Tereza Batista : Genealogia da prostituição na obra de Jorge Amado.Entre exploração e exercício. Maria Eduarda Barbosa Matos¹ ; Vanessa Alexsandra de Melo Pedroso² ¹ Estudante do Curso de Direito do Centro de Ciências Jurídicas; Bolsista PIBIC UNICAP. E-mail : [email protected] ² Professora do Curso de Direito do Centro de Ciências Jurídicas; E-mail : [email protected] Introdução Como todo tema humano com repercussão no homem coletivo e,principalmente,como às totalidade das polêmicas; devemos dar observância aos limites,as facetas,as esferas,as formas como nos são apresentados os fatos e suas consolidações. Isso,pelo fato de nada ser absoluto ou homogêneo;o mundo social comporta pluralismo e diversidade de valoração, o „‟cosmo‟‟ ( ou caos coletivo?) permeia por uma sistemática de eterna mutação, na qual,dentro de um mesmo conglomerado de fatos sociais podemos enxergar dicotomias,contraposições,justiças e injustiças,paridades e divergências.É bem assim no caso da prostituição.Tudo isso fica mais claro ao avaliarmos o Exercício em face da Exploração.Um pequeno limite,uma linha tênue pode separar a mais cruel das injustiças e coisificação do humano de uma plenitude e felicidade humana. Tudo fica mais claro quando tomamos, por exemplo, a heroína Tereza Batista do saudoso Jorge Amado. Em todo o decorrer da obra nos deparamos com os contrastes entre autonomia da vontade e imposições por forças econômicas. Esse é o grande cerne,o limite ao qual nos referimos no parágrafo imediatamente anterior.Até onde devemos moralizar e punir? Até que ponto a sociedade pode adentrar na autonomia de cada ente social e deliberar sobre suas atividades, vida, planos, desejos? Tereza representa a perpetuação dos marginalizados e oprimidos pelos valores impostos à sociedade e a intolerância em relação a pluralidade, além da estratificação social advinda da economia.Além disso,Tereza nos faz lembrar do caráter dúplice que convivemos em relação ao papel social da mulher na atual conjuntura: processo de independência financeira x efeitos da tradição patriarcal,que como força ordenadora das funções/dos status/da importância de cada um nas diversas esferas da vida humana; a tradição que delega a mulher dominação e submissão em todas suas tentativas de ascender e demonstrar que,como qualquer ser,é dotado de uma faculdade chamada „‟escolha‟‟. O estudo genealógico das duas formas de prostituição requer bastante atenção, um olhar mais criterioso por parte das autoridades, além de toda população, já que a origem como objeto de estudo viabiliza a conclusão dos pontos de partida, de toda ação individual ou coletiva, como sendo uma vontade ou uma falta de vontade. É exatamente essa genealogia, essa renovação das origens, através de cada fato e cada tempo, que define e separa o justo do injusto, o digno do indigno, o respeito do total descaso com o que é humano ou, simplesmente, dotado de vida e, portanto, como diriam diversos filósofos como Nietzsche ou Spinoza, dotados de uma potência tendente à felicidade. 1. Da genealogia da prostituição O estudo genealógico da prostituição visa demonstrar os efeitos do poder no conceito marginalizado pelas esferas de domínio que constrói os „‟saberes qualificados‟‟ e sepulta qualquer valoração positiva de tal atividade,além de agir da mesma forma acerca de outros fatos sociais.Aqui,pretende-se ,de forma essencial, contextualizar as forças que possibilitam e que,efetivamente,criam tal papel social/atividade/serviço e sua manutenção ao longo do curso temporal. É através dessa análise que,aqui,é lançada a tentativa de chegar a uma verdade que não sujeite tal conjuntura à estratificação ilógica e moralizante do poder. A revelação da gênese de uma dita „‟anomalia‟‟ social deve sempre ser contestada e, nada mais eficaz que, contrapor à moral o princípio fundador de toda convivência e existência social : a dignidade humana. Como bem colocado por Freud (FREUD,Sigmund; 1925)em vários de seus escritos sobre a sexualidade, todo e qualquer processo psíquico é regulado pelo princípio do prazer. E ,de fato, concordamos; apenas deve-se ressaltar que tal prazer deve ser maximizado e difundido pelo maior contingente social possível e não ser encerrado na realização de alguns poucos que detém os meios de „‟força‟‟ e imposição. 