1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS ANNY SUELLEN TAVARES DE CARVALHO MENSURAÇÃO DOS CONTEÚDOS DE EVOLUÇÃO E GEOCIÊNCIAS EM LIVROS DIDÁTICOS DO ENSINO MÉDIO ADOTADOS PELA REDE PÚBLICA DO BRASIL. Anápolis 2014 2 ANNY SUELLEN TAVARES DE CARVALHO MENSURAÇÃO DOS CONTEÚDOS DE EVOLUÇÃO E GEOCIÊNCIAS EM LIVROS DIDÁTICOS DO ENSINO MÉDIO ADOTADOS PELA REDE PÚBLICA DO BRASIL. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Estadual de Goiás, UnUCET, como requisito parcial à obtenção do grau de Biólogo Licenciado. Orientador: Prof. Dr. Cláudio Magalhães de Almeida. Anápolis 2014 3 4 Agradecimentos Primeiramente agradeço a Deus, pois de acordo com a fé que possuo é Ele quem me concede a cada dia o dom de seguir em frente mesmo com todas as dificuldades e barreiras que encontro no dia-a-dia, é quem me capacita, rege e guarda e quem tem olhado por mim e por toda a minha família. Sou grata pela incomparável oportunidade de vivenciar e alcançar o nível superior. Em segundo, a todos os membros da minha família, os quais não mediram esforços para me apoiar psicologicamente, afetivamente e financeiramente, pelo orgulho que sentem de mim, por acreditarem que eu seria capaz e por fazer das minhas qualidades algo bem maior do que os meus inúmeros defeitos. Avós, pais, tios, irmãos e amigos que dedicaram mais do que tempo e que graças a eles, consegui chegar até onde cheguei obrigada de coração, que Deus os recompense. A todos os meus professores, em especial aos professores da Universidade Estadual de Goiás, que me proporcionaram uma graduação sem igual, pelo esforço, dedicação, paciência, críticas, broncas, e por compartilharem comigo o que possuem de mais valioso, o seu conhecimento, pela generosidade e acolhimento em diversos momentos durante o curso. Aos professores mais íntimos, meu orientador Cláudio Magalhães por todo o tempo, pela extrema paciência e contribuições para este trabalho e aos membros da minha banca, escolhidos a dedo, Pedro Oliveira e Miriam Marques que representam pra mim modelos de bons professores e destaques em suas áreas. Aos amigos, alguns distantes e aos outros que ainda mantenho contato da turma de Ciências Biológicas 2009/02, aos da turma 2010/01 que me acolheram na turma deles e consequentemente me ajudaram durantes esses anos, a minha amiga mais próxima que adquiri durante o curso, Gillienne Tavares, obrigada por estender a nossa amizade além do espaço acadêmico, por me apoiar em todas as decisões e por ter sido responsável pelas lembranças mais engraçadas e felizes durante essa fase da minha vida, e não menos importantes às minhas biólogas Maysa Almeida, Vanessa Bessa, Ruth Tavares, Sarah Barbosa, Jéssica Araújo, Jéssica Conceição e Nádia Regina. Meus sinceros agradecimentos!!! 5 Resumo Os conteúdos de Evolução e de Geociências são áreas pertencentes às Ciências Biológicas, as quais são encontradas nas unidades dos livros didáticos de Biologia do Ensino Médio. A Evolução considerada como eixo unificador para o ensino de Biologia é responsável por apresentar como ocorreram as mudanças das características de uma população ao longo do tempo, estas mudanças são geralmente explicadas pelas teorias Evolucionistas relacionadas a Charles R. Darwin - Darwinismo e ideias relacionadas à Jean-Baptiste Lamarck - Lamarckismo e evidenciadas pelos estudos relacionados a Geociências, ciência esta relacionada com os estudos do planeta e às ciências da Terra a qual abrange entre outras disciplinas a própria Biologia. O objetivo deste trabalho é analisar quantitativamente os espaços destinados aos conteúdos de Evolução e Geociências em livros didáticos do ensino médio adotados pela rede pública do Brasil, ressaltando se os tópicos sugeridos pelos Parâmetros Nacionais Curriculares são seguidos no ensino de Evolução e Geociências, qual a tendência se Lamarckismo ou Darwinismo possui maior destaque pelos autores dentro das áreas destinadas ao ensino de Evolução, e apresentar o padrão de figuras que ilustram o ensino de Geociências que estes materiais didáticos seguem. A mensuração dos espaços foi feita em porcentagem, onde a análise foi realizada pela contagem do número total de páginas em relação ao número de páginas que contém os conteúdos selecionados. Deste modo, podemos traçar um panorama da estruturação e apresentação desses conteúdos nos livros analisado. Assim, os resultados aqui apresentados podem aumentar o interesse dos estudantes pelo estudo deste tema em Biologia. Palavras - chave: Livro didático, Evolução Biológica, Conteúdos de Evolução, Conteúdos de Geociências, Ensino Médio. 6 Abstract The contents of Evolution and Geosciences are areas belonging to the biological sciences , which are found on units of biology textbooks of high school. The Evolution considered as a unifying hub for the teaching of biology is responsible to demonstrate as occurs the changes of characteristics of a population over the time , these changes are usually explained by evolutionists theories related to Charles R. Darwin and ideas related to Transformism of the Jean -Baptiste Lamarck and evidenced through studies related to geosciences, science is related to the studies of the planet and the earth sciences which covers among other subjects of science Biology. The objective of this study is to analyze quantitatively the spaces reserved to the contents of Evolution and Geosciences in textbooks adopted in righ school by the public education system in Brazil, highlighting the topics are suggested by the National Curriculum Parameters are followed in the teaching of evolution and Geosciences, what trend or Lamarckism or Darwinism has greater emphasis by the authors within the areas devoted to the teaching of evolution, and presence the pattern of figures that illustrate the teaching of Geosciences follow these didactic materials. The measurement of the spaces was taken as a percentage, where the analysis was performed by counting the total number of pages in relation to the number of pages containing content and selected. Thus, we give an overview of the structure and presentation of such content in books analyzed. Othewise, the outcomes here demonstrate can increase interest in students about the study of this topic in biology. Keywords - Keywords: Textbook , Biological Evolution , Evolution contents , Contents of Geosciences , High School. 