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Edição especial
A União Eur opeia
no mundo
Lisboa, 8 de Novembro de 2007
Participe no dia aberto ao público
anos
histórias de
solidariedade
Jornadas Europeias
do Desenvolvimento
Debates, exposições, eventos
www.eudevdays.eu
Esta publicação conta 50 histórias
de sucesso. 50 anos de
solidariedade da União Europeia
e dos europeus com aqueles que,
para lá das nossas fronteiras, mais
necessitam.
A União Europeia e os seus
Estados-Membros são, em
conjunto, o principal doador
do mundo. Esta história é
sobre pessoas cujas vidas foram transformadas pela
solidariedade europeia. É uma grande conquista dos
últimos 50 anos e um grande desafio para os próximos 50.
Esta solidariedade levou-nos a reunir em Lisboa os
principais protagonistas do desenvolvimento para debater
os efeitos dramáticos das alterações climáticas nos países
vulneráveis. Trata-se de uma responsabilidade partilhada,
à escala planetária. A nossa proposta de uma aliança
mundial para fazer face às alterações climáticas é uma
nova resposta coerente e solidária da Europa.
José-Manuel Barroso
Presidente da Comissão Europeia
Actualidade
2–3
Educação
4–5
Saúde
6–7
Infra-estruturas
8–9
Comércio
10–11
Ambiente
12–13
Direitos do Homem
14
Cultura
14
Questionário/Mapa
15
Ajuda orçamental/Sociedade civil
16
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“Clima e
desenvolvimento:
que alterações?”
Sabias que 56% das ajudas públicas concedidas no mundo
inteiro para desenvolvimento provêm da União Europeia?
A UE, que celebra este ano
os seus 50 anos, consagra
anualmente 46 mil milhões de
euros a esta matéria, o que
a coloca no primeiro lugar
da comunidade de dadores.
O desenvolvimento é a chave do mundo de amanhã, o
mundo dos mil milhões de jovens de 15 a 24 anos de idade
que existem no planeta, 10%
na Europa e mais de 80% na
Ásia, na África e na América
Latina. Diz o provérbio, “A boa
vontade faz de longe perto”. A
título de comparação, a ajuda
prestada pelos Estados Unidos ascende a 20 mil milhões
de dólares.
Achas que a ajuda europeia
não é muito visível? A União
Europeia intervém em 160
países do mundo, e não apenas em situações de crise
mediatizadas pelas imagens
chocantes que nos chegam a
partir dos noticiários televisivos. Intervém para ajudar as
vítimas de conflitos esquecidos, que matam em silêncio
por já não haver quem fale
deles (Uganda, Nepal, Darfur,
etc.). Na zona do oceano Índico, as populações continuam
a esforçar-se por relançar a
sua economia após o terrível
tsunami que assolou a região.
Em 2006, a República Demo-
crática do Congo organizou
eleições livres pela primeira
vez em 40 anos. E o Líbano
dá os primeiros passos para a
reconstrução. Estas são algumas das 50 histórias reais que
te queremos dar a conhecer.
Também poderíamos falar-te
do Afeganistão, da Palestina, do Iraque... e de milhares
de outros projectos levados
a cabo em todo o mundo. É
claro que a União Europeia
pode – e deve – fazer ainda
melhor. Cabe-te a ti, enquanto jovem, lembrar-lhe o seu
papel e instigá-la a agir. Não
tarda, serão os jovens a assumir os destinos do planeta!
desde 1957
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A União Europeia no mundo
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Actualidade
Uma Europa debruçada
sobre o mundo O Sudeste Asiático, o Líbano,
o Congo e a Rússia estão na ordem do dia. E em cada
uma destas regiões, a União Europeia está presente ...
P a r a d o x o
A fome afecta diariamente
800 milhões de pessoas.
No mínimo, são necessárias
2400 calorias diárias para que
um ser humano possa levar
uma vida activa.
O valor energético da produção
alimentar mundial chega às
2700 calorias por dia e por pessoa.
Percebemos, por isso, que a fome
e a pobreza não são uma
fatalidade, mas um flagelo que
pode ser evitado se forem tomadas
as decisões certas no que diz
respeito à gestão do planeta.
Metade da população mundial tem
menos de 25 anos de idade.
Em 57 países em desenvolvimento,
os jovens com menos de 15 anos
de idade representam mais de
40% da população.
Recomeçar após o tsunami
Comissária europeia Benita Ferrero-Waldner visita Banda Aceh depois do tsunami
Tailândia
•
•
•
Há 50 anos
Nesse ano, em 1957, nascia também o
primeiro computador com disco rígido, o Fiat
500, o disco “frisbee”... a URSS lançava para
o espaço o seu primeiro satélite, Sputnik, e a
americana Althea Gibson sagrava-se a
primeira campeã negra do torneio de ténis de
Wimbledon ... Alec Guiness ganhava o Óscar
de melhor actor pelo seu desempenho no
filme “A ponte sobre o rio Kwai” e falecia
Hardy, o companheiro de Laurel em “Bucha e
Estica”...
••
•
Objectivo
para 2015
Em 2000, os dirigentes mundiais
comprometeram-se a reduzir até 2015 a pobreza
extrema para metade, ou seja o número de pessoas que
vive com menos de um dólar por dia. Este é um dos oito
Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, adoptados pelas
Nações Unidas. Para concretizá-los, a comunidade internacional deve
estender a sua acção a vários sectores : saúde, educação, emprego,
trocas comerciais, direitos do Homem, protecção ambiental e igualdade
entre homens e mulheres. A União Europeia encabeça as acções. De um
ponto de vista global, a União canaliza, actualmente, 0,42% da sua riqueza
(rendimento nacional bruto) para ajudas públicas ao desenvolvimento, ou
seja, mais do dobro do esforço efectuado pelos Estados Unidos (0,16%)
e mais do que a média dos doadores (0,22%). O seu objectivo é atingir
os 0,7% em 2015. A partir de 2010, contribuirá com uma verba
suplementar anual de 20 mil milhões de euros (em relação a 2005),
o que significa que cada cidadão europeu contribuirá com
mais 49 euros por ano para ajudar os países em
desenvolvimento. É o mesmo que atestar um
depósito de gasolina ou comprar 2 DVD…
•
••
O desafio da reconstrução
Debruçada sobre uma armação, Kornica Tchukaeow, de
45 anos, passa diligentemente uma grande agulha de
madeira através das malhas. Está a fazer uma armadilha
para lulas. Está familiarizada com as redes e as armadilhas.
Filha e esposa de pescador, tem dedicado toda a sua vida
ao fabrico das mesmas, na pequena aldeia de Ban Laem
Pakarang. Mas tudo foi destruído pelo tsunami. “Perdemos
tudo: pais, amigos, vizinhos, casas, barcos e material”,
conta. “A nossa aldeia de 40 habitantes tinha sido
construída ao longo da praia, no meio de um grande golfo.
Nesse dia, vimos ondas mais altas do que palmeiras
abaterem-se contra as barreiras do golfo e só tivemos
tempo para avisar algumas pessoas que corressem para as
zonas mais interiores.”
O tsunami, que matou 200 000 pessoas em Dezembro
de 2004, foi uma das piores catástrofes que assolaram
o Sudeste Asiático. Um dia após a tragédia, a União
Europeia começou a fornecer alimentos, água
Mas em que
consiste
a ajuda
comunitária ?
Até hoje, a UE despendeu cerca de 2 mil milhões de euros em ajudas
a todas as vítimas do tsunami (incluindo da Tailândia)
uma parte (talvez a mais conhecida) das
actividades da União Europeia. Na verdade, a
parte essencial da ajuda comunitária
acompanha os esforços dos países em
desenvolvimento, dia após dia, ano após ano.
Financia programas ligados à educação, saúde,
vias de comunicação, abastecimento de água,
comércio, direitos do Homem, protecção
ambiental e outros sectores vitais, a longo
?
Existe a ajuda humanitária e de
urgência para casos de catástrofes
naturais e de guerras. Mas essa é apenas
potável, tendas, equipamento sanitário, bens de primeira
necessidade e ajuda médica. Passada a fase de urgência, a
sua acção centrou-se no apoio psicológico e nas ajudas à
reconstrução das zonas devastadas.
Através da organização “Terre des Hommes”, a UE
disponibilizou, entre outros bens, ajuda material e
profissional que permitiu que um milhar de habitantes das
20 aldeias situadas nas províncias mais afectadas
reconstruísse os seus barcos e os seus equipamentos. Em
Ban Laem Pakarang, os sobreviventes viveram num campo
provisório financiado por donativos. Sem as ajudas
externas, estariam condenados. Graças à ajuda europeia,
Kornica e os restantes aldeãos são remunerados por cada
armadilha que fabricam. Podem assim reconstituir o seu
stock de artes de pesca e, pouco a pouco, deixar de
depender dos donativos e reconquistar a sua autonomia.
prazo, em cerca de 160 países do mundo. Do
maior projecto ao mais pequeno.
Não se trata apenas de construir poços em
aldeias, mas garantir a estabilidade de um país
e contribuir para o respeito dos direitos do
Homem. Os projectos são por vezes levados a
cabo por organizações não governamentais
(ONG). Por trás das ONG, estão muitas vezes os
financiamentos da União Europeia.
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Actualidade
50 anos, 50 histórias de solidariedade
3
O Líbano quer viver
A União Europeia é um dos financiadores mais
activos no Líbano. Após o conflito que, no Verão
de 2006, opôs este país a Israel, a UE distribuiu
mais de 100 milhões de euros para ajuda humanitária, evacuação de populações bloqueadas no
sul do Líbano e para fazer face a necessidades
prementes do Governo libanês. Na conferência
internacional de doadores do Líbano, realizada
em Paris em Janeiro de 2007, a União Europeia
avançou com uma verba suplementar que eleva a
500 milhões de euros a totalidade da sua ajuda e
que servirá para financiar, não só os trabalhos
imediatos de reconstrução, mas também o
relançamento da economia libanesa.
O país dos cedros, onde antigamente era
agradável viver, foi duramente abalado nas
últimas décadas. Quinze anos de guerra
civil, as ocupações israelita e síria e os
assassinatos políticos levaram ao limite os
nervos da população e fizeram subir vertiginosamente o custo de vida, num contexto
de graves tensões regionais. Longe vai o
tempo em que o Líbano era conhecido como
a Suíça do Médio Oriente. Mas os libaneses
sempre recusaram deixar-se abater. As mulheres são as que mais sofrem. Hoje em dia
são elas que engrossam os grupos dos mais
desfavorecidos, dos mal remunerados e dos
desempregados. “Não sabia como ajudar o
meu marido a sustentar a nossa família”,
afirma uma beneficiária do projecto, habitante de uma aldeia no sul do Líbano. “Um
dia, tive a sorte de conseguir um empréstimo
bonificado, algo que seria impossível através do regime bancário normal.” O empréstimo proveio do Fundo de Desenvolvimento
Económico e Social do Líbano, implementado no âmbito de um programa financiado
pela União Europeia. As mulheres devem
contabilizar, pelo menos, 20% dos seus
destinatários. Permitiu melhorar as condições de vida das populações das regiões
mais pobres e criar empregos facilitando o
acesso ao crédito. “O empréstimo transformou a minha vida”, conta esta beneficiária. “Permitiu-me abrir um pequeno salão de
cabeleireiro e fazer planos para o futuro.”
Ao todo, foram concedidos 1135 empréstimos e foram criados 924 postos de trabalho.
Contribuição da UE: 25 milhões de euros
(80% do total)
“Um empréstimo bonificado
transformou a minha vida”
República Democrática do Congo
Quanto custa
a democracia ?
No dia 30 de Julho de 2006, as mesas de voto de Kinshasa viram
chegar os primeiros eleitores ainda mal tinham soado as 6 horas da
manhã – queriam ter a certeza de poder votar. Mas a maioria só
começou a afluir a partir das 9-10h, com traje domingueiro, após a
missa. Os congoleses tiveram uma participação massiva nas
eleições presidenciais e legislativas, as primeiras eleições verdadeiramente livres desde há mais de quarenta anos. Ao perguntarem a
uma idosa que acabava de entregar o seu boletim de voto o que
esperava destas eleições, ela respondeu: “Tudo !”. O seu vizinho,
Badi Bonga Ngoy, “biscateiro” de profissão, esperava a sua vez num
banco de escola. Acreditava na democracia.
Num país com cerca de 24 milhões de eleitores espalhados por uma
área 25 vezes superior à de Portugal, desprovido de verdadeiras
vias de comunicação, com 1080 toneladas de boletins de voto,
boletins de grande dimensão e resultantes da realização de dois
escrutínios em simultâneo, essas eleições constituíram um quebra-cabeças em termos de logística e levaram a uma extraordinária
mobilização do povo congolês. A União Europeia foi o principal
financiador destas eleições e enviou uma missão de paz, a EUFOR,
para evitar, com a ajuda dos capacetes azuis da ONU, a ocorrência
de eventuais distúrbios durante o processo.
