ÓRGÃO DE DIVULGAÇÃO DO 1º ECOMUSEU DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO
E DAS ATIVIDADES COMUNITÁRIAS DE SANTA CRUZ E DA ZONA OESTE
EDITADO PELO NÚCLEO DE ORIENTAÇÃO E PESQUISA HISTÓRICA DE SANTA CRUZ
www.quarteirao.com.br
FUNDADO EM 1983 – Ano XIX – SET/OUT 2011
COLÓQUIO
Momento de
escuta à
comunidade.
Páginas 8 e 9.
Fonte Wallace
na Praça
Dom Romualdo
Santa Cruz
NESTA EDIÇÃO
05 Memórias Populares
06 Ecos da
Semana de
Santa Cruz
13 II Jornadas
Formação
em
Museologia
Comunitária
14 Tem Sarau no Centro Cultural
Semana de Santa Cruz
16 Nova Sepetiba existe, resiste e pede
passagem para a vida dígna
QUARTEIRÃO
2
Setembro/Outubro 2011
PARTICIPAÇÃO
O USO RESPONSÁVEL DO CENTRO
CULTURAL DE SANTA CRUZ
MOVIMENTO FINANCEIRO DO NOPH
Coordenadoria de Assuntos Financeiros
Jornal: 93
Período: 31/08/2011 a 26/09/ 2011
CONTA BANCÁRIA
Foi pela Lei
Municipal nº 465,
aprovada pela Câmara Municipal da
Cidade do Rio de
Janeiro, em 1983,
que a comunidade
de Santa Cruz conseguiu que o antigo
casarão histórico, o Palacete Princesa
Isabel, ex- Sede Administrativa do Matadouro Imperial, símbolo de 28 anos de
lutas da Comunidade para ser restaurado, fosse transformado em CENTRO
CULTURAL DE SANTA CRUZ.
Foram anos e anos de promessas,
obras parciais, obras de maquiagem, até
chegar à restauração total do prédio símbolo da CULTURA em nossa região.
Muitos morreram sem ver o fruto de sua
militância cultural.
Entretanto, as políticas excludentes
deixaram sempre à margem a finalização
desse projeto e, passados dois anos da
inauguração, vemos que outras idéias
surgem nos gabinetes, sem ouvir a comunidade e arriscam demolir os sonhos
de várias gerações santacruzenses.
Para essa comunidade, o uso do
Centro Cultural, não pode descaracterizar completamente o Centro Cultural
pelo qual ela bravamente lutou; como
pólo irradiador da cultura viva local, esse
projeto desejado e defendido pelos santacruzenses até agora não foi alavancado
pelas inúmeras prioridades que se colocam para ele, sem que a comunidade
possa participar das decisões.
Convocamos toda a comunidade
brasileira ligada, direta ou indiretamente,
à história de Santa Cruz, a honrar essa
luta e propagar pelas diversas mídias e
canais que o CENTRO CULTURAL
DE SANTA CRUZ É UM BEM
INALIENÁVEL de cada santacruzense e por ele esta comunidade esteve
disposta a vencer todos os obstáculos:
abandono, descaso, incêndios, desvio de
recursos para outros projetos.
Mesmo quando estava em ruínas,
dele emanam há 28 anos as ações culturais que não deixaram a comunidade se afastar das artes, da história, da
memória desse lugar.
São sábias as gestões que exercitam
a ESCUTA da comunidade. E mais
uma vez, não suportaríamos ver o fantasma reaparecer travestido de novas
idéias e novos projetos, que desvirtuem
a missão de um Centro Cultural.
Esperamos que a gestão desse espaço possa conciliar os sonhos dos que
deram tanto de si
para
que
o
CENTRO CULTURAL
DE
SANTA CRUZ
cumpra suas funções com as expectativas de um futuro promissor, apoiado
com os recursos necessários e pela autoridade logística que lhe foi confiada. Cultura e Educação são faces da mesma
moeda: é com essa moeda que formaremos as futuras gerações.
Por isso, é necessário que todos se
solidarizem com a Santa Cruz Cultural e
resistente que ainda espera ver esse Centro Cultural funcionando plenamente
seja com recursos advindos das fontes
públicas ou com os decorrentes de parcerias tão necessárias e esperadas. Uma
luz brilha no fim do túnel: a perspectiva
da sensibilidade da Educação e seus recursos que podem finalmente equipar o
belo espaço: o teatro climatizado, mobiliado com cadeiras adequadas, som e iluminação próprios para o espaço, elevador funcionando e possibilitando a
acessibilidade de idosos e portadores de
mobilidade limitada.
Façamos todos a nossa parte! Honremos os que se foram na luta para termos o Centro Cultural que Santa Cruz
merece pela sua trajetória histórica e pela
sua comunidade que tanto valoriza a cultura local. Mas, como um bem tombado,
protegido por lei, é preciso respeitar alguns critérios e normas quanto ao seu
uso, pois qualquer equívoco o descaracteriza ou o coloca em situação de risco.
Algumas normas podem ser elencadas:
a) Ornamentação: critério e cuidados
para não descaracterizar um prédio
tombado (não colocar qualquer cartaz,
adesivos, em portas, janelas e paredes,
ornamentação condizente com o status
de prédio tombado, evitando-se ofuscar sua beleza ou sua espetacularização)
b) Público limitado - o espaço deve ser
usado em muitos momentos, evitando-se o impacto de um quantitativo simultâneo incompatível com o espaço,
tendo-se em conta os deslocamentos
coletivos entre salas, banheiros, bebedouros, jardins etc
c) Som compatível com as demais atividades das outras salas, uma vez que as
salas do prédio não passaram por tratamento acústico.
Respeitando estas normas, estaremos
cumprindo a missão do Centro Cultural.
Saldo anterior
3.840,54
Créditos no período
1,36
Débitos no período
2.031,20
Saldo Atual
1.810,70
EXPEDIENTE
JORNAL QUARTEIRÃO
Conta Caixa
Saldo Anterior
(648,28)
Recebido de Colaboradores
2.260,00
Despesas com Jornal
2.260,00
Saldo Atual
(648,28)
Resumo:
Saldo bancário
1.810,70
Saldo de Caixa
(648,28)
SALDO Total
1.162,42
Santa Cruz, 26 de setembro de 2011
Rubens dos Santos Cardoso
Coordenador de Assuntos Financeiros
Órgão de divulgação das Ações Culturais desenvolvidas pelo
NOPH e pelo Ecomuseu em Santa Cruz e na Zona Oeste da Cidade do Rio de Janeiro, em especial em Santa Cruz. Editado pelo
NOPH - Núcleo de Orientação e Pesquisa Histórica - Santa Cruz,
Localização: Centro Cultural Municipal de Santa Cruz - Dr. Antônio Nicolau Jorge - Rua das Palmeiras Imperiais, s/n - Santa Cruz Rio de Janeiro - Brasil - CEP: 23550-020.
Comunicação: Telefones: 3395-0066 / 9618-0672 (Walter/Odalice); 3395-1273 (Dorotéa); 2418-3140 (Ecomuseu/Centro Cultural)
Site: www.quarteirao.com.br
E.mails: [email protected]
[email protected] / [email protected]
Publicidade: Dorotéa Racca da Silva - Tel: 3395-1273. Telefax:
3395-2701
Conselho Editorial: Bruno Cruz de Almeida, Dorotéa Racca da
Silva, Odalice Miranda Priosti, Paulo Henrique Madeira, Regina
Célia Gonçalves França, Rubens dos Santos Cardoso, Silvia Regina
L C Cunha Melo, Pablo Ramoz, Walter Vieira Priosti. Editoração
Eletrônica: Namélio Soares. Tel: 3903-5850 / [email protected]. Impressão: Folha Dirigida.
ECOMUSEU
NOPH - REUNIÕES
As reuniões do NOPH acontecem
na sala do Ecomuseu/NOPH, sita no
Centro Cultural Municipal de Santa
Cruz – Dr. Antônio Nicolau Jorge,
Rua das Palmeiras Imperiais, s/n, todas as terceiras terças-feiras do mês, a
partir da 19 horas. São abertas para
toda a Comunidade. Informações: Tel:
2418.3140. Todos estão convidados.
AJUDE O
QUARTEIRÃO
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circula graças ao apoio de colaboradores e pequenos anunciantes.
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colocá-lo como AMIGO DO
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Ecomuseu do Quarteirão Cultural do Matadouro
Lei Municipal nº 2.354, de 01/09/95
O Ecomuseu está inserido na estrutura da Subsecretaria do Patrimônio Cultural, Intervenção Urbana, Arquitetura e Design, na Coordenação de Museus da Secretaria Municipal de Cultura da Cidade
do Rio de Janeiro.
NOPH
NÚCLEO DE ORIENTAÇÃO E PESQUISA HISTÓRICA
Associação civil, sem fins lucrativos, sem vínculos político-partidários, com o objetivo de realizar pesquisas, divulgar a História Local,
dinamizar a cultura e desenvolver campanhas, visando a preservação dos bens culturais de Santa Cruz e da Zona Oeste. O NOPH é
reconhecido de Utilidade Pública pelas Lei nº 590, de 15 de agosto
de 1984 (Município) e Lei Estadual nº 1207, de 22 de outubro de
1987. Registrado no Ministério da Cultura como Pessoa Jurídica de
Natureza Cultural, no Ministério da Fazenda CNPJ 30.031.223 /
0001-87 e no Município do Rio de Janeiro (ISS), com a Inscrição nº
02.107.368
O acervo do NOPH encontra-se no Palacete Princesa Isabel - Centro Cultural Municipal de Santa Cruz – Dr. Antônio Nicolau Jorge,
situado na Rua das Palmeiras Imperiais, s/nº, Santa Cruz, Rio de
Janeiro, CEP: 23550-020 – Tel. 2418.3140, desde abril de 2000,
onde poderão ser prestadas e pesquisadas as informações sobre a
História de Santa Cruz, de outros bairros da Zona Oeste, da Costa
Verde e da Cidade do Rio de Janeiro.
