FUNDAÇÃO EVANGELIZAÇÃO E CULTURAS Projecto + Escola Relatório de avaliação intercalar │ Setembro 2007 – Agosto 2008 «O nosso futuro comum será próspero na medida em que investirmos maciçamente na educação e na formação dos Guineenses, que se desejam de qualidade.» in Programa do Governo da República da Guiné-Bissau, Bissau, Janeiro 2006. 1 Projecto + Escola Relatório de avaliação intercalar │ Setembro 2007 – Agosto 2008 Índice I. Introdução 3 4 6 II Resumo executivo e recomendações 7 III. 3.1 3.2 3.3 3.4 Desenvolvimentos ao nível do contexto político e programático Política sectorial Características do sector Problemas a resolver e recursos a valorizar Outras intervenções 12 12 14 15 15 IV 4.1 4.2 4.2.1 4.2.2 4.2.3 4.2.4 4.3 4.4 4.5 4.5.1 4.5.2 4.5.3 4.5.4 4.5.5 Análise do progresso realizado Análise das pré-condições e pressupostos do projecto Análise da eficiência Sobre os resultados e as actividades Recursos e orçamento Gestão e mecanismos de coordenação Análise SWOT e Boas Práticas Análise da eficácia Análise do impacto Aspectos chave de viabilidade e sustentabilidade Aceitação das autoridades locais Participação Tecnologias apropriadas Género 19 19 22 22 39 43 47 53 54 55 55 58 60 61 62 V. Bibliografia 65 VI. 6.1 6.2 6.3 6.4 Anexos 66 Quadro lógico actualizado Quadro de grupos-alvo actualizado Parecer da Secretaria de Estado da Educação da Guiné-Bissau ao Relatório Monitorização Termos de referência da missão de avaliação Lista de siglas e abreviaturas Descrição sumária do Projecto + Escola Capacidades institucionais e de gestão 2 FUNDAÇÃO EVANGELIZAÇÃO E CULTURAS Projecto + Escola Relatório de avaliação intercalar │ Setembro 2007 – Agosto 2008 Lista de siglas e abreviaturas AA CDE AFIPEL ASSOFAC ASSOFITA CDE CDF CEP CIEE COME DAG DC DE DEC DPC DRE EBE EC ESETN ETR FEC GP ICL INDE IPAD LP MC MENES ODM ONGD PAEIGB Action Aid Guiné-Bissau/ Action Aid Gâmbia Associação dos Filhos e Amigos da tabanca de Pelundo Associação dos Filhos e Amigos da tabanca de Canhobe Associação dos Filhos e Amigos da tabanca de Tame Centro de Desenvolvimento Educativo Facilitadores de Desenvolvimento Comunitário Conferência Episcopal Portuguesa Comissão Interdiocesana de Educação Comissões de Estudo (encontros de planificação) Departamento de Administração Geral da FEC Departamento de Cooperação da FEC Director de Escola Director de Escola Comunitária Departamento de Plataformas e Comunicação da FEC Direcção Regional de Educação Ensino Básico Elementar Escola Comunitária Escola Superior de Educação de Torres Novas Equipa Técnica Regional Fundação Evangelização e Culturas Gestor do Projecto + Escola Índice de Capacidade Lectiva do Projecto + Escola Instituto Nacional para o Desenvolvimento da Educação Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento Língua Portuguesa Missão Católica Ministério da Educação Nacional e do Ensino Superior Objectivos de Desenvolvimento do Milénio Organização Não Governamental para o Desenvolvimento Projecto de Apoio à Educação no Interior da Guiné-Bissau PIC PLAN GB PNUD RESEN Programa Indicativo de Cooperação Plan da Guiné-Bissau 8 (ONG internacional) Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento Relatório do Estado do Sistema Educativo Nacional (Guiné-Bissau) TF UAP UNESCO UNICEF Técnico formador do Projecto + Escola Unidade de Apoio Pedagógico Fundos das Nações Unidas para a Educação Fundo das Nações Unidas para a Infância 3 Projecto + Escola Relatório de avaliação intercalar │ Setembro 2007 – Agosto 2008 Descrição sumária do Projecto + Escola título do projecto Projecto + Escola – Capacitação de professores, directores e comunidade promotor Fundação Evangelização e Culturas (FEC) Telefone: 21.8861710│Fax: 21.8861708│ E-mail: [email protected]│www.fecongd.net Fundação Evangelização e Culturas (FEC) na Guiné-Bissau Bairro da Cooperação Portuguesa, Bairro Belém, Bissau. Telefone: 00245 6840824 E-mail: [email protected] parceiros na GuinéBissau Comissão Interdiocesana de Educação e Ensino (CIEE) das Dioceses de Bissau e Bafatá Caixa Postal 20 Telefone: +245. 251057 │Fax: +245.251058 Action Aid Guiné-Bissau Rua 5 de Julho, 30ª Caixa Postal 47 Telefone: +245 7202660/ +245 6611921 | Plan Guiné-Bissau Rua Eduardo Mondelane Caixa postal 595 Telefone: +245 202528/202544 |Fax: +245 204545 | parceiros em Portugal Escola Superior de Educação de Torres Novas (2007/2008) Entidades Instituto Nacional para o Desenvolvimento da Educação (Guiné-Bissau) colaboradoras financiadores Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento e doadores Plan Guiné-Bissau Action Aid Guiné-Bissau/The Gambia Conferência Episcopal Portuguesa Lusitânia Seguros Grupo Millenium BCP duração Localização 2007 – 2009 1º ano: Setembro 2007 – Agosto 2008 2º ano: Setembro 2008 – Agosto 2009 país: Guiné-Bissau regiões: Bafatá, Cacheu, Tombali e Quinara 4 FUNDAÇÃO EVANGELIZAÇÃO E CULTURAS Gruposalvo Objectivos, Resultados Actividades Projecto + Escola Relatório de avaliação intercalar │ Setembro 2007 – Agosto 2008 professores, directores de escola, dirigentes associativos e missionários. Objectivos gerais: e - Contribuir para a aquisição de conhecimentos e para o desenvolvimento de competências dos alunos, das escolas-alvo; - Contribuir para a redução do abandono escolar da 3ª para a 4ª classes nas escolas-alvo. Objectivo específico: Melhorar a capacidade dos professores do EBE leccionarem eficazmente os conhecimentos e desenvolverem as competências definidas nos programas de LP (1º/2ª ano de projecto), Matemática (1º ano de projecto) e Ciências Integradas (2º ano de projecto) aos alunos das escolas-alvo nas regiões de Bafatá e Cacheu. Resultado 1: Melhoria da formação de professores do EBE na docência dos programas de Língua Portuguesa (1º/2ª ano de projecto), Matemática (1º ano de projecto) e Ciências Integradas (2ª ano de projecto). Actividade 1.1: Organizar e realizar sessões de formação em Língua Portuguesa (1º/2º ano de projecto); Actividade 1.2: Organizar e realizar sessões de formação em Matemática (1º ano de projecto) / Ciências Integradas (2º ano de projecto); Actividade 1.3: Observar aulas. Resultado 2: Melhoria do apetrechamento das escolas-alvo em materiais de apoio a agentes educativos. Actividade 2.1: Adquirir e distribuir materiais escolares de apoio a professores e directores das escolas alvo do projecto; Actividade 2.2: Reproduzir e distribuir a sebenta de apoio aos professores das escolas-alvo do projecto. Resultado 3: Aumento do período de permanência em actividades escolares, lectivas e extra-lectivas, dos professores das escolas-alvo. Actividade 3.1: Organizar e realizar sessões de formação de directores de escolas-alvo em Gestão e Administração Escolar1; Actividade 3.2: Acompanhar directores/subdirectores das escolas-alvo e representantes das comunidades da região de Cacheu). Actividade 3.3: Organizar e realizar formação em Gestão e Administração Escolar com missionários responsáveis e directores das escolas privadas e de auto-gestão da Diocese de Bafatá. No caso da região de Cacheu, esta actividade destina-se igualmente a subdirectores e representantes das comunidades das escolas-alvo. 1 5 Projecto + Escola Relatório de avaliação intercalar │ Setembro 2007 – Agosto 2008 I. Introdução Este relatório tem por objectivo analisar o progresso do projecto + Escola, de maneira a comparar a intervenção planeada com o que foi realmente executado de Setembro de 2007 a Agosto de 2008, no contexto dos dois anos de projecto. A avaliação recai sobre a eficiência2, a eficácia3, o impacto4 e a sustentabilidade5 das acções realizadas. Pretende-se igualmente prestar contas aos parceiros e financiadores com quem se assumiram responsabilidades de avaliação. O relatório baseia-se na informação recolhida ao longo do primeiro ano de implementação do projecto, e particularmente na missão de monitorização (22 de Fevereiro a 7 de Março de 2008)6 e na missão de avaliação (21 a 31 de Julho de 2008). Relativamente a esta última, realizaram-se reuniões com os vários grupos de interesse, incluindo responsáveis governamentais e institucionais em Bissau e parceiros e grupos-alvo das actividades nas regiões de Bafatá, Cacheu, Quinara e Tombali. No regresso da missão a Portugal, foi igualmente recolhida informação junto do Departamento de Administração Geral e do Departamento de Plataformas e Comunicação, na sede da Fundação Evangelização e Culturas (FEC), em Lisboa. A equipa da missão de avaliação incluiu um avaliador externo na área de avaliação com experiência na área de gestão de ciclo de projectos (doravante denominado de avaliador FEC) e o gestor do projecto. Em função das regiões e das actividades, foram auscultados diferentes representantes de grupos de interesse, nomeadamente representantes dos parceiros: Diva Biai (Plan GB); Rui Ribeiro (Action Aid GB); Pe. Joaquim Pereira (CIEE); D. Pedro Zilli (Diocese de Bafatá); representantes dos grupos-alvo: professores, directores, representantes associativos; representantes de entidades colaboradoras: Samba Buaró (Director da DRE Bafatá); António Cissé (Director da DRE Canchungo); Manuel Raimundo Lopes (Presidente do INDE) e Augusto Pereira (Secretário de Estado do Ensino, MENES)7. A redacção do presente relatório foi feita Eficiência: Quão bem os inputs/meios/recursos foram convertidos em actividades, em termos de qualidade, quantidade e tempo, e a qualidade dos resultados alcançados (PCM Guidelines, Vol. I, European Comission, p. 49). 3 Eficácia: Uma avaliação da contribuição dos resultados no alcance do objectivo específico do projecto, e como os pressupostos dos resultados afectaram essa contribuição (PCM Guidelines, Vol. I, European Comission, p. 49). 4 Impacto: O efeito do projecto no ambiente envolvente e a sua contribuição para os objectivos das políticas ou do sector (de acordo com o formulado no objectivo geral do projecto). 5 Sustentabilidade: Análise da probabilidade dos benefícios produzidos pelo projecto continuarem depois do fim do financiamento e intervenção exterior, com particular referência aos seguintes factores: apropriação pelos beneficiários, apoio das políticas/estratégias, factores económico-financeiros, aspectos socio-culturais, igualdade de género, adequação da tecnologia, aspectos ambientais. 6 Ver relatório de monitorização do projecto + Escola. 7 Para uma relação exaustiva de todos os participantes na avaliação intermédia consultar o anexo 5.3. 2 6 FUNDAÇÃO EVANGELIZAÇÃO E CULTURAS Projecto + Escola Relatório de avaliação intercalar │ Setembro 2007 – Agosto 2008 com os contributos dos técnicos formadores do projecto, do avaliador FEC, da desk officer e do gestor de projecto. Em termos de estrutura do relatório pensou-se pertinente disponibilizar o sumário executivo juntamente com as recomendações, de forma a facilitar a apropriação dos aspectos mais significativos da avaliação. No mesmo sentido é listada no fim do capítulo IV a análise SWOT do processo e as boas práticas identificadas. O leitor mais interessado poderá percorrer este documento que, após uma breve actualização do contexto socio-político relacionado com o âmbito de intervenção, se encontra estruturado de acordo com os critérios entendidos como fundamentais nos modelos de avaliação actuais, a saber: eficiência; eficácia, impacto e mecanismos fundamentais de sustentabilidade II. Resumo Executivo e Recomendações Após um ano de intervenção e a julgar pelos resultados e análise de processo que é apresentado ao longo deste relatório, pode dizer-se que o projecto + Escola tem boas condições para ficar marcado pelo sucesso no fim do tempo previsto para a sua execução. Parte do sucesso deve-se significativamente à ancoragem do público-alvo e parceiros ao projecto, demonstrada por um envolvimento e participação nas actividades bastante elevadas. Para este facto deverá ter contribuído o trabalho que a FEC tem vindo a desenvolver na Guiné desde 2000, mas também o Fórum sobre Educação, promovido pela FEC com o apoio do Instituto Camões e do INDE, em Fevereiro de 2008, no Centro Cultural Português, em Bissau e onde estiveram presentes 167 pessoas, com representatividade em todas as regiões do país e de todos os estatutos e funções relacionadas com o sector educativo guineense8. Assim, apesar do crescente número de solicitações dos professores e directores de escola, resultante do aumento do número de iniciativas desenvolvidas no interior da Guiné-Bissau, O Fórum sobre Educação não estava inicialmente previsto no âmbito da implementação do + Escola, por isso não será alvo de análise aprofundada neste relatório. Sobre este assunto ver nota 12. 8 7 Projecto + Escola Relatório de avaliação intercalar │ Setembro 2007 – Agosto 2008 registou-se um bom nível de frequência destes nas formações de língua portuguesa, matemática e gestão e administração escolar. De resto, estas actividades, bem como os acompanhamentos a professores e directores – com excepção das alterações pensadas pertinentes em função do contacto com o contexto local – decorreram conforme o previsto, ainda que, por vezes, tivesse sido necessário trabalhar em condições materiais e/ou pedagógicas pouco favoráveis. A leitura do relatório também possibilitará perceber que o trabalho desenvolvido na região de Cacheu se encontra mais consolidado do que na região de Bafatá. Esta situação deve-se a três factores fundamentais, a saber: i) a região de Cacheu beneficia da intervenção da FEC há mais tempo; ii) existem mais um recurso humano da FEC nesta zona para a realização do trabalho com as escolas não privadas (três pessoas na região de Cacheu contra duas na de Bafatá); iii) o público-alvo da região de Bafatá, valoriza menos a escolarização por razões históricas e sócioculturais, tendo também mais dificuldades na compreensão da língua portuguesa, o que implica uma presença mais incisiva junto das comunidades para esbater as perspectivas da escola, como a «escola de brancos»9 com interesse em influenciá-los, nomeadamente em matéria religiosa. Em termos de balanço global, foram avaliados positivamente no que diz respeito ao seu desempenho pedagógico 43 dos 62 professores acompanhados pelo projecto. A entrega de materiais também foi realizada na totalidade, embora se tenham registado atrasos na entrega da sebenta + Escola, + Ideias, e de não estarem disponíveis os manuais de 2º e 3º classe na GuinéBissau10. As escolas-alvo registaram um aumento do número de dias lectivos efectivamente cumpridos e tiveram uma taxa de assiduidade dos seus professores acima do que se definiu como meta. Foi possível ainda elaborar os Regulamentos Internos de todas das escolas de cariz comunitário e o Manual de Procedimentos para as escolas privadas e de Auto-gestão da diocese de Bafatá. Só no que diz respeito à formalização de contratos de trabalho entre professores e escolas por períodos iguais ou superiores a 10 meses, não foi possível cumprir as metas estabelecidas, embora como veremos no capítulo IV, este desvio devesse mais à desadequação do desenho do projecto ao contexto, do que ao trabalho desenvolvido durante este período. MARTIN, Jean-Yves (2003), «Les écoles spontanées en Afrique subsaharienne. Champ éducatif et contre-champ scolaire» in Enseignement, Cahiers d´Études africaines, XLIII, 169-170, Éditions de l´École des Hautes Études en Science Sociales, pp. 19-39. 10 Como o apoio da PLAN, na região de Bafatá, foram distribuídos cópias destes manuais, estando o projecto à espera de nova edição para realizar a distribuição a todos os professores e turmas do projecto. Desconheça-se a razão pela não existência dos manuais nesses níveis, apesar dos contactos efectuados junto das entidades públicas guineenses para que a entrega pudesse ser efectuada como prevista. 9 8 FUNDAÇÃO EVANGELIZAÇÃO E CULTURAS Projecto + Escola Relatório de avaliação intercalar │ Setembro 2007 – Agosto 2008 Outra questão que tem de continuar a ser trabalhada com as escolas, e no âmbito do projecto, é a organização dos dados estatísticos. Apesar dos passos dados no sentido de ter acesso a dados fidedignos actualizados, a verdade é que, tal como já apontava o relatório de monitorização, existem constrangimentos ao nível da medição dos indicadores de eficiência e impacto. Voltaremos a este assunto mais tarde, mas a fazer fé nos dados apurados, podemos perceber que a influência (a melhoria da qualidade de ensino dos professores) do projecto se faz exercer em maior grau junto das alunas, do que dos alunos. Quer isto dizer que o trabalho (indirecto) de sensibilização que os técnicos do projecto e outras organizações realizaram podem estar a resultar num real impacto ao nível da igualdade de género na educação do ensino básico nas escolas alvo. De salientar também o trabalho desenvolvido na área dos direitos das crianças. Apesar de não se ter estabelecido indicadores próprios para medir a importância das iniciativas desenvolvidas junto das comunidades, registamos o facto dos técnicos, especialmente na região de Bafatá, terem sensibilizado – conforme protocolo estabelecido com a PLAN – as comunidades educativas para esta questão, tanto ao nível das sessões de formação, como ao nível das observações de aula. A execução financeira foi elevada (92% dos 328 506, 57 € orçamentados para o primeiro ano de projecto), tendo os recursos humanos respondido com competência às solicitações realizadas. Os mecanismos de coordenação estabelecidos também merecem uma avaliação positiva. Em sentido contrário são avaliados os meios estabelecidos para deslocação dos técnicos de Bafatá às tabancas e o acompanhamento científico e pedagógico, que teve consequências ao nível do atraso na entrega de material e ao nível da qualidade do trabalho desenvolvido, nomeadamente estatístico, do projecto, com sobrecarga da equipa técnica que se encontrava em Bissau. Uma última nota para o facto de cerca de dois terços da equipa técnica não se manter ao serviço do projecto (incluindo o seu gestor) no segundo ano, o que obriga a uma dinâmica de início de actividades forte, no sentido de garantir a continuidade dos compromissos assumidos com as diferentes entidades parceiras envolvidas no projecto. De seguida listamos as principais recomendações resultantes do trabalho realizado no âmbito da missão de avaliação. Antes, destacamos três necessidades centrais para a consolidação dos 9 Projecto + Escola Relatório de avaliação intercalar │ Setembro 2007 – Agosto 2008 resultados alcançados até ao momento: i) contratação de mais um técnico para a região de Bafatá para a actividade desenvolvida com os directores das escolas comunitárias; ii) compra ou aluguer de mais um veículo automóvel, já que os veículos motorizados estão desadequados às condições existentes; iii) remodelar o formato do apoio pedagógico e científico que tem funcionado com deficiências e que desde Maio de 2008 tem sido praticamente inexistente11. Quadro 1: Recomendações • • • • • A Manter • • • • • • • • • • • • Calendarizar as actividades formativas e de acompanhamento em diálogo com público-alvo no início do ano. Continuar a avaliar a adequação da constituição de turmas heterogéneas ao nível dos conhecimentos da L.P. na região de Bafatá. Privilegiar a construção de materiais didácticos e explorar os manuais escolares nacionais. Manter o mesmo número de observações; calendarizar previamente as observações de aula com os professores; manter o retorno escrito e oral da observação. Contudo, será importante, no retorno, após a observação de aula fazer a análise da grelha preenchida pelo técnico durante a aula observada. Continuação da metodologia de observação de aulas em todas as turmas (classes) que um professor tiver para melhor conhecer a sua prática pedagógica. Continuação da metodologia de rotatividade das TF nas observações/professor. Devido ao facto de não existirem os manuais escolares dos alunos da 2ª e 3ª classes, sugere-se, à semelhança do que aconteceu com os manuais de Matemática, que se fotocopiem alguns exemplares de Língua Portuguesa e Ciências Integradas para equipar os quatro armários pedagógicos das escolas dos projectos. Continuar a explorar a sebenta + Escola, + Ideias na formação de Língua Portuguesa e Ciências Integradas. Envolver os diferentes actores detentores de interesses na área da educação, principalmente aqueles com intervenção local nas diferentes actividades realizadas (sustentabilidade) Promover o preenchimento das pautas de notas escolares por género. Procurar assegurar a continuidade do fornecimento (por parte da DRE) ou encomenda / compra (por parte da Associações) dos Livros de Sumários e Registo Diário da Frequência (sustentabilidade) Continuar com os encontros regionais e gerais na Diocese, a fim de não se perder o contacto e a troca de boas práticas. Estes encontros deverão contar com a presença de representante (s) da CIEE. Realizar Jornadas de Lançamento das actividades de gestão e administração escolar das escolas de auto-gestão e privadas no início do 2º ano do projecto. Actualizar os números relativos ao público-alvo Manter mecanismos de coordenação, como os pontos focais e responsáveis de equipa Continuar a procurar soluções para a compra ou aluguer de mais um veículo todo o terreno. Continuar a optimizar a utilização do MANGO no âmbito da gestão financeira do projecto Pela mesma altura em que este relatório se encontrava em revisão, a PLAN Guiné-Bissau, tinha analisado positivamente o pedido de aumento de orçamento entretanto submetido para aluguer de um carro nos dias de visita às tabancas em Bafatá e para a contratação de mais um técnico local. Também a FEC tinha tomado as iniciativas necessárias para assumir o acompanhamento pedagógico-científico do Projecto + Escola contratando uma assessora de educação que deverá operar durante o segundo ano de projecto, a partir do terreno, desempenhando funções anteriormente à cargo da ESE de Torres Novas e negociando com mais frequência com entidades estatais ligadas à educação. 