Os congoleses participaram massivamente nas eleições presidenciais
Já contribuiu com 165 milhões de euros desde 2001
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Com um milhão de habitantes, a cidade de Saratov situada
nas margens do rio Volga, no sul da Rússia, é a capital da
região com o mesmo nome. A “Kirova Prospekt” é hoje a
grande e moderna rua pedonal da cidade. Mas a maior parte
das fábricas teve de fechar depois do desmantelamento da
URSS. Como noutras regiões da Rússia, a crise económica
mergulhou muitas pessoas na miséria e a ajuda social revelou-se insuficiente, mal adaptada às novas realidades. Primeiras
vítimas: os idosos, incapazes de viver sem ajudas, psicologicamente fragilizados ou vítimas da violência das pessoas
mais próximas. É provável que tenhas visto algumas reportagens televisivas sobre este assunto. A União Europeia ajuda
estes idosos através de um programa que luta pelos seus
direitos e pelo desenvolvimento dos serviços sociais.
No total, a União Europeia financiou 59% das ajudas sociais
concedidas na região de Saratov durante a última década
A crise económica russa atirou muitos idosos
para a miséria
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A União Europeia no mundo
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Educação
Educação para todos, a chave do desenvolvimento
do trabalho infantil
à escolarização
Burquina Faso
Cantinas para estudar
“Barriga com fome não tem ouvidos”. Na escola de Dédougou,
a cozinha funciona com a ajuda de duas grandes garrafas de
gás de campismo assentes num tripé. O gás é mais caro do que
a madeira, mas contribui para evitar a desflorestação.
Enquanto se prepara o arroz e o molho de tomate para o
almoço, as crianças recebem uma refeição ligeira pela manhã:
uma fatia de pão barrada com margarina. Antes de a irem buscar e de se sentarem à volta das mesas dispostas sob o telheiro, as crianças fazem fila para lavar as mãos. A higiene é
um princípio bem enraizado na escola. As crianças mostram-se
contentes por frequentarem a escola. O número de alunos
aumentou consideravelmente quando começaram a ser distribuídas as refeições, que evitaram que os alunos tivessem de
percorrer longos trajectos a pé, sob um sol escaldante, para
regressarem a casa. É essencial num país normalmente assolado pela fome e onde as escolas estão frequentemente muito
afastadas das aldeias.
A União Europeia financiou a construção de 908 salas de aula,
de 321 escolas primárias e a criação de cantinas em três
regiões muito pobres do país. Resultado: a taxa de escolarização subiu de 29% para 41%. Com a ajuda da União Europeia,
o Governo do Burquina Faso quer esforçar-se por atingir, em
todo o país, uma taxa de escolarização de 70% e uma taxa de
alfabetização de 40% até 2010.
Raparigas numa oficina de leitura, na província de Dédougou, no Burquina Faso
Ô
Cerca de 246 milhões de crianças
trabalham, em violação das convenções
internacionais de protecção da infância.
8 milhões de crianças são vítimas de
escravatura, prostituição e exploração.
Calcula-se em 300 000 o número de
crianças-soldado existentes em todo
o mundo.
Apesar da tendência de adiar a idade
do casamento que se verifica em vários
locais do mundo, 82 milhões de
raparigas oriundas de países em
desenvolvimento, e que hoje têm 10 a
17 anos de idade, estarão casadas antes
de atingirem o seu 18.° aniversário.
Contribuição da UE: 10 milhões de euros (74% do montante total)
Sabias ?
Nos países em desenvolvimento, são
Em
muitas as crianças que sonham em ir à escola, mas que
2004,
a
União
Europeia criou o
são obrigadas a trabalhar para ajudar ao sustento da
programa Erasmus Mundus. Tem sido um
família. As raparigas, especialmente, têm de ficar em
sucesso. Foi preciso alargar o âmbito do programa para
casa ocupando-se das tarefas domésticas. Ora, é a
fazer face a todas as solicitações. As universidades europeias
educação que nos permite escolher o nosso futuro
atraem hoje muitos estudantes diplomados e docentes de renome
e singrar na vida. É um direito que nos permite
provenientes de todo o mundo. O programa de mestrado Erasmus Mundus
aceder a outros direitos e é também uma
oferece cursos de excelência
condição necessária (ainda que insuficiente)
em 57 disciplinas, tendo atraído
para responder às necessidades de
quase 6000 pedidos de bolsas de
desenvolvimento de um país. Um jovem
estudo. Para o ano de 2006-2007,
escolarizado torna-se, muitas das vezes,
a Comissão Europeia seleccionou
também ele um educador, em primeiro
1377 estudantes e 231 professores
universitários oriundos de uma
lugar da sua família e, por vezes, de todo
centena de países. Está agora a ser preparada a “segunda geração” deste programa, intitulada
um grupo de pessoas. É ele que permite
“Janela de Cooperação Externa Erasmus Mundus”. Visa reforçar a compreensão mútua entre
disseminar a educação sanitária básica.
a União Europeia e os países parceiros através do intercâmbio de pessoas, conhecimentos e
Um dia, também as mães de família hão-de
competências na área do ensino superior. Visa também desenvolver, a prazo, as relações
querer ser alfabetizadas. “A aldeia faz a
políticas, culturais e económicas. Um novo sistema de bolsas facilitará a mobilidade dos
escola e a escola acaba por fazer a aldeia”,
estudantes e do pessoal universitário. Permitirá aos estudantes prosseguir os seus
diz um ditado africano.
estudos noutro país ao nível de licenciatura, mestrado, doutoramento ou pósEm todo o mundo, 115 milhões de crianças
doutoramento e aos professores deslocar-se para participarem em acções de ensino,
continuam sem acesso à escola primária, das
formação e investigação. O programa promove uma verdadeira cooperação a
quais 60% são raparigas. E metade daquelas
nível mundial entre universidades. Visa também a formação de uma geração
que começam a escola primária não a acabam.
de jovens competentes, de espírito aberto, dotados de experiência de
B o a s n o t í c i a s . A comunidade internacional
nível internacional. Por fim, contribuirá para melhorar as competências
e a qualificação do pessoal universitário no estrangeiro.
estabeleceu o objectivo de criar, até 2015, condições
que permitam que todas as crianças, rapazes e
raparigas, de todo o mundo, possam concluir um ciclo
completo de ensino primário.
Erasmus Mundus
Portas abertas
entre culturas
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Educação
50 anos, 50 histórias de solidariedade
5
“Aprendo, logo existo”
Tailândia
Pinóquio ama
as crianças de rua
O maior bairro de lata (100 000 habitantes) de Banguecoque
fica em Klong Toey, um distrito localizado junto ao porto, a
sul da capital. A simpática marioneta de madeira e nariz
extensível deu o seu nome a um projecto educativo financiado pela União Europeia e implementado na escola de
Soonruamnamjai, em pleno coração do bairro de lata. O
projecto “Casa di Pinocchio” destina-se às crianças de rua,
abandonadas à sua sorte. Incentiva-as a participar em actividades artísticas e teatrais, ajuda-as a expressar os seus
talentos ocultos, e pouco a pouco, a adquirirem confiança
em si mesmas, sentido de responsabilidade e gosto pelo
trabalho em equipa. O projecto colou! As crianças encontraram uma alternativa à droga, à violência e às más
influências da rua. Nong Manao é uma das vedetas de
“Pinóquio vai a Klong Toey”, um espectáculo da escola que
ela interpreta em público. “Consegui à custa de muito
treino”, explica do alto dos seus nove anos. As crianças
adoram passar o seu tempo livre no clube de arte da
escola, para depois repetirem os seus papéis em casa. E
servem também de modelo aos seus irmãos e irmãs, para
grande alívio dos pais, que deixam de os ver a vaguear
pelas ruas.
Légende
L’EUROPE EN ACTION • Des projets et des histoires
Raparigas numa sala de aula
Estudantes participando num recital de canto
Egipto
A escola no campo
Aïcha, de 10 anos, tinha um sonho: ir à escola para um dia se tornar médica. Um sonho impossível, pensava ela. É uma rapariga e os seus pais são aldeãos com poucas posses. Ainda que o Governo egípcio
tenha estabelecido como objectivo oficial o “acesso de todos à escola primária” e apesar de todos os progressos realizados durante estes últimos anos, são ainda muitos os problemas por resolver. Hoje, o sonho
da pequena Aïcha tornou-se realidade, pelo menos no que diz respeito à primeira parte. Em cerca de
quinze regiões rurais pobres, a União Europeia co-financiou a construção de 160 escolas, o fornecimento
de material escolar a 15 000 alunos, incluindo livros, uniformes, malas e mobiliário escolar, e o fornecimento de material moderno a 300 escolas. Também graças a esta ajuda, foram recrutados 11 500 novos
professores e foram formados 55 000 directores de escola. E a taxa de escolarização das raparigas aumentou nitidamente !
Contribuição da UE: 100 milhões de euros (10% do montante total)
Imagina que:
Queres aprender
mas não há escola.
Há uma escola
mas não podes frequentá-la
porque tens de trabalhar.
A tua escola foi destruída pela guerra.
Há uma escola
mas os professores morreram com sida.
O grupo de Pinóquio
Multiplicação
por 2
Tanzânia
Grupo de professores em frente à escola primária
de Morogoro
Quando, em 2001, foram eliminadas as
propinas no ensino primário, o número de
crianças escolarizadas na Tanzânia passou,
em quatro anos, de 800 000 a 1,6 milhões.
A ajuda da União Europeia ao sector da
educação contribuiu, entre outras coisas,
para a construção de 13 000 salas de aula
e para o recrutamento de 12 000 professores,
dos quais metade são mulheres.
Contribuição da UE: 25 milhões de euros
(mais 43 milhões de euros numa segunda fase)
Aprender
sentado no chão
Raparigas ao quadro
Índia
Marrocos
Não são precisos bancos para estudar
Com 1,03 mil milhões de habitantes, a Índia é o
segundo país mais povoado do mundo, depois
da China. Apesar de o Governo ter decretado a
escolaridade obrigatória, 20% das crianças entre
6 e 14 anos de idade continuam sem frequentar
a escola. Nas regiões mais pobres, a União
Europeia apoia um programa governamental que
já permitiu construir 77 000 escolas e reduzir
o número de crianças não escolarizadas de
25 para 14 milhões, sobretudo raparigas.
Uma vez que há falta de mobiliário, as crianças
sentam-se em círculo no chão e os professores
circulam no meio delas.
Contribuição da UE: 200 milhões de euros
(19% do montante total)
“
A alegria de irem à escola
Quem se instrui
sem agir,
trabalha
sem semear
DITAD O ÁR AB E
”
15 euros
é o preço de um aluno
China
Zhang Rui, feliz beneficiário de uma bolsa de
estudo
Em certas regiões desfavorecidas de Marrocos,
a ajuda europeia permitiu recuperar mais de
mil edifícios e construir 12 000 cantinas que
alimentam cerca de um milhão de alunos.
Em quatro anos, o número de crianças
escolarizadas duplicou. Até a distribuição
gratuita de malas escolares foi um estímulo para
que tal acontecesse. “A presença de professoras
e a construção de cantinas e de instalações
sanitárias incentivaram-nos a enviar as nossas
filhas para a escola”, explicaram alguns pais.
Gansu, às portas do deserto de Gobi, na região
noroeste da China, estende-se por 450 000 km2
e tem 25 milhões de habitantes. A província é
uma das mais pobres do país e não tem meios
suficientes para garantir a escolarização
obrigatória de todas as crianças. A União
Europeia tomou a seu cargo a distribuição de
104 000 bolsas de estudo às famílias mais
carenciadas (tendo em conta que um ano no
ensino primário custa 15 euros por aluno) e a
formação de 90 000 professores.
Contribuição da UE: 40 milhões de euros
(100% do montante total)
Contribuição da UE: 15 milhões de euros
(88% do montante total)
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A União Europeia no mundo
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Saúde
Prioridade - saúde.
“Action now!”
Pacientes
demasiado pacientes
O Sul
Dá-lhe gás
na primeira linha
Com apenas 10% da população mundial e
dois terços das pessoas infectadas, a África
subsariana é a região mais afectada pela sida.
A Índia é o país que tem o maior número de
doentes com sida (5,7 milhões, ou seja, quase
1% da população entre os 15 e os 49 anos de
idade).
“Dos 38,6 milhões de pessoas com sida, cerca
de 6,8 milhões vivem em países pobres e
precisam urgentemente de receber medicamentos”, afirma Kevin De Cock, da Organização Mundial de Saúde. “Mas apenas 20%
têm acesso a estes medicamentos. Apesar da
melhoria registada nos países em desenvolvimento no que diz respeito aos medicamentos,
continuam a existir desigualdades na sua distribuição. Não existem genéricos para os
medicamentos de ‘segunda linha’, as moléculas que utilizamos quando começam a aparecer sinais de resistência aos tratamentos
antiretrovirais de ‘primeira linha’ ”.