2.1 Poder e genealogia como expressões sinônimas? Todo fato social guarda um começo, um contexto. São as forças do ambiente e da história que determinam a necessidade para o desencadeamento de uma origem. Com o fenômeno proposto como objeto desse trabalho, qual seja, a prostituição, não é diferente, pois como ente do „‟gênero de ação‟‟ que se desenvolve entre seres em estágio de interação entre „‟comuns‟‟ e que causa efeitos na vivência coletiva.Então não poderia ter ignorada sua contextualização genealógica: seus princípios,sua base.Sua origem. Referida afirmação encontra sua principal fundamentação nos pressupostos de “ser” e “agir” humanos. Se não, note-se que às mesmas forças que serviram de propulsão ao fenômeno social e civilizatório e, ainda, aos processos da criação do que se considera humano pelo que se reconhece homem, couberam também à genealogia do serviço sexual. Faz-se necessário, em um primeiro momento, estabelecer o que se compreende por genealogia. Ora, não se pode negar que referido conceito demonstra-se como um ponto de isolamento histórico, é dizer, uma data fixa para origem de um dado fenômeno. No entanto, não se pode objetivar a genealogia quando se fala de pessoas e principalmente de princípios como liberdade, dignidade e tantos outros que compõem o cidadão em sua representatividade máxima do que lhe é intimo, o que seja, a sua sexualidade. 2. Estudo de caso : Tereza Batista cansada de guerra. Nossa heroína recusa a condição de fragilidade. Apesar de ter sido vendida como coisa, explorada sexualmente e ter crescido na ausência de dignidade e tendo todas as suas escolhas,condicionada à coisa sexual de um „‟poderoso pedófilo‟‟, legitimado pelos „‟usos e costumes‟‟ de seu local-tempo. Uma demonstração da marginalização dessas vítimas é demonstrada por Amado, no momento em que ele decide escrever a sina de Tereza na forma de cordel, típica de culturas orais; nos fazendo inferir que tais pessoas não teriam prestígio por parte da história oficial, da ciência propriamente dita. A história oficial é a história do poder, que mascara as várias faces da verdade e impõe uma organização „‟politicamente correta‟‟ dos fatos como meio de manutenção da ordem socioeconômica doente,a qual nos sujeitamos. A narrativa nos aparece como uma filosofia dos reinícios, das genealogias, dos pontos de partidas; os quais sempre vão depender de um referencial. Tudo pode ser original, inicial.Tais pontos de partida mudam toda a contextualização,interpretação dos fenômenos; ditando ,a cada referencial,a cada cenário novos valores e novas lentes para enxergar um mesmo fato/ato humano. A fase exploratória do humano em Tereza, se desenvolve desde sua venda, pela Tia Felipa, para o Capitão Justiniano Duarte da Rosa, dito Capitão Justo, que tinha predileção por adolescentes virgens. O capitão a estupra e a trata com crueldade, fazendo-a escrava sexual.Tal fase tem fim quando, tomada por uma paixão, Batista mata o capitão para viver um romance com o jovem Daniel, que a delata para as autoridades, marcando mais uma fase de sua vida com tremenda desgraça. Porém, é nessa fase que novos fatos, novas vontades e novas perspectivas vão permitir o exame de uma escolha por parte da personagem: Tereza passa a ser amásia de Dr. Emiliano, o homem que lhe tirou da prisão. A felicidade que o narrador atribuiu a Tereza nesta fase demonstra, com êxito, o viés da escolha, de um exercício profissional: o de prostituta, ainda que em regime de exclusividade. O nascer