7 LISTA DE FIGURAS FIGURA 1.............................................................................................................19 Número de páginas destinadas aos conteúdos de Evolução em cada um dos LDs analisados (em porcentagem). FIGURA 2.............................................................................................................21 Número de páginas destinadas a Lamarck em comparação às destinadas a Darwin. FIGURA 3............................................................................................................21 Número de páginas dos conteúdos de Geociências inseridos no ensino de Evolução. FIGURA 4............................................................................................................24 Figuras encontradas nos conteúdos de Geociências no Livro “A”. FIGURA 5............................................................................................................25 Figuras encontradas nos conteúdos de Geociências no Livro “B”. FIGURA 6............................................................................................................25 Figuras encontradas nos conteúdos de Geociências no Livro “C”. FIGURA 7............................................................................................................26 Figuras encontradas nos conteúdos de Geociências no Livro “D”. FIGURA 8............................................................................................................26 Figuras encontradas nos conteúdos de Geociências no Livro “E”. FIGURA 9............................................................................................................27 Figuras encontradas nos conteúdos de Geociências no Livro “F”. FIGURA 10..........................................................................................................27 Figuras encontradas nos conteúdos de Geociências no Livro “G”. FIGURA 11..........................................................................................................28 Número de figuras relacionadas a Geociências contidas no ensino de Evolução 8 LISTA DE TABELAS TABELA 1..............................................................................................................17 Fonte: PNLEM/2007, (BRASIL, 2006a). TABELA 2..............................................................................................................22 Fonte: Resultados obtidos através dos tópicos sugeridos pelos PCNs. 9 LISTA DE ABREVIATURAS LD – Livro Didático LDs – Livros Didáticos MEC – Ministério da Educação PCNEM – Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio PCNs – Parâmetros Curriculares Nacionais PNDL – Programa Nacional do Livro Didático 10 SUMÁRIO INTRODUÇÃO.................................................................................................11 OBJETIVOS......................................................................................................16 Objetivo Geral.....................................................................................................16 Objetivos Específicos..........................................................................................16 MATERIAL E MÉTODOS.............................................................................16 RESULTADOS E DISCUSSÃO.....................................................................18 CONCLUSÃO..................................................................................................29 REFERÊNCIAS..............................................................................................31 11 INTRODUÇÃO A educação é um instrumento da cidadania, ela é o primeiro investimento tecnológico que a sociedade executa sobre o indivíduo (PIAGET, 1987), esta educação ocorre geralmente pelo ensino formal praticado na escola, e também através dos espaços não formais de educação. A educação formal no ambiente escolar assume como principal objetivo oferecer as melhores condições para que este processo educativo tenha um bom desenvolvimento e aplicação, nesse contexto surge a importância do livro didático (LD) como importante recurso neste processo (DIAS, 2009) em auxílio à educação formal e ao processo de ensino/aprendizagem. “O Livro Didático (LD) nasce com a escola e em todas as sociedades ele é o principal veículo de informações dos conteúdos a serem ensinados” (SOARES, 2001). No campo da educação, o LD é o controlador do currículo (SOUSA; OLIVEIRA; SANTOS, 2011), bastante utilizado como roteiro para o professor e alunos em sala de aula ou em casa durante todo o ano letivo (ZAMBERLAN; SILVA, 2012) estes são de extrema importância para a organização curricular e para a prática pedagógica dos professores, representando em muitos casos o único material de apoio didático disponível