Dez milhões de jovens dos 15 aos 25 anos de
idade são seropositivos e é precisamente
nesta faixa etária que surgem metade dos
novos casos de contaminação. Mais de
2 milhões de crianças são portadoras do vírus
(a maioria por transmissão mãe/filho). Sem
tratamento, não atingirão os dois anos de
vida. A sida fez também vários milhões de
orfãos no mundo inteiro. O Zimbabué é o país
com o maior número de casos.
De artistas como Bono, o carismático vocalista
dos U2, ou como o rapper americano Snoop
Dogg, a homens de negócios como Bill Gates,
o patrão da Microsoft, ou Bob Geldof, todos se
mobilizam a favor das vítimas da sida, da
malária e da luta contra a pobreza no mundo.
Estratégia publicitária ? Empenho humanitário ?
Os dois ao mesmo tempo ? O importante é que
a sua notoriedade permita passar a mensagem e
aumentar os meios à disposição da investigação
e da luta contra estes flagelos. Que pensas tu
deste assunto ?
Burundi-Haiti-Guiné
Os doentes mobilizam-se
“Quando temos 30 tratamentos e 120 doentes em lista de espera, sabemos que temos de fazer opções.
Já tiveste de escolher alguém para receber um tratamento?” Dra. Marie-Josée Mbuzenakamwe da ANSS
(Associação Nacional de Apoio aos Seropositivos e Doentes com SIDA, do Burundi).
O Burundi, o Haiti e a Guiné têm em comum a enorme falta de meios para cuidar dos seus doentes com
sida. Dos 640 000 seropositivos, 95 000 precisam de tratamentos antivirais, mas menos de 11 000 são
efectivamente tratados. Estas pessoas também são discriminadas no acesso ao emprego. Face a esta
situação, os seropositivos organizaram-se. Foram criadas associações, frequentemente dirigidas por
pessoas também portadoras da doença. Asseguram os cuidados médicos e o acompanhamento dos
doentes, prestam-lhes apoio psicológico e criam actividades para lhes proporcionar um emprego remunerado. Estas associações agiram, muitas vezes, como precursoras no acesso aos tratamentos. E continuam a sê-lo quando implementam programas de cuidados infantis. Beneficiam da ajuda da AEDES, a
associação europeia para o desenvolvimento e a saúde, que colabora com a ANSS (Burundi), a ONG
Concern (Haiti) e o centro de desenvolvimento da saúde de Conacri (Guiné), no âmbito de um programa
financiado pela União Europeia. Este incluiu também a formação de pessoal de saúde e um melhor
acesso aos medicamentos em 5 a 7 clínicas de cada país.
Contribuição da UE: 3,8 milhões de euros (90% do montante total)
Conacri. Diálogo entre os diversos intervenientes na área da saúde
Mianmar/Birmânia
Uma questão de honra
Após a morte do marido, vítima de sida, Thwee, uma mãe
de família de 33 anos, deixou as suas três filhas e a sua
aldeia em Mianmar para ir trabalhar clandestinamente na
Tailândia, no comércio do camarão. No início, ainda
conseguiu enviar algum dinheiro às suas filhas
mas tudo acabou quando ficou doente. O
seu pai, por suspeitar que tivesse sida,
proibiu-a de voltar ao país e ordenou-lhe que morresse na Tailândia,
Fala-me
para não envergonhar a família.
de amor
Uma equipa da organização
britânica “Save the Children”
Quando um jovem africano
interveio para que o pai
nos diz: “os fios eléctricos
autorizasse a filha a voltar
não foram cortados”, não
para junto da família. O
homem acabou por ceder.
está necessariamente a falar
No regresso a Thwee, um
da corrente eléctrica, mas sim
teste sanguíneo confirmou
dos que andam por aí sem
que era seropositiva. Foi
tratada e o seu estado melhorou rapidamente. Hoje em dia,
leva uma vida normal. Na sua aldeia, as situações de discriminação diminuíram desde que os habitantes viram
voluntários e enfermeiros aproximarem-se sem medo dos
doentes e desde que constataram que estes podiam viver
normalmente se tivessem tratamento adequado.
A história de Twee é exemplar. A ignorância, a ausência de
direitos humanos elementares, a falta de acesso aos cuidados de saúde e a miséria em que vivem inúmeros imigrantes são factores que levam a que certas regiões de
Mianmar, na fronteira da China e da Tailândia, registem
uma das mais elevadas taxas de seropositividade do Sul da
Ásia. Aí, a sida ainda é tabu. A ONG “Save the Children”
opera numa dezena de zonas fronteiriças, com o apoio da
União Europeia. Objectivo: sensibilizar e educar os jovens
para a realidade da sida, distribuir cinco milhões de preservativos e cuidar dos doentes. “Antigamente, os meus amigos não usavam preservativos. Acreditavam que se uma
rapariga tivesse sida, o seu corpo estaria muito quente.
Como utilizar um preservativo
tomar precauções e transmitem o vírus da sida, porque “têm uma corrente
que mata”.
Se não fosse esse o caso, podiam ficar descansados. Hoje,
sabem que a única forma de se saber se alguém é seropositivo é através do teste sanguíneo”, explica Salman, um
aldeão de 20 anos.
Contribuição da UE: 725 000 euros
(60% do montante total)
Um
pouco
de
história ...
Em 1981, o Centro de Controlo de Doenças de Atlanta, nos Estados
Unidos, regista a morte de alguns pacientes vítimas de uma rara forma
de pneumonia na Califórnia e em Nova Iorque. Dois anos mais tarde,
duas equipas de investigadores, uma francesa, a outra americana,
isolam o agente da doença, o VIH (vírus da imunodeficiência humana).
Em 1987, é colocado no mercado o AZT, o primeiro medicamento contra a sida.
Em 1996, surgem as triterapias, tratamentos que interrompem a progressão
do vírus no organismo.
Em 2001, a comunidade internacional cria o Fundo Mundial de Luta contra
a Sida, a Tuberculose e a Malária. Desde 1981, a epidemia da sida matou
25 milhões de pessoas em todo o mundo! Segundo a ONUSIDA (programa
das Nações Unidas de luta contra a sida), quase 40 milhões de pessoas no
mundo vivem com o VIH. Mas, pela primeira vez desde o seu aparecimento,
a epidemia parece não aumentar.
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Saúde
Alguns pacientes aguardam diante do hospital
da aldeia de Ribaué, em Moçambique
“Antes do lançamento do projecto, os jovens
tinham medo e vergonha de pedir preservativos.
Desde então, procuram-me regularmente para
lhes fornecer alguns”, explica Fechardo Martins.
O projecto de luta contra a sida, apoiado pela
União Europeia, chega a 650 000 pessoas que
vivem nas zonas de corredor (zonas de
circulação de mercadorias e pessoas) que
ligam o oceano Índico ao Malawi, através de
Moçambique. A propagação do VIH/sida é
particularmente alarmante nestas zonas de
passagem fundamentais para a economia de
toda a região.
Contribuição da UE: 3,8 milhões de euros
(77% do montante total)
Preservativos
para proteger
a economia
Burquina Faso
Curso de formação sobre os perigos da sida
Marlène (29 anos), Ami (20) e Bea (18) são
“empregadas de bar” num conhecido bairro de
Uagadugu, a capital do Burquina Faso. Vítimas
de discriminação, estas trabalhadoras do sexo
não ousavam entrar nos centros de saúde.
Um programa da União Europeia implementado
pelos “Médicos do Mundo” colocou uma
unidade móvel de cuidados de saúde no bairro.
Marlène, Ami e Bea fazem agora testes
sanguíneos e estão mais bem informadas sobre
a forma de se protegerem. “Hoje em dia, obrigo
os meus clientes a usar preservativo”, explica
Marlène. “E se recusarem, sei que encontrarei
outros mais cooperantes”... A uma escala mais
alargada, o programa visa sensibilizar
50 000 mulheres em idade fértil ou grávidas.
Fornece também ajuda alimentar aos filhos de
mães seropositivas.
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Nkundabana
e os órfãos
Ajudar as prostitutas
a proteger-se
Malavi e Moçambique
50 anos, 50 histórias de solidariedade
Ásia
Ruanda
Oficina de educação sexual no Laos
Na Ásia e na zona do Pacífico, 850 milhões
de jovens não dispõem de nenhum serviço
de planeamento familiar e de saúde sexual.
O projecto “Reproductive Health Initiative
for Youth in Asia” faz chegar a informação
e serviços de saúde adequados em matéria
sexual a jovens dos 10 aos 24 anos de sete
países da região (Bangladeche, Camboja,
Laos, Nepal, Paquistão, Sri Lanca e Vietname).
Contribuição da UE: 18,5 milhões de euros
(82% do montante total)
Educação
sexual
Contribuição da UE: 2 milhões de euros
(90% do montante total)
Béatrice, com um dos seus protegidos
Béatrice Nyiranzayino participa na iniciativa
Nkundabana. Com o apoio da União Europeia,
Nkundabana (a palavra significa “amo as
crianças”) reúne voluntários para ajudar os
órfãos da sua comunidade. No Ruanda, várias
crianças perderam os seus pais durante o
genocídio de 1994 e algumas delas nasceram de
violações. Completamente abandonadas à sua
sorte e frequentemente estigmatizadas, têm de
aprender a sobreviver sozinhas. As mais velhas
são responsáveis pelos seus irmãos e irmãs,
assumindo as funções de chefes de família.
“Aceitei porque sou mãe. Se desaparecesse,
quereria que outra mulher tomasse conta dos
meus filhos”, explica Béatrice. A iniciativa
Nkundabana ajuda estes órfãos extremamente
vulneráveis, dá-lhes apoio psicológico,
informa-os sobre os riscos ligados à sida,
permite-lhes frequentar a escola primária e
seguir uma formação que lhes permita
ganhar a vida.
Contribuição da UE: 725 500 euros
(50% do montante total)
Índia
República Democrática do Congo
Bomba de retardamento
Medicamentos de qualidade,
acessíveis a todos
Por mais estranho que pareça, os laboratórios indianos exportam grandes quantidades de genéricos a baixo preço, mas apenas 7% dos doentes do país têm acesso
a eles. Um paradoxo que se explica pela falta de infra-estruturas de saúde. Cerca
de 5,7 milhões de indianos vivem com o VIH/sida. “A situação neste país é como
uma bomba de retardamento”, explica um responsável da ONG “Alternativa para o
Desenvolvimento da Índia”.
A Europa financia vários programas de luta contra a epidemia dirigidos aos jovens
e às populações vulneráveis das regiões mais pobres.
Kuni é uma prostituta de 32 anos. Depois de ter recebido formação sobre a sida,
assumiu a função de “educar” as restantes prostitutas sobre a matéria. Mostra-lhes a importância do preservativo e o que fazer para convencer o cliente a utilizá-lo. Kuni sabe do que está a falar. Casada aos 17 anos, ficou viúva quatro anos mais
tarde, quando o marido morreu de tuberculose. De regresso com o filho pequeno
à casa familiar, foi forçada a partir depois de ter sido maltratada pelos irmãos. Para
sobreviver, tornou-se prostituta. Depois de várias infecções graves e repetidas,
teve de se submeter a uma histerectomia (remoção do útero) mas continua a trabalhar como prostituta em Sonaposi, na região de Orissa, no leste da Índia.
Contribuição da UE: 640 000 euros (75% do montante total)
A zona de saúde de Kisantu, na província do Baixo-Congo, é pobre e essencialmente agrícola. Os seus habitantes recorrem aos centros de saúde e ao Hospital
Geral de Referência (HGR), onde também compram os seus medicamentos. Os
medicamentos baratos são extremamente difíceis de encontrar e, quando se
encontram, podem ser de qualidade e origem duvidosa. Antigamente, não havia
garantias de que os medicamentos comprados pelos centros de saúde e pelo HGR
tivessem sido controlados e cumprissem as normas
internacionais de qualidade.
Muitas vezes, um simples
tratamento ou uma vacina
Graças à ajuda da União Europeia, foi construída uma
podem ser suficientes para
central de distribuição regional (CDR). A central abassalvar vidas. A malária e a
tece os centros de saúde e o HGR em medicamentos
tuberculose são doenças
genéricos essenciais de qualidade e a um preço razoácuráveis, mas milhões de
vel. Um fundo de maneio permite evitar as rupturas de
pessoas continuam sem acesso
stock. Foram formados agentes para gerir a central,
aos medicamentos. E 6000 crianças
supervisionar as necessidades reais, controlar as encomorrem todos os dias de diarreia,
mendas e evitar o consumo excessivo. A população
enquanto que nos nossos países
está agora sensibilizada para o consumo de medicao problema é facilmente curável.
mentos de qualidade. E o Governo elevou a central de
Kisantu a estabelecimento de interesse público.
Ô
Contribuição da UE: 1 milhão de euros
Kuni, prostituta e vítima de sida, tornou-se educadora das restantes prostitutas.
Pacientes esperam pelos seus medicamentos no dispensário do hospital
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A União Europeia no mundo
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Infra-estruturas
O grande puzzle
Estradas,
água, energia,
tecnologias da informação
Sem vias de comunicação e sem infra-estruturas, não há
desenvolvimento possível. Sem estradas, uma criança não pode ir à escola, nem um doente ao hospital; os agricultores não
podem escoar os seus produtos para a cidade, nem as mercadorias podem ser transportadas até aos portos de exportação.