Endereço para correspondência:
Rua das Palmeiras Imperiais, s/nº - Santa Cruz – Rio de Janeiro CEP: 23550-020
Centro Cultural Municipal de Santa Cruz – Dr. Antônio Nicolau
Jorge
Coordenação do NOPH (Biênio 2009/2011): Coordenadoria
Geral: Walter Vieira Priosti; Coordenadoria de Assuntos Administrativos: Regina Célia dos Santos Gonçalves França;Vice: Paulo
Henrique Madeira; Coordenadoria de Estudos e Projetos: Odalice
Miranda Priosti; Vice: Silvia Regina Leite Costa Cunha Melo Coordenadoria de Divulgação: Dorotéa Racca da Silva; Vice: Bruno
Cruz de Almeida; Coordenadoria de Assuntos Financeiros: Rubens dos Santos Cardoso; Vice: Pablo Ramoz.
Conselho Fiscal do NOPH(2009/20011): Alcyr de Souza Solé,
Raul Ramires Rosa, Antônio Veiga.
QUARTEIRÃO
Setembro/Outubro
3
PÁGINA DO HISTORIADOR
TRANSPORTES: do carro-de- boi ao trem-de-ferro
esse tempo existia a mais
extensa linha de diligências
entre a cidade, passando
por Santa Cruz, e a então Vila de
Itaguaí, com grandes veículos de
quatro rodas e “animais novos”,
saindo de quatro em quatro dias
dos pontos de saída e de chegada e
seus bilhetes podiam ser adquiridos na rua do Conde D´Eu (atual
Visconde do Rio Branco), nº 7,
loja. Inaugurada no dia 19 de março de 1856, partia do campo da
Aclamação, na área atualmente
praça da República, “em frente ao
Museu” hoje Arquivo Nacional, às
6 horas da manhã, e seu ponto de
parada final no Hotel Camargo ou
Aires.
Os preços das passagens, de
acordo com a seguinte tabela: Campinho, 3$000; Campo Grande,4$000; Santo Antônio, 6$$000;
Santa Cruz, 8$000; Itaguaí,10$000.
Também se alugavam para viagem
completa; para Santa Cruz, 40$000,
para Itaguaí, 50$000, prevenindo-se
três dias com antecedência”.(5)
Em 1864, a Su perintendência ad quiriu um tílburi, e a se guir,
uma ca le ça, am bas quan do so lici ta das, uti li za das em trans por te
alu ga do até Sa po pem ba (De o do ro) para as pessoas que se di rigiam à ci da de. Em 1886, foi comprado um vis-a-vis para os
(continuação)
A
Caleça
Tílburi
Vis-a-vis
ser viços da Su pe rin ten dên cia,
pe que no ve í cu lo de fa brica ção
france sa, com assentos opostos
e mu i to co mum nos trans por tes
na ci da de. Tam bém com pra da
uma vi tó ria, car ru a gem que se
tornou popular entre nós ainda
nas pri me i ras dé ca das des te sé cu lo, quan do uma lu zi dia des sas
vi a tu ras ro da va es trip to sa mente
nos paralele pípedos de nossos
lo gra dou ros, trans por tan do o
popular deputado Honório Pimen tel, vindo das ses sões do
nos so Par la men to, ou seus fa miliares.
Para os transportes de carga do
Rio a esta localidade e vice-versa, a
Casa Imperial possuía um iate de
trinta e duas toneladas denominado
“ Conceição”, desde 1814 e mais conhecido como “ Iate Real”, em 1860
totalmente reformado. Esta embarcação e o caíque Bom Sucesso”, se
revezando nas viagens entre Sepetiba e a Praia do Caju, faziam todo o
transporte de material, móveis e demais objetos para o Paço de santa
Cruz, voltando com a produção da
Fazenda, cereais, açúcar, aguardente,
cerâmica rústica (tijolos, telhas) e
louça de barro.
Extraído da obra SANTA CRUZ – Fazenda Jesuítica, Real, Imperial, de
Benedicto Freitas, vol. II, pp.
167-168
Nota
5 – Correio da Tarde, Rio, edição de 10
de março de 1856.
QUARTEIRÃO
4
Setembro/Outubro 2011
PARTICIPAÇÃO
AMIGOS DO QUARTEIRÃO
Ailton Novaes / Luzinette Marques; Alain Brodin; Alcyr de
Souza Solé; Aldo Goes de Oliveira; Alice da Silva Miranda(In memoriam); Antônio Leão de Jonas; Aurora G. Ferreira Menezes;
Carlos Ludovico Crim Valente. CEEANO-Centro Educacional
Estações do Ano; Celso de Figueiredo; Denize Brazil; Édipo Pontes de Mello; Fábio Gonçalves França; Dany Thomaz Gonçalves;
Hélio Pinto e Souza/Yedda de Mello e Souza; ldalécio de Carvalho
Cintra; Profª Iracema Ferreira; Israel Blajberg (BNDES); José Carlos Moreira da Silva; José Goez da Silva; José Luiz de Moura; José
Nilo Ferreira; Laet José dos Anjos; Luciano Tarchiche Durão;
Luiz Antônio C Abreu; Maria da Graça Cesário de Melo; Maria
Helena Lichote; Maria Leite de Almeida; Marisa Travassos dos
Santos; Mitu Ueoka; Napoleão dos Santos Nogueira; Odalice Miranda Priosti; Olandi Pinto da Silva; Ovídio Soares da Silva; Paulo
Henrique Madeira; Paulo Mello Menezes; Paulo R. S. Nogueira;
Regina Célia Gonçalves França; Silvia Regina Leite Costa Cunha
Melo e Filhas; Vander Miranda Priosti; Walter Vieira Priosti; Yara
Mattos.
HOMENAGEM PÓSTUMA
João Carlos de Barros nasceu
em 20 de julho de 1936, na cidade de Cachoeira Paulista – SP.
Em 1953, nas asas da Força A-B,
migrou para Santa Cruz com a
família, vindo a servir à Pátria na
Base Aérea. Aqui radicou-se e
não parou de dar frutos, a começar pela fundação do Colégio Gi- No detalhe "Seu João" e a filha
rassol em 09 de março de 1992, Valéria no Desfile Cívico
contribuindo com a instrução, a
educação e o enraizamento do
amor a nossa Pátria, o respeito à Bandeira, hasteada a cada semana,
nas manhãs de aulas, nas sextas feiras, ao som cantado das estrofes
do Hino Nacional. Falecido no dia 04 de outubro passado, por toda
essa dedicação, recebe a homenagem dos parentes, dos funcionários,
dos professores e dos amigos da coletividade santacruzense.
EDITAL DE
CONVOCAÇÃO
DO NOPH
De conformidade com o que
estabelece o Estatuto do NOPH ficam, os seus membros, fundadores, associados e amigos, convidados para a AGO – ASSEMBLÉIA
GERAL ORDINÁRIA a se realizar
no dia 9 de dezembro de 2011, às
19 h, no Centro Cultural Municipal
de Santa Cruz Dr. Antônio Nicolau
Jorge,(Rua das Palmeiras Imperiais, s/n- Santa Cruz- Rio de Janeiro)
para a apresentação do relatório
da gestão atual e eleição da gestão
para o biênio 2011/2013.
A apresentação de Chapas
concorrentes, no referido Centro
Cultural, deve respeitar o prazo
estatutário : até sete dias antes da
AGO, portanto até o dia 2
/12/2011. As chapas devem ser
compostas com 5 membros coordenadores e seus- vices, suplentes e três membros do Conselho
Fiscal e respectivos suplentes.
A pauta da AGO será assim desenvolvida:
1. Apreciação do Relatório do Coordenador Geral relativo ao biênio
2009/2011.
2. Apresentação das Chapas concorrentes
3. Eleição e Posse da nova administração
4. Entrega do diploma do NOPH
às pessoas e entidades que trabalharam em benefício do engrandecimento do NOPH e do bairro de
Santa Cruz
5. Palavra aberta à Plenária
6. Confraternização e encerramento
A COORDENAÇÃO
MUSEU / ECOMUSEU
ECOMUSEU é...
Uma ação museológica consciente da COMUNIDADE com o
objetivo de desenvolver o TERRITÓRIO que habita, a partir da valorização da História Local e do PATRIMÔNIO (natural e cultural)
nele existente.
ECOMUSEU NÃO é ..
- Museu em um único prédio, mas num TERRITÓRIO;
- Museu de coleção de objetos, mas um conjunto diversificado de
bens coletivos , o PATRIMÔNIO;
- Museu a serviço de um público que o visita por entretenimento e
lazer, mas a serviço do desenvolvimento de uma POPULAÇÃO (
ou COMUNIDADE).
MUSEU/ECOMUSEU
Prédio
à
Coleção de objetos à
Público/Visitante
à
Território / Espaço Vivido
Patrimônio
População/Comunidade Participante
Ecomuseu é estímulo ao cooperativismo e empreendedorismo.
Encontro Coosturart e Zoart, durante o Colóquio
QUARTEIRÃO
Setembro/Outubro 2011
5
MEMÓRIAS POPULARES/IMIGRANTES ITALIANOS
inha avó Aurora nasceu
em Veneza, na Itália, e
era filha de pessoas que
tinham um padrão de vida elevado.