para o uso dos alunos principalmente de escola pública, portanto eles estabelecem as condições que favorecem a aprendizagem dentro e fora da sala de aula (VASCONCELO; SOUTO, 2003; DIAS, 2009). Por ser uma ferramenta que contém o conhecimento científico a ser transposto ao conhecimento escolar, e as suas demais funções, o LD é bastante utilizado para preparação das aulas, já que os professores tomam o seu conteúdo científico como um padrão do que deve ser ensinado (ARAÚJO; PORPINO, 2010). Utilizando o livro didático como principal ferramenta de trabalho para os professores, que justificam que os conteúdos se apresentam de forma simplificada e numa sequência já organizada de apresentação dos assuntos, portanto facilitam tempo de preparação das aulas (SILVA; TRIVELATO, 1999). O livro didático é fundamental e de extrema importância do no âmbito escolar tanto para alunos, quanto para professores, porém, a sua utilização gera algumas discussões. Os livros de Ciências e de Biologia e os das demais áreas encontram obstáculos (aspectos negativos) para sua utilização na prática deste processo de educação, tais como: o distanciamento da linguagem científica e o cotidiano dos alunos, a desatualização dos professores que ao utilizarem apenas o livro didático não buscam novas fontes de informações para o planejamento, pela presença de erros conceituais que são perpetuados nos livros e no ensino por parte dos professores e falta de contextualização dos conteúdos neles contidos. 12 Deste modo, a ocorrência destes aspectos negativos enfatiza a necessidade destes materiais que são a principal fonte do cenário que caracteriza o ensino formal, serem periodicamente avaliados, a fim de que esses materiais sejam isentos de aspectos que comprometam sua qualidade e que consequentemente estes erros não sejam perpetuados. E por se tratar de uma ciência dinâmica deve ser frequentemente renovada. (ARAÚJO; PORPINO, 2010). De acordo com o trabalho realizado por Bizzo, (2002): um importante passo na direção de uma avaliação criteriosa do livro didático, foi sem dúvida, a implementação do Programa Nacional do Livro Didático, pelo Ministério da Educação em 1985, visando coordenar a aquisição e distribuição gratuita de livros didáticos aos alunos das escolas públicas brasileiras. A partir de 1995 o Programa Nacional do Livro Didático (PNDL) passar a realizar também a análise e avaliação pedagógica dos livros a serem adquiridos e distribuídos pelo Ministério, excluindo aqueles que não atendessem aos objetivos educacionais propostos. Estas avaliações realizadas pelos programas do governo possibilitaram um maior conhecimento do tipo de material que seria adotado pelas escolas. Estas avaliações por meio das análises dos conteúdos consistem e devem ser realizadas a favor da realidade das relações entre o aluno/professor/conteúdo, em conjunto com as orientações apresentadas nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) (XAVIER et al., 2006). Além das analises do livro didático que ocorrem por meio das avaliações dos programas do governo, tem-se realizado estudos que analisam os conteúdos em livros didáticos, e estes trabalhos são de extrema importância, pois tem como principal objetivo auxiliar através dos seus resultados que erros conceituais e metodológicos não sejam repassados nas próximas publicações, objetivo dos trabalhos desenvolvidos por (VASCONCELOS; SOUTO, 2003), (DIAS, 2009) e (BATISTA; CUNHA, 2009) entre outros. No Brasil, os livros didáticos de Biologia utilizados no Ensino Médio, adotados pela rede pública, assim como os de várias outras disciplinas são de volume único ou se apresentam em forma de coleção (ZAMBERLAN; SILVA, 2012). A lista com o resultado dos livros recomentados a serem adotados é divulgada pela “avaliação do Livro Didático do Componente Curricular de Biologia, realizadas no âmbito do Programa Nacional do Livro para o Ensino Médio” (BRASIL, 2006a). 13 O Ministério da Educação (MEC) em 1999, através dos Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio (PCNEM) postula que “o ensino de Biologia deve ser sintetizado e estruturado nos conteúdos que possibilitem a aprendizagem em temas relacionados à vida na Terra e origem da vida” (BRASIL, 2006b). Assim a evolução biológica por ser um tema unificador da Biologia, deve oferecer condições para a compreensão tanto dos demais conteúdos, quanto os das ideias evolucionistas, ressaltando a necessidade de uma organização destes conteúdos e uma contextualização que favoreça o pensamento científico para subsidiar o entendimento da origem de todas as espécies de seres vivos, estudo central das Ciências Biológicas (MEYER; EL-HANI, 2005). A Evolução é uma área das Ciências Biológicas, considerada como eixo unificador para o ensino de Biologia (AlMEIDA; FALCÃO, 2010), por sua vez a biologia evolutiva, através da teoria da evolução é responsável por abordar os temas referentes de como ocorreram e ocorrem os processos evolutivos em todos os reinos dos seres vivos, e a grande biodiversidade existente ao longo do tempo (PAULA, 2002). Entre os demais conteúdos abordados em Livros Didáticos (LDs) no Ensino Médio este tema é de extrema relevância, como enfatizado no relatório da Academia Nacional de Ciência dos Estados Unidos, por ser considerado o aspecto chave para a compreensão dos seres vivos. (FUTUYMA, 2002). Segundo os fundamentos dos PCNs os materiais didáticos de Biologia do Ensino Médio devem abordar (DIAS, 2009): As teorias e experiências sobre a origem da vida, que se referem ao contexto histórico das primeiras