al.,1997; Filho et. al., 2003).
Através das imagens de superfície do filme de QTS, obtidos por AFM
(Figuras 43, 44), e possível perceber que o mesmo apresenta uma superfície
com um nível de rugosidade relativamente regular (Ra = 9,6nm), além disso, as
imagens obtidas por AFM, mostra um sistema bastante homogêneo.
Figura 43 - Microscopia de força atômica mostrando a morfologia da superfície
do filme denso de QTS
72
Figura 44 - Microscopia de força atômica da topografia do filme denso de QTS
com 5µm x 5µm de área.
As imagens de MFA dos filmes densos de QTS/EPC (Figuras 45, 46),
apresentaram uma menor rugosidade em sua superfície (Ra = 7,6nm), além
disso, pode constatar a aparição de “poços” mais profundos em relação aos
filmes densos de QTS preparados com uma metodologia similar o que é um
indicativo da modificação originada na quitosana e que pode ser correlacionada
com as propriedades de transporte do vapor da agua (Pemeabilidade)
registrada para estes filmes.
Figura 45 - Microscopia de força atômica mostrando a morfologia da superfície
do filme denso de QTS/EPC
73
Figura 46 - Microscopia de força atômica da topografia do filme denso de
QTS/EPC com 5µm x 5µm de área.
Santos 2009 realiza em seu trabalho, a caracterização e modificação de
filmes densos de quitosana, e por MFA, pode constatar uma rugosidade
relativamente regular em sua superficie (Ra = 1,323 nm), já que seus filmes
foram preparados a partir de uma solução de 1% de quitosana, e os mesmos,
não foram neutralizados em NaOH.
Beppu et. al. 1999, caracterizou estruturas densas de quitosana em
diferentes concentrações de uma solução de NaOH (0,12; 0,25; 0,5; 1,0), e
pode constatar por MFA que aumentando o valor da concentração do meio
coagulante,
a
superficie
das
membranas
de
QTS,
apresentam
significativamente um aumento da rugosidade.
4.1.4 – IMPACTO DA MODIFICAÇÃO DA QTS COM EPICLORIDRINA
SOBRE O COEFICIENTE DE PERMEABILIDADE A VAPORES DE
ÁGUA
A análise teve como objetivo registrar as mudanças que a modificação
poderia originar na permeabilidade a vapores de água dos filmes de quitosana
com epicloridrina, considerando que a modificação acontecerá através dos
74
grupos hidroxilas (Figura 47) onde provavelmente deve modificar a interação
pemeante-permeado e consequentemente a permeabilidade (P= DH),(D e
coeficiente de difusão e H coeficiente de solubilidade de Henry, onde o produto
DH é denominado coeficiente de permeabilidade) (Galego, 2002) dos filmes
QTS e QTS-EPC.
Figura 47 – Representação da ligação covalente entre a quitosana e a
epicloridrina
Na figuras 48 e 49 estão representadas as curvas de massa permeada
versus tempo para as duas formulações dos filmes de QTS e QTS/EPC em
uma temperatura de 50°C.
75
Massa
0,02
0,01
0,00
0
3000
6000
Tempo (seg)
Figura 48 - Gráfico massa versus tempo do filme de QTS
Massa (g)
0,02
0,01
0,00
0
3000
6000
Tempo (s)
Figura 49 - Gráfico massa versus tempo do filme de QTS/EPC
Os coeficientes de permeabilidade ao vapor de agua dos filmes de QTS
e QTS-EPC (Tabela 8) são marcadamente diferentes, comportamento que
considerando a natureza e a possibilidade de estabelecer uma interação maior
na quitosana dada a disponibilidade de grupos hidroxila o que diretamente
76
deve influenciar no coeficiente de solubilidade de Henry (P=DH) e
consequentemente no coeficiente de permeabilidade.
Tabela 8 – Coeficiente de permeabilidade ao vapor de água para
filmes de QTS e QTS/EPC
QTS
Coeficiente de
Permeabilidade x 1010
(Barrer)
33,4
QTS/EPC
17,3
Filme
Temperatura (°C)
50
50
Estes resultados, além de ser inéditos no estudo do sistema QTS e
QTS-EPC, constituem mas uma evidência da modificação originada pelo
tratamento com epicloridrina da QTS.
4.1.5 – HIDROFILICIDADE DA QTS E QTS/EPC
A modificação realizada com a EPC nos filmes de quitosana,
apresentou uma hidrofilicidade diferente em comparação ao filme não
modificado. A análise de ângulo de contato teve como intuito de determinar o
caráter hidrofóbico dos filmes de QTS e QTS/EPC, pois tal impacto na
mudança da hidrofilicidade pode ocasionar alguns fatores de risco na atividade
da enzima imobilizada (Carvalho, 2012).