11 10 FUNDAÇÃO EVANGELIZAÇÃO E CULTURAS • • • • • • A Melhorar • • • • • • • • • • • A Transformar • • • • Projecto + Escola Relatório de avaliação intercalar │ Setembro 2007 – Agosto 2008 Aumentar a carga horária da formação em L.P. Articular calendário da formação com inspectores da ETR e calendário das COME. Promover a disseminação de boas práticas entre as diferentes regiões de intervenção do projecto. Elaborar provas diagnósticas e provas de avaliação final às disciplinas leccionadas na formação e avaliar 3 planificações de aula. Estudar a integração destes instrumentos no ICL. Apresentar filmes para análise e discussão nas formações. Sensibilizar os directores para serem tutores dos seus professores, acompanhando os TF na A1.3 (sustentabilidade). Acordar com os professores a apresentação da planificação no início da aula a que os TF vão assistir na sessão de abertura em Outubro. Sensibilizar os professores para comunicar a impossibilidade de comparecer a uma observação de aulas agendada. Criação de um espaço que permita a reflexão entre formandos de situações observadas pelos formadores aquando da observação de aulas (sugestão dos formandos de Canchungo). Pensar em formas de fomentar o uso das tecnologias, em harmonia com o ambiente. Reforço da matéria dada em gestão e administração escolar na região de Bafatá, principalmente o tema de gestão financeira. Promover o preenchimento das fichas de identificação do comité de gestão. A partir da FEC Portugal estabelecer e reforçar os contactos com as Associações da diáspora guineense em Portugal. Fazer uma pesquisa bibliográfica sobre administração e gestão escolar em Portugal, a fim de se poderem aí adquirir os livros que se considerem apropriados para uso na Guiné-Bissau. Reforço da equipa técnica da FEC, especialmente na região de Bafatá Reformular alguns dos instrumentos e processos de gestão administrativa e avaliação do projecto Actualização do valor das ajudas de custo de forma a ajustá-las ao mercado, nomeadamente pela equiparação ao valor praticado em Canchungo. Elaborar critérios de avaliação uniformes das grelhas de observação de aulas. Adaptação/revisão do indicador 3.3, suprimindo o número de meses de contrato de trabalho uma vez que o indicador 3.2 já faz alusão a este ponto. Inserção da modalidade de acompanhamento (A.3.2) aos DEC e comités de gestão das escolas de Bafatá, à semelhança do que se faz em Canchungo e a ser realizada por um técnico que fique afecto apenas a esta actividade. Capacitar os comités de gestão em alguns módulos do programa de gestão e administração escolar, nomeadamente a gestão financeira. Reformular o modelo de apoio pedagógico do projecto 11 Projecto + Escola Relatório de avaliação intercalar │ Setembro 2007 – Agosto 2008 • Específicos do 2º Ano de Projecto • • • • • • • • • Estruturação do programa de L.P. por temas, que visem explorar várias modalidades de leitura e diferentes tipos de texto. Garantir a interdisciplinaridade entre Ciências Integradas e L.P. a partir dos manuais do EBE vigentes. Explorar as potencialidades dos baús pedagógicos e outros materiais entregues durante as formações ministradas pela FEC. Promover o uso dos materiais do baú por parte dos professores logo a partir de Outubro. Convidar oradores da área de ciências para ministrar sessões de formação, na área de C.I. No âmbito das C.I., diversificar os instrumentos e situações de avaliação atendendo ao seu carácter prático/experimental. No âmbito das C.I. Explorar o trabalho das hortas pedagógicas/escolares. Proceder a uma selecção dos conteúdos mais recorrentes, em particular, nos quatros níveis do Ensino Básico Elementar, e que tenham impacto na vida das comunidades rurais (caso de questões ligadas à saúde) a abordar para que o programa de Ciências Integradas não seja demasiado extenso. Explorar e sistematizar as necessidades de formação em Língua Portuguesa, Pedagogia e Informática, manifestadas pelos directores/missionários e professores. Realizar a 1ª visita às escolas de auto-gestão e privadas do 2º ano do projecto nos meses de Novembro e Dezembro, para que se garanta que as escolas começam logo a aplicar o «Documento de Base do Manual de Procedimentos». III. Desenvolvimentos ao nível do Contexto Político e Programático A proposta narrativa do projecto + Escola faz alusão a um conjunto de processos e situações subjacentes ao contexto em que este se veio a desenvolver, consubstanciadas em dados e informações recolhidas até ao momento em que foi submetida a candidatura. Para uma caracterização mais aprofundada do sistema educativo guineense remetemos o leitor para esse documento12, no entanto, e no âmbito da avaliação do projecto após um ano de actividades, importa referir as iniciativas com maior impacto desenvolvidas durante este período. 3.1. Política sectorial Em termos da política sectorial há a destacar algumas evoluções que se prendem sobretudo com o lançamento do RESEN – diagnóstico nacional do sector educativo na Guiné-Bissau. Este estudo está a ser desenvolvido pelo Ministério da Educação e do Ensino Superior da GuinéBissau, com o apoio técnico do Pólo de Dacar da UNESCO e com o suporte financeiro do 12 Proposta Narrativa Projecto + Escola (19.09.2007) 12 FUNDAÇÃO EVANGELIZAÇÃO E CULTURAS Projecto + Escola Relatório de avaliação intercalar │ Setembro 2007 – Agosto 2008 Banco Mundial. O objectivo do RESEN é a caracterização actual da realidade educativa do país, de modo a permitir depois a elaboração de um plano sectorial que possa guiar e materializar as políticas educativas do Governo. A existência do plano permitirá igualmente a candidatura aos fundos da iniciativa Fast Track do Banco Mundial. O RESEN foi lançado no final de Fevereiro de 2008 e prevê-se que seja concluído durante o 1º semestre de 200913. Por altura do seminário de lançamento do RESEN, a FEC e a Plan GB tiveram oportunidade de apontar a necessidade de se levarem em consideração os sub-sistemas escolares não públicos (caso dos privados e com participação comunitária) no diagnóstico, dada a importância dos mesmos em termos do acesso a uma educação básica para todos na Guiné-Bissau, à semelhança do que acontece no resto da subregião da África Ocidental. Apesar dos sinais positivos acima indicados, continua a verificar-se a inexistência de documentos orientadores e enquadradores do sistema de ensino, nomeadamente a ausência de uma lei de bases do sistema educativo e o estatuto da carreira docente. Também ainda não foi possível avançar na definição de um sistema de formação em serviço, apesar de se registarem alguns avanços: o INDE manifestou a intenção de criar um grupo de trabalho sobre este dossier, com a participação de várias organizações de referência, entre as quais a FEC. Esta intenção, manifestada em reunião de avaliação do projecto + Escola em Julho de 2008, será submetida a aprovação do MENES no início do próximo ano lectivo. A intenção do INDE deriva de duas das recomendações do Fórum sobre Educação na GuinéBissau14, realizado em Fevereiro de 2008: 1) O INDE como entidade responsável pela formação A queda do governo em Agosto de 2008 e as eleições em Novembro deste ano poderão levar a alguns atrasos na elaboração do RESEN e do Plano Sectorial de Educação. 14 O Fórum sobre Educação na Guiné-Bissau, foi promovido pela FEC e decorreu no Centro Cultural Português, em Bissau, nos dias 25 e 26 de Fevereiro de 2008. O fórum visou reflectir sobre o sistema educativo guineense, com particular destaque para o ensino básico. Pretendeu-se durante estes dois dias proporcionar um conhecimento sobre a intervenção da sociedade civil no sector da Educação, bem como analisar o sistema de formação em serviço de docentes, no contexto do Plano Nacional de Acção Educação Para Todos (PNA/EPT). Para o encontro, inscreveram-se 167 pessoas, representantes de estabelecimentos de ensino superior (alunos e professores), pessoas ligadas profissionalmente ao ensino, agências de desenvolvimento, ONG, estabelecimentos de ensino superior, associações, comités de escola, missões religiosas, sindicato, entidades estatais guineenses e estrangeiras com abrangência nacional. Durante o Fórum, estiveram presentes 176 pessoas, com representatividade de todas as regiões do país. Este fórum foi dividido em três painéis temáticos: Educação como factor de desenvolvimento na Guiné-Bissau; papel da sociedade civil e a descrição dos diversos modelos de participação no sector da Educação; formação em serviço de docentes. Em cada um dos painéis, um orador principal fez uma breve apresentação sobre o tema que permitia aos restantes participantes concretizar em função da sua realidade. O Fórum sobre Educação na Guiné-Bissau surgiu de um desejo manifestado por duas instituições que operam no sector da Educação no país; de um lado, um organismo estatal guineense, o Instituto Nacional de Desenvolvimento para a Educação (INDE), do outro uma Organização Não Governamental para o 13 13 Projecto + Escola Relatório de avaliação intercalar │ Setembro 2007 – Agosto 2008 de professores em serviço tem a função de liderar grupos de trabalho com instituições ligadas à formação de professores com vista à definição de um sistema nacional de formação, nomeadamente através de: a) recolha de documentos referentes a programas de formação já realizados; b) definição do perfil de professor e director do ensino básico; c) definição de indicadores precisos para medir o impacto das intervenções formativas, nomeadamente no desenvolvimento de competências antes e após processo de formação; d) definição das linhas orientadoras dos programas de formação dos professores em serviço da responsabilidade do MENES, em articulação com as instituições que têm vindo a administrar formações a professores; e) definição de documentos e mecanismos para se proceder ao processo de certificação das formações e dos formandos e de acreditação das entidades formadoras (programas de formação, metodologias, etc.); f) estabelecimento de parcerias entre instituições com vista a criar sinergias em função da vocação e competência de cada entidade; 2) O MENES e o INDE deverão conceber modalidades de formação de professores em serviço no interior do país já que os que estudam nas cidades dificilmente exercem a profissão na tabanca. Estas recomendações do Fórum sobre Educação na Guiné-Bissau vão no mesmo sentido das recomendações da avaliação das intervenções no sector da educação15 financiadas pela Cooperação Portuguesa, realizada em Dezembro de 2007. 3.2. Características do sector As características do sector continuam a ser semelhantes às descritas na proposta narrativa. No entanto, o RESEN, agora em curso, permitirá actualizar os dados existentes com maior fiabilidade, e ter acesso a novos indicadores, não só de ordem técnica mas também de ordem económico-financeira. De salientar que no final do ano lectivo transacto, de 2007-08, foi realizado um exame nacional da 6ª classe, que permitirá aferir os resultados escolares dos alunos e tirar conclusões sobre a qualidade do ensino na GB. Desenvolvimento portuguesa, a Fundação Evangelização e Culturas (FEC). Surgiu igualmente do interesse manifestado pelo Instituto Camões (IC) em apoiar a realização deste evento, ao qual se associou igualmente o Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento. 15 IPAD, Avaliação de três intervenções no sector da educação na Guiné-Bissau (2000-2007), p.82. 14 FUNDAÇÃO EVANGELIZAÇÃO E CULTURAS Projecto + Escola Relatório de avaliação intercalar │ Setembro 2007 – Agosto 2008 3.3. Problemas a resolver e recursos a valorizar Também neste capítulo, o descrito na proposta narrativa continua actual. Importa apenas reforçar a existência de sinais de fragilidades na gestão das escolas comunitárias na região de Bafatá, nomeadamente o débil funcionamento dos Comités de Gestão de algumas destas escolas, com elevada rotatividade e falta de liderança dos elementos dos comités (como foi possível constatar durante as reuniões de avaliação com os professores e directores das escolas alvo do projecto, em Julho de 2008). Isto tem por consequência problemas nos pagamentos dos professores podendo levar a situações de greve nas escolas. Por outro lado, é necessário valorizar, nestas escolas e comunidades, a existência de facilitadores comunitários, voluntários, ligados à Plan Guiné-Bissau, que são interlocutores entre esta organização e a comunidade, e que poderão ter um papel importante no processo de sensibilização das populações sobre a importância da escola e da sua boa gestão, numa perspectiva de coordenação com o projecto + Escola da FEC. 3.4. Outras intervenções Relativamente à intervenção das entidades governamentais, é importante notar que o programa de formação e qualificação de professores do Ensino Básico Elementar com habilitações diferenciadas, mas inferiores à 11ª classe, iniciado em 2006 e desenvolvido em parceria com a UNICEF e a Plan GB, teve continuação em Setembro de 2007. Ao contrário do sucedido no primeiro ano, durante o ano lectivo transacto, registaram-se algumas actividades de acompanhamento dos professores nas escolas, pelas ETR, principalmente na região de Canchungo. Em Julho e Agosto de 2008 estavam em curso as preparações do novo ciclo de formação a realizar de 1 de Setembro a 15 de Outubro. Igualmente, no final do ano lectivo, foi possível ter acesso junto do INDE ao manual de formação utilizado nos anos anteriores. A FEC terá em consideração as propostas deste manual na elaboração dos programas de formação a desenvolver durante o segundo ano do projecto + Escola. As entidades não governamentais encontram-se representadas na Guiné-Bissau, nomeadamente no sector da educação, por dois grandes grupos, as ONGD/organizações locais e internacionais e as entidades religiosas. 15 Projecto + Escola Relatório de avaliação intercalar │ Setembro 2007 – Agosto 2008 a) Sobre as ONGD/Organizações locais e internacionais: Não se registam alterações significativas nas linhas orientadoras da intervenção da UNICEF. Esta Agência das Nações Unidas continua a liderar o grupo das entidades que cooperam para o desenvolvimento do sector da educação. Durante a missão de avaliação do projecto + Escola, foi possível realizar uma reunião entre a UNICEF e a FEC. Nesta reunião foram apresentados os programas de formação em serviço do projecto, de tal forma que a responsável daquela agência, ficou bastante interessada no Índice de Capacidade Lectiva (ICL) e nas possibilidades de se aplicar este indicador de forma mais global. Uma das conclusões da reunião foi a necessidade de contactar o INDE e o MENES para que seja criado e operacionalizado o funcionamento do grupo de trabalho sobre formação em serviço de professores, onde será possível analisar as experiências de cada organização e contributos para a definição de um sistema nacional de formação em serviço de agentes educativos. O Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) começou este ano com a implementação do Programa Educação III16, ainda que de forma bastante insípida, dada a necessidade de rever e actualizar as linhas orientadoras e o orçamento do programa. O Banco Mundial (BM) centrou a sua ajuda este ano no apoio ao Orçamento de Estado, com cerca de 10.000.000 USD para despesas com o sector da educação, particularmente os salários de professores e directores de escola. Paralelamente co-financia o RESEN em curso. A Plan GB continua a actuar essencialmente nas regiões de Bafatá e Gabú intervindo no sector através do apoio aos jardins e escolas comunitárias (construção/formação) e no apoio financeiro/institucional ao MENES. Juntamente com a UNICEF, co-financia o programa de formação de professores do Ensino Básico Elementar do MENES. É também co-financiadora do projecto + Escola no trabalho com as escolas comunitárias na região de Bafatá, sector de Bafatá. Para uma análise mais aprofundada deste programa ver o Documento-síntese do Fórum sobre Educação na Guiné-Bissau realizado em 25 e 26 de Fevereiro de 2008 em Bissau. Este documento está disponível em www.fecongd.net. 16 16 FUNDAÇÃO EVANGELIZAÇÃO E CULTURAS Projecto + Escola Relatório de avaliação intercalar │ Setembro 2007 – Agosto 2008 A SNV está a desenvolver um trabalho preponderante na consultoria estratégica dos vários organismos estatais ligados à educação, designadamente o INDE, a DRE de Bafatá e a DRE de Canchungo17 – DRE das regiões onde o projecto + Escola está a ser implementado. Ao longo do ano lectivo 2007-08 foram já desenvolvidos alguns planos estratégicos, devendo ser tornados públicos ou completados no próximo ano. A Action Aid procedeu a uma reorientação estratégica da sua intervenção na sub-região e na Guiné-Bissau, dando prioridade absoluta à segurança alimentar. Por esta razão e ao contrário do que aconteceu no decorrer do primeiro ano, esta ONGD, deixará de financiar o projecto + Escola. A Cooperação Portuguesa continua a considerar a intervenção no sector da educação como prioritária (de acordo com o novo PIC 2008-2010). Neste sentido, o Programa de Apoio ao Sistema de Ensino Guineense (PASEG), liderado pelo IPAD e pelo Ministério da Educação Português, desenvolve a sua intervenção em Bissau, com incidência nos liceus, mas também na escola de formação de professores 17 de Fevereiro. Ao contrário do que se registava anteriormente, e de acordo com as recomendações da missão de avaliação do IPAD realizada em Dezembro 2007, o PASEG reforçou a sua componente de formação em serviço de professores guineenses. O PASEG está a estudar a possibilidade de alargar a sua intervenção a Buba e Canchungo, já no próximo ano lectivo. O Instituto Camões aposta em duas vertentes na educação na Guiné-Bissau: por um lado, a formação inicial de professores de português através da Licenciatura em Língua Portuguesa na Escola de Formação de Professores do Tchico Tê (desde o ano lectivo de 2002/03); por outro, a formação em exercício de professores de língua portuguesa (desde 2005) através das Unidades de Apoio Pedagógico (UAP), em funcionamento em todas as sedes regionais do país, exceptuando Buba. A Cooperação Espanhola começou a operar este ano na Guiné-Bissau, no sector da educação. Serão os co-financiadores do plano sectorial a realizar em consequência do RESEN, no próximo ano lectivo. 17 Entre outras. 