de uma Tereza autônoma, livre descaracteriza o estado de vítima que viveu desde sua infância; a heroína passa a ser sujeito de suas próprias escolhas, de suas próprias ações. É essa faculdade que dá a Tereza uma dignidade que lhe era pertencente desde sempre, mas que só a passa a ser vivida daí em diante. Porém, mesmo no exercício de uma legítima escolha, Batista sofre as valorações sociais, as discriminações e rejeições bem próprias do „‟divisor de águas‟‟ chamado poder. Marginalizada dentro de sua própria felicidade, o narrador bem coloca os marcadores desse fato: Tereza é chamada de „‟Sinhá puta‟‟ em diversas passagens, isso tudo num contexto de forte perjoração da palavra. O status de prostituta fossiliza a vida social e econômica da mulher: por mais forte que seja, por mais lutas que trave com o machismo; é ele, o patriarcado, que, na narrativa, diz implicitamente que a personagem só teria uma possível „‟redenção social‟‟ através do amor de um homem, de uma fidelidade conjugal. 3. Entendendo o contexto da escolha É fato que o exercício da prostituição propriamente dita detém uma parcela de livre decisão daquele que a exerce. No entanto, não se pode negar que a prostituição nada mais é que o produto de um poder modelador da natureza humana e sobre seu funcionamento, aperfeiçoamento e repressão somente àqueles detentores do poder é dada a faculdade de regular. Desta feita, pergunta-se: que parte da estrutura humana se pode expurgar e a quais detentores dessa parte da estrutura se pode marginalizar. Veja-se, então, que o trabalho traça um recorte necessário a sua continuidade. Qual seja, o poder que expurga a sexualidade (primeiro recorte), mas que não se refere a sexualidade de qualquer cidadão, pois que somente a sexualidade feminina (segundo recorte) deve ser proibida e, por isso, fadada a marginalidade. Pois bem, assim foi feito com a sexualidade, ou seja, os manejos civilizatórios e o advento da propriedade privada fez com que fosse travada uma luta pelo poder e, dessa luta, sairia quem tivesse mais. É dizer, mais terra e mais energia para buscar ainda mais terras. Sacralizou-se, assim, o que „era próprio‟ e o que era „apropriado atribuir a alguém‟. Ora, o que se quer dizer é que de natureza, a mulher se fez livre. Porém por arbítrio e arbitrariedade o ente feminino foi subjugado em sua intimidade ao serviço da natureza masculina que, por sua vez, tinha mais terra e mais energia para somar terras, ou seja, mais poder e por isso lhe era próprio apropriar-se da mulher. Como demonstração dessa força e poderio a mulher assume o status de objeto subordinado ao poder masculino e como tal não poderia ser dividida, pois o poder não se divide. À mulher cabe a capacidade de disseminar a descendência daquele senhor, daquele dono de poder, cujo poder não poderia, jamais, ser cessado pela morte. À mulher convencionou-se a organização familiar e a maternidade que deveriam ser executados com perfeição máxima e assim, a dádiva ordenadora fora instituída para por a mulher a margem do discurso social. Porém, questionam-se os instintos não moldáveis, ou seja, as necessidades reais simbolizadas nos fetiches sexuais, considerados motores de felicidade e energia de realizações tanto para o homem quanto para as mulheres. Quem, então, poderia exercêlos? 4. Da existência e da forma no existir Como já suscitado, Tereza Batista passa a ser sujeito de suas próprias escolhas, dona de seu próprio destino no momento em que atinge liberdade para dispor sobre o exercício do papel de amásia. Bem dito pela frase citada, a existência, seu processo de validação e dignidade se dá com a autoconstrução de uma história, das escolhas que se faz durante a vida. Ainda que essas escolhas sejam tolhidas por circunstâncias sociais, históricas; como bem defende Marx em seu materialismo histórico (DEMO,Pedro;1985). Tendo isso como uma verdade humana, devemos