Metodologia e Avaliação de Custos no Setor Público: a trajetória da União Maria Clara Estevam ROTEIRO DA APRESENTAÇÃO 1. Histórico do Sistema de Informação de Custos – SIC; 2. Estratégia de implantação do SIC; 3. Marcos legais; 4. Terminologia de custos e aplicação no Setor Público; 5. Metodologia, modelo conceitual e o SIC; 6. Possíveis benefícios da mensuração de custos; 7. Desafios impostos ao efetivo uso do SIC nos processos de tomada de decisão. 3 HISTÓRICO • 2005 - Comissão Interministerial • 2008 - Câmara Técnica de Qualidade do Gasto (CTQG) • 2008 - Sistemas de Custos na Administração Pública: Modelo Conceitual e Estratégia de Implementação • 2009 - grupo técnico na Secretaria do Tesouro Nacional do Ministério da Fazenda • 2010 – Homologação • 2010 - Treinamento de Multiplicadores da STN • 2010 -Treinamento de Multiplicadores do MPOG: SPI, SOF, SEGES, SLTI; • 2010 - Formação de unidade organizacional específica para tratar de custos: Núcleo de Informação de Custos na Coordenação-Geral de Contabilidade da União (CCONT/STN); • 2010 - Criação de Comitês Setoriais de Validação: 47 órgãos; • 2011 – Criação da Gerência de Informação de Custos 4 ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO GRADUALISMO – Modelagem da ferramenta de Custos de modo Sistêmico e Concomitante: • 1ª etapa – Dedutiva: A partir dos Órgãos Centrais via sistemas estruturantes para a base de dados do SIC • 2ª etapa – Indutiva: A partir da base de dados do SIC para Unidades Administrativas via INFRASIG’s • Sistema de custos para o setor público – Complexidade • Abrangência – Administração Direta e Indireta • Órgãos e Entidades atuando em diversas áreas – Educação, Defesa, Saúde • Dimensão Cultural – inexistência de uma cultura de custos no âmbito da Administração Pública Federal MARCOS LEGAIS Lei nº 4.320/1964 Art. 99. Os serviços públicos industriais, ainda que não organizados como empresa pública ou autárquica, manterão contabilidade especial para determinação dos custos, ingressos e resultados, sem prejuízo da escrituração patrimonial e financeiro comum. Decreto-Lei nº 200/1967 Art. 79. A contabilidade deverá apurar os custos dos serviços de forma a evidenciar os resultados da gestão. MARCOS LEGAIS Decreto nº 93.872/1986 Art . 137. A contabilidade deverá apurar o custo dos projetos e atividades, de forma a evidenciar os resultados da gestão (Decreto-Lei nº 200/67, art. 69): § 1º A apuração do custo dos projetos e atividades terá por base os elementos fornecidos pelos órgãos de orçamento, constantes dos registros do Cadastro Orçamentário de Projeto/Atividade, a utilização dos recursos financeiros e as informações detalhadas sobre a execução física que as unidades administrativas gestoras deverão encaminhar ao respectivo órgão de contabilidade, na periodicidade estabelecida pela Secretaria do Tesouro Nacional. § 2º A falta de informação da unidade administrativa gestora sobre a execução física dos projetos e atividades a seu cargo, na forma estabelecida, acarretará o bloqueio de saques de recursos financeiros para os mesmos projetos e atividades, responsabilizando-se a autoridade administrativa faltosa pelos prejuízos decorrentes. MARCOS LEGAIS Lei 10.180/2001 Art. 15. O Sistema de Contabilidade Federal tem por finalidade registrar os atos e fatos relacionados com a administração orçamentária, financeira e patrimonial da União e evidenciar: V - os custos dos programas e das unidades da Administração Pública Federal; Lei Complementar 101/2000 - LRF, artigo 50 § 3º A Administração Pública manterá sistema de custos que permita a avaliação e o acompanhamento da gestão orçamentária, financeira e patrimonial. Decreto nº 6976/2009 Art. 7o Compete ao órgão central do Sistema de