17 Projecto + Escola Relatório de avaliação intercalar │ Setembro 2007 – Agosto 2008 b) Sobre as entidades religiosas O tempo disponível não nos possibilitou recolher informação específica sobre a participação das diferentes entidades religiosas no país. No entanto é conhecida a importância das escolas corânicas (Madrassas) e a intervenção das igrejas protestantes junto da comunidade local. Sem elementos de fundo para explorar esta realidade em termos de actualização dos dados avançados na proposta narrativa cingimo-nos à análise dos desenvolvimentos ocorridos na Igreja Católica. A Igreja Católica na Guiné-Bissau continua a reforçar a sua participação no sector da educação. Uma das decisões que resultou do II Encontro sobre Educação na Diocese de Bafatá, realizado no âmbito da actividade 3.3 do projecto + Escola, foi a de alargar a discussão e implementação experimental do Manual de Procedimentos das escolas ligadas às missões católicas na GuinéBissau. No próximo ano lectivo, este manual, fruto do trabalho realizado no contexto da actividade 3.318, será discutido também nas escolas ligadas às missões da Diocese de Bissau. A aprovação de um documento final está prevista para o I Encontro Interdiocesano sobre Educação, a realizar em Julho de 2009, também no âmbito da actividade 3.3 do projecto + Escola, a organizar conjuntamente com a Comissão Interdiocesana de Educação e Ensino (CIEE). Esta decisão visa a uniformização dos procedimentos adoptados nas escolas ligadas às missões católicas no país. De acordo com a sua reflexão estratégica, parcialmente descrita na proposta narrativa no projecto + Escola, a Igreja na Guiné-Bissau iniciou o curso para educadores de infância no ano lectivo de 2007-08. O curso funcionou em Bissau, nas instalações do Liceu João XXIII, com cerca de 25 alunos, em horário intensivo aos fins-de-semana. Este curso inscreve-se numa estratégia de longo prazo que visa a criação de uma instituição de ensino superior em que, entre outros, constem cursos de formação de professores do ensino básico. É feita uma análise mais profunda sobre o Manual de Procedimentos e o II Encontro de Educação na Diocese de Bafatá mais à frente neste capítulo 18 18 FUNDAÇÃO EVANGELIZAÇÃO E CULTURAS Projecto + Escola Relatório de avaliação intercalar │ Setembro 2007 – Agosto 2008 IV. Análise do progresso realizado Neste capítulo, começa por se fazer um ponto de situação sobre a efectivação das pré-condições indicadas no quadro lógico do projecto. De seguida é realizada uma análise dos diferentes aspectos relacionados com o desenvolvimento do + Escola ao longo do primeiro ano, com base nos resultados e objectivos alcançados – medidos através dos indicadores apresentados no quadro lógico – e no processo desenvolvido. Sempre que se mostrar pertinente faremos referência às particularidades de cada região. 4.1. Análise das Pré-condições e pressupostos do projecto Tal como foi dito no relatório de monitorização, relativamente às pré-condições indicadas no quadro lógico inicial do Projecto + Escola, há a referir que foram identificados e sistematizados os conteúdos de Matemática que constam no Programa Nacional do Ensino Básico Elementar da Guiné-Bissau, numa primeira fase pela ESETN, ficando a faltar a análise dos manuais escolares, devido à falta destes no período que antecedeu a chegada da equipa do projecto à Guiné-Bissau. Este processo foi concluído aquando da chegada ao terreno dos técnicos formadores. As metodologias para trabalhar estes conteúdos foram pensadas conjuntamente pela equipa ESETN e técnicos formadores da FEC durante o mês de Setembro em Torres Novas, e também aprofundadas já no terreno pelos técnicos formadores. No que toca ao Programa de Formação de Gestão e Administração Escolar, a metodologia seguida foi semelhante, à excepção do facto de não haver nenhum documento oficial que tenha sido possível usar para orientar os conteúdos a tratar. Por isso, para a elaboração deste programa de formação, a FEC contou sobretudo com a sua experiência nos últimos três anos em direcção escolar e com a experiência de um dos técnicos da ESETN em matéria de direcção escolar em Portugal. Quanto ao Programa de Matemática e ao Programa de Língua Portuguesa, o processo de identificação e sistematização dos conteúdos recorrentes nos manuais escolares foi realizado pela ESETN, com o apoio durante o mês de Setembro de técnicos da FEC. De referir, no entanto, 19 Projecto + Escola Relatório de avaliação intercalar │ Setembro 2007 – Agosto 2008 que o Programa de Língua Portuguesa ficou concluído posteriormente à partida da equipa de formadores para a Guiné-Bissau, mais concretamente em Novembro de 2007. No que respeita ao número de formandos, estes foram assinalados durante a fase de identificação do projecto, em Julho de 2007 e confirmados após o início das actividades lectivas (ver quadros resumo dos grupos alvo do projecto – anexo 5.2). Quanto à carga horária e as modalidades possíveis de formação, estas tinham sido já igualmente definidas no final do ano anterior em reunião de preparação do projecto, com os grupos-alvo. A planificação inicial foi alvo de confirmação aquando das reuniões de apresentação do projecto aos grupos-alvo nas regiões, no início das actividades no terreno, em Outubro. No que respeita à selecção da equipa do projecto, todos os técnicos formadores foram seleccionados antes do início da fase de implementação, em Setembro, à excepção de uma técnica formadora, que acabaria por ser recrutada na 2ª quinzena de Outubro e integrar a equipa de Bafatá no início de Novembro. No que respeita à equipa de gestão do projecto, os principais técnicos foram recrutados em Setembro como sejam o gestor de projecto, o assistente logístico sede, o técnico administrativo sede, o desk officer. O técnico administrativo (terreno) só foi contratado em Junho, devido às dificuldades de encontrar alguém com o perfil indicado, quer em Portugal, quer na Guiné-Bissau, apesar de se ter lançado um concurso público na Guiné-Bissau e em Portugal, lançando inclusivé para sites internacionais como os das Nações Unidas. Relativamente à última pré-condição assinalada na proposta de projecto, a do financiamento do mesmo, foram submetidas candidaturas e assegurados os co-financiamentos do Instituto Português de Apoio ao Financiamento – entrega da candidatura em Agosto de 2007, assinatura do protocolo em final de Dezembro de 2007 –, da Plan Guiné-Bissau – com submissão de candidatura em Agosto de 2007 e assinatura do protocolo em início de Dezembro de 2007 –, da Action Aid na Guiné-Bissau – entrega da candidatura em Julho de 2007, compromisso verbal de uma parte do co-financiamento em Outubro de 2007 e co-financiamento de outra parte em Dezembro de 2007; o protocolo formal entre a FEC e a Action Aid foi assinado em Julho de 2008, tendo nesta altura a Action Aid informado que por motivos de estratégia institucional, iria canalizar os seus apoios para o sector da segurança alimentar, não podendo por isso financiar o projecto + Escola no segundo ano. A FEC encontra-se por este motivo, à procura de novo financiador. 20 FUNDAÇÃO EVANGELIZAÇÃO E CULTURAS Projecto + Escola Relatório de avaliação intercalar │ Setembro 2007 – Agosto 2008 Em termos dos pressupostos estabelecidos no âmbito do quadro lógico e decorrente da análise de processo que iremos realizar ao longo do relatório ressalvamos agora alguns pontos em jeito de tópicos, como forma de enquadrar os resultados apurados a partir dos indicadores estabelecidos em sede de candidatura: • Nem todos os professores foram colocados atempadamente nas escolas a fim de realizarem o teste de diagnóstico, com consequências no nível do número de dias lectivos ministrados e regularidade de acompanhamento do processo formativo disponibilizado pela FEC. • Em Bafatá o ano lectivo iniciou-se em Novembro de 2007, pois os professores estiveram a receber formação da DRE/UNICEF/PLAN no mês de Outubro em Gabú. Além disso, em Outubro e, em alguns casos, em Novembro, os alunos ainda se encontravam a guardar colheitas das suas famílias e alguns professores dedicados a estas tarefas, pois são também agricultores; • Foi recorrente a falta de pagamento de salário e subsídio aos professores. Ainda que não se tivessem registado greves, está por medir o impacto deste contexto no número de dias lectivos cumpridos e assiduidade do professor. • Durante os meses de Junho e Julho, a chuva e o recenseamento eleitoral em curso na GuinéBissau afectaram a assiduidade nas duas últimas formações intensivas, bem como a realização da prova final de avaliação por parte de alguns formandos. • Verificou-se a ausência de dispositivos legais ou de outros documentos por parte do MENES e DRE no âmbito de Regulamentos Internos de Escola que pudessem servir de referência (e de bibliografia) para a formação e para a posterior elaboração dos respectivos Regulamentos Internos de Escola por tabanca. • Os atrasos registados no envio dos instrumentos de trabalho e retornos por parte do parceiro especialista em educação prejudicaram a qualidade da intervenção. • Registaram-se dificuldades de adaptação linguística entre formandos e formadores na região de Bafatá, acentuadas pelas dificuldades dos formandos em comunicar em português e por terem pouco contacto com pessoas e/ou meios para dominarem a língua portuguesa. • Verificaram-se dificuldades nas deslocações das técnicas de Bafatá às escolas. • Os manuais da 2ª e 3ª classe não se encontraram disponíveis na Editora Escolar, em Bissau. 21 Projecto + Escola Relatório de avaliação intercalar │ Setembro 2007 – Agosto 2008 4.2. Análise de eficiência 4.2.1 Sobre as actividades e os resultados Quadro 2: Relação entre resultado esperado e apurado (Resultado 1) Resultado Esperado 1 Indicador Resultado apurado Melhoria da formação de professores do Indicador 1.1: formandos com aproveitamento, com ensino básico elementar na docência dos pelo menos 75% de presenças, nas acções de formação programas de Língua Portuguesa e desenvolvidas e nas observações de aulas Matemática 43 O conjunto de actividades apresentadas de seguida (formação de LP e Matemática e observação de aulas), visam como resultado no fim do segundo ano de projecto a melhoria da qualidade de ensino dos professores alvo das acções. Para medir este resultado, foi determinado em sede de candidatura o indicador que se apresenta no quadro 2. Fundamentados nos dados apresentados, podemos dizer que chegar ao fim do primeiro ano com 43 (62,32% do total) professores com aproveitamento no âmbito do processo formativo desencadeado é satisfatório, principalmente se tivermos em conta as suas qualificações de partida. Realizamos de seguida uma análise de processo das actividades de formação em LP e Matemática, bem como de observação de aula. Actividade A1.1: Organizar e realizar sessões de formação em Língua Portuguesa No programa de Língua Portuguesa para a Região de Cacheu, inicialmente estava previsto uma modalidade de formação intensiva nas pausas lectivas de Natal e Páscoa num total de 36 horas, repartido em três dias, em cada uma das pausas, cada dia com 6 horas de formação. Dadas as alterações que foram necessárias efectuar na formação de Matemática (ver descrição na actividade A1.2), estas acabaram por influenciar a modalidade a utilizar na formação em Língua Portuguesa, passando a cinco formações mensais, a realizar aos sábados da parte da manhã, com 5 horas de duração, nos meses de Janeiro, Fevereiro, Abril, Maio e Junho. A acrescer a estas formações, planearam-se dois dias intensivos com 6 horas cada, a realizar no final do ano, perfazendo um total de 37 horas de formação. Esta alteração possibilitou, por si só, que fosse ministrada mais uma hora de formação em L.P.. 22 FUNDAÇÃO EVANGELIZAÇÃO E CULTURAS Projecto + Escola Relatório de avaliação intercalar │ Setembro 2007 – Agosto 2008 Os 46 formandos (menos um do que o inicialmente previsto, uma vez que se registou uma diminuição do número total de professores nas tabancas envolvidas no projecto), dos quais 6 são mulheres, foram divididos em dois grupos de formação, separados por escolas: 21 professores em Tame e Cabienque e 25 professores em Pelundo e Canhobe. Na Região de Bafatá, a actividade foi alvo de reajustamentos ao longo do ano no que concerne aos seguintes aspectos: calendarização, número de formandos, constituição das turmas. Estes pontos serão, de seguida, expostos de forma resumida. Depois evocaremos outros aspectos considerados importantes na planificação desta actividade. Calendarização: A sessão de formação realizada em Novembro foi utilizada para apresentação do projecto e para a realização da prova diagnóstica de Matemática, pelo que as cinco horas dessa sessão foram redistribuídas pelas cinco sessões seguintes, de modo a perfazer um total de 25 horas de formação anual. A última sessão de formação, realizada no mês de Junho foi canalizada, para trabalhar a temática da avaliação, em função das dificuldades nesta matéria e a importância das pautas de final de ano serem entregues. Assim, a formação de LP contou apenas com 4 sessões de 5 horas cada, distribuídas pelos meses de Janeiro, Fevereiro, Abril e Maio, perfazendo um total anual de 20 horas19. Embora esta alteração não tenha tido repercussões no cumprimento do programa, uma vez que foi possível abordar todos os conteúdos nestas 4 sessões, faltou tempo para retomar alguns pontos que careciam de maior aprofundamento. Número de formandos: há a registar o abandono, no mês de Junho, de um professor por ter imigrado para Portugal. Dos actuais 28 professores20, contam-se os 6 professores-recurso de Bambadinca e apenas uma mulher da EC de Fulamansa. Constituição das turmas: No seguimento de um exercício individual de oralidade aos formandos (feito na 1ª sessão), julgou-se pertinente constituir duas turmas homogéneas que atendessem ao Com a necessidade de trabalhar a temática de avaliação numa das sessões de 5 horas – tal como é explicado no paragrafo anterior – o ano terminou com menos 4 horas de formação de L.P do que estava previsto. 20 A perda de um professor na região de Bafatá teve também repercussões na diminuição de formandos na actividade de formação de matemática. 19 23 Projecto + Escola Relatório de avaliação intercalar │ Setembro 2007 – Agosto 2008 nível linguístico destes, que se relevou bastante díspar, tanto ao nível da oralidade como em relação à leitura e escrita, sendo a assimetria particularmente notória entre o director e o segundo professor de cada escola. Deste modo, detectou-se a existência de um grupo de 8 formandos num nível elementar, ao passo que os restantes se encontram num nível intermédio/avançado no que concerne ao domínio da Língua Portuguesa. Assim, espelhando o modelo de formação de turmas instituído nas escolas de línguas, foi seguido o critério da diferenciação por competência linguística, numa clara tentativa de ensinar (no caso dos primeiros) e melhorar (no caso dos segundos) o Português dos formandos. No entanto, após o acompanhamento da 2ª sessão de formação pela técnica especialista de educação da ESETN, o parecer técnico determinou que as turmas deveriam ser reestruturadas segundo um critério de formação heterogéneo, por este privilegiar «a inclusão de sujeitos educativos com vários níveis de competências e inclusive de deficiência nas classes regulares (…)»21 As sessões seguintes obedeceram, então, ao critério das turmas heterogéneas. Esta solução continuará a ser aplicada no próximo ano, findo o qual será alvo de nova avaliação. Em termos de metodologia e tendo em consideração o programa de L.P. sobre oralidade, julgouse pertinente atribuir um tema para cada sessão22 numa tentativa de, por um lado, promover a interdisciplinaridade e, por outro, enquadrar as temáticas abordadas nos manuais de L.P. do EBE nas sessões de formação, facilitando assim aos formandos a associação dos módulos da didáctica aos temas analisados nos manuais. De referir que, no âmbito desta actividade, foi elaborado um suporte teórico para as sessões sobre estratégias para desenvolver os temas da «Oralidade», «Direitos da Criança» e «Cultura e tradições guineenses». Actividade A1.2: Organizar e realizar sessões de formação em Matemática A modalidade inicialmente prevista para a formação de Matemática23 foi alterada na Região de Cacheu para uma melhor adequação à aprendizagem dos blocos temáticos. O Programa de Formação em Matemática está dividido em três grandes blocos, ou seja: Bloco 1 – Números e 21 Citação feita pela técnica especialista de educação da ESE TN, Ana Sofia Silva. Excepto no caso da primeira, em que foram abordadas temáticas gerais da didáctica da língua, nomeadamente as «estratégias para desenvolver a oralidade». 22 Modalidade mista de formação, com seis formações mensais e três blocos de formação intensiva nas pausas lectivas com dois dias intensivos no Natal, dois na Páscoa e dez dias no final do ano lectivo. 23 24 FUNDAÇÃO EVANGELIZAÇÃO E CULTURAS Projecto + Escola Relatório de avaliação intercalar │ Setembro 2007 – Agosto 2008 operações; Bloco 2 – Grandezas e medidas e Bloco 3 – Formas geométricas e localização no espaço. Tal como referido, considerou-se pertinente trabalhar cada bloco programático em espaços de tempo específicos e circunscritos. A modalidade inicialmente prevista, não permitia trabalhar os conteúdos desta forma, pelo que, se reformulou o programa para três formações intensivas: uma primeira de cinco dias no Natal, uma segunda também com cinco dias na Páscoa e uma terceira, de oito dias no final do ano, sendo cada dia de 6 horas de formação. A carga horária manteve-se, num total de 108 horas. À semelhança do que acontece na formação de Língua Portuguesa, os formandos foram divididos em dois grupos, separados por escolas: 21 professores em Tame e Cabienque e 25 professores em Pelundo e Canhobe. Na Região de Bafatá, procedeu-se ao mesmo tipo de alteração na modalidade de formação embora neste caso com uma carga horária total de 78 horas. O programa foi cumprido integralmente, embora seja necessário ressalvar alguns aspectos. O primeiro bloco revelou ser demasiado extenso para 4 dias de formação, por ser o que continha maior número de conteúdos por classe, e porque os formandos tinham mais dificuldades na didáctica em todos os níveis de ensino (1ª à 4ª classes) e na componente científica dos dois níveis finais (3ª e 4ª classes). Apostou-se por isso na resolução de problemas e na problematização de situações reais envolvendo contagens. A relação conteúdos/tempo melhorou no segundo bloco, ficando no entanto a sensação de ser necessário mais um dia de formação para minimizar de forma mais adequada a falta de prérequisitos científicos dos formandos nesta área. O terceiro bloco conteve a proporção conteúdos/tempo mais adaptada à metodologia adoptada nesta formação e permitiu a construção e uso consistente de materiais didácticos e jogos/actividades. Nos formandos observou-se, grosso modo, um quase completo desconhecimento das figuras geométricas e das suas propriedades e potencialidades. Foi factor facilitador das aprendizagens o carácter lúdico das actividades e a confiança entre o grupo. 25 Projecto + Escola Relatório de avaliação intercalar │ Setembro 2007 – Agosto 2008 Ainda sobre o programa, houve necessidade de introduzir, nas duas regiões, uma sessão não prevista de 6 horas de Matemática com o objectivo de, entre outros assuntos, realizar a prova diagnóstica. Alguns professores faltaram a primeira chamada pelo que a prova foi repetida para os que faltaram. Em termos metodológicos, e ainda reportando às duas regiões, a formação passou fundamentalmente por uma abordagem didáctica dos conteúdos do EBE com recursos a metodologias participativas, nomeadamente a simulação de situações de ensino de determinados conteúdos para determinadas classes. Foi também possível que cada formando/escola construísse, em contexto de formação, materiais didácticos de ensino da matemática tendo alguns replicado estas técnicas mais tarde nas suas escolas. Em qualquer dos casos, e não obstante as COME facultarem planos de aula, os formandos da região de Bafatá, necessitam de formação ao nível da planificação (bem como de avaliação), para que possam tirar proveito dos suportes teóricos facultados no âmbito do projecto. Os suportes deveriam ser revistos em termos do tamanho da letra e da quantidade de ilustrações uma vez que, os formandos, especialmente na região de Bafatá, têm dificuldade em ler letra pequena e apresentam problemas de compreensão da língua portuguesa. Por outro lado, o facto do actual modelo de suporte teórico e de planificações ser em formato A4 favorece o uso do dossier entregue e desenvolve capacidades de organização. Sobre esta matéria é de notar que os formandos só têm acesso a um furador quando vêm à formação. A Sebenta + Escola, + Ideias, foi utilizada em todos os blocos e teve boa aceitação embora careça de actividades para a Geometria e de soluções para os exercícios de matemática e requer mais uso para que os professores dela se apropriem. Por último, uma nota para o facto das instalações onde habitualmente se realizam as sessões de formação (matemática, português ou gestão escolar) nas duas regiões, reunir boas condições físicas, isto é, salas grandes, com luz natural e equipadas com carteiras e quadro em estado razoavelmente bom, várias janelas e porta com fechadura. 