A União Europeia lançou um vasto programa de parceria Europa-África no domínio das infra-estruturas e das vias de
comunicação. O objectivo consiste em ajudar África a desenvolver redes transafricanas de caminhos-de-ferro, infra-estruturas
de redução do isolamento, portos, aeroportos, vias navegáveis, energia, água e telecomunicações. Consiste também em dotar
todo o continente das artérias vitais à circulação de mercadorias, pessoas e conhecimentos.
A Tanzânia dispõe de reservas de água de 2700 m3/pessoa/ano. Em teoria, é mais que
suficiente para satisfazer as necessidades de toda a população. Na prática, o objectivo
está longe de ser alcançado. Em Dar es Salam, 2/3 da população deveriam ter acesso a
água potável canalizada (em casa, em casa dos vizinhos ou através de um ponto de
abastecimento público de água) mas metade da distribuição perde-se devido a fugas ou
é desviada por ligações ilegais. Nas zonas rurais, onde vive a maioria da população, a
situação é bem pior. A cobertura de água é inferior a 50% e as perdas são muito elevadas devido ao mau estado da rede de distribuição. Além disso, a contaminação entre
canalizações contribui para a propagação de doenças. Com o apoio da União Europeia,
foi levada a cabo uma primeira experiência de abastecimento dos centros regionais de
Mwanza, a segunda cidade mais importante do país, nas margens do lago Vitória, bem
como de Mbeya e Iringa (800 000 habitantes no total).
“Constatámos que não era possível satisfazer as necessidades de água potável das
populações mais pobres destas três cidades”, conta um responsável do projecto. “E a
maioria das pessoas que tinham a sorte de ter acesso à água, só o tinham durante algumas horas por dia, com água cujo tratamento deixava muito a desejar, o que implicava
sérios problemas de higiene. A qualidade da água do lago Vitória e do rio Mbeya também tem vindo a deteriorar-se, pois é cada vez maior a quantidade de água suja e não
tratada que aí é despejada”. A saúde de centenas de milhares de pessoas encontra-se
assim à mercê de doenças transmitidas através da água, como a febre tifóide e a cólera.
O programa financiado pela União Europeia já permitiu construir três reservatórios e um
sistema de adução de água. Só na cidade de Mbeya, foram ligados à rede de distribuição
500 a 700 novos utentes por mês.
Tanzânia
Para onde foi
a água ?
Contribuição da UE: 34 milhões de euros (77% do montante total)
50% da água canalizada é perdida devido a fugas e ligações ilegais
A água
lava tudo
mas é muito difícil
lavar a água
“
PR OV ÉR BIO DA
”
Á FRI CA O CID EN TAL
As dificuldades
ligadas à água
Na Europa, desde que acordamos, podemos abrir a torneira,
tomar banho, beber, puxar o
autoclismo… mas mais de um
sexto da Humanidade não tem
acesso a esses gestos simples.
Contudo, dois terços do planeta estão cobertos de água. A priori, deveria haver água suficiente para
todos. Mas a água dos oceanos e dos mares (98% da
água do planeta) é demasiado salgada para ser bebida
e para ser utilizada pelo ser humano. A dessalinização e
o transporte da água são operações dispendiosas. Por
isso, o ser humano depende da água doce dos lagos,
dos rios e dos lençóis subterrâneos, ou ainda da água
da chuva. Além disso, não basta ter água, é preciso que
seja potável, pois uma água imprópria para consumo é
perigosa e pode causar doenças graves.
A água é vida
A água potável
é o bem
mais essencial à vida.
Contudo ...
l Cerca de mil milhões de pessoas em todo
o mundo não têm acesso a água potável.
l Mais de dois mil milhões e meio de pessoas, ou seja, duas em cada cinco, não têm
meios higiénicos de eliminação de excrementos, pois vivem, ainda hoje, sem ligação a
esgotos públicos e a latrinas. Deixar os países
do Sul de forte crescimento demográfico
embrenhar-se nos seus problemas de
poluição é aceitar que, a prazo, a grande
maioria da população mundial viva em lixeiras.
Nem mais, nem menos.
l Calcula-se que cerca de um terço das
doenças mundiais se deva a problemas
ambientais como a contaminação da água.
As crianças são as maiores vítimas.
B o a s n o t í c i a s A comunidade internacional tomou finalmente consciência da gravidade do problema e comprometeu-se a
reduzir para metade, até 2015, o número de
pessoas que, no mundo, não têm acesso a
água potável nem a saneamento básico.
Neste contexto, a União Europeia lançou
uma iniciativa especial, a “Facilidade para a
Água”, a favor das populações pobres dos
países de África, das Caraíbas e do Pacífico.
Garantir a segurança nas estradas
Nigéria
Uma estrada fundamental
Para os aldeãos, a economia contra a fome.
Desde a sua construção, há 16 anos, a estrada que liga Niamey à fronteira do
Burquina Faso, passando por Torodi, vê passar 40% do tráfego total da Nigéria.
Desempenha um papel essencial no desenvolvimento da economia nigeriana.
Por um lado, assegura o trânsito internacional de mercadorias e constitui um
troço do eixo de 2700 km que liga Niamey ao porto de Dacar (Senegal), via
Uagadugu (Burquina Faso) e Bamaco (Mali). Por outro lado, a estrada permite
aos camponeses nigerianos escoar os seus produtos para os mercados da
capital. Tem também um papel fundamental em tempos de fome, permitindo
fazer chegar ajuda alimentar às populações. Mas, em 16 anos de existência, a
estrada nunca tinha sido sujeita a qualquer trabalho de manutenção, pelo que
se encontrava muito deteriorada. Consequência: acidentes mortais em cadeia.
A União Europeia financiou integralmente a sua recuperação e estima-se em
mais de um milhão o número de pessoas que a utilizarão.
Contribuição da UE: 19 milhões de euros (100% do montante total)
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Infra-estruturas
50 anos, 50 histórias de solidariedade
das infra-estruturas
9
Deus dá-nos
as mãos,
mas não constrói
as pontes
“
Camarões, Gabão e Guiné Equatorial
Duas pontes
e três fronteiras
P RO VÉR BIO
ÁR AB E
Em Enguri (Geórgia), a mais alta barragem abóbada do mundo
Geórgia
Electricidade sob alta tensão
“Já não acreditávamos”, afirma Zourab, apontando para um ponto no horizonte. Construída em 1984, a central hidroeléctrica de Enguri, junto à Abkhazia, era antigamente responsável por quase metade da produção
energética da Geórgia, ou seja, 4,5 milhões de kilowatts por ano. Possui a barragem abóbada mais alta do
mundo. Anos de negligência, a falta de manutenção e a guerra na Abkhazia afectaram gravemente o sector
energético. A população habituou-se a viver às escuras. As avarias eléctricas e os repetidos racionamentos
marcam há muito tempo o dia-a-dia dos georgianos, inclusive na capital. Em Enguri, tudo precisava de ser
sujeito a obras de reabilitação. A União Europeia concedeu 9,5 milhões de euros para a realização de reparações em larga escala, incluindo a substituição do “stoplog” (portas metálicas que fecham as saídas da
água) na barragem e a substituição de um dos cinco geradores. Uma vez que a barragem fica localizada na
Geórgia e os geradores na região da Abkhazia, o programa contribui também para reaproximar as duas populações, que dependem uma da outra no que toca à energia. Hoje em dia, a central de Enguri fornece 40% da
electricidade do país. Este programa é ainda mais importante pelo facto de a pequena república do sul do
Cáucaso procurar a todo o custo reduzir a sua dependência energética da Rússia.
Ligar Libreville a Iaundé em qualquer
estação do ano
Os três países estão localizados na região africana com mais
carências a nível de transportes e as estradas existentes ficam
inutilizáveis na estação das chuvas. Para romper o isolamento
e facilitar o tráfego, era preciso criar uma boa rede rodoviária,
condição sine qua non para o desenvolvimento económico.
A União Europeia co-financiou a construção de duas pontes sobre
o rio Ntem, em Eboro, e 81 km de estrada. Consequência: pela
primeira vez, uma estrada contínua de alcatrão liga Libreville
(Gabão) a Iaundé (Camarões). Construir estradas é positivo.
Mas a sua manutenção é que coloca por vezes alguns problemas.
O projecto prevê um acompanhamento sob a forma de trabalhos
de manutenção. Direccionado para os habitantes da região,
engloba também medidas sociais e de protecção do ambiente
(prevenção da sida, apoio à agricultura e luta contra a caça furtiva).
Contribuição da UE: 14 milhões de euros
África Austral
Aliança meteorológica
Nicarágua
Casas-de-banho e reservatórios
A população rural da Nicarágua vive em condições sanitárias
desastrosas. Daí resultam doenças infecciosas que já quase
desapareceram nos países ricos. O Governo implementou em
três municípios um programa co-financiado pela União Europeia,
com o objectivo de reduzir o número de mortes de crianças vítimas de doenças transmitidas por águas sujas e diarreia, dar
acesso à água a 52 000 habitantes, ligar 145 000 pessoas a
sistemas de saneamento, permitir que 80% das habitações
tenham acesso a latrinas, dotar as escolas e os espaços públicos de casas-de-banho públicas, reservatórios de água da
chuva e pequenos aquedutos…
Pablo, um dos 60 000 estudantes que frequentou uma acção
de formação sobre higiene no âmbito do programa, explica:
“Hoje em dia, a população já age por conta própria. Foram criados cerca de 300 ‘comités de água potável’ em toda a região
para preservar o sistema e velar pela manutenção de boas condições sanitárias”.
Contribuição da UE: 11 milhões de euros
Ô
A água não conhece fronteiras e tem de ser partilhada
Finalmente, casas-de-banho nas escolas
Está lá ?
Sabias que, até há pouco tempo, as chamadas telefónicas de Kinshasa a Brazzaville
(separadas apenas por 7 km de cada lado do rio Congo) tinham de passar por Paris?
Uma ligação de alta velocidade foi estabelecida entre as duas cidades por um
operador móvel regional, o que permitiu reduzir as tarifas internacionais em
70%. Contudo, noutras regiões africanas, as chamadas continuam a
passar pela Europa e pelos Estados Unidos. Isso significa que a África
perde actualmente 400 milhões de dólares por ano por falta de
infra-estruturas e de redes telefónicas.
Em África, continuam a não existir boas redes telefónicas, mas o número de telemóveis tem
aumentado vertiginosamente. A África do Sul, a Tunísia e o Botsuana são os países africanos
com maior número de telemóveis por habitante. Na Nigéria, o número de assinantes aumentou
105,3% no ano passado! É evidente que nem toda a gente tem um telemóvel colado à orelha
ou ao pescoço, pois estes aparelhos não são baratos. Mas pelas ruas de Abidjan, Lomé ou
Bamaco, é possível encontrar “cabinas” improvisadas (aluguer de telemóveis) que permitem
realizar chamadas ou enviar SMS por uma quantia relativamente pequena…
No sul do continente africano, a distribuição dos recursos
hídricos é muito desigual ao longo do ano e consoante a região.
É uma fonte potencial de conflitos e instabilidade. A urbanização,
as alterações climáticas, o aumento demográfico e as
necessidades crescentes da indústria também contribuíram
para criar situações de escassez que, por vezes, resultaram
em motins ligados à água.
A União Europeia apoiou um programa de cooperação entre dez
países da região, visando recolher e trocar informações fiáveis
sobre os recursos hidráulicos, as previsões de chuva e de seca
e a evolução das necessidades de consumo. Para isso, foi criada
uma rede regional de bases de dados digitais, regularmente
actualizados. Foram formados peritos em meteorologia e
hidráulica. E 43 estações hidrometeorológicas dos dez países
estão ligadas ao satélite METEOSAT.
Contribuição da UE: 1,9 milhões de euros
Camarões
Boa viagem !
Não basta construir estradas. É também preciso tratar delas.
Sem manutenção, podem deteriorar-se rapidamente. A causa
é o carregamento excessivo dos camiões, que é um grave
problema na maior parte dos países em desenvolvimento e
que desgasta e acelera a deterioração das estradas. O número
de mortos e feridos, vítimas de acidentes rodoviários, atinge,
nestes países, níveis muito superiores aos da Europa. Com a
ajuda da União Europeia, os Camarões lançaram-se num
ambicioso programa de manutenção periódica de 6600 km de
estradas. Este programa é ainda mais importante pelo facto de
o sector dos transportes desempenhar um papel importante na
luta contra a pobreza, contribuindo com 20% do produto interno
bruto do país.