A tabela 9 relaciona os valores do ângulo de contato (°), com a água,
substrato polar capaz de estabelecer uma ponte de hidrogênio com os grupos
hidroxila na superfície dos filmes de QTS e QTS/EPC.
77
Tabela 9 - Medidas de ângulo de contato da quitosana de partida e modificada
Liquido
Sólido
Ângulo (°)
Sólido
Ângulo (°)
Água
Quitosana
70,2
Quitosana/EPC
93,2
Água
Quitosana
69,7
Quitosana/EPC
92,8
Água
Quitosana
69,3
Quitosana/EPC
92,6
Água
Quitosana
68,9
Quitosana/EPC
92,2
Água
Quitosana
68,5
Quitosana/EPC
91,9
Água
Quitosana
68,1
Quitosana/EPC
91,4
Água
Quitosana
67,8
Quitosana/EPC
90,9
Água
Quitosana
67,3
Quitosana/EPC
90,5
Água
Quitosana
66,9
Quitosana/EPC
90
Água
Quitosana
66,5
Quitosana/EPC
89,6
Média
68,32 ± 1,22
Média
91,51 ± 1,23
Os resultados indicam que a média do ângulo de contato da quitosana
modificada (QTS/EPC) 91,51° apresentou um aumento significativo em relação
à quitosana de partida (QTS) 68,32°, ou seja, tem uma menor capacidade de
estabelecer ligações de hidrogênio ou um menor número destes com a água.
Desta forma podemos concluir que com a modificação do polímero, sua
superfície apresentou uma diminuição no caráter hidrofílico, em relação a
superfície do filme de QTS.
78
B
A
Figura 50 – Mostra da gota de água depositada sobre a superfície do filme de
QTS (A); filme QTS/EPC (B)
A figura 50 (A) mostra o instante em que acontece a interação da gota
de água com a superfície do filme QTS, neste caso é nítida a visualização de
que a gota está tendo uma maior interação com o filme. Já a figura 50 (B),
pode observar que a gota está interagindo parcialmente com o filme de
QTS/EPC. Com essa modificação e possível perceber que a molhabilidade do
filme modificado é menor ao ser submetido a modificação com EPC.
Carvalho 2012, apresentou em seu trabalho o estudo da modificação de
polímeros naturais em relação a sua hidrofilicidade, pela análise de ângulo de
contato pode comparar a modificação estabelecida entre os polímeros. Em seu
resultado pode observar que a média do ângulo de contato, para os filmes de
QTS, ficou em torno de 66,5°. Tal resultado corrobora com a média encontrada
neste trabalho.
4.2 – FORMULAÇÃO DE MICROESFERAS DE QUITOSANA MODIFICADA
COM EPC CONTENDO NÚCLEO MAGNÉTICO
A formulação das microesferas magneticas, se deu pelo método de
coagulação, onde a partir de uma solução de quitosana na qual estava
dispersa a fase magnetica, foi possivel obter microesferas bastante uniformes,
apresentando uma geometria esferica regular (sem presença de cauda) (Figura
51).
79
Figura 51 – Imagens de esferas de quitosana – magnetita em solução
de hidroxido de sódio
Após o formulação das microesferas de QTS/Fe3O4, elas foram
submetidas ao processo de modificação usando a EPC, que por sua vez, não
apresentou modificações macroscópicas na morfologia das microesferas,
mantendo a mesma esfericidade (Figura 52).
Figura 52 – Imagem das esferas de QTS/Fe3O4 após o processo de
modificação com EPC.
80
O
procedimento
desenvolvido
para
produção
de
microesferas
QTS/Fe3O4 e QTS-EPC/Fe3O4 teve em média, um rendimento próximo a 80%.
Este rendimento só foi possível controlando os seguintes parâmetros:
velocidade do fluxo do gotejamento, o fluxo do gás inerte e a altura do
gotejador em relação à superfície da solução coagulante. Tendo esses
parâmetros bem
definidos foi possível
obter
um
resultado
bastante
surpreendente.
4.3 – DISTRIBUIÇÃO DE TAMANHO DAS MICROESFERAS MAGNÉTICAS
A metodologia de preparação das microesferas foi direcionada para a
obtenção de microparticulas com uma distribuição de tamanho estreita e
tamanho próximo a 1mm com o propósito de propiciar uma distribuição
uniforme no leito fluidizado do reator evitando a formação de caminhos
preferenciais.