26 FUNDAÇÃO EVANGELIZAÇÃO E CULTURAS Projecto + Escola Relatório de avaliação intercalar │ Setembro 2007 – Agosto 2008 Actividade A1.3: Observar aulas Para o acompanhamento dos professores da Região de Cacheu, estavam previstas cinco observações de aulas de Matemática, ao longo do ano, a doze professores da 3ª e 4ª classes, com uma duração média de 2 horas de acompanhamento e 20 minutos de retorno por cada observação efectuada. Por se ter registado um aumento do número de professores de 3ª e 4ª classe nas escolas-alvo, comparativamente ao ano passado (referência sobre a qual se calculou o número inicial de professores a acompanhar) o projecto acompanhou essa alteração incluindo mais um professor nesta actividade. Também houve necessidade de aumentar o número de observações de 5 para 6, para se poder realizar uma observação de diagnóstico (que inicialmente não foi prevista), sem prejudicar a metodologia de acompanhamento pensada. Em resumo: o número total de horas de acompanhamento previsto era de 140 horas, tendo aumentado, com estes ajustes, para 268 horas. Também na Região de Bafatá se aumentou o número de observações por professor de 5 para 6, sendo que neste caso o número de professores acompanhado foi de 22, por desistência de um professor como anteriormente explicado. Os seis professores-recurso de Bambadinca não são grupo-alvo desta actividade apesar de o serem na formação de LP e Matemática. Na Região de Cacheu, as quatro tabancas onde se fazem as observações de aula encontram-se a uma distância, medida em tempo, relativamente próxima da sede da equipa de projecto daquela zona, sendo que as motas disponíveis para a deslocação se mostraram adequadas para a deslocação da equipa, atendendo ao facto de todos os membros estarem aptos para uso de motorizadas. Em contrapartida, na Região de Bafatá é necessário salientar alguns aspectos. Esta equipa dispôs de uma carrinha e de uma mota, ambas com constante necessidade de manutenção. Por falta de confiança, as técnicas não utilizaram a mota para se deslocar às tabancas (algumas delas situadas a duas horas de distância em “picada” contínua). Por avaria a carrinha deixou de poder circular entre Fevereiro e Maio, ficando a aguardar o envio de peças a partir de Portugal (uma vez que não se encontram as peças de substituição na Guiné-Bissau). Durante este tempo foi necessário, alugar um carro para efectuar as deslocações às catorze tabancas incluídas no projecto. Este imprevisto custou um total de 308.500 Fcfa, ou seja, 470, 31 €. 27 Projecto + Escola Relatório de avaliação intercalar │ Setembro 2007 – Agosto 2008 As dificuldades de comunicação na região de Bafatá marcadas pela ausência de rede e aparelhos de comunicação entre o público-alvo e as TF dificultaram o contacto, nomeadamente no que respeita ao agendamento das observações de aula. Esta situação teve como consequência a falta de comunicação prévia de aviso de ausência ao serviço por parte do professor no dia marcado e nova marcação de acompanhamentos24. De referir, no entanto, que esta situação se tinha alterado, com grandes melhoras no final de Maio, ora por maior cobertura das operadoras ora por aquisição de telemóveis pelos professores do projecto. Quadro 3: Relação entre resultado esperado e apurados (Resultado 2) Resultado Esperado 2 Indicadores Melhoria do apetrechamento das escolasalvo em materiais de apoio a agentes educativos Indicador 2.1: Nº de professores dotados de manuais escolares Indicador 2.2: Nº de professores dotados de sebentas Indicador 2.3: Nº de turmas dotadas de livros de sumários Indicador 2.4: Nº de turmas dotadas de livros de registo diário de frequência Resultados apurados 69 69 152 152 O segundo resultado almejado pelo projecto passa pela melhoria do apetrechamento das escolasalvo. Tendo em conta que os valores dos indicadores apresentados no quadro 2, representam a totalidade dos professores e turmas incluídas no projecto, podíamos dar por concluído este conjunto de actividades. Porém, a verdade é que, como veremos de seguida, apesar dos números apresentados serem reais ainda estão por entregar alguns dos manuais por não estarem disponíveis na Guiné-Bissau. Actividade A2.1: Adquirir e distribuir materiais escolares de apoio a professores e directores para as escolas-alvo do projecto Na Região de Cacheu, para esta actividade estava inicialmente previsto distribuir manuais (pacotes globais da 1ª, 2ª, 3ª e 4ª classes contendo manuais do aluno e do professor de cada um destes anos) aos professores das tabancas do projecto. Estes manuais foram entregues durante o mês de Dezembro. No entanto, ficaram a faltar os manuais do aluno da 2ª e 3ª classes, por estarem esgotados na Guiné-Bissau e estes serem apenas produzidos em Dacar, no Senegal. Foram fotocopiados alguns exemplares dos manuais de Matemática e distribuídos pelas quatro escolas do projecto. 24 Na região de Bafatá foi necessário ir a várias escolas duas vezes para realizar a mesma observação de aula. 28 FUNDAÇÃO EVANGELIZAÇÃO E CULTURAS Projecto + Escola Relatório de avaliação intercalar │ Setembro 2007 – Agosto 2008 Foram ainda adquiridos e distribuídos em Novembro de 2007 um livro de sumários e um livro de registo diário de frequência para cada uma das 79 turmas do sector de Canchungo e 16 turmas do sector de Calequisse, perfazendo um total de 95 conjuntos destes materiais. Foi realizada antecipadamente a exploração destes instrumentos na primeira formação mensal, apesar desta não ter sido inicialmente prevista. Na Região de Bafatá foram distribuídos 21 livros de sumário da seguinte forma: 1 livro por professor a 8 professores, tendo em conta que este dá aulas a duas turmas na modalidade de biclasse; 2 livros por professor a 6 professores que, estando sozinhos na sua escola, têm duas turmas em bi-classe no turno da manhã e outras duas turmas, na mesma modalidade, no turno da tarde. Assim, temos 21 livros para 56 turmas: esta foi a solução mais adequada, uma vez que o livro de sumário existente na Guiné-Bissau e adoptado no projecto está vocacionado para ser aplicado apenas a partir do 5º ano de escolaridade, já que se encontra estruturado por disciplinas. Para guardar estes materiais, as sebentas e outros livros e materiais didácticos, encomendaram-se 14 baús amarelos de metal25, um para cada escola, que foram distribuídos pelas técnicas durante as últimas visitas às escolas para o acompanhamento dos professores. Foi também entregue a cada escola dois cadeados, tinta e um pincel para que os professores pudessem escrever no baú a identificação da sua escola. Foi ainda entregue um guia de utilização do baú elaborado pela FEC no âmbito de anterior projecto ligado a Centros de Desenvolvimento Educativo com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian e uma folha para o registo das entradas e saídas dos materiais. Foi feita uma verificação dos manuais escolares em falta em cada escola para os professores poderem ter acesso a um exemplar de cada classe por disciplina na sua escola. Houve dificuldade em adquirir estes manuais por entretanto terem esgotado na Editora Escolar, mas a PLAN disponibilizou cedeu os exemplares que serão entregues no início do próximo ano lectivo. Foram ainda distribuídos alguns materiais que a FEC recebeu como donativo, e que se enquadram no âmbito das actividades a desenvolver no 2º ano de projecto. Juntaram-se assim os De recordar que estes baús já tinham sido entregues nas escolas-alvo da Região de Cacheu no âmbito de iniciativas anteriormente desenvolvidas pela FEC. 25 29 Projecto + Escola Relatório de avaliação intercalar │ Setembro 2007 – Agosto 2008 seguintes materiais aos já existentes no baú: 2 dicionários de língua portuguesa, 1 prontuário, 1 gramática, 1 Enciclopédia Geográfica de 3 volumes, 1 dicionário de Ciências Naturais, 1 livro do Corpo Humano, 1 Enciclopédia do Mundo Vivo. Foi também oferecido um dicionário a cada uma das duas escolas-controlo: EC de Caur e EC de Campampe. Actividade A2.2: Reproduzir e distribuir sebenta de apoio às escolas e professores-alvo do projecto Devido a atrasos na elaboração, reprodução e sobretudo distribuição (de Portugal para a GuinéBissau), só ao longo do terceiro período lectivo é que foram colocadas 2 sebentas em cada armário pedagógico das quatro escolas-mãe do projecto e progressivamente distribuídos um exemplar a cada um dos 46 professores. Na região de Cacheu foram entregues, tal como previsto, um total de 54 sebentas. Na Região de Bafatá, foram distribuídas 29 sebentas – 23 a professores de Bafatá e 6 a professores-recurso de Bambadinca – em Fevereiro, aquando da formação em LP. Às quais acrescem as duas sebentas para cada uma das 14 escolas do projecto, num total de 57 sebentas. Foram ainda entregues duas sebentas às escolas que beneficiaram de baú pedagógico no ano lectivo passado, ainda no âmbito do PAEIGB: 8 sebentas para as 4 escolas comunitárias de Cossé (1) e Contuboel (2) e Bambadinca (1) e ainda uma sebenta para os CDE I e CDE II do sector de Bambadinca (que funcionam como centro de recursos para todas as escolas e professores do sector), num total de 10 sebentas. Este material foi também entregue a diversas instituições, incluindo o INDE e as Direcções Regionais de Bafatá e Canchungo. Ao todo foram distribuídas 125 sebentas. 30 FUNDAÇÃO EVANGELIZAÇÃO E CULTURAS Projecto + Escola Relatório de avaliação intercalar │ Setembro 2007 – Agosto 2008 Quadro 4: Relação entre resultado esperado e apurado (Resultado 3) Resultado esperado 3 Indicadores Aumento do período de permanência em actividades escolares, lectivas e extralectivas, dos professores das escolas-alvo Indicador 3.1: Aumento de 10% de dias lectivos cumpridos entre o ano lectivo de 2006-07 e o ano lectivo de 2008-09 nos momentos de avaliação intercalar e avaliação final do projecto; Indicador 3.2: Nº de professores das escolas-alvo com contratos de trabalho, formais ou informais, de 10 meses; Indicador 3.3: Nº de regulamentos internos das escolas-alvo em que é incluída a prática de celebração de contratos de 10 meses com os professores; Indicador 3.4: Uma taxa de assiduidade de 70% dos professores formados das escolas-alvo Indicador 3.5: Nº de propostas do manual de procedimentos dos grupos de trabalho regionais, apresentados no encontro diocesano de missionários, em que é desenvolvida a regulamentação do regime de faltas. Resultados apurados 9,12% 3 3 84,97% 3 O terceiro resultado do projecto é medido por cinco indicadores, relativamente distintos. O indicador 3.1, remete-nos para o aumento do número de dias lectivos cumpridos e apesar de ficar um pouco abaixo do que era expectável, essa diferença é suficientemente pequena para que a avaliação seja considerada positiva, tendo em conta as circunstâncias de terreno (como seja o facto dos professores terem os salários em atraso, ou as escolas só abrirem após o fim da época das colheitas). Em consonância com este resultado e a reforçá-lo, está o aumento significativo (cerca de 21% acima do apontado), da assiduidade dos professores (tal como é apresentado pelo resultado associado ao indicador 3.4). Este resultado ainda deve ser mais valorizado se tivermos em conta que ainda estamos a meio do projecto e ele pode ser melhorado. Já os indicadores 3.2 e 3.3, apresentam um valor baixo face ao cômputo geral de professores e escolas envolvidas. Porém, este resultado não traduz o que foi feito nesta matéria. Registe-se por exemplo a celebração de contratos de trabalho em onze das escolas, embora só três destas escolas (todas elas de gestão privada) possuam contratos com dez ou mais meses. Ou o facto de 16 das escolas acompanhadas pelo projecto já terem elaborado o regulamento interno, só três (as mesmas escolas privadas) contemplem a celebração de contratos de trabalho de 10 meses, até porque a celebração de contratos formais não e uma prática comum nas escolas. Importa dizer que as referências estatais apontam para a celebração de contratos de trabalho de 9 meses. Foi este alias o modelo de contrato, cedido pela DRE, que foi distribuído às escolas do 31 Projecto + Escola Relatório de avaliação intercalar │ Setembro 2007 – Agosto 2008 projecto que não celebram contratos com os professores, para servir como exemplo no trabalho a realizar durante o próximo ano. Esta realidade chama-nos a atenção para dois aspectos: i) a necessidade de reformular o indicador 3.3, uma vez que a questão da temporalidade dos contratos de trabalho já é medido no indicador 3.2 e a elaboração de Regulamentos Internos das Escolas é uma novidade no contexto das escolas comunitárias, devendo valer por si só; ii) a previsibilidade de não dever ser possível realizar no próximo ano muitos mais contratos de 10 meses, uma vez que a prática comum é não haver contrato e a referência estatal estipular como razoável um contrato de 9 meses. O número de propostas de manuais de procedimentos apresentados, ao qual faz referencia o indicador 3.5, também se pode avaliar como positivo uma vez que todos os grupos regionais apresentaram a sua proposta. Como veremos mais à frente neste relatório, foi destas propostas que saiu o documento de base do Manual de Procedimentos aprovado pelas escolas-alvo e que será aplicado durante o próximo ano de projecto. Actividade A3.1: Organizar sessões de formação de directores / subdirectores de escolasalvo e representantes das comunidades em gestão e administração escolar Esta actividade iniciou-se em cada uma das regiões, com uma reunião com os directores e subdirectores das escolas, aos quais se somaram os dirigentes das associações de tabanca no caso de Cacheu e o Director Regional da Educação, Samba Buaró, e os inspectores da ETR no caso de Bafatá26. Esta reunião teve dois objectivos: i) apresentar o projecto mais escola à comunidade educativa; ii) calendarizar com a comunidade educativa as actividades específicas a desenvolver no decorrer do ano lectivo. Realizou-se ainda um trabalho de concertação entre as Equipas FEC de Bafatá e Canchungo, com o objectivo de se consolidar uma estrutura comum do plano de formação, sendo posteriormente adaptado por cada Equipa aos seus contextos locais de execução do projecto. Neste âmbito, revelou-se importante a participação das técnicas-formadoras da Equipa FEC de Os resultados da reunião realizada em Cacheu, foi posteriormente apresentada à DRE, em função da sua indisponibilidade para aceder ao convite realizado pela FEC para participar na reunião. 26 32 FUNDAÇÃO EVANGELIZAÇÃO E CULTURAS Projecto + Escola Relatório de avaliação intercalar │ Setembro 2007 – Agosto 2008 Bafatá na reunião geral de apresentação do Projecto +Escola realizada em Canchungo em Outubro e a visita efectuada pelo técnico-formador da Equipa FEC de Canchungo a Bafatá, incluindo a ida a Escolas Comunitárias da região e a uma sessão de formação. O intercâmbio de técnicos entre regiões revela-se uma boa prática não apenas para a gestão do projecto, mas igualmente para o público-alvo que contacta com membros de outras regiões que com eles trazem novas ideias e experiências. Quanto à formação propriamente dita, na Região de Cacheu, foram realizadas, tal como planeado, sessões mensais, perfazendo no total seis durante o ano 1 do projecto, o que possibilitou desenvolver os seguintes módulos: 1) Regulamento das Escolas com participação das comunidades, 2) o valor da informação escolar, 3) instrumentos de gestão escolar e 4) gestão financeira na escola. Para tal recorreu-se a uma metodologia de formação em exercício (teóricoprática), reforçada pela realização de trabalhos realizados fora do contexto de sala de aula. Como forma de avaliação, no final do processo de formação, os formandos elaboraram um dossier de escola que reflecte os exercícios práticos da formação. É de salientar que se consolidou a participação da Irmã Emília Garcês, Directora Pedagógica da Escola B.C. Francisco Maria Paulo Libermann e do Liceu Daniel Brottier em Calequisse, e responsável pelas 6 escolas de auto-gestão de Calequisse com o objectivo de replicar esta formação nas escolas de EB de Calequisse geridas pela Missão Católica local. Assim nas escolas-alvo do sector de Calequisse cada sessão foi replicada no mês seguinte, sendo a mesma liderada pela Ir. Emília Garcês, adaptando o plano de sessão e os respectivos guiões de exercícios a realizar fora do contexto de sala de aula, usados pelo TF de Canchungo. Destaca-se ainda nesta região, a participação do Secretário de Estado do Ensino, Dr. Augusto Pereira, que para além de muito ter honrado e motivado os formandos, se ter também revelado como um formador externo pertinente, assegurando diversa informação oportuna. É também de assinalar a participação de dois professores com funções de tesoureiros de Escola (Pelundo e Tame) como formandos, melhorando e aumentando as competências de gestão financeira na Escola. 33 Projecto + Escola Relatório de avaliação intercalar │ Setembro 2007 – Agosto 2008 Na Região de Bafatá, a formação em gestão e administração escolar contou com uma carga horária de 54 horas tal como previsto, distribuídas por três formações intensivas realizadas em Dezembro, Março e Julho, perfazendo um total de 9 sessões de seis horas cada. Ainda assim, e ao contrário do que aconteceu em Cacheu, o programa demonstrou ser demasiado extenso face ao nível de necessidades de pedagogia e aprendizagem dos formandos, que revelaram manifesta dificuldade de análise e preenchimento da grande maioria dos documentos apresentados durante as sessões. É, por exemplo, de referir que o módulo «Regulamento das escolas com participação das comunidades» foi trabalhado nas três formações intensivas, uma vez que exigiu uma atenção exaustiva sobre cada um dos capítulos que compõem o Regulamento Interno de Escola (RIE). Isto, para além das várias reuniões realizadas pelos formandos ao longo do ano com as respectivas comunidades. No que respeita à «Gestão Financeira na escola», é de mencionar que este tema foi trabalhado apenas na última formação intensiva, tendo os formandos demonstrado familiaridade com alguns instrumentos, tais como recibos e orçamentos, mas desconhecimento da pertinência e aplicabilidade dos mesmos na escola. Apesar destas dificuldades, foi possível abordar os quatro módulos do programa nas 9 sessões de formação, ainda que muitos dos conteúdos precisem de ser revistos no ano 2 do projecto. Se juntarmos às dificuldades dos formando na Região de Bafatá, o facto de não se ter desenvolvido a actividade de acompanhamento de directores27, verifica-se difícil um trabalho de aperfeiçoamento no terreno da relação entre director, comunidade e comité de gestão, podemos perceber que só um reduzido número de formandos realizou com frequência os exercícios facultados para resolução no período extra formação. Podemos por isto dizer que no caso da Região de Bafatá, o molde em que se desenvolveu esta actividade (justificada pela falta de recursos na equipa de Bafatá para fazer face às necessidades presentes) comprometeu o objectivo de percorrer um caminho de desenvolvimento de competências de gestão partilhada da escola, onde todos têm direitos e deveres. A não realização de acompanhamento deveu-se a diversas razões: 1ª falta de disponibilidade apresentada pelos directores envolvidos na actividade de docência e nas actividades do projecto associadas à formação de professores; 2ª razão: necessidade de se integrar mais um elemento na equipa da FEC apenas para se realizar o trabalho de formação e acompanhamento de directores, já que as distâncias entre o espaço da FEC em Bafatá e as escolas é mais moroso pela deterioração dos caminhos para se aceder às escolas do que foi referido pela DRE aquando da preparação da proposta do projecto. De referir que hoje dado o conhecimento das comunidades em que se inserem as escolas é possível verificar que o acompanhamento na área da gestão deverá integrar outras pessoas que não apenas directores-professores. 