concepções, teorias, conceitos e ideias até os experimentos científicos propostos para explicar a origem da vida na terra (DAMINELI; DAMINELI, 2007); As teorias da evolução, as quais se referem ao conjunto de afirmações a respeito dos saberes dos processos da Evolução tidos como causadores da história dos eventos evolutivos (ALBERT, 2002); O Fixismo, que pregava a fixidez das espécies, ou seja, a imutabilidade onde as variedades não mudam porque foram criadas em sua forma perfeita por um Criador e, portanto não necessitavam de mudanças posteriores (VALVA; FILHO, 1998); O Evolucionismo, composto pelas descobertas de Darwin, os quais abordam: a existência da Evolução evidenciada pelo registro fóssil e outros aspectos, o gradualismo, que comprova que a Evolução não ocorre em saltos, à constatação de um ancestral comum observado após sua viagem no Beagle, à multiplicação das espécies e 14 pela seleção natural, o qual apresentou o mecanismo pelo qual a Evolução ocorre (CARVALHO, 2009). O Lamarckismo, de Jean-Baptiste Antonie de Monet de Lamarck (1744 – 1829) que desenvolveu a sua teoria transformista em diversas obras ao longo do tempo, por meio dos seus estudos ficou conhecido como o fundador do transformismo. Em 1809, na obra Philophie zoologique (Filosofia zoológica), propôs a sua teoria evolucionista que ficou conhecida com lamarckismo, nesta, ele propunha através de “leis” explicar a evolução dos seres vivos, por meio da lei do uso e desuso os seres vivos se modificavam pela alta frequência do uso de algumas partes do corpo do que de outras, assim as partes mais utilizadas iriam se desenvolver enquanto que as menos utilizadas iriam atrofiar ou até mesmo desaparecer, devido a falta de uso, e por meio da herança dos caracteres adquiridos, as características modificadas através do uso e desuso, seriam adquiridas pela descendência (FONSECA, 2012). Estas ideias incorporavam noções de como os órgãos ou partes do organismo eram modificadas e como estas modificações poderiam ser herdadas desde que fossem comuns a ambos os sexos. Baseado nestas concepções Lamarck afirmava que as espécies seriam capazes de se adaptar as pressões seletivas realizadas pelo meio (ALMEIDA, 2010). O Darwinismo, de Charles R. Darwin (1809-1882) que explicava a evolução biológica por meio da seleção natural e pela sobrevivência dos mais aptos e a luta pela existência, ou seja, por meio da seleção natural. A cada geração muitos indivíduos morrem sem deixar descendente, porém, os que sobrevivem se reproduzem, estes são os organismos mais adaptados às condições ambientais (mecanismo conhecido com seleção natural). Assim, os sobreviventes se reproduzem, transmitindo, desta forma, à descendência as características relacionadas a essa adaptação. Com estas observações Darwin concluiu que havia uma luta pela existência, da qual só sobreviveriam os mais aptos (ALMEIDA, 2010). Em 1859 com a publicação de “On the Origins of Species by Means of Natural Selection” (A origem das espécies por meio da Seleção Natural), Darwin documentou suas observações, dentre elas que os 15 organismos são aparentados uns com ou outros e que as novas formas são originadas de um organismo pré-existente (MEYER; EL-HANI 2007). Darwin ao dedicar-se aos estudos da origem das espécies observou as afinidades mútuas dos seres organizados, suas relações embriológicas, sua distribuição geográfica, sua sucessão geológica, então concluiu que as espécies não foram criadas independente umas das outras, mas que, como as variedades, derivam de outras espécies (DARWIN, 1842). A fundamentação da teoria da evolução ocorreu a partir das hipóteses de que todos os seres vivos são descendentes de um ancestral em comum e que o aparecimento de novos organismos se deve a modificações ocorridas nos tipos ancestrais (FONSECA, 2012). Conclui-se, então, que “a teoria da evolução baseia-se na suposição de ancestralidade comum e na descendência com modificação” (GIBSON, 2002). O mutacionismo, considerado como mecanismo para a Evolução o qual aumenta a variabilidade genética das populações (VALVA; FIHO, 1998); A Teoria Sintética Moderna da Evolução, A Teoria da Evolução atualmente denominada Teoria Moderna da Evolução, ou Teoria Sintética, ou Neodarwinismo, representa a junção dos mecanismos evolutivos comprovados pelos conhecimentos biológicos do momento, a mutação gênica, a recombinação gênica e a seleção natural (OLIVEIRA, 1998). O estudo dos fósseis, que é a base para o entendimento das relações evolucionárias entre os organismos. (CARVALHO, 2004); Das estruturas homólogas, que constituem um argumento favorável que indica que órgãos com a mesma origem embrionária, podem exercer funções semelhantes ou não; das estruturas análogas que desempenham funções semelhantes, embora a origem seja diferente. E órgãos vestigiais, observado pela existência de órgãos que se mostram desenvolvidos e funcionais em alguns grupos de animais, enquanto que em outros grupos, eles aparecem atrofiados (PAULINO, 1998). Estes conteúdos de evidências evolutivas são relacionados à Geociências, que por sua vez é a ciência que caracteriza e estuda os conhecimentos da Terra. A relação do ensino de Geociências e o ensino de Biologia, “está na abordagem sistêmica do planeta” (FRODEMAM, 2001) o estudo dessa área é feito de modo interpretativo, analisando as marcas, vestígios para então corroborar os acontecimentos ocorridos e a relação que existe 16 entre o homem e a natureza (GONÇALVES, 2005). Os quais são tratados principalmente dentro do tema Evolução (ARAÚJO; PORPINO, 2010). OBJETIVOS Objetivo Geral O objetivo