A realização da análise de distribuição de tamanho foi realizada através
do cálculo do tamanho médio, onde foi utilizada 4 micrografias, cada uma
contendo aproximadamente 25-30 microesferas.
Para as microesferas de quitosana/Fe3O4 após a secagem (Figura 53,
Tabela 10) o máximo de distribuição está localizada numa faixa menor, entre
800-1000m, conforme pretendido (Figura 53A).
90,00%
80,00%
70,00%
60,00%
50,00%
40,00%
30,00%
20,00%
10,00%
0,00%
0,4-0,6µm 0,6-0,8µm 0,8-1,0µm 1,0-1,2µm 1,2-1,4µm
A
B
Figura 53 – Micrografia ótica (A), gráfico da distribuição das microesferas de
QTS/Fe3O4 (B).
81
Para às microesferas de QTS-EPC/Fe3O4 após a secagem (Figura 54,
Tabela 10) apresentaram um valor máximo de distribuição numa mesma faixa,
em relação à QTS/ Fe3O4, entre 800 - 1000m.
90,00%
80,00%
70,00%
60,00%
50,00%
40,00%
30,00%
20,00%
10,00%
0,00%
0,4-0,6µm 0,6-0,8µm 0,8-1,0µm 1,0-1,2µm 1,2-1,4µm
A
B
Figura 54 – Micrografia ótica (A), gráfico da distribuição das microesferas de
QTS-EPC/Fe3O4(B).
Na tabela a seguir estão relacionados os valores da distribuição de
tamanho para as microefesras de QTS/Fe3O4 e as de QTS-EPC/Fe3O4. Tendo
em vista que para ambas as formulações, obtivemos uma boa distribuição
localizada na mesma faixa de tamanho.
Tabela 10 – Distribuição de tamanho das microesferas
Suporte pelo
método de
coagulação
QTS/Fe3O4
Distribuição de tamanhos (%)
0,4-0,6µm 0,6-0,8µm 0,8-1,0µm 1,0-1,2µm 1,2-1,4µm
2%
13%
81%
4%
0%
0,4-0,6µm 0,6-0,8µm 0,8-1,0µm 1,0-1,2µm 1,2-1,4µm
QTS-EPC/Fe3O4
0%
3%
63%
26%
9%
82
A metodologia de secagem utilizada, fez com que surgissem
deformações geométricas nas microesferas, pois tendo como superfície de
contato as placas petri, sua base ficou achatadas Figuras 53(A) e 54(A), tanto
para as microesferas de QTS/Fe3O4 quanto para QTS/Fe3O4/EPC. O que
indica a necessidade de modificar a metodologia de secagem, para manter a
simetria esférica obtida no processo de coagulação, exatamente antes da
secagem.
Microesferas de quitosana obtidas pelo procedimento de coagulação
foram formuladas por Gonçalves et. al. e Carvalho et. al., onde a faixa de
distribuição de tamanho teve uma média de 0,79mm e 0,6-0,9mm
respectivamente, obtendo assim, microesferas com formatos uniformes e uma
geometria regular.
Assim sendo, o método utilizado neste trabalho, para a modificar
microesferas, não implica na mudança morfológica das mesmas, já que o
resultados obtidos corrobora com a literatura citada.
4.4 – MORFOLOGIA SUPERFICIAL DAS MICROESFERAS DE QTS/Fe3O4 E
QTS-EPC/Fe3O4
Nas imagens de MEV das microcápsulas de QTS/Fe3O4 podemos
constatar uma microesfera regular, tendo uma ampla área superficial com um
diâmetro de 968 μm (Figura 55 A). Nota- se que a superfície apresenta um
aspecto rugoso (55 B).
Com a introdução da EPC nas microcápsulas de QTS/Fe3O4, houve uma
alteração significativa na superfície, obtendo uma melhor uniformidade, está
característica e possível perceber na Figura 56 B, onde a morfologia superficial
das microesferas foram ajustadas, formando provavelmente uma superfície
mais densa, mantendo suas dimensões naturais, tendo um diâmetro médio de
979 μm (Figura 56 A).
83
Figura 55 – Micrografias eletrônicas das microcápsulas (A) microesferas QTSFe3O4, (B) micrografia da superfície da microesfera QTS/Fe3O4
Com a modificação da QTS utilizando a epicloridrina como agente
modificante, fois possivel constatar que a morfolia da superficie apresentou
uma diminuição da rugosidade, tais valores corrobora com os resultados
obtidos por AFM.