27 34 FUNDAÇÃO EVANGELIZAÇÃO E CULTURAS Projecto + Escola Relatório de avaliação intercalar │ Setembro 2007 – Agosto 2008 Foram ainda assim implementadas algumas medidas possíveis de maximizar a troca de experiências. Tratando-se de 14 formandos, decidiu-se constituir apenas uma turma, com o objectivo de enriquecer a troca de experiências entre formandos, visto que cada uma das escolas comunitárias tem especificidades muito próprias, com modelos de gestão distintos e com performances de organização variáveis consoante possuam um Comité de Gestão mais ou menos envolvido nos assuntos relativos à escola. Outra das iniciativas desenvolvidas foi duas reuniões de sensibilização de carácter formal com a comunidade (Comités de Gestão, representantes da APEEA, Chefe da Tabanca e pessoas influentes), para a questão da importância da educação. Também para esta actividade foi necessário recorrer a instalações alternativas ao Liceu Hoggy Ya Henda para se realizarem a 1ª e 2ª formações, por sobreposição de actividades no primeiro. Estas instalações alternativas, amavelmente cedidas pela Igreja Católica, não detinham contudo as condições pedagógicas necessárias. Actividade A3.2: Acompanhar directores / subdirectores de escolas-alvo e representantes das comunidades É importante começar por referir que esta actividade só foi planeada para a Região de Cacheu. Em função da avaliação feita em Bafatá, pensa-se pertinente pedir um reforço de orçamento, no sentido de contratar mais um técnico para realizar esta actividade28. O desenvolvimento da actividade durante o ano de 2007-2008 na região de Cacheu previa a realização de pelo menos um acompanhamento mensal por tabanca entre cada sessão de formação, a qual foi validada pelo grupo-alvo durante a reunião de apresentação do projecto. Ainda que globalmente se tenha seguido a modalidade aprovada, verificou-se, por vezes, alterações e adiamentos em função das disponibilidades dos formandos. Por este motivo e para maximizar a agenda do público-alvo e do TF de Canchungo decidiu-se realizar o acompanhamento ao grupo de directores e dirigentes associativos em conjunto – e não Pela mesma altura em que este relatório se encontrava em revisão, a PLAN Guiné-Bissau, tinha analisado positivamente o pedido de aumento de orçamento entretanto submetido. 28 35 Projecto + Escola Relatório de avaliação intercalar │ Setembro 2007 – Agosto 2008 separadamente, por escola ou por associação, como foi planeado, para acautelar eventuais dificuldades de transporte. Por vezes os acompanhamentos mensais foram complementados por encontros em Canchungo, com alguns dos formandos. Sempre que foi necessário e oportuno, também foram aproveitados os momentos que antecederam as sessões de formação dos professores, ou os intervalos, para tarefas e pontos de situação com os Directores e Subdirectores, o que se revelou importante, principalmente nos momentos de cumprir prazos e de se articular diversos contributos, como sucedeu nos processos de finalização dos Regulamentos Internos de Escola. Foi igualmente realizado em cada escola o ponto de situação da utilização do Livro de Sumário e de Registo Diário da Frequência, o que possibilitou a validação desses instrumentos como indicadores da assiduidade dos professores e alunos, bem como na contabilização dos dias lectivos cumpridos, primeiro pelo técnico da FEC e posteriormente pelos próprios directores. Também se realizaram encontros mensais com a Irmã Emília Garcês, com um duplo objectivo: a preparação do Plano de Sessão e a realização do ponto de situação da formação em Gestão e Administração Escolar nas escolas-alvo do sector de Calequisse. Foi igualmente desencadeada uma iniciativa para redacção do Historial das Escolas e das Associações, com o fim de promover a reflexão e debate para se definir uma Escola Pública de Iniciativa Comunitária. É de salientar que no âmbito desta iniciativa se registou em algumas escolas e tabancas a adesão espontânea de professores e das figuras respeitadas da comunidade, a saber, os homens grandes (omis garandis). Registou-se também a realização do levantamento do tipo de escolas existentes na Região de Cacheu, incluindo a definição de Escola Pública de Iniciativa Comunitária, efectuada pela equipa de estatísticos e inspectores da Direcção Regional de Educação e a convocação do grupo de formandos para apresentação, análise e discussão desses resultados. Por fim destaca-se a participação de dirigentes ou membros das Associações congéneres da Europa em reuniões promovidas no âmbito do projecto +Escola, como aconteceu em Tame e em Canhobe. 36 FUNDAÇÃO EVANGELIZAÇÃO E CULTURAS Projecto + Escola Relatório de avaliação intercalar │ Setembro 2007 – Agosto 2008 Impulsionados pelas competências adquiridas e recursos disponíveis, a Associação de emigrantes AFIPEL, em Pelundo, deu inicio à concepção de um regulamento interno da Associação, sendo este um dos exemplos de externalidades alcançadas pela intervenção da FEC no local. Actividade A.3.3: Organizar e realizar formação em gestão e administração escolar com missionários responsáveis e directores das escolas de autogestão e privadas da Diocese de Bafatá. A actividade iniciou-se com uma breve apresentação multimédia do projecto no Conselho Presbiterial da Diocese de Bafatá. Esta apresentação foi proposta pelo bispo D. Pedro Zilli para legitimar a actividade junto dos sacerdotes responsáveis das Missões da Diocese. Este momento foi ainda aproveitado para discutir as linhas de acção da Diocese no sector da Educação. Ainda no mês de Outubro de 2007, realizaram-se as Jornadas de Lançamento desta actividade, momento em que o Projecto + Escola foi apresentado e discutido com os directores e missionários responsáveis e as actividades anuais consensualmente calendarizadas (e em consonância com o inicialmente previsto no projecto). Foram assim realizadas duas visitas exploratórias/reuniões com cada uma das missões e direcções de escola locais, com a duração de 6 horas cada, que se realizaram desde o início de Novembro até meados de Dezembro e durante os meses de Março e Abril. As salas disponibilizadas em todas as MC em que se realizaram os seminários ofereceram as condições necessárias para o efeito, possuindo todas luz de gerador para as projecções multimédia e quadro branco, de giz ou papel. A metodologia utilizada nos seminários foi essencialmente interrogativa e reflexiva, para que o trabalho final fosse apropriado pelo público-alvo. De uma maneira geral, houve uma boa participação por parte de todos os formandos. De referir no entanto que nos seminários de Empada e Catió não houve igual participação de directores e missionários, por: a) ser o grupo maior e mais heterogéneo; b) os directores das escolas da tabanca com maior dificuldade na língua portuguesa terem uma menor participação. 37 Projecto + Escola Relatório de avaliação intercalar │ Setembro 2007 – Agosto 2008 Destes seminários saíram as três propostas finais do Manual de Procedimentos que foram levadas para análise ao II Encontro Diocesano da Educação realizado em Junho de 2008, na Cúria Diocesana de Bafatá. Neste encontro discutiu-se e fez-se a aprovação do «Documento de Base do Manual de Procedimentos» visto ter-se concluído que havia temas neste documento que ainda precisavam de ser aprofundados, tais como o Regulamento de Avaliação e o Regime de Faltas. Reflectiu-se sobre o papel da Igreja Católica na Educação da Guiné-Bissau (contando-se para este ponto com a presença do coordenador da Fundação Educação e Desenvolvimento (FED) e ex-ministro da educação guineense, Dr. Alexandre Furtado) e sobre o futuro da actividade na Diocese (sob orientação do gestor do projecto + Escola, Nuno Macedo) e a nível da CIEE (desenvolvido pelo coordenador da CIEE, Pe. Joaquim Pereira). Este encontro contou igualmente com a participação de membros das MC de Mansoa e Bissorã, assim como dos coordenadores das escolas de autogestão das respectivas MC. Estes estiveram presentes no primeiro dia do encontro e contribuíram significativamente e de forma enriquecedora para a discussão do «Documento de Base do Manual de Procedimentos». A presença do bispo de Bafatá, D. Pedro Zilli, e do coordenador da CIEE, Pe. Joaquim Pereira, foram fundamentais institucional e politicamente, na medida em que são as pessoas que legitimaram as decisões tomadas e os assuntos discutidos. Depois do Encontro da Educação, o Manual de Procedimentos foi revisto pelo coordenador da CIEE, e foi entregue nas missões da Diocese de Bafatá, juntamente com a síntese do encontro. Este documento será aplicado no próximo ano lectivo na Diocese de Bafatá, e revisto através de visitas de acompanhamento, e também Diocese de Bissau, através de reuniões de trabalho, com os directores e missionários, orientadas pelo Pe. Joaquim Pereira. Está ainda prevista a realização do I Encontro Interdiocesano da Educação, no final do ano lectivo 2008/2009, em que se aprovará o documento final do Manual de Procedimentos comum às duas Dioceses, evidenciando a necessidade de se uniformizarem procedimentos no seio da Igreja em matéria de educação e replicando as boas práticas promovidas no âmbito do projecto + Escola. 38 FUNDAÇÃO EVANGELIZAÇÃO E CULTURAS Projecto + Escola Relatório de avaliação intercalar │ Setembro 2007 – Agosto 2008 Na Cúria de Bafatá, está também a ser montado o Centro de Recursos, previsto nesta actividade, com bibliografia e legislação que vai de encontro aos temas de administração e gestão escolar. Neste sentido está em curso um levantamento dos recursos locais existentes que possam ser pertinentes, para juntar aos materiais já existentes no Centro de Recursos da equipa da FEC, que foram reproduzidos para o Centro de Recursos da Cúria. Foi pedido à ESETN uma lista de bibliografia que pudesse ser importante e pertinente para este espaço. No entanto esta nunca chegou a ser enviada. Foram ainda realizadas reuniões com os comités de gestão de algumas escolas de autogestão nas visitas exploratórias para discutir o perfil do professor, gestão financeira e análise estatística. E reuniões de acompanhamento com os professores/educadoras de algumas escolas nas visitas exploratórias. Estes espaços, foram aproveitados para detectar necessidades, algumas delas colmatadas posteriormente com a distribuição pelas escolas de material vário (livros, dicionários, enciclopédias, material escolar, brinquedos, jogos didácticos). Estes materiais foram donativos da Cooperação Militar Portuguesa, da Câmara Municipal de Amarante, através do Conselheiro da Embaixada de Portugal na Guiné-Bissau, Frederico Silva e da Saúde em Português, ONG portuguesa que se encontra a trabalhar na região de Bafatá. Foram também distribuídos pelas escolas alguns materiais oferecidos à FEC em Portugal, como dicionários, gramáticas, prontuários e enciclopédias. 4.2.2 Recursos e Orçamento Tal como é apresentado no quadro29 abaixo, verificou-se uma elevada taxa de execução orçamental do 1ºano de projecto em termos globais (92% dos 328 506, 57 € orçamentados). De salientar, por um lado, que não se registaram derrapagens financeiras nos orçamentos de nenhum dos parceiros e, por outro, que o co-financiamento provindo dos parceiros PLAN (100%), Igreja Católica Guiné (100%) e FEC (97%) registaram uma taxa de execução acima da média. Quadro semelhante ao apresentado no relatório de monitorização. Este é apenas o resumo das contas do projecto, sem prejuízo dos relatórios financeiros a apresentar aos financiadores de acordo com os procedimentos especificados nos acordos de parceria. 29 39 Projecto + Escola Relatório de avaliação intercalar │ Setembro 2007 – Agosto 2008 Quadro 5: Execução financeira 1º ano de projecto + Escola Co-financiador Valor orçamentado (1º Valor executado (1º ano) ano) (Euro) (Euro) IPAD 215.276,50 193.172,53 Plan GB 14.509,06 14.513,37 Action Aid 10.690,51 9.061,79 Igreja Católica Guiné 3.539,00 3.539,00 FEC 84.491,00 81.919,30 Total 328.506,07 302.205,99 Taxa de execução (%) 89,7% 100,0% 84,8% 100,0% 97,0% 92,0% Em função do peso que o co-financiador IPAD tem na verba global disponível para o primeiro ano de projecto, pode-se depreender que é da análise por rúbrica deste orçamento que se pode procurar formas de melhorar a execução do próximo ano. Em termos de execução do IPAD referentes ao primeiro ano, as rubricas 4.1.2 (2.2.3) Técnico Administrativo Expatriado e 4.1.5 (2.2.2.2) Técnica Financeira Sede representam só por si cerca de 90% das despesas não efectuadas. Quer isto dizer que a razão fundamental por detrás do défice de execução está associada às dificuldades de recrutamento registadas e que foram apontadas anteriormente. Outro conjunto de despesas com importância maior no orçamento não executado está relacionado com o acompanhamento e monitorização do projecto. De facto as rubricas 4.1.7 (8) Acompanhamento e 4.1.8 (2.3.1) Ajuda de Custos de Monitorização representam cerca de 41, 6% das despesas não efectuadas. Por fim destacamos as rúbricas relacionadas com a circulação de pessoas e bens, com é o caso da 1.1.5 (2.3.2) Deslocações Locais Pessoal Afecto ao Projecto, 1.3.1.4 (7.8) Transporte de Equipamentos e Veículos, 4.2.1 (3.1) Viagens Internacionais e 5.2.1 (3.1) Viagens Internacionais por representarem cerca de 43% das mesmas despesas não efectuadas e inicialmente orçamentadas no co-financiador IPAD. Estes dois grupos estão de resto interligados, já que pelo menos a circulação de pessoas estava associada ao acompanhamento, monitorização e avaliação do projecto. Em grande medida o défice de execução pode ser aqui justificado pelos atrasos no acordo e posterior facturação do parceiro do projecto que ficou responsável por estes serviços. 40 FUNDAÇÃO EVANGELIZAÇÃO E CULTURAS Projecto + Escola Relatório de avaliação intercalar │ Setembro 2007 – Agosto 2008 Em sentido oposto, e compensando o défice de despesa nas rúbricas acima mencionadas, por motivos da necessidade de aumentar o apoio ao projecto a partir de Portugal verificou um aumento de despesa na rubrica 4.1.4 (2.2.2) Assistente de Logística Sede na ordem dos 2 172, 50 € a que se juntam os 2 561, 80 € gastos acima do previsto na rubrica 6.1.3 (1.2) Despesas Administrativas. Estas duas rúbricas são as que mais representativamente ultrapassaram o orçamento inicialmente previsto. Na tentativa de efectuar ajustamentos e melhorar a execução orçamental do projecto no decorrer do segundo ano, a FEC apresentou uma proposta ao co-financiador IPAD, que consta em documento próprio. Retomaremos este assunto necessariamente no relatório de avaliação final do projecto. No que respeita aos recursos humanos do projecto, há vários pontos a salientar. Por um lado, relativamente à equipa técnica, o balanço em termos de desempenho é muito positivo, como se apontava já no relatório de monitorização. Os técnicos formadores assumiram com competência as responsabilidades e deveres contratados. No que concerne à implementação do sistema de pontos focais, com responsabilidades de coordenação técnica para as actividades de formação de professores e directores de escola, considera-se que foi bastante eficaz, uma vez que permitiu uma melhor coordenação entre as duas equipas, com análise de situações problemáticas em tempo útil, melhor troca de experiências e boas práticas e maior sintonia na comunicação com a equipa de apoio científico da ESETN e com o gestor de projecto. A equipa de gestão do projecto beneficiou igualmente da criação do sistema de técnicos pontos focais, tendo o gestor do projecto ficado com mais disponibilidade para o desempenho das suas responsabilidades específicas, no segundo semestre do projecto. A capacidade de gestão administrativa e financeira aumentou significativamente com a contratação de uma técnica administrativa em Abril de 2008, depois de uma sucessão de tentativas goradas durante o primeiro semestre. A intenção inicial era a de que esta técnica integrasse a equipa a trabalhar na Guiné-Bissau para estar mais próxima do terreno, mas a capacidade de analisar e acompanhar o projecto a partir de Portugal, com apresentação regular aos financiadores revelou-se mais eficaz a partir da sede da FEC, em Lisboa. 41 Projecto + Escola Relatório de avaliação intercalar │ Setembro 2007 – Agosto 2008 A chegada da nova técnica permitiu melhorar os procedimentos administrativos do projecto, nomeadamente em termos contabilísticos, de forma a fazer uma gestão orçamental mais eficaz. Para tal foi determinante a experimentação e posterior implementação do sistema de gestão contabilística e financeira: MANGO. Também os mecanismos de prestação de contas, com a execução de relatórios financeiros adaptados às diferentes exigências dos vários co-financiadores, foram devidamente implementados. A equipa de gestão foi igualmente reforçada com a contratação de um novo técnico logístico local em Bissau. O concurso de recrutamento de um técnico foi lançado em Portugal e na GuinéBissau, logo após a saída do técnico logístico Giacomo Previatti em Janeiro de 2008. No entanto, de maneira semelhante ao sucedido com o processo de recrutamento da técnica administrativa, só foi possível contratar o novo técnico tardiamente, em Junho de 2008. Ao longo do 1º semestre de 2008 foram feitas algumas entrevistas a candidatos em Bissau, mas estes não revelaram ter um perfil ajustado à função. Dadas as manifestas dificuldades, foi contactada uma empresa de recrutamento de recursos humanos guineense, que colaborou no processo de recrutamento e selecção. Entretanto, e dado que a técnica administrativa ficaria a trabalhar a partir de Lisboa, foi decidido reformular os termos de referência da função de técnico logístico local de maneira a integrar algumas responsabilidades de gestão administrativa e financeira. Esta solução, apesar de tardia, permitiu melhorar significativamente a gestão do projecto. A avaliação do período probatório de 3 meses do técnico logístico local foi considerada muito positiva, pelo que o contrato será renovado no início do 2º ano de projecto. No que respeita aos recursos materiais, há também alguns aspectos a referir sobre as residências e escritórios do projecto. O arrendamento da casa no perímetro da Cúria Diocesana de Bafatá provou ser uma opção acertada, uma vez que as boas condições de habitabilidade da casa foram importantes para que as técnicas pudessem responder às exigentes condições de trabalho prevalentes na região. Também o facto de se dispor de um escritório, na Cúria, com uma boa provisão de energia e segurança permitiu que a capacidade de trabalho fosse maximizada. Relativamente à residência/escritório de Bissau, local de trabalho e habitação do gestor de projecto, o balanço é positivo, mas é importante apontar algumas limitantes. Apesar das condições de conforto serem extraordinárias no contexto guineense, o facto é que a opção tomada em Março de 2008, com a mudança para um apartamento tipo T0, de acordo com a orientação do Gestor do Bairro e do Adido para a Cooperação da Embaixada de Portugal em 42 FUNDAÇÃO EVANGELIZAÇÃO E CULTURAS Projecto + Escola Relatório de avaliação intercalar │ Setembro 2007 – Agosto 2008 Bissau, revelou algumas limitações: é complicado gerir a sobreposição de um espaço privado com as necessidades de trabalho, sobretudo de recepção de pessoas para contactos institucionais ou reuniões de trabalho (uma vez que nem sempre é possível utilizar a sala de convívio do bairro da cooperação para esse efeito, dado que é um espaço frequentado pelos diferentes ocupantes do bairro). Esta situação deve ser revista com o IPAD e com os responsáveis em Bissau. No que respeita aos meios de transporte à disposição do projecto, há algumas mudanças significativas relativamente ao avançado no relatório de monitorização. A carrinha Tata, sobre a qual se dizia em Março que estava em más condições e precisava de ser substituída, sofreu um grave acidente em Julho de 2008. A carrinha está inutilizada e a sua recuperação é improvável, pelo menos de maneira a permitir a sua utilização fora de Bissau. O processo de reparação está a ser conduzido pela companhia de seguros Guinebis. Devido aos problemas com a carrinha Tata, e apesar da aquisição de um novo veículo Ford Ranger 4X4, doada pelo Grupo Salvador Caetano, é necessário no 2º ano continuar a encontrar soluções de deslocação de forma a assegurar a mobilidade das diferentes equipas30. O projecto continuará a alugar o Toyota Landcruiser 4X4 da Diocese de Bafatá para a actividade de formação em gestão e administração escolar nas escolas ligadas à Igreja nas regiões do Sul. Faz-se um balanço bastante positivo deste aluguer, que permite dispor de um meio de transporte adequado às condições difíceis de acesso a um custo bastante razoável. 