Não sei o sobrenome de seus pais,
mas moravam em uma casa muito
grande e tinham muitos empregados. A casa tinha um sistema de
aquecimento movido a carvão e
por isso consumiam bastante esse
produto. Meu avô que se chamava
Giovani era filho de um Piovesan,
(não sei o primeiro nome, só o sobrenome - Piovesan) que era carvoeiro, produzia carvão e abastecia
semanalmente essas residências.
O filho deste carvoeiro era
quem entregava o carvão nas casas.
Numa dessas entregas, na cozinha,
viu minha avó, jovenzinha que estava justamente na cozinha, junto à
cozinheira, aprendendo a arte de
cozinhar, um dos dotes imprescindíveis na formação das mulheres
na época : dominar a arte de cozinhar, bordar, pintar, tocar piano,
cantar, recitar, etc. Se apaixonaram
perdidamente. Ela filha da nobreza, ele filho de carvoeiro. 1o.
HIATO –(nunca nos foi dito
como foi resolvida essa diferença
social entre eles.) 2a. parte da história de amor: Os dois chegaram ao
Brasil, casados (?), já com dois filhos, Honorina e Bianca e aqui tiveram os outros filhos, Luiz (meu
pai), Hermith, Benígno, Itália e
Julieto. Vieram da Itália para o
Brasil e se instalaram em Santa
Cruz.
Meu avô Giovani aqui no Brasil ficou conhecido como João Piovesan. A Vó Aurora, em Santa
Cruz, exercia a função de parteira.
minha mãe dizia que meu avô Giovani, era “pau para toda obra”, Tinha um linguajar rude, diferente da
Vó. Nas rusgas familiares, minha
vó o chamava de “calabrês” que
significava estúpido, ignorante. Eu
cresci pensando que ele era nascido na Calábria, até que pesquisando a origem do nome Piovesan verifiquei sua real naturalidade. Há
um fato que ficou em nossa memória como uma imagem de um
avo herói e muito forte. Consta
que de certa vez, num dia de carnaval, na praça do centro de Santa
Cruz, onde meus avós moravam e
onde estava muita gente reunida,
um poste de ferro tombou e ele,
Giovani amparou esse poste nas
costas durante bastante tempo até
que viesse socorro, evitando um
acidente maior para as pessoas que
M
RUA FELIPE
CARDOSO
Célio de Oliveira Ferreira
OS PIOVESAN
Aproveitando a oportunidade de atender ao pedido do NOPH/
Ecomuseu de Santa Cruz, feito em momento tão alegre, onde as palavras correm soltas, as vezes ditas só mesmo para alimentar a alegria do momento, eu, com prazer, envio a história que minha mãe
nos contava, a nós seus filhos ainda pequenos, sobre a família do
nosso pai – os Piovesans.
História que ele nunca contestou. Entendo que só chegou a nós
o lado bom dessa história. Principalmente a mim que, sonhadora,
achava a mais linda história de amor e coragem! Depois de adulta,
constatei que havia “hiatos”; muita coisa “no ar”... Talvez se possa
preencher esses “hiatos” com informações dos descendentes que
ainda moram aí em Santa Cruz ou talvez nem vale a pena...
Angela Savastano / neta dos Piovesan
ali estavam. Por causa desse fato,
houve desfunção em um dos rins e
ele veio falecer desse mal.
Todos os seus filhos nascidos
no Brasil são filhos de Santa Cruz.
Muitos netos de João e Aurora Piovesan ainda moram em Santa
Cruz. Meu pai Luiz foi casado em
segunda núpcias com minha mãe
Arthurina. Ambos eram jovens e
viúvos Arthurina era viúva de um
filho também de Santa Cruz. Meu
pai, Luiz, já tinha quatro filhos
com a primeira esposa: Iracema
(Didi), Édna, Ítalo e Luiza. Todos
foram nascidos e criados em Santa
Cruz pela minha vó Aurora e tias
com exceção de Ítalo que foi morar com um parente, Gianerini, em
Campo Grande. Tio Julieto, casado com Luzia morou toda a vida e
criou os filhos nas casas da Vila do
Matadouro. Seus filhos ainda moram em Santa Cruz. Tio Hermith
casado com Alice sempre morou
em Campo Grande, também meu
pai e minha mãe sempre moraram
em Campo Grande, onde nasci.
A família dos Piovesans têm
um traço bem próprio e interes-
sante, com relação aos nomes que
dão aos filhos. Como não poderia
deixar de ser, há sempre a homenagem ao avô e a avó. Meu irmão
mais velho tem o nome do avôGiovani. Uma filha de Julieto tem
o nome da avó - Aurora (Lolinha).
O Tio Hermith, amante de óperas,
deu aos filhos nomes de personagens líricos – Tosca, Norma, Garibaldi, Alice. Minha mãe colocou
nos nomes dos filhos homens, o
prenome Luiz, nome do marido:
Luiz Georges, Luiz Sergio, Arthur
Luiz, Luiz Fábio.... e a tia Itália,
nascida em Santa Cruz, casou-se
com um rapaz que tinha o nome
Brasil. Eles tiveram três filhos aos
quais deram os nomes de : Roma,
Grécia e México.
Também me lembro bem das
comemorações e desfiles carnavalescos que toda a minha família ia
assistir na praça de Santa Cruz.
Eram blocos de fantasiados, desfilando na praça e as famílias nas calçadas apreciando o movimento.
Também tenho na memória a casa
onde meu tio Julieto morava, na
vila do Matadouro. Ele trabalhava
Aurora (jovem e mais idosa) e
Giovani Piovesan, meus avós
paternos, que vieram da Itália
casados e, segundo ouvi de
minha mãe, com uma das filhas
bem pequenina, (Onorina ou
Bianca). Tiveram 7 filhos:
Onorina, Bianca (uma delas
nasceu na Itália) Luiz, Itália,
Hermith, Benígno e Julieto. Uma
filha nasceu na Itália e os outros
6 nasceram em Santa Cruz.
no matadouro e levava para casa
muito miúdo de boi que era distribuído aos funcionários. Meu pai
trabalhava no Hangar do Zeppelin.
Para mim, criança, era uma construção tão gigantesca, tão
gigantesca que as pessoas lá dentro
pareciam formiguinhas.
Chegava-se em Santa Cruz e
no Matadouro só de trem – Maria
Fumaça. Não havia linha de ônibus, naquela época. Imagino que
meu avô Giovani e minha avó
Aurora tiveram que enfrentar
momentos bem difíceis em suas
vidas. Venceu por certo o amor e
com certeza esse amor fortaleceu
a garra e a coragem para enfrentarem o desafio de uma nova vida
em outro país. Vencer a dificuldade da diferença da língua, dos
costumes, da cultura. Vencer
também as agruras das revoluções internas, pois a família sofreu preconceito por serem imigrantes
(descendentes
de
italianos). Mas o que é mais legítimo que eles deixaram foi o caráter de seus descendentes: corajosos e amorosos.
Todo bairro tem sua via principal:
o meu também é igual.
“Me encontre na Felipe”
parece frase banal,
mas pra quem lá nasceu,
não é assim tão natural.
Sempre fui orgulhoso
da Felipe Cardoso.
Era moderna, com todo o trajeto asfaltado,
já possuindo mão e contramão
separadas por canteiros arborizados.
Da Estação à capela de Nossa Senhora
da Glória
uns três quilômetros mais um pedaço –
havia casas, escolas, um comércio escasso
que supria as pequenas necessidades,
imaginava eu,
e o “Solar dos Araújo”, prédio repleto
de história.
As procissões só engrossavam
quando por ela passavam.
E eu sorria vendo as moças indo e vindo,
se mostrando para os rapazes nas calçadas:
dali surgiram amores e casamentos.
As festividades e os acontecimentos
só na Felipe adquiriam porte de grande
evento,
até mesmo a Parada de Sete de Setembro.
No carnaval, a sua festa maior,
ficava enfeitada de coretos e de fantasias.
De domingo à quarta-feira,
somente o Centro da cidade e Madureira
a ela se comparavam, em grandeza e
em alegria.
Desfilavam tantos blocos e escolas de
samba,
de Santa Cruz e suas cercanias,
que a premiação difícil se fazia.
Os assuntos se resolviam naquela rua,
desde negócios a namoricos,
debaixo de sol ou da lua.
Nela aprendi a perder, a ganhar
e num futuro melhor sonhar.
Sofisticada, agora,
pousa de senhorita
a charmosa senhora.
Será que a gratidão cai no esquecimento?
Não é o meu caso, tive infância feliz.
Hoje te reverencio
e me penitencio
pelos desencontros.
São teus estes nobres sentimentos:
saudade, agradecimento.
De repente, o telefone toca.
Alô! Tô com saudade de você!
A gente precisa se ver!
Tá legal, vou sim: “Me encontre na Felipe”.