Além dessas principais caracteristicas, é possivel perceber em ambas as
microesferas, pequenas fissuras, principalmente nas microesferas de QTSEPC/Fe3O4.
84
Figura 56 – (A) microesferas QTS-EPC/Fe3O4, (B) micrografia de superfície da
microesfera QTS-EPC/Fe3O4.
A morfologia superficial das microesferas de QTS/Fe3O4 e QTSEPC/Fe3O4 formuladas
pela
técnica
de
coagulação,
nao
apresenta
irregularidades nem macroporosidade. Suportes não porosos apresentam
como principal vantagem a acomodação das moléculas de enzima apenas na
85
sua superfície externa, o que facilita o interação catalisador com o substrato.
(Canilha et. al., 2006; Carvalho, 2012).
4.5 – CARACTERIZAÇÃO DAS MICROESFERAS COM PROPRIEDADES
MAGNETICAS
4.5.1
–
ESPECTROMETRIA
DE
INFRAVERMELHO
COM
TRASFORMADA DE FOURIER (FTIR)
Os espectros de FTIR (Figura 57) obtidas a partir das microcápsulas de
QTS/Fe3O4 e QTS-EPC/Fe3O4, não apresentam diferenças significativas dado
que
ambas
as
estruturas
apresentam
vibrações
e
deformações
de
agrupamentos funcionais semelhantes, entretanto é possível destacar as
modificações originadas pela reação com a epicloridrina.
Na região entre 4000- 2000 cm-1 se observa uma banda intensa, a 3422
cm-1 é devida as vibrações dos estreitamentos dos grupos O-H e N-H, já a
banda em 2863 cm-1 é derivada da vibração simétrica dos agrupamentos CH2.
Na faixa de 2000-1400 cm-1 a banda a 1587 cm-1 é associada às vibrações das
ligações C-O-C (Liu et. al, 2012), apresenta um aumento de 1,25 para 1,3 de
sua intensidade relativa (r = ICOC/IOH) em relação a banda de 3422 cm -1
associada aos agrupamentos O-H envolvidos na modificação com a
epicloridrina. E na faixa de 580 cm-1, é atribuída as vibrações dos grupos Fe-O,
pertencentes a magnetita introduzida nas microesferas.
Um outro evento observado, foi o aparecimento de u sinal pouco intenso
para ambos os espectros, localizado na faixa de 1463 cm -1, sendo identificado
como as vibrações do grupo N-H secundários, tal ocorrência é devido em
pequena extensão dos grupo –NH2 da quitosana, provando que esses grupos
não foram afetados com a modificação, levando em consideração a preferência
da epicloridrina pelos grupos hidroxilas (-OH) presente na cadeia.
86
105
QTS/ Fe3O4
QTS/Fe
3O4EPC/Fe3O4
QTSQTS-EPC/ Fe3O4
%T
97.5
90
82.5
75
67.5
60
1587cm52.5
1
1456cm-1
3422 cm45
580cm-1
1
4000
3600
3200
2800
2400
2000
1800
1600
1400
1200
1000
800
600
400
1/cm
Figura 57 – Espectro de infravermelho QTS/Fe3O4 (a) e QTS–EPC/Fe3O4 (b)
Kuo et. al. 2012, formularam nanoparticulas de quitosana-Fe3O4, afim de
promover um suporte para imobilização da lipase de Candida rugosa. Em
comparação com os espectros de FTIR, e possível estabelecer uma relação
entre as faixas obtidas. Na região de 3420 cm -1 (alongamento do grupo –OH),
em 1645 cm-1, é atribuído as vibrações do alongamento do grupo amida (C=O),
e em 580 cm-1 e o surgimento de uma relevante vibração relacionada com os
grupos Fe-O, comprovando a presença de Fe3O4.
Espectros de FTIR similares foi observado por Silva et. al. 2010, onde foi
possível identificar os grupos atribuídos a quitosana pura e modificadas com
epicloridrina. Na região de 3400 cm-1 atribuição dos grupos hidroxila (-OH). Na
faixa de 1000-2000 cm-1, estão atribuídas as vibrações de estiramentos do tipo
C-O, e na região entre 1300-1400, encontra-se deformações das ligações do
tipo C-H.