4.2.3 Gestão e mecanismo de coordenação Conforme referido no relatório de monitorização do 1º semestre de projecto, foram elaborados acordos de parceria entre a FEC e os diferentes co-financiadores do projecto + Escola, nomeadamente o IPAD, a Action Aid, a Plan GB e a Igreja Católica na Guiné-Bissau (CIEE e Diocese de Bafatá). Também como referido nesse relatório, havia algumas etapas processuais por concluir: 1) a adenda ao acordo com o IPAD foi assinada em Abril 2008; 2) o acordo de parceria global, com a CIEE e Diocese de Bafatá, acabou por não ser assinado durante o 2º semestre e Neste sentido a FEC preparou pedidos de financiamento, sendo que ainda antes do fim deste relatório a PLAN Guiné-Bissau tinha aprovado verba para aluguer de viatura para deslocação no âmbito das actividades a desenvolver nas tabancas da região de Bafatá, e aguardando-se o parecer de duas entidades não governamentais estrangeiras a aprovação dos respectivos pedidos. 30 43 Projecto + Escola Relatório de avaliação intercalar │ Setembro 2007 – Agosto 2008 será assinado no início do 2º ano de projecto; 3) o acordo de parceria com a Action Aid foi assinado em Julho de 2008. Ainda no que concerne aos acordos de parceria, é importante notar que o IPAD, a Plan GB e a Igreja na Guiné-Bissau assumiram o seu compromisso com o projecto num horizonte de dois anos, de acordo com as expectativas iniciais. Por outro lado, a Action Aid na Guiné-Bissau comunicou à FEC, em Maio de 2008, a sua incapacidade em co-financiar parte do orçamento previsto para o 1º ano e a totalidade do orçamento previsto para o 2º ano de projecto. De acordo com os responsáveis daquela organização, a decisão foi tomada por orientação do seu escritório regional que estabelece a obrigatoriedade da re-programação da organização e respectiva reafectação de recursos ao sector da segurança alimentar. Apesar da avaliação positiva que fazem do trabalho conjunto, não foi possível negociar um co-financiamento excepcional do projecto. Assim, foi necessário rever o orçamento previsto co-financiado pela Action Aid para o 1º ano do projecto + Escola, tendo o acordo de parceria traduzido essas alterações. De forma a colmatar a ausência de verba para realização das actividades do segundo ano previstas como sendo financiadas por este parceiro, a FEC encontra-se desde Julho de 2008 a procurar novo financiador, esperando fechar o processo no decorrer do primeiro semestre do próximo ano lectivo. Até ser encontrada uma alternativa o desenvolvimento normal das actividades será assegurado pela FEC. Relativamente às visitas do gestor de projecto às equipas regionais, a situação mantém-se semelhante à descrita no relatório de monitorização, sendo que, com a resolução de algumas dificuldades administrativas e logísticas no 1º semestre, foi possível utilizar estes momentos, no 2º semestre, para um melhor acompanhamento operacional e técnico. Quanto à implementação de reuniões para realizar os pontos de situação intra-equipa, verificouse, neste 2º semestre de projecto, uma melhoria da coordenação de actividades, que se traduziu numa melhor comunicação ao gestor de projecto da reflexão das equipas sobre o trabalho desenvolvido em cada região. No entanto, não foi alterado o instrumento de registo da informação, conforme tinha sido proposto na missão de monitorização. A revisão do instrumento deverá ser feita no âmbito da elaboração de um instrumento único de relatório mensal de equipas. 44 FUNDAÇÃO EVANGELIZAÇÃO E CULTURAS Projecto + Escola Relatório de avaliação intercalar │ Setembro 2007 – Agosto 2008 A reunião mensal da equipa de projecto continua a desenvolver-se nos moldes descritos no relatório de monitorização do 1º semestre. Este tem sido o momento de reflexão conjunta e de tomada de decisão por excelência. A reunião mensal passou a contar com a presença e contribuição do técnico logístico a partir da sua contratação em Junho. Com o reforço da equipa de gestão em Bissau, foi necessário introduzir uma nova rotina de coordenação: as reuniões semanais de coordenação logística e administrativa. Estas reuniões foram importantes para iniciar o novo técnico logístico local na dinâmica de trabalho do projecto, fazer alguma formação e criar autonomia. As reuniões serviram para organizar e coordenar o trabalho logístico e administrativo e também para fazer a avaliação de desempenho do técnico durante o período probatório (de 3 meses). As reuniões semanais à distância, via skype, entre o gestor e a desk officer têm ocorrido conforme planeado, apesar de também sofrerem por vezes das dificuldades da ligação à Internet ou dificuldades de agenda. O balanço geral deste mecanismo é positivo. Um elemento negativo foi o facto de não ter sido desenvolvido um modelo de relatório formal mensal da equipa de gestão de projecto para o Departamento de Cooperação na sede em Lisboa. É importante que este instrumento seja utilizado no 2º ano do projecto. De acordo com a recomendação saída da missão de monitorização, foi acordado um calendário trimestral para os acompanhamentos mensais à distância (via skype) do técnico especialista de educação da ESETN aos técnicos formadores. Estes acompanhamentos realizaram-se no 3º trimestre do projecto, ainda que a inconstância do acesso à Internet nas instalações do Bairro da Cooperação Portuguesa em Bissau, por dificuldades técnicas alheias à FEC, tenha obrigado a recalendarizações. Durante o último trimestre (Junho-Agosto), só os acompanhamentos às actividades de formação em gestão e administração escolar foram efectuados. Não se realizaram acompanhamentos das actividades de formação de professores, uma vez que também não foram produzidos comentários aos planos de sessão das mesmas actividades (estes desde Maio). Uma actividade prevista ser iniciada no ano 1 com o apoio da ESETN – elaboração de uma proposta de dossier de candidatura à acreditação pelo INDE das formações desenvolvidas pelo projecto + Escola – passará a ser assumida integralmente pela FEC, no ano 2, através da contratação de uma consultora de educação residente na Guiné-Bissau. 45 Projecto + Escola Relatório de avaliação intercalar │ Setembro 2007 – Agosto 2008 As reuniões entre desk officer e técnico especialista de educação da ESETN ocorreram de forma menos frequente para analisar questões associadas ao Acordo entre as duas instituições e as dificuldades sentidas na comunicação para os acompanhamentos. Foi analisado internamente e considerou-se prioritário que a dedicação da instituição parceira de educação devesse ser orientada para o terreno, face a dificuldades de agenda. Em termos de mecanismos de coordenação, procurou-se ainda reforçar a cooperação com o Programa de Apoio ao Sistema de Ensino da Guiné-Bissau (PASEG) – outro dos projectos da Cooperação Portuguesa no sector da educação na Guiné-Bissau -, de acordo com os compromissos assumidos no acordo de parceria com o IPAD. Assim, o PASEG foi convidado a participar no Fórum sobre Educação na Guiné-Bissau, em Fevereiro 2008, altura em que a Dra. Helena Castro (coordenadora do PASEG) fez uma exposição sobre o trabalho realizado desde 2001 até hoje. Para além disso, todo os materiais audiovisuais produzidos pela FEC no âmbito do projecto + Escola, nomeadamente o Boletim Igrejas Lusófonas, o Boletim + Escola, ou ainda o relatório de monitorização do 1º semestre, foram entregues à coordenação do PASEG31. A coordenadora do PASEG e mais um dos professores-formadores – o Prof. Manuel Oliveira foram convidados a assistir a uma das sessões de formação de professores sobre Língua Portuguesa em Canchungo, do projecto + Escola. A troca de impressões sobre as metodologias e estratégias entre os representantes do PASEG e os técnicos do projecto + Escola revelou-se muito proveitosa. Em Portugal, a desk officer efectuou o envio do relatório de monitorização e do documento-síntese do Fórum sobre Educação na Guiné-Bissau ao Departamento de Relações Internacionais e da Cooperação do Ministério da Educação em Portugal, na pessoa da Dr.ª. Maria de Jesus Filipe, de modo a partilhar informação de relevo com as entidades da cooperação oficial portuguesa com actuação no sector de educação32. A coordenação com a Embaixada de Portugal em Bissau foi constante. O Sr. Embaixador José Manuel Paes Moreira, mostrou-se sempre disponível para apoiar as iniciativas da FEC: apoiou a realização do Fórum sobre Educação, fazendo a intervenção de abertura do mesmo. Permitiu igualmente que a FEC usufruísse do serviço da mala diplomática, com grandes benefícios para o projecto. O Conselheiro da Embaixada, simultaneamente responsável pelo Centro Cultural A acrescer a estes materiais, foram também entregues o Documento-síntese do Fórum sobre Educação e o CD-ROM “Made for Guiné-Bissau”. 32 No quadro de entidades públicas portuguesas, refere-se que o relatório de monitorização foi também enviado para o Instituto Camões em Portugal e na Guiné-Bissau. Para além destas entidades, o relatório é enviado aos co-financiadores deste projecto e a outros no âmbito de outros projectos promovidos pela FEC. 31 46 FUNDAÇÃO EVANGELIZAÇÃO E CULTURAS Projecto + Escola Relatório de avaliação intercalar │ Setembro 2007 – Agosto 2008 Português de Bissau (CCP), Dr. Frederico Silva33, apoiou igualmente a realização do Fórum sobre Educação através da cedência do CCP e facilitou uma iniciativa, em conjunto com a Câmara Municipal de Amarante, de entrega de material escolar a algumas das escolas ligadas ao projecto + Escola, na região de Bafatá, Quínara e Tombali. O Adido para a Cooperação da Embaixada de Portugal em Bissau, Dr. Guilherme Zeferino, acompanhou a implementação do projecto: acolhimento à chegada da equipa a Bissau34; instalação do gestor de projecto no Bairro da Cooperação; visita às escolas alvo do projecto na região de Canchungo; provisão de materiais escolares oriundos de diversas iniciativas desenvolvidas em Portugal aos cerca de 2000 alunos dessas mesmas escolas; recepção da equipa das missões de monitorização e avaliação em Fevereiro e Julho 2008, respectivamente; participação no Fórum sobre Educação; acompanhamento da situação de segurança da equipa de projecto; facilitação de contactos institucionais junto de outras cooperações bilaterais. A acrescer a este acompanhamento, o Adido para a Cooperação promoveu uma reunião de todas as ONG portuguesas aquando da visita do presidente do IPAD à Guiné-Bissau. Tal como referido nesse encontro, seria extremamente útil para um alinhamento da estratégia de cooperação portuguesa na Guiné-Bissau que se realizassem reuniões frequentes destas organizações, muito particularmente das organizações ou instituições que actuam no sector da educação, a saber o Instituto Camões, o PASEG, a FEC, o Instituto Marquês Vale Flor, entre outros. Só assim será possível uma intervenção efectivamente concertada. 4.2.4 Análise SWOT e Boas Práticas Sintetizamos de seguida, partindo de uma lógica SWOT, o que nos parecem ser os aspectos fundamentais do processo desenvolvido por todo o projecto + Escola ao longo deste ano de intervenção. A comissão de serviço do Dr. Frederico Silva terminou em Julho de 2008. Na assistência quotidiana à vida no Bairro da Cooperação Portuguesa é importante salientar a disponibilidade do Sr. Victor Silva e da secretária do Sr. Embaixador, D. Ana Costa Silva. 33 34 47 Projecto + Escola Relatório de avaliação intercalar │ Setembro 2007 – Agosto 2008 Pontos Fortes Quadro 6: Análise SWOT35 • Envolvimento e concertação com actores chave da área da educação como MENES, DRE, PLAN, INDE e Igreja Católica. • Equipa de TF com currículos direccionados para a docência, para o EB ou para a Língua Portuguesa. • Supervisão pedagógica em alguns dos momentos nas fases de preparação, execução e avaliação da actividade. • Adequação da periodicidade (mensal) e tempo formativo (no caso da região de Cacheu) das sessões de formação de L.P. ao programa e à disponibilidade dos formandos. • Modalidade intensiva na formação de matemática e gestão e administração escolar por permitir um trabalho mais estruturado. • Programa bem estruturado (matemática e gestão e administração escolar) e existência de um único tema no caso da formação L.P. – a oralidade. • Metodologia de formação prática e reflexiva. • Número de formandos da formação em Gestão e Administração Escolar adequado para a metodologia requerida. • Rotatividade das formadoras de Bafatá nas formações e observações de aula, trocando de turmas e professores. • Permanência dos formandos nas escolas e cargos previstos. • A elevada taxa de assiduidade às formações de Gestão Escolar (Bafatá e Cacheu), L.P. e Matemática (Cacheu). • Coesão dos diferentes grupos de formandos. • Boas condições de sustentabilidade da formação de matemática em Bafatá. Criação de turmas heterogéneas com distribuição equitativa dos professores-recurso potenciou a troca de experiências e permitiu apoiar as formadoras e treinar o que haviam apreendido no âmbito do PAEIGB, projecto anteriormente promovido pela FEC, no qual se definiram as figuras de professores-recurso com vista à sustentabilidade das intervenções. • Os materiais escolares distribuídos (Sebenta +Escola, + Ideias, manuais do EBE, dossier do formando e materiais de suporte à formação) potenciaram a qualidade da formação. • Disponibilização de instrumentos de gestão escolar, em articulação com a DRE, para o Dossier de Escola e Associação (formandos de Cacheu). • Apoio ao professor na correcta utilização dos materiais entregues • Continuação do envolvimento de mais elementos nas reuniões Escola-Associação-Comunidade da região de Cacheu, incluindo na concepção dos Regulamentos Internos, onde na qual participaram os diferentes detentores de interesse • A manutenção da liderança sobre os processos dos Directores, nomeadamente na gestão e facilitação das reuniões, reforçando o seu papel e da Escola na Comunidade. • Observação de aulas, com análise conjunta (técnico formador e formando) e apoio aos registos potencia formação, aprendizagens e materiais entregues. • Visitas (observação de aulas) possibilitam conhecimento dos públicos alvo indirectos (alunos), das condições das escolas e do contexto sócio-cultural. • O número de observações permite tirar conclusões reais • Criação de uma linha evolutiva da competência lectiva do professor. • Criação de um instrumento experimental de avaliação do desempenho do professor – o ICL – pela ESETN. • Possibilidade de deslocação automóvel para a realização das actividades realizadas com a Diocese de Bafatá. A ausência de referência nos pontos às regiões significa que estes se reportam às Regiões de Bafatá e Cacheu. Sempre que a referência seja específica a uma determinada região esta é nomeada. 35 48 FUNDAÇÃO EVANGELIZAÇÃO E CULTURAS • • • • • • Pontos Fracos • • • • • • • • Projecto + Escola Relatório de avaliação intercalar │ Setembro 2007 – Agosto 2008 Fragilidade do planeamento perante o ambiente cultural tradicional local Incapacidade, apesar da articulação existente, para evitar a sobreposição de uma das acções de formação com uma actividade da DRE de Canchungo Programa L.P. estruturado de forma pouco acessível para os formandos. Programas de qualquer uma das componentes de formação demasiado extensas para o tempo de formação e níveis de necessidade pedagógica e aprendizagem dos formandos em Bafatá. Dificuldade de adaptação linguística entre os formandos de nível elementar e as formadoras de Bafatá. Registo de informação em duplicado (assiduidade no livro de registos de presenças e no livro de sumários). Na disciplina de matemática, a falta de exercícios na Sebenta + escola + ideias para alguns conteúdos e de soluções dos exercícios noutros dificulta a utilização dos mesmos por parte dos professores. Não existir a modalidade de acompanhamento (A.3.2) em Bafatá para consolidar os temas abordados e verificar assiduidades. Falta de recursos humanos para fazer acompanhamento de aulas a todos os professores das escolasalvo da região de Cacheu. Problemas constantes no veículo utilizado para as deslocações às escolas. Ausência de retorno da ESETN aos planos de sessão e respectivos suportes teóricos da maior parte das sessões e atraso no envio da versão definitiva do programa de Língua Portuguesa. Ambiguidade de alguns parâmetros, nas fichas de observação de aula, de avaliação e atribuição de notas. Dificuldade de acesso a bibliografia diversificada e especializada, sobretudo na temática de Gestão e Administração Escolar adaptada a escolas rurais africanas. Falta de tempo por parte dos TF para realizar a necessária adequação do GAD – Grelha de Acompanhamento de Directores - efectuado pela ESETN, como instrumento de avaliação que pudesse traduzir a complexidade e riqueza desta acção, sobretudo na componente de acompanhamento. 49 Projecto + Escola Relatório de avaliação intercalar │ Setembro 2007 – Agosto 2008 • • • • • • • • Oportunidades • • • • • • • • • • • A introdução por parte do MENES de regras de controlo da assiduidade dos professores. Conservação dos recursos naturais, cultura e tradições, sociedade e economia potenciam a interdisciplinaridade, por estarem directamente relacionados com as Ciências Integradas. O trabalho de uma ONG local de Bafatá – ECAS –, que conta com uma bolsa de 20 – 30 animadores/ sensibilizadores sócio-culturais e projectos ao nível do trabalho com as comunidades, que aliam a experiência de trabalho comunitário com um bom domínio linguístico do Português. Receptividade da comunidade educativa, a pró-actividade dos directores de escola, a cultura de diálogo e, no caso das escolas da região de Cacheu acompanhadas pelo projecto, a introdução nos planos anuais de actividades de promoção de Língua Portuguesa e Matemática. Grupo de formandos de Cacheu dominar relativamente o português estar familiarizado com a formação da FEC e com os instrumentos de gestão e administração escolar A abertura em Setembro de 2008 do Centro de Desenvolvimento Educativo de Canchungo, ainda que em instalações provisórias. A definição de um plano estratégico entre DRE e SNV – Organização Holandesa do Desenvolvimento – que poderá potenciar o desempenho do sistema educativo e do projecto +Escola. Possibilidade de realização de uma reunião entre a ASSOFAC e a Federação Europeia das Associações de Filhos de Canhobe de Portugal, Espanha e França para Canhobe em Dezembro. A existência e divulgação de um maior número de programas de rádio36 transmitidos em Português e outros recursos de aprendizagem da língua como seja os jornais e livros de carácter pedagógico37 poderá constituir-se como forma privilegiada de aprendizagem e aperfeiçoamento desta língua; Motivação dos formandos para melhorar o seu desempenho percebida através da sua assiduidade e participação nas sessões de formação e no empenho de alguns professores na replicação de materiais didácticos já fora do contexto formativo. As formações dadas pela UNICEF aos professores do EBE anualmente Existência de mapas e outros materiais, oferecidos pela PLAN às escolas-alvo do projecto + escola Os seguimentos realizados pela ETR. Hortas escolares ou outros projectos da comunidade que tenham pontes de ligação com as matérias trabalhadas durante as formações. O intercâmbio inter-escolas de materiais didácticos. Utilização das sebentas + Escola, + Ideias nas formações ministradas pelos ETR e outras que tenham como alvo o professor A disponibilidade da DRE de Bafatá, tanto do director como dos inspectores, em acompanhar o trabalho formativo das técnicas, bem como as reuniões de sensibilização às comunidades38. A localização da casa e do escritório da equipa da FEC Bafatá na Cúria facilita o contacto e a relação mantida com o parceiro (D. Pedro Zilli, como representante da Diocese) e com o público-alvo (directores e missionários responsáveis das escolas católicas da Diocese), devido à Cúria ser local de passagem dos mesmos. Acompanhamento do Bispo de Bafatá, D. Pedro na 1ª visita à MC Bolama, pois ajudou a um melhor acolhimento da técnica e apropriação do trabalho. Na Região de Cacheu, o programa “Andorinha” incentivou à formação de “bancadas” juvenis para a conversação e promoção da língua portuguesa. 