Contabilidade Federal: (...) XIX - manter sistema de custos que permita a avaliação e o acompanhamento da gestão orçamentária, financeira e patrimonial; MARCOS LEGAIS Portaria nº 157/2011 Dispõe sobre a criação do Sistema de Custos do Governo Federal. Art. 1º. - Fica criado o Sistema de Custos no âmbito do Governo Federal. Art. 2º. - O Sistema de Custos do Governo Federal visa a evidenciar os custos dos programas e das unidades da administração pública federal. Art. 3º. - Integram o Sistema de Custos do Governo Federal: I - a Secretaria do Tesouro Nacional do Ministério da Fazenda, como órgão central; e II - os órgãos setoriais. TERMINOLOGIA DE CUSTOS Objeto de Custo Item para o qual se deseja levantar a informação de custos. Gastos “Sacrifício financeiro com que a entidade arca para a obtenção de um produto ou serviço qualquer, sacrifício esse representado por entrega ou promessa de entrega de ativos” Desembolso “Pagamento resultante da aquisição do bem ou serviço” Fonte: Martins, Eliseu – Contabilidade de custos – 9.ed – Atlas, 2003 TERMINOLOGIA DE CUSTOS SÃO GASTOS: Investimentos “Gasto ativado em função de sua vida útil ou de benefícios atribuíveis a futuros períodos” Custo “Gasto relativo a bem ou serviço utilizado na produção de outros bens ou serviços” Despesa “São decréscimos nos benefícios econômicos durante o período contábil sob a forma de saída de recursos ou redução de ativos ou incrementos em passivos, que resultam em decréscimo do patrimônio líquido e que não sejam provenientes de distribuição aos proprietários da entidade. Fonte: Martins, Eliseu – Contabilidade de custos – 9.ed – Atlas, 2003 CPC – Pronunciamento Conceitual Básico RELACIONAMENTO: GASTO, INVESTIMENTO, CUSTO E DESPESA Custo Gasto Despesa Investimento Custo Fonte: Machado, Nelson – Sistema de informação de custo – ENAP, 2005 E NO SETOR PÚBLICO? DESPESA ORÇAMENTÁRIA “Despesa executada por entidade pública e que depende de autorização legislativa para sua realização, por meio da Lei Orçamentária Anual ou de Créditos Adicionais, pertencendo ao exercício financeiro da emissão do respectivo empenho.” Fonte: Manual de Despesa Nacional - 1ª edição - Volume II ESTÁGIOS DA DESPESA ORÇAMENTÁRIA Empenho:É o ato emanado de autoridade competente que cria para o Estado obrigação de pagamento pendente ou não de implemento de condição. Consiste na reserva de dotação orçamentária para um fim específico. (art. 58 da Lei nº 4.320/1964) Ponto de partida para a construção do sistema de informação de custo Liquidação: Consiste na verificação do direito adquirido pelo credor tendo por base os títulos e documentos comprobatórios do respectivo crédito e tem por objetivo apurar: i) A origem e o objeto do que se deve pagar; ii) A importância exata a pagar; e iii) A quem se deve pagar a importância para extinguir a obrigação. (art. 63 da Lei nº 4.320/1964) Pagamento: Consiste na entrega de numerário ao credor por meio de cheque nominativo, ordens de pagamentos ou crédito em conta, e só pode ser efetuado após a regular liquidação da despesa. RELACIONAMENTO: DESPESAS LIQUIDADAS, INVESTIMENTO E CUSTO Despesa orçamentária liquidada Custo Investimento Fonte: Machado, Nelson – Sistema de informação de custo – ENAP, 2005 METODOLOGIA E MODELO CONCEITUAL Aspectos Teóricos – Despesas Orçamentárias de Custeio com ajustes (Tese Nelson Machado) Os gastos com obras de conservação e adaptação de bens imóveis (investimento) Os gastos com pessoal aplicados em investimento. Liquidação “forçada” – Contrapartida do RP não Processado (Art. 35 da Lei 4.320/1964): Existe despesa que na prática está processada, mas por falta de documento hábil não se processou a liquidação. Ex. Contas de água, luz de dezembro; O fornecimento