87
4.6 – DETERMINAÇÃO DA CARGA MAGNETICA E ESTUDO DO
COMPORTAMENTO TERMICO DAS MICROESFERAS
4.6.1 – TÉCNICA TERMOGRAVIMETRICA(TGA)
Com a introdução da epicloridrina como agente de modificação, fez com
a estabilidade térmica da microesferas de QTS/Fe 3O4, se deslocasse para
valores mais altos, como pode ser observado na Figura 58. Além disso, com o
estudo termogravimetrico das microesferas, assim como da magnetita
estabilizada utilizada na formulação, permitiu calcular a carga de Fe3O4
(magnetita) presente nas microesferas QTS e QTS-EPC (23% da massa total).
O evento térmico observado a partir de 240oC com uma temperatura de
pico de 259oC é atribuído a decomposição e eliminação dos voláteis nas
microcápsulas de QTS/Fe3O4 e numa temperatura de 267oC com temperatura
de pico de 287,9oC para as microcápsulas QTS-EPC/Fe3O4.
Figura 58 – Curvas termogravimétricas do Fe3O4 estabilizado e das
microcápsulas QTS/Fe3O4 e QTS-EPC/Fe3O4
88
Coelho 2006, observou em seu trabalho que ao modificar esferas de
quitosana com epicloridrina, a estabilidade térmica, deslocava para valores
mais baixos, onde com o estudo termogravimétrico, pode constatar que para as
esferas QTS houve um evento pronunciado a 332,15ºC (49,68%), já para as
microesferas de QTS-EPC o evento térmico foi observado a 275,35ºC
(44,94%), sendo evidente a perda de estabilidade após o tratamento com a
epicloridrina.
Torres e seus colaboradores estudaram a resistência térmica, mecânica
e química de microeferas de quitosana modificadas quimicamente, usando três
tipos de modificações, incluindo a modificação com epicloridrina. Suas
microesferas, após a modificação química apresentaram uma estabilidade na
temperatura de degradação térmica para a quitosana natural e para a
modificada com epicloridrina em torno de 300°C, nao havendo descolamentos
da estabilidade térmica para valores mais baixos ou para valores mais altos,
mantendo a estabilidade constante.
4.6.2 – CALORIMETRIA DIFERENCIAL EXPLORATORIA (DSC)
As análises calorimétricas realizadas com auxílio da técnica de DSC
(Figura 59) das microcápsulas QTS/Fe3O4 e QTS-EPC/Fe3O4 confirmaram a
menor capacidade de absorção de água das microcápsulas reticuladas e o
aumento da estabilidade térmica observada na análise termogravimétrica.
Os picos endotérmicos (50-160oC) observado em ambas as curvas
estão associados a remoção de água das microcápsulas QTS/Fe3O4 e QTSEPC/Fe3O4 com variações de entalpia de 297 e 186 J/g respectivamente
resultado que confirma a menor capacidade de retenção da água das
microcápsulas QTS-EPC/Fe3O4.
89
Figura 59 – Curvas de DSC das microcápsulas de QTS/Fe3O4 e QTSEPC/Fe3O4
Também se observa nas microcápsulas de QTS/Fe3O4 a existência de
uma transição exotérmica em 295°C, identificada como a degradação da fração
de quitosana. Já em relação as microesferas de QTS-EPC/Fe3O4, é nítido o
aparecimento de duas transições exotérmicas, onde a primeira se localiza em
293,5°C, devido a decomposição da epicloridrina presente na cadeia
polimérica; a segunda transição esta localizadas em torno de 325°C, atribuída
a decomposição dos grupos glicosídeos ainda presente na quitosana.
Dong et. al.; 2014, desenvolveram em seu trabalho nanopartículas de
quitosana-magnetita, modificadas com epicloridrina, onde com o auxílio da
técnica de DSC, pode constatar que para as nanoparticulas de quitosana
houve estágios de perda de massa em torno de 200-288°C, devido a
decomposição da quitosana e ainda uma transição abaixo de 200°C, atribuída
a perda de agua quimicamente. Já para as namopartículas de quitosana
modificada com epicloridrina, apenas apresentou transições exotérmicas, tendo
um pico de degradação a 243°C.
A menor capacidade de retenção de água é um fator muito importante
em relação a este trabalho, pois na hora de determinar a atividade enzimática
90
da
lipase
imobilizada,
o
excesso
de água
pode
estimular
reações
competidoras, fazendo com que o sitio ativo das enzimas não entre em contato
com o substrato, dificultando a realização da reação de transesterificação, uma
vez que lipases em meio aquoso usualmente catalisam reações de hidrólise.
Com os deslocamentos da estabilidade térmica da QTS-EPC/Fe3O4
tanto na análise de TG e DSC permitiu então comprovar que houve uma
modificação estrutural das microesferas,
confirmando a eficiência
da
modificação do suporte a base de quitosana.