geral deste trabalho é mensurar, em porcentagem, os espaços destinados aos conteúdos de Evolução e Geociências nos livros didáticos do Ensino Médio adotados pela rede pública do Brasil. Objetivos Específicos Os objetivos específicos são: i- Apontar se os tópicos dos conteúdos dentro do ensino de Evolução determinados pelos PCNs para o Ensino Médio estão presentes nos livros didáticos; ii- Identificar qual a tendência: se Transformista – Lamarck ou Darwinista - Darwin possui maior destaque pelos autores dentro das áreas destinadas a Evolução; iii- Verificar se os tópicos dos conteúdos de Geociências estão inseridos no ensino de Evolução nos materiais analisados; iv- Apresentar a quantidade de figuras existentes nos tópicos dos conteúdos de Geociências nesses materiais, e verificar se há um padrão na ocorrência destas figuras relacionadas a Geociências no ensino de Evolução. MATERIAL E MÉTODOS Esse estudo consiste numa análise bibliográfica, em que os dados foram tratados quantitativamente. A amostra do estudo foi constituída por 7 (sete) livros didáticos de Biologia, entre os recomendados pelo Programa Nacional do Livro para o Ensino Médio – PNLEM/2007, (BRASIL, 2006a), adotados pela rede pública do Brasil, como mostra a tabela abaixo (Tabela 1). As coleções utilizadas são de livros publicados em volume único, destinados às três séries do Ensino Médio. Nesta pesquisa, a quantificação da porcentagem dos conteúdos de Evolução nos livros analisados seguiu o método semelhante ao utilizado por Beneti, et al, (2009). “Nesse método a porcentagem de abordagem do conteúdo específico é quantificada através da relação feita entre o número de páginas referentes ao conteúdo analisado e o número total de páginas do livro” (por regra de três simples) em porcentagem. 17 Outros trabalhos que executam a análise e mensuração de conteúdos em livros didáticos foram utilizados, como por exemplo, o trabalho de (DIAS, 2009), (ALMEIDA; FALCÃO, 2010). Não foram utilizadas as técnicas as quais esses autores utilizaram para realizar a análise de conteúdos, porque a técnica não foi descrita na metodologia. Tabela 1 - Lista dos livros didáticos de Biologia. Livros Autor (es) Editora/Ano de Publicação A - Fundamentos da Martho G.R, Amabis J.M Moderna/2006 Biologia Moderna B - Biologia: Coleção Crozetta M.A.S, Lago S.R, IBEP/2005 Vitória-Régia Adolfo A C – Biologia Favaretto JA, Mercadante C Moderna/1999 D - Biologia Laurence, J Nova Geração/2005 E – Biologia Linhares, S; Ática/2005 Gewandsznajder, F F - Biologia G – Biologia Essencial Paulino, WR Lopes, S Ática/1998 Saraiva/2003 Fonte: PNLEM/2007, (BRASIL, 2006a). Na mensuração do espaço total que cada livro destina aos conteúdos de Evolução e Geociências, foram contadas todas as páginas dedicadas ao tema Evolução em relação ao número total de páginas de cada livro, considerando as páginas que apresentam o tema e exercícios, e excluindo as páginas do sumário, bibliografia e gabaritos. Para apontar se os tópicos dos conteúdos dentro do ensino de Evolução no Ensino Médio estão presentes ou não nos livros didáticos analisados, buscou-se em cada exemplar os temas determinados pelos PCNs, dentre eles: as teorias sobre a origem da vida, as teorias da evolução levando em conta o fixismo e o evolucionismo, Lamarckismo, Darwnismo, o mutacionismo e a teoria sintética (tópicos estes, com seus conceitos descritos anteriormente). Mesmo critério adotado para identificar qual a tendência se Lamarckista – Lamarck ou 18 Darwinista – Darwin possui maior destaque pelos autores dentro das áreas destinadas a Evolução, além das páginas já citadas para exclusão, também foram excetuadas as páginas de exercícios, devido à relação dos tópicos nos exercícios serem apenas do nome e não do conteúdo em si. Na apresentação dos tópicos dos conteúdos de Geociências, os quais são inseridos dentro do ensino de Evolução, foram analisados os temas que possuem presença obrigatória de acordo com os PCNs como: o estudo dos fósseis, estruturas homólogas, análogas e vestigiais (tópicos estes, com seus conceitos descritos anteriormente), excetuando-se as páginas de exercícios. Por fim, no levantamento da quantidade de figuras existentes nos tópicos dos conteúdos de Geociências nesses materiais, buscou-se comparar as figuras presentes em cada um destes, a fim de apontar se há um padrão destas nos livros didáticos analisados dentro dos tópicos de Geociências inseridos no ensino de Evolução, as quais páginas de exercícios não fizeram parte da contagem. Os critérios adotados nessa revisão bibliográfica buscou através da mensuração levantar dados da quantidade dos conteúdos nos LDs por meio da verificação da presença dos conteúdos relacionados ao tema Evolução. Com estes resultados poderemos inferir aspectos relacionados à qualidade dos conteúdos de cada material, porém, mesmo apresentando estes aspectos qualitativos, o objetivo central do trabalho é relacionar o quanto que os resultados obtidos contribuem para apresentar a ênfase e importância que cada autor destina ao tema Evolução dentro do livro didático. RESULTADOS E DISCUSSÃO O espaço destinado aos conteúdos de Evolução em cada um dos livros didáticos do Ensino Médio adotados pela rede pública do Brasil, levando em consideração que a soma de todas as páginas dos 07 livros didáticos de Biologia analisados é de 3.731 páginas, e que número de páginas destinadas aos conteúdos de Evolução é de 252 páginas, o espaço ocupado pelo tema Evolução é de aproximadamente 6,75% do total. Nos LDs selecionados a porcentagem da presença dos conteúdos analisados nos materiais não ultrapassa 8,94%, sendo que o livro que menos destina espaço a estes conteúdos ocupou aproximadamente 5,26% do espaço total do livro. (Figura 1). 