Contribuição da UE: 52 milhões de euros (68% do montante total)
”
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A União Europeia no mundo
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Comércio
Comércio e desenvolvimento:
a fórmula certa
O comércio
justo
não é
nenhum acto
de caridade
O comércio justo e solidário consiste em comprar directamente aos produtores
pobres, evitando ao máximo os circuitos intermediários. De acordo com o último
relatório “Fair Trade 2005”, estas “compras inteligentes” estão a começar a ter
alguma visibilidade, principalmente na Europa, onde já existem 79 000 postos de
distribuição e um crescimento das vendas de 20% desde 2000. O logótipo Max
Havelaar, pioneiro do comércio justo, tem um volume de negócios anual de
660 milhões de euros, duas vezes e meia aquilo que realizou em 2001. Será uma
tendência passageira ? Aparentemente não. As pessoas estão cada vez mais
inclinadas a comprar produtos “limpos”, mais justos e respeitadores dos direitos
dos trabalhadores e do ambiente, ainda que tenham de pagar um pouco mais
por isso… Mesmo que continue marginal, o comércio justo criou uma relação de
intercâmbio satisfatória para todos, do produtor ao consumidor.
S a b i a s ? A União Europeia conta também com o
comércio para impulsionar o desenvolvimento,
abrindo os seus mercados às exportações dos países do Sul e incentivando-os a intensificar as trocas
entre si. O comércio e a ajuda são inseparáveis
quando se trata de ajudar estes países a lutar contra a pobreza e a integrar-se na economia mundial.
Ao longo dos anos, a UE financiou milhares de projectos de desenvolvimento para os ajudar a produzir
artigos comercializáveis no exterior e a desenvolver
o seu comércio. As ajudas financeiras, ainda que
modestas, podem ter um grande impacto.
Nas grandes negociações comerciais multilaterais
(como o ciclo de Doha), a União Europeia e os países em desenvolvimento de África, das Caraíbas e
do Pacífico criaram “parcerias estratégicas” para
fazerem face, por exemplo, aos Estados Unidos.
O gado etíope garante um futuro risonho à indústria do calçado
Etiópia
O calçado à conquista do mundo
A Etiópia é o país africano com maior número de cabeças de gado (vacas, ovelhas e cabras). O couro, um
subproduto da indústria da carne, era um sector potencialmente importante para a economia do país. A
“Dire Industries” quis provar que a Etiópia podia produzir calçado de couro de boa qualidade a preços
competitivos e exportá-los para todo o mundo. Com a ajuda do Centro de Desenvolvimento Empresarial
da União Europeia, a empresa produz hoje 2500 pares por dia, em comparação com os 150 pares que produzia em 2004. As suas vendas aumentaram 1600% em 18 meses ! E o número de trabalhadores foi multiplicado por cinco. “A indústria do calçado ajudará a reduzir significativamente a pobreza no nosso país”,
afirma Alias Bedada, Director-Geral adjunto da Dire Industries.
Madagáscar
O gosto da baunilha
Sabias que a baunilha pertence à família
das orquídeas ?
Maior exportador mundial de baunilha desde 1924,
Madagáscar viu as suas vendas caírem no final do
século passado para proveito da Indonésia. Na origem
do problema estão os anos de má gestão e a introdução de uma taxa penalizadora sobre as exportações. A União Europeia concedeu quase cinco
milhões de euros para o relançamento da produção de
Madagáscar. Levados a cabo por associações de
exportadores locais, os projectos visam melhorar a
produtividade e aumentar as plantações. Foi criado
um rótulo de origem e de qualidade, com o nome
“Baunilha de Madagáscar”, que hoje já é reconhecido
a nível internacional.
Contribuição da UE: 5 milhões de euros
O relançamento da produção de baunilha
dá alento a 70 000 trabalhadores
Sabias?
O etíope Abebe Bikila foi o primeiro africano
a receber uma medalha de ouro olímpica.
Em 1960, venceu, descalço, a maratona de Roma.
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Comércio
50 anos, 50 histórias de solidariedade
11
Caraíbas
Tesouros a preservar
No Belize, crescem duas espécies botânicas muito procuradas no mercado mundial da madeira:
o mogno das Honduras e o pinheiro das Caraíbas. Contudo, apenas 15% da enorme superfície
florestal do país são propícios à produção destas madeiras. Além disso, esta fraca percentagem
está ameaçada pela exploração intensiva, pelos repetidos ciclones e pelos ataques de parasitas,
que resultaram num grave problema de desflorestação. O Centro de Desenvolvimento Empresarial
(CDE), financiado pela União Europeia, procura agora inverter essa tendência. Apoia as empresas
que possuem uma política de gestão respeitadora da floresta e de produção racional. É o caso da
“Wood Depot”, uma empresa familiar especializada no fabrico de postes telegráficos em pinho
das Caraíbas. Após um início modesto, a empresa desenvolveu-se rapidamente graças,
nomeadamente, às ajudas comunitárias. A empresa emprega hoje cerca de 2000 pessoas e
produz artigos de qualidade, incluindo móveis de jardim e estruturas pré-fabricadas.
A madeira, um pilar da economia do Belize
Camboja
Seda suave :
da aldeia ao mercado mundial
A tecelagem manual da seda é uma tradição ancestral no Camboja. Apesar dos anos de guerra civil,
os cambojanos tudo fizeram para preservá-la. Cerca de 10 000 pessoas, sobretudo mulheres,
exercem hoje em dia esta actividade e transmitem os seus conhecimentos aos seus filhos. Vivem
essencialmente no sul do país, na província de Takeo. A União Europeia ajuda os tecelões a
melhorar a sua produção em qualidade e quantidade, disponibilizando-lhes novos métodos e
equipamentos modernos. O projecto pretende permitir-lhes exportar os seus produtos para além
do mercado local. Foi criada uma associação, “O Fórum da Seda”, para promover a venda de
produtos de alta qualidade (estolas, écharpes, pacheminas e almofadas em seda) em todo o país
e além fronteiras. Resultado: o salário médio dos tecelões aumentou 40% e as suas condições de
vida melhoraram substancialmente.
Um forte impulso
às exportações
Tunísia
«Made in Tunisia»
A CYMOD é uma empresa tunisina de vestuário
localizada na zona industrial de Ksar Saïd,
em Manouba. A sua actividade, essencialmente
baseada na exportação de vestuário para a
Europa, beneficiou de uma ajuda importante do
programa Entreprise euro-tunisino. Através deste
programa, a União Europeia apoia os esforços
do Governo tunisino de reforçar a competitividade
e a integração da sua indústria no comércio
mundial, preparando-a simultaneamente para os
desafios e oportunidades decorrentes da futura
zona de comércio livre com a UE. O projecto,
centrado nas pequenas e médias empresas,
ajudou a CYMOD a adquirir novos equipamentos,
incluindo máquinas de costura, a ampliar a sua
fábrica e a dar início a um ambicioso programa
de formação do pessoal. Tudo isso, combinado
com a implementação de melhores métodos de
trabalho e de um sistema de gestão
informatizado, contribuiu para aumentar,
em 12 meses, o volume de negócios da CYMOD
em 50%, levando também a um aumento do
pessoal de 40 para 80 trabalhadores.
De uma forma geral, graças ao programa eurotunisino, o número de empresas tunisinas que
integram parcerias com empresas europeias
passou de 18% a 34%, levando a um aumento
do volume de negócios e impulsionando
fortemente as exportações.
Financiamento comunitário para o programa
Entreprise euro-tunisino: 20 milhões de euros
Hoje em dia, um tecelão pode ganhar 10 vezes mais do que um trabalhador agrícola
Comércio justo
café, tortilhas e mel
Balcãs
México
Principal ponto de controlo alfandegário
em Zagreb, Croácia
Em certos países, é normal depararmo-nos com
filas de camiões e viaturas bloqueados nas
fronteiras devido ao arcaísmo das formalidades
alfandegárias e dos equipamentos de controlo.
Este problema é um entrave às trocas
económicas. A União Europeia ajuda vários
países dos Balcãs a modernizar os seus
serviços alfandegários, e já conseguiu um
sucesso notável na Bósnia-Herzegovina.
Aí, os funcionários das alfândegas receberam
uma formação aprofundada, foi criado um
sistema informático em rede e foram claramente
melhorados os procedimentos alfandegários
e a legislação.
A União Europeia criou igualmente gabinetes
de apoio alfandegário e fiscal na Sérvia e
Montenegro, na antiga República jugoslava
da Macedónia, e está a tentar fazer o mesmo
na Albânia.
Alfândegas
sem filas ?
Ao comprar “solidário” ajudamos
a reduzir a pobreza
Era uma vez, no México, um grupo de
agricultores e organizações não governamentais
que representavam 120 000 pequenos
agricultores. Um dia resolveram criar duas
organizações, uma de rotulagem “comércio
justo” e a outra de comercialização dos seus
produtos.
Após o sucesso da primeira marca solidária
de café mexicana “Fértil”, alguns produtores de
milho e de feijão lançaram a sua própria marca
solidária de tortilhas, que hoje em dia já é
vendida em todo o país. Também o comércio
justo de mel se tornou num sector promissor.
Com o apoio da União Europeia, os agricultores
ganharam a aposta e pretendem agora exportar
os seus produtos solidários para os Estados
Unidos e para a Europa.
Quénia
Um terço das flores cortadas existentes na Europa
provém do Quénia
Nos elevados planaltos de Nairobi, a vista é
admirável. A rosa, rainha de África, é cultivada
em todo o lado e a sua produção encontra-se
em constante crescimento. É o terceiro sector
de actividade (depois do chá e do turismo) no
que toca à entrada de divisas no país. A União
Europeia, que desbloqueou verbas importantes
para permitir o alinhamento do sector com as
normas internacionais, absorve a quase
totalidade das exportações de flores cortadas
do Quénia.
Safari de rosas
Contribuição da UE: 670 000 euros
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A União Europeia no mundo
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Ambiente
Todos no mesmo barco
Terra
magnífica e frágil
Caos
A Terra tem mais de três mil milhões de anos, mas, devido à sua acção excessiva e desordenada, o homem
desarruma e desfaz os preciosos equilíbrios ecológicos. Em suma, comporta-se como um elefante numa
loja de cristais. O homem é responsável por uma grande parte das alterações climáticas, as quais são principalmente
causadas, nos nossos países, pelas emissões de CO2 resultantes do estilo de vida actual (transportes, habitações,
indústrias, etc.). Para combater o aquecimento global do planeta, a Europa terá de reduzir as suas emissões de gases
com efeito de estufa e modificar os hábitos diários ao nível dos transportes e das habitações (aquecimento, electrodomésticos, etc.). A destruição dos poços naturais de carbono que constituem os ecossistemas,
sobretudo as florestas, contribui também para as alterações climáticas.
O Protocolo de Quioto propõe
Consequências Os glaciares recuam e o nível do mar sobe. Ao
um calendário para a redução das emissões
das alterações longo do último século, o nível do mar subiu
de gases com efeito de estufa, considerados os princiclimáticas
15 cm e, segundo os investigadores, esta
pais responsáveis do sobreaquecimento climático e do buraco
situação será ainda mais acentuada até 2100. Os desertos avançam. A
da camada de ozono. Entre 2008 e 2012, os 37 países mais industriaChina e a Nigéria, os dois países mais povoados da Ásia e da África,
lizados que aderiram ao protocolo comprometeram-se a reduzir as suas
perdem, por ano, mais de 3000 km de terrenos agrícolas ou culemissões de gases com efeito de estufa em 5% relativamente aos valores de
tiváveis e de pastagens, devido à desertificação. Ao longo dos
últimos dez anos, as catástrofes naturais relacionadas com o
1990. Foi a adesão da Rússia que possibilitou, em 2005, sete anos após a sua
clima (inundações, secas, vagas de calor) triplicaram, em
adopção, a entrada em vigor do protocolo, pois era obrigatório que este fosse ratificado
comparação com a década de 60. E em todo o mundo,
por 55 países que representassem 55% da totalidade das emissões de gases com efeito
diminui a biodiversidade, ou seja, a variedade e a diverside estufa. Hoje em dia, 141 países já aderiram ao protocolo. Contudo, os Estados Unidos (o
dade das espécies vivas, animais e vegetais. É preciso
maior poluidor do planeta, responsável por um quarto das emissões de gases com efeito de
tomar medidas urgentes. A comunidade internacional já
percebeu. No início de 2007, foram realizadas várias
estufa) e a Austrália continuam a recusar-se a ratificar o protocolo. Países como a China e a Índia,
conferências importantes durante as quais se procuque na altura não estavam vinculados a quaisquer compromissos, apresentam hoje um crescimento
raram soluções para salvar o planeta – o Fórum
económico fortíssimo. A China faz hoje parte dos grandes países poluidores, podendo mesmo vir a
2
Protocolo de Quioto
contra o sobreaquecimento global
ultrapassar os EUA, mas recusa efectuar qualquer redução das suas emissões. O debate sobre o
“pós-Quioto” já começou. A Europa está na primeira linha de batalha para limitar as emissões de
CO2 e melhorar a eficiência energética das suas instalações industriais e outras. No cenário internacional, um dos seus principais desafios dos próximos anos será convencer os americanos e
os chineses a participar num sistema obrigatório de redução dos níveis de poluição atmosférica. Este assunto encontrava-se já no cerne de uma primeira série de negociações entre
a União Europeia e a China em Janeiro de 2007. O dióxido de carbono (CO2), que
representa 80% dos gases com efeito de estufa, provém da combustão de carbonos fósseis como o carvão, o petróleo ou o gás natural. Os gases com efeito
de estufa são libertados pelos sectores dos transportes, da indústria e da
agricultura, pelas lixeiras públicas, pelos electrodomésticos, etc.