37 A ONG local ECAS, em parceria com a Intercanvi, iniciará a partir do próximo ano lectivo um projecto-piloto de bibliotecas móveis, que consistirá na distribuição rotativa de livros, baseados em histórias tradicionais guineenses, um dos quais é escrito por um dos professores afectos ao projecto +Escola. Os livros serão entregues em baús, que ficarão sob a responsabilidade do director da EC, e serão distribuídos pelos animadores da ECAS. 38 Na altura em que este relatório estava a ser finalizado, já se sabia da alteração dos directores regionais de educação. Quer isto dizer que os compromissos têm de ser reassumidos. 36 50 FUNDAÇÃO EVANGELIZAÇÃO E CULTURAS • • • • • Ameaças • • • • • • • • • • Projecto + Escola Relatório de avaliação intercalar │ Setembro 2007 – Agosto 2008 Proximidade de período eleitoral e possível instabilidade político-social Dificuldade em arranjar peças da Tata, mesmo em Bissau. Distância das escolas de Bafatá, superiores às apontadas no projecto, que em virtude da má qualidade dos acessos (a maior parte das vezes em «picada») dificultam a mobilidade de todos os envolvidos e implicam o consumo de grande parte do dia de trabalho das técnicas formadoras. Pouca capacidade crítica e reflexiva da maioria do público-alvo que seguem à risca os exercícios da Sebenta + escola, + ideias ou o que os técnicos formadores sugerem. A ausência de domínio da Língua Portuguesa por parte de alguns directores e professores da Região de Bafatá Manuais escolares da 2ª e 3ª classes estarem esgotados na Guiné-Bissau. Atrasos nas planificações do sector público, nomeadamente a formação das COME e início do ano lectivo. A não utilização da Língua Portuguesa na vida quotidiana da tabanca Imprevisibilidade quanto à realização de cerimónias como o Fanado e o Choro que podem por este motivo sobrepor-se ao calendário da formação A não comunicação de ausência ao serviço (não comparência na escola) por parte dos professores que leva os TF a dirigirem-se a uma escola e não poderem observar a aula agendada. A comunidade de Bafatá não se rever neste modelo de escola e no ensino formal por motivos históricos, sócio-culturais e religiosos; Falta de pagamento do salário dos professores. Solicitação pelos Comités de Gestão de algumas escolas das ajudas de custo recebidas na formação pelos formandos de Bafatá; Na Região de Bafatá, a falta de formação em gestão e administração escolar ao comité de gestão. Dificuldades de comunicação telefónica com algumas Missões das regiões de Tombali, Quínara e Bolama. Terminamos este subcapítulo com a indicação de algumas das boas práticas até agora identificadas: • O uso de metodologias activas de reflexão e participação e inferência a partir de casos práticos baseados no saber-fazer e vivências dos próprios formandos. A utilização de exemplos próximos e locais revelou-se essencial na capacitação dos diferentes públicos-alvo, principalmente a preparação e simulação de actividades com espaço dedicado à discussão das mesmas. • Calendarização dos acompanhamentos com os professores reduziu ao longo do ano a taxa de faltas dos professores quando os técnicos formadores se deslocaram à escola. • A realização do 3º Atelier de Reflexão na região de Canchungo não só já se tornou uma «tradição» de encerramento do ano do projecto, como induziu práticas de avaliação em todos os formandos e parceiros envolvidos no projecto. • A continuação da prática de realização de reuniões comunitárias Escola-AssociaçãoComunidade e o reforço do papel de liderança do Director de Escola, na região de Cacheu. 51 Projecto + Escola Relatório de avaliação intercalar │ Setembro 2007 – Agosto 2008 • A introdução de instrumentos de trabalho, como o quadro de Plano Anual de Actividades ou de um simples Plano Calendário com o ano lectivo de 2008-2009, que facilita a estruturação e sistematização das tarefas, permitindo a autonomia e iniciativa dos próprios formados (Cacheu)39. • As sugestões e comentários feitos oralmente no final de cada observação promoveu um pequeno espaço de reflexão conjunto entre o formador e formando, e por este ser acompanhado de um retorno, ajuda o professor na retenção dos aspectos discutidos, incentivando o espírito crítico. • A utilização de um teste que permite diagnosticar o nível actual de fluência em Língua Portuguesa, apesar de este carecer de maior elaboração. Metodologia e suportes pedagógicos utilizados, por serem facilitadores da aquisição de competências por parte dos professores alvo do projecto. • Elaboração, em contexto de formação, da Ficha de Identificação do Comité de Gestão; • Retorno escrito aos professores para além das sugestões dadas oralmente no final de cada observação (Cacheu). • Entreajuda entre DEC no preenchimento das «pautinhas» na 3ª formação intensiva: • Trabalho conjunto entre técnicos formadores e ESETN, realizado no princípio do projecto permitiu optimizar resultados. • Utilização em contexto de sala de aula dos materiais didácticos oferecidos pela Plan GB para aplicá-los aos conteúdos das formações. • Em algumas escolas, os professores recolhem os livros escolares no final de cada ano lectivo para que estes possam servir para o ano lectivo seguinte e conservam-nos no armário da escola. • Com a utilização por parte de todos os professores dos livros de ponto e de registo de frequência institucionaliza-se uma prática que facilita a organização do professor e a organização da própria escola. • Construção de materiais didácticos ao longo das formações que facilitam e melhoram o processo de ensino-aprendizagem, demonstrando-se bastante motivadora para os professores. • A utilização e exploração dos manuais escolares, principalmente os de apoio ao professor, no decorrer das formações, dado que, grande parte destes manuais fornece boas estratégias e Foi neste contexto de avaliação que levou um Director a afirmar poder dispensar a presença do formador para futuramente realizarem a mesma acção! 39 52 FUNDAÇÃO EVANGELIZAÇÃO E CULTURAS Projecto + Escola Relatório de avaliação intercalar │ Setembro 2007 – Agosto 2008 actividades para trabalhar os conteúdos, são os manuais nacionais e também por não existir o hábito e facilidade na utilização destes materiais. 4.3. Análise de eficácia Quadro 7: Relação entre objectivo especifico e resultado apurado Objectivo específico Melhorar a capacidade dos professores do EBE leccionarem eficazmente os conhecimentos e desenvolverem as competências definidas nos programas de LP e Matemática (1º ano de projecto) aos alunos das escolas-alvo nas regiões de Bafatá e Cacheu. Indicadores Aumento em 10% da taxa média de progresso do Índice de Capacidade Lectiva dos professores alvo Resultado apurado 5,3%40 Como é explicado em nota de rodapé, o valor apresentado no quadro anterior, não diz respeito ao Índice de Capacidade Lectiva, tal como ele foi pensado, mas a um conjunto de dados comparativos entre uma situação de diagnóstico e uma situação de chegada ao final de um ano de projecto. Utilizando esse valor como referência, podemos dizer que se verificou um incremento nas capacidades lectivas dos professores das escolas alvo, embora esse valor (5,3%) ainda esteja abaixo das ambições iniciais (10%). Se compararmos o valor médio apurado na situação diagnóstica (2,95 numa escala que varia entre 1 e 6) com o valor médio do ICL ao fim de um ano (3,04), registamos um aumento na ordem dos 3, 07%41. Por fim é importante referir que o Índice de Capacidade Lectiva médio se encontra abaixo do ponto intermédio da escala (3,5). Quer isto dizer que como expectável, mesmo não usando os padrões de avaliação dos professores profissionais, a qualidade de ensino dos professores acompanhados pelo projecto é muito baixa. Analisando os dados apurados com maior pormenor, verificamos que só 20 (cerca de um terço) professores obtiveram uma classificação considerada acima do ponto intermédio, de acordo com a escala e critérios de avaliação utilizados. Na falta de dados para calcular o Índice de Capacidade Lectiva, uma vez que não existem dados relativos à qualidade de ensino dos professores alvo do projecto de anos anteriores, optou-se por comparar os dados apurados durante a situação diagnostica inicial (prova de diagnóstico, observação de aula de diagnóstico e resultados escolares do primeiro período) com a situação no final do ano (teste, final, média da nota do conjunto das observações de aula, resultados escolares dos alunos). Sem um ponto de partida do conjunto dos indicadores do ICL, não será possível avaliar este indicador tendo como comparação os dois anos tal como se esperava. 41 De notar que em bom rigor estes valores não são comparáveis directamente, uma vez que os indicadores utilizados na situação de diagnóstico não são totalmente os mesmos que os utilizados para o cálculo do ICL. Em qualquer dos casos, quisemos dar neste relatório uma base que possa ser utilizada na análise que será feita no final do projecto. 40 53 Projecto + Escola Relatório de avaliação intercalar │ Setembro 2007 – Agosto 2008 Em resumo, e fazendo a ressalva da fragilidade dos resultados estatísticos disponíveis neste momento, podemos dizer, socorrendo-nos do indicador estipulado em candidatura, que o projecto, mesmo sem estarem assegurados o conjunto de pressupostos pensados como necessários, tem sido eficaz, embora essa eficácia não seja ainda a ambicionada no início das actividades. Em qualquer dos casos importa lembrar que nos encontramos ainda a meio do percurso estipulado, o que deixa em aberto a possibilidade de ainda se poderem alcançar as metas estabelecidas, ainda mais quando a grande maioria dos restantes indicadores se apresentam com uma taxa de execução bastante elevada face ao tempo de projecto decorrido. 4.4. Análise de impacto Quadro 5: Relação entre objectivos gerais e resultados apurados Objectivos Gerais Resultado apurado Indicadores ♀LP: Aumento de 10% na taxa de aprovação das alunas OG1: Contribuir para a professores alvo do projecto na disciplina de Língua Portuguesa aquisição de 1♂LP: Aumento de 10% na taxa de aprovação dos alunos conhecimentos e para o professores alvo do projecto na disciplina de Língua Portuguesa desenvolvimento de ♀M: Aumento de 10% na taxa de aprovação dos alunos competências dos alunos, professores alvo do projecto na disciplina de Matemática das escolas-alvo; ♂M: Aumento de 10% na taxa de aprovação dos alunos professores alvo do projecto na disciplina de Matemática dos dos dos dos OG2: Contribuir para a ♀: Diminuição de 5% da taxa média de abandono escolar das alunas redução do abandono que frequentam a 3ª classe nas escolas alvo do projecto escolar da 3ª para a 4ª ♂: Diminuição de 5% da taxa média de abandono escolar dos alunos classes nas escolas-alvo. que frequentam a 3ª classe nas escolas alvo do projecto 4,7% 3,8% 11,8% 4,25% - 22% - 8% Sem dados relativos a anos anteriores ao início da intervenção, optou-se por comparar, para efeitos de cálculo, os dados recolhidos no primeiro período com os dados de terceiro período. Os resultados apurados apontam para uma melhoria de todos os indicadores utilizados. Por um lado, regista-se um aumento do número de alunos com nota positiva, por outro, uma diminuição do abandono escolar. Em ambos os casos verificou-se que são as raparigas, mais que os rapazes, que parecem beneficiar do impacto do projecto ao nível local. Destaca-se mesmo, a diminuição de 22% no abandono escolar deste grupo populacional (cerca de quatro vezes mais do que estabelecido como meta). 54 FUNDAÇÃO EVANGELIZAÇÃO E CULTURAS Projecto + Escola Relatório de avaliação intercalar │ Setembro 2007 – Agosto 2008 Sobre este assunto importa dizer que a FEC não é a única organização que no terreno trabalha no âmbito da igualdade de género. Seja como for, parece que as iniciativas desenvolvidas pelas diferentes entidades estão a ter resultados a este nível. 4.5. Aspectos chave de viabilidade e sustentabilidade 4.5.1 Aceitação das autoridades locais Pode considerar-se que a aceitação das autoridades locais relativamente à FEC e à sua intervenção é hoje ainda melhor do que no início do projecto + Escola. Os factores que concorrem para que isto se verifique são vários: i) reconhecimento da atitude de auscultação das necessidades dos grupos-alvo por parte da FEC; ii) reconhecimento da atitude de respeito para com as políticas educativas traçadas pelo Ministério da Educação e para com a visão da Igreja Católica e consequente diálogo e coordenação com as estruturas responsáveis pela gestão dessas políticas/visões (INDE, DRE do lado do MENES e CIEE do lado da Igreja) – factores que se verificam desde o início da intervenção da FEC, em 2001. A estes factores importa acrescer a promoção do Fórum sobre Educação na Guiné-Bissau, em Fevereiro de 2008, que veio coroar a prática dos princípios acima enunciados e afirmar a vontade da FEC em trabalhar de forma concertada e transparente com o Ministério da Educação e também com as organizações da sociedade civil, nomeadamente ONG, e com as organizações da cooperação bilateral e multilateral. A comprovar este reforço da credibilidade da FEC na Guiné-Bissau, estão as propostas de estreitamento de relações com o INDE e com a CIEE. O INDE, em reunião realizada em 28 de Fevereiro de 2008, propôs à FEC a celebração de um protocolo de parceria com vista a dar seguimento à exploração de diferentes temas tratados no Fórum, nomeadamente a integração no grupo de reflexão sobre os processos de acreditação de formações de agentes educativos (que conta já com a participação da UNICEF, a PLAN e o próprio INDE). Também a CIEE, em reunião realizada em 12 de Março de 2008, solicitou à FEC apoio na concepção de projectos e a participação na definição do programa estratégico da CIEE para os próximos três anos. No que respeita mais especificamente ao projecto + Escola, a Direcção Geral do Ensino Básico e Secundário, na pessoa do Dr. Mário José Imbó, Director Geral, assumiu, em reunião com o 55 Projecto + Escola Relatório de avaliação intercalar │ Setembro 2007 – Agosto 2008 gestor de projecto realizada em 31 de Outubro de 2007, o compromisso de manter os formandos nas escolas alvo do projecto, independentemente do seu estatuto laboral – contratado ou efectivo, durante a duração do projecto42. O próprio Ministro da Educação, Dr. Alfredo Gomes, louvou o trabalho da FEC e saudou a existência do projecto + Escola, em reunião tida com o gestor de projecto em 1 de Fevereiro de 2007, pouco após a sua nomeação. Ainda assim, o protocolo de parceria entre a FEC e o INDE, referido no relatório de monitorização, ainda não foi assinado, à semelhança da criação e integração da FEC no grupo de trabalho sobre a acreditação e certificação de formações em serviço de agentes educativos. A reestruturação dos diferentes serviços, nomeadamente o INDE, no decorrer deste ano, pode ter atrasado as intenções manifestadas durante a missão de monitorização. No entanto, e de acordo com intenções manifestadas em reunião com o INDE durante a missão de avaliação do projecto + Escola, haverá condições de avançar no 1º trimestre do 2º ano, sendo que o Presidente do INDE, Dr. Manuel Raimundo Lopes, se comprometeu a submeter ao Gabinete do Ministro da Educação, Dr. Alfredo Gomes, uma proposta de integração da FEC no dito grupo de trabalho. O Dr. Raimundo Lopes e a sua equipa comprometeram-se igualmente a emitir um parecer técnico detalhado43 sobre o projecto + Escola, nomeadamente os programas de formação implementados no 1º ano do projecto até final de Setembro 2008. Este parecer servirá de base ao protocolo de parceria a assinar no início do 2º ano do projecto + Escola. A DRE de Bafatá solicitou à FEC a análise do seu plano estratégico, desenvolvido em conjunto com a SNV, para que, em função da mesma, a FEC apresentasse propostas de trabalho. A FEC fez uma análise detalhada do plano estratégico, e constatou a integração no mesmo de uma actividade de criação de um programa de formação em serviço para professores e de uma actividade de criação de um sistema de supervisão escolar nas escolas de Bafatá. Sendo que estas são actividades fundamentais do projecto + Escola, a FEC solicitou à DRE a análise dos documentos do projecto + Escola: seus programas, metodologias, materiais e instrumentos e a emissão de um parecer técnico que possa atestar da conformidade daqueles às necessidades e 42 Compromisso registado em acta da dita reunião, com uma cópia no arquivo do projecto e outra cópia na posse do Director-Geral do Ensino Básico e Secundário. 43 Em Julho deste ano, a pedido da FEC, o INDE emitiu um parecer geral positivo sobre o projecto + Escola, nomeadamente os programas de formação que dele constam. No entanto, o INDE comprometeu-se a analisar com maior profundidade os documentos do projecto e a emitir um parecer técnico-científico mais detalhado. 56 FUNDAÇÃO EVANGELIZAÇÃO E CULTURAS Projecto + Escola Relatório de avaliação intercalar │ Setembro 2007 – Agosto 2008 exigências estratégicas da DRE de Bafatá. Este parecer, a ser emitido pelo Director Regional da Educação, Sr. Samba Buaró, em Setembro 2008, deverá servir de base às negociações em torno de um protocolo de colaboração entre a DRE e a FEC a assinar no início do 2º ano do projecto. Tais foram as conclusões saídas da reunião entre as duas instituições durante a missão de avaliação do projecto em Julho de 2008. Em qualquer dos casos a articulação entre as duas instituições já é bem real e foi intensificada durante o segundo semestre com a realização conjunta de sensibilizações junto dos comités de gestão das escolas. A PLAN também se associou formalmente a este processo, embora em termos práticos os CDF não tenham colaborado nas iniciativas desenvolvidas. Em Canchungo, para além de existir um historial de intervenção desde o PAEIGB, com o primeiro ano do projecto +Escola, reforçou-se um contacto e diálogo formal e informal com a DRE e os seus efectivos, registando-se um reconhecimento cada vez maior e elogioso às competências adquiridas pelas escolas-alvo. Por outro lado, a iniciativa do levantamento de Escolas Públicas de Iniciativa Comunitária e a especificidade revelada no Fórum sobre Educação na Guiné-Bissau conferiu uma significativa motivação de envolvimento no projecto por parte da DRE. Aquando das visitas de monitorização e avaliação, foi referido por parte da Direcção Regional de Educação a mais valia da FEC como parceiro da educação, havendo uma validação das metodologias aplicadas pela FEC na área da formação, e também relatada uma diferença positiva do desempenho de alguns professores do projecto da FEC em relação a outros que não participam nesta formação. Aproveitando esse reconhecimento iniciou-se processo semelhante ao desenvolvido com a DRE de Bafatá, esperando-se resultados no decorrer do próximo ano, ainda que ao contrário daquela DRE, a de Canchungo ainda não possua um plano estratégico. Também a CIEE formalizou o seu interesse em participar directamente nas actividades do + Escola, assumindo responsabilidades em aplicar o Manual de Procedimentos elaborado com a Diocese de Bafatá, nas escolas da Diocese de Bissau. 