19 Nº de págs. dos conteúdos de Evolução em % 10 9 8,94% 8 6,97% 7 6,57% 6,75% 6,17% 5,61% 6 5,26% 5 Nº de págs dos conteúdos de Evolução em % 4 3 2 1 0 A B C D E F G Livros didáticos Figura 1- Número de páginas destinadas aos conteúdos de Evolução em cada um dos LDs analisados (em porcentagem). Destacando que o livro “A” (8,94%) é o que possui a maior quantidade de páginas em que o conteúdo é abordado, já os livros “B”, “C”, “D” e “G” possuem em média o mesmo número de paginas destinado a esse tema (6,17 – 6,97%), no entanto, embora não sejam os livros com menos páginas no total, os livros “E” e “F” (5,61 – 5,26%, respectivamente) em porcentagem, são os que menos apresentam o tema. Com estes resultados, podemos inferir que o livro “A” de Amabis e Martho (2006) confere mais importância ao tema selecionado, se comparado ao material “F” de Paulino (1998), por exemplo, já que quanto maior a quantidade de páginas destinadas a um determinado assunto reflete o grau de importância do tema que o autor da à obra (ROCHA SILVA; LETA, 2006). Esse destaque deve-se em parte ao fato que o autor aborda conteúdos a mais do que os tópicos sugeridos pelos PCNsou seja, é a obra mais completa dentre os livros analisados. Buscando analisar os temas relacionados à Evolução, em geral todos os LDs seguem uma mesma sequência ao apresentar os tópicos, com pequenas variações, como o número e nome do capítulo e unidades em que estes temas são apresentados entre eles. Geralmente iniciam com uma introdução quanto ao estudo de Biologia, seguidos por citologia, histologia, o estudo dos seres vivos, fisiologia, genética e por fim evolução e ecologia (CICILLINI, 1991). 20 Neste sentido surge uma crítica quanto à organização sequencial dos conteúdos, já que o tópico Evolução apesar de ser um tema de extrema importância para o ensino de Biologia ao ser apresentado no final do conteúdo programativo muitas vezes não dá tempo de ser trabalhado todo o conteúdo, por ser considerado como um tema polêmico, esta estrutura sugere uma forma camuflada para justificar a não abordagem em sala de aula (CICILLINI, 1993), (TINDON; LEWONTIN, 2004). Desta forma percebe-se a necessidade de relacionar os conteúdos de Evolução com os demais capítulos existentes no ensino de Biologia, realizando esta ligação este tema seria trabalhado de forma mais adequada minimizando esta deficiência no ensino de Evolução. Além disso, é um tema que muitas vezes entra em confronto com as concepções religiosas dos alunos e dos próprios professores, o que torna essa abordagem ainda mais complexa, sendo assim, o professor deve ser licenciado na disciplina específica da sua área de atuação, pois possuirá um maior conhecimento e domínio dos conteúdos e saberá adequar suas metodologias de ensino, pois foi capacitado para isso e terá autoridade para trabalhar os diversos tipos de assuntos referentes à sua disciplina. Outro fator que contribui é a negligência com que estes conteúdos são ministrados, com essa apresentação ao final do LD, o professor por vezes vê a necessidade de fragmentar os conteúdos, com isto enfatizam mais a memorização do que a real compreensão do que está sendo ensinado, o que pode favorecer um desinteresse do aluno pelo conhecimento científico, pois não conseguem estabelecer um elo entre os conceitos, conteúdos e explicações com a realidade da natureza (SELLES; FERREIRA, 2005), (PEDRACINI, et al, 2007). Esta apresentação de forma resumida dos conteúdos nos LD demonstra uma tendência elitista no Ensino Médio, que visa preparar alunos que em grande maioria irão após a conclusão desta fase, procurar ingressar no ensino superior (NETO, 2010). A análise comparativa entre o Lamarckismo - Lamarck e o Darwinismo - Darwin, aponta que todos os autores destinam um maior espaço a Darwin e sua teoria de evolução em relação aos estudos de Lamarck que possui um espaço menor nos LDs. Segundo os dados obtidos, todos os autores dos LDs destacam Darwin e seus estudos e, portanto em suas obras destinam um maior espaço a ele, destacando-se os LDs “D” de Laurence (2005) e “E” de (2005). Observa-se que o espaço destinado a Lamarck e seus estudos não alcançam 1% (um por cento) do total em nenhum dos livros e o material que mais dedica espaço a Lamarck é o livro “F” de Paulino (1998). (Figura 2). 21 Nº de págs. destinadas a Lamarck X Darwin em % 1,6 1,4 1,2 1 0,29; 1,29% 0,29; 1,16% 0,36; 1,44% 0,78; 0,5; 1% 0;90% 0,57; 0,85% 0,11; 0,83% 0,8 0,6 % de págs destinadas a Lamarck/Transformismo % de págs. Destinadas Darwin/Evolucionismo/Neodar winismo 0,4 0,2 0 A B C D E F G Livros Figura 2: Número de páginas destinadas a Lamarck em comparação as destinadas a Darwin. Essa discrepância observada nos espaços destinados a Lamarck X Darwin deve-se a uma visão superficial dos acontecimentos onde o Lamarckismo nos LDs é relacionado com uma “hipótese” rodeada de erros, o qual sugere que Lamarck não possuiu nenhum embasamento experimental e que não conseguiu provar como se dava a transmissão dos caracteres adquiridos, sendo considerado como um teórico especulador, enquanto que apresentam Darwin como modelo na aplicação do método científico, o qual através da seleção natural provou a sua teoria de evolução (ALMEIDA; FALCÃO, 2005). Já era esperado que a teoria de Darwin possuísse uma ocupação maior de espaço nos LDs, segundo Fonseca (2012) por ser considerado como o evolucionista responsável pela criação de uma teoria que fundamentaria toda a biologia contemporânea. Cabe ao professor em sala de aula abordar o tema além do livro didático, buscando apresentar os pontos positivos e negativos de Lamarck e Darwin de forma coerente e correta, já que geralmente os autores dos LDs apresentam uma preferência à teoria de Darwin, muitas vezes sem apresentar nenhuma crítica. Em sua maioria os LDs não apresentam uma contextualização histórica dos períodos em que os estudos de ambos foram realizados, a relação com as pesquisas que contribuíram com as suas, a realidade social da época, entre outros fatores (NETO, 2010), implicações que favoreceriam um real entendimento do perfil de cada um dos naturalistas. 