Social de Nairobi, o Fórum Económico de Davos e a
Conferência de Paris sobre as alterações climáticas.
Sabias?
• Os dez anos mais quentes foram registados a partir do início dos anos 90.
• Os cientistas prevêem um aumento da
temperatura média a nível mundial entre
1,4 e 5,8°C antes do fim do século XXI.
Suores frios
Os países costeiros e insulares estão
directamente ameaçados pelas alterações
climáticas e a subida do nível do mar.
As ilhas Maldivas, por exemplo, não
ultrapassam em mais de dois metros
o nível do mar.
Ô
A primeira migração
é a das aldeias para
as cidades
As cidades não param de
crescer, pois são cada vez mais
as pessoas que trocam o campo
pela cidade em busca de melhores
empregos e de condições de vida
menos difíceis. Hoje em dia, mais de
metade da população mundial vive em cidades
e, em 2050, ela representará dois terços.
A título de comparação, em 1800, apenas
2% da população mundial vivia em cidades.
Em 1950, os números já se elevavam a 30%.
Nos países em desenvolvimento, calcula-se
que 60 milhões de pessoas migrem todos os
anos para as cidades. Daqui a 15 a 20 anos,
a população de muitas cidades asiáticas
e africanas terá duplicado.
As maiores cidades do mundo
1
2
3
4
5
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7
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Cidade
População (milhões-2005)
Tóquio
35,2
México
19,4
Nova Iorque
18,7
São Paulo
18,3
Bombaim
18,2
Delhi
15,0
Xangai
14,5
Calcutá
14,3
Jacarta
13,2
Buenos Aires
12,6
Daca
12,4
Los Angeles
12,3
Karachi
11,6
Rio de Janeiro
11.5
Osaka-Kobe
11.3
Cairo
11.1
Lagos
10.9
Pequim
10.7
Metro Manila
10.7
Fonte: Nações Unidas, Departamento de Assuntos
Económicos a Sociales, Divisão População.
Em 1950, Nova Iorque era a única cidade
do mundo com mais de 10 milhões de
habitantes.
África do Sul
África Central
Uma cidade dentro de outra cidade
A história de Cato Manor
Vamos salvar a floresta tropical
O bairro de Cato Manor é o testemunho de um dos maiores sucessos de desenvolvimento
urbano da África do Sul. O bairro e os seus habitantes (pessoas carenciadas, negras,
indianas e mestiças) encontravam-se marginalizados por altura do apartheid na periferia
de Durban. Hoje em dia, Cato Manor faz parte integrante da cidade. Com a participação
dos seus 150 000 beneficiários, o projecto permitiu construir milhares de novas
habitações e oferecer alojamentos condignos a famílias pobres que viviam em barracas.
Permitiu também construir escolas, estradas, centros de saúde, mercados, centros de
negócios, bibliotecas, espaços de lazer e criar postos de trabalho e oferecer bolsas de
estudo.
Contribuição da UE para o projecto de Cato Manor: 21,7 milhões de euros
(40% do montante total)
Adeus às barracas, os habitantes de Cato Manor vivem hoje em casas verdadeiras
Com 263 espécies de mamíferos, 708 espécies de pássaros e mais de 10 000 variedades
vegetais, a África Central possui a mais vasta floresta tropical do mundo, depois da Amazónia.
Mas a floresta e a sua fauna estão ameaçadas pela degradação causada pelas empresas de
exploração florestal e pelo comércio da carne de animais selvagens.
A União Europeia levou a cabo um vasto programa (ECOFAC – Ecossistemas Florestais da
África Central) que permitiu criar áreas protegidas em sete países da região através da
construção de pistas e observatórios, da formação de guardas, da vigilância contra a caça
ilegal e de iniciativas de protecção da fauna e das árvores. O programa procura também
soluções alternativas para ajudar a população local, que depende dos recursos florestais
para sobreviver. Por exemplo, no Congo, desenvolveu o ecoturismo, criando, na zona de
Lossi, uma reserva de gorilas onde a caça é proibida, pois a população compreendeu que
a observação dos gorilas pelos visitantes e a presença de empresas cinematográficas
gerava mais receitas do que a caça.
Gorilas. Para observar e filmar. Não para caçar
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Ambiente
Montanhas de resíduos
Em busca
da monção
África Ocidental
Tailândia
Os caprichos da monção põem
em perigo as colheitas
Recolha de resíduos em Nonthaburi
A monção na África Ocidental sofreu fortes
alterações ao longo dos últimos cinquenta
anos. Desde finais da década de 60, esta região
tem vindo a sofrer importantes e contínuos
períodos de seca, com consequências por vezes
dramáticas para as populações: diminuição dos
recursos hídricos, diminuição do rendimento
das culturas, redução de 50% do gado em
certas regiões do Sahel. A União Europeia apoia
um projecto de Análise Multidisciplinar da
Monção Africana (AMMA) gerido pelo Centro
Nacional de Investigação Científica (CNRS)
francês, em colaboração com outras instituições
e universidades da Europa e da África
Ocidental. Os seus objectivos são reforçar
a observação climatológica e melhorar as
previsões de monção e de seca e do seu
impacto sobre os recursos hídricos e a
segurança alimentar.
A Tailândia produz anualmente quase
22 milhões de toneladas de resíduos. Sozinha,
a cidade de Nonthaburi, 20 quilómetros a norte
de Banguecoque, produz cerca de
300 toneladas de resíduos sólidos por dia.
Os desadequados sistemas de recolha e de
tratamento originaram graves problemas de
poluição dos solos e da água potável, de
contaminação dos alimentos e de propagação
de doenças. A União Europeia financia um
projecto destinado a melhorar a gestão e a
reciclagem dos resíduos e a incentivar à sua
triagem nos mercados, restaurantes e hotéis.
Graças a esta iniciativa, foi construída uma
estação de transformação de resíduos
orgânicos em adubos e a quantidade de
resíduos sólidos nos depósitos provisórios foi
reduzida em 20%. As condições de vida de
42 000 habitantes melhoraram nitidamente.
Contribuição da UE: 11,7 milhões de euros
Contribuição da UE: 423 000 euros
(65% do montante total)
“
Uma geração
planta árvores,
a outra
aproveita a sombra
PROVÉRBIO
CHI NÊS
”
Índia
Exercício de salvamento
60% do território indiano está susceptível a
sismos de grande magnitude. De uma forma
geral, a Índia está particularmente exposta a
tremores de terra, ciclones e secas, mas a
maior parte das construções em zonas urbanas
muito povoadas não é suficientemente
resistente e as populações não estão
preparadas para enfrentar os riscos. Em cerca
de 300 cidades do país, a União Europeia
financia um programa que ensina a população
a agir em situações de catástrofes naturais.
13
Criar cidades
humanas
Chile
URB-AL
Parar o deserto para parar o êxodo dos jovens
A população da região de Río Hurtado, no
centro-norte do Chile, é principalmente
constituída por ameríndios. A região estende-se
por cerca de 2200 quilómetros ao lado da zona
mais árida do mundo: o deserto ocupa mais de
55% das terras. Na região, a percentagem de
pessoas que vivem abaixo do limiar de pobreza
duplicou na viragem do século passado. Um
fórum regional lançou então um projecto de luta
contra a pobreza e a desertificação apoiado
pela União Europeia. O projecto inclui a
reintrodução de espécies vegetais indígenas,
a criação de pequenas e médias empresas e o
desenvolvimento de novos mercados para os
produtos locais.
Contribuição da UE: 850 000 euros.
Parar o deserto
Com os seus 19 milhões de habitantes,
a cidade do México faz parte do projecto URB-AL
Quase 77% da população da América Latina e
das Caraíbas vive em cidades.
A evolução demográfica e a urbanização
acelerada da América Latina resultaram em
graves problemas de pobreza, poluição e
higiene. Com conhecimento na matéria, a União
Europeia financia a cooperação entre quase
2000 cidades europeias e da América Latina.
Na cidade de Málaga (Espanha), por exemplo,
a população duplicou em 20 anos, passando de
250 000 habitantes em 1960 para 503 000 em
1980. Foi uma das primeiras cidades europeias
a criar uma agenda de crescimento harmonioso,
em concertação com os seus habitantes.
Este estatuto de pioneira valeu-lhe ser
seleccionada para dirigir um dos programas
URB-AL.
Contribuição da UE: 64 milhões de euros
(70% do montante total)
África. A reserva W
A reserva W é património mundial da humanidade e deve o seu nome à forma do rio Níger. Liga os parques
naturais situados ao longo das fronteiras comuns do Benim, do Burquina Faso e do Níger. Com a ajuda
da União Europeia e do programa ECOPAS, os três países gerem em conjunto os 50 000 km2 de natureza
selvagem e riqueza excepcional. A reserva associa uma grande variedade de paisagens de floresta seca e
de savana, onde crescem baobás e bambus, e uma formidável biodiversidade. Abriga várias manadas de
elefantes, leões, crocodilos e hipopótamos e é mesmo o último refúgio do cão-selvagem africano, da chita
e do manatim. Ao todo, “existem aqui mais de 70 espécies de mamíferos e mais de 260 espécies de aves
migradoras”, afirma orgulhosamente o responsável pela reserva.
Contribuição da UE: 20 milhões de euros
O manatim, uma espécie ameaçada
SOS
jardins de corais
Protecção contra
os desastres
naturais
Contribuição da UE: 10 milhões de euros
(92% do montante total)
50 anos, 50 histórias de solidariedade
Magrebe
A figueira-da-barbária, uma alternativa
valiosa à forragem em caso de seca
A União Europeia financia programas de luta
contra a desertificação em duas regiões muito
vulneráveis do centro de Marrocos (Ouled
Dlim) e da Tunísia (Imada de Skhiret),
onde a plantação de arbustos forrageiros,
como a acácia e a figueira-da-barbária,
permitiu assegurar uma reserva de forragem
verde para os períodos de seca.
Uma pincelada
de verde no deserto
Pacífico
Uma das várias equipas de “jardineiros”
do projecto
O recife de corais é o sistema ecológico mais
complexo depois da floresta tropical e o
habitat natural de várias espécies de peixes
que alimentam os habitantes das ilhas e das
zonas costeiras. Os corais são também
indispensáveis à formação de ilhas. Estima-se
que mais de 10% dos 600 000 km2 de recifes
de corais foram definitivamente destruídos ao
longo dos últimos 50 anos e a ameaça
aumenta com o aquecimento global, a
poluição, a pesca excessiva, etc. A iniciativa
“Jardins de Corais” financiada pela União
Europeia visa recuperar e proteger os recifes
de corais de todo o mundo, do Pacífico Sul às
Caraíbas, aproveitando os conhecimentos de
certos países, como as ilhas Fiji.
China
Cerca de 1600 pandas vivem ainda em estado
selvagem nas zonas montanhosas da China
A China é um dos países mais ricos do mundo
em termos de biodiversidade, abrigando cerca
de 10% das espécies do planeta. Contudo,
estas têm vindo a desaparecer. A União
Europeia participa num programa em grande
escala, para ajudar a China a inverter essa
tendência.
Contribuição da UE: 30 milhões de euros
Espécies
ameaçadas
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Ô
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A União Europeia no mundo
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Direitos do homem • Cultura
Os direitos do Homem impacientam-se ...
A União Europeia tem um papel
fundamental no apoio aos países
em desenvolvimento, ajudando-os
na criação gradual de sistemas
democráticos, respeitadores
dosdireitos do Homem e na organização
de eleições livres e transparentes. Através,
por exemplo, da sua “Iniciativa Europeia
para a Democracia e os Direitos do Homem”
(IEDDH), apoia inúmeras organizações não
governamentais de defesa dos direitos do
Homem.
“
Olho por olho…
e o mundo acabará cego
MAHATMA GANDHI
”
Apesar de a abolição da pena de morte
ser uma das condições de adesão à União
Europeia, a pena capital ainda é praticada
em 68 países do mundo. O enforcamento de
Saddam Hussein é prova recente deste facto.
Segundo a Amnistia Internacional, 94%
das 2150 execuções realizadas em 2005
ocorreram em quatro países: China, Irão,
Arábia Saudita e EUA.
A União Europeia defende a abolição da
pena de morte em todo o mundo e esforça-se,
nos países onde esta ainda é aplicada,
por obter moratórias ou limitar a sua
aplicação e fazer respeitar determinadas
normas mínimas (proibição de executar
menores de 18 anos de idade, mulheres
grávidas e pessoas com deficiência mental).