QUARTEIRÃO
6
Setembro/Outubro 2011
SEMANA DE SANTA CRUZ
ECOS DA SEMANA DE SANTA CRUZ
Foto Paulo Madeira
Participantes mirins
IX TORNEIO
DE XADREZ
Realizado no dia 18 de setembro no cassino dos oficiais do Batalhão-Escola de Engenharia, na
Praça Ruão, Santa Cruz, a partir
das 9 horas. Compareceu um bom
número de enxadristas, 26 no total
e um público de mais de 40 pessoas. O evento apresentou a seguinte
colocação, ao final do Torneio:
Adulto:
1º lugar – Wagner Peixoto; 2º lugar
– Fernando Santana; 3º lugar –
Luiz Rogério; 4º lugar – Juan Pablo; 5º lugar – Amandio César
Infantil:
1º lugar – Lucas Guimarães; 2º lugar – César Pontes; 3º lugar – Michael Douglas; 4º lugar – Gabriel
Izaías; 5º lugar – Lucas Brás
Mirim:
1º lugar – Caio Rodrigues; 2º lugar
– Rafael Albuquerque; 3º lugar –
João Pedro; 4º lugar – Maria Alice;
5º lugar – Arthur Rocha
Instituições:
1º lugar – CEVIC; 2º lugar –
TRELELÊ; 3º lugar – COLÉGIO
LIBERDADE
Obs: Não houve inscrições na categoria juvenil. O torneio esteve
sob a direção do Vice-Coordenador do NOPH Paulo Henrique
Madeira.
Foto Tiago Rodrigues
Sérgio Vieira de Gouvêia
ATELIER DE PINTURA
ALCYR DE SOUZA SOLÉ
- Fotos dos julgadores, foto
dos premiados, foto do 1º lugar
fez para outras grandes cidades
pelo mundo afora.
Com um corpo de julgadores
formado pela artista plástica Verita, pela professora de Artes Visuais
Silvia Regina Leite Costa Cunha
Melo e pela Coordenadora de
Assuntos Administrativos do
NOPH, Profa. Regina Célia dos S.
Gonçalves França, o Atelier de
Pintura Alcyr Solé, realizado no dia
28 de setembro na Praça Dom Romualdo teve como tema em 2011 a
Fonte Wallace. Houve premiação
para os melhores trabalhos.
Estas fontes foram fundidas na
década de 1870, pela Fundição Val
d’Osne, na França, e seu escultor,
Charles Lebourg, captando o espírito de sua época (o período romântico francês), fez representar,
através de quatro belas cariátides
femininas (estátua usada como coluna de sustentação), algumas virtudes eternas: a Bondade, a Caridade, a Sobriedade e a Simplicidade.
Sob um pedestal, destacam-se
pois, as quatro delicadas estátuas
femininas, trajadas em vestes gregas, que sustentam uma cúpula.
A Fonte Wallace – observada e
retratada de diferentes ângulos
atraiu a curiosidade dos transeuntes, que muitas vezes passam indiferentemente por ela, por desconhecer que é um dos três
exemplares da Fonte Wallace existentes no Brasil. Forjada em ferro
fundido, a Fonte Wallace é uma
réplica das que existem em Paris.
Obras de arte em ferro fundido
para embelezamento de praças e
parques públicos, de grande beleza
e raridade, produzidas no final do
século XIX, o nome se deve ao seu
idealizador, o filantropo inglês Sir
Richard Wallace que doou 100
exemplares da Fonte à cidade de
Paris em 1872 e, posteriormente, o
Em Santa Cruz, inicialmente
instalada em frente ao Palácio
Imperial (atual Batalhão Villagran
Cabrita) e mais tarde transferida
para a Praça Dom Romualdo.
Ao final do Atelier saíram vencedores os seguintes artistas plásticos:
1° colocado
José Pereira Filho (Zito)
2º colocado
Ana Iannibelli
3° colocado
João Pedro da Costa.
Foto Pâmella R. M. de Souza
Coroinhas e Jurados da Paróquia São Benedito
GINCANA CULTURAL
EM AREIA BRANCA
Foi realizado no dia 24 de Setembro mais uma etapa da gincana
cultural e formativa feita pelo grupo de coroinhas da Paróquia São
Benedito. Vários temas estão sendo abordado, o escolhido para Setembro foi Santa Cruz, uma homenagem do grupo pelo aniversário
do bairro.
Teve início as atividades com
uma bela mensagem lida pela jurada Lília Castro falando um pouco
da trajetória do bairro, ressaltando
sua importância na história do nosso estado. Em seguida o Grupo D
coordenado por Thainá Rangel,
contou a história de Santa Cruz
desde seu surgimento até os dias
de hoje. O Grupo A destacou duas
grandes obras de suma importância por suas construções e funções.
São elas a Ponte dos Jesuítas e o
Hangar do Zeppelin, dois pontos
importantes de épocas e séculos
diferentes mais com o mesmo
significado, nosso patrimônio.
Na bancada de jurados estavam presentes o Diretor do Ecomuseu/NOPH Walter Vieira Priosti, a Coordenadora de assuntos
administrativos do NOPH Regina
Célia S. Gonçalves França e membros de coordenação, pastorais e
movimentos da Paróquia que ficaram felizes com o convite e se sen-
tiram honrados por participarem
de um evento grandioso onde o
tema era Santa Cruz.” Realmente
aprendi muito sobre o bairro, vou
sair daqui hoje bem informada” diz
a jurada Bianca Souza.
Grandes aprendizados foram
passados e recebidos naquela tarde
onde houve um elo entre participantes e jurados, que puderam
apreciar a decoração SantaCruzense da sala.Com a palavra o Diretor
do Ecomuseu/NOPH Walter Priosti elogiou o trabalho e pediu que
os jovens não desistam, mais persistam nos seus objetivos sempre
fazendo com amor e dedicação.Completando a jurada Valéria
de Souza disse que o futuro de
Santa Cruz está nas mãos dos jovens de hoje e quem sabe serão
eles que lutaram pelo bairro amanhã.Por fim foi feito a oração final,
na despedida todos deram
parabéns a Santa Cruz pelos seus
444 anos.
Tiago Rodrigues/NOPH
NOPH
1983-2011
28 anos trabalhando a
história de Santa Cruz
QUARTEIRÃO
Setembro/Outubro 2011
7
HISTÓRIA / LITERATURA
LANÇAMENTO DE “O VELHO
OESTE CARIOCA VOL. II”
Leocádia, a flor despetalada
Autora: Rita Gemino
Ilustrações de Alan Castilho
Durante a Xv Bienal Internacional do Livro, no dia 07 de setembro de 2011 no estande P22 da
Oficina, no Riocentro – Barra da
Tijuca, foi lançado o livro infantil
Leocádia, a flor despetalada da poeta e escritora Rita Gemino. Professora das Redes municipal(CIEP
Ministro Marcos Freire) e estadual
de Educação CE Vânia do Amaral
Matias Edde), a autora é especializada em Língua Portuguesa e,
Mestre em Educação, leciona disciplinas de Práticas Pedagógicas
em instituições de ensino superior.
Possui vários títulos publicados,
entre eles Convívio(em parceria
com Américo Mano).
Tanto a autora quanto o ilustrador têm uma relação com o
NOPH e o Ecomuseu de Santa
Cruz, pois não foram poucas as
ações dessa instituição em que estiveram envolvidos: campanhas, II
Encontro Internacional de Ecomuseus / Sarau ao luar na BASC/
Exposição de painéis históricos
(2000), Saraus da Semana de Santa
Cruz, entre outros.
Agora, reunidos num único
trabalho dirigido ao público infantil, a delicadeza da escritora e os
traços do artista trazem a história
de Leocádia, a flor despetalada.
Na dia 22, das 18h às 22h, foi lançado o segundo volume de “O
Velho Oeste Carioca”,de André Luis Mansur, na livraria “República
do Bardo”, em Copacabana (Av. Rainha Elizabeth, 122 - Loja E).
No segundo volume de “O Velho Oeste Carioca”, André Luis
Mansur continua a contar mais histórias do passado da região da cidade do Rio de Janeiro que vai de Deodoro a Sepetiba. Desta vez,
mescla a pesquisa documental com a tradição oral dos moradores,
que falam, com saudade, dos bondes que iam de Campo Grande a
Guaratiba e ao Rio da Prata, do ramal de Mangaratiba com seu trem
“macaquinho”, dos muitos cinemas que desapareceram, da época
em que as praias de Pedra de Guaratiba e Sepetiba eram limpas e do
modo de vida rural que prevaleceu na região até há algumas décadas,
quando os agricultores recebiam o dinheiro das colheitas no Café e
Bar do Lavrador e promoviam todo ano a eleição da Rainha da
Lavoura.
Mansur fala do pioneirismo de Realengo e do Campo dos Afonsos na aviação mundial, com projetos observados de perto por Santos Dumont, do estilo de vida dos imperadores D. Pedro I e D. Pedro II na Fazenda de Santa Cruz, do Polígono de Tiro da
Marambaia, um pouco da história do Grumari, dos clubes de futebol, além de muitas curiosidades, como o possível plano de fuga de
Tiradentes por Campo Grande e as passagens de duas grandes
mulheres pela região no século XIX.
Uma iniciativa das mais importantes é lembrada pelo autor, o
Teatro Rural do Estudante, surgido nos anos 50 e que gerou nomes
importantes da dramaturgia brasileira, como o ator Rogério Fróes, e
deu origem ao projeto das Lonas Culturais, hoje uma das poucas
formas de manifestação cultural da região que merece alguma
atenção do poder público.
QUARTEIRÃO
8
Setembro/Outubro 2011
COLÓQUIO
Fotos Bruno Cruz
COMUNIDADE, INDÚSTRIA E
DESENVOLVIMENTO LOCAL
O DIÁLOGO
POSSÍVEL
om o tema “ Como as indústrias
de Santa Cruz podem se inserir no
desenvolvimento e na paisagem
locais?”– A absorção da mão-de-obra local - A inserção dos trabalhadores que
chegam ao território - O ecomuseu como
mediador - o caso CSA e as comunidades
de Santa Cruz e Sepetiba, o colóquio deveria reunir representantes das indústrias,
do comércio, representantes das organizações sociais, representantes da educação, sindicatos, comunidade de Santa
Cruz e de Sepetiba. Entretanto, um tema
de tamanha relevância para o bairro, foi
ignorado por setores que poderiam fazer a
diferença. Como disse Hugues de Varine,
o especialista em Desenvolvimento Local, o diálogo não é apenas possível, mas
NECESSÁRIO.