22 Os conteúdos selecionados referentes a Geociências para o ensino de Evolução estão presentes em todos os LDs estudados, (Tabela 2). Tabela 2: Conteúdos de Geociências inseridos no Ensino de Evolução, segundo os PCNs. Livros/Conteúdos A de Geociências Evidências da + Evolução B C D E F G + + + + + + Estudo dos Fósseis + + + + + + + Estruturas Homólogas + + + + + + + Estruturas Análogas + + + + + + + Órgãos Vestigiais + + + + + + + Fonte: Resultados obtidos através dos tópicos sugeridos pelos PCNs. Os conteúdos de Geociências ocupam um espaço de 1,15% do total. Considerando o número total de páginas de todos os livros que é 3.731, e a soma das páginas dos conteúdos de Geociências inseridos no ensino de Evolução é de 43 paginas. A porcentagem do número de páginas destinadas aos conteúdos de Geociências em cada um dos livros oscila entre 0,36 – 2,38%, (Figura 3). Nº de páginas de Conteúdos de Geociências em % 3 2,5 2,38% 2 1,5 1,16% 1% 1% 1 Nº de páginas de Conteúdos de Geociências em % 0,85% 0,54% 0,5 0,36 0 A B C D E F G Livros Figura 3: Número de páginas dos conteúdos de Geociências inseridos no ensino de Evolução. 23 O destaque do livro “A” de Amabis; Martho (2006) deve-se ao fato já mencionado que nesta obra o autor aborda uma quantidade maior de assuntos referentes ao tema (como: Documentário fóssil mostrando todas as etapas de fossilização, e no capítulo referente à Origem da Vida apresenta a origem dos grandes grupos de seres vivos, a divisão do tempo geológico, a vida nas diferentes eras geológicas, e uma maior abordagem quanto à evolução e ancestralidade humana). Enquanto que os demais livros não abordam mais do que os tópicos de evidências da evolução, homologia e analogia, órgãos vestigiais, não aprofundando ou nem mesmo mencionando esses assuntos pertinentes a estes conteúdos, nos capítulos do ensino de Evolução. Nas demais obras este espaço não ocupa mais do que 7 páginas o que não ultrapassa mais do que 1,16% (um por cento) do total, considerando que Geociências possui características de uma disciplina interdisciplinar e de extrema importância para a relação do ser humano com a dinâmica do meio natural (BATISTA; CUNHA, 2009). Observamos que sua abordagem no ensino de Evolução é escassa, e dada a sua importância no contexto educacional, já que objetiva descobrir e explicar às leis e fenômenos que estão diretamentes ligados a evolução do planeta e consequentemente as relacionadas às condições que permitiram a evolução biológica, estes conteúdos deveriam possuir uma maior área de destinação. Segundo o MEC, alguns livros didáticos do ensino médio apresentam-se com os conteúdos bastante reduzidos, e com transposições simplificadas da realidade destes conteúdos, por fragmentações, ou conceitos distorcidos ou descritos de formar errada, sendo assim, o real entendimento é comprometido (BRASIL, 2003). Já que o MEC por meio das avaliações realizadas tem verificado tais distorções, cabe a órgãos competentes em conjunto com o Programa Nacional do Livro Didático para o Ensino Médio adotar medidas em para que os livros que possuem essas características sejam excluídos da lista dos livros sugeridos para adoção. Todas as obras contêm figuras que ilustram os conteúdos de Geociências. Cabe ressaltar que as figuras encontradas nos LDs analisados possuem um caráter ilustrativo e sua relação é de exemplificação do conteúdo escrito. 24 As figuras encontradas em cada um dos livros são: (Figuras 4 – 10). Livro “A” – Amabis, Martho (2006). Figura 4 – Figuras encontradas nos conteúdos de Geociências no Livro “A”. 25 Livro “B” – Crozetta; Lago; Adolfo, 2005. Figura 5 – Figuras encontradas nos conteúdos de Geociências no Livro “B”. Livro “C” – Favaretto, Mercadante, 1999. Figura 6 – Figuras encontradas nos conteúdos de Geociências no Livro “C”. 26 Livro “D” – Laurence; 2005. Figura 7– Figuras encontradas nos conteúdos de Geociências no Livro “D”. Livro”E” – Linhares; Gewandsznajder, 2005. Figura 8 – Figuras encontradas nos conteúdos de Geociências no Livro “E”. 27 Livro “F” - Paulino, 1998. Figura 9 – Figuras encontradas nos conteúdos de Geociências no Livro “F” Livro “G” – Lopes, 2003. Figura 10 – Figuras encontradas nos conteúdos de Geociências no Livro “G”. 