A decapitação
da pena de morte
Deter os ataques
contra sindicalistas
Melhor protecção
dos povos indígenas
Filipinas
Colômbia
Bangladeche
Em todo o mundo, cerca de 70 países aplicam
ainda a pena de morte
Em Junho de 2006, após intensos debates
parlamentares, as Filipinas aboliram
oficialmente a pena de morte. As actividades
financiadas pela “Iniciativa Europeia para
a Democracia e os Direitos do Homem”
contribuíram para este sucesso. A União
Europeia apoiou a associação FLAG, um grupo
de apoio jurídico gratuito, e o Movimento
para uma Justiça de Reinserção, plataforma
que reúne todas as organizações filipinas
dos direitos do Homem e as Igrejas, que
desempenharam um papel essencial na
campanha pela abolição da pena capital.
Financiou igualmente um projecto lançado
pela universidade das Filipinas para promover
a utilização dos testes de ADN. Este teste
permitiu inocentar e libertar um condenado
à morte, o que incentivou à mobilização contra
a pena capital.
Contribuição da UE: 805 000 euros
Na Colômbia, são constantes as perseguições
aos sindicalistas
O movimento sindicalista colombiano encontrase na vanguarda da luta pelos direitos Humanos
e pela justiça social no país. Devido às suas
actividades, os dirigentes e membros dos
sindicatos são alvo de tentativas de homicídio,
de perseguições e agressões por parte das
forças de segurança e paramilitares. Ao longo
dos últimos 12 anos, foram assassinados
2030 sindicalistas. A Colômbia é, de longe,
o país com maior número de sindicalistas
mortos no mundo. Através da “Iniciativa
Europeia para a Democracia e os Direitos
do Homem”, a União Europeia financia um
programa de defesa dos direitos sindicais
implementado pela organização “Escuela
Nacional Sindical”. A UE apoia campanhas
de sensibilização para os direitos Humanos e
sindicais através dos meios de comunicação
social e das acções de lobbying (representação
de grupos de interesse), do apoio jurídico às
famílias das vítimas e do reforço da
coordenação no seio do movimento sindical
colombiano.
Jovem Arakan, um grupo étnico minoritário
no Bangladeche
Na região das colinas de Chittagong, na
fronteira entre a Índia e Mianmar (Birmânia),
vivem populações de cerca de dez etnias
diferentes, na sua maioria sino-tibetanas.
Calcula-se que a sua população total se eleve
a 1,3 milhões de habitantes. A região viveu,
durante um quarto de século, fora dos circuitos
de ajuda, devido aos conflitos armados entre os
povos indígenas e o governo. O acordo de paz
de Chittagong, assinado em 1997, alterou por
completo a situação e criou perspectivas de
desenvolvimento que agora devem ser
concretizadas. A União Europeia financia um
programa destinado a ajudar o governo a tomar
medidas que restaurem a sua credibilidade,
condição indispensável para consolidar a paz
e resgatar os povos indígenas da situação de
grande pobreza em que vivem.
Contribuição da UE: 7,5 milhões de euros
(mais 16 milhões de euros numa segunda fase)
Contribuição da UE: 300 000 euros
(76% do montante total)
A cultura não é para as vacas...
“
A cultura
é a alma e a palavra
de um povo
”
“A cultura não é de forma alguma uma prioridade para vários países africanos, onde se pensa que está reservada
a uma elite e às sociedades que já têm o mínimo necessário. Ora, é um erro grave pensar apenas nas
necessidades vitais. Limitar-se a fornecer às populações alimento e cuidados de saúde é o mesmo que reduzi-las
à condição de animais. As vacas só precisam de pastagens, água e vacinas contra as doenças. A cultura é
necessária, nem que seja para nos garantir que somos seres humanos e que as nossas necessidades não podem
reduzir-se a encher o estômago”. (Marie-Clémence Paes, realizadora de filmes malgaxe).
Mahaleo canta a liberdade
Entrevista a Marie-Clémence Paes
Madagáscar
Cartaz do filme.
Mahaleo em malgaxe significa livre,
independente e de cabeça levantada. Este é o
nome da banda mais popular de Madagáscar,
sete colegas de escola que, no início dos anos
70, se encontravam nos fins-de-semana para
fazer música. Em 1972, Madagáscar viu nascer
uma grande revolta de estudantes,
massivamente apoiada pelos liceus, para
protestar contra o controlo de França sobre a
jovem república, incluindo a sua vida cultural.
Os sete rapazes animavam as longas jornadas
de greve e as suas canções, cantadas em coro,
deram ânimo à revolução. Pela primeira vez há
muito tempo, contavam-se em malgaxe os
problemas da vida quotidiana, com uma música
na linha de Leonard Cohen e Bob Dylan. Trinta
e cinco anos mais tarde, os Mahaleo continuam
a actuar em estádios com lotação para 15 a
30 000 pessoas. Os seus membros não podem
viver da sua arte (é um paradoxo recorrente em
África) mas têm profissões ligadas aos seus
ideais de juventude. O grupo é composto por
dois cirurgiões de hospitais públicos, um
médico de medicina geral, dois sociólogos em
meios rurais, um deputado da assembleia
nacional e um antigo funcionário público que
se tornou agricultor. Os realizadores César e
Marie-Clémence Paes fizeram sobre eles um
filme musical em 2005, que traça um retrato
actual de Madagáscar através do quotidiano e
das canções de intervenção dos sete músicos.
O filme Mahaleo foi co-financiado pela União
Europeia. O grupo tem agendado um concerto
no Olympia de Paris em 2007. O filme
contribuiu certamente para este sucesso.
Contribuição da UE: 70 000 euros
(15% do montante total).
Gincana
para conseguir
um financiamento
comunitário
Porque é tão difícil aos
artistas africanos viver
da sua arte?
Essa é uma matéria de grande
confusão para o grande público.
Como ouvem música e vão ao
cinema ou ao teatro nos seus
tempos livres, pensam que
os artistas também criam as suas obras quando
não estão a trabalhar…
Não admitem verdadeiramente que sejam pagos
pelo que fazem. Além disso, existe muita
pirataria. Porquê comprar um CD ou um DVD
ao seu preço real se pode ser comprado 90%
mais barato? E se tudo é pirateado, como viver
da arte? Como financiar filmes de qualidade
que saem caro ?
do Pacífico. Aproveito para precisar que quando
se pede um financiamento comunitário,
recebemos um formulário com algumas páginas,
acompanhado de um volumoso dossiê que
explica o formulário. O mais curioso é que a
colocação da assinatura no local certo é,
no limite, mais importante do que o conteúdo
do próprio projecto. Por outras palavras,
podemos ter um projecto fantástico mas se
nos esquecermos de o assinar, por exemplo,
no fim da página 24, ele é recusado.
É incompreensível, mesmo compreendendo
que os serviços possam receber montanhas
de papéis ...
De qualquer forma, é importante
a ajuda da União Europeia ?
Claro. Sobretudo pelo facto de assistirmos
à crescente imposição da liberalização.
Há a tendência para pensar que com
a privatização, tudo correrá melhor. Para os
nossos governantes, a cultura é algo pouco
importante, que não necessita de ajudas
públicas. Temos de dar à volta à situação
sozinhos! Como criar nestas condições ?
Como conseguiu financiar o filme Mahaleo ?
A ajuda da União Europeia é fundamental pelo
Conseguimos assinar contrato com o canal
público malgaxe e, na Europa, com o Canal Plus facto de já não encontrarmos nos nossos países
os meios que nos permitem levar a bom termo
e Arte, mas isso não é suficiente. Obtivemos
os nossos projectos.
um financiamento comunitário através de
um programa promovido pelo Secretariado
do Grupo dos Estados de África, das Caraíbas e
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Questionário • Mapa
1 > Os objectivos do Milénio para o
desenvolvimento foram adoptados pelos
países membros das Nações Unidas para :
A. Melhorar as trocas comerciais internacionais
B. Reduzir a pobreza extrema no mundo
C. Aumentar o número de empréstimos
aos países em desenvolvimento
6 > 70% dos 800 milhões de pessoas
com fome no mundo…
A. Vive na Ásia
B. Vive em zonas rurais
C. Não possui terras
D. Não trabalha
12 > Em 2005, qual era a percentagem
de bebés infectados com o VIH através
das suas mães?
m 12%
m 26%
m 52%
3 > Em 2004, quantas crianças do mundo
inteiro morreram antes de atingir os cinco
anos de idade ?
m 1,5 milhões m 4 milhões
m 10,5 milhões
4 > Quantas pessoas no mundo
são portadoras do VIH/sida?
m 5 milhões
m 20 milhões m 38,6 milhões
20 > Concretamente, que posso fazer
para participar na luta contra a pobreza
e apoiar os objectivos do Milénio para
o desenvolvimento ?
A. Informar-me
B. Falar do assunto aos meus amigos, à minha
família e aos meus colegas
C. Consumir produtos solidários
D Ir com a minha escola a um local abrangido
por um projecto de desenvolvimento
E. Visitar o sítio da internet do EuropeAid
(http://ec.europa.eu/europeaid)
e de outras organizações
F. Escrever ao deputado competente
do meu país reclamando a concretização
dos objectivos do Milénio
G. Todas estas respostas
15 > Que aumento registaram as emissões
de dióxido de carbono (CO2) nos países em
desenvolvimento desde 1960 ?
m 121%
m 440%
m 550%
9 > Em 2000, o mundo tinha 6 mil milhões
de habitantes. Quais são as previsões para
2015 ?
m 6,5 mil milhões
m 7 mil milhões
m 10 mil milhões
5 > Para reduzir a pobreza no mundo,
a comunidade internacional comprometeu-se
a aumentar a sua ajuda ao desenvolvimento,
consagrando para esse fim uma percentagem
do seu PIB. Qual?
m 0,5%
m 0,7%
m 1%
19 > Qual é o 2.º produto mais vendido
no mundo depois do petróleo ?
m açúcar
m carvão
m café
14 > Quantas pessoas no mundo
não têm acesso a latrinas?
m 1 milhão
m 1 mil milhões
m mais de 2 mil milhões
8 > Em todo o mundo, quantos jovens
têm actualmente entre 12 e 24 anos ?
m 800 milhões m1 mil milhões m1,5 mil milhões
16 > No Gana, país da África Ocidental,
qual é a percentagem de médicos que
emigram para trabalhar no estrangeiro ?
m 30%
m 50%
m 75%
10 > Em que região do mundo existem
mais crianças (com menos de 15 anos)
a trabalhar?
A. Ásia do Sul
B. Médio Oriente e África do Norte
D. África subsariana
17 > Em Cotonu, no Benim, foi assinado
em 2000 um acordo de parceria muito
importante entre :
A. O Benim e os países vizinhos
B. A União Europeia (UE) e 77 países de África,
das Caraíbas e do Pacífico (ACP)
C. Todos os países do continente africano
11 > Quantas crianças nunca foram à escola?
m 70 milhões
m 90 milhões
m 115 milhões
15
18 > Estou indeciso entre o comércio justo e o
comércio normal. Porque motivo devo preferir
produtos provenientes do comércio justo ?
A. Para ter a certeza que os produtores dos
bens que consumimos vivem condignamente
B. Para estar na moda
C. Porque é mais saudável
13 > A quantidade de água própria para
consumo no mundo aumenta ou diminui
em cada continente?
7 > Quem disse: “Sê tu mesmo
a mudança que gostarias de ver no mundo”?
A. Nelson Mandela
B. Martin Luther King
C. Mahatma Gandhi
2 > Quantas pessoas no mundo vivem com
menos de 1 dólar por dia ?
m 100 milhões m 540 milhões m 1,2 mil milhões
50 anos, 50 histórias de solidariedade
•
•
4
•
32
• •• ••
• •
• ••• • • •
• • •• •
• ••
• • ••
•
31
10
2
43
•
33
• ••
•
37
12
21
29
23
12
26
24
•
27
36
3
40
39
5 15
41
47
50 histórias
•
no mapa
do mundo
7
34
17
•
11
• ••• •
••• •••
• ••• •
16
45
16 16
9 18 42 48
13
16
16
1
6 30
38
46
19 12 8 20
25
14
28
49
35
Cada ponto corresponde à zona geográfica abrangida por cada um dos 50 projectos descritos nesta brochura.
50 exemplos entre os milhares de projectos financiados pela UE em 160 países.
4 > Resposta: 38,6 milhões.
O número de pessoas portadoras do VIH passou de 36,2 milhões,
em 2003, para 38,6 milhões, em 2005. O 6.º objectivo
do Milénio é combater o VIH/sida, a malária e outras doenças.
•
44
22
17 > Resposta: entre a UE e os países ACP.
11 > Resposta: 115 milhões.
16 > Resposta: 75%.
10 > Resposta: Ásia do Sul.
15 > Resposta: 550%.
3 > Resposta: em 2004, morreram 10,5 milhões de crianças antes
de atingirem os cinco anos de idade.
A maior parte dessas mortes poderia ter sido evitada. Todos os anos,
morrem 1,8 milhões de crianças vítimas de doenças relacionadas com
a diarreia. O 4.º objectivo do Milénio é reduzir em dois terços a
mortalidade infantil.