do material em trânsito não é custo. Compra de materiais: Consumo Imediato são gastos que se transformam em custos; Almoxarifado – Ativo permanente (não financeiro). Custo na requisição do material. Despesas de exercícios anteriores. Custos Indiretos: custo em que inexiste uma fácil e simples associação ao objeto de custo, necessita de um critério de rateio para ser apropriado a ele. Solução: foco nos método dos Custos DIRETOS Fonte: Machado, Nelson – Sistema de informação de custo – ENAP, 2005 METODOLOGIA E MODELO CONCEITUAL CUSTEIO DIRETO – Justificativa • Permite acompanhar o desempenho dos gestores e das políticas públicas sem as intermináveis discussões a respeito dos custos gerais transferidos. • Relação custo benefício da informação. • Está entranhado no sistema de planejamento/ orçamento/contabiliza-ção do setor público. METODOLOGIA E MODELO CONCEITUAL CUSTEIO DIRETO – Questionamentos • Custos apurados podem conter distorções (falta de rigor na vinculação da despesa de pessoal às atividades e aos projetos) • Os projetos e atividades do setor público são excessivamente genéricos. • Esse método não incorpora os avanços da gestão estratégica de custo. Fonte: Machado, Nelson – Sistema de informação de custo – ENAP, 2005 METODOLOGIA E MODELO CONCEITUAL CUSTEIO POR ATIVIDADES NO SETOR PÚBLICO • Nada impede que órgãos específicos, a partir das informações extraídas do sistema de informação contábil gerencial, construam modelos específicos de análise e gerenciamento de seus custos, seguindo o modelo ABC. GESTÃO POR RESULTADOS • O sistema de custos facilita a aplicação da gestão por resultados no setor público. Basta calcular a receita econômica por órgão, programa ou atividade e confrontá-la com os custos diretos. OS AJUSTES CONTÁBEIS A VARIÁVEL FINANCEIRA Contabilidade Patrimonial Despesa Orçamentária Custos (Ideal)Executada OS AJUSTES CONTÁBEIS A VARIÁVEL FINANCEIRA Contabilidade Orçamentária Despesa Orçamentária Executada Ajustes Contábeis OS AJUSTES CONTÁBEIS A VARIÁVEL FINANCEIRA Contabilidade Orçamentária Despesa Orçamentária Executada (Despesa Liquidada + Inscrição em RP não-proc.) (–) Despesa Executada por inscrição em RP não-processados (+) Restos a Pagar Liquidados no Exercício Despesa Orçamentária Ajustada Contabilidade Patrimonial Custos (Ideal) OS AJUSTES CONTÁBEIS A VARIÁVEL FINANCEIRA Contabilidade Orçamentária Despesa Orçamentária Executada (Despesa Liquidada + Inscrição em RP não-proc.) (–) Despesa Executada por inscrição em RP não-processados (+) Restos a Pagar Liquidados no Exercício (–) Despesas de Exercícios Anteriores (–) Formação de Estoques (–) Concessão de Adiantamentos (–) Investimentos / Inversões Financeiras / Amortização da Dívida Despesa Orçamentária Ajustada Contabilidade Patrimonial Custos (Ideal) OS AJUSTES CONTÁBEIS A VARIÁVEL FINANCEIRA Contabilidade Orçamentária Despesa Orçamentária Executada (Despesa Liquidada + Inscrição em RP não-proc.) (–) Despesa Executada por inscrição em RP não-processados (+) Restos a Pagar Liquidados no Exercício Ajustes Orçamentários (–) Despesas de Exercícios Anteriores (–) Formação de Estoques (–) Concessão de Adiantamentos (–) Investimentos / Inversões Financeiras / Amortização da Dívida Despesa após ajustes orçamentários Ajustes Patrimoniais (+) Consumo de Estoques (+) Despesa Incorrida de Adiantamentos (+) Depreciação / Exaustão / Amortização Despesa após ajustes patrimoniais Contabilidade Patrimonial Custos (Ideal) OS AJUSTES CONTÁBEIS NA PRÁTICA O SIC INTEGRAÇÃO COM SISTEMAS DE INFORMAÇÕES Variável física e financeira Custo = Variável financeira Variável física Sistema de informação de custo Sigplan Sidor Siape Siasg Spiu Variável física “Agentes de acumulação” Agente de acumulação: item que guarda informações acerca de um bem ou serviço como por exemplo: Lote de produto, Centro de resultado ou Área de responsabilidade. O SIC AJUSTES DE ESCOPO “Casamento” de Métricas Filtro de Escopo Ex: Corrente, OFSS,... Sistema de informação de custo Sigplan Sidor Siape Siasg Spiu O SIC é um DATAWAREHOUSE Variável Física Variável Financeira Variável Física Variável Financeira Custo = Variável financeira Variável física ALGUNS OBJETOS DE CUSTOS • Custo por Órgão Superior, Órgão e Unidade Orçamentária; • Custo por Programa; • Custo por Ação (Projeto/Atividade); • Custo dos investimentos; • Custo por Órgão Siape; • Unidade de Exercício; • UPAG. EXEMPLOS DE RELATÓRIOS EXEMPLOS DE RELATÓRIOS POSSÍVEIS BENEFÍCIOS DA MENSURAÇÃO DE CUSTOS • insumo para a projeção de cenários; • subsídio para a elaboração e para o aprimoramento dos Planos Plurianuais; • Diretriz para a alocação do gasto público; • amortecer o conflito entre as dimensões técnica e política da alocação dos gastos; • Instrumento para aumento da eficiência e da qualidade do gasto público. 31 PONTOS CRÍTICOS A CONSIDERAR • Custos e Planejamento Orçamentário • Custos e tomada de decisão • Custos para controle POSSÍVEIS BENEFÍCIOS DA MENSURAÇÃO DE CUSTOS • Quanto aos programas governamentais, a informação de custos pode ser utilizada: •Como INDICADOR para a ELABORAÇÃO de programas (independente da metodologia a ser adotada) •Produtos (outputs) e resultados (outcomes) mais adequados aos objetivos da ação governamental. •Como INDICADOR de eficiência na realização de atividades e projetos governamentais, sob os aspectos FÍSICO E FINANCEIRO •Pode influir a gestão, o monitoramento e a avaliação, por se apresentar em sistema gerencial de acesso facilitado aos gestores e seus supervisores hierárquicos; •Nesse sentido, a execução financeira deve ser vista como meio para o atingimento dos objetivos de governo. Os incentivos à economia (gastar menos) devem estar alinhados a incentivos para resultados (fazer mais). • O USO da informação de custos depende de MUDANÇA CULTURAL E APROFUNDAMENTO DE MODELO DE GESTÃO VOLTADO PARA RESULTADOS. DESAFIOS DESAFIO DO SISTEMA ORÇAMENTÁRIO Apesar do programa de apoio administrativo colaborar para a consecução dos objetivos dos programas finalísticos ou de gestão de políticas públicas e demais programas, suas despesas, até o momento, não são associadas a esses programas. Em decorrência, não é possível se ter conhecimento de quanto de recurso foi consumido para se atingir os resultados dos programas finalísticos ou de gestão. ORÇAMENTO: INSUMO PARA CUSTOS CUSTOS: INSUMO PARA O ORÇAMENTO DESAFIOS DESAFIO DO REGIME CONTÁBIL Os custos na Administração Pública são representados tanto por fatos resultantes como independentes da execução orçamentária. NECESSIDADE DE AJUSTES EM ROTINAS CONTÁBEIS DESAFIO DA ALOCAÇÃO Esse problema decorre da existência dos denominados custos comuns, ou seja, custos que guardam uma relação com mais de um objeto de custo. Em algumas situações específicas, como é o caso dos denominados custos conjuntos, não existe um critério de alocação que possa ser considerado plenamente defensável. O SISTEMA DEVE SER VERSÁTIL E PERMITIR O USO DE DIVERSOS CRITÉRIOS DE ALOCAÇÃO DESAFIOS SISTÊMICOS • Comprometimento com o processo de mudança; • Envolvimento e participação dos servidores; • Capacidade para vencer o obstáculo da burocracia; 36 CONTATO Secretaria do Tesouro Nacional - STN Coordenação-Geral de Contabilidade e Custos da União- CCONT Coordenação de Suporte às Informações Fiscais e de Custos Gerência de Informações Fiscais e de Custos – GEINC Tel: (61) 3412.3049 Fax: (61) 3412.1459 E-mail Institucional: [email protected] E-mail pessoal: [email protected]