57 Projecto + Escola Relatório de avaliação intercalar │ Setembro 2007 – Agosto 2008 4.5.2 Participação Como foi já descrito na análise de eficiência, a planificação das actividades patente na proposta de projecto foi discutida e actualizada com a participação dos grupos-alvo, através de sessões de apresentação do projecto. Estas ocorreram durante o mês de Outubro, antes das actividades começarem. Foi neste âmbito que, conforme apontado na proposta de projecto, foram assinadas as declarações de compromisso para com o projecto pelos professores, directores e representantes das comunidades (associações de filhos e amigos das tabancas de Canchungo). Tal como foi referido na análise da actividade de formação em gestão e administração escolar na Diocese de Bafatá, a declaração de compromisso foi assinada pelo próprio bispo, D. Pedro Zilli. No que respeita à participação no desenrolar das actividades do projecto, a análise dos planos de sessão de Matemática e de Língua Portuguesa, realizados até à data, demonstra que as metodologias utilizadas se baseiam em técnicas reflexivas e participativas44. Desta forma, os professores têm oportunidade de exporem as práticas pedagógicas que utilizam, havendo espaço de diálogo para um confronto de ideias. Um caso concreto desta troca de ideias foi o diálogo/debate realizado na 1ª sessão de Língua Portuguesa sobre a questão do plurilinguismo no ensino do português. Como outros casos de participação pode referir-se a construção de materiais didáctico-pedagógicos por parte dos professores na 1ª formação intensiva de Matemática. Refira-se também a simulação de actividades, pelos professores, tanto na formação de Matemática como de Língua Portuguesa. O nível de participação dos formandos é igualmente muito importante nas actividades de formação em gestão e administração escolar, quer em Canchungo, quer em Bafatá e no trabalho com a Diocese. A metodologia, centrada sobre situações concretas da gestão quotidiana das escolas e da experiência dos formandos, está a contar, efectivamente, com a sua participação e apropriação. Contrariamente ao que aconteceu no Projecto de Apoio à Educação no Interior da Guiné-Bissau (PAEIGB), concluído em Agosto de 2007, o actual projecto não prevê acções de formação dos técnicos das ETR. Esse foi um factor que provocou alguma insatisfação no seio destes relativamente à nova intervenção da FEC. Contudo, fruto da sensibilização feita pelos técnicos formadores da FEC, esse descontentamento foi rapidamente ultrapassado, tendo os diferentes técnicos das ETR participado activamente no apoio às actividades do projecto + Escola: 1) Em Este facto pôde ser atestado pela técnica especialista de educação da ESETN que integrou a missão de monitorização em Fevereiro, mediante o acompanhamento de uma sessão de formação (em Bafatá), quer em observações de aulas (em Cacheu e Bafatá). 44 58 FUNDAÇÃO EVANGELIZAÇÃO E CULTURAS Projecto + Escola Relatório de avaliação intercalar │ Setembro 2007 – Agosto 2008 Bafatá, o apoio nos primeiros contactos e visitas às comunidades e escolas comunitárias foi extremamente útil, tendo os inspectores formadores do sector de Bafatá acompanhado as técnicas nessas visitas e inclusive na sessão de apresentação do projecto com os grupos alvo. Os inspectores formadores também integraram a equipa da missão de monitorização. Por outro lado, o Director Regional mostrou-se disponível para apoiar a equipa de técnicas formadoras da FEC em Bafatá, com destaque para a reunião de apresentação do projecto em Outubro de 2007, e na reunião com a equipa da missão de monitorização em Fevereiro de 2008; 2) Em Canchungo, houve igualmente uma boa receptividade por parte da DRE e ETR relativamente ao projecto: foi possível reunir com a Dra. Elvira Gomes, então Directora Regional (actualmente Inspectora Coordenadora), em Outubro de 2007, para apresentar o projecto + Escola e, posteriormente, durante a missão de monitorização, com o Dr. António Cissé, actual Director Regional. Ambos os directores assumiram o compromisso de apoiar o projecto. Alguns elementos da ETR assistiram a sessões de formação de professores e directores/representantes de associações, prevendo-se a sua participação como formadores em sessões posteriores. Um outro ponto importante no que respeita à participação é o que envolve a realização de actividades de comunicação do projecto + Escola. Quer o Boletim Igrejas Lusófonas (BIL), quer o Boletim + Escola (denominação que veio substituir a fórmula «Boletim Escola Viva», avançada na proposta de projecto inicial), estão a ser desenvolvidos com a participação de várias actores ligados ao projecto, nomeadamente em termos de redacção de artigos, desde representantes de grupos alvo a representantes dos parceiros e mesmo da própria Cooperação Portuguesa na Guiné-Bissau. Complementarmente, com a colaboração do Departamento de Plataformas e Comunicação da FEC, foi desenhada uma estratégia de comunicação do projecto no site e na newsletter da FEC que integra a edição de artigos sobre as actividades desenvolvidas no terreno. Os artigos são redigidos pelos técnicos formadores e pelo gestor de projecto a partir de Bissau, sendo que cada equipa regional produz um artigo mensalmente, o que permite a actualização da informação nos meios de comunicação da FEC com uma periodicidade quinzenal. No início do ano 1, foi emitido no programa «Em poucas palavras» a apresentação do projecto + Escola (objectivos, actividades, resultados, financiadores, recursos humanos), prevendo-se a realização de programa similar para o ano 2. O mecanismo montado parece ser adequado, uma vez que ao longo do segundo semestre foram editados e distribuídos 1500 exemplares do Boletins Igrejas Lusófonas sobre a Educação na 59 Projecto + Escola Relatório de avaliação intercalar │ Setembro 2007 – Agosto 2008 Guiné-Bissau e mais 1500 exemplares Boletins + Escola sobre a participação da comunidade na educação primária no interior da Guiné-Bissau – tendo vários representantes dos grupos-alvo do projecto participado na redacção dos artigos constantes deste boletim. Registou-se também a edição e distribuição virtual, através do site da FEC e da newsletter de 20 artigos sobre as actividades do projecto + Escola. Todas estas iniciativas procuraram promover o envolvimento e a participação da comunidade guineense no projecto + Escola. 4.5.3 Tecnologias apropriadas Como já foi referido anteriormente e de uma maneira geral, as sebentas + Escola, + Ideias, são utilizadas por alguns professores, sem problematização e introdução de variações criativas na sua abordagem. No entanto, com a utilização por parte das técnicas em contexto de formação deste material, os professores têm feito um percurso de melhoramento e desenvolvimento da criatividade, sendo que alguns já se arriscam neste sentido em contexto de formação. No que respeita aos livros de sumário e de registo diário de frequência, tal como já foi referido na análise da eficiência (actividade 2.1), houve alguma dificuldade em conseguir que os professores passassem a utilizar estes materiais. Na realidade, a maior parte dos professores não sabia como preenchê-los e teve alguma dificuldade em aprender a fazê-lo, apesar do trabalho dos técnicos formadores neste sentido. Esta dificuldade foi maior nas escolas comunitárias da região de Bafatá do que nas escolas públicas com intervenção comunitária de Canchungo. A utilização do projector multimédia na actividade de formação em Gestão e Administração Escolar na Diocese de Bafatá, conforme previsto na proposta de projecto, tem-se revelado francamente motivadora para o público-alvo desta actividade, por possibilitar interessantes abordagens estatísticas da informação escolar. Atendendo aos suportes teóricos que são produzidos para as formações, considera-se importante que estes suportes se mantenham e que continuem a ser entregues aos professores. No entanto, face aos que já foram produzidos, será relevante que se considere a sua apresentação gráfica, que neste momento é demasiado densa, com uma letra muito pequena e uma formatação de difícil leitura, o que para professores com limitações de Língua Portuguesa e ausência de hábitos de 60 FUNDAÇÃO EVANGELIZAÇÃO E CULTURAS Projecto + Escola Relatório de avaliação intercalar │ Setembro 2007 – Agosto 2008 leitura, condiciona e não estimula o seu uso e manuseamento. Outro aspecto que deverá ser tido em consideração, são os conteúdos dos suportes teóricos, pois não se deverão repetir aspectos relacionados com programas e enquadramentos teóricos gerais, mas realizar abordagens mais práticas, com exemplos e sugestões de práticas a desenvolver pelo professor. No entanto, a componente teórica não deverá ser desconsiderada. Deverá ser repensada a componente teórica no sentido da sua pertinência e exequibilidade nas práticas pedagógicas dos professores, diminuindo deste modo a sua resistência ao uso deste recurso valioso num país onde o acesso à informação é condicionado e limitado por factores culturais, económicos e sociais. 4.5.4 Género Para alem dos elementos já apresentados quando discutimos os indicadores de impacto, que apontavam para uma contribuição efectiva do projecto para a promoção da igualdade de género junto das escolas e população alvo, pensamos agora importante fazer outras referencias sobre este assunto. O número de mulheres presentes no público-alvo de Canchungo é de apenas 6 professoras, longe dos 15 elementos indicados na proposta narrativa como sendo quase exclusivamente de Canchungo. Em Bafatá, do público-alvo existente, ligado às escolas comunitárias, conta-se apenas uma professora e nenhuma directora no total das 14 escolas-alvo do projecto. Na actividade com a Diocese de Bafatá, para além das missionárias, a maioria delas expatriadas, existe apenas uma mulher, Teresa Nambana, que é responsável pelas escolas de autogestão da MC Catió. Esta responsável realiza um trabalho muito válido junto dos Comités de Gestão e dos homens grandes da tabanca de consciencialização para as questões de género, tendo contribuído inclusive pela sua presença e testemunho para um menor abandono feminino45. Relativamente ao trabalho desenvolvido nas sessões de formação e nas observações de aula, esta questão é atendida e os professores dão muitas vezes provas de serem capazes de agir de forma equitativa no decorrer das aulas que observamos. O trabalho realizado em par pedagógico misto pelos técnicos formadores, quer nas actividades de formação, quer de acompanhamento, ensina, pelo exemplo, a igualdade de géneros na profissão docente. Análise feita pela própria e confirmada pelos participantes em Junho de 2007, aquando do encontro sobre educação na Diocese de Bafatá 45 61 Projecto + Escola Relatório de avaliação intercalar │ Setembro 2007 – Agosto 2008 É importante referir um episódio que se passou com a única formanda das escolas comunitárias de Bafatá: a professora Djariato Djamanto de Fulamansa. Após a primeira formação, visitando a tabanca, a formadora da FEC constatou que a professora não estava a dar aulas. Indagou o porquê desta situação, tendo o director respondido que o marido, que é emigrante, tinha proibido a professora de continuar a dar aulas. O marido contestava a deslocação da professora à cidade de Bafatá para assistir às formações, provavelmente por esta decorrer na companhia de homens de outras tabancas (é também possível que o facto da professora ganhar as ajudas de custo previstas no projecto, dando-lhe alguma autonomia económica, possa ter provocado esta reacção por parte do marido). A técnica da FEC solicitou uma reunião com o Comité de Gestão da escola e com o Comité de Tabanca, em que, para além de falar melhor do projecto, tratou de abordar a situação da professora Djariato. A técnica da FEC fez sentir aos presentes a necessidade de honrar o compromisso que havia sido assinado com a FEC no sentido de garantir a presença da professora nas formações por um período de dois anos (duração do projecto + Escola). Posteriormente, foi comunicado à técnica formadora que o marido da professora Djariato permitia que a professora exercesse a sua actividade lectiva e seguisse a formação. Este episódio revela a condição das mulheres em termos da sua dependência relativamente aos maridos, com implicações profissionais importantes. Revela-se necessário aprofundar o conhecimento das razões e factores que condicionam a intervenção pública das mulheres nas comunidades fulas e mandingas46 das tabancas em que se desenvolve o projecto e, em função disso, empreender acções de sensibilização sobre esta matéria junto dos responsáveis da comunidade, de forma coordenada com a PLAN e a DRE. Tal acção só será possível através do desenvolvimento de uma actividade de acompanhamento junto de directores e comunidade, factor a ser ponderado na planificação do próximo ano de projecto mediante a integração de mais um membro na equipa da FEC em Bafatá. 4.5.5 Capacidades institucionais e de gestão Com o projecto + Escola, a FEC tenciona alterar o modelo de gestão de projectos de cooperação: a gestão e parte substancial do processo de tomada de decisão passa da sede, em Lisboa, para a Guiné-Bissau, em Bissau. Para atingir esse resultado, foi pensada uma equipa de gestão, com um gestor de projecto, um técnico administrativo (com competências na área Etnias maioritárias nas tabancas onde se desenvolve o projecto + Escola, na região de Bafatá. Estas são etnias muçulmanas, com um contexto religioso e cultural particular no que respeita à concepção do papel das mulheres na sociedade. 46 62 FUNDAÇÃO EVANGELIZAÇÃO E CULTURAS Projecto + Escola Relatório de avaliação intercalar │ Setembro 2007 – Agosto 2008 financeira e contabilística) e um técnico logístico. No entanto, as dificuldades de recrutamento do técnico administrativo diminuíram substancialmente a capacidade institucional, do ponto de vista da autonomia local. A saída do técnico logístico local, contratado em Setembro de 2007, no mês de Janeiro de 2008, também fragilizou a capacidade de gestão na Guiné-Bissau. Apesar de se terem encontrado soluções para minimizar essa fragilidades, com o reforço do envolvimento da técnica administrativa do Departamento de Administração Geral, na sede em Lisboa, nomeadamente em termos da contabilidade, não se evitaram um aumento da carga administrativa a ser executada pelo gestor de projecto e a diminuição da rapidez e eficiência de tratamento dos processos administrativos e logísticos. Outro factor de instabilidade tem sido a dificuldades de supervisão pedagógica e científica realizada a partir de Portugal, com sucessivos atrasos na entrega de material pedagógico e técnicocientífico, como tem sido referido ao longo do relatório. Esta situação prejudica o cumprimento de prazos por parte da equipa no terreno, diminui a suas alternativas e dificulta a tomada de decisão, para além da inevitável perda de qualidade no trabalho desenvolvido. Com o recrutamento do técnico administrativo entretanto realizado, e se as condições previstas se mantiverem, nomeadamente a contratação de uma assessora para a área da educação a operar a partir de Bissau, existem condições para no segundo ano aumentar a autonomia do serviços da FEC na Guiné-Bissau. Por outro lado, com a realização do Fórum sobre Educação na Guiné-Bissau, em Fevereiro de 2007, a FEC viu a sua capacidade institucional reforçada, tanto do ponto de vista externo, como interno. Os impactos positivos do Fórum são visíveis e expectáveis particularmente no que respeita à relação com outras organizações, à percepção sobre os utilizadores dos serviços da FEC na Guiné-Bissau. O Fórum veio também melhorar a auto-consciência e auto-estima das direcções das escolas-alvo do projecto + Escola, das Regiões de Bafatá e Canchungo, assim como das associações de filhos e amigos das tabancas desta última região, que também estiveram representadas. O poder negocial destas escolas e associações junto das respectivas Direcções Regionais de Educação saiu igualmente reforçado. É possível dizer o mesmo da relação entre a CIEE e o Ministério da Educação. 63 Projecto + Escola Relatório de avaliação intercalar │ Setembro 2007 – Agosto 2008 Apesar das melhorias registadas nestas instituições, especificamente na sua dimensão externa, o diagnóstico da sua capacidade institucional interna continua reservado, apesar de diferenciado. As direcções das escolas públicas com iniciativa comunitária de Canchungo, bem como as associações de emigrantes associadas estão a fazer um caminho de formação e habilitação que é, para todos os efeitos, notável. O envolvimento destas instituições no desenvolvimento dos Regulamentos Internos das Escolas, mas também, paralelamente ao projecto + Escola, nos próprios regulamentos das associações, é prova disso. Também o desenvolvimento de uma visão «corporativa» entre associações, capazes de dialogar em bloco com as organizações do poder público, nomeadamente a DRE, é outro sinal positivo. Já as direcções das escolas comunitárias de Bafatá têm feito prova de sinais menos animadores: os directores esforçam-se por preencher os instrumentos de trabalho da DRE (modelo 25), bem como os instrumentos de trabalho entregues pela FEC, e ainda gerir as rações alimentares entregues pelo PAM e outros materiais da melhor forma possível. No entanto, as dificuldades são manifestas. Os Comités de Gestão das escolas comunitárias têm normalmente 5 elementos, sem funções diferenciadas e contam apenas com o director para escrever em LP. Na reunião com os directores destas escolas, durante a missão de monitorização, foi assinalada a instabilidade de muitos comités de escolas comunitárias, mas também a sua falta de competência para as tarefas de administração das escolas – isto apesar das formações empreendidas pela Plan em anos anteriores. Este ponto merece maior aprofundamento, de maneira a perceber a verdadeira dimensão dessas fragilidades. No que respeita à CIEE, esta comissão é constituída pelo Presidente (actualmente o Bispo de Bissau, D. José Câmnate), um Coordenador e vários representantes a nível de sector pastoral. Apesar de haver uma boa distribuição e representatividade regional, e do bom nível literário da maior parte dos seus elementos, a CIEE apresenta algumas ineficiências. Apesar dos esforços, nomeadamente os desenvolvidos no âmbito do presente projecto, verifica-se uma falta de harmonia de trabalho entre as Dioceses de Bissau e Bafatá, o que não potencia as parcerias e até leva a constrangimentos de calendário, muitas vezes apenas por falta de informação. Verifica-se um acompanhamento menos satisfatório das escolas e dos missionários respectivos, particularmente nas zonas mais interiores. Regista-se também a falta de um documento estratégico orientador da acção educativa da Igreja na Guiné-Bissau e um plano que a leve a termo. 64 FUNDAÇÃO EVANGELIZAÇÃO E CULTURAS Projecto + Escola Relatório de avaliação intercalar │ Setembro 2007 – Agosto 2008 Durante o II Encontro sobre Educação da Diocese de Bafatá, foi possível promover a tomada de consciência e facilitar a busca de soluções sobre a necessidade de haver uma estrutura no seio da própria CIEE e Diocese de Bafatá que possa capitalizar a experiência que se vai ganhado com as várias iniciativas no sector da educação, entre as quais o projecto + Escola. A existência de tal estrutura, cuja definição exacta não foi ainda decidida – comissão ou sub-comissão -, promoverá a sustentabilidade das actividades de gestão e administração escolar. A falta de articulação entre as Dioceses de Bissau e Bafatá, nomeadamente no domínio das actividades ligadas ao ensino, referida no relatório de monitorização, sofreu melhorias ao longo do 1º ano do projecto + Escola. A ligação entre a técnica especialista de educação e do gestor do projecto com o coordenador da CIEE, através de reuniões periódicas, assim como a participação do gestor do projecto + Escola nas reuniões da CIEE, foram alguns dos mecanismos que terão ajudado a promover essa melhoria. Um dos sinais da maior coerência do trabalho foi a decisão de se realizar no final do próximo ano não um 3º Encontro sobre Educação da Diocese de Bafatá, mas o 1º Encontro Inter-Diocesano sobre Educação. Neste encontro será aprovado um único Manual de Procedimentos de Gestão e Administração Escolar das escolas ligadas à Igreja Católica na GuinéBissau. A discussão e elaboração de propostas sobre os procedimentos serão promovidas pela CIEE, nas escolas ligadas à Diocese de Bissau. V. Bibliografia European Comission, Aid Delivery Methods – Project Cycle Management Guidelines, volume 1, 2004, Brussels. 65 Projecto + Escola Relatório de avaliação intercalar │ Setembro 2007 – Agosto 2008 VI. Anexos 66 FUNDAÇÃO EVANGELIZAÇÃO E CULTURAS Projecto + Escola Relatório de avaliação intercalar │ Setembro 2007 – Agosto 2008 VI. Anexo 6.1 – Quadro Lógico Actualizado 67 Projecto + Escola Relatório de avaliação intercalar │ Setembro 2007 – Agosto 2008 VI. Anexo 6.2 – Quadro Grupos-Alvo Actualizado 68 FUNDAÇÃO EVANGELIZAÇÃO E CULTURAS Projecto + Escola Relatório de avaliação intercalar │ Setembro 2007 – Agosto 2008 VI. Anexo 6.3 – Parecer da Secretaria de Estado da Educação da Guiné-Bissau ao Relatório de Monitorização o 69 Projecto + Escola Relatório de avaliação intercalar │ Setembro 2007 – Agosto 2008 VI. Anexo 6.4 – Termos de Referencia da Missão de Avaliação 70