4.7 – RESSONANCIA MAGNETICA NUCLEAR (RMN) 1H
O
ensaio
de
inversão-recuperação
não
apresentou
mudanças
significativas na mobilidade molecular com a modificação da quitosana (Figura
60). Entretanto, o processo de modificação implicou em um material com o
domínio em 65ms ligeiramente mais alargado, indicando, possivelmente, um
material com maior número de conformações diferentes da estrutura molecular.
Amplitude (normalizada)
65
QUITOSANA MODIFICADA
1,7
65
QUITOSANA
1,2
0,1
1
10
100
1000
Tempo (ms)
Figura 60 – Distribuição de domínios de tempo de relaxação longitudinal (T 1H)
obtida por inversão-recuperação para a quitosana pura e modificada.
91
O “solid-echo” é uma sequência que, em linhas gerais, fornece a mesma
curva de decaimento que o FID (decaimento livre de indução). Entretanto o
resultado apresenta uma relação sinal/ruído muito superior, com linhas mais
suaves e com melhor resolução, possibilitando um ajuste para o cálculo do
tempo de relaxação mais correto.
Intensidade (M/M0)
1,0
0,8
0,6
Quitosana (0,291 ms)
0,4
Quitosana Modificada (0,235 ms)
0,2
0,0
0,04
0,06
0,08
0,10
ms)
0,12
0,14
0,16
Figura 61 – Tempos de relaxação transversal (T2H) obtidos por solid-echo para
a quitosana pura e modificada.
O tempo de relaxação transversal irá analisar a relaxação de segmentos
de cadeia, diferentemente da longitudinal, que avalia domínios maiores.
A partir das curvas obtidas, sugere-se que a modificação realizada
tornou a quitosana um pouco mais rígida. Na relaxação longitudinal (T 2H)
(Figura 61) quanto mais rapidamente o sinal decai, mais rígida é a amostra.
Isto ocorreu devido ao aumento da heterogeneidade do sistema, que se
formaram quando da modificação da quitosana, confirmando observado por
T1H.
92
Essa rigidez nas microefesras de quitosana após a modificação
possibilita a utilização das mesmas em um reator de leito fluidizado. Ao receber
o campo magnético essas microesferas vão sofrer forças mecânicas entre sim,
esta rigidez irá então tornar o suporte mais forte, evitando que os mesmos se
degradem com a colisão.
4.8 – PROPRIEDADE MAGNÉTICA DA CARGA DE MAGNETITA NO
SUPORTE POLIMÉRICO
As medidas de magnetização da magnetita figura 62 (A) e das
micropartículas contendo os núcleos magnéticos de Fe 3O4 foram realizadas
para caracterizar o comportamento magnético. O resultado apresentou uma
curva sem histereses, não havendo nenhum tipo de magnetização permanente
ou indução residual, caracterizando um comportamento super paramagnético.
A magnetização de saturação foi de 38emu g-1 valor que está dentro do
intervalo esperado entre 30-50emu/g segundo Schuth e colaboradores (2007).
Figura 62 - Curva de magnetização para a magnetita (a) e magnetita atraída
pelo imã (b).
93
Este
comportamento
super
paramagnético
observado
nas
nanoparticulas de magnetita com relativa elevada magnetização de saturação
são particularmente importante, pela possibilidade de controlar dentro do reator
a distribuição das partículas magnéticas, que constituem o biocatalisador no
leito fluidizado assistido assim como as possibilidades de operar no reator com
fluxos maiores e fácil recuperação do biocatalisador.
Bhatt et. al. 2010, formularam a síntese de nanoparticulas de magnetita,
a partir do método hidrotérmico, e com o auxílio da técnica de VSM, foi possível
estabelecer a magnetização de saturação da Fe3O4 um valor próximo a 17,85
emu/g.
Dong et. al. 2014, usaram o método de co-precipitação de Fe2+ e Fe3+,
para sintetizar nanoparticulas de magnetita, obtendo assim uma magnetização
de saturação, em média de 44,43 emu/g.
Zhang et. al. 2009, mostram em seu trabalho que as nanopartículas
magnéticas exibiram uma excelente susceptibilidade magnética, tendo como
resposta um campo magnético aplicado, e sua magnetização de saturação
(MS) foi determinada como sendo 52,6emu/g.
Existem alguns fatores que podem interferir no valor da magnetização de
saturação de nanoparticulas de Fe3O4 sintetizadas, tendo em destaque o
tamanho das nanoparticulas e o método de síntese adotado, que geralmente é
menor que o valor teórico (96,4 emu/g) devido a heterogeneidade superficial.
