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RETIRO DE ADVENTO
PRIMEIRO DOMINGO DO ADEVENTO – ANO C
1 ESPAÇO:
Cadeiras em circulo, no centro sobre uma mesa ou no chão Lecionário ou bíblia sobre um pano roxo, a coroa tendo
com as velas acesas do domingo correspondente.
2 ORAÇÃO SILENCIOSA :
Breve acolhida dos participantes, convite à oração silenciosa... Refrão orante:
Por ele esperem seu Dia vem, tenham coragem, Jesus já vem.
3 RECORDAÇÃO DA VIDA
Quem coordena propõe uma breve recordação do que está acontecendo no mundo, as grandes preocupações da humanidade,
da Igreja...
4 O ADVENTO NO CICLO DO NATAL
A Páscoa é a festa das festas, mas o Natal a antecipa nos traços do Verbo de Deus. Esta dimensão pascal do
ciclo do natal aparece nos textos eucológicos17 e patrísticos, e tem o seu fundamento nos relatos da infância
proclamados na liturgia: os paralelos são bem significativos: a ‘hora’ do parto e a hora da cruz; Jesus envolto
em faixas no presépio e na sepultura; os anjos da noite anunciando aos pastores o nascimento e os anjos do
sepulcro anunciando às mulheres a ressurreição18; os magos no coração da noite indo ao seu encontro com
incenso e mirra, como as mulheres dos perfumes na madrugada da ressurreição. Assim, à luz da páscoa, o
natal é celebrado como sacramento do nascimento do Salvador segundo a carne e a sua manifestação a
todos os povos. A própria maneira como o ciclo do natal se estruturou, semelhante ao ciclo da páscoa,
aponta para esta relação entre páscoa e natal: um tempo de preparação, as festas com o seu ponto alto na
vigília e um tempo de prolongamento.
a) O tempo do Advento nos é dado a cada ano como ’SACRAMENTO’ DA VINDA do salvador prometido e
esperado e como sacramento da nossa espera:
“tempo de preparação para as solenidades do natal, em que se comemora a primeira vinda do Filho de Deus
entre os homens, é também um tempo em que, por meio desta lembrança, voltam-se os corações para a
expectativa da segunda vinda do Cristo no fim dos tempos. Por este duplo motivo, o tempo do advento se
apresenta como um tempo de piedosa e alegre expectativa” (NUALC 39).
A diferença de acento existe, mas não é rígida, pois a referência ao natal já está de alguma forma presente
desde o início do advento e a dimensão escatológica também está presente na segunda parte e na própria
festa do natal.
São Cirilo de Jerusalém [bispo, Séc. IV] fala destas duas vindas:
Anunciamos a vinda de Cristo: não apenas a primeira, mas também a segunda, muito mais gloriosa. Pois a
primeira revestiu um aspecto de sofrimento, mas a segunda manifestará a coroa da realeza divina. (...) Na
primeira vinda, ele foi envolto em faixas e reclinado num presépio; na segunda, será revestido num manto de
luz. Na primeira, ele suportou a cruz, sem recusar a sua ignomínia; na segunda, virá cheio de glória, cercado de
uma multidão de anjos.
São Bernardo [ monge, Séc. XII) fala de uma tríplice vinda:
Conhecemos uma tríplice vinda do Senhor. Entre a primeira e a última há uma vinda intermediária. Aquelas são
visíveis, mas esta, não. Na primeira vinda o Senhor apareceu na terra e conviveu com os homens. Na última,
todo homem verá a salvação de Deus (Lc 3,6) e olharão para aquele que transpassaram (Zc 12,10). A vinda
intermediária é oculta e nela somente os eleitos o veem em si mesmos e recebem a salvação. Na primeira, o
Senhor veio na fraqueza da carne; na intermediária, vem espiritualmente, manifestando o poder de sua graça;
na última, virá com todo o esplendor da sua glória. Esta vinda intermediária é, portanto, como um caminho que
conduz da primeira à última. (...) Mas, para que ninguém pense que é pura invenção o que dissemos sobre esta
vinda intermediária, ouvi o próprio Senhor: Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e o meu Pai o
amará, e nós viremos a ele (cf. Jo 14,23). (...) Se guardares a palavra de Deus (...) virá o grande Profeta que
renovará Jerusalém e fará novas todas as coisas.
O prefácio I fala da primeira e segunda vinda: “Revestido da nossa fragilidade, ele veio a primeira vez para
realizar seu eterno plano de amor e abrir-nos o caminho da salvação. Revestido de sua glória, ele virá uma
segunda vez para conceder-nos em plenitude os bens prometidos que hoje, vigilantes, esperamos”.
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O prefácio IA refere-se à segunda e à vinda intermediária: “Vós preferistes ocultar o dia e a hora em que
Cristo, vosso Filho, Senhor e juiz da História, aparecerá nas nuvens do céu, revestido de poder e majestade.
