14 de maio de 2013 – Belo Horizonte (MG) Empresa: Chaves Mineração e Indústria Trabalho premiado: Diminuição do custo em explosivos com sustentabilidade Categoria: Lavra Autor: André Queiroz Otelo Revista Minérios & Minerales [email protected] [email protected] www.revistaminerios.com.br Tel.: (11) 3788-5500 DIMINUIÇÃO DO CUSTO EM EXPLOSIVOS COM SUSTENTABILIDADE André Queiroz Otelo Engenheiro de Minas, Supervisor de Mina-CHAVES S/A. RESUMO Um dos objetivos de todo Engenheiro de Minas é a de diminuir os custos da mina em que se trabalha. Pensando nisso, foram divididos todos os processos mineiros e iniciado a análise cada um. O processo de desmonte chamou logo a atenção pelo seu alto custo. Como resolver esse problema? Estava sendo usada uma quantidade excessiva de granulado porque ele percolava na carga de fundo. A solução seria isolar a carga de fundo e a de coluna, mas como? Esse método tem de ser eficiente, barato, fácil e prático. Foi aí que veio a solução, algo que era o problema da nossa fábrica, e se tornou solução para a mina. O uso de material que era descartado na usina, mais precisamente do escritório, garrafas pet e papel usado. No decorrer do trabalho será demonstrado que além de se conseguir uma economia entre R$800,00 e R$1.600,00, foi alcançada uma melhor fragmentação da rocha. PALAVRAS-CHAVE Gesso; Sustentabilidade; Gipsita; Desmonte. ABSTRACT One of the goals of all Mining Engineer is to reduce the costs of the mine in which it works. Thinking about this, we divide all miners processes and began to analyze each. The process of dismantling drew immediate attention for its high cost. How to solve this problem? It was being used excessive amounts of granulate because it passed the bottom load. The solution would be to isolate the load of background and column, but how? This method has to be efficient, cheap, easy and practical. That's when the solution came, something was wrong in our factory, and became the solution to the mine. Using material that was discarded in the factory, specifically of the office, pet bottles and waste paper. During the work will be shown that in addition to achieve a saving of between R $ 800.00 and R $ 1,600.00, we got a better rock fragmentation. KEYWORDS Gypsum; Sustainability; Gypsum; Disassemble. INTRODUÇÃO Um dos objetivos de todo Engenheiro de Minas é a de diminuir os custos da mina em que se trabalha. Pensando nisso, foram divididos todos os processos mineiros e dado início a análise de cada um. O processo de desmonte chamou logo atenção pelo seu alto custo. A gipsita é desmontada na bancada (desmonte primário), novamente nos matacos (desmonte secundário) e por final sofre uma última quebra através de rompedores e marrões (desmonte terciário). Foi indagado como se tinha chego neste plano de fogo atual e foi respondido que não se mexesse nele, pois não tinha o que ser melhorado. Começando a colher dados, foi notado que os furos eram carregados com mais explosivo do que o necessário. Com todos os dados em mãos, foram iniciados os cálculos. Logo foi viso um uso exagerado de granulado (anfo). Era nítido que não era só pelas fissuras do corpo mineral que esse granulado escapava, era também por percolar junto à emulsão encartuchada que se encontra no fundo do furo. Como resolver esse problema? A solução seria isolar a carga de fundo e a de coluna, mas como? Esse método tem de ser eficiente, barato, fácil e prático. Foi aí que veio a solução, algo que era o problema da fábrica, e se tornou solução para a mina. O uso de material que era descartado na usina, mais precisamente do escritório, garrafas pet e papel usado. No decorrer