constatar que o direito pode e deve enxergar um mesmo fato de diferentes formas; a depender do contexto em que se inserem os fatos. No entanto, o que existe é uma sistematização de uma ciência da conveniência , uma principiologia dos interesses próprios; bem ligados a manutenção de valores falidos e de um poder econômico ordenador da estratificação social. Por exemplo, no momento que o direito resolve punir de acordo com valores socioeconômicos restritos e limitadores da autonomia apenas de parcela do jurisdicionado, nega seus propósitos instituidores: bem como garantir uma liberdade distributiva e isonômica para decidir sobre seu próprio corpo; na medida de uma justiça distributiva nos parâmetros de Aristóteles, como bem descrito por Biller e Maryoli em seu curso de filosofia do direito (BILLIER, Jean- Cassier; MARYOLI, Aglaé. ,2005). Ainda nessa linha de raciocínio, defende-se uma ferrenha punição às formas exploratórias do humano; isto, pelo fato de negar as essencialidades da vida e disposição do próprio destino: as escolhas. Dentro de um contexto de escolha, o Estado Democrático de Direito deve apoiar, regulamentar e instituir políticas públicas de prevenção de doenças, educação social para legitimar e dar visibilidade a quem escolhe exercer o múnus de prostituta. Já, dentro de um contexto de imposições deve o Estado funcionar como guardião da dignidade humana; punindo quem „‟coisifica‟‟ e abusa da fragilidade e da marginalização social de alguns. 5.1. Eu, dona de mim A cada sistema de normas, jurídicas ou costumeiras; segundo Mario G. Losano, modelos de conduta (LOSANO, Mario; 2007), de prevalência são traçados como parâmetro para uma conformidade coletiva e em nome de uma suposta „‟paz social‟‟; pela qual se reprimem os desvios ao modelo. A conformidade,segundo o autor, se deve à busca por uma finalidade conjunta, o alcance de fins. Sendo o próprio desvio, que é punido, a única forma de renovação do coletivo, renovação dos valores; um meio de dinamizar a vida e as normas. O movimento de transgressão ao patriarcado, normas machistas e dotadas de conteúdo moralizante através da escolha do livre exercício da prostituição é essencial para uma renovação das ideias que temos em relação à autonomia, corpo e igualdade entre gêneros. Reconhecer o ser humano como „‟senhor de si‟‟ e de seu corpo é rumar para um status de extensão da felicidade, plenitude e menor desigualdade. O reconhecimento da possibilidade de exercer a prostituição de forma organizada e concatenada; regulamentando as profissões de prostituta, a descriminalização do „‟rufianismo‟‟ seria abrir toda a sociedade para um desenvolvimento humano considerável e uma dignificação do ser humano, como propõe os diversos ordenamentos, mas que são, inefetivados pelo poder. 5. A mulher dignamente marginalizada É lugar comum que a o discurso social fundamentado na ideia do poder cessa condições de igualdade e dignidade naturais. Parte-se, então, para um discurso de dignidade sobre o próprio corpo fundamentado no raciocínio primordial da liberdade, onde, nenhum ser deveria estar sujeito à venda do próprio corpo, bem como, nenhum ser humano, seja ele homem, seja ele mulher deveria realizar o sexo de forma forçada ou, ainda, sob a condição do “eu” primeiro. A entrega sexual deve ser um postulado do arbítrio próprio, da preferência de cada um enquanto somatório de escolhas livres, estabelecendo um fazer valer de princípios fundamentados na dignidade da pessoa humana como bem estabelece o art. 1º da Constituição Federal Brasileira. Argumento que, por sua vez, conduz a compreensão de que a eleição da venda do serviço sexual consiste no exercício da liberdade de cada um. No entanto, importante que se diga que tal liberdade de escolha pela prostituição não pode está amparada pela ideia de única opção de sobrevida, pois tal forma de escolha está subordinada ou, pelo menos, envolvida a conceitos como coerção, cabendo, assim, total repudio, já que macula toda a lógica da integridade digna que começa com a liberdade de escolha.