Naquele tremendo e glorioso dia, passará o mundo presente e surgirá novo céu e nova terra. Agora e em todos
os tempos, ele vem ao nosso encontro, presente em cada pessoa humana, para que o acolhamos na fé e o
testemunhemos na caridade, enquanto esperamos a feliz realização do seu Reino”.
O prefácio II faz memória da espera de Israel, evoca o Natal como sacramento da sua chegada: “Predito por
todos os profetas, esperado com amor de mãe pela Virgem Maria, Jesus foi anunciado e mostrado presente no
mundo por São João Batista. O próprio Senhor nos dá a alegria de entrarmos agora no mistério do seu Natal,
para que sua chegada nos encontre vigilantes na oração e celebrando os seus louvores”.
b) A esperança como atitude
Diante do MISTÉRIO DA VINDA, coração da memória pascal deste tempo, a atitude é a esperança. Não a
de quem “espera sentado” mas esperar vigilantes, espera movida pelo desejo do amado que chega,
“acorrendo com boas obras ao seu encontro”, como reza a oração do primeiro domingo.
5. LEITURA DOS TEXTOS DO PRIMEIRO DOMINGO DO ADVENTO - ANO C
- Quem coordena, indica os textos para que cada pessoa encontre e deixe marcados na sua bíblia: Jeremias
33,14-16; Tessalonicenses 3,12-4,2; Lucas 21,25-28.34-36
- Pessoas previamente preparadas, fazem as leituras: evangelho, 1ª e depois a 2a leitura.
- Cada pessoa localiza, agora, o texto na sua bíblia e lê, duas ou mais vezes, em silêncio e atentamente,
marcando o que chamou a atenção (de 20 minutos a 1 hora).
- Quem coordena abre para a partilha do que cada um/a escutou para si no texto, lembrando que a escuta
da partilha é tão importante quanto a escuta do próprio texto.
- Conclui-se com um salmo.
6 PARA LEITURA PESSOL - COMPLEMENTAR
a) Enzo Bianchi
[...] Na nossa profissão e fé professamos: “se encarnou, padeceu sob Pôncio Pilatos, morreu e foi sepultado,
desceu aos infernos, ressuscitou ao terceiro dia, conforme as escrituras e, de novo, há de vir em sua glória
para julgar os vivos e os mortos”.
A vinda do Senhor é parte integrante do mistério cristão porque o Dia do Senhor foi anunciado por todos os
profetas e Jesus muitas vezes falou da sua vinda na glória como Filho do Homem, para por fim a este mundo
e inaugurar um novo céu e uma nova terra. Toda a criação geme e sofre como em dores de parto esperando
a sua transfiguração e a manifestação dos filhos de Deus (cf. Rm 8,19s): a vinda do Senhor será o
cumprimento desta súplica, desta invocação que por sua vez responde à promessa do Senhor (“Eu venho em
breve”: Ap 22,20) e que se une à voz de quantos na história sofreram injustiça e violência, desprezo e
opressão e viveram como pobres, aflitos, pacíficos, mansos, famintos. Na consciência do cumprimento dos
tempos já acontecido em Cristo, a igreja se faz voz desta espera e, no tempo de Advento, repete com mais
força e assiduidade a antiga invocação dos cristãos: Maranathá! Vem Senhor! São Basílio pode responder
assim à pergunta: “quem é o cristão?” “o cristão é aquele que espera vigilante todo dia e toda hora sabendo
que o Senhor vem”.
Mas devemos nos perguntar: hoje, os cristãos esperam ainda com convicção a vinda do Senhor? É uma
pergunta que a igreja deve fazer-se porque ela é definida por aquilo que ela aguarda e espera e, além disso,
porque hoje, na verdade, existe um acordo silencioso sobre este evento apresentado por Jesus diante de nós
como juízo, antes de tudo misericordioso, mas também capaz de revelar a justiça e a verdade de cada um,
como encontro com o Senhor na glória, como Reino finalmente cumprido na eternidade. Frequentemente, se
tem a impressão que os cristãos fazem uma leitura mundana do tempo, como um eternum continuum, como
tempo homogêneo, privado de surpresa e de novidades essenciais, um infinito sem graça, um eterno
presente no qual podem acontecer tantas coisas, mas não a vinda do Senhor Jesus Cristo!
Para muitos cristãos, o Advento não se tornou talvez uma simples preparação para o Natal, quase como se se
esperasse ainda a vinda de Jesus na carne da nossa humanidade e na pobreza de Belém? Ingênua regressão
devota que empobrece a esperança cristã! Na verdade, o cristão tem consciência que se o Senhor não vier na
glória, então ele é o mais miserável entre os homens da terra (cf. 1Cor 15,19, onde se fala da ressurreição),
e se não há um futuro caracterizado pelo novum que o Senhor pode instaurar, então o seguimento de Jesus
no hoje histórico é insustentável. Um tempo desprovido de direção e de orientação, que sentido pode ter e
que esperança pode desvelar?