Sem levar em conta que com a adição de um surfactante, para estabilizar as
namoparticulas, faz com que o valor da magnetização de saturação seja
reduzido (Dodi et. al; 2012).
Em relação à literatura citada a magnetização de saturação encontrada
neste trabalho foi um pouco menor, pois com a diminuição no tamanho das
partículas e o uso de um surfactante (Tween), pode levar a um aumento da
relação superfície-volume, o que por sua vez provoca mais desordem rotação
superfície, e consequentemente uma redução na magnetização de saturação.
94
4.9 – ATIVIDADE CATALITICA
4.9.1 – IMOBILIZAÇÃO POR LIGAÇÃO COVALENTE E ATIVIDADE
HIDROLITICA
A quitosana, assim como as enzimas, possui grupamentos amino em
sua superfície de forma que não existe afinidade química entre ambas. Então,
para imobilização de enzimas em suportes com quitosana e necessário,
inicialmente a utilização de um agente ativador que se liga a sua estrutura e
possibilita sua ligação as enzimas.
O procedimento de imobilização envolve a formação de ligações
covalentes entre amino grupos funcionais presentes na superfície do suporte e
os grupos funcionais da enzima. Numa primeira etapa, antes da imobilização,
os grupos aminos do suporte, foram modificados pelo glutaraldeido que
introduz, na superfície do suporte, agrupamentos (-COH) os quais são
susceptíveis a reações com os grupos amina nucleofilicos da lípase,
promovendo uma ligação da enzima ao suporte ativado. (Cardoso, 2009).
O ativador funciona também, como um braço que distancia a enzima do
suporte,
diminuindo
possíveis
impedimentos
estéricos
causados
pela
proximidade da enzima a superfície do suporte.
A atividade enzimática de uma enzima e uma propriedade relacionada
com sua estrutura macromolecular. Desta forma, quando uma enzima é
imobilizada em um suporte podem acontecer alterações que resultam em perda
da atividade enzimática. Estas alterações podem ser atribuídas a um conjunto
de fatores, embora na maioria das vezes de difícil quantificação, mas que
poderiam ser os argumentos para tentar compreender os resultados
observados.
Para o procedimento de imobilizacao empregou-se um carregamento
fixo das lípases Amano AK e Flip Br por grama de suporte (Tabela 11).
O cálculo da titulação e as atividades enzimáticas das enzimas
imobilizadas nos respectivos suportes estão resumidos nas tabelas 11 e 12
respectivamente.
95
Tabela 11 – Resultados obtidos na titulação
Massa
Massa (em g
mg/ml
em 11,7 ml)
103,23
0,5
0,005
96,93
80,63
0,4
0,004
Amano AK Livre
67,83
51,53
0,45
0,005
Flip BR Livre
87,88
71,58
0,47
0,005
Residual QTS Amano AK
56,88
40,58
0,1694
0,0019
Residual QTS Flip BR
35,65
19,35
0,1016
0,0011
57,75
41,45
0,1694
0,0019
38,4
22,1
0,0677
0,0007
Ezimas
Vol.NaOH
va-vb
Amano AK Livre
119,53
Flip BR Livre
Residual-QTSEPC
Amano AK
Residual QTSEPC FlipBR
Tabela 12 - Valores das atividades enzimática das enzimas Amano
AK e Flip BR nos suportes poliméricos de partida e modificado.
Suportes para Imobilização
Atividade Enzimática (U/g)
Amano AK
Flip BR
QTS/ Fe3O4
11590
27396
QTS - EPC/ Fe3O4
25601
23973
Enzima livre
35290
34113
Os valores da atividade hidrolítica da enzima Amano AK em relação aos
suportes de QTS/ Fe3O4 e QTS - EPC/ Fe3O4 foram bastante diferentes, tendo
um elevado aumento da atividade com o suporte modificado. Tal característica
é devido a introdução da EPC, onde deve ter ocasionado mudanças na
96
morfologia superficial do polímero em relação ao caráter hidrofóbico, este
resultado foi confirmado pela realização da análise de ângulo de contato, que
constatou a mudança na hidrofilidade do suporte.
Os valores da atividade hidrolítica da enzima Flip BR em relação aos
suportes de QTS/ Fe3O4 e QTS - EPC/ Fe3O4 apresentaram uma pequena
diferença, tendo um decaimento da atividade com o suporte modificado.