2 > Resposta: 1,2 mil milhões (ou seja, um quinto das pessoas
do mundo inteiro).
1 > Resposta: reduzir a pobreza extrema no mundo.
As trocas comerciais internacionais não recaem na alçada das
Nações Unidas, mas na de outras instâncias internacionais,
tais como a Organização Mundial do Comércio.
9 > Resposta: 7 mil milhões.
8 > Resposta: 1,5 mil milhões.
7 > Resposta: Mahatma Gandhi.
6 > Resposta: São aqueles que vivem em zonas rurais as primeiras vítimas
da fome.
5 > Resposta: 0,7%
No início dos anos 70, os países ricos comprometeram-se a consagrar
0,7% do seu PIB a iniciativas de ajuda internacional. Hoje, apenas
a Dinamarca, o Luxemburgo, os Países Baixos, a Noruega e a Suécia
o fazem.
20 > Resposta: todas estas respostas.
14 > Resposta: 2,6 mil milhões.
Cerca de duas pessoas em cada cinco (2,6 mil milhões, segundo
as estimativas) ainda vivem sem ligação a qualquer sistema público
de esgotos, a fossas sépticas, a latrinas com autoclismo ou a latrinas
de fossa.
13 > Resposta: diminui.
Explicação: são várias as razões invocadas pelo Programa das Nações
Unidas para o Ambiente: um nítido aumento da procura de água,
resultante do estilo de vida moderno e do crescimento demográfico,
e razões ecológicas como a desflorestação e o avanço dos desertos.
19 > Resposta: o café.
Segundo a Organização Internacional do Café, o volume de negócios
estimado do sector eleva-se a 70 mil milhões de dólares, dos quais
menos de 8% chegam aos países produtores. O mercado funciona,
desde os anos 90, em sobreprodução, provocando uma redução dos
preços que não permite que os pequenos agricultores cubram as suas
despesas de produção. Compreende-se, então, porque motivo o café
foi o primeiro produto integrado no comércio justo (1991) a ser vendido
na Europa.
18 > Resposta: A
12 > Resposta: 26%.
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A União Europeia no mundo
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Ajuda orçamental • Sociedade civil
E amanhã ?
Esta brochura conta-te, em 50 histórias, de que
forma a União Europeia contribui para melhorar
as condições de vida das populações dos países
em desenvolvimento. A maioria dos artigos descreve um determinado projecto e revela os
esforços dos governos e das organizações da
sociedade civil para tornar a sua acção eficaz a
longo prazo.
Os novos caminhos da ajuda
Até hoje, mais de 70% da ajuda europeia serviu
para financiar projectos específicos. Um bom
projecto pode transformar a vida de todos os
seus beneficiários. Este tipo de ajuda é frequentemente uma ferramenta eficaz. Contudo, existem limites. Como se procede quando, por
exemplo, vários doadores (europeus, americanos, Banco Mundial, etc.) desenvolvem simultaneamente as suas acções no mesmo país pobre ?
E se a administração desse país não tiver capacidade para gerir os vários projectos desenvolvidos por esses doadores, cada um dos quais com
diferentes procedimentos a seguir ? A administração acaba por sucumbir perante uma carga
demasiado pesada.
Além disso, a ajuda a projectos específicos não se
adapta, muitas vezes, a objectivos ambiciosos.
Suponhamos que o nosso objectivo é melhorar o
sector da educação. Mais vale lançar um programa
alargado através do sistema existente, para chegar simultaneamente ao maior número de escolas
possível, do que lançar um projecto separado
para cada escola. Nos últimos dez anos, os países
em desenvolvimento e os doadores procuraram
meios de melhorar a gestão da ajuda.
recorrido cada vez mais à ajuda orçamental. Isso
significa que o dinheiro vai directamente para os
cofres do Estado, que o utiliza para financiar o
seu plano de luta contra a pobreza, nomeadamente as suas despesas prioritárias de educação
e de saúde, e para desenvolver a economia. Este
é, sob certas condições, um modo de ajuda simples, eficaz e adaptado às necessidades dos países do Sul. Entre outras vantagens, permite uma
melhor previsão dos seus orçamentos e assegurar o pagamento regular dos salários de professores e enfermeiros.
A ajuda orçamental é geralmente concedida por
um grupo de doadores e não por cada um deles
separadamente, o que a torna mais fácil de gerir.
Contudo, também é por vezes encarada com
alguma desconfiança, pois parece mais propensa
a desvios. Além disso, o doador não pode mostrar
a estrada ou a escola que “ele” construiu.
Que não haja dúvidas quanto a isto. Não se trata
de um cheque em branco. A ajuda orçamental só
é fornecida em certas condições. Dá primazia
aos governos responsáveis e que já deram provas em matéria de reformas económicas e
sociais. A sua gestão de fundos deve ser transparente e eficaz. Os governos devem provar que as
verbas foram utilizadas com competência e prestar contas das mesmas perante a assembleia
parlamentar e os cidadãos, consequentemente,
também perante os doadores. Por outras palavras, existe a obrigação de apresentar resultados.
Nos próximos anos, a União Europeia espera elevar a sua percentagem de ajuda orçamental a
50% da sua ajuda total.
Existirá uma fórmula mágica
para a ajuda orçamental ?
A União Europeia estudou novas formas de fazer
chegar a sua ajuda. Nestes últimos anos, tem
Contrato de confiança
Mais precisamente, os governos que beneficiam de uma ajuda orçamental devem colocar
em prática uma estratégia eficaz de luta contra
Nós, sociedade civil
das, a sua capacidade de influnciar as políticas
públicas aumentou de forma espectacular.
Quando bem organizada, a sociedade civil obriga
o Estado a prestar contas e faz com que a voz das
populações pobres e marginalizadas seja ouvida
pelos governos, que os seus pontos de vista
sejam considerados nas decisões dos poderes
públicos. A sociedade civil tornou-se um interveniente importante na luta contra a pobreza e na
defesa de uma democracia participativa. Muito
activa na Europa, a sociedade civil está a
começar a organizar-se um pouco por todo o
mundo, apesar dos esforços dos regimes autoritários para anular a sua força. A União Europeia
encoraja o seu reforço e apoia as próprias actividades nos conhecimentos que as organizações
A sociedade civil é o conjunto dos cidadãos de
uma região, de um Estado ou de um conjunto de
Estados como a União Europeia, além dos governos e das administrações públicas. Por outras
palavras, somos nós mesmos. Na prática, a
sociedade civil exprime-se através dos meios
associativos que a representam: organizações
não governamentais (ONG), sindicatos, associações profissionais (embora a sociedade
civil nada tenha a ver com o mundo dos
negócios), igrejas, associações humanitárias, grupos de mulheres, etc.
Durante as últimas déca-
a pobreza. Está evidentemente fora de questão
financiar o orçamento de um país que se opõe,
por exemplo, à escolarização das raparigas ou
privilegia despesas de luxo (estilos de vida
luxuosos dos ministros, situações de ostentação, etc.) às custas da prestação de cuidados
de saúde.
O equilíbrio das finanças é outra condição fundamental. A União Europeia não concede verbas a
um orçamento que se assemelhe a um poço sem
fundo, onde as despesas ultrapassam sempre as
receitas.
O país beneficiário deve provar também que é
capaz de gerir correctamente as suas finanças e
lutar contra a corrupção. Assim, ao conceder uma
ajuda orçamental, a União Europeia passa a ter um
diálogo muito mais estreito com o beneficiário.
Em aumento constante desde a década de 90,
este tipo de apoio representa actualmente 30%
da totalidade das ajudas comunitárias aos
países de África, das Caraíbas e do Pacífico. Esta
é apenas uma média. Em Moçambique e no
Ruanda, por exemplo, a percentagem ronda
quase os 50%.
A União Europeia espera privilegiar cada vez
mais a concessão de ajuda orçamental nos países que satisfazem as condições de confiança.
Nos restantes, continuará a ajudar através de
projectos específicos.
permitiu detectar, em 1999, uma redução no
número de pessoas que se deslocavam aos centros de saúde. A União Europeia iniciou debates
aprofundados com o Governo do Burquina Faso
para compreender com ele o problema e definir
uma solução. Resultado: a partir de 2001, a frequência dos centros de saúde (bem como das
escolas primárias nas regiões desfavorecidas)
voltou claramente a aumentar. De uma forma
geral, os apoios orçamentais da Comissão Europeia contribuíram para aumentar os recursos
financeiros destinados à educação e à saúde. O
acesso à educação primária foi também alargado, beneficiando milhões de crianças. É esse,
por exemplo, o caso do Níger, onde a taxa de
escolarização evoluiu de 37% para 52% (embora
uma parte da população permaneça nómada),
ou do Uganda, que atingirá o seu objectivo de
“escola para todas as crianças”. Foram também
registados progressos importantes nas taxas de
vacinação infantil do Benim, de Moçambique
(90%) e da Zâmbia (82%).
A União Europeia não considera ter descoberto
uma fórmula mágica. Mas acredita que a ajuda
orçamental é um dos melhores meios para permitir aos países do Sul participarem directamente no seu próprio desenvolvimento. Meios
que terão de continuar a ser inovados e melhorados. Os jovens desempenharão um papel fundamental neste combate.
Primeiros resultados
Para verificar se as condições estão preenchidas,
a União Europeia verifica se há uma melhoria real
ao nível dos serviços sociais, como a vacinação
ou a escolarização das raparigas. Colabora com o
Fundo Monetário Internacional, o Banco Mundial
e outros doadores para avaliar os resultados
obtidos.
Por exemplo, no Burquina Faso, este controlo
têm do terreno. Uma parte importante da ajuda
europeia ao desenvolvimento passa pelas organizações da sociedade civil, centrando-se em
domínios como a reconstrução após conflitos e
catástrofes naturais, a saúde, a protecção do
ambiente, o desenvolvimento rural, a educação e
os direitos das mulheres.
Comissão Europeia
Serviço de cooperação EuropeAid
Rue de la Loi 41 – B-1049 Bruxelas
Fax: (32-2) 299 64 07
E-mail: [email protected]
http://ec.europa.eu/europeaid
É o caso de vários projectos descritos nesta brochura. Os programas de ajuda aos idosos na Rússia
(p.3), às vítimas de sida no Burundi, no Haiti, na
Guiné e em Mianmar (p.6), à mobilização contra
a pena de morte nas Filipinas (p.14) ou aos sindicalistas em perigo na Colômbia (p.14), entre
outros, foram levados a cabo por organizações
da sociedade civil.
Textos: Anne-Marie Mouradian
Desenhos: Pierre Kroll
Concepção/pré-impressão: Mostra Communication e ASCii
A Comissão Europeia declina qualquer responsabilidade, bem como
de qualquer pessoa que actue em seu nome, pela utilização que
possa ser feita das informações constantes da presente brochura.
© Fotografias:
Histórias 2, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 21, 24,
25, 28, 29, 30, 35, 37, 38, 39, 42, 44, 46: CE
História 1: CE/ECHO/Pedro Luis Rojo
História 2: CE/ECHO/Daniela Cavini
Histórias 20, 34: CE/EuropeAid/François Lefèbvre
História 22: CE/EuropeAid/Annie Martinez Alonso
História 23: CE/EuropeAid/Jairo Cajina
História 32: CE/EuropeAid/Almin Zrno
História 36: Bruce Davidson
Histórias 3, 4, 19, 27, 40, 47, 48: Panos
Luxemburgo: Serviço das Publicações Oficiais
das Comunidades Europeias
ISBN 978-92-79-04840-1
© Comunidades Europeias, 2007
Reprodução autorizada mediante indicação da fonte
Impresso em Portugal, Novembro de 2007
Brochura número: KQ-77-07-050-PT-C
A 50.ª história
Independentemente da nossa origem, idioma ou nível de vida, todos nós
partilhamos a mesma herança. Somos todos cidadãos deste planeta, e a ajuda
ao desenvolvimento é uma resposta ao desejo de viver num mundo mais justo
e mais seguro. “50 histórias de solidariedade” dão o título a esta brochura.
Contudo, chegado à última página, apenas terás encontrado 49. Não é um erro. A
luta contra a pobreza no mundo é a história de um grande combate a longo prazo,
longe de estar terminado. Deve ser levado até ao fim. O combate continua e, como
tal, cabe aos jovens escrever a quinquagésima história ! Como ? Informando-se e
participando em debates sobre os desafios da ajuda ao desenvolvimento e nas acções
de solidariedade direccionadas para os países em desenvolvimento. Exigindo que os
responsáveis políticos respeitem os compromissos adoptados no âmbito dos objectivos
do Milénio para o desenvolvimento. Partindo à descoberta destes países com a escola ou
com organizações de jovens que participam directamente em acções de desenvolvimento
implementadas pelas ONG que trabalham em parceria com a União Europeia. Assim, poderás
experimentar intercâmbios culturais e humanos inesquecíveis, compreender melhor as
realidades deste mundo e participar em projectos concretos de solidariedade !
Visita o sítio http://ec.europa.eu/world/index_en.htm
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A União Europeia no mundo