( MENDES,GISELE,2011) Por outro lado, cumpre perguntar porque a liberdade de escolha masculina é maior que a liberdade de escolha feminina? Porque aceitar a verdade dada por outro? Ora, mais uma vez o exercício do poder, ainda que um poder injustificado, mas poder. Poder este que nada merece, nada conquista. Poder que faz jus, simplesmente, por deter. „‟Deter‟‟ no sentido de tomar pra si por meio de força,por vezes,irresistível.Força esta que é,exatamente, o contrário do que se pode elucidar dos conceitos de „‟justiça‟‟. Aceitar o poder pelo poder é uma prova de ignorância? Nem sempre, mas esse é o motivo pelos quais os fatos reiterados tornam-se regras, usos e costumes. A preguiça racional, o comodismo não é responsável pela origem da prostituição e pela categorização das mulheres. Porém, é inegável que tal fato fortalece o discurso de perpetuação da marginalização. Depois de acomodado o valor dado à ideia, o fator tempo, sozinho (como o jargão popular falsamente enuncia que poderia apagar as „‟máculas‟‟ dos feitos humanos e, por conseqüência lógica, apagar também as marcas da marginalização dada a prostituição) não seria capaz de combater danos quase irreparáveis às vítimas do processo de „‟exclusão‟‟ social propriamente dito. Pelo contrário, o tempo consolida os valores no caso de falta de reações com o intuito de renovar os conceitos. É necessário o debate do tema para que se compreenda todas as facetas que englobam esse fato social plurissignificativo que trabalhamos aqui. E de forma, imparcial, levando em conta apenas a máxima da dignidade, seja desfeito o repúdio às pessoas que optam, por meio legítimo, exercer tal atividade. Categorizar topologicamente, inserindo índices de valor negativo ou positivo ao ser humano é, seguramente, o maior exercício do poder. Já que, estabelece uma condição social de explorado (escória) para a manutenção de uma classe de exploradores (elite burguesa). É fato que a vida humana é traduzida por dicotomias. A luxúria, o fetiche e a realização desses são alguns dos pressupostos da existência da prostituição, apresentada como fraqueza social, porém, como já visto, instituída pela necessidade de fortalecer alguns entes,dá continuidade ao poder que lhe fez necessária. CONCLUSÃO Em suma,Tereza Batista nos faz ler e concluir o mundo da prostituição como ele é :um mundo administrado pelo poder. Pagar por sexo é definir como ele deve acontecer: esse é o primeiro ato de poder a ser verificado. Em nossa sociedade, fica cada vez mais internalizado o fato de que a „‟paga‟‟ é o portão para o „‟tudo poder‟‟ e obtenção da possibilidade de escolher, optar. Pagar é o novo pressuposto para predominar. A moeda é objeto de troca para qualquer bem finito ). Em segundo lugar, a realização do fetiche é uma metamorfose da vontade em possibilidade finda de realização: outro ato de poder e, nesse, poder provado para si. Dessa menor escala, já é possível verificar a necessidade social da entidade „‟prostituição‟‟, que serve o „‟rei‟‟ poder, assim como todo fato social.Essa é a lógica,o sentido dos estudos foucaultianos. A liberdade é premissa número um da dignidade e é por meio dela que devemos apagar as margens colocadas e impostas pela moral retrógrada do poder no que diz respeito à escolha livre pelo exercício da profissão de prostituta. Porém, devemos marginalizar e sancionar cada vez mais os fatores de manutenção do viés exploratório, que degrada o ser humano. Bem assim acontece na narrativa de Tereza Batista, o „‟deter‟‟ e o „‟obter‟‟ são sempre verbos ligados ao poder econômico e, sendo sujeito sem esse poder aquisitivo resta o papel de objeto deste poder, coisa, propriedade. Daí dizer que escolher é dádiva. 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