C
Realização da ABREMC – Associação
Brasileira de Ecomuseus e Museus Comunitários, de 13 a 18 de outubro, em Santa Cruz,
o colóquio teve como parceiros o NOPH
/Ecomuseu de Santa Cruz, a 10ª. CRE, a Casa
Ser Cidadão, o CETEP/ FAETEC, a FAMA,
a Universidade Cândido Mendes- UCAM e a
Univ. Estácio de Sá – Santa Cruz - UNESA, a
Colônia Japonesa, a COOSTURART, a
ZOART, o Movimento Ecomuseu de Sepetiba, entre outros.
Iniciando um circuito de consultorias a
três ecomuseus brasileiros – Santa Cruz no
Rio de Janeiro, Serra de Ouro Preto em Minas gerais e Amazônia em Belém, Pará, Hugues de Varine, criador e militante do conceito de ecomuseu, participou do Colóquio
que teve por objetivo refletir sobre as relações entre as comunidades situadas em Santa Cruz e Sepetiba e as indústrias do Distrito Industrial de Santa Cruz e a sua
contribuição para a conservação da paisagem e o desenvolvimento local.
Com uma discussão itinerante junto às
Comunidades , o programa do Colóquio contemplou a questão da participação das comunidades e das indústrias no desenvolvimento
local, questionando de que forma esse desenvolvimento está interferindo na paisagem, no
patrimônio e na vida do bairro.
No último dia o Colóquio se estendeu a
membros da Colônia Japonesa sobre o risco
iminente de desaparição desse patrimônio
que é a atividade agrícola na região, ante as dificuldades do adensamento populacional e industrial do bairro e pela baixas perspectivas
que a atividade oferece aos jovens herdeiros
desse fazer. A Agricultura existe em Santa
Cruz há mais de 400 anos. Desse encontro
participaram o engenheiro agrônomo Otávio
Miyata e outros membros da Colônia.
Ao final do Colóquio, pôde ser feita uma
série de propostas, que deverão ser analisadas,
para posterior encaminhamento aos setores
responsáveis, para a tomada das medidas necessárias:
• Criação do Conselho Consultivo De Desenvolvimento Local
• Reflexão e discussão da participação das empresas do Distrito Industrial de Santa Cruz no
desenvolvimento local e sua inserção na paisagem
• Fortalecimento da relação e do diálogo entre
a comunidade e as empresas locais
• Diagnóstico sobre o aproveitamento de recursos humanos de Santa Cruz e adjacências
nas empresas do Pólo Industrial de Santa Cruz
• Orientação de cursos técnicos do CETEP/
FAETEC e SESI/ SENAI para a demanda das
empresas locais
• Criação de um Centro de Capacitação para o
Trabalho em Nova Sepetiba, além de creches,
escolas de 1° segmento, hortas comunitárias e
novas linhas de ônibus
• Criação do mapa participativo da comunidade de Santa Cruz, sinalizando as potencialidades, os patrimônios e os recursos locais, refletindo sobre o turismo cultural de base
comunitária
• Criação de cursos de Extensão e de Especialização (lato sensu) em Educação Patrimonial e
Gestão do Patrimônio
• Valorização da História e do Patrimônio locais nas redes públicas e privadas de 1º e 2º
graus.
• Valorização do produto agrícola AIPIM DE
SANTA CRUZ e criação de Cooperativas de
beneficiamento do produto
• Aprofundamento de estudos sobre a questão dos alagamentos na área de produção agrícola da Colônia Japonesa após a instalação da
CSA
• Implantação de um Hotel Escola para complementação profissional dos estudantes de
Turismo
• Criação de um projeto de Desenvolvimento
Turístico na região, com os parceiros NOPH/
FAMA/ Empresas locais
• Criação de Agência de Apoios a Micro –
Empreendimentos e cooperativas comunitárias, valorizando e qualificando os saberes e fazeres locais
• Mudanças na Lei do Ecomuseu – Ecomuseu de Santa Cruz, com a inclusão de todo o
território do bairro
• Retorno da Semana de Santa Cruz para o
mês de setembro
• Implantação de núcleos de memória nos
Conjuntos Habitacionais
• Criação do mapa participativo da comunidade
• Preparação de Santa Cruz para os eventos
mundiais agendados: * 2012 - IV EIEMC - Belém, * 2013 - Jornada Mundial da Juventude
(Rio); ICOM 2013(Rio) / Conferência off de
Ecomuseus e Museus Comunitários (Rio ou
São Paulo), * 2014 – Copa do Mundo,* 2016 –
Olimpíadas
Palestra: Desafios do Desenvolvimento local. Universidade Estácio
de Sá
Mesa Redonda 3: História, Educação e Patrimônio na Relação
Comunidade e Indústria. Universidade Cândido Mendes
Conferência: Comunidade, Patrimônio, Paisagem e Desenvolvimento
Local. Casa Sercidadão, por Hugues de Varine (França)
Mesa Redonda 4: Turismo Cultural, Turismo de Base Comunitária e
Empregabilidade. Faculdade Machado de Assis
Operários de Tarsila do Amaral
QUARTEIRÃO
10
Setembro/Outubro 2011
COMUNIDADE EM AÇÃO
Colóquio Comunidade, Indústria e
Desenvolvimento Local – o diálogo possível
palavra colóquio por si só
já define o objetivo desta
série de “encontros” que
teve início no dia 13 de outubro
com a seguinte programação prevista: visita ao território Av. João
XXIII / Parque Industrial CSA e
COOSTURART e, encerrando o
dia a palestra: Desafios do Desenvolvimento Local - proferida por
Hugues de Varine – Consultor
Internacional em Patrimônio e Desenvolvimento Local na Universidade Estácio de Sá – UNESA –
Santa Cruz.
Infelizmente não tivemos
oportunidade de participar neste
dia. Entretanto comparecemos no
dia 14 de outubro, sexta-feira, na
Conferência Comunidade, Patrimônio, Paisagem e Desenvolvimento Local – o diálogo possível,
também proferida por Hugues de
Varine, realizada na Casa Ser cidadão, diga-se de passagem, lugar demasiadamente aprazível e um dos
ícones das lutas do NOPH e do
Ecomuseu de Santa Cruz, além da
“casa” ter sido moradia do médico
sanitarista Julio Cesário de Melo,
personagem de suma importância
para a zona oeste, em especial para
Santa Cruz e Sepetiba. Dentre muitos tópicos abordados na referida
conferência, consideramos alguns
como primordiais para nós, moradores de Sepetiba e adjacências,
que serão abordados a seguir.
Ao iniciar a conferência, Varine chamou atenção para a questão
dos bens comuns (água, terra, ar...)
necessários tanto para os indivíduos (comunidade) como para a indústria e demais atores econômicos, e sua gestão consciente e
responsável, que são substancialmente indispensáveis para o desenvolvimento local (viver, trabalhar, produzir, consumir).
Varine enumerou as atribuições da indústria e das comunidades (indivíduos) quando mencionou as responsabilidades comuns a
ambos os grupos (ambiente, patrimônio, gestão, serviços (transporte, saúde, educação, alojamento).
O museólogo e consultor destacou a importância do “conhecimento” do território, e como é primordial que os moradores saibam
A
Momento de escuta à Nova Sepetiba, no destaque Bianca Wild (Ecomuseu de Sepetiba)
“explicá-lo”, pois conhecer o território em que vivemos, suas peculiaridades,deficiências, ausências,
características específicas etc., é
necessário para sua gestão consciente.
O museólogo também mencionou a questão da paisagem, destacando o fator “coerência” entre os
componentes urbanos, rurais - indústrias – evolução e observação
enquanto responsabilidade partilhada, lembrando que o papel dos
cidadãos, atores locais, econômicos, indústria, especialistas é diferenciado. Varine lembrou que a paisagem não é boa, nem má, e sim
um reflexo, e faz parte do ambiente cultural (cultura viva- paisagem
– gestão coerente da paisagem).
Cabe aqui destacar a política
territorial da paisagem, segundo
Varine, o objetivo de qualidade paisagística deve ser formulado pelas
autoridades competentes, não se
deixando de levar em consideração
a responsabilidade e a participação
da comunidade nesse procedimento. Hugues de Varine ressaltou que
a coletividade, a interação na gestão, criação e elaboração de programas de desenvolvimento é imprescindível (indústria/empresa –
intervenções sobre os domínios
para o desenvolvimento a partir de
uma ação conjunta).Vale a pensa
ressaltar, em se tratando de eco-
museus, que o ecomuseu é o museu vivo, da vida, que valoriza o patrimônio vivo, e a cooperação e
parcerias são de extrema valia para
que tenha êxito em seus objetivos
(conviver, partilhar o território e o
patrimônio – população (comunidade, famílias, indivíduos) – atores
econômicos (indústrias, comércio
e produtores).
Varine nos lembrou que os
moradores possuem necessidades,
mas também possuem deveres e
responsabilidades na mesma medida (emprego, renda, transporte, saúde, educação) – (gestão responsável – diálogo – procura por solução
– poluição).O consultor mencionou o fato dos novos moradores, e
a necessidade destes de enraizar-se
no território. Também destacou
que as iniciativas devem vir de baixo para cima, impulsionando o desenvolvimento local e assim incentivando o turismo, a cooperação
entre indústria e comunidade para
capacitação dos moradores, o estudo conjunto de soluções e a preparação para a cooperação, tendo em
vista sempre a informalidade, o papel consultivo e a presidência alternante (comissões, associações, oscips,etc)
Ressaltando, para que o desenvolvimento local seja uma realidade torna-se mister a interação entre
os parceiros com objetivos co-
muns, uma estrutura mista de atores políticos, sociais, econômicos –
devem ser estabelecidos objetivos
permanentes a partir da elaboração
de um dossiê enumerando os problemas, necessidades, projetos,
conflitos, os métodos a serem utilizados são a troca de informações e
o debate livre, é de suma importância a compreensão mútua e a solidariedade balizando uma comunidade de interesse, e claro a
elaboração de uma “hierarquia de
objetivos”, bem como o debate
consciente e a autocrítica permanente.
Nesse processo, o ecomuseu
tem o papel de facilitador/ mediador, pois é um museu comunitário,
aberto, centro de recursos documentais e humanos e de sinergias
(atividades coordenadas e simultâneas, que contribuem para um objetivo comum). Enfim, a conferência foi por demasiado produtiva e
esclarecedora, sem contar com a
participação dos presentes e suas
colocações, como a do professor
Walter Priosti, do professor Sinvaldo, Odalice Priosti, do diretor
do CETEP/Santa Cruz dentre outros não menos importantes.
No sábado, dia 15 de outubro,
dia do mestre, visitamos a comunidade Sebastião Lan, Nova Sepetiba, e lá, como professora, recebi
uma lição de vida. Eu, enquanto
moradora de Sepetiba, e representante no encontro do Ecomuseu
de Sepetiba, sinto que me faltam
palavras para descrever a importância do trabalho desenvolvido
pelo pároco local Padre Geraldo
Marques, pelo Diácono João Damaceno, pela professora Ana Cristina, Dona Val, Angela e todos e
todas presentes. Esta experiência
não só foi agradável como deveras
produtiva, dentre os relatos e colocações o da moradora e voluntária
Isma foi o que mais me chamou
atenção, tamanha sua seriedade,
simplicidade e certeza de suas convicções. Saí do centro comunitário
com uma certeza: é primordial que
nós, enquanto moradores e moradoras de Sepetiba tomemos consciência de que somos moradores
da mesma região, Sepetiba e Nova
Sepetiba fazem parte do mesmo
território. Precisamos nos unir, somar forças para o desenvolvimento de nossa região. Conversamos
sobre possíveis causas e soluções
para os problemas da comunidade,
dentre eles destacam-se a ausência
de serviços básicos como saúde e
educação, além, é claro, da falta de
transportes. E decidimos que realizaremos um ato, uma manifestação pacífica para reivindicarmos o
que é nosso por direito, além de
termos chegado à conclusão de
que a elaboração de um dossiê sobre a comunidade é de extrema importância para pensarmos soluções
e definirmos objetivos específicos.
(...)A situação desses homens,
mulheres e crianças é lamentável.
Não fosse o trabalho realizado
pelo pároco e seus voluntários desde o início da ocupação seria ainda
muito pior. O trabalho dessas pessoas é louvável e muito significativo e acredito que todos nós deveríamos tomá-los como exemplo e
nos unirmos para que consigamos
realizar a gestão consciente do nosso território e valorização dos nossos patrimônios, materiais, imateriais, tangíveis e intangíveis.
Bianca Wild
Movimento Ecomuseu de Sepetiba
Fonte: http://ecomuseusepetiba.blogspot.com
Setembro/Outubro 2011
QUARTEIRÃO
11
ECOMUSEOLOGIA/MUSEOLOGIA COMUNITÁRIA
12 DE SETEMBRO
No gráfico abaixo, a síntese da ação pedagógica patrimonial e a proposta de gestão do.patrimônio e do desenvolvimento local no Ecomuseu de Santa Cruz.
Dia do Museu
Comunitário
O dia 12 de setembro é o DIA DO MUSEU
COMUNITÁRIO na Rede de Museus Comunitários das
Américas.
O Ecomuseu de Santa Cruz, no Rio de Janeiro, integra a
rede como o pioneiro ecomuseu comunitário do Brasil. Reconhecido internacionalmente pela comunidade museal e já
com 28 anos, considerando-se a fundação do NOPH, de
onde emanam as ações desde a fundação em 03 de agosto de
1983, o Ecomuseu de Santa Cruz extrapolou os limites do
Quarteirão do Matadouro, seu núcleo-sede e hoje atinge todo
o território do bairro de Santa Cruz.
Segundo o conceito ampliado de museu como a relação
entre o trinômio alargado de Espaço Vivido / Território,
Patrimônio E Comunidade Participante, o ecomuseu não
é um museu nos padrões clássicos, que se resume na relação
prédio,coleção e público.
Por isso, sua ação pioneira que há 28 anos amalgama a comunidade ao seu território e ao patrimônio nele existente, não
pode se restringir ao cômputo de quantidade de público que
visita o seu núcleo-sede. Muito mais que as visitas, que também acontecem, priorizam-se as atividades integradoras que
visam a apropriação dos segmentos da sociedade pelo seu patrimônio natural e cultural.
PROPOSTA DE GESTÃO PATRIMONIAL
E DESENVOLVIMENTO LOCAL
HEXÁGONO DE AÇÃO DO ECOMUSEU COMUNITÁRIO DE SANTA CRUZ
(Plano Diretor da Ação Ecomuseológica para o Desenvolvimento)
1. Núcleo Gerador - NOPH / Ecomuseu do Quarteirão Cultural do Matadouro (EMQ)
2. Núcleo Residência da Fazenda de Santa Cruz –Batalhão Escola de Engenharia Villagran Cabrita
3. Núcleo Agrícola - Ponte dos Jesuítas (Entorno do Monumento tombado em 1938)
4. Núcleo Base Aérea de Santa Cruz(Entorno do Hangar do Zeppelin – BASC – Base Aérea de Santa Cruz)
5. Núcleo Sepetiba (Comunidade de moradores e pescadores da localidade Sepetiba)
6. Núcleo Comunidades (Comunidades dos Conjuntos Habitacionais : Antares, Cesarão, João XXIII, Palmares, Manguariba, Urucânia, Nova Sepetiba etc)
7. Núcleo Comercial e Industrial(AEDIN /Empresas do Distrito Industrial e ACISC/ Comércio do centro
do bairro de S. Cruz)
Cada um desses núcleos tem uma vida própria, autônoma, criativa e diferenciada, havendo sempre que possível a interrelação entre os diferentes núcleos e o núcleo gerador(Núcleo 1), o NOPH, e o fruto de suas ações
– o Ecomuseu de Santa Cruz(Núcleo 2).
Fonte : Memória, Comunidade e Hibridação: museologia da libertação e estratégias de resistência, tese de
doutorado em Memória Social / UNIRIO- PPGMS, de Odalice Miranda Priosti, Rio de Janeiro, 2010.
QUARTEIRÃO
12
Setembro/Outubro 2011
MEMÓRIA DA EDUCAÇÃO
À MESTRA, COM CARINHO
PROFa. SILVIA DE ARAUJO TOLEDO
xiste em Santa Cruz uma escola que se designa
ESCOLA MUNICIPAL
Profa. SILVIA DE ARAÚJO
TOLEDO. Localizada no Conjunto
Habitacional Otacílio Camará, mais
conhecido como CESARÃO, a escola é dirigida há 20 anos pela Profa.
Geisa dos Santos e atende a mais de
500 alunos.
Numa rápida visita conheci a escola. Na sala da direção, uma fotografia esmaecida daquela que conheci
quando estudei o curso primário na
Escola Professor Coqueiro. Na época, a Diretora Sílvia trazia a escola
com disciplina e dedicação, mas para
mim não era apenas a Diretora, um
vínculo maior e um olhar de quase
avó a ligavam a mim. Ela tinha sido
professora de minha mãe e não se
cansava de me afirmar : - Sua mãe –
Alice - foi uma de minhas alunas mais
aplicadas!
Mas não só isso: Dona Sílvia era
irmã da minha primeira professora,
a que me apresentou as primeiras
letras e me ensinou os algarismos...
Dona Mercedes praticamente me
alfabetizou. Por não ter idade ainda
para ser matriculada na Escola Pública, cursei alguns meses preliminares na escolinha que funcionava
na casa da Família Araújo, aquele
que hoje a comunidade conhece
como Solar dos Araújo, ou carinhosamente, o “castelinho” ao lado do
Santa Cruz Shopping. Eram todas
E
professoras leigas- Dona Mercedes,
Dona Isabelinha, D. Ainê ensinavam em suas casas e no recreio nos
deixavam compartilhar os frutos do
seu pomar. Foi assim que conheci
as carambolas, pitangas, amoras,
abricós, romãs e abius, entre as primeiras palavras e frases e cálculos.
Aprender tudo isso tinha cheiro e
sabor de quintal.
Entretanto, precisamos tirar das
gavetas da memória quem foi a Profa.
Sílvia Toledo. Casada, sem filhos de
sangue, doou-se integralmente ao
magistério. Passava o dia inteiro na
Escola Professor Coqueiro, percor-
rendo as salas, as rampas, os corredores e a área externa. A imprescindível
sineta na mão, cujo toque anunciava
o recreio ou a saída, reluzia prateada
ao sol. Era nosso objeto de desejo,
pois o toque era prenúncio de uma
pausa esperada para merendar e brincar no pátio ou, ao final do período, a
volta para casa.
Ùltima escola onde trabalhou, a
EM Professor Coqueiro era de frente
para a Rua Felipe Cardoso, um prédio antigo de salas pequenas, algumas
com lousa nas quatro paredes e portas e janelas imensas, pintadas de azul.
Acompanhei a transição para o prédio novo, fruto de suas reivindicações, que estava sendo construído
nos fundos do terreno, onde conclui
o primário. Fiz os quatro anos iniciais
do primário nesse prédio antigo,
onde havia na lateral uma varanda
com gradil de ferro, à moda da arquitetura da época. Dali, do alpendre,
Dona Sílvia falava a todas as turmas
perfiladas para cantar o Hino Nacional Brasileiro e hastear a Bandeira.
Lembro também das comemorações
cívicas onde alunos liam textos biográficos ou recitavam poesias sobre o
motivo da comemoração: Tiradentes,
Dia da Árvore (normalmente com
plantio de mudas no terreno), chegada da Primavera, Dia de Anchieta,
Dia do Soldado, Dia da Bandeira, etc.
Muito tímida, nunca subi até
aquela varanda para ler ou recitar,
mas admirava as meninas que, com
muita expressividade, recitavam de
cor alguns poemas.
Dona Silvia era também aquela
que entregava medalhas de Honra ao
Mérito aos destaques do mês: fitinha
verde para o 1º lugar, amarela para o 2º
e azul para o 3. Somos do tempo da
competição saudável que nos tomava
mais horas de dedicação aos estudos
para alcançar essa medalha e quando
não conseguíamos ninguém precisou
de tratamento psicológico para superar
traumas...
Hoje volto à EM Silvia de Araújo
Toledo e sinto aquele olhar do retrato
na parede supervisionando tudo,
acho mesmo que abençoando os
profissionais daquele estabelecimento. Talvez seja essa segurança (que os
homens não podem dar a esse espaço) que faz com que sejamos recebidos com um sorriso, olhos brilhantes
de energia... Será que essa energia
vem mesmo das crianças e jovens
que ali estudam? Creio que não só...
Duvido muito que aquele olhar do
retrato não esteja influindo no bom
astral de todos por ali. Afinal, D. Silvia não deve ter desistido da educação nunca e continua de outro plano
a alimentar as esperanças e as energias de seus seguidores, alguns com
mais de 20 ou 30 anos na mesma escola. Qual será o segredo?
Odalice Priosti
Professora/ NOPH-Coord.
de Estudos e Projetos
UMA BIOGRAFIA EXEMPLAR, A EDUCAÇÃO COMO MISSÃO
Uma Unidade Escolar, localizada no Conjunto Otacílio Camará – Cesarão, recebeu o nome de
Professora Sílvia de Araújo Toledo em homenagem à esta dedicada educadora que incansavelmente, deixou significativas marcas
por onde passou.
Sílvia de Araújo Toledo era
natural do Rio de Janeiro, residia
em Santa Cruz e iniciou sua carreira no magistério lecionando em
escolas de Campo Grande, onde
há registros de sua trajetória por
uma escola no morro do Menda-
nha pela qual tinha que cavalgar
horas até chegar na U.E. Transferida para Santa Cruz, trabalhou
em muitas escolas municipais a
saber: General Gomes Carneiro,
Tenente Renato César, Joaquim
da Silva Gomes, Francisco Venâncio Filho, Ponte dos Jesuítas e
Professor Coqueiro, onde nesta
última, em 1950 assumiu a direção exercendo ali com muita
competência suas atividades durante cerca de três décadas.
Empreendedora, diligente e
idealista, percebeu logo que a es-
cola que dirigia, apesar de muito
pequena e consequentemente incapaz de atender a demanda da
região, era localizada em terreno
de grande extensão, onde uma
nova escola bem maior poderia
ser construída.
Perseverante, lutou bravamente durante dez anos até ver o
seu sonho realizado. Em 1962, a
sua nova escola Professor Coqueiro era inaugurada, com capacidade três vezes maior que a antiga.
Nos seus 41 anos de trabalho,
Sílvia de Araújo Toledo, nunca
descuidou do seu aperfeiçoamento profissional, fez vários
cursos e exerceu quase todas as
funções do magistério da época,
tais sejam: orientadora pedagógica, bibliotecária, tesoureira distrital, agente de pessoal e teve
também destacada atuação na
implantação da Reforma de
Ensino de 1942.
Nos últimos anos de sua
vida foi acometida por um glaucoma irreversível tendo que se
aposentar, completamente cega,
em fins de 1966. Como soube
plantar amor enquanto viveu, até
hoje quem com ela conviveu,
alunos, responsáveis, professores, serventes, amigos e parentes
lamentam sua falta. Sílvia não
teve filhos, mas lutou por uma
geração para que tivessem uma
vida honrada e feliz. Sílvia de
Araújo Toledo nos deixou em 07
de dezembro de 1977 vítima de
infarto.
Fonte: PPP da EM 10.19.021 Profa. Sílvia de Araújo Toledo.
QUARTEIRÃO
Setembro/Outubro 2011
MUSEOLOGIA COMUNITÁRIA
MUSEU COMUNITÁRIO TREZE DE MAIO
Ação e cidadania
resgatando a cultura dos
povos afrodescendentes
Sede das II JORNADAS FORMAÇÃO EM MUSEOLOGIA
COMUNITÁRIA, a cidade de Santa Maria, no Rio Grande do
Sul tornou-se também uma referência de Museologia Comunitária desde quando foi fundado o Museu Treze de Maio, a partir das memórias de um Clube de Negros.
No ANO INTERNACIONAL DOS POVOS
AFRODESCENDENTES, a ABREMC – Assoc. Bras. De
Ecomuseus e Museus Comunitários e o Museu Treze de Maio
e seus parceiros realizam de 30 de outubro a 03 de novembro
as II Jornadas Formação em Museologia Comunitária em Santa
Maria, Rio Grande do Sul.
Subtema: Metodologia de trabalho nos ecomuseus, museus comunitários e espaços de origem africana e afro-brasileira: aspectos
comuns e aspectos singulares.
A ABREMC – Associação Brasileira de Ecomuseus e Museus
Comunitários, com sede no Rio de
Janeiro e o Museu Comunitário
Treze de Maio de Santa Maria-RS,
com o apoio da Prefeitura Municipal de Santa Maria, da UMCO –
Unión de Museos Comunitários de
Oaxaca, do Ecomuseu de Itaipu Foz do Iguaçu – PR, convocam as
comunidades e organizações interessadas em participar das II Jornadas Formação em Museologia Comunitária, a se realizarem em Santa
Maria, RS, de 30 de outubro a 03
de novembro de 2011.
OBJETIVOS DA
JORNADA:
Gerais:
a) fortalecer iniciativas criativas e
organizadoras dos povos afrodescendentes como potenciais incubadoras de processos museológicos comunitários, valorizando as
questões étnico-raciais e de gênero
que estimulem o debate acerca da
superação dos entraves ao reconhecimento do patrimônio material e imaterial da população negra,
estimulando o protagonismo, o
empoderamento e ações afirmati-
vas em prol do respeito à diversidade e aos valores civilizatórios
africanos e afro-brasileiros;
b) reunir comunidades e profissionais envolvidos em processos museológicos de ecomuseus, museus
comunitários e outros para a reflexão sobre suas metodologias e
abordagens específicas e a contribuição que esses museus podem
dar pela participação comunitária;
c) capacitar membros das comunidades como facilitadores que
transmitam técnicas e métodos
participativos para a criação e desenvolvimento de museus comunitários, catalisando processos de organização locais específicos;
d) reconhecer, apoiar e divulgar
novas experiências e metodologias
próprias da museologia comunitária;
e) estabelecer redes de intercâmbio
continuado entre protagonistas,
estudiosos e simpatizantes dos
ecomuseus, museus comunitários
e similares.
LOCAL 1: Museu Comunitário
Treze de Maio – Rua Silva Jardim,
1407 Bairro Rosário - Santa Maria,
no Rio Grande do Sul – Fone: (55)
3226 6082 – [email protected]
LOCAL 2: Hotel Morotin, Rua
Ângelo Uglione, 1629 – Centro,
Fone: (55) 3220 5200, [email protected],
http://www.morotin.com.br/
Destacamos na programação: Conferência de
abertura, mesas redondas, oficinas, visitas a
territórios e variadas apresentações culturais.
Acompanhe a programação completa no blog: http://museutrezedemaio.blogspot.com/
e no site da ABREMC: www.abremc.com.br
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QUARTEIRÃO
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Setembro/Outubro 2011
TRADIÇÃO
SARAU EM TRÊS TEMPOS
D. João e Dona Carlota Joaquina (foto do Museu Histórico)
D. Pedro I ao cravo anima o sarau
Sarau dos 15 anos do NOPH em 1998
TEM SARAU NO CENTRO CULTURAL!
SARAU DOS 444 ANOS DE SANTA CRUZ
ão 444 anos de história nessa
terra que já foi de Piracema e
hoje é de Santa Cruz. Essa
data cabalística não podia passar
sem deixar marcas.
Sarau – reunião festiva entre amigos para cantar, ouvir e dizer poesia, dançar, representar... é uma das
tradições santacruzenses mais antigas. Vem do tempo de D. João e
seus filhos – os Imperadores D.
Pedro I e D. Pedro II que no Palácio da Fazenda de Santa Cruz reuniam as pessoas para celebrar a
vida. Dizem mesmo que, após o
grito da Independência, D. Pedro
I, passando por Santa Cruz, celebrou o acontecido com festa na
Sede da Fazenda.
Nos anos 90, quando o NOPH
reconheceu-se como um ecomuseu, uma de suas ações consistiu
em celebrar a luta pela dignidade
histórica desse lugar, suas tradições, seus costumes, seu modo de
ser e viver. Restauramos o sarau
nas festas da Semana de Santa Cruz
naquele que foi o Paço Real e
Imperial da Fazenda.
O Sarau dos 444 anosde Santa
Cruz foi no Palacete e a gente vai
querer mais. Esses salões não querem mais ficar vazios, essas pedras
S
Fotos Bruno Cruz
querem ecoar poesia e música, esse
chão quer ritmos variados.
Por isso o Sarau dos 444 anos é
só o primeiro ato de uma peça que
apenas começa.
TEM SARAU NO CENTRO
CULTURAL vai acontecer sempre, trazendo o melhor de nossos
músicos e poetas, a aura artística de
nossa gente que traz no DNA o fazer mais simples dos habitantes da
terra de piracema, a fome de cultura do branco que chegou aventureiro, e o ritmo e a sensualidade do
negro que chegou despojado, só
com suas memórias e cultura.
TEM SARAU NO CENTRO
CULTURAL vai mostrar o ouro
da casa, nossa gente de brilho no
olho e vontade de fazer mais, muito mais...
Tem prosa, tem poesia, tem
abraço, tem encontro, tem aconchego, tem afeto, tem gente que
quer brilhar...
Entre que a casa é
nossa... foi por ela que
tanto lutamos e agora
é só festejar...
Coral do NOPH sob a regência do prof. Júlio Queiroga
QUARTEIRÃO
Setembro/Outubro 2011
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TRADIÇÃO
Foto Célia Coutinho
Dança de Salão: Juarez e Valéria
Ângela Mangarás interpretou belas canções
Foto Célia Coutinho
Alunas do Ginásio Experimental Carioca/EM Princesa Isabel: dramatização sobre a
história de Santa Cruz (texto do prof. Pedro de Assis/História)
A magia da Dança do Ventre encantou a todos
QUARTEIRÃO
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Setembro/Outubro 2011
COMUNIDADE
NOVA SEPETIBA EXISTE,
RESISTE E PEDE PASSAGEM
PARA A VIDA DIGNA
A constatação da situação de
abandono e descaso da população
de Nova Sepetiba, que ali está há
anos, constrange qualquer cidadão. A presença dos missionários
católicos tenta de alguma forma
diminuir o estado de necessidade
da localidade com cestas básicas
conseguidas com a solidariedade
de outras paróquias do Rio e com
o já conhecido “sopão”, para pelo
menos satisfazer a necessidade
primeira das famílias ali instaladas.Na maioria das casas já se
pode constatar a presença de duas
famílias, nos puxadinhos improvisados
O patrimônio humano foi ali
“depositado” como uma carga
qualquer, sem o mínimo de condições de sustentabilidade e desenvolvimento. Nada ali é suficiente
para o número de habitantes (cerca de 30 a 40 000 pessoas). Ainda
hoje não há creches, escolas de 1º
segmento, clínicas, UPAS (Unidades de Pronto Atendimento), e
principalmente transporte suficiente para buscar SAÚDE,
EDUCAÇÃO e EMPREGO
fora de Nova Sepetiba. Os voluntários demonstraram quanto tem
sido insuficientes seus esforços diante de tanta fome e doença.
Mais: não há emprego, não há
como vislumbrar saídas que não
sejam pelas políticas públicas que
deveriam criar ali um centro de recrutamento e capacitação de gente
para o trabalho.
Constrange a todos nós essa
dura realidade: a de nada mais esperar e em nada acreditar, ter a desesperança e a baixa- estima como
indesejáveis companheiras.
Enquanto isso, campanhas
por um Rio Maravilhoso vão
transformando a face da cidade,
deixando encobertas essas feridas sociais que somente envergonham os cidadãos de bom
senso, Enquanto isso, nesse
mesmo território o poder econômico de grandes indústrias
mostra seu fôlego para tornar
mais ricas outras localidades,
sem mostrar qualquer sensibilidade com a qualidade de vida
do seu entorno, sem contribuir
decisivamente para diminuir
esse contraste social.
A riqueza de uma localidade
não pode gerar a pobreza. Confirma-se o slogan do governo – País
rico é país sem miséria. Fundamentados nisso, conclamamos todos a uma ação conjunta para que
Responsabilidade Social não seja
apenas uma expressão da moda
no vocabulário das empresas, mas
de fato uma iniciativa de estender
a mão, o braço, o corpo inteiro
para tirar essa comunidade da situação em que se encontra: sem saúde, sem educação, sem transporte,
sem renda, sem dignidade.
É URGENTE a criação de
um Núcleo de Capacitação que
aproveite essa mão-de-obra despreparada e a transforme em
mão-de-obra qualificada para a demanda da região que tem potencial
turístico, gastronômico, artesanal,
além da sua própria história.
É URGENTE a intervenção
dos recursos da indústria em toda
Sepetiba, transformando-a num
novo pólo de lazer para os habitantes da região, muitos deles trabalhadores dessas indústrias- recuperação d a paisagem e do balneário,
revitalização da gastronomia, turismo marítimo, implantação de um
centro cultural (o esqueleto do antigo INSTITUTO SEPETIBA
dos áureos tempos está à espera de
um novo e glorioso destino, antes
que se desmorone).
Enquanto isso, jovens moradores, agarrem-se às bóias que os
movimentos comunitários lançam. Um deles, o Ecomuseu de
Sepetiba, já existe desde que alguns bravos moradores e pescadores se reuniram numa garagem
de frente para a Ilha do Tatu para
pensar como resistir a tudo isso.
Isolados, no caminho onde só
os moradores passam, continuam
esquecidos, abandonados à própria sorte, dependentes do assistencialismo e da solidariedade de
poucos.
O resto é discurso, véu de fumaça...
Odalice Priosti
NOPH/ Ecomuseu de Santa Cruz
INAUGURADA FAIXA DE
AREIA NA PRAIA DE SEPETIBA
Com a auto-estima renovada, a população descobre a sua nova área de lazer.
Trecho foi inaugurado em setembro como parte das atividades
do Dia Mundial de Limpeza deste
ano, para uma das atividades do
Dia Mundial de Limpeza das Praias (Clean Up The World) – evento
que mobiliza globalmente mais de
125 países – serão liberados os primeiros 130 metros da faixa de areia
da Praia de Sepetiba, onde há pouco mais de um ano teve início um
extenso programa de restauração
ambiental,
saneamento
e
reurbanização.
Na ocasião, o secretário estadual do Ambiente, Carlos Minc, e a
presidente do Instituto Estadual
do Ambiente (Inea), Marilene Ramos, participam de uma ação de
educação ambiental que envolverá
60 agentes ambientais que estão
sendo formados na região.
A recuperação da Praia de Sepetiba está entrando em nova fase
de projetos e licitações. Para reverter décadas de degradação, foram
gastos R$ 46 milhões do Fundo
Estadual de Compensação Ambiental (Fecam) somente na primeira
etapa das obras, que beneficiarão
mais de 40 mil moradores.
Na primeira etapa de intervenções – iniciada em junho do ano
passado pela Construtora Ode-
brecht – foram remanejadas cerca
de 500 mil espécies de plantas invasoras e de mais de 780 mil caranguejos da área do manguezal, sob
supervisão do biólogo Mário Moscatelli, a fim de evitar danos aos
crustáceos e ao meio ambiente.
Os 130 metros de extensão recuperados da praia equivalem a
uma área de 500.000 m² e 400.000
m³ de areia, cuja faixa de extensão
sem incidência da maré passou a ter
80 metros. A camada de lodo removida da areia passou por separação
do lixo e foi encapsulada em mantas
impermeáveis (geotêxteis) formando blocos que foram assentados em
faixas interligadas no fundo do mar.
O material, que permite o fluxo da
água e de gases, foi coberto por
nova camada de areia extraída com
draga de jazida submarina na própria baía de Sepetiba.
Na segunda etapa, também
com recursos do Fecam, está prevista a continuação da limpeza da
praia, urbanização da orla, incluindo pavimentação e saneamento.
Serão 48 km de redes de drenagem
de águas pluviais e 101 km de esgoto, nos bairros de Sepetiba, Praia
da Brisa e Pedra de Guaratiba. Serão construídas duas Estações de
Tratamento de Esgoto, uma em
Sepetiba e a outra, em Pedra de
Guaratiba.
Sobre o Clean Up the World
O movimento, que simboliza a
união global em prol de um mundo
mais limpo, teve início na Austrália
e começou a ser promovido no Rio
em 2003, com as campanhas Limpeza Na Praia, dos institutos
Aqualung e Lagoa Viva.
A participação do Governo do
Estado do Rio de Janeiro no movimento, o mais pró-ativo em âmbito
mundial, tem sido constante. A mobilização foi incluída na agenda anual
do Pacto de Resgate Ambiental, da
qual participam o poder público,
empresas ambientalmente responsáveis, e a sociedade civil organizada.
Fonte: Diário de Petrópolis
Considerado bom por muitos
moradores que começam a usar a
faixa como área de lazer e encontro, resgatando um pouco da autoestima do bairro, a inauguração
prematura é considerada polêmica para outros, uma vez que não
foi apresentado o índice de qualidade da água que já está sendo
usada por banhistas desavisados
nem mesmo um laudo sobre a
qualidade da areia onde todos já
se expõem.
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Número 94 - Ecomuseu de Santa Cruz