Segundo Georgio e Hubbell (1993), e possível distinguir três formas de
interação que podem interferir na atividade de enzimas imobilizadas: a ligação
da enzima na matriz pode resultar em mudanças conformacionais que afetam a
função catalítica; o acesso do substrato ao sitio ativo da enzima pode ser
afetado por impedimento esterico do suporte e as propriedades do suporte
(como sua natureza hidrofílica ou hidrofóbica, ou a presença de cargas fixas)
afetam o modo de ação da enzima.
Os experimentos de imobilização realizados mostraram que os suportes
desenvolvidos, possuem potencial de imobilização, em comparação com a
atividade da enzima na sua forma livre e imobilizada, podendo então, serem
utilizados
como
biocatalisadores
em
processos
de
transesterificação
enzimática em reatores assistidos por campo eletromagnético. Já que as
microeferas
modificadas
apresentaram
uma
estrutura
consequentemente tendo uma melhor resistência mecânica.
mais
rígida,
97
CAPITULO 5 – CONCLUSÕES
A análise de infravermelho permitiu identificar a modificação introduzida
pela reticulação na estrutura da QTS pela epicloridrina através da relação de
intensidade das bandas dos agrupamentos hidroxilas a 3422 cm -1 e da banda a
1586 cm-1 devida as vibrações dos agrupamentos C-O-C.
Os resultados obtidos com auxílio das técnicas termogravimétricas e
calorimétricas corroboraram a ocorrência de uma modificação das esferas de
QTS/Fe3O4 e o impacto desta modificação na capacidade de absorção de água
das microcápsulas reticuladas (QTS-EPC/Fe3O4) em relação às microcápsulas
QTS/Fe3O4 assim como no aumento da estabilidade térmica da estrutura da
quitosana após reticulação.
Com a análise de MFA, foi possivel constatar, que com a introdução da
epicloridrina, como agente modificante, houve uma diminuição da rugosidade
na superficie dos filmes de QTS.
Os resultados obtidos a partir da análise de ângulo de contato indicou
que as modificações realizadas modificaram a hidrofilicidade do polímero
utilizado na formulação do suporte como pretendido, ou seja, fez com que o
filme modificado QTS/EPC ficasse mais quebradiço e hidrofóbico, tendo então,
uma menor capacidade de estabelecer ligações de hidrogênio ou um menor
número destes com a água, pois os grupos alvo da modificação são os grupos
hidroxila (- OH) da quitosana.
Através da análise de micrografia eletrônica de varredura podemos
comprovar a eficiência da modificação, pois e evidente perceber a modificação
para as micrografias da superfície dos suportes utilizados. A micrografia do
suporte QTS/EPC apresentou uma superfície mais lisa, com menos rugosidade
do que o suporte QTS, isso se deve a presença de ligações entrecruzadas
proporcionada pelo reagente utilizado na modificação.
As microesferas formuladas de Quitosana/Fe3O4 e Quitosana –
EPC/Fe3O4, apresentaram um formato esferico regular (sem cauda) e tendo
uma distribuição de tamanho relativamente uniforme, possibilitando então sua
utilização em um reator de leito fluidizado, evitando assim, a formação de
caminhos preferenciais no momento da reação de transerterificação.
98
Com a analise de MFA, mostra que com a introdução da epicloridrina,
como agente modificante, há uma diminuição da rugosidade em relação a
superficie dos filmes de QTS e os filmes de QTS/EPC.
Os biocatalisadores formulados em superficies com caracteristicas
diferenciadas (hidrofilicidade e distanciamento da ligação covalente enzimasuporte) mostram um discreto efeito da natureza da imobilização sobre a
atividade hidrolítica da enzima.
99
CAPITULO 6 – RECOMENDAÇOES
6.1 – RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
Para complementação o aperfeiçoamento deste trabalho, considerando as
dificuldades encontradas, algumas propostas para estudos futuros são
sugeridas:
1. Testar os biocatalisadores magnéticos produzidos em reação de
produção
de
biodiesel
em
reatores
assistidos
por
campo
eletromagnético;
2. Caracterizar os biocatalisadores imobilizados quanto aos parâmetros
cinéticos, estabilidade térmica e capacidade de reutilização;
3. Estudos mais conclusivos devem ser realizados quantificando os moles
de enzima imobilizada;
4. Verificar a possibilidade (ou o potencial) de substituição da imobilização
de enzimas comerciais por células inteiras, produtoras de lípase
intracelular, visando a obtenção de biocatalisadores com menor custo.
100
CAPÍTULO 7 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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2010.
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Biocatalisadores magnéticos a partir de quitosana.