O Advento é, portanto, para o cristão um tempo forte porque nesse, eclesialmente, isto é comunitariamente,
se exercita a espera do Senhor, a visão da fé, das realidades invisíveis (cf. 2Cor 4,18), a renovação da
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esperança do Reino na convicção que hoje nós caminhamos por meio da fé e não da visão (cf. 2Cor5,6-7) e
que a salvação não é ainda experimentada como vida não mais marcada pela morte, pela doença, pelo
pranto , pelo pecado. Há uma salvação trazida por Cristo que nós conhecemos na remissão dos pecados, mas
a salvação plena – nossa, de toda a humanidade e de todo o universo – ainda não chegou. Também por isso,
a espera do cristão deveria ser um modo de comunhão com a expectativa dos judeus que, como nós, creem
no “Dia do Senhor”, no “Dia da Libertação”, isto é, no “Dia do Messias”. De fato, o Advento, nos remete ao
coração do mistério cristão: a vinda do Senhor no fim dos tempos não é outra coisa senão a extensão e
plenitude escatológica das energias de ressurreição de Cristo.
Nestes dias de Advento, é necessário perguntar: nós cristãos não nos comportamos talvez como se Deus só
pudesse se encontrado no menininho de Belém? Sabemos procurar Deus em nosso futuro trazendo no
coração a urgência da vinda de Cristo, como sentinelas impacientes pela aurora? E devemos deixar-nos
questionar pelo grito mais do que atual de Teilhard Chardin: “Cristãos, encarregados de ter sempre viva a
chama bruxuleante do desejo, o que fizemos da espera do Senhor?”.
b) Sobre os textos bíblicos do primeiro domingo
Lucas 21,25-28.34-36:
Em estilo apocalíptico enfatiza a relatividade e instabilidade do mundo criado, o qual um dia chegará ao fim. Retoma o
alerta dos profetas sobre o “dia do Senhor”, em que Deus vai intervir na história para libertar definitivamente o seu Povo
da escravidão. De repente, diante da atual crise ecológica, estes textos chamam especialmente a nossa atenção. No
entanto, para o evangelista o decisivo não é o fim do mundo, mas o fato de que o mundo decadente vai dar lugar a um
mundo novo. O fim coincide com a vinda do Filho do Homem “com grande poder e glória” (v. 28). O próprio Jesus é o
caminho de como encarar a situação. “A libertação está próxima”, mas enquanto ela não chega os discípulas precisa
vigiar e orar, contribuindo para interromper e para que o mundo alcance ver sua libertação.
Jeremias 33, 14-16:
O contexto é o décimo ano do reinado de Sedecias (587 a.C.). O exército babilônico de Nabucodonosor cerca
Jerusalém e Jeremias está detido no cárcere do palácio real, acusado de derrotismo e de traição (cf. Jr 32,1).
Parece o princípio do fim. É neste contexto que o profeta, proclama a chegada de um tempo novo, no qual
Deus vai “curar as feridas” (Jr 33,6). Numa situação limite, Jeremias anuncia a fidelidade de Deus às
promessas feitas a David (cf. 2 Sm 7), de um futuro descendente (“rebento justo”), que assegurará a paz e a
salvação a todo o povo. A palavra “rebento” evoca fecundidade, vida em abundância (cf. Is 4,2; Ez 16,7) e
“Messias” (cf. Zc 3,8; 6,12).
1Tessalonicenses 3,12–4,2:
A comunidade cristã de Tessalônica foi fundada por Paulo, Silvano e Timóteo durante a segunda viagem
missionária de Paulo, no ano 50 (cf. At 17,1). Em pouco tempo, Paulo desenvolveu uma intensa atividade
missionária, que resultou numa comunidade numerosa e entusiasta, constituída na sua maioria por nãojudeus convertidos (cf. 1Ts 1,9-10). No entanto, devido a reação da colônia judaica, Paulo teve de fugir,
deixando para trás uma comunidade em perigo, insuficientemente evangelizada. Preocupado, Paulo envia
Timóteo a Tessalônica para saber notícias e encorajar a comunidade. Quando Timóteo regressa, encontra
Paulo em Corinto e comunica-lhe notícias animadoras: apesar das provações, a fé dos tessalonicenses
continua bem vivos e mais profundos (cf. 1Ts 1,3; 3,6-8). A comunidade pode ser apontada como modelo
aos cristãos das regiões vizinhas (cf. 1Ts 1,7-8). Mas Paulo exorta a que progridam ainda mais (1Ts 4,1),
sobretudo no amor para com todos (1Ts 3,12. É nesta atitude de não acomodação que a comunidade deve
esperar “vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (1Ts 3,13).
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