28 Sendo que as figuras mais recorrentes são: exemplo de homologia entre os membros anteriores dos mamíferos, asa de inseto e asa de ave para analogia, apêndice vermiforme para órgãos vestigiais. A ilustração de fósseis ocorre de forma mais diversificada, e com um número maior de figuras o que conferiu a diferença na porcentagem de figuras encontradas. Figura 11. Também na sequencia dos conteúdos de Geociências há ocorrência de figuras não relacionadas ao tema. Nº de figuras relacionadas a Geociêcias contidas no ensino de Evolução 18 16 14 12 10 Nº de figuras relacionadas a Geociêcias contidas no ensino de Evolução 8 6 4 2 0 A B C D E F G Livros Figura 11 - Número de figuras relacionadas a Geociências contidas no ensino de Evolução. Os livros com anos de publicação mais antigos o LD “C” de Favaretto; Mercadante (1999) e “F” de Paulino (1998), foram os livros que apresentaram menos ilustrações nos espaços destinados a Geociências. Já os LDs “D”, “E”, “G” apresentam a mesma quantidade de figuras ilustrando seu conteúdo, enquanto que o LD “A” e “B” são os que mais utilizam deste recurso. De acordo com isto podemos inferir que pela pouca utilização de ilustração na abordagem dos conteúdos, os autores das obras mais antigas não conferiram tanta importância a estes tópicos, abrindo mão de recursos que beneficiam potencialmente a transmissão de conceitos, dos processos e as relações entre as ilustrações e conteúdo, considerado muitas vezes como algo mais eficaz do que a própria linguagem verbal (MENDONÇA; FILHO; TOMAZELLO, 2002). 29 O estudo de Biologia possui conteúdos mais abstratos, com isso o uso de figuras para ilustrar esses conteúdos são requisitos indispensáveis, pois conferem um suporte a mais para o entendimento da disciplina (ROCHA SILVA; LETA, 2006). A Biologia é uma ciência rica em estruturas e processos, altamente dependentes de imagens que propiciem um entendimento maior do conteúdo/escrito, tais imagens inseridas nos conteúdos são facilitadoras e beneficiam o processo de ensino/aprendizagem, conferindo sentido ao conceito, essa ilustração pode ser por meio de fotografia, gravura ou esquemas, tornado o ensino de Ciências mais ligado ao visual (MARTINS, 1997). Porém, ela sozinha não garante obrigatoriamente o entendimento do conceito, mas estimula os sentidos (CARNEIRO, 1997). Objetivando ilustrar os conteúdos, ela também ajuda na agradabilidade da página, onde há textos muito grandes, ela serve para quebrar o ritmo cansativo da leitura, despertando o interesse por novas leituras e despertando o prazer visual (BELMIRO, 2000). CONSLUSÃO Mesmo o presente trabalho tratando-se de uma análise quantitativa é possível inferir que existe uma relação da quantidade de espaços destinados aos conteúdos de Evolução e Geociências em cada um dos livros analisados com um baixo grau de satisfação que estes materiais possuem. Embora um ou outro autor aborde mais ou menos conteúdos e utilize mais ou menos figuras, em média a quantidade de páginas destinadas ao tema Evolução, é semelhante nos livros didáticos adotados pela rede pública do Brasil. Os resultados deste trabalho nos permitem afirmar a presença de todos os conteúdos sugeridos pelos PCNs, nos LDs analisados. Porém, mesmo apresentando todos os tópicos verificamos a necessidade de uma contextualização maior destes conteúdos, uma vez que, o espaço destinado a este tema é pequeno, levando em conta o tamanho total de cada livro e considerando que a Evolução é um tema central e que rege todo o ensino de Ciências Biológicas. Quanto à dicotomia entre Lamarck e Darwin a diferença de espaços destinados a cada um é perceptível, como já mencionado o enfoque da teoria de Darwin é mais significativa, com mais detalhes, bem mais ilustrada e servindo de exemplo de cientista, enquanto que o espaço destinado a Lamarck é bem menor, e este último apresentado como teórico especulativo. 30 Mesmo com reducionismos os conteúdos de Geociências estão presentes em todos os materiais analisados, assim como os tópicos utilizados para verificar a ocorrência do tema Evolução. Levando em conta o número de páginas destinadas a este conteúdo e a quantidade de figuras, não houve uma diferença significativa entre esses dois aspectos, demonstrando no geral uma lógica entre conteúdo e ilustração, principalmente em figuras relacionadas aos estudos dos fósseis. Observa-se então que estes LDs dão importância a este elemento ilustrativo do conteúdo, o que no ensino de Biologia é bastante válido, facilitando a aprendizagem dos alunos. Ao final desta pesquisa, fica claro a importância dos livros didáticos para as diversas áreas de conhecimento, bem como a necessidade dos conteúdos serem repletos de informações que favoreçam a relação do conteúdo científico e da aplicação destes no cotidiano dos alunos e que seja também uma ferramenta de qualidade para os professores. Para que isso seja possível deve ser isento de quaisquer preconceitos, analisados com rigidez e de forma crítica, principalmente os livros de Biologia, que por ser uma ciência que vive em constantes modificações, necessitam que os conteúdos utilizados para o ensino desta área sejam constantemente corrigidos, substituídos e atualizados. Quanto ao ensino de Evolução é mais uma vez evidenciado o fato deste conteúdo não ser apenas um a tópico a mais do conteúdo programativo no ensino de Biologia, pois é o tema funciona como um tema unificador e fundamental nas concepções teóricas para aprendizado das Ciências Biológicas. 31 Referências Bibliográficas ALBERT, F.B., et al. Evolução, Ciência e Sociedade. Sociedade Brasileira de Genética, São Paulo, pág. 9, set. 2002. ALMEIDA, A. V.; DA ROCHA FALCÃO, J. T. A estrutura histórico-conceitual dos programas de pesquisa de Darwin e Lamarck e sua transposição para o ambiente escolar. Ciência & Educação, v. 11, n. 1, p. 17-32, 2005. ALMEIDA, A. V. A estrutura histórico-conceitual dos programas de pesquisa de Lamarck e Darwin e os processos de conceitualização da Biologia evolutiva. 2007. 278f. Tese (Doutorado em Psicologia Cognitiva) - Pós-Graduação em Psicologia Cognitiva, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2007. ALMEIDA, A.V. 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