do trabalho Será mostrada que além de se conseguir uma economia média de 20%, Foi alcançada uma melhor quebra da rocha e sem aumento da parcela perdida em fino no desmonte, como já pode ser visto no Gráfico 01 do ANEXO. METODOLOGIA Material utilizado Granulado – DINATRON EPP DINACON; Emulsão Encartuchada – DINAPEX 100 caixa de 25 Kg com 140 unidades de 1x12” DINACON; Cordel – NP-05 rolo de 750 metros MAXAM; Mantopim - PAVIO com espoleta n°08 MAXAM; Retardo – Nitronel 42ms MAXAM; Garrafas PET; Papel descartado pela empresa. Situação Encontrada O carregamento encontrado possuía razão de carga de 164,89g/t as seguintes características, mostradas na tabela 01: Tabela 01 – Como era feito o carregamento. Furo (M) Granulado (KG) Encartuchado (UNI) 0,8 0,5 0,33 1,6 1,0 1,0 2,4 1,5 1,5 3,2 2,0 2,0 4,0 2,5 3,0 Análise da perfuração A perfuração é feita com a ajuda de compressores de ar com saída para três perfuratrizes manuais de 30 kg cada uma. As hastes são múltiplas de 0,8 m, indo de 0,8 m até 4,0 m. Os diâmetros do furo variam conforme Tabela 02 e a Figura 01. Tabela 02 – o diâmetro de cada profundidade. Diâmetro do Furo (mm) Profundidade (m) 41 0,8 40 0,8 39 1,6 39 1,6 38 2,4 38 2,4 37 3,2 37 3,2 36 4 36 4 Figura 01 - Perfil de um furo de quatro metros com seus diâmetros. Com esses dados e continuando a respeitar as medidas de tampão e carga de fundo, foi descoberto qual é a quantidade exata de granulado a ser colocada em cada furo (de 0,8 m a 4 m), Tabela 03. Tabela 03 – mostra que não foi alterada a medida de cada furo. Furo (m) Tampão (m) Carga de Coluna (m) Carga de Fundo (m) 4 1 2,1 0,9 3,2 0,8 1,68 0,72 2,4 0,6 1,26 0,54 1,6 0,4 0,84 0,36 0,8 0,2 0,42 0,18 Cálculo da quantidade de granulado a ser usada O furo tem forma geométrica cilíndrica e para profundidade de furo foram somados os respectivos volumes em cm³. Após este valor foi multiplicado pela densidade do ANFO, resultando na quantidade exata de granulado a ser usado, em Kg. Após calcular todos esses furos, temos a Tabela 04. Tabela 04 – mostra a quantidade exata de granulado para cada furo. Furo (m) Tampão (m) Carga de coluna (kg) Carga de fundo (Kg) 4 1 1,782 0,534 3,2 0,8 1,500 0,356 2,4 0,6 1,126 0.267 1,6 0,4 0,735 0,178 0,8 0,2 0,594 0,0587 Para dar praticidade ao processo de carregamento nas frentes de lavra, criou-se a Tabela 05, que possui valores mais fáceis de trabalhar, com razão de carga de 100,67g/t (deve ser de 80 a 120g/t). Tabela 05 – quantidade de granulado ajustado para facilitar o carregamento. Furo (m) Tampão (m) Carga de coluna (kg) Carga de fundo (uni) 4 1 1,8 3 3,2 0,8 1,5 2 2,4 0,6 1,2 1,5 1,6 0,4 0,75 1 0,8 0,2 0,5 0,33 Em um cálculo para um furo de quatro metros, analisando o granulado (R$ 5,59 o Kg), temos: Tabela 06 – Comparação dos dois métodos de carregamento. Antes Agora 2,5kg 1,8Kg R$ 13,975 R$ 10,062 A economia é de R$ 3,913 ou 28% por furo em granulado como é visto na Tabela 06. Como demonstrado no Gráfico 02 do ANEXO. A Figura 02 mostra o perfil de um furo de quatro metros. Figura 02 – mostra cada fase do furo e a localização do papel amassado. Procedimento de carregamento 1) Amarrar o cordel no extremo da emulsão encartuchada que ficará no fundo do furo. Foto 01 – Amarração da Carga de Fundo. 2) Escorregar a mesma até o fundo do furo e adicionar as demais quando necessário. Foto 02 – Colocação da Carga de Fundo. 3) Pegar folha de papel em forma de bola e socar no furo. Deste jeito, se cria um tamponamento que irá isolar a emulsão encartuchada de granulado. Foto 3a e 3b – Colocação do primeiro tamponamento. 4) Com a garrafa pet, devidamente calibrada para cada profundidade é feito o preenchimento do furo com o granulado. Foto 4a e 4b – Colocação da quantidade exata de granulado por furo. 5) O tampão é feito com o próprio fino que se encontra no local e novamente socado. Foto 5a e 5b – Segundo Tamponamento. 6) Daí o furo é finalizado conectando o furo aos demais. Foto 6a e 6b – Amarração final e imagem da equipe. RESULTADOS Foi utilizado material que iria para o lixão de Nova Olinda-CE, que não possui nenhum tipo de tratamento e seleção de material reciclável. O papel serve de tampão para isolar o granulado da emulsão encartuchada e as garrafas pet servem para fazer o carregamento do granulado. Operacionalmente, foi notada uma melhora na fragmentação da rocha. O número de matacos aumentou em 14,6% mas, em compensação, o tamanho dos mesmos diminuiu. Isto pode ser comprovado com a diminuição do consumo de diesel dos compressores usados nos matacos em 21%. Com isso é utilizado menos granulado nos desmontes secundários. No desmonte terciário, ouve um pequeno aumento de 6,7% no consumo de diesel. Este pequeno aumento é aceito, baseado na grande economia de consumo de diesel no desmonte secundário, como mostrado no Gráfico 03 do ANEXO. Em relação à diferença de material “in situ” e o produto final despachado nos caminhões, não foi notada diferença na perda de material pelo processo. Os números continuam em 26% para material desmontado, selecionado e despachado e 35% para material desmontado, selecionado, britado e despachado. Para ilustrar a economia, Foi passado o plano atual para o mês de agosto de 2012, que ainda era no plano antigo. A economia de granulado nos desmontes primários seria de R$799,36. Sendo um resultado muito expressivo para uma pequena mina, que gastou em granulado para desmonte primário no mesmo mês um valor de R$5.953,35. Sendo aí uma economia de 13,43%. No mês de setembro a economia seria de R$1.601,02 para um total de R$ 6.109,87 sendo a economia de 26,2%. Fora a economia em combustível dos compressores, desgaste das perfuratrizes, tempo e menos poluição para o planeta. Isto pode ser visto no Gráfico 04 do ANEXO. Comprovando assim a importância deste projeto para a CHAVES MINERAÇÃO E INDÚSTRIA S/A. ANEXO 18000 16000 matacos (n°) 14000 gran. Mataco (Kg) 12000 material retirado in situ (ton) 10000 gran. Bancada (Kg) 8000 CUSTO EXPLO.(R$) 6000 4000 comb. Comp. Desm. Terc. (R$) 2000 comb. Comp. Desm. Sec. (R$) 0 julho agosto setembro outubro Gráfico 01 – Controle de alguns gastos nesses últimos meses. 10000 9000 8000 7000 6000 prod. "in situ" 5000 prod. Entregue gran. Prim. 4000 gran. Sec. 3000 2000 1000 0 julho agosto setembro outubro Gráfico 02 – Mostra a grande diminuição nos custos com explosivos. 4000 3500 3000 2500 2000 comb. Comp. Desm. Terc. (R$) 1500 comb. Comp. Desm. Sec. (R$) 1000 500 0 1 2 3 4 Gráfico 03 – Relação do consumo de diesel pelos compressores nos desmontes secundários e terciários. 18000 16000 14000 12000 CUSTO EXPLO.(R$) 10000 MAT. IN SITU 8000 MAT. ENTREGUE 6000 DIESEL (L) 4000 2000 0 JUNHO JULHO AGOSTO SETEMBRO OUTUBRO Gráfico 04 – Relação de custos e produção. Obs.: O grande consumo de diesel em outubro se deu por conta do início do decapeamento. BIBLIOGRAFIA Caderneta de DINACON www.dinacon.ind.br Manual Prático de Escavação, Hélio de Souza Ricardo e Guilherme catalani, 3° edição Ed. Pini, 2007. Conheça o autor do projeto André Queiroz Otelo – Engenheiro de Minas formado pela Universidade Federal de Pernambuco, na época do trabalho era supervisor de Mina na Chaves Mineração e Indústria e atualmente ocupa o